Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Livro Capitulo 1 DHACA
Livro Capitulo 1 DHACA
aç de-comunica
a
h ticas rsid v o
n
ção
s -i
e
e
-interaçã
v
d
di
a
-
b ilid
á
a
s r
o-e beres-p s-
a
stratégia
Relatos de Experiências
em Fonoaudiologia
Ana Nery Araújo
Jonia Alves Lucena
Luciana Studart-Pereira
RELATOS DE EXPERIÊNCIAS
EM FONOAUDIOLOGIA
RELATOS DE EXPERIÊNCIAS
EM FONOAUDIOLOGIA
ORGANIZADORES
Ana Nery Araújo
Jonia Alves Lucena
Luciana Studart-Pereira
Universidade Federal de Pernambuco
Reitor
Vice-Reitor: Prof. Moacyr Araújo
Diretor da Editora: Diogo Cesar Fernandes
Vice-Diretor da Editora: Prof. Junot Cornélio Matos
Editor: Flávio Gonzalez
Catalogação na fonte:
Bibliotecária Kalina Ligia França da Silva, CRB4-1408
Vários autores.
Todos os direitos reservados aos organizadores: Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente
total ou parcial em qualquer sistema de processamento de dados e a inclusão de qualquer parte da obra em qualquer programa
CONSELHO EDITORIAL
Luciana Pimentel
Maria Cecília de Moura
Maria Luiza Lopes Timóteo de Lima
PARECERISTAS
Daniela de Vasconcelos
Fonoaudióloga do Hospital das Clínicas/UFPE. Especialista em Voz /
UFPE. Mestre em Saúde da Comunicação Humana / PPGSCH-UFPE.
E-mail: daniela_vasconcelos@outlook.com
Débora Vasconcelos Correia
Fonoaudióloga, mestre e doutora em Linguística pelo Programa de Pós-
Graduação em Linguística da Universidade Federal da Paraíba - UFPB.
Professora Assistente do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal da
Paraíba. Especialista em Fluência pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia e
em Neurociência Aplicada pela Universidade Federal de Pernambuco. Diretora
Educacional Assistente do Instituto Brasileiro de Fluência. Coordenadora
do Projeto Flua da Universidade Federal da Paraíba, que atua na assistência
fonoaudiológica em fluência. E-mail: fgadebora@gmail.com
Luciana Studart-Pereira
Fonoaudióloga. Especialista em Motricidade Orofacial. Mestre em Ciências da
Linguagem. Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente. Certificada em
Fonoaudiologia na Medicina do Sono – ABS. Docente do Curso de Fonoaudiologia
– UFPE. Membro Fundador da Associação Brasileira de Motricidade Orofacial
– ABRAMO Presidente da Seccional Pernambuco da Associação Brasileira do
Sono – ABS (2018-2021). E-mail: luciana.studart@uol.com.br
Luciane Spinelli de Figueiredo Pessoa
Fonoaudióloga. Doutora em Linguística pela Universidade Federal da
Paraíba (UFPB). Especialista em Motricidade Orofacial (CRFa e UNP)
Professora Adjunta do Departamento de Fonoaudiologia da UFPB.
Sócia Fundadora da Associação Brasileira em Motricidade Orofacial –
ABRAMO. E-mail: luspinelli@gmail.com
Sílvia Benevides
Fonoaudióloga. Especialista em Motricidade Orofacial pelo CFFA. Mestre
em Fisiologia – UFPE. Doutora em Processos Interativos de Orgãos e
Sistemas – UFBA. Professora do Departamento de Fonoaudiologia da
UFPB. E-mail: sbenevides40@gmail.com
INTRODUÇÃO
HABILIDADE OBJETIVO
ACEF - Atenção Compartilhada A criança é capaz de solicitar algo próximo ao
com Entrega de Figuras interlocutor por meio da entrega da figura, podendo
ser acompanhado da fala.
Após a aquisição da habilidade CF4OP, a criança será adaptada para dar início ao uso
da prancha fixa a partir da habilidade CF4OP.
Quadro 2 - Habilidades comunicativas desenvolvidas com a prancha de
comunicação com figuras fixas ou com o aplicativo aBoard
no Tablet
HABILIDADE OBJETIVO
CFEQX - Construção de Frases A criança deve ser capaz de solicitar algo próximo ao
com Eu + Quero + uma palavra interlocutor apontando para as figuras EU + QUERO na
avulsa prancha + figura avulsa* do que deseja. A construção
da frase ocorre de forma sequenciada apontando
para as figuras, podendo ser acompanhado da fala.
Terá que utilizar até quatro figuras avulsas, para
iniciar a aquisição da habilidade seguinte.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
INTRODUÇÃO
Identificação e queixa:
Criança do sexo feminino, nasceu a termo, sem apresentar fatores
de risco. Passou pelo serviço de triagem auditiva neonatal, realizou o exame
de emissões otoacústicas (EOA) que apresentou ausência de respostas. Foi
encaminhada para acompanhamento com otorrinolaringologista para
avaliação e diagnóstico, integrante de uma equipe multidisciplinar de um
Serviço de Implante Coclear do Estado de Pernambuco.
Re(ha)bilitação auditiva:
O objetivo inicial no atendimento da criança foi garantir o uso
efetivo do AASI. Para isso, fez-se indispensável um trabalho com a família
no sentido de deixá-la familiarizada com o dispositivo. Este dispositivo e
suas funções foram apresentados aos pais de forma a se sentirem seguros
quanto às informações técnicas, manutenção e manuseio.
Foram utilizados os próprios AASI da criança como material para
manuseio, montagem e desmontagem e esclarecimento em relação as suas
partes e funções. Também foram abordadas com a família informações
técnicas que poderiam evitar falhas no AASI, tais como checagem das
pilhas, encaixe adequado dos moldes, informações do dia a dia, a fim de
garantir que o uso do AASI fosse efetivo. Neste momento, optou-se por
proporcionar segurança aos pais para que eles se sentissem aptos a colocar
e retirar o AASI da criança. Havia agora um terceiro elemento na relação
mãe-bebê e ele deveria ser compreendido como aliado no fortalecimento
do vínculo a ser estabelecido com ela e com o mundo ao seu redor.
A criança ao iniciar a reabilitação auditiva, já demonstrava
ser bastante ativa, e iniciava processo de vocalização. De início, foram
apresentadas aos pais estratégias de comunicação verbais e não verbais
importantes para mantê-la tranquila, tais como: tranquilidade no olhar,
sorriso e fala com entonação agradável e suave. Orientou-se evitar palmas,
brinquedos sonoros ou comportamentos exagerados de entusiasmo, a fim
de que todo o processo de comunicação ocorresse com naturalidade e
conforto.
A criança apresentou boa receptividade ao AASI em terapia. Em
casa, a mãe referia que ela fazia mais de 10 horas de uso ao dia, permanecendo
com o aparelho ligado e nas orelhas, inclusive quando dormia durante o
dia. Este só era retirado para o sono da noite.
Garantido o tempo efetivo de uso do dispositivo, deu-se início
à estimulação auditiva com o objetivo de desenvolver as habilidades
de atenção e localização sonora. Todas as atividades propostas eram
compartilhadas com a família, durante as sessões, sendo apresentadas de
forma contextualizada para que pudessem ser adaptadas à rotina familiar.
A família foi convidada a apresentar os sons à criança. Inicialmente, os
sons mais intensos do ambiente: a porta batendo, o cachorro latindo, o
barulho do motor do carro do pai, a mãe chamando seu nome, enfim, era
um momento de descoberta dos sons verbais e não verbais. Foi sugerido o
uso da estratégia de apontar para o ouvido ao ouvir o som e se aproximar
da fonte sonora. Dessa forma, os pais estariam estimulando a habilidade de
atenção e localização auditiva, foco do trabalho naquele momento.
Nas sessões eram mantidas tais estratégias, sendo adaptadas ao
ambiente em que estava inserida. A criança era recebida pela terapeuta na
sala de espera a qual seguia com ela explorando o ambiente, chamando
sua atenção para as coisas que produziam som. Ela sempre era estimulada
a se despedir dando “tchau” para os colegas que se encontravam na sala
de espera. Neste momento, era utilizada a estratégia de aproximação,
falando-se próximo ao ouvido com entonação melodiosa e agradável.
Também era utilizada a estratégia de estimulação bimodal, em que era
dada a informação auditiva (emissão oral do tchau) – o gesto (dar tchau
com as mãos) - informação auditiva (finalizando com a emissão oral do
tchau). Ainda fazendo parte da rotina terapêutica, a criança era orientada
a bater na porta antes de entrar e solicitado que a abrisse. A estratégia de
estimulação bimodal era mantida nessa situação, de forma a apresentá-la
um repertório de palavras que representavam aquelas ações.
No setting terapêutico, foram utilizadas as técnicas de escuta no
silêncio e de aproximação, ferramentas inicialmente importantes para o
trabalho de detecção e atenção auditiva, como já descritas anteriormente.
As atividades eram realizadas lateralmente, a uma distância média de 30
centímetro da cadeira onde a criança estava posicionada, para que fossem
estimuladas também a habilidade de localização auditiva. Para o trabalho
de percepção dos sons não verbais eram utilizados materiais como a
bandinha, com propósito de estimular as reações de detecção e atenção
auditiva, sendo ela exposta aos mais variados estímulos e intensidades. Já
para o trabalho de percepção dos sons verbais, eram utilizados fantoches
ou onomatopeias com animais emborrachados, acrescida a estratégia de
brincadeiras vocais com variação na melodia e entonação de fala. Outra
atividade realizada dava-se por meio da apresentação de um objeto sonoro.
O som era emitido inicialmente, em seguida, aproximava-se o objeto (fonte
sonora) para que ela o visse e, na sequência, este era afastado e novamente
apresentado, sempre se encerrando com o som.
Ao longo do processo terapêutico, começaram a ser observadas
respostas de atenção ao som e localização direita e esquerda. A criança
se mostrava atenta aos estímulos sonoros, balbuciando continuamente,
comportamento este reforçado com a técnica de brincadeiras vocais. A
partir dessas atividades, foi possível observar que a criança oferecia respostas
consistentes para os sons de instrumentos, em forte e moderada intensidade,
porém não apresentava consistência nas respostas para os sons de fala.
Mesmos com tais avanços, a mãe iniciou um processo de negação da
deficiência auditiva, interrompendo o uso do AASI e a reabilitação auditiva.
Ela passou a afirmar que a criança ouvia e que não precisava fazer terapia nem
do AASI. Era um momento delicado, sendo, por esta razão, encaminhada
para o serviço de Psicologia. Porém, a mãe decidiu desligar a criança do
serviço, decisão esta respeitada por todos os integrantes da equipe.
Dessa forma, a criança fez uso de AASI dos 4 aos 7 meses de idade,
permanecendo sem usá-lo dos 8 aos 12 meses, momento em que os pais
retornaram ao serviço, afirmando que a criança estagnou, não estava mais
evoluindo na comunicação, parecia distante, havia diminuído os balbucios.
Reconheceram, então, que ela poderia, de fato ser deficiente auditiva e
necessitar fazer uso de AASI e de terapia fonoaudiológica. Reinicia, a partir
de então, o acompanhamento no programa de saúde auditiva do serviço
que estava vinculava anteriormente.
Na retomada à terapia de reabilitação auditiva, a readaptação ao
AASI ocorreu de forma satisfatória, não apresentando a criança nenhum
tipo de rejeição. O trabalho foi reiniciado buscando-se estabelecer uma
relação agradável com o estímulo sonoro. Como já tinha 12 meses de
idade, as atividades já envolviam jogos mais facilmente compreendidos
por ela. Foi retomado o trabalho de detecção e atenção aos sons verbais e
não verbais, bem como de localização auditiva. Nas sessões, a criança era
sempre acompanhada da mãe, sendo realizado um trabalho com o propósito
de chamar a atenção da criança para o estímulo auditivo das mais variadas
frequências e intensidades. A fim de avaliar a intensidade do estímulo, era
utilizado um decibelímetro digital e as frequências eram avaliadas por meio
de instrumentos musicais (sons não verbais) e da fala (verbais).
Era associado o ato de jogar bolinhas em uma caixa ou encaixar
uma peça em um tabuleiro após ouvir um som. Desta forma, era possível
registrar quais sons ela detectava e em que intensidade. Também nesta fase
de desenvolvimento, à semelhança do que ocorreu anteriormente, a criança
respondia com consistência aos estímulos não verbais, mas não se observava
o mesmo para os estímulos de fala. Após seis meses de reabilitação auditiva
com AASI, verificou-se que ela, de fato, não estava tendo com aquele
dispositivo acesso pleno aos sons de fala. A criança ainda se encontrava na
Categoria 1 de Audição - detectava a presença do sinal de fala, porém não
os discriminava4, e na Categoria 1 de Linguagem - apresentava vocalizações
indiferenciadas5.
A partir de então, o caso foi encaminhado para reunião
multidisciplinar para definição de conduta. Considerando que este
atendia aos critérios de indicação para implante coclear estabelecidos no
serviço e que existia, naquele momento, demanda familiar, a criança foi
encaminhada para realização da cirurgia, tendo sido implantada com um
ano e oito meses de idade. Desde o momento da ativação do IC, apresentou
um comportamento bastante comunicativo. A família estava presente em
todas as sessões e se mostrava bastante participativa.
Com a mudança do tipo de dispositivo, fez-se necessário serem
apresentados sua tecnologia, funções, aspectos relacionados à manutenção
e soluções para as possíveis falhas. Após esta apresentação, foi dado início
ao processo de reabilitação. As técnicas utilizadas na reabilitação auditiva
com pacientes usuários de AASI e IC são as mesmas, a resposta do paciente
é o que muda, tornando possível avançar mais rapidamente.
Aos 20 meses, a criança passou a ter acesso aos sons verbais e,
portanto, se comportar de maneira diferente em terapia, estando mais
atenta e com respostas mais rápidas e precisas para a fala. Em consequência,
ampliaram-se as possibilidades de atividades com a criança, sendo
introduzida a música e os jogos simbólicos.
A terapia foi subdividia em três momentos. O primeiro momento,
que constava da checagem do IC (utilizando-se os sons do Ling); o segundo
momento que constava da realização de atividades lúdicas (com objetivo de
estimulação das habilidades auditivas, utilizando as técnicas abordadas para
a reabilitação auditiva); e o terceiro momento, que constava do fechamento
da sessão, em que eram cantadas músicas, fossem essas relacionadas à
atividade que estava sendo realizada anteriormente ou simplesmente para
induzir o processo de conclusão da sessão.
Como a criança apresentava muito interesse por música, este aspecto
foi bastante estimulado. Eram utilizados brinquedos que pudessem ser
reportados para uma música. Assim, por exemplo, eram usados animais em
miniatura a fim de trabalhar seus sons e uma casa que seria a moradia dos
animais. Escolhiam-se dois animais, inicialmente, e à medida que a criança
demonstrava habilidade de discriminar e reconhecer aqueles animais
inseria-se novos. Neste caso, estava se trabalhando, a partir da técnica de
conjunto fechado, as habilidades de atenção, detecção, discriminação e
reconhecimento auditiva dos animais a partir de seus sons - as onomatopeias.
Eram utilizadas as técnicas de aproximação, escuta no silêncio, estimulação
bimodal, finalizando-se com uma música referente ao tema, nesse caso, o
sítio de seu Lobato. Outras músicas também eram trabalhadas, a exemplo
do “Pintinho amarelinho”, “Dona aranha”, “A sopa do neném”, entre outras.
Também era solicitado à mãe que cantasse na hora de comer e de dormir,
além de buscar conhecer as músicas cantadas na escola a fim de que ela
pudesse aprender e compartilhar com os familiares, amigos e terapeuta.
Na realização das atividades lúdicas utilizou-se, também, da estratégia
de alternância terapeuta-paciente em que em alguns momentos as atividades
eram direcionadas pela terapeuta e em outros momentos a criança era
encorajada a direcioná-las2. Essa estratégia foi considerada relevante, pois
proporcionou a criança autonomia para escolher a atividade que queria
realizar, gerando, com isso, motivação. Trabalhar com a motivação da criança
possibilita que os objetivos sejam alcançados mais rapidamente. Portanto,
embora a terapia deva ser previamente planejada, é importante ter flexibilidade,
pois o interesse da criança deve ser considerado sem que se perca o foco.
Trabalhar a partir do desejo da criança possibilita, também, introduzir as
técnicas de conjunto intermediário (contexto semiaberto) e conjunto aberto.
As técnicas de conjunto semiaberto e aberto passaram a ser inseridas,
à medida que se percebia autonomia e desenvolvimento das habilidades
auditivas e cognitivas na criança. A técnica do conjunto semiaberto era
utilizada já no início da sessão, momento da seleção do jogo ou brinquedo
que iria ser utilizado naquele dia. Para isso, eram realizadas afirmações e
feitos questionamentos como: Precisamos pegar as bolas, onde estão as bolas?
A criança direcionava o olhar para uma caixa dentre tantos brinquedos na
sala, pois compreendia que a bola era guardada naquela caixa. Assim, estava-
se oferecendo a ela a oportunidade de ouvir, discriminar, reconhecer e ir em
busca do objeto, agindo com autonomia, porém dentro de uma situação pré-
estabelecida (a escolha do material a ser utilizado em terapia).
As situações em conjunto aberto eram experimentadas a partir
do compartilhamento da família com o terapeuta das experiências sociais
especiais vividas pela criança naquela semana. Dessa forma, o contexto
externo podia ser resgatado no espaço terapêutico. Eram realizadas
perguntas, como: Você ganhou um presente da vovô? Cadê o presente que
você ganhou? A própria família trazia experiências e estimulava a criança a
compartilhar com a terapeuta. Canta a música de Seu Lobato para ela. Conta
para ela para onde o papai foi. Também eram provocados questionamentos
não relacionados aos contextos partilhados pela família, a exemplo de: Do
que você quer brincar hoje?
Este foi um momento bastante rico do processo terapêutico, uma
vez que potencializou, na criança, o uso da linguagem em sua função
pragmática, já que ela necessitava se comunicar para expressar o seu
desejo. Assim, ao perceber que a partir da palavra ela podia alcançar o que
desejava, passou a se sentir motivada para se apropriar da fala. Contudo, é
importante destacar que embora a motivação para usar a fala tivesse sido
despertada no processo de reabilitação, esta só se tornou efetiva porque
a comunicação utilizada em casa com a criança também foi a fala. Neste
caso, a mãe e toda a família foram orientadas a utilizar a comunicação oral
com a criança, expondo-a a um vocabulário diversificado e aos diferentes
atos de fala. Tal atitude favoreceu o aprendizado da língua de forma natural
e contínua, sendo a criança estimulada não só a usar a linguagem oral em
casa, mas nos diversos contextos sociais.
Os objetivos e estratégias terapêuticas sempre foram compartilhados
com a família. Ciente dessas informações e participando da dinâmica da
terapia, a mãe trazia propostas de atividades, a partir do interesse individual
da criança naquela semana. A participação da família foi fundamental na
obtenção dos objetivos propostos.
Com dois anos de uso do IC e três anos e oito meses de idade, a
criança estava em pleno desenvolvimento, fazendo uso exclusivamente da
linguagem oral para se comunicar. Neste momento, foi indicado que ela
fosse inserida em escola regular para que pudesse ser exposta a interações
frequentes com outras crianças, considerando que ela era filha única. Na
escola, passou a se desenvolver de forma adequada, alcançando os objetivos
propostos para a sua turma e idade, sendo alfabetizada aos 5,6 anos de idade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO
COM MULHERES TRANSGÊNEROS
Daniela de Vasconcelos
Ana Nery Araújo
INTRODUÇÃO
a) Anamnese vocal
d) Tratamento
d.1.2) Ressonância:
“Eu fui à cidade, hoje de manhã, estava chovendo, mas você não estava lá.”
“EU fui à cidade, hoje de manhã, estava chovendo, mas você não estava lá.”
“Eu FUI à cidade, hoje de manhã, estava chovendo, mas você não estava lá.”
“Eu fui À CIDADE, hoje de manhã, estava chovendo, mas você não estava lá.”
“Eu fui à cidade, HOJE DE MANHÃ, estava chovendo, mas você não estava lá.”
“Eu fui à cidade, hoje de manhã, ESTAVA CHOVENDO, mas você não estava lá.”
“Eu fui à cidade, hoje de manhã, estava chovendo, mas VOCÊ não estava lá.”
“Eu fui à cidade, hoje de manhã, estava chovendo, mas você NÃO ESTAVA LÁ.”
(Fonte: KYRILLOS L, COTES C, FEIJÓ D; Voz e corpo na TV, 2003, p.57 e 58)
• Conscientização e controle sobre as entonações de acordo com o que
representam em termos de intenção comunicativa ou emoções. Exemplos:
Interrogando
Afirmando
TAN-TAN
Exclamando
Com desolação
Oferecendo
BOM-BOM Aceitando
Recusando
“Você gosta de mim?”
DEM-DEM “Não gosto, não!”
“Gosto sim!”
“Será que você ouviu?”
“Parece que sim!”
ZUM-ZUM
“Ouve só!”
“É mesmo!!!”
ALEGRIA
Muda a lua, muda a estação
Cada crepúsculo causa uma emoção...
Sou de lua!
Minguo, cresço...
Me renovo, me encho!!!!
Sou da mata, da magia.
Aquela que te mata de dor ou alegria.
Que te contagia, que causa saudade.
Sou a Deusa da noite, a mulher do dia.
Que corre com os lobos com a força de um urso.
Que não precisa de escudo.
Que voa com as borboletas,
Aquela que diz tudo.
A menininha que dança,
A selvagem que caça,
A sedutora que não cansa,
A senhora da graça.
Sou aquela que veio ao mundo para amar...
Para viver e mudar...
Sou assim, um caleidoscópio LUNAR ...
(Carolina Salcides)
TRISTEZA
e) Reavaliação
f) Definição de conduta
f.1) Cirurgia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA
“Se não abrir a boca eu sou reconhecido como um homem, então fico calado, eu acho
uma coisa estranha (a voz), não me sinto bem, não... me dá falta de confiança, quando
eu vou para lugares públicos eu não consigo falar”.
“Eu tenho disforia com a minha voz”, “Quando eu vou para lugares públicos eu não
consigo falar”. “Queria que a minha voz mudasse... por questão de preconceito, pra me
socializar”, “as pessoas ficam confundindo os pronomes”. “Não tenho tanta disforia com
o corpo é mais com a voz mesmo”. “Não consigo falar em grupos sociais que não tenham
pessoas trans, comecei a me entrosar mais com pessoas cis, pois não tenho grupos de
amigos trans, mas apesar disso, sinto-me mais confortável com as pessoas trans”.
A partir da terapia fonoaudiológica, com as modificações no padrão
vocal adquiridas nos treinos de voz e fala realizados ao longo dos encontros,
foi possível observar a percepção dos participantes sobre as mudanças na
voz e empoderamento vocal. Seguem os depoimentos:
“Minha voz ficou mais relaxada, mais segura (após fazer os exercícios)”; “Tô percebendo
que está diminuindo a instabilidade”. “Passei a prestar mais atenção na minha voz, me
ouvir mais”.
“Ouvi algumas gravações antigas e percebo o quanto minha voz mudou; “Só percebi
depois que gravei minha voz hoje e pensei: nossa! Essa é a minha voz?”; “Depois das
oficinas, passei a reparar mais nas vozes das pessoas a minha volta com relação a “grave/
agudo”, ressonância e articulação; “A semana foi massa... Estou sentindo mais segurança!
Estou sentindo minha voz mais fortalecida e não estou mais precisando fingir, ela está
mais natural”; “Estou mais confiável com a voz, mas não sei se estou emitindo o som
corretamente; “Eu tô fazendo tudo certinho e estou me sentindo muito seguro, até falei
alto com um cara no metrô e foi ótimo. “Tive uma resposta muito boa dos exercícios”;
“Acho que estou ganhando resistência e segurança com o coletivo.”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Seja bem-vindo”
“Bom dia/ tarde”
“Quanto tempo...”
“Que bom vê-lo novamente”
“Como vai o senhor?”
“Tudo bem?”
“Como tem passado?”
“Qual a sua matrícula, por gentileza? É o Sr....(nome), certo?”
“Em que posso ajudá-lo, Sr... (nome)?”
“O que o Sr. deseja?”
“Estamos a sua disposição!”
“Fique tranquilo, estamos aqui para ajudá-lo a solucionar a questão/
situação/problema.”
“O senhor poderia detalhar melhor...?”
“Para que possamos resolver seu problema adequadamente, gostaria
que nos informasse...”
“O senhor poderia nos esclarecer sobre...”
“Não entendi Sr., poderia repetir, por favor?”
“Para essa situação talvez fosse melhor...”
“Como vê a possibilidade de...”
“Desculpa, mas essa questão não pode ser solucionada assim, vamos
tentar de outra maneira Sr”
“Temos uma alternativa para...”
“Estou entendendo que o senhor precisa de...”
“Considera que esta seja realmente a melhor solução...?”
“Está claro para o senhor...?”
“O senhor tem alguma dúvida a respeito e algo?”
“Por favor, fique à vontade, estamos aqui para ajudá-lo a esclarecer o
que for preciso”
“Ficou tudo entendido, resta alguma dúvida?”
“Aguarde um momento que logo mais o Sr. será atendido”
“Vamos precisar de X tempo para consultar o sistema e verificar...”
“Vamos precisar de X tempo para buscar uma informação em outro
lugar (dizer qual) e dentro de X tempo concluiremos. O Sr. pode
aguardar?”
“Vamos precisar de um parecer da supervisão, mas não se preocupe que
não vai demorar.”
“Precisamos consultar a área tal (dizer qual), o Sr. tem disponibilidade
para aguardar X tempo?”
“Já estamos providenciando, aguarde mais um pouco.”
“A área tal já está liberando a informação, documento... por favor,
aguarde só mais um momento.”
“Pronto senhor, aqui está sua solicitação. Desculpa a demora e/ou
obrigada por aguardar.”
“Era isto mesmo que precisava?”
“Confira os documentos, dados, informações... está tudo certo? Precisa
de algo mais?”
“Senhor, para seu completo atendimento o processo será encaminhado
para... e precisaremos de X tempo para finalização.”
“Como o Sr. gostaria de receber o documento?”
“Para conclusão de seu atendimento, a documentação será
encaminhada para... como objetivo de...portanto, no dia X o Sr. poderá
retornar a Central que o documento estará liberado.”
“Para sua maior comodidade, poderá ligar a partir do dia X ou acessar
o site...”
8. Atividade/treino para serem realizadas em casa: “Descobrindo vozes”
REFERÊNCIAS
1. Davies S, Papp VG, Antoni C. Voice and communication change for gender
nonconforming individuals: giving voice to the person inside, international
journal of transgenderism. Int J Transgend 2015; 16(3): 117-59.
2. Silva RGLB, Bezerra WC, Queiroz SB. Os impactos das identidades transgênero
na sociabilidade de travestis e mulheres transexuais. Rev Ter Ocup Univ São
Paulo 2015; 26(3): 364-72.
3. Jesus JG. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos.
Guia técnico sobre pessoas transexuais, travestis e demais transgêneros,
para formadores de opinião. 2012. Available from: URL: http://issuu.com/
jaquelinejesus/docs/orienta__es_popula__o_trans
4. Zimman L. Transgender voices: Insights on identity, embodiment, and the
gender of the voice: transgender voices. Lang Linguist Compass 2018;12(8):
e12284.
5. Schwarz K, Fontanari AMV, Mueller A, Costa AB, Soll B, da Silva DC et al.
Transsexual Voice Questionnaire for Male-to-Female Brazilian transsexual
people. J Voice 2017; 31(1):120 e15-e20.
6. Santos HHNM, Aguiar AGDO, Baeck HE, Van Borsel J. Tradução e avaliação
preliminar da versão em português do Questionário de Autoavaliação Vocal
para Transexuais de Homem para Mulher. CoDAS 2015;27(1):89-96.
7. Nygren U, Nordenskjöld A, Arver S, Södersten M. Effects on voice fundamental
frequency and satisfaction with voice in trans men during testosterone
treatment: a longitudinal study. J Voice 2016; 30(6):766e23-e34.
8. Azul D, Nygren U, Södersten M, Neuschaefer-Rube C. Transmasculine
people’s voice function: a review of the currently available evidence. J Voice
2016;31(1):261e9-e23.
9. Vilkman E. Occupational safety and health aspects of voice and speech
professions. Folia Phoniath Logop 2004;56:220-253.
10. Schneider S, Courey M. Transgender voice and communication: vocal health
and considerations. In: Deutsch MB, editor. Guidelines for the primary
and gender-affirming care of transgender and gender nonbinary people.
2nd ed. University of California, San Francisco, Department of Family and
Community Medicine Center of Excellence for Transgender Health; 2016.
p.161-71. Available from: URL: http://transhealth.ucsf.edu/pdf/Transgender-
PGACG-6-17-16.pdf
11. Azul D. Gender-related aspects of transmasculine people’s vocal situations:
insights from a qualitative content analysis of interview transcrips. Int J Lang
Commun Disord 2016;51(6):672-84.
12. Azul D. Transmasculine people’s vocal situations: a critical review of gender:
related discourses and empirical data. Int J Lang Commun Disord 2015;
50(1):31-47.
13. Barros AD, Cavadinha ET, Mendonça AVM. A percepção de homens trans
sobre a relação entre voz e expressão de gênero em suas interações sociais.
Tempus Actas Saúde Colet 2018;11(4):9-24.
14. Araújo AN, Balata PMM. A voz no adulto. In: Queiroga BAM, Gomes AOC,
Silva HJ, organizadores. Desenvolvimento da Comunicação Humana nos
Diferentes Ciclos de Vida. Barueri: Pró-Fono; 2015. p.181-188.
15. Zimman L. Variability in /s/ among transgender speakers: evidence for a
socially grounded account of gender and sibilants. Linguistics 2017;55 993-
1019. Available from: URL: https://doi.org/10.1515/ling‐2017‐0018
16. Dacakis G, Oates J, Douglas J. Beyond voice: perceptions of gender in male-
to female transsexuals. Curr Opin Otolaryngol Head Neck Surg 2012; 20(3):
165-70.
CAPÍTULO 6
INTRODUÇÃO
“... Eu pude aprender mais sobre a minha voz e que com o tempo ela muda mesmo. Aprendi
a cuidar mais da minha voz e da saúde do meu corpo. O grupo foi algo muito bom...”
(Entrevistado 10)
“... Minha experiência foi muito boa. Eu me senti acolhida, senti que eu não era a única
com uma voz feia, que outras pessoas eram iguais a mim e que todos podiam se ajudar...”
(Entrevistado 2)
“... Hoje a minha voz tá melhor... Tá mais forte, e eu só conseguir isso por causa dos exercícios
e da ajuda dos outros. Quando um faltava por algum motivo, o outro tentava ajudar, saber
o porquê dessa falta pra assim poder ajudar de alguma forma...” (Entrevistado 13)
“... Eu fiz amigos. Não foi apenas a minha voz que melhorou meu espírito também se
alegrou muito com essa experiência...” (Entrevistado 5)
“... O trabalho em grupo é muito melhor do que sozinho, porque todos se ajudam e dividem
suas experiências. E isso ajuda e estimula no cuidado com a voz...” (Entrevistado 10)
“... Cada um ajudou muito o outro, principalmente quando um tinha dificuldades. Pelo menos
um pouco de melhora houve, e os exercícios eram bem ensinados...” (Entrevistado 25).
“... A voz melhorou muito. Não me sinto mais tão incomodada e as pessoas não reclamam
tanto da minha voz. Além disso, fiz muitas amizades com todos...” (Entrevistado 32)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. Brasolotto AG, Lucena JA, Godoy JF. A voz na senescência. In: Lopes L, Moreti
F, Ribeiro LL, Pereira EC. Fundamentos e Atualidades em Voz Clínica. Rio de
Janeiro: Revinter; 2019.
2. Behlau M, Madázio G, Feijó D et al. Aperfeiçoamento vocal e tratamento
fonoaudiológico nas disfonias. In: Behlau M. Voz: o livro do especialista. V. 2.
São Paulo: Revinter; 2005. p.409-564.
3. Colton RH, Casper JK, Leonard R. Compreendendo os problemas da voz: uma
perspectiva fisiológica no diagnóstico e tratamento das disfonias. 3 ed. Rio de
Janeiro: Revinter; 2010.
4. Martins RHG, Amaral HA, Tavares ELM, Martins MG, Gonçalves TM, Dias
NH. Voice disordes: etiology and diagnosis. Journal of Voice 2016; 30(6): 761.
e1-761.e9.
5. Hamdan AL , Ziade G, Tabet G , Btaiche R, Fakhri G, Yatim F et al. Vocal
symptoms and acoustic findings in menopausal women in comparison to pre-
menopause women with body mass index as a confounding variable. Journal
of menopausal medicine 2017;23(2):117-123.
6. Kost K.M, Sataloff RT. Voice disorders in elderly. Clinics in Geriatric Medicine
2018;34(2):191-203.
7. Palmer AD, Newsom JT, Rook KS. How does difficulty communicating affect
the social relationships of older adults? an exploration using data from a
national survey. J Commun Disord [Internet] 2016;62:131-46.
8. Ribeiro VV, Panhoca I, Dassie-Leite AP, Bagarollo MF. Grupo terapêutico em
fonoaudiologia: revisão de literatura. Rev. CEFAC 2012;14(3):544-52.
9. Almeida AAF, Queiroz Telles M. A autopercepção como facilitadora de terapia
vocal em grupo. Disturb Comun 2009;21(3):373-83.
10. Lucena JA, Costa MLG, Almeida AA. Atendimento em grupo na
Fonoaudiologia. In: Araújo, ANB; Queiroga BAM; Lucena JA, Studart-Pereira,
L.M. Questões contemporâneas da clínica fonoaudiológica. Recife: Editora
UFPE; 2018. p.107-28.
11. Organização Mundial de Saúde. Relatório mundial de envelhecimento e saúde;
2015.
12. Envelhecimento Ativo: Um Marco Político em Resposta à Revolução da
Longevidade/Centro Internacional de Longevidade Brasil. Rio de Janeiro;
2015.
13. Yamasaki RM, Leão SHS, Madazio G, Padovani M, Azevedo, R. Correspondência
entre escala analógica-visual e a escala numérica na avaliação perceptivo-
auditiva de voz. In: Anais do 16º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia;
2008; Campos do Jordão. p.24-27.
14. Neves LES, Lucena JA, Lira, ZS, Gomes AC, Araújo AN. Contribuições da
terapia vocal em grupo para presbifonia In: Anais do 21º Congresso Brasileiro
2º Íbero Americano de Fonoaudiologia; 2013; Porto de Galinhas.
CAPÍTULO 7
INTRODUÇÃO
FIGURA 4
FIGURA 5
A equipe de reavaliação de cirurgia é composta por acadêmicos de
ambos os cursos, que recebem os pacientes na recepção, direcionam para o
espaço da clínica e, buscando seus prontuários nos arquivos, analisam, no
paciente, o estado de cicatrização da língua. Questionam, então, se houve
alguma intercorrência no período entre o dia da realização do procedimento
até o dia da reavaliação. Se nenhuma problemática tiver surgido, o
acadêmico anota as suas observações, assina o prontuário e registra a data.
Caso tenha ocorrido algo ou se for notado que ainda há pouca mobilidade
da língua, um profissional da Fonoaudiologia é convidado para reavaliar
e, sendo constatada a alteração, podem solicitar retorno em um mês, três
meses ou seis meses, a depender do caso.
Esse formato de organização tem gerado grandes benefícios
aos atendimentos e a integração multiprofissional, além de criar um
direcionamento no debate da avaliação, diagnóstico e tratamento de pacientes
com anquiloglossia e maior humanização no atendimento em saúde.
FIGURA 6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
1. Mendonça IB, Amaral Costa CLN, Santos BAA, Silva LB, Dantas ACL, Santos
AP et al. Extensão universitária em parceria com a sociedade. Caderno de
Graduação-Ciências Humanas e Sociais-UNIT; 2013; 1:2. p. 149-155.
2. Pozzobon ME, BUSATO MA. Extensão universitária: reflexão e ação. Argos
Editora Universitária; 2009.
3. Serrano RMSM. Conceitos de extensão universitária: um diálogo com Paulo
Freire. Grupo de Pesquisa em Extensão Popular; 2013: 13(8).
4. Martinelli RLC, Marchesan IQ, Rodrigues AC, Berretin-Felix G. Protocolo de
avaliação do frênulo da língua em bebês. Revista CEFAC 2012; 14(1):138-145.
5. LASKE CA. A influência da deglutição no desenvolvimento da oclusão e da
fala. Florianópolis, UFSC; 2002.
6. Katchburian E, Chavez A, Elias V. Histologia e embriologia oral: texto, atlas,
correlações clínicas; 2012.
7. Kotlow LA. Ankyloglossia (tongue-tie): a diagnostic and treatment
quandary. Quintessence Int 1999; 30 (4): 259-62.
8. Venancio SI, Toma TS, Buccini GS, Sanches MTC, Araújo CL, Figueiró MF.
Anquiloglossia e aleitamento materno: evidências sobre a magnitude do
problema, protocolos de avaliação, segurança e eficácia da frenotomia. São
Paulo: Instituto de Saúde; 2015.
9. Genovese W J. Exames complementares na clínica odontológica. São Paulo:
Fundação Peirópolis; 1996.
10. Geddes DT, Langton DB, Gollow I, Jacobs LA, Hartmann PE, Simmer K.
Frenulotomy for breastfeeding infants with ankyloglossia: effect on milk removal
and sucking mechanism as imaged by ultrasound. Pediatrics 2008; 122(1):e188-e194.
INTRODUÇÃO
O QUE É ALIMENTAÇÃO?
(Morris&Junqueira,2016)
DIAGNÓSTICO
Avaliação e tratamento
Cardápio sensorial
Experimentar Mastigar e
Olhar Tocar Cheirar Morder
com a língua deglutir
COZINHA TERAPÊUTICA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. Almeida CAN, Mello ED, Maranhão HS, Vieira MC, Barros R, Barreto JR,
Fisberg M. Dificuldade alimentares na infância: revisão da literatura com foco
nas repercussões à saúde. Pediatria Moderna 2012;48(9):340-8.
2. Junqueira P, Maximino P, Ramos CC, Machado RHV, Assumpção I, Fisberg
M. O papel do fonoaudiólogo no diagnóstico e tratamento multiprofissional
da criança com dificuldade alimentar: uma nova visão. Rev. CEFAC 2015;
17(3):1004-11.
3. Giugliani ERJ, Victora CG. Alimentação Complementar. J Pediatr
2000;76(3):253-62.
4. Junqueira P. Aspectos sensório-orais e suas interferências no comportamento
alimentar da criança. Anais do 2º. Congresso Internacional Sabará de
Especialidades Pediátricas; 2014.
5. Junqueira P. Por que meu filho não quer comer? uma visão além da boca e do
estômago. Bauru: Idea Editora; 2017.
6. Azevedo DA, Vilaça CA, Perilo TVC. Alimentação complementar: aspectos
motores, sensoriais e comportamentais. Tratado do especialista em cuidado
materno-infantil com enfoque em amamentação. Belo Horizonte: MameBem;
2019. p. 307-14.
7. Morris JP. A Criança que não cuer Comer: compreenda as interconexões do
seu universo para melhor ajudá-la; 2019. p.18-30.
8. Ayres AJ. Sensory integration and the child: understanding hidden sensory
challenges. Los Angeles: Western Psychological Services; 2005.
9. Kerzner B. Clinical investigation of feeding difficulties in young children: a
practical approach. ClinPediatr (Phila). [Review]. 2009;48(9):960-5.
10. Padovani A. Tá na hora do papá. São Paulo; 2019. p 29-30.
11. Ayres, A. J. Characteristics of types of sensory integrative dysfunction.
American Journal of Occupational Therapy 1971;25: 329-34.
12. Serrano P. A integração sensorial: no desenvolvimento e aprendizagem da
criança. Lisboa: Papa-Letras;2016.
13. Genaro KF, Berretin-Felix, Rehder MIBC, Marchesan IQ. Avaliação
Miofuncional Orofacial – Protocolo MBGR. Rev. CEFAC 2009;11(2):237-255.
14. Morris SE, Klein MD. Pre-feeding skills: acomprehensive resource for mealtime
development. 2nd ed. Pro-ed; 2000.
15. Dunn W. Sensory Profile 2. The Psychcorp 2014; Pearson.
CAPÍTULO 9
FONOAUDIOLOGIA E OS DISTÚRBIOS
RESPIRATÓRIOS DO SONO NAS DIFERENTES
FASES DA VIDA
INTRODUÇÃO
TEMA QUESTIONAMENTOS
Doenças sistêmicas e comorbidades: doenças
metabólicas, cardiovascular, hipertensão arterial, refluxo
Saúde geral
gastroesofágico, depressão, outros distúrbios do sono
diagnosticados ou referidos, rinites, outros
Tratamentos e/ou
Atuais e pregressos
acompanhamentos
Medicamentos utilizados Efeitos colaterais adversos
Fumo, álcool e outras Possíveis interferências na qualidade do sono e
drogas agravamento para o ronco
Frequência e intensidade dos roncos; apneias
testemunhadas durante o sono; despertar com roncos
ou ofegante; engasgos ou sensação de sufocamento;
Manifestações noturnas
sudorese noturna; movimentos excessivos no leito;
noctúria; secura oral; distúrbios alimentaresnasal e
costodiafragmática abdominal
Sonolência diurna; cansaço, falta de energia, fadiga;
sensação de sono não reparador; cefaleia matinal;
Manifestações diurnas
alteração de humor; irritabilidade; diminuição da libido;
déficits cognitivos
Desempenho na realização das funções: respiração,
Realização das funções
mastigação, deglutição e fala; presença de dor ou
estomatognáticas
desconforto orofacial
REFERÊNCIAS
TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO
NOS TRAUMAS DE FACE
Sílvia Benevides
INTRODUÇÃO
a) Anamnese:
Os pacientes acometidos de trauma facial, em geral, são encaminhados
pelos cirurgiões envolvidos no atendimento a esse público, no período de oito
a 15 dias após a ocorrência da fratura ou da cirurgia, podendo haver variação
de tempo de acordo com o caso. A consulta normalmente é realizada em
nível ambulatorial, após a liberação do cirurgião14,15. Contudo, há situações
onde o paciente encontra-se clinicamente instável e, portanto, ainda se
mantém em internamento hospitalar. Nessa condição, o fonoaudiólogo deve
atender no leito. Ressalta-se que o fato acima mencionado não se refere aos
casos em que outras demandas fonoaudiológicas encontram-se presentes,
como disfagia, afasias, etc.
Na ocasião da entrevista inicial, são descritos pelo cirurgião a
etiologia do trauma, conduta realizada e queixa principal. Importante
coletar informações sobre o histórico do trauma, pois contribuem para o
direcionamento terapêutico. Destaca-se, ainda, a necessidade de bom senso
e cautela durante os questionamentos, uma vez que, em algumas situações,
observa-se intenso abalo emocional no paciente. Além dos dados pessoais,
são necessárias as seguintes informações:
a) Etiologia do trauma
b) Histórico do trauma (descrição da situação, primeiros socorros,
internação, intercorrências, regiões acometidas, se houve perda de
substância óssea e ou de tecido mole)
c) Queixa principal (sintomas)
d) Data do acometimento (análise do período de cicatrização óssea e
de tecido mole)
e) Conduta do cirurgião para cada segmento fraturado (cirúrgico/
não cirúrgico)
f) Limitação dos movimentos mandibulares
g) Modificação do trajeto mandibular: desvio ou deflexão (Figura 2)
h) Alimentação
i) Higiene oral
j) Modificação da sensibilidade intra ou extra oral (presença de
parestesia)
b) Avaliação:
O exame clínico miofuncional orofacial contempla verificação
das estruturas, da oclusão e situação dentária, da musculatura e da
funcionalidade orofacial. Muitos protocolos podem ser utilizados16,17,
entretanto destaca-se a importância da criteriosa análise dos dados
compilados da anamnese e exame clínico para que se tenha um
delineamento das estratégias terapêuticas que serão utilizadas na abordagem
fonoaudiológica, bem como as limitações decorrentes do próprio trauma
ou procedimento cirúrgico18.
A leitura dos exames de imagem representa um dado importante
para a tomada de decisão do protocolo terapêutico que será pensado para
o caso. Na avaliação do estado morfofuncional das estruturas orofaciais, o
fonoaudiólogo precisa estar atento para a forma de manipulação durante
a inspeção intra e extroral, pois, se for inadequada, pode comprometer
a cicatrização. Registros de fotos e filmagens representam importante
parâmetro para comparação entre os estágios de evolução do tratamento,
além de servir como feedback para o paciente.
A seguir, serão descritos alguns aspectos encontrados durante a
avaliação.
Os edemas e hematomas podem ser evidenciados na região
acometida. Nos casos de fraturas condilares, os pacientes podem estar
fazendo uso do bloqueio maxilomandibular semi-rígido com elásticos para
possibilitar a estabilização mandibular e oclusal14,15.
A modificação de sensibilidade (parestesia e hipoestesia) precisa ser
investigada, pois lesão nervosa do(s) ramo(s) do trigêmeo pode ocorrer em
função do próprio trauma e/ou por manipulação cirúrgica, ocasionando
alteração neurossensorial13,16,17,18.
Verifica-se, com frequência, alteração de sensibilidade na
região dento-alveolar inferior, no lábio inferior e mento. A análise do
perfil neurossensorial do indivíduo deve ser realizada por meio do
Teste Quantitativo Sensorial (TSQ). O TSQ examina os mecanismos
neurais e somatossensitivos e representa um recurso importante para
a obtenção de informações acerca da dor, sensação térmica, detecção
mecânica, vibração e pressão em sujeitos com determinada afecção
ou saudáveis19. Um instrumento que pode fornecer uma parte dessas
informações é o estesiômetro da Semmes Weinsten, marca Sorri® (Figura
3). Esse instrumento contém seis monofilamentos de diâmetros diferentes
padronizados, com comprimentos iguais e diferentes cores. Cada cor, com
gramatura distinta, representa um limiar de sensibilidade13.
Na abertura No fechamento
c) Terapia Fonoaudiológica:
Após o processo avaliativo, dá-se início à terapia miofuncional
orofacial para os traumatismos faciais, cujos objetivos envolvem o
restabelecimento da mobilidade mandibular, equilíbrio funcional, auxilio
na remodelação condilar e inibição da progressão de sequelas, como a
instalação da anquilose temporomandibular. Esse último acometimento
está representado pela união óssea ou por fibrose das superfícies articulares,
onde o trauma é a causa mais comum. Acredita-se que o hematoma formado
na região intra-articular é um fator principiante para que ocorra fibrose e
neoformação óssea15,22.
Segue abaixo descrição de algumas sequelas funcionais decorrentes
dos traumas e intenções terapêuticas correspondentes:
Edema facial: A drenagem linfática manual (DLM) possui o
objetivo de remover o excesso de proteína plasmática do interstício celular,
restaurando o equilíbrio entre a carga proteica linfática e a capacidade
de transporte do sistema linfático23. A DLM auxilia a reabilitação mais
precoce em afecções traumáticas ou cicatrizes. O acúmulo de fluídos
aumenta a pressão dentro dos tecidos e causa estimulação dos nociceptores
e, consequentemente, evidencia-se a sintomatologia dolorosa. A drenagem
do edema contribui no alívio da pressão e a dor24.
INTENÇÕES TERAPÊUTICAS:
INTENÇÕES TERAPÊUTICAS9,16,17:
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
INTRODUÇÃO
2. A Terapia em Grupo
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
REFERÊNCIAS
1. Bacha SMC, Osório AMN. Fonoaudiologia & Educação: uma revisão da prática
histórica. Revista CEFAC 2004; 6(2): 215-221.
2. Brasil. Resolução CNE/CES no 5 de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes
Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Fonoaudiologia. Brasília, 2002.
3. Conselho Federal de Fonoaudiologia – CFFa. Resolução no 382 de 20 de março
de 2010 – Dispõe sobre o reconhecimento das especialidades de fonoaudiologia
educacional e disfagia e dá outras providências. Brasília; 2010.
4. Conselho Federal de Fonoaudiologia – CFFa. Resolução no 387 de 18 de setembro
de 2010 – Dispões sobre as atribuições e competências do profissional especialista
em fonoaudiologia educacional e dá outras providências. Brasília; 2010.
5. Celeste LC, Zanoni G, Queiroga BAM, Alves LM. Mapeamento da
Fonoaudiologia Educacional no Brasil: formação, trabalho e experiência
profissional. Revista CoDAS 2017; 29(1):2-7.
6. Queiroga BAM. Bons motivos para investirmos na Fonoaudiologia Educacional.
In: Queiroga BAM, Zorzi, JL, Garcia V, organizadores. Fonoaudiologia
Educacional: reflexões e relatos de experiências. Brasília: Kiron; 2015.
7. Alves LM, Capellini SA. Diferentes panoramas de atuação em Fonoaudiologia
Educacional. In: Marchesan IQ, Silva HJ, Tomé MC. Tratado das Especialidades
em Fonoaudiologia. São Paulo: Guanabara Koogan; 2014.
8. Conselho Federal de Fonoaudiologia – CFFa. Atuação do Fonoaudiólogo
Educacional: guia norteador. Brasília; 2016.
9. Brasil, Portal do Ministério da Educação. Conheça o Ideb. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/conheca-o-ideb>. Acesso em: 14 de agosto de 2019.
10. Maluf, MR. Do conhecimento implícito à consciência metalinguística
indispensável na alfabetização. In: Guimarães SRK, Maluf MR. Aprendizagem
da linguagem escrita: contribuições da pesquisa. São Paulo: Vetor; 2010. p. 17-32.
11. Sargiani RA, Maluf MR. Linguagem, cognição e educação infantil:
contribuições da Psicologia Cognitiva e das Neurociências. Psicologia Escolar
e Educacional 2019; 22(3): 477-484.
Título RELATOS DE EXPERIÊNCIAS EM FONOAUDIOLOGIA
tiragem
Impressão e Acabamento Oficina Gráfica | EdUFPE