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CPTL - CÂMPUS DE TRÊS LAGOAS

HISTÓRIA – LICENCIATURA
FICHAMENTO

Nome: Rafaela dos Santos Teixeira

FERNANDES, Florestan. Brasil em compasso de espera. São Paulo: Hucitec,


1980. Capítulo 12 – Revolução ou contrarrevolução? (p.113-130).

Pg. 113 O golpe instituído em 1964, em nome de “ideais revolucionários”, constitui,


segundo Fernandes, uma contra-revolução, tanto no plano interno, porque não
se tratava de uma auto defesa da democracia contra o comunismo
internacional, afinal, esse mascaramento não passava de propaganda política,
sendo a verdadeira busca impedir uma transição de uma democracia restrita
para uma democracia ampliada (que ameaçava o início da consolidação de
um regime democrático-burguês”.

Pg. 114 Também se trata de uma contra revolução no plano externo, onde, o golpe é
parte de um ciclo muito maior, que levou a guerra fria e a doutrina do
desenvolvimento com segurança.

Nesse sentido, o golpe de estado, com essas duas vertentes, encerra uma etapa
de expansão da “democracia burguesa”, conduzindo a um novo estilo de
ditadura de classe, existente no Estado ditatorial próprio, chamado por
Fernandes de Estado autocrático burguês.

Pg. 115 De acordo com Fernandes, autor da obra, existe um efeito paradoxal, onde, as
mesmas condições que precipitam a contra-revolução, contêm os germes de
sua fraqueza e derrocada.

Segundo Fernandes, “as contradições internas e externas minam a articulação


e o poder de controle relativo das forças contra-revolucionárias.”. Nesse
sentido, o autor afirma que, “o padrão recente de regime ditatorial [...]
‘falhou’”.

Nisso, o autor afirma configurar uma nova problemática, sendo que, a


dominação burguesa ainda é suficientemente forte (a partir de dentro) e
flexível (pela articulação com o imperialismo”.

Pg. 116 Se a força dessa transição não vem das massas populares, ela é determinada
pelos interesses das frações de classes dominantes.

Estes, deixaram de ver o regime ditatorial como uma garantia suficiente para
a estabilidade política, procurando ao menos adaptar a concentração do poder
pelos “meios usuais”, o que repõe a via parlamentar no circuito do processo
político.
Fernandes propõe os três temas da discussão: “O tema inicial, em que se
impõe naturalmente: em que consiste o desgaste da contra-revolução e o que
tal desgaste contém em seu bojo? Daí seria conveniente saltar para outro tema
conexo: em que medida as forças sociais da contra revolução podem
condicionar e estão condicionando a reciclagem do processo político? Por fim
[...] temos de iniciar uma indagação, que leva a uma contradição: como
anular o ímpeto dessas forças e criar espaço político para as forças que lhes
são antagônicas, as quais buscam retomar e aprofundar as vias da revolução
democrática?”.

1. “O desgaste da contra-revolução era inevitável. Primeiro, porque ela


não gerou o seu próprio ‘período de transição’, isto é, ela não se
mostrou capaz de resolver quaisquer dos grandes problemas do Brasil
no lapso do tempo já transcorrido. Ao contrário, ao dissociar o tempo
político da revolução nacional [...] do tempo econômico capitalista
[...] ela se tornou anti-social e antinacional.”.

Ao privilegiar exclusivamente os interesses privatistas, a contra-revolução


causou o esvaziamento da capacidade construtiva da dominação burguesa de
atender os interesses das classes trabalhadores e das massas populares.

Pg. 118 Em segundo lugar, a contra-revolução constituía, por sua natureza, um


expediente político-militar.

Pg. 119 “O autoprivilegiamento e a autoproteção das classes possuidoras, por meio da


violência organizada, não deixou nenhuma dúvida mesmo nos ‘espíritos mais
incultos.”.

“De outro lado, a militarização e a tecnocratização das estruturas e funções do


Estado também foram altamente visíveis, deixando patente que o
agravamento de desequilíbrios e de iniquidades preexistentes se devia à
contra-revolução.”.

“A contra-revolução nascia e se protegia do medo pânico das classes


possuidoras. As debilidades crônicas das classes possuidoras avançaram por
dentro do terreno político e histórico da contra-revolução, enfraquecendo-a de
modo constante”.

Nesse sentido, o “desgaste da revolução”, é um problema burguês.

Pg. 120 Em terceiro lugar, Fernandes firma que, “em toda parte, onde se praticou a
dissociação dos dois tempos mencionados acima, a estabilidade política
importa manu militari não tinha por fim servir à Nação, ou, mesmo, servir
por igual a todos os setores das classes possuidoras. Ao revés, o que
equacionar, em todos os continentes da periferia do mundo capitalista, foi
como impelir a modernização acelerada, com sua típica ‘revolução por
incorporação’, de modo a resguardar: 1° o controle dessa periferia pelas
nações capitalistas hegemônicas e por sua superpotência; 2° a estabilidade
política exigida pelas multinacionais [...] 3° os setores hegemônicos das
classes possuidoras nestas nações, como e enquanto uma comunidade
‘nacional’ de negócios, como empresários associados.

Dessa forma, a contra-revolução só podia servir para fins pragmáticos de


curto prazo.

Pg. 121 Fernandes afirma que o chamado “milagre econômico” nunca vem para ficar.

Em quarto lugar, o autor aponta que, a aliança de classes possuidoras, dotadas


de força desigual, desembocou na criação de um Estado autocrático burguês
de diversas faces, sendo elas, a face democrática, face autoritária, face facista.
Essas o tornam instável, chamado por Fernandes de Frankenstein.

Pg. 122 A base econômica desse Estado autocrático-burguês é estreita, ficando restrita
a uma sociedade civil fechada na defesa de seus privilégios, e, por isso,
incapaz de atender os interesses da Nação. - DISSO NASCE AS
POSSIBILIDADES DE GOVERNOS COMO O GOVERNO BOLSONARO

Pg. 123 “Em outras palavras, esse Estado, independentemente de ‘pressões de baixo
para cima’ [...] perde a probabilidade de fazer o enlace dinâmico entre a
órbita da ação estatal, a sociedade civil e a sociedade política.”.

Brotam assim o “protesto estudantil”, o protesto intelectual, etc. Pressões de


baixo para cima que continuam reprimidas e só se manifestam
esporadicamente, continuando o espaço político monopolizado por setores da
burguesia. ESSE ESPAÇO ALCANÇA A POLÍTICA, INCLUINDO AS
POLÍTICAS DE ALIANÇAS DO PT

Pg. 124 Deles procede o desgaste da contra-revolução e do regime ditatorial: “os que
criaram o monstro agora pretendem devorá-lo. É dos interesses burgueses,
das cidadelas da dominação burguesa que partem os ataques iniciais à
‘contra-revolução redentora’. Isso deixa evidente, segundo Fernandes, que “o
calcanhar de aquiles do Estado autocrático-burguês está no próprio
capitalismo monopolista.”.- ESSE TEXTO ESTÁ MUITO LIGADO COM
AS ALIANÇAS DO PT

Fernandes defende que, “a oscilação leva do Estado autocrático-burguês ao


“Estado de direito”, mas este não pode nem deve ser negação daquele. [...] a
mudança substantiva está aquém da mudança semântica.”.

2. De acordo com Fernandes, na época do confronto mortal com o


socialismo, o capitalismo só oferece alternativas “pobres”.

Pg. 125 Nesse sentido, o autor afirma existir um resíduo “contra-revolucionário’


imanente a civilização capitalista ameaçada, resíduo que cresce e se
multiplica na periferia, onde a relação numérica entre os ‘malditos da terra’ e
os ‘entes privilegiados’ atinge um insuperável desequilíbrio. Salta-se assim
do tradicionalismo para uma modernização ultra-reacionária.

Esse resíduo tem, segundo Fernandes, de ser projetado na realidade histórica,


forjada pelo golpe de Estado de 1964. Nesse quadro, o que merece o primeiro
plano na análise não é só o processo que desemboca nessa forma de
revolução burguesa, mas o fato de que as forças contra-revolucionárias de
uma sociedade de classes explosiva ganharam o centro do palco, o domínio
sobre a Nação e o controle direto do Estado. “Em suma, uma burguesia
cegamente conservadora conta com um estado autocrático-burguês como uma
terceira mão armada”.

“Ou se passa por cima dela, ou não se passa.”.

Pg. A fase da reciclagem, é um prolongamento da “revolução institucional”.


126-
127 Os dois extremos da revolução democrática, segundo Fernandes, aparecem na
“democracia burguesa” e na “democracia proletária”, as massas populares e
as classes trabalhadoras, tem seu potencial revolucionário anulado.

3. Fernandes afirma ser inicialmente preciso anular a ideia de que os


conflitos desapareceram.

“A autocracia burguesa surgiu primeiro na periferia; e é na periferia que já se


pode traçar as linhas de seu desgaste e, a médio prazo, o seu próximo
desmoronamento”.

Aparecem, nos estratos católicos e nas gerações jovens da burguesia também


uma rejeição.

Pg. 128 Sobre o capitalismo monopolista, este é uma realidade histórica e uma
entidade passageira.

“Se a ‘oposição dentro da ordem’ já assume o caráter da ‘subversão “Sem que


estas duas condições entrelaçadas se dêem, não existe nem nunca poderá
existir nenhum espaço político além do que é produzido e reproduzido pelas
‘forças de conservação da ordem’.”.

“Tudo isso indica o que se deve fazer. Devemos começar por uma operação
semântica (de essência puramente política): tirar o conceito de democracia do
limbo em que ele se acha e ao qual foi lançado pelas forças contra-
revolucionárias.”. O que Fernandes chama de “questão da democracia”.

Pg. 129 “Há que deixar claro por onde passa e aonde leva a contra-revolução, o que
ela significa e porque temos de lançá-la na lata de lixo da história. o mesmo
modo, há que deixar claro que é a onde leva a revolução democrática.”.

Nesse sentido, o que é mais urgente, para Fernandes, é acabar com o


pensamento, considerado por ele como infantil, de que se poderia “politizar
as massas”, sem começar a luta, sendo que, para iniciar a luta, é necessário
partir do ponto zero.

Pg. 130 Dentro deste esboço, em que o tático e o estratégico estão combinados: a
questão da democracia começa por ser um desafio à obediência civil
sistemática e generalizada.”.

“A contra-revolução autocrática é preciso opor a revolução democrática.”.


Esta deve gerar a “negação da ditadura de minorias poderosas e sua
substituição por uma democracia organizada pela e para a maioria, pois não
poderá haver democracia em outras condições.”.

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