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Brasília
2013
Guilherme Canielo de Araújo
Brasília
2013
Autorização
Assinatura: __________________________________
Data: ___/___/___
CDU 328.124(81)
A ATUAÇÃO DOS GRUPOS DE PRESSÃO NO PROCESSO
LEGISLATIVO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
2º Semestre de 2013
Banca Examinadora:
__________________________________________
Miguel Gerônimo de Nóbrega Netto
___________________________________________
Ricardo de João Braga
Este estudo analisa as formas de atuação dos grupos de pressão na Câmara dos Deputados,
no sentido de influenciar o processo legislativo para defesa de interesses. Os
esclarecimentos são dados à luz do papel dos grupos de representação em uma democracia
representativa, como a brasileira, a partir da sua participação direta na formulação de leis
e na definição de políticas públicas, como fonte de informações dos anseios da sociedade
e agente fundamental nas tomadas de decisões públicas. O processo legislativo,
especificamente da Câmara do Deputados, é o meio pelo qual o direito estatal é positivado
e, portanto, foco de estudo do trabalho. Os representantes legitimados dos grupos de
interesse, na condição de instrumentalizar a defesa de pleitos, exercem atividade
conhecida por lobby e, ao praticar essas ações, caracterizam as organizações
representadas como grupos de pressão. Nesse sentido, lobby é a atividade legítima de
defesa de interesses de grupos de pressão, pela troca de informações com órgãos públicos,
com o objetivo de influenciar as decisões do Estado. Esse ofício pode se desenvolver pela
forma aberta, com utilização de canais formais da Administração Pública e dentro dos
preceitos legais, e pela forma oculta, manifestada por relações privadas e à margem da
lei. O exercício da atividade de lobby depende da organização e da estruturação dos seus
trabalhos, com, entre outros, unidade na defesa do interesse e clareza na comunicação. A
partir da identificação e do conhecimento da legislação pertinente e da estrutura funcional
da Câmara dos Deputados, especialmente ligada aos meios formais para influenciar no
processo legislativo, os objetivos almejados pelo lobby podem ser alcançados e os limites
da sua atuação conhecidos. Assim, os canais do lobby aberto, objetos de avaliação sob a
ótica da democratização dos acessos formais para geração de leis mais eficazes em relação
às necessidades da sociedade brasileira, são analisados por representantes legítimos de
grupos de interesse do Brasil.
ABREVIATURAS
Art. artigo
Arts. artigos
P. página
RM resposta múltipla
RU resposta única
SIGLAS
Abrig Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais
CNI Confederação Nacional da Indústria
PL Projeto de Lei
PRC Projeto de Resolução da Câmara
RIDC Regimento Interno da Câmara dos Deputados
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9
1 DEMOCRACIA REPRESENTATIVA ................................................................... 11
1.1 Conceito .................................................................................................................. 11
1.2 Lei ........................................................................................................................... 13
1.3 Processo Legislativo .............................................................................................. 14
1.4 Grupos de Representação ..................................................................................... 17
2 A ATUAÇÃO DOS GRUPOS DE PRESSÃO EM UMA DEMOCRACIA
REPRESENTATIVA ................................................................................................... 20
2.1 Grupos de Interesse e Grupos de Pressão ........................................................... 20
2.2 Lobby ....................................................................................................................... 23
2.2.1 Definição ............................................................................................................... 23
2.2.2 Formas de atuação ................................................................................................. 24
2.2.3 Regulamentação do lobby no Brasil ...................................................................... 26
3 O LOBBY DOS GRUPOS DE PRESSÃO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS .. 30
3.1. O lobby no processo legislativo da Câmara dos Deputados ............................... 30
3.2. A legislação relacionada ao processo legislativo da Câmara dos Deputados ... 34
3.3. Canais formais do processo legislativo na Câmara dos Deputados .................. 39
3.4. Pesquisa de opinião ............................................................................................... 50
3.4.1. Metodologia .......................................................................................................... 50
3.4.2. Resultados ............................................................................................................. 51
CONCLUSÃO............................................................................................................... 56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 58
ANEXOS ....................................................................................................................... 60
9
INTRODUÇÃO
1 DEMOCRACIA REPRESENTATIVA
1.1 Conceito
Dahl (2001) afirma que um dos critérios para uma sociedade se democratizar de
fato é o atendimento à participação efetiva dos cidadãos nas decisões. Seguindo o mesmo
raciocínio, Bobbio (1995) define a democracia como uma forma de governo caracterizada
por um conjunto de regras que estabelece quais indivíduos estão autorizados a tomar as
decisões coletivas e de que maneira elas são tomadas. Nas palavras de Bobbio (1995):
(...) para que uma decisão tomada por indivíduos possa ser aceita
como decisão coletiva é preciso que seja tomada com base em regras
que estabeleçam quais são os indivíduos autorizados a tomar decisões
vinculatórias para todos os membros do grupo, e à base de quais
procedimentos (BOBBIO, 1995, p. 31) (grifamos).
1.2 Lei
Segundo Silva (2006), ao desenvolver sua teoria sobre a formação das leis, os
conceitos de sociedade política e de Direito se fazem presentes na concepção de que o
homem é um ser naturalmente necessitado de convívio social e também condicionado a
se relacionar entre si, com a finalidade de alcançar um bem comum.
Silva (2006) discorre que o sentido de justiça é explicado pelos valores jurídicos
surgidos das relações sociais. Essas, julgadas como justas ou necessárias à convivência
organizada e voltada para o bem comum, se traduzem em atitudes, ou seja, o próprio
Direito. Dessa forma, pode-se afirmar que o Direito é um objeto de cultura, pois reúne as
atitudes, as condutas, os valores da sociedade e a forma de como isso tudo é regrado. Nas
palavras de Silva (2006):
De qualquer maneira, ainda segundo Silva (2006), a lei vigorada, como produto
do processo legislativo, não garante por si só qualidade e relevância. À mesma são
atribuídas essas propriedades na medida em que ganha mais legitimidade e aceitação a
partir da vontade geral da sociedade e quando construída de forma democrática. O Estado
Democrático de Direito surge nessa seara para autenticar a participação do povo no
processo político de formulação das leis. Nesse sentido, a lei precisa conter características
de igualdade, justiça e, acima de tudo, legalidade, ou seja, sujeita a uma Constituição
democrática que abra oportunidades para transformações políticas, econômicas e sociais
desejadas pela sociedade. A partir do momento que as leis traduzem a Constituição em
atos necessários e normativos de influência na realidade social, ela ganha importância.
Dessa forma, Silva (2006) chega à conclusão de que o conceito de uma boa lei
concentra-se na sua eficácia quanto ao pleno atendimento de uma necessidade de direito
de uma determinada sociedade. Para se alcançar os resultados pretendidos pela lei, deve-
se considerar a forma como a mesma foi construída, desde a identificação da carência
social até sua redação final. À essa forma dá-se o nome de Processo Legislativo.
Silva (2006) ainda explica que, dessa forma, o processo legislativo tem a
finalidade de positivar o direito estatal, o qual é debatido e resolvido por meio de
procedimentos legais nas Casas Legislativas, com vistas a resolver diferenças sociais.
Mesmo assim, o fato de uma lei ser positivada nem sempre corresponde a um direito
sociocultural, ou seja, que traduza uma necessidade ou um anseio da sociedade. Muitas
vezes, a mesma possui um caráter meramente formal ou é um acerto político dos
representantes do povo que compõem os órgãos legislativos. De qualquer maneira, essa
formalidade não fere o conceito de processo legislativo, que continua cumprindo seu
papel de resolver conflitos por meio de debates de representantes legais da sociedade,
afirmado pela maioria.
16
1
Segundo definição do caput do art. 100 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados (2013),
“Proposição é toda matéria sujeita à deliberação da Câmara”, podendo, segundo o § 1º do mesmo
dispositivo, se constituir em “(...) proposta de emenda à Constituição, projeto, emenda, indicação,
requerimento, recurso, parecer e proposta de fiscalização e controle”.
17
O primeiro passo para o legislador propor a criação de uma norma jurídica, relata
Silva (2006), é organizar uma ideia frente a um anseio ou uma necessidade da sociedade,
muitas vezes de acordo com uma agenda partidária ou governamental, na forma de um
projeto de lei. O atendimento a esse tipo de demanda deve ser, idealmente, no sentido de
resolver um problema de fato e não uma situação temporária que irá mudar em um curto
período de tempo. Como ressaltado anteriormente, a lei deve ter caráter de perenidade e
de utilidade pública.
Cumpre destacar especialmente que, além das etapas previstas pelos regimentos
internos das Casas Parlamentares, o processo legislativo é impulsionado por grupos de
representação da sociedade civil organizada, como visto no item 1.1 deste Capítulo, e
também por vontades políticas suportadas em tradições de condutas e ações não
regimentadas, que se valem de interpretações das normas e das disposições de artifícios
normativos para influenciar no trâmite de uma proposição legislativa e,
consequentemente, na matéria da lei.
A teoria desenvolvida por Young (2000) foi tomada como referência, para efeitos
da presente pesquisa, para retratar a representação política em uma sociedade democrática
sob a forma de grupos de representação.
18
Young (2000) afirma ainda que o indivíduo eleito para representar um grupo da
sociedade exerce uma representação política, na qual não substitui seus membros nas
exposições e nas atitudes, mas reúne informações para agir autorizadamente no
atendimento das necessidades do todo, não necessariamente compartilhadas
individualmente. É uma atividade que essencialmente separa o representante do
representado, mas mantém a necessidade de conexão para manutenção do diálogo,
identificação de anseios e viabilização da prática do accountability.
A partir desse conceito, entende-se que grupos de interesse podem ser privados,
imbuídos de objetivos de obter vantagens competitivas sobre concorrentes ou grupos de
outros setores, assim como órgãos públicos. Esses últimos, constituídos e atuantes nos
três Poderes e em todas as esferas, como agências, secretarias, departamentos, devem
também ser entendidos como grupos de interesse, uma vez engajados e munidos de
instrumentos para atuar a seu favor nas decisões de políticas públicas dentro do seu
próprio Poder ou entre Poderes, como por posições favoráveis de autoridade,
competências ou capacidade decisória.
Ressalta-se, também a partir da tese de Santos (2007), segundo o qual cita Lowery
e Brasher (2004), que os partidos políticos devem ser excluídos dessa classificação, uma
vez que possuem como principal objetivo a ocupação de cargo eletivo, vencer eleições
21
Dessa forma, pode-se concluir que os grupos de pressão fazem parte dos grupos
de interesse que por sua vez compõem os grupos de representação. Tal afirmação pode
ser reforçada pela linha conceitual de Pereira (2001) relatada na tese de Santos (2007), a
qual dá, inclusive, um sentido de temporalidade aos grupos de pressão:
Assim como diferenciados anteriormente e pelo fato dos grupos de pressão serem
um “estado de ser” dos grupos de interesse, há de se fazer nova distinção dos partidos
políticos. Segundo Pasquino (1992) citado por Santos (2007), tal destaque dá-se pelas
funções exercidas exclusivamente pelos partidos, as quais são:
22
Nesse sentido, Santos (2007, p. 83) reafirma a condição de derivação dos grupos
de pressão em relação aos grupos de interesse e introduz o conceito de lobby como sendo
uma das formas de atuação dos grupos de pressão junto aos formuladores de políticas
públicas e parlamentares, ao sintetizar que “lobbies seriam grupos de pressão que
instrumentalizam recursos de poder em busca de influência”.
2.2 Lobby
2.2.1 Definição
Expressão da língua inglesa, lobby não possui tradução direta para o português.
Significa, originalmente, “ante-sala, átrio, entrada”. Como mencionado por Farhat (2007)
e em citação de Thomas (2004, apud SANTOS, 2007, p. 85) no estudo de Santos (2007),
o primeiro registro da atividade data de 1808 nos Estados Unidos e refere-se ao ambiente
físico onde indivíduos, em busca de contatos diretos com autoridades públicas, as
abordavam para defender ou negociar posições favoráveis a eles mesmos ou a grupos
representados.
A partir dessas práticas relatadas, desde então o termo lobby é atribuído à atividade
ou ao processo (lobbying) em que representantes dos grupos de pressão influenciam
decisões do poder público.
pressuposto assumido pelo autor Farhat (2007) de que grupo de interesse é sinônimo de
grupo de pressão, o mesmo assim define lobby:
Como esclarecido anteriormente por Graziano (2001, apud SANTOS, 2007, p. 87)
no item 2.2.1 deste Capítulo, o lobby é formal pela legitimidade do lobista, conferida pelo
grupo de pressão representado, mas por vezes informal pelos acessos disponíveis
insuficientes nos órgãos públicos e pelo não reconhecimento institucional da sua atuação,
muito reforçado pela falta de legislação própria para regulação da profissão ou má
regulamentação dos dispositivos legais afins à disposição do poder público.
Santos (2007) ainda reforça tal importância dos grupos de pressão e do lobby nos
sistemas democráticos, apesar do risco de uma sociedade pautar suas decisões a partir de
demandas de grupos mais “preparados” para o lobby, segundo constatação de Pasquino
(1992) citada no estudo de Santos (2007):
O Brasil não possui legislação própria para regular a atuação do lobby. Apesar da
atuação de lobistas no Congresso Nacional ser fato consumado e parte do cotidiano, e de
várias iniciativas terem sido apresentadas, principalmente na Câmara dos Deputados, até
este escrito, nenhuma foi convertida em lei.
O mesmo projeto de lei propõe, para as duas Casas do Congresso Nacional, que
as pessoas registradas para praticar lobby receberão credenciais para tanto, regulando
inclusive o modo e os limites de atuação. Segundo o art. 3º da mesma proposição, os
registrados devem prestar contas regularmente à Mesa Diretora quanto a informações
cadastrais atualizadas da organização à qual pertence, incluindo relação de funcionários,
27
O projeto de lei do Deputado Carlos Zarattini, por sua vez, é mais amplo e trata
da questão não só para atuações no Congresso Nacional, mas para todos os órgãos
públicos, conforme tratado em sua Ementa2:
2
Ementa compõe a parte preliminar de uma proposição e de uma lei, segundo art. 5º da Lei Complementar
nº 95, de 2008, que “explicitará, de modo conciso e sob a forma de título, o objeto da lei”.
3
Segundo caput do art. 126 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, “Parecer é a proposição com
que uma Comissão se pronuncia sobre qualquer matéria sujeita a seu estudo”.
28
Eu acho que tem que organizar, tem que organizar o lobby. O sistema
de lobby pode ser um sistema de qualificação das demandas da
sociedade (...) O lobby existe nos Estados Unidos regulamentado, existe
em vários países. O que é o lobby basicamente? É uma forma que a
sociedade tem de, através de pessoas qualificadas tecnicamente, poder
estruturar propostas e levar ao Estado (...) Eu sou a favor (ADAMS,
2013).
4
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) publica desde 1995 a Agenda Legislativa da Indústria. Trata-
se de um documento anual que torna público, de forma organizada, todas as posições do setor em relação
às matérias em tramitação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. O mesmo é deliberado por um
grupo de organizações empresariais, incluindo federações da indústria e associações setoriais, denominado
RedIndústria.
5
Substitutivo é definido no art. 118 § 4º do Regimento Interno da Câmara dos Deputados (2013e) como
uma emenda substitutiva que “alterar, substancial ou formalmente, em seu conjunto a proposição,
considerando-se formal a alteração que vise exclusivamente ao aperfeiçoamento da técnica legislativa”.
34
Art. 51 (...)
(...)
III – elaborar seu regimento interno;
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação,
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus
serviços;
(...)
(BRASIL, 2013a, p. 23) (grifamos).
Nacional e nas suas Casas, como também traz disposições sobre o processo legislativo
nos artigos 59 a 69 e nos artigos 165 e 166, que tratam especificamente “Dos
Orçamentos”6.
6
A Constituição Federal (BRASIL, 2013, p. 48) traz que são Matérias de iniciativa do Poder Executivo que
tratam do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias, dos orçamentos anuais e dos créditos adicionais.
36
Art.5º
(...)
XXXIII – todos têm direito de receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou
geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob a pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado.
(...)
Art.37 A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência
(...)
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na
administração pública direta e indireta, regulando especialmente:
(...)
II – o acesso dos usuários a registros administrativos e a
informações sobre atos do governo.
(...)
Art. 216
(...)
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da
documentação governamental e as providências para franquear sua
consulta a quantos dela necessitem.
(...)
(BRASIL, 2013a, p. 10; 20; 62) (grifamos).
37
(...)
Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observadas as
normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a:
38
elaborar seu regimento interno, o qual dispõe, dentre outros dispositivos, sobre sua
organização legislativa e administrativa, caracteriza a Casa como órgão público
importante para atuação dos grupos de pressão.
A relação a seguir não esgota os acessos formais da Câmara dos Deputados. Esses
órgãos são importantes para a atuação dos grupos de pressão, mas, combinados com
outros dão, de fato, a dimensão completa necessária para o exercício do lobby.
a) Mesa Diretora
Dessa forma, a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, composta inclusive pelo
Presidente, cumpre papel importante de pautar a agenda legislativa e de despachar
decisões administrativas que influenciam diretamente no processo legislativo.
7
O Regimento Interno da Câmara dos Deputados, ao limitar às entidades de classe e associações no art.
259, não permite que consultores, ligados ou não a pessoas jurídicas constituídas para prestar serviços de
representação para associações ou entidades privadas, as chamadas “assessorias de relações
governamentais”, se registrem como representantes de terceiros.
41
b) Presidência
Por sua vez, o Presidente da Câmara dos Deputados é, segundo o caput do art. 16
do RICD (BRASIL, 2013e):
c) Deputados Federais
Quanto os deputados federais, representantes eleitos pelo povo para a Câmara dos
Deputados, são os principais agentes de participação e de decisão no processo legislativo
da Casa. Qualquer cidadão ou grupo de interesse pode requisitar, a qualquer momento,
audiência com parlamentar ou membros do seu gabinete, mediante simples aceitação dos
mesmos, para tratar de assuntos relacionados ao seu trabalho na Câmara. As reuniões,
assim como as respectivas pautas, podem fazer parte de agenda oficial e, portanto,
registradas de forma pública, tanto da parte do Deputado Federal quanto, por exemplo,
da entidade privada requisitante. Para facilitar e viabilizar o contato, todas as informações
de acesso aos gabinetes parlamentares encontram-se no website da Casa.
d) Ouvidoria Parlamentar
e) Secretaria-Geral da Mesa
(...)
§ 2° A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara
dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento
do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com
não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles
(BRASIL, 2013a, p. 26).
f) Plenário
Qualquer pessoa pode ter acesso e acompanhar as sessões do Plenário nas galerias
superiores ou pelo website da Câmara dos Deputados. Ainda há tribunas abaixo dessas
galerias, exclusivas para jornalistas e convidados. O Plenário também dispõe de painel
eletrônico para exposição de informações relacionadas ao quórum de Deputados Federais,
à Ordem do Dia8 e à apreciação de matérias, incluindo votações.
8
Segundo os arts. 82 a 86 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, Ordem do Dia é a fase da
sessão plenária ou da reunião de comissão destinada à discussão e à votação das proposições em pauta.
45
g) Comissões Parlamentares
(...)
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do
regimento, a competência do plenário, salvo se houver recurso de um
décimo dos membros da Casa;
II – realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;
(...)
IV – receber petições, reclamações, representações ou queixas de
qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades
públicas. (BRASILa, 2013, p. 25) (grifamos).
9
Regra constitucional que permite às Casas Legislativas descentralizarem a apreciação das proposições e
estabelecerem, em seus respectivos regimentos internos, o disciplinamento dessa prerrogativa no âmbito de
suas competências. Dessa forma, as Comissões Parlamentares são representações menores e proporcionais
dos partidos ou dos blocos parlamentares da Câmara, divididas e quantificadas por características técnicas
e temáticas de apreciação das matérias em tramitação no seu âmbito, com a finalidade de apreciá-las.
46
h) Diretoria-Geral
j) Canais de Comunicação
10
Subcomissão é uma representação menor de uma Comissão Parlamentar com a finalidade de debater e
produzir, por meio de relatório, assunto relacionado a matéria em trâmite na respectiva Comissão.
11
Grupos de Trabalho são estruturas criadas para debater e produzir documentos para aperfeiçoar os
processos legislativo e administrativo da Câmara dos Deputados.
12
As notas taquigráficas da Câmara dos Deputados são documentos com as transcrições integrais das falas
realizadas em determinadas sessões legislativas e reuniões de Comissões.
49
acesso a conteúdo educativo sobre como funciona o processo legislativo da Câmara dos
Deputados, do Senado Federal e do Congresso Nacional; iv) Legislação, onde
disponibiliza-se acesso, com ferramenta de pesquisa, a toda legislação federal e interna
da Câmara dos Deputados; v) Orçamento Brasil, com informações relacionadas ao
Orçamento da União; vi) Plenário, com informações das atividades desenvolvidas pelo
Plenário da Casa; e vii) Projeto de Lei e Outras Proposições, que se constitui de
ferramenta de pesquisa e de consulta detalhadas das tramitações de todas as matérias da
Câmara dos Deputados, arquivadas e em tramitação, com opção de download dos
documentos produzidos.
Vê-se assim que a Câmara dos Deputados possui várias opções de canais de
comunicação para o desenvolvimento da atividade de lobby e para o cidadão comum se
informar e também participar do processo legislativo.
50
3.4.1. Metodologia
3.4.2. Resultados
Ao tratar dos canais formais de acesso à Câmara dos Deputados para exercício do
lobby, ou aqueles públicos e de livre acesso para os cidadãos e os grupos de interesse,
como explicado pelo presente estudo no item 3.3 deste Capítulo, a percepção é que os
entrevistados se concentram mais na identificação de meios relacionados ao contato com
Deputados Federais e diretamente ligados ao rito das etapas legislativas para apreciação
de matérias. Os depoimentos foram acerca das atividades efetivas de pressão, como
54
classificadas por Mancuso (2004) e explicadas no item 3.1 deste Capítulo, e menos
relacionados à coleta, tratamento e análise de informações.
como a Lei de Acesso à Informação - apresentada no item 3.2.1 deste Capítulo -, o Código
Civil Brasileiro e os Códigos de Ética das Casas Legislativas, devem ser estimuladas.
CONCLUSÃO
de interesse e dos serviços informacionais, incluindo contato direto com agentes públicos,
da Administração Pública, o lobby ainda é praticado, muitas vezes, pela forma oculta –
ilegal e relacionada unicamente a interesses privados -. Esse tipo de prática,
popularmente chamada de tráfico de influência, ocorre pela falta ou fraqueza da forma
aberta do lobby.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAMS, Luís Inácio. (2013). Leia a transcrição da entrevista com Adams à Folha e ao
UOL. UOL. Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/poder/poderepolitica/1241387-leia-a-transcricao-da-
entrevista-com-adams-a-folha-e-ao-uol.shtml. Acesso em: 10 out. 2013.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Código de ética e decoro parlamentar da Câmara dos
Deputados: aprovado pela Resolução nº 25 de 2001. Brasília: Câmara dos Deputados,
Coordenação de Publicações, 2002.
_______. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei nº 6.132, de 1990. Sítio institucional.
Disponível em:
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=21283.
Acesso em: 29 set. 2013b.
_______. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei nº 1.202, de 2007. Sítio institucional.
Disponível em:
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=353631.
Acesso em: 29 set. 2013c.
_______. Câmara dos Deputados. Projeto de Resolução da Câmara nº 14, de 2011. Sítio
institucional. Disponível em:
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=491762.
Acesso em: 29 set. 2013d.
_______. Câmara dos Deputados. Regimento Interno da Câmara dos Deputados. 11ª
edição. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2013e.
_______. Lei nº 8.429 de 02 de junho de 1992. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 03
de junho de 1992. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm.
Acesso em: 09 out. 2013.
FARHAT, Saïd. Lobby: o que é: como se faz: ética e transparência na representação junto
a governos. São Paulo: Aberje Editorial, 2007.
GALAN, Gilberto. Relações Governamentais & Lobby: aprendendo a fazer. São Paulo:
Aberje Editorial, 2012.
SANTOS, Luiz Alberto dos. Regulamentação das atividades de lobby e seu impacto sobre
as relações entre políticos, burocratas e grupos de interesse no ciclo de políticas públicas
– análise comparativa dos Estados Unidos e Brasil. 2007. 526 f. Tese (Doutorado em
Ciências Sociais) - Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Brasília, 2007.
SILVA, José Afonso da. Processo Constitucional de Formação das Leis. 2ª edição, São
Paulo: Malheiros Editores, 2006.
YOUNG, Iris Marion. Inclusion and Democracy. Oxford: Oxford University Press, 2000.
60
ANEXOS
1 P.01) O(a) Sr(a) é o responsável ou um dos responsáveis pela atuação de lobby do(a)
__________ (nome da organização) na Câmara dos Deputados? (RU)
1 Sim
2 Não (encerre a entrevista)
7 P.07) O(a) Sr(a) tem conhecimento de algum Projeto de Lei ou outro tipo de iniciativa
para regulamentar o lobby no Brasil? (RM)
1 Sim, Projeto de Lei. P.08) Quais? ___________________________________________
2 Sim, Outro tipo de iniciativa. P.09) Quais? ____________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3 Não
8 P.10) Na sua opinião, porque até hoje o lobby não foi regulamentado no Brasil?
(EXPLORAR)
10 P.12) Dos canais que acabou de citar, na sua opinião, em que aspectos deveriam mudar
para melhorar a prática do lobby de uma forma geral? (EXPLORAR)
11 P.13) Agora em relação aos acessos informais à Câmara dos Deputados, o que o(a) Sr(a)
entende por isso? (EXPLORAR)
12 P.14) O(a) Sr(a) acredita que os acessos informais são mais utilizados que os formais?
(Resposta Única)
1 Sim 3 Não sabe dizer
2 Não
14 P.16) Caso o lobby seja regulamentado no Brasil, o(a) Sr(a) acredita que os acessos formais
seriam ampliados e os informais reduzidos? (RU)
15 P.17) Caso o lobby seja regulamentado no Brasil, o(a) Sr(a) acredita que o processo
legislativo da Câmara dos Deputados, como um todo, seria melhor? (RU)
OBSERVAÇÕES
AGRADEÇA E ENCERRE