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artigo de revisão / review article / discusión crítica

Bioética, espiritualidade e a arte de cuidar em saúde


Bioethics, spirituality and the art of taking care in the domain of health
Bioética, espiritualidad y el arte de cuidar en el ámbito de la salud

Leo Pessini*

Resumo: Neste início de milênio, para surpresa de muitos, principalmente no âmbito acadêmico e científico do mundo ocidental teste-
munhamos o renascimento da religião, ou melhor, das religiões, em todos os âmbitos da vida humana. Este é primeiro momento de nossa
reflexão. A seguir apresentamos alguns elementos reflexivos para entendermos o movimento da neuroteologia. Em seguida buscamos no
âmbito das religiões, os pontos convergentes relacionados com o cuidado da vida. A seguir relacionamos o conceito de saúde com o de
salvação. Concluímos realçando o carisma Camiliano, sobre o cuidado com a vida humana vulnerabilizada pela doença e o sofrimento.
Palavras-chave: Bioética. Espiritualidade. Assistência à saúde.
Abstract: In this beginning of millennium, many are surprised, especially in the academic and scientific setting of the western world,
before religion’s revival, or, better yet, before religions’ revival, in all domains of human life. This it is the first moment of our reflection.
We present some reflexive elements later trying to better understand the movement of neurotheology. Next, we tried, in the field of
religions, to identify the convergent points concerning the care of life. We then establish a relationship between the concept of health
and the one of salvation. One concludes emphasizing the Camillian charisma - the care of human life subject to vulnerability coming
from disease and suffering.
Keywords: Bioethics. Spirituality. Health care.
Resumen: En este inicio de milenio, muchos se sorprenden, en especial en el ámbito académico y científico del mundo occidental, por
presenciar el renacimiento de la religión, o, mejor diciendo, de las religiones, en todos los ámbitos de la vida humana. Este es el primero
momento de nuestra reflexión. Presentamos después algunos elementos reflexivos intentando una mejor comprensión del movimiento
de la neuroteología. A continuación, procuramos, en el campo de las religiones los puntos convergentes referentes al cuidado de la vida.
Dando proseguimiento, establecemos una relación entre el concepto de salud y el de salvación. Se concluye enfatizando el carisma
camiliano - el cuidado de la vida humana sujeta a la vulnerabilidad provenida de la enfermedad y el sufrimiento.
Palabras-llave: Bioética. Espiritualidad. Asistencia a la salud.

“A tábua de valores do paciente é rizada pelas maiores ambições, à Se para a razão adulta tudo tinha
tão importante quanto sua análise experiência difusa da fragmenta- sentido, para o pensamento débil
de sangue”. H. M. Sass ção do sem-sentido que se seguiu da condição pós- moderna já nada
“A ciência sem religião é paralítica; à queda dos horizontes da ideolo- mais parecer ter sentido. A crise de
a religião sem a ciência é cega”. gia. O sonho que inspira os grandes sentido passa a ser a característica
Albert Einstein processos de emancipação da épo- peculiar da pós-modernidade. Nes-
ca moderna, empurra o homem te tempo de pobreza, que – como
Introdução: o ressurgimento “moderno a querer uma realidade observa Martin Heidegger é “noite
da espiritualidade no totalmente iluminada pelo concei- no mundo”, não por causa da falta
século XXI to, na qual se expresse o poder da de Deus, mas porque os homens já
razão. A realidade deve inclinar-se não sofrem com essa falta, a doença
Ao traçar uma radiografia da sob o poder do pensamento. Se a mortal é a indiferença, a perda do
modernidade e pós-modernidade razão iluminada pretende explicar gosto por procurar as razões últi-
o renomado teólogo italiano, Bru- tudo, a pós-modernidade se ofe- mas pelas quais valha a pena viver
no Forte¹ , diz que a época moderna rece como o tempo que está para e morrer, a falta de “paixão pela
coincide com o processo que vai do além da totalidade luminosa da verdade”. Existem alguns sinais de
triunfo da “razão adulta”, caracte- ideologia, tempo pós-ideológico. esperança. Existe uma procura do

* Doutor em Teologia Moral – Bioética. Professor no Programa de Pós-Graduação em Bioética, Mestrado e Doutorado,
no Centro Universitário São Camilo, São Paulo. E-mail: pessini@saocamilo-sp.br

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Bioética, espiritualidade e a arte de cuidar em saúde

sentido perdido. Não se trata de um conjuga fé com superstição, goza Via nela uma apaziguamento a que
mero saudosismo, mas de um es- hedonisticamente do gosto místi- não aspirava. Em vez da fé tranqui-
forço de reencontrar o sentido para co do transcendente e que deixa os lizante, solução de conveniência,
além do naufrágio, de reconhecer sociólogos da religião desarmados? preferia a ávida lucidez. Levantou-
um horizonte último sobre o qual O ressurgimento do fenômeno -se a pergunta do absurdo, embora
medir o caminho daquilo que é pe- religioso neste início de milênio não tenha aderido a resposta nii-
núltimo. Eis algumas implicações não deixa de ser surpreendente. O lista. Lutando ao lado de muitos
desta procura do sentido perdido: itinerário teológico de Harvey Cox² sistemas, não aderiu a nenhum.
em, primeiro lugar, a redescoberta reflete muito bem a mudança do Percebia que o século XX entrara
do outro. O próximo pelo simples secular para o religioso em seu li- em terrível crise espiritual. Ironica-
fato de existir, é razão do viver e do vro The Secular City (1968) que ga- mente perguntava: “Para que ir à
viver juntos, porque o desafio é o nhou notoriedade mundial com lua, se é para suicidar-se lá”. Aos 26
sair de si, a viver o êxodo sem retor- inúmeras traduções. Trata-se de anos, escrevia: “Nossa civilização,
no do compromisso pelos outros, um texto programático do fenô- desde que perdeu a esperança de
do amor. Em segundo lugar, é de meno da secularização. Antes de encontrar nas ciências o sentido do
assinalar uma renovada “nostalgia terminar o milênio, Cox, escreveu mundo ,viu-se privada de todo fim
do Totalmente Outro” (Horkhei- outro texto no polo oposto: Fire espiritual”. A ele foi atribuída a afir-
mer, uma espécie de redescoberta from Heaven: The Pentecostal Spiritu- mação de que “O século XXI será o
do último: desperta-se uma neces- ality and the Reshaping of Religion in mais religioso da história”. Malraux
sidade, que se poderia definir como the Twenty-first Century – “Fogo do contesta ter dito essa frase. O que
religiosa, necessidade de alicerces, céu: a espiritualidade pentecostal ele diz é mais incerto: “Não excluo
de sentido, de horizonte último, e a reconfiguração da religião no a possibilidade de um evento espiri-
de uma pátria final que não seja século XXI”. Vemos a relevância tual em escala planetária” (Le Point,
aquela sedutora, manipuladora e da religião depois do longo pe- 10 nov. 1975). “O problema capital
violenta da ideologia. Reacende-se ríodo de marginalização, a que do fim do século será o problema
a sede de um horizonte de sentido a submeteu a razão iluminista. religioso” (Preuves, mar. 1955).
pessoal, capaz de fundar a relação Um dos ditos mais recorrentes “Trata-se exatamente de reintegrar
ética como uma relação de amor. vem do teólogo alemão Rahner³: os deuses em face da mais terrível
Neste início do século XXI, “Já se disse que o cristão do futuro ou ameaça que a humanidade jamais
quando tudo aparentemente con- será um místico ou não o será”. Para conheceu“ (L´express, 21 mar.
vergia para o silêncio da religião, não confundirmos “mística” equi- 1991). André Frossard testemu-
eis que esta explode com uma força vocadamente, Rahner acrescenta: nha: “Em seu escritório, Malraux
nunca imaginada, em expressões “Desde que não se entendam me confiou: este próximo século
plurais e originais. Agora tudo é por mística fenômenos parap- será místico ou não será. Para ele
religião! Estamos cansados dos sicológicos raros, mas uma ex- como para mim, o estado místi-
profetas da morte da religião, que periência de Deus autêntica que co é o que permite ter acesso di-
sob diversos sentidos, repetiram brota do interior da existência. reto a Deus pela experiência”.4a
a frase hegeliano-niezschiana de Pois esta frase é realmente cor- Leonardo Boff 5 teólogo bra-
que “Deus morreu”. O iluminismo reta e se tornará na sua verdade sileiro de renome internacional,
considerava a religião e os tempos e no seu peso mais claramente a que tem escrito muito sobre esta
medievais com o desprezo com que espiritualidade do futuro”1. temática, assinala que talvez uma
a luz olha para a escuridão, a in- Um testemunho interessante das transformações culturais mais
teligência para o obscurantismo, a que soa até estranho é o do literato importantes no século XXI será a
razão para os mitos, a consciência francês André Malraux. Aqui não volta da dimensão espiritual na vi-
para a sonolência alienada, a crítica se trata de nenhum teólogo, mas da humana. Diz Boff;
adolescente para a piedade infantil. de alguém que lutou entre a escu- “O século XXI será um sécu-
O que sobrou de todo esse embate ridão do agnosticismo e os lampejos lo espiritual que valorizará os
no momento atual? O que aconte- de esperança no ser humano. Em muitos caminhos espirituais e
ce com este sujeito pós-moderno, sua juventude, Malraux recusara religiosos da humanidade ou
que mistura ateísmo com religião, terminantemente aderir à fé cristã. criará novos. Esta espirituali-

a. Fonte das citações encontra-se em: Vernette J. Nouvelles spiritualités et nouvelles sagesses. Les voies de l’ aventure spiritualle aujourd’hui. Paris: Bayard/centurion;
1999. p.21.

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dade ajudará a humanidade a rer do tempo. Neste sentido, a espi- tre determinadas experiências
ser mais co-responsável com ritualidade e a mística são as grandes com certas atividades cerebrais.
seu destino e com o destino da gestoras da esperança, dos grandes Sugerir que o cérebro é a úni-
Terra, mais reverente diante do sonhos, de um futuro transcen- ca fonte de nossas experiências
mistério do mundo e mais so- dente do ser humano e do universo. seria reducionismo, ignorando
lidária para com aqueles que Reafirmam o futuro da vida, contra a influência de outros fatores
sofrem. A espiritualidade dará a violência cruel da morte6. importantes, tais como a von-
leveza à vida e fará que os seres tade, ambiente externo, sem
humanos não se sintam conde- As especulações da esquecer a graça divina”8.
nados a um vale de lágrimas, Perguntamo-nos se a chama-
mas se sintam filhos e filhas da
neuroteologia
da neuroteologia, não passa de
alegria de viver juntos neste Na reportagem de capa de uma uma nova forma refinada de re-
mundo, sob o arco-íris da graça das mais importantes revistas inter- ducionismo materialista. Com os
e da benevolência divina.” nacionais a Newsweek se lê: “Deus progressos na área da genética e
Ainda em Boff6 encontramos: no seu cérebro. A ciência dispensa pesquisas em torno do genoma,
“talvez uma das transformações a religião?” – God in your Brain. Does na verdadeira caça aos genes, na
culturais mais importantes do Science Make Religion Unnecessary? 7. pesquisa em torno de suas funções
séc. XXI seja a volta da dimen- Neste novo campo do conhecimen- específicas, por exemplo, ouve-se
são espiritual da vida humana. to, denominado neuroteologia, os falar se não poderemos identificar
O ser humano não é somente cientistas buscam as bases bioló- o “gene da fé”!
corpo, parte do universo mate- gicas da espiritualidade. Então a Temos no horizonte de busca
rial. Não é também apenas psi- ideia de Deus estaria em nossas da cura de doenças crônicas e da
qué, expressão da complexidade cabeças como uma criação de nos- “saúde perfeita”, sinais interessan-
da vida que se sente a si mesma, so cérebro? Mistério dificilmente tes de valorização do componente
torna-se consciente e respon- decifrável no âmbito do circuito fé e espiritualidade relacionado à
sável. O ser humano é tam- racional humano. Nesta mesma saúde. Já lembramos que muitas
bém espírito, aquele momento matéria especial, publica-se um faculdades de medicina nos EUA
da consciência no qual ele se texto crítico à neuroteologia: “A fé estão oferecendo cursos específicos
sente parcela do Todo, ligado é mais que um sentimento” (Faith sobre espiritualidade ou integrando
e re-ligado a todas as coisas. É is More than a Feeling ) de autoria o tema nos currículos. Esperamos
próprio do espírito colocar ques- de Woodward8. Diz o autor que que isto também passe a ocorrer
tões radicais sobre nossa origem a neuroteologia confunde as ex- nas escolas médicas brasileiras que
e nosso destino e se perguntar periências espirituais de algumas estão introduzindo a discussão so-
nosso lugar e pela nossa missão pessoas crentes. Estamos proce- bre bioética nos seus currículos.
no conjunto dos seres do uni- dendo novas descobertas sobre os Valoriza-se sempre mais o ser hu-
verso. Pelo espírito o ser huma- circuitos do cérebro, talvez, mas mano como um todo. As pessoas
no, decifra o sentido da seta do nada novo sobre Deus. O maior desejam ser tratadas com dignidade
tempo ascendente e se inclina, erro destes “neuroteólogos”, se- e como gente e não simplesmen-
reverente, face àquele mistério gundo Woodward é identificar te identificadas como doenças ou
que tudo coloca em marcha. religião com específicas experiên- partes do corpo doente. Acredita-se
Ouso chamá-lo por mil nomes cias e sentimentos e confundin- que ambientes humanizados são
ou simplesmente diz Deus”. do espiritualidade com religião. fatores de saúde e cura. Os valores
Aliando o clima de início de um “Seria difícil imaginar um humanísticos, que até há pouco
novo século, que busca revalorizar a crente em meio a uma expe- tempo simplesmente não eram
dimensão espiritual da vida huma- riência mística, dizendo para si considerados importantes, são re-
na, o aprofundamento da relação próprio que tudo não passa de tomados no cuidado em saúde.
entre saúde e religiões destaca-se uma atividade de seus circuitos
como de suma importância. Enten- neuronais. A ciência, não lida Questões convergentes
demos aqui religião na sua essência de com o imaterial (embora alguns entre as maiores religiões
espiritualidade e não a partir de ex- aspectos da física moderna se
monoteistas
pressões “concretas” atribuídas ao aproximem). O mais longe que
longo da história humana que tem os neurobiogistas poderão ir Em tempos de globalização
variado significativamente no cor- será fazer uma correlação en- econômica excludente ousa-se

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falar no desafio de globalizar a so- cias fundamentais, como enfatiza tóricas concretas, paradigmas vi-
lidariedade. As religiões têm tido Kung9. Entre as mais significativas vos, como tantos mestres, santos
um papel importante em denun- assinalam-se: e santas, justos e justas, heróis e
ciar a primeira e ousar apontar o A) O cuidado com a vida: Todas heroínas que viveram dimensões
horizonte utópico em direção à as religiões defendem a vida, espe- radicais de humanidade. Daí surge
segunda, ou seja, da globalização cialmente aquela mais vulnerável a força mobilizadora de figuras eti-
da solidariedade. Superando po- e sofrida. Prometem a expansão camente exemplares como Jesus,
larizações históricas em termos de do reino da vida, quando não a Buda, Confúcio, Francisco de Assis,
valores institucionais, unem-se ressurreição e a eternidade, no to- Ghandi, Luther King, Madre Teresa
no diálogo-inter-religioso, diálogo cante não apenas à vida humana, de Calcutá, entre tantos outros.
entre as diferentes religiões – e na mas também a todas manifestações F) Definição de um sentido último:
busca ecumênica – no interior das cósmico-ecológicas. Trata-se do sentido do todo e do ser
diversas tradições cristãs9. B) Comportamento ético funda- humano. A morte não é a última
Todas as religiões são mensa- mental: Todas apresentam um im- palavra, mas a vida, sua conser-
gens de salvação que procuram perativo categórico: não matar, não vação, sua ressurreição e sua per-
responder às questões básicas do mentir, não roubar, não violentar, petuidade. Todas apresentam um
ser humano. São perguntas sobre amar pai e mãe e ter carinho para fim bom para a criação e um futuro
os eternos problemas humanos do com as crianças. Esses imperativos bem-aventurado para os justos6.
amor e sofrimento, culpa e perdão, favorecem uma cultura de venera-
vida e morte, origem do mundo e ção, de diálogo, de sinergia, de não-
suas leis. Por que nascemos e por -violência ativa e de paz. A relação teológica entre
que morremos? O que governa o C) A justa medida: as religiões saúde e salvação
destino da pessoa e da humani- procuram orientar as pessoas pelo
dade? Como se fundamentam a caminho da sensatez, que significa Uma rápida análise filológica e
consciência moral e a existência de o equilíbrio entre o legalismo e o semântica sobre alguns conceitos
normas éticas e afirmam a existên- libertinismo. Elas propõem nem chaves da história das religiões re-
cia de uma vida pós-morte. o desprezo do mundo, nem sua lacionados saúde/salvação, sacro/
Todas oferecem caminhos se- adoração, nem o hedonismo, nem salvífico e terapia, nos ajuda a uma
melhantes de salvação: caminhos o ascetismo, nem o imanentismo, compreensão mais aprofundada da
nas situações de penúria, sofrimen- nem o transcendentalismo, mas o questão. Saúde e salvação, são ter-
to; indicação de caminhos para um justo equilíbrio em todos esses do- mos co-originais, nascidos de um
comportar-se de forma correta e mínios. Este é o caminho do meio mesmo conceito e partilharam du-
responsável nesta vida, a fim de das virtudes. Mais do que atos são rante muito tempo a mesma sorte e
alcançar uma felicidade duradou- atitudes interiores, coerentes com a um mesmo significado global, que
ra, constante e eterna, a libertação totalidade da pessoa e que impreg- foi separado, somente muito mais
de todo sofrimento, culpa e morte. nam de excelência todos os seus tarde. Trata-se de um significado
Mesmo quem rejeita as religiões, relacionamentos. sanscrito de svastha (=bem estar,
deve levá-las a sério, como rea- D) A centralidade do amor: To- plenitude), que assumiu a forma
lidade social e existencial básica. das pregam a incondicionalidade do nórdico Heill e, mais recente-
Elas têm a ver com o sentido e o do amor. Confúcio ( 551-489 a.C.) mente de Heil, whole, hall nas lín-
não sentido da vida, com a liberda- pregava: “O que não desejas para guas anglo-saxônicas, que indicam
de e escravidão das pessoas, com a ti, não o faças a outro”. Ou Jesus: “integridade” e “plenitude”.
justiça e opressão dos povos, com “Amem-se uns aos outros como O mesmo se passa com a ex-
a guerra e paz na história e no pre- eu vos tenho amado”. Na perspec- pressão soteria na língua grega, em
sente, com a doença, sofrimento e tiva ecológica de Jonas : “age de tal que Asclépio é sotér, isto é, aquele
saúde das pessoas. maneira que os efeitos da tua ação que cura, o “salvador”. Na língua
sejam compatíveis com a perma- latina é emblemático o significado
Religiões: pontos nência de uma vida autenticamen- de salus, expressão que incorpora
te humana”. em termos recentes o significado
convergentes
E) Figuras éticas exemplares: de “saúde” e “salvação”.
As grandes religiões, não obs- As religiões não apresentam so- Em outras línguas ocorre a mes-
tante suas diferenças doutrinais e mente máximas e atitudes éticas, ma combinação. Por exemplo, o
tradições apresentam convergên- mas principalmente figuras his- termo hebraico shalom (=paz, bem

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estar, prosperidade) e a forma egíp- doenças”. Outro perigo a ser evi- 1. Camilo de Lellis (1550-1614)
cia snb que indica bem estar físico, tado é cair num reducionismo no Camilo era o segundo e último
vida, saúde, integridade física e es- nível histórico-religioso “mistifi- filho de uma mãe idosa e de um pai
piritual. Esses vários termos expri- cando” o conceito de salvação, que ausente. Sua mãe o concebeu já
mem a salvação como “integridade se perde num céu distante, longe, idosa ( com mais de 60 anos segun-
da existência”, como “totalidade num futuro sem relação com a vida do os relatos da tradição!) após a
das situações positivas”, não toca- e história presente da humanidade. morte do seu primeiro filho que fa-
das pelo mal, doença, sofrimento Se olharmos para a história das re- leceu antes dos vinte anos. O pai de
e desordem. Neste sentido, na an- ligiões o termo terapia nos ilumina Camilo era um militar, sempre em
tiguidade era impossível distinguir nesta direção de pensamento. Na campanhas fora de casa. A mãe de
entre salvação e felicidade, uma vez visão clássica dos antigos o conceito Camilo morreu quando ele tinha
que uma confluía na outra. therapeía indica antes de tudo “as- 14 anos e Camilo andou vagando
O mesmo processo ocorreu na sistir”, estar próximo”, “cuidar”. É de um campo militar para outro até
história em relação ao conceito uma expressão que está muito pró- a idade em que pudesse engajar-se
de sacro e salvífico. O termo sacro xima do conceito religioso e cristão como soldado. Ele lutou juntamen-
ocorre em duas áreas semânticas. de diakonia (=serviço). te com seu pai, mas aprendeu os
A primeira é a base do termo sacer, Ampliamos assim a visão, per- vícios dos campos militares, em
sanctus, hágios, kadosh e está liga- cebendo que saúde evoca salvação, particular, a jogatina. Aos 20 anos
do com o culto, com aquilo que é isto é, tem a ver com o viver pleno de vida, perde seu pai. Logo após
“consagrado”, isto é, aquele que é das pessoas no hoje urgente de nos- surge uma ferida na perna direita
“colocado à parte”, que é “separa- sa história (imanência), apontando que lhe traria problemas para o
do” à divindade. A segunda área se- para o além (transcendência), exi- resto da vida. Isto lhe deu também
mântica gravita em torno do termo gindo o cuidado terapêutico, compe- a primeira experiência de hospital
sanscrito yaj e o avéstico yaz com tente e terno, que é a dimensão de como paciente, no hospital São
o significado inicial de “presente” serviço em relação ao outro. O con- Tiago dos Incuráveis, em Roma.
que depois alargou ao significado ceito de saúde, para além do físico- Ele foi descrito como um paciente
de “dotado de poder”, “particular- -biológico, remete a um sentido de difícil, sempre achando um jeito
mente útil”, “de boa sorte”. “integridade”, de “totalidade”, e por de sair para jogar. Foi o jogo que
Tudo isso indica que as religiões extensão, de “plenitude” e de “rea- o levou a perder tudo o que tinha
procuram “salvar” o ser humano lização plena” do ser humano. Na e lhe abriu a porta da conversão.
na sua totalidade física, psicológica tradição judaico-cristã, o tema da Quando trabalhava para os capu-
e espiritual. Também o sacro é na vida é central. Deus é um Deus vivo chinhos, teve uma profunda expe-
realidade o “salvífico” por excelên- e gerador e plenificador de vida. riência da misericórdia de Deus e
cia, como interpreta Heidegger. A se converteu. Por duas vezes ten-
salvação não é dissociável de saúde, O rosto dinâmico da tou ser capuchinho, mas em am-
e não é isolada dos contextos con- bas as tentativas, a ferida de abria
cretos da existência. Começa no
espiritualidade camiliana e o levava de volta para o Hospital
“aqui e agora” de nossa existên- Para conhecermos o sentido e o São Tiago. A segunda e a terceira
cia, com o “estar bem”, gozando que significa espiritualidade camilia- experiência como paciente, após a
de um sentimento de “plenitude” na, temos que conhecer algo de seu conversão, prepararam seu coração
e de “integridade”. Neste sentido fundador, Camilo de Lellis (1550- para o encontro com o mundo dos
a Organização Mundial da Saúde 1614), que criou uma Ordem doentes e despertou a compaixão
(1946) percebeu a correlação que Religiosa, conhecida como Cami- por eles. Em ambas as circunstân-
existe entre saúde e integridade de lianos, que atuam hoje no mundo cias, trabalhou como enfermeiro, e
vida, quando definiu saúde como da saúde, em trinta e seis países dos mais tarde após a terceira hospita-
o “estado de completo bem estar físico, cinco continentes. No Brasil, os pri- lização, tornar-se-ia o administra-
psíquico, social e não apenas a ausência meiros Camilianos chegaram em dor. Foi a partir desta experiência
de doença e de enfermidade”. 1922 e tem uma expressiva presen- de ser paciente e provedor de cui-
A partir desta perspectiva his- ça na área da saúde, quer na área dados, numa instituição em que
tórico linguística, não seria de bom da assistência, mantendo inúmeros se contratavam mercenários para
tom “naturalizar” demais o concei- hospitais e clínicas, bem como na cuidado dos pobres doentes, que
to de saúde ao ponto de entendê- área educacional, formando pro- Camilo teve a inspiração de iniciar
-lo negativamente como “não ter fissionais da saúde. uma comunidade de homens para

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cuidar dos doentes. Este é o início deira paixão da sua vida, absor- milianos, partilhavam das mesmas
da Ordem dos camilianos10. veu todo o seu tempo, unificou tarefas de cuidar, serviços de enfer-
toda sua atividade. A partir do magem e acompanhar espiritual-
2. Alguns elementos da dia da sua conversão, quando mente o doente.
espiritualidade camiliana chegou ao verdadeiro conheci- A hospitalidade era uma vir-
mento de Deus-Amor, ele não tude muito presente no coração
Amor ao doente de Camilo. Durante as epidemias,
viveu mais para si mesmo, não
Camilo dizia que o pobre e o suportou mais ser prisioneiro quando os hospitais estavam abar-
doente são o coração de Deus, são a do pequeno mundo de seus in- rotados, Camilo abria as igrejas e
pupila dos olhos de Deus; neles ser- teresses pessoais: livre de tudo casas para os doentes sem teto. Ele
vimos Jesus Cristo, Nosso Senhor. e de todos e também de si mes- pessoalmente ia pelas esquinas das
Na sua carta testamento Camilo mo, entregou-se única e intei- ruas mais pobres de Roma, e sob as
exorta seus seguidores a continuar ramente a Cristo que ele via e pontes, em busca dos doentes para
fiéis na permanente disposição de servia nos doentes”11. carregá-los a um lugar em que eles
optar pelos mais pobres e doentes, pudessem receber cuidados.
com todas as exigências que este Cuidar com sensibilidade feminina
compromisso comporta. Liturgia ao pé do leito
Camilo dizia aos seus seguido-
Aos trabalhadores de então que O Evangelista João fala do sa-
res de amar o paciente como a mãe
cuidavam dos doentes, grande nú- cramento de Jesus lavando os pés
cuida de seu único filho doente. O
mero de mercenários, sem prepara- dos seus discípulos na Quinta feira
amor para com os doentes é um
ção alguma, ficou célebre seu grito santa . Para Camilo a maior liturgia
componente essencial desta espiri-
de “colocar mais coração nas mãos”. acontecia ao pé do leito do doente.
tualidade. Aos que trabalham com
O Bom Samaritano é a medida do Tudo o que acontecia com o doente
eles dizia Camilo:
cuidado. Para Camilo não deveria tinha uma dimensão sacramental.
“Primeiramente cada um peça
existir lei que atrapalhasse o cuida- Poderíamos dizer, que era a litur-
a graça ao Senhor que lhe dê
do dos doentes. Ele lembrava que gia do banho de leito, liturgia da
um afeto materno para com
sacerdote e o levita na parábola alimentação, liturgia de estar jun-
seu próximo, para que possa-
do Bom samaritano mantiveram to de alguém que está prestes a se
mos servi-lo com toda caridade
as mãos limpas de acordo com a despedir da vida. Tudo isso são atos
tanto da alma como do corpo,
Torah, mas seus corações ficaram de amor e que se transformam em
porque desejamos, com a graça ações sacramentais do ato de cui-
manchados pela recusa em tocar o
de Deus, servir a todos os enfer- dar. Os trajes sagrados com que
corpo ferido do homem que neces-
sitava de cuidados. Por outro lado, mos com aquele amor que uma se vestia para atender os doentes
mãos que estavam sujas por cuidar mãe amorosa cuida de seu úni- eram: “ uma roupa pesada, orna-
dos doentes e feridos eram um sinal co filho enfermo”. da com dois famosos urinóis. Além
de pureza de coração. Camilo con- disso, levava três pequenos frascos
Cuidado holístico e acolhida presos à cintura, um de água benta,
vidou seus seguidores a dar a vida
incondicional outro de vinagre e um terceiro de
pelos doentes, com a disposição de
cuidar deles, mesmo com o risco da Camilo seguia mais a hierar- água fervida para refrescar a boca
própria saúde e vida. Naquela épo- quia das necessidades humanas, dos doentes. E também um vaso de
ca, muitos camilianos morriam no do que a hierarquia das exigências cobre onde pudessem cuspir sem
cuidado dos doentes, porque pouco da Igreja. A Igreja exigia por norma incômodo. E mais duas panelas
se conhecia em termos de preven- que os doentes ao entrar nos hos- de ferro para preparar sopas para
ção de proteção contra as infeções. pitais deveriam primeiramente se os mais fracos. Além disso o cru-
Na visão de Calisto Vendrame, confessar. Camilo lutou contra esta cifixo e o livro de orações para os
ex-geral dos Camilianos: regra, dizendo que precisávamos, moribundos”. Certamente com to-
“o Dom que mais se destacou primeiramente, atender às suas do este aparato, a figura de Camilo
em Camilo, que moldou e mar- necessidades de cuidados de saúde pareceria um mascate exótico. Os
cou profundamente sua espiri- e depois então, respeitando sua li- ritos eram cortar cabelo, pentear,
tualidade, foi seu extremado berdade, levá-los ao sacramento da cortar as unhas, aquecer os pés,
amor para com os doentes e reconciliação. Camilo desejava que secar camisas ensopadas de suor,
para com todos os sofredores. os camilianos provessem cuidados aplicar cautérios, umedecer os lá-
Esse amor tornou-se a verda- globais aos doentes. Todos os ca- bios, por vinagre sob as narinas, la-

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var e enxugar as mãos, dar comida frescar a boca; arrume minha XX, em especial nos anos 60 e 70.
na boca, entre tantos outros atos. cama, esquente meus pés...”. Muito se falou e escreveu a respeito
Um de seus célebres ditos é que esta deveria ser a música agra- do desaparecimento da religião, de
“não seria boa aquela piedade que dável também para os ministros que “Deus Morreu” e que “as igre-
cortasse os braços da caridade”. dos enfermos”. jas se transformariam em túmulos
As vozes dos doentes, muitas e mausoléus de Deus“, como é dito
Escola de caridade num famoso texto de Nietzsche. É
vezes tumultuadas, desordenadas,
Na tradição católica, os candi- estridentes, sobrepondo-se uma às preciso lembrar que Nietzshe é au-
datos à santidade são avaliados pela outras, aos seus ouvidos, era uma tor de uma das críticas mais radicais
sua caridade, não por suas expe- “música” que soava como har- ao cristianismo ocidental institucio-
riências místicas ( exemplo recente monia inefável. Também afirma nalizado, mas, como diz Leonardo
de beatificação de Madre Tereza de aos seus seguidores que precisam Boff 5 o fez a partir de sua experiên-
Calcutá). Camilo via, sentia e sofria ter um certo talento artístico ao cia radical do Deus vivo. Quando ele
com a presença dos mercenários aproximar-se suavemente das ca- anuncia a morte de Deus, ele fala do
trabalhando nos hospitais sem cui- mas, sem barulho, caminhando Deus que tem que morrer mesmo,
dar bem dos doentes. Ele ensinou em meio às galerias de leitos, sem porque é o Deus das nossas cabeças,
aos seus seguidores a mostrar pelo arrastar os pés, com passo de dan- o Deus inventado, o Deus da metafí-
exemplo, a forma correta de cuidar. ça. Por fim ele se refere ao Hospital sica, o Deus que não é vivo.
Assim as instituições camilianas são do Santo Espírito, hoje patrimônio Diante desta caminhada refle-
vistas como “escolas de caridade”, da humanidade e que se localiza na xiva sentimos no ar um profundo
motivando os outros também ao entrada da cidade do Vaticano, onde clima de busca nas mais diferentes
cuidado amoroso para com os do- trabalhou durante 30 anos, como propostas de espiritualidade. A an-
entes. As entidades camilianas hoje sendo um belíssimo jardim cheio gústia da busca frente a tantas in-
procuram colocar em prática esta de flores perfumadas e frutas. In- certezas que a razão instrumental
intuição original de Camilo. Assim crível o que tínhamos eram odores científica não “dá conta” de expli-
lemos na Carta de Princípios das insuportáveis... Uma das mais bri- car e mesmo quando explica, isto
Entidades Camilianas: lhantes criações deste artista e gênio não plenifica o ser humano nas
“Quanto à valorização da vida da caridade é de ter introduzido no suas necessidades profundas de
e da saúde, os camilianos, seus cuidado aos doentes, a ideia da bele- coração e alma. Isto por vezes nos
profissionais e respectivas enti- za. Educava-se artisticamente para faz negar o transcendente, por ou-
dades respeitarão todas as suas saber escutar, saber ver, aprender tras nos faz descer do pedestal de
dimensões – biológica, psíqui- a distinguir os perfumes. O servi- nossas certezas e autosuficiências
ca, social e espiritual. Empe- ço não é somente “algo bom”, mas e nos transforma em aprendizes
nhar-se-ão em promovê-las e “algo lindo”. Assim Camilo resgatou do mistério maior da vida aberta
cuidá-las, até o limite de suas uma dimensão de caridade descui- ao transcendente. Da negação à
possibilidades, segundo os va- dada, sombria, mal-humorada, in- afirmação é o itinerário de muitos
lores éticos, cristãos e eclesiais, troduzindo nela fachos de luz, cores, que buscam Deus.
dentro de uma visão holística e emoções, notas alegres e perfume. Enfim, a discussão sobre a re-
ecumênica, repudiando tudo Estas características nos dão lação fé- espiritualidade- doença-
quanto possa agredir ou dimi- uma visão de como Camilo, filho do cura e saúde apenas está se
nuir sua plena expressão.” século XVI, soube interpretar e rea- iniciando. A busca de respostas
lizar profeticamente os sonhos pre- prossegue intensamente, desde os
Cuidar é uma obra de arte, que une sofisticados laboratórios digitais
sentes no coração humano, fazendo
ética e estética da neurobiologia, em direção às
diferença frente a tanta indiferença!
Camilo tinha um apreço todo evidências de Deus, até o leito de
especial pela música e frequentava muitos doentes crônicos que cla-
Concluindo
Igrejas para ouvir música. Compara mam por saúde e cura, invocando
o cuidado aos doentes como uma Não deixa de ser surpreendente Deus sem necessidade de prova.
sinfonia musical. Dizia: convivermos hoje com o ressurgi- Tem-se muitas perguntas, dúvidas
“Agrada-me a música dos do- mento da religião em todos os âm- e os resultados encontrados nas
entes no hospital, quando mui- bitos da vida humana, após o auge pesquisas científicas até o presente,
tos chamam ao mesmo tempo: do fenômeno da secularização que são até certo ponto decepcionan-
Padre, traga-me água para re- marcou profundamente o século tes. Pergunta-se se este é o cami-

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nho correto de busca de respostas cimento científico e muito menos inventividade científica da neuro-
à questão fundamental de Deus e renunciar de “dar razões à nossa biologia e muito menos, no âmbito
sua intervenção no mundo da vi- esperança”. Por um lado dispõe- da razão humana orgulhosa de si.
da humana. É uma discussão que -se de uma sabedoria plurimilenar, Na perspectiva da fé cristã tem-se a
envolve cientistas, pessoas que legado das religiões no âmbito das certeza de que Deus é amor, e onde
se autodenominam pesquisado- diferentes culturas, por outro, o existe amor aí está Deus, a vida se
res céticos, agnósticos, ateus e até empreendimento científico ainda afirma e a saúde é uma realidade
crentes piedosos. Lembrando Santo bastante jovem, com pouco mais de palpável. Mesmo na morte, exis-
Agostinho que dizia: “se compreen- cinco séculos de existência. Existe te vida! O investimento tem que
des, não é Deus”. Claro que não se muito ainda o que se descobrir. ser feito no amor, desde o âmbi-
propõe abdicar da compreensão Nossa profunda convicção é que to individual até o sócio-político,
racional da realidade das coisas Deus não se deixa revelar como manifestado pela justiça, equida-
do mundo, valorizando o conhe- prisioneiro de circuitos digitais da de e solidariedade entre os povos.

Referências

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Recebido em 5 de agosto de 2010


Aprovado em 23 de setembro de 2010

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