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Apresentação
PROFESSORES CONTEUDISTAS
Adriel de Sá Monteiro, Diego Raupp, Douglas Juliano Almeida, Filipe
Emerencio Rocha, Gabriel dos Santos Loch, José Moncris Eugenio,
Izabel Cristina Costa da Silva Oliveira de Souza, Lucas Felicio Da
Rolt, Ricardo Goulart, Tamiris Regina Torquato Da Rolt, Telmo Marti-
nello, Thiago de Jesus Inacio, Vitor Afonso Cardoso e Vilmar Samuel
Abreu
PROJETO GRÁFICO
Thiago de Jesus Inacio
Capítulo 01 - Bíblia • 07
Capítulo 02 - Salvação • 15
Capítulo 03 - Fé • 21
Capítulo 04 - Santidade • 29
Capítulo 07 - Pecado • 47
SUMÁRIO
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Introdução
Você sabia que quase 87% da população
brasileira é declaradamente cristã? Também O conceito de “Palavra de Deus”
somos a maior nação católica do mundo. O
livro sagrado, que chamamos de Bíblia , é de A maioria de nós cresceu com uma Bíblia
uso bastante comum entre nós! Diante desse por perto. Sempre de que precisamos, ela está
fato, acreditamos que Deus se comunica co- ali: pronta para ser folheada e consultada.
nosco. Quando olhamos para toda a criação e Mas, nem sempre foi desse jeito!
para a diversidade de tudo o que há, podemos
conhecer um pouco sobre Deus. Ainda assim, A Bíblia não surgiu de repente, como um li-
tudo isso não diz muita coisa sobre quem é vro completo nas nossas mãos. Tivemos um
esse Deus. longo processo de comunicação entre Deus e
homens, iniciado muito tempo antes da vida
Será que esse Deus que criou todas as coi- dos primeiros autores bíblicos.
sas é bom? Será que Ele ama? Será que Ele se
comunica? E é aqui que entra outra maneira É quase um consenso entre os estudiosos
pela qual Deus também se revela: por meio de que a escrita surgiu na Mesopotâmia, aproxi-
Sua Palavra. madamente em 3.500 a.C., com um formato
bem diferente do que vemos hoje: ao invés de
Existem respostas e argumentos convincen- papel, pedaços de argila; (2) ao invés de cane-
tes para todos esses questionamentos, porém ta, objetos pontiagudos.
a certeza provém apenas de um lugar: fé. Mas,
fé em quê? Fé de que o Deus que criou todo o
universo em sua imensidão de detalhes deci-
diu, também, comunicar-se com o homem.
O
A Bíblia é a voz de Deus, que nos mostra quem
Ele é, o que Ele faz, qual o Seu caráter e o que Região aproximada da Mesopotâmia
Ele quer de nós.
1 IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA . Censo Brasileiro de 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2012.
2 Do grego “biblion”, que significa livro ou rolo.
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diretamente com Adão e Eva, dando orienta-
ESCOLA RAÍZES
ções e mandamentos, mantendo uma comu-
nhão com eles. Já havia lá, para Adão e Eva, a
presença da Palavra de Deus, mesmo antes de
E era assim que os sumérios (povo da a Bíblia ser escrita. Da mesma forma, no capí-
região dos grandes impérios babilôni- tulo 4 de Gênesis, tomamos conhecimento da
co e assírio) faziam para criar inscrições, existência de um homem chamado Enos, que
com centenas de símbolos diferentes, sem foi o primeiro a invocar o nome do Senhor. Ou
o uso de um alfabeto. Esse tipo de regis- seja, já havia culto a Deus, mesmo antes de a
tro é chamado de “escrita cuneiforme”. Bíblia ser escrita. invocar o nome do Senhor.
Ou seja, já havia culto a Deus, mesmo antes de
a Bíblia ser escrita.
Curiosamente, o que hoje chamamos de “10 mandamentos” deveria ser chamado de “10
palavras”. Isso porque, no texto original em hebraico, a expressão utilizada é “aseret hade-
varim”, que significa “as dez palavras”.
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Bíblia – traduções e versões BÍBLIA
Originalmente, a Bíblia foi escrita em três línguas: hebraico, aramaico (alguns pequenos tre-
chos) e grego. O Antigo Testamento foi escrito, majoritariamente, em hebraico, com algumas
partes em aramaico, enquanto o Novo Testamento foi escrito em grego.
Septuaginta é o nome da versão da Bíblia hebraica, traduzida em etapas para o grego koiné,
entre o século III a.C. e o século I a.C., em Alexandria.
A tradução ficou conhecida como a Versão dos Setenta (ou Septuaginta, palavra latina que
significa setenta, ou ainda LXX). Acredita-se que setenta e dois rabinos (seis de cada uma das
doze tribos) trabalharam nela e teriam completado a tradução em setenta e dois dias.
A Bíblia foi escrita por, aproximadamente, 40 homens, em um período que totalizou cerca de
1.600 anos, sendo que o primeiro livro (Gênesis) foi escrito por volta de 1.445 a.C. e o último
(Apocalipse) foi escrito por volta de 90 a 96 d.C.
Cânon sagrado
Cânon bíblico ou cânon das Escrituras é a lista de livros religiosos que uma determinada
comunidade aceita como sendo inspirados por Deus e autoritativos. A palavra “cânon” vem do
termo grego “κανών” (“régua” ou “vara de medir”). Os gregos usavam essa palavra para se refe-
3 A Bíblia judaica é chamada de “Velho Testamento” pelos cristãos.
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ESCOLA RAÍZES
rir a um padrão ou norma pela qual todas as coisas eram julgadas e avaliadas. E aí os cristãos
pegaram esse termo emprestado para fazer referência às suas Escrituras.
O cânon “fechado” (livros que não podem mais ser acrescentados ou removidos) é utilizado
pelo cristianismo em relação à Bíblia, e significam que a revelação divina está encerrada, nada
mais podendo ser acrescentado.
Por outro lado, um cânon “aberto” é aquele que permite a adição de novos livros e novas
revelações divinas através dos tempos, servindo para dar uma nova direção ou mudança de
entendimento àquilo que foi revelado anteriormente.
Num sentido mais amplo, o cânon é um processo que surge dentro das comunidades, ou seja,
dentro das igrejas primitivas, no sentido de aceitar determinado documento como inspirado por
Deus, ou seja, como Escritura Sagrada.
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Apócrifos BÍBLIA
O termo apócrifo (do grego “απόκρυφος”) significa oculto, escondido ou secreto, dando a
ideia de uma obra de origem ou autoria duvidosa. Os livros apócrifos também são conhecidos
como livros pseudocanônicos, ou seja, livros escritos por pessoas que se utilizaram de outros
nomes, que não o seu.
Essas obras não foram reconhecidas pelas primeiras comunidades cristãs e, por serem escri-
tas após o primeiro século, não foram aceitas e nem posteriormente incluídas no cânon bíblico
protestante.
Ainda assim, os livros apócrifos são proveitosos para o entendimento de muitas questões
históricas e culturais. Por exemplo, a leitura dos livros de Macabeus fornece um aprendizado
sobre as origens da Festa da Dedicação, mencionada no Evangelho de João (10:22).
A leitura de livros apócrifos não deixa de ser uma leitura interessante, às vezes benéfica, mas
os protestantes não creem que seja uma literatura considerada inspirada por Deus.
Então, de forma bem simples, não precisamos ter medo dos livros apócrifos. Prova disso é
que o Antigo Testamento menciona inúmeros livros perdidos que, sem dúvida, influenciaram
alguns escritores bíblicos.
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ESCOLA RAÍZES
Da mesma forma, no Novo Testamento, o apóstolo Paulo também menciona ter escrito cartas
que não chegaram até nós (1ª Coríntios 5:9 e Colossenses 4:16).
Versões e traduções
Uma versão envolve ir até o texto original e traduzi-lo diretamente para uma língua (por exem-
plo, traduzir do texto original grego para o inglês).
Já uma tradução acontece quando o texto é traduzido de um idioma não original para outro
idioma (por exemplo, traduzir do idioma inglês para o português). Nesse sentido, uma Bíblia na
língua portuguesa que é traduzida diretamente da versão Septuaginta possui termos e sentidos
diferentes daquela que é traduzida do idioma inglês, por exemplo.
Uma das maneiras de aprofundar o estudo e a meditação da Bíblia é ler várias traduções lado
a lado. Ao fazer isso, o leitor cedo ou tarde encontrará diferenças entre as traduções. Como ex-
plicar isso? É possível que a diferença seja apenas aparente, porque o leitor não se deu conta de
que a mesma mensagem foi expressa através de palavras diferentes. Também é possível que
a ordem dos termos tenha sido invertida, para facilitar a compreensão do leitor ou ouvinte. Em
geral, as diferentes traduções se complementam, ou seja, uma ajuda a entender a outra.
É possível – e até provável – que eventuais diferenças possam ser explicadas pelo fato de
as traduções terem sido feitas em épocas diferentes, por equipes de tradução distintas. É claro
que, neste caso, está implícito que um mesmo texto pode ser traduzido de formas ligeiramente
diferentes, não porque os tradutores são incompetentes, mas porque o original é mais rico do
que se imagina. Temos, atualmente, mais de 30 traduções da Bíblia em português. Dentre as
traduções mais populares em circulação no Brasil, encontramos:
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• BLH – Bíblia na Linguagem de Hoje; BÍBLIA
• TLH – Tradução na Linguagem de Hoje;
• NTLH – Nova Tradução na Linguagem de Hoje;
• NVI – Nova Versão Internacional;
• NVT – Nova Versão Transformadora;
• Bíblia de Jerusalém;
• Nova Bíblia de Jerusalém;
• Viva;
• Bíblia Pentecostal; e
• A Mensagem.
Conclusão
É importante saber que a tentativa de estudar e responder questões que compõem a cons-
trução do cânon não deve abalar a fé que nós abraçamos e procuramos viver. A fé não depende
dessas inquirições; inclusive, o conhecimento das origens da Bíblia pode aumentar a nossa
compreensão da fé.
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ESCOLA RAÍZES
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Anotações
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SALVAÇÃO
Introdução
Todo mundo vai para o céu? É possível ter certeza da salvação? Pessoas que se arrependem
no último minuto de vida, vão para o céu? Perguntas sobre salvação e condenação são impor-
tantes demais para deixarmos de lado, afinal, estamos falando de uma eternidade!
É claro que nós queremos que todos sejam salvos; queremos crer num Deus que salva todo
mundo no final. Mas, será que é isso que Deus promete fazer? É isso que as Escrituras ensinam?
São muitos questionamentos que nos vêm à cabeça e precisamos ser honestos que, na maio-
ria das vezes, decidimos “sacudir a cabeça” e pensar em outras coisas menos incômodas!
É comum termos a esperança de uma segunda chance, inclusive na morte. Mas, precisamos
levar em conta aquilo que Jesus disse sobre a vida eterna. E ele ensina, claramente, que a morte
é o fim de todas as chances.
Então, temos que ter em mente o seguinte: para aqueles que seguem Jesus, existe vida eterna
na presença de Deus; mas, para aqueles que não O seguem, a Bíblia ensina que há separação
da comunhão com Ele. Contudo, fique tranquilo, pois Deus tem uma notícia pra todos nós: há
salvação em Jesus Cristo!
Ao longo da história apareceram muitos conceitos de salvação. E olha que a lista é grande...
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ESCOLA RAÍZES
E para o cristão, quando acontece a salvação? Quando ele crê! No entanto, precisamos enten-
der bem a extensão desse “crer”. Vamos lá!
“Você crê em Jesus Cristo?” é uma pergunta bem simples, não é? No entanto, o verdadeiro
significado da pergunta é “Você acredita que Jesus Cristo é quem a Bíblia diz que Ele é, e tam-
bém confia Nele como o seu Salvador e Senhor?”
Você acredita nisso? Se a sua resposta é sim, ótimo! Mas acreditar nos fatos sobre Jesus é
apenas parte da equação:
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Pela graça somos salvos... SALVAÇÃO
A graça, em termos simples, significa favor divino não merecido. É algo bom que nos é dado,
não porque merecemos, mas porque a pessoa que dá é generosa!
Uma das palavras hebraicas usadas para graça é “rachav”. Essa palavra significa escanca-
rar, tornar largo, ampliar, estender, abrir bastante espaço.
Uma segunda raiz que encontramos para o termo graça é “rechem”, que significa útero,
comportando a imagem do cuidado dispensado a uma criança na época mais vulnerável
da vida.
Outra palavra usada para graça no hebraico é “chen”, que traz o sentido de proteger uma
vida.
Mas a graça não se limita à salvação no momento em que aceitamos Jesus como nosso
salvador. A graça de Deus atua ao longo de toda a nossa vida. E aqui entram quatro conceitos
importantes no processo de salvação: (1) justificação, (2) regeneração, (3) santificação e (4)
glorificação.
“sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo
Jesus. Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue,
demonstrando a sua justiça. Em sua tolerância, havia deixado impunes os pecados ante-
riormente cometidos; mas, no presente, demonstrou a sua justiça, a fim de ser justo e justi-
ficador daquele que tem fé em Jesus.” Romanos 3:24-26.
A regeneração é o ato inicial da salvação em que Deus nos traz de uma condição de morte
para uma condição de vida. O homem em seu estado natural está morto em seus delitos e pe-
cados até ser vivificado espiritualmente por Cristo.
“Darei a vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês; tirarei de vocês o cora-
ção de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei o meu Espírito em vocês e os levarei
a agirem segundo os meus decretos e a obedecerem fielmente às minhas leis.” Ezequiel
36:26,27.
“Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as
quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos.” Efésios 2:10.
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ESCOLA RAÍZES
“Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem
nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os
que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados.” João 5:28,29.
Conclusão
A salvação não é algo para nos orgulharmos em dizer que nunca poderá ser perdida, tampou-
co algo para termos medo em perder. A salvação é um presente para ser usufruído com humil-
dade, paz e esperança. Nós fomos salvos na cruz: “Está consumado!” (João 19:30).
Devemos ser agradecidos e vivermos dignamente diante do Pai. A salvação, por ser um pre-
sente, não legitima minhas atitudes erradas. Nosso Abba está nos salvando constantemente
de várias formas, e somos convidados a viver uma vida de pessoas salvas. Ao salvo, Ele pede:
“Ame a Deus e ao próximo”. Viva a salvação e também “Viva à salvação!”
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SALVAÇÃO
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ESCOLA RAÍZES
Anotações
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FÉ
Introdução
Certamente você já foi chamado de “crente”. Mas, afinal, o que é ser crente? Onde vivem? Do
que se alimentam? Como se reproduzem?
Os cristãos são comumente chamados de “crentes”, ou seja, somos assim chamados por-
que cremos em algo. O próprio batismo tem o significado de confissão pública de fé. Um dos
ensinamentos básicos do cristianismo envolve “fé em Deus”. A doutrina da justificação pela fé
também demonstra a ênfase da Bíblia na fé.
Então, se quem crê é crente, e é crente porque acredita em alguma coisa, a definição popular
de fé envolve crer firmemente em algo, sem ter nenhuma evidência de que o objeto dessa crença
seja verdadeiro ou real.
Dito de outra forma, a fé popular significa crer em algo sem ter provas de que aquilo realmente
existe ou possa ser possível.
Quando digo que tenho fé que meu time vai ganhar o próximo jogo, eu não posso provar que a
vitória irá acontecer, até que, de fato, ela aconteça! No entanto, eu digo isso baseado em algum
parecer prévio ou lógica (meu time é tecnicamente superior ao adversário) ou alguma experiên-
cia (no ano passado, meu time já ganhou desse mesmo adversário) ou, ainda, alguma expecta-
tiva ou desejo (quero muito que isso aconteça).
Ou seja, se um dos fundamentos dessa fé é uma lógica, uma experiência ou um desejo, ela se
torna um pensamento relativo, porque a minha lógica, experiência ou desejo pode ser diferente
da sua e, às vezes, o que faz sentido pra mim, pode não fazer sentido pra você.
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ESCOLA RAÍZES
https://abobrinhaecia.wordpress.com/2011/10/22/nem-fe-resolve-tadinho/
Então, será que isso é fé? Aliás, é possível usar esse tipo de fé para acreditar em Deus? Sim, é
possível! Mas, será que essa é a fé a qual a Bíblia se refere?
Em seu uso mais amplo no grego, fé deriva da palavra πίστις (pistis), que tem o sentido de
convicção, comprometimento e fidelidade (p. ex.,1ª Tessalonicenses 1:8). Nos papiros reli-
giosos, o termo aparecia com o significado de confiar em Deus ou nas promessas de Deus.
Assim, por exemplo, quando Tiago (2:18) fala para mostrar a fé pelas obras, ele quer dizer que
se a fé não está arraigada num coração que confia, então essa fé não passa de uma série de
palavras vazias. Tiago mostra sua fé por meio de sua conduta, ou seja, em tudo o que ele faz, a
confiança é o ingrediente principal.
Da mesma forma, quando Paulo usa o termo fé em Romanos (10:17), faz isso no sentido de
fidelidade ou verdade, querendo dizer que, quando se trata da verdadeira fé cristã, é preciso dei-
xar para trás todas as fantasias dos homens e tomar como verdade os ensinamentos de Jesus
Cristo.
Fé como esperança
Curiosamente, enquanto a definição popular de fé significa crer em algo sem ter provas de que
aquilo realmente existe, a Bíblia diz que a fé é a prova daquilo que não se vê:
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FÉ
“Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos.”
Hebreus 11:1.
E aí é que está a grande verdade: biblicamente, a fé é a própria prova! Eu não acredito porque
vejo, mas eu vejo porque acredito!
Percebemos que a fé bíblica não acompanha o princípio da lógica, experiência ou desejo. Mui-
tas pessoas querem ver para crer ou ver para continuar crendo, mas esse não é o ensinamento
bíblico de como a fé, de fato, funciona!
Os religiosos, por exemplo, falaram para Jesus: “Desce da cruz que a gente crê!” (Marcos
15:32). O povo pedia sinais miraculosos para que pudessem crer (Mateus 12:38 e João 6:30). O
oficial do rei (João 4:46-54) entendia que, para que Jesus realizasse aquela cura, teria que viajar
de Caná para Cafarnaum, bem como teria de estar ao lado da cama do garoto.
Na verdade, a fé bíblica ensina que devemos desistir dessa ideia de ver parar crer:
“Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos.” 2 Coríntios 5:7.
Por exemplo, não vimos a criação do Universo pelas mãos de Deus. Também não vimos Cristo
morrer e ressuscitar, nem o vimos de pé, à direita de Deus.
Mas é por causa dessa fé depositada nas futuras promessas de Deus que a nossa esperança
deve transformar vidas no presente. Quando temos esperança da eternidade, pensamos mais
no mundo atual e no nosso próximo.
Guarde bem essa ideia bíblica: não é o que Deus faz exteriormente que nos faz ter fé Nele, mas
é o que Ele faz dentro de cada um de nós que nos faz ter essa certeza (2ª Coríntios 4:16).
Fé e obras
Imagine que você afirme que é um bom salva-vidas. Você demonstra todas as habilidades,
tem todas as técnicas internalizadas e todos os músculos preparados, tem a boia e o binóculo
sempre juntos a você, e uma guarita com uma bela visão à sua disposição.
No momento que você observa alguém desesperado, pedindo socorro, na iminência de se afo-
gar, você simplesmente o observa, até ele submergir e morrer. Todos na praia estavam olhando
e esperando uma atitude sua. Ora, você é um salva-vidas! Porque não correspondeu ao que era
obviamente esperado de você?
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ESCOLA RAÍZES Fé que salva
Assim somos nós! Todas às vezes que dis- É muito importante lembrar que a salvação é
semos ou somos reconhecidos como um cren- pela fé em Jesus Cristo e na sua obra redento-
te, algumas atitudes são esperadas de nós! Se ra. É resultado de um acreditar em tudo o que
dissemos que amamos a Deus, que somos re- a Bíblia diz sobre Jesus, sem necessidades de
presentantes de Deus na Terra, é automático e provas.
natural que algumas posturas e ações sejam
inerentes a isso! Então, quando eu me entrego a esse con-
vencimento do Espírito Santo, significa que, de
Por isso, todas às vezes que você diz ter fé, fato, eu passei a crer na obra de salvação feita
mas suas ações não demonstram essa reali- por Cristo em minha vida. A fé é o meio, o ca-
dade, temos aqui uma fé morta! Quando não minho, o modo ou o canal pela qual a graça se
cumprimos aquilo que a gente se autodeno- manifesta.
mina, somos como aquele salva-vidas: total-
mente desnecessário e sem sentido! Ao acreditar que a salvação, a partir da fé,
vem de Jesus e é desenvolvida pelo Espírito
A epístola de Tiago ensina claramente isso, Santo, percebemos que é impossível ser sal-
que se a fé não vier acompanhada de boas vo pelas nossas próprias obras ou forças. Ou
obras, é morta: seja, quando temos acesso a Cristo e recebe-
mos a habitação do Espírito, a fé passa a ser
o meio, o caminho, o modo e o canal pela qual
a graça se manifesta em todas as esferas das
nossas vidas.
“Assim como o corpo sem espírito está morto, tam-
bém a fé sem obras está morta.”
Tiago 2:26.
A fé não rivaliza com as obras; na verdade, “Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem
as obras são uma consequência natural de fé dele se aproxima precisa crer que ele existe e que
genuína. Ninguém precisa de obras para al- recompensa aqueles que o buscam.”
cançar a salvação, mas as obras confirmam a Hebreus 11:6.
salvação. É como se as obras fossem o ates-
tado de que essa fé é verdadeiramente cristã. E agora, como posso ter fé e agradar a Deus?
A fé em Jesus Cristo vai nos possibilitar atra-
A fé morta, então, refere-se à fé daqueles vessar essa ponte que nos une ao céu. O crer
que confessam Cristo, mas não vivem Cristo! em Jesus nos aproximou de Deus e nos fez
Vivem uma fé individualista, que não olham reconhecer a sua generosidade. Recebemos
com os olhos de Cristo, que não estendem a perdão, misericórdia e restauração.
mão como Cristo estendeu.
Para ter fé, é preciso compreender aquilo em
Resumindo, não basta verbalizar que se tem que você acredita. Quando você compreende,
fé, pois a fé em Jesus deve estar acompanha- você aceita essa verdade. Ao aceitar a verdade,
da das mesmas obras que Ele praticou. As você age como tal! Ou seja, a fé muda natural-
boas obras só confirmam, de fato, que temos mente coisas em sua vida. E é essa mudança
a fé genuína em Jesus Cristo. Você não pode natural e progressiva que agrada a Deus!
se dizer cristão se não age como um!
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Fé como um dom FÉ
O apóstolo Pedro nos ensina que cada um Mas a história da Igreja relata diversos ou-
deve exercer o dom que recebeu para servir tros exemplos de pessoas que ousaram lidar
aos outros, administrando fielmente a graça com o mundo por meio de sua fé.
de Deus em suas múltiplas formas (1ª Pedro
4:10).
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COSMOVISÃO
ESCOLA RAÍZES
A fé é a base do cristianismo. A fé, quando é genuína, não se torna refém das circunstâncias
(1ª Pedro 1:6-9), pois independente do que aconteça, ela permanece! É por meio da fé que pas-
samos a conhecer a Deus (1ª João 5:20).
Em certos momentos, a nossa fé pode vir a enfraquecer. No entanto, Deus nos acompanha em
momentos de provações e testes, provando que a nossa fé é real, aguçando-a e fortalecendo-a.
Tiago, inclusive, diz que isso é motivo de “toda alegria” porque o teste da nossa fé produz
perseverança e nos amadurece (Tiago 1:2-4).
Fé não é apenas credulidade ou otimismo, mas é uma confiança racional, resultado de profun-
da reflexão e certeza. A fé deve operar em todas as atividades do cristão. Crer é pensar e agir!
Mapa mental
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ESCOLA RAÍZES
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• É possível aumentar
a minha Fé???
Anotações
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SANTIDADE
Introdução
que Deus é santo? (Levítico 11:44-45; 19.2;
Você sabia que as palavras “céu” e “pecado” 1Pe 1.15-16).
aparecem, cada uma delas, mais de 700 vezes
na Bíblia? É mais ou menos essa quantidade Bem, se Deus é santo e sem pecado, e nós
de vezes que vamos ler a palavra “santo” e somos santos e pecadores, dizer que somos
seus derivados, como santidade, santificar e chamados a ser santos é dizer que o nosso
santificação! Então, não resta dúvida de que Deus nos separou para refletir, embora de for-
santidade é um dos temas centrais da Bíblia. ma imperfeita, sua santidade.
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sas coisas está a santidade. Sinceramente,
SANTIDADE
quando foi a última vez que pegamos um tex-
to como “entre vocês não deve haver... obs-
cenidade, nem conversas tolas, nem gracejos
Paulo e mais de 20 vezes nos escritos de João,
imorais, que são inconvenientes, mas, ao in-
encontramos expressões do tipo “em Cristo”,
vés disso, ações de graças” (Efésios 5:3-4) e
“no Senhor” ou “Nele”. Somos encontrados em
tentamos aplicá-lo às nossas conversas, ou
Cristo (Filipenses 3:9), preservados em Cris-
filtrar um pouco mais aquilo que assistimos
to (Romanos 8:39), salvos e santificados em
no cinema, no YouTube ou nas séries da TV?
Cristo (2Timóteo 1:9 e 1Coríntios 1:30). Vive-
mos em Cristo (Colossenses 2:6), labutamos
Não é exagero ou legalismo levar a santida-
em Cristo (1Coríntios 15:58) e obedecemos
de mais a sério. É um caminho que deveria ser
em Cristo (Efésios 6:1). Nós morremos em
normal para aqueles que foram chamados a
Cristo (Apocalipse 14:13), vivemos em Cristo
ser santos por um Deus santo. Os que nasce-
(Gálatas 2:20) e vencemos em Cristo (Roma-
ram de Deus não apenas confessarão o Filho
nos 8:37). Isso só para citar alguns exemplos.
(1João 2:23; 5:15) e crerão que Jesus é o Cris-
to (5:1), mas também guardarão os manda-
Outras 32 vezes Paulo fala de crentes parti-
mentos de Deus (2:3,4), andarão como Cris-
cipando juntamente com Cristo em algum as-
to andou (2:5,6), praticarão a justiça (2:29) e
pecto da redenção, sejam sendo crucificados
vencerão o mundo (5:5).
com Cristo, sepultados com Cristo, ressusci-
tados com Cristo ou estarem assentados com
Muita gente não consegue conciliar a ênfase
Cristo. Mas, afinal, o que significa, exatamen-
dada às obras na carta de Tiago com a ênfa-
te, que estamos unidos com Cristo ou que Ele
se em fé independente de obras nas cartas de
está em nós ou que nós estamos Nele?
Paulo. Na verdade, não existe conflito! Paulo
quer destacar que a fé é o meio de encontra-
Bem... Cristo não está colado em nós! Ele
mos Deus, ou seja, nada além da fé contribui
não se transforma em um organismo micros-
para a nossa salvação. Tiago, por outro lado,
cópico e passa a morar em nosso ventrículo
quer destacar que as obras confirmam a nos-
esquerdo. Claro que não! A união não é física,
sa fé genuína.
mas espiritual! União com Cristo significa que
Ele nos transforma de dentro para fora, por
Ou seja, somos justificados somente pela fé,
meio do Espírito Santo, que habita em nós.
mas a fé que justifica nunca está desacompa-
nhada. Paulo descreve a fé verdadeira e viva;
Estar em Cristo significa crescer nas quali-
Tiago argumenta contra a fé falsa. A fé é a raiz;
dades e virtudes comunicáveis Dele. Não há
as obras são os frutos!
uma mistura do humano com o divino. Em
suma, nós não podemos nos tornar Deus, mas
A nossa união com Cristo podemos nos tornar semelhantes a Ele.
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ESCOLA RAÍZES
O processo de santificação
Em Filipenses 2:13, lemos o seguinte: “pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer
quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele”.
Já em 2Pedro 1:5-7, temos: “Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a
virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a
perseverança; à perseverança a piedade; à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor”.
Ah, agora confundiu! É o Espírito Santo quem nos santifica ou temos participação nesse pro-
cesso? E a resposta é: ainda que o Espírito Santo seja o agente impulsionador da santidade, ela
deve ser tanto ensinada como buscada. E por que dizemos isso?
Primeiramente, temos que entender que a busca por santidade não é um esforço para fazer o
que Jesus já fez, mas é a luta para vivermos a vida que Ele conquistou na cruz para nós.
Quando somos salvos, passamos a ter um novo princípio controlador, uma nova obediência.
O princípio controlador não é mais o pecado. Calma! Não estamos querendo dizer que o cristão
é salvo ou justificado por causa dessa nova obediência, mas a sua salvação se manifesta nessa
nova obediência.
Segundo ponto importante: o verdadeiro cristianismo transforma pessoas! Ora, se Cristo veio
para remover nossos pecados e para destruir as obras do maligno, não há como ser cristão e
continuar amando as coisas que Cristo odeia e veio destruir, não é mesmo? Não há como ser
filho de Deus e continuar abraçado com o pecado.
E aí você pergunta: “Se a santificação é uma obra atribuída ao Espírito Santo, onde é que entra
a minha parte nesse processo?” A santificação ocorre mediante a graça de Deus operando na
medida da nossa dedicação. Que tal uma ilustração, pra facilitar?
Um lavrador lavra o campo, espalha a semente, fertiliza e cultiva a terra. Ele sabe que não pode fazer a semente
germinar, nem pode produzir chuva e sol. Mas ele sabe que se não cumprir as suas responsabilidades, não tem
colheita. O cultivo da terra é um trabalho conjunto entre deus e o lavrador.
Com a santidade também é assim: ninguém atinge nenhum grau de santidade se Deus não
trabalhar na sua vida, mas também é absolutamente certo que ninguém trilha em santidade sem
o esforço necessário da sua parte.
32
Conclusão SANTIDADE
Isso pode soar estranho, quase herético, não é mesmo? Mas Deus quer, sim, que você seja seu
verdadeiro ser. Ele quer, sim, que você seja fiel a você mesmo. Mas o “você” a que Ele se refere
é o “você que você é pela graça”, não por natureza. Deus não diz: “Relaxe, você nasceu assim!”.
Mas Ele, de fato, diz: “Boas notícias, você foi renascido diferente”.
Como crente você pertence a Cristo. E mais que isso, você está unido com Ele. Pela fé, por
meio do Espírito Santo, temos união com Ele. Cristo vive em você e você Nele. Você é um com
Cristo, portanto viva como Cristo. Seja santo, pois isso é o que você é!
Mapa mental
33
ESCOLA RAÍZES
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Anotações
34
OBRAS DA CARNE
Introdução
o nosso? Na verdade, tudo vai depender do
Infelizmente, não somos as pessoas que contexto em que o termo “carne” se refere. E
gostaríamos de ser, nem as que podemos ser e qual é o sentido da expressão “obras da carne”
nem as que estamos destinados a ser. Fomos no livro de Gálatas?
criados em imagem e semelhança de Deus
para espelharmos os atributos e virtudes co- Esse termo é usado pelo apóstolo Paulo an-
municáveis Dele, não é mesmo? Mas porque tes do ensino sobre o “fruto do Espírito San-
isso muitas vezes não acontece? Porque, em to”5 . A diferença básica entre obras da carne
certos momentos, concluímos que estamos e fruto do Espírito Santo é a seguinte: ou ca-
bem longe de sermos parecidos com Jesus? minhamos pela estrada das obras da carne ou
caminhamos pela estrada do fruto do Espírito.
Todos esses questionamentos estão pre-
sentes na carta que Paulo envia aos gálatas, Uma caminhada com um pé numa via e o
e que claro, vamos buscar entender um pouco outro pé noutra via é impossível!
melhor. Resumindo rapidamente o contexto
dessa passagem, o apóstolo não está nada
feliz com a maneira de viver dos seus desti-
natários: “Admiro-me de que vocês estejam
abandonando tão rapidamente aquele que
os chamou pela graça de Cristo, para segui-
rem outro evangelho que, na realidade, não é o
evangelho [...]” (Gálatas 1:6-7).
Quando Paulo fala de Pedro, sei mais de Paulo ou sei mais de Pedro?
Quando, porém, Pedro veio a Antioquia, enfrentei-o face a face, por sua atitude condená-
vel. Pois, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, ele comia com os gentios. Quando,
porém, eles chegaram, afastou-se e separou-se dos gentios, temendo os que eram da cir-
cuncisão. Os demais judeus também se uniram a ele nessa hipocrisia, de modo que até
Barnabé se deixou levar. Quando vi que não estavam andando de acordo com a verdade
do evangelho, declarei a Pedro, diante de todos: “Você é judeu, mas vive como gentio e não
como judeu. Portanto, como pode obrigar gentios a viverem como judeus? Gálatas 2:11-14.
Pense no “barraco” que deu! Paulo não foi muito legal, não é mesmo? Poderia ter chamado
Pedro em particular, mas optou por “soltar o verbo” na frente de todo mundo! Vamos compreen-
der melhor essa história toda?
No pensamento judaico daquela época, a Lei de Moisés dizia pra não comer isso ou aquilo,
não se podia tocar em certas coisas, pessoas poderiam ser consideradas impuras, e por aí vai!
Havia um sistema de regras do que podia e do que não podia ser feito.
Muito bem! Pedro, que era judeu, e havia entendido que não estava mais preso às obrigações
cerimoniais da lei mosaica, foi comer com pessoas que não eram judias (gentios). Tanto Pedro
como Paulo sabiam que não era necessário se converter ao judaísmo e seguir o seu sistema de
regras para ser cristão!
Aí Pedro está lá, comendo com a galera cristã que não seguia as regras ritualísticas judaica.
De repente, chega o pessoal tradicionalista e conservador; Pedro, com medo da reação deles,
tem uma atitude de hipocrisia: afasta-se da mesa para não ser visto comendo com gentios!
Essa atitude de Pedro foi um claro exemplo de uma “obra da carne”: hipocrisia!
Mas, Pedro não era crente? Ele não tinha o Espírito Santo? Sim, tinha! Aliás, todo cristão é cha-
mado para viver uma vida guiada pelo Espírito Santo. Mas isso não acontece como um passe de
mágica! Quem passa a crer em Jesus Cristo e em sua obra, inicia uma caminhada de luta interna
entre seu espírito e sua carne (Gálatas 5:16-17).
O conceito de “carnalidade”
Quando Paulo ensina sobre as obras da carne, ele diz que se trata de algo que necessita ser
alimentado, mas que cabe a nós, mediante a ação do Espírito Santo, não alimentar essas von-
tades: “Por isso digo: Vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne”
(Gálatas 5:16).
Como já dissemos, para muitas pessoas o corpo é o grande vilão da história; elas têm a ideia
de que, por possuírem um corpo, jamais agradarão a Deus. Por isso, culpam o corpo, e não os
seus próprios desejos! Aí, diante dessa perspectiva, mutilam, flagelam e machucam seus cor-
36
pos, fazendo o corpo sofrer, acreditando que, OBRAS DA CARNE
por essas atitudes, estão agradando a Deus.
Mas o corpo não tem culpa alguma! Imoralidade sexual
Quando alimentamos nossos desejos e Toda relação sexual que não está nos parâmetros
vontades daquilo que nos dá prazer (carnali- bíblicos estabelecidos para o homem. Por exem-
dade), geralmente usamos o corpo. Repita-se: plo, relação sexual fora do casamento é imorali-
nós é que usamos o corpo, não é o corpo que dade; relação sexual com pessoas do mesmo sexo
nos usa! E isso se contrapõe justamente àqui- é imoralidade; relação sexual com animais é imo-
lo que o Espírito Santo quer de nós: que lance- ralidade etc.
mos fora esses desejos, que nossas vontades
morram a cada dia! Impureza
Assim, quando aprendemos o verdadeiro Toda depravação moral, embora não necessa-
conceito de carnalidade, somos libertos des- riamente de ordem sexual. Inclui atos, palavras,
sa mentalidade. Paulo ensina que o Espírito e pensamentos e intenções do coração.
a carne se opõem um ao outro, não existindo
uma maneira de agradar os dois simultane- Lascívia
amente: se alimentamos a vontade da carne,
vamos entristecer o Espírito Santo (Efésios Significa licenciosidade, sensualidade exagerada.
4:30). É um pecado licencioso, atuando na mente do
ser humano. Em Efésios 4:19, por exemplo, le-
A carnalidade ou a pessoa carnal, portanto, mos que aqueles que destroem completamente a
é um conceito espiritual. É claro que o nosso consciência, tendo-a cauterizada, entregando-se
corpo orgânico será diretamente influenciado ao deboche, aos pecados sexuais exagerados, in-
pelo nosso estado espiritual. Paulo, por exem- correm no pecado de lascívia. É facilmente per-
plo, diz que uma pessoa carnal pode usar o cebida na ausência de domínio próprio que ca-
seu corpo para praticar algumas carnalida- racteriza a pessoa que dá liberdade e alimenta os
des. Ainda assim, posso estar com meu corpo impulsos de sua natureza pecaminosa.
amarrado e estar praticando obras carnais.
Idolatria
Manifestações das obras da carne”
Tudo aquilo que ocupa o lugar de Deus no cora-
ção do homem. A forma mais sutil e perigosa de
Até aqui, já ficou muito claro que o corpo, idolatria tem sido o egocentrismo, quando tira-
por si próprio, não é o motivo de sermos car- mos o foco de Deus e começamos a focar em nós
nais e, sim, porque estamos em um estado de mesmos.
espírito debaixo do pecado. O corpo é a forma
de exteriorizar o que em nós, interiormente, já Feitiçaria
é uma realidade de vida.
Atribuir a certas coisas poderes misteriosos, fór-
E é nesse sentido que Paulo cita alguma mulas e encantamentos. Ou seja, quando a fé na
obras da carne que se manifestam no ser hu- magia substitui a confiança em Deus.
mano. Vale dizer que essa lista não é exausti-
va, mas apenas representativa, como indicam
as palavras “e coisas semelhantes a estas”:
37
ESCOLA RAÍZES Facções
Embriaguez
Ciúmes
Refere-se às manifestações de descontrole e in-
Significa querer e desejar possuir intensamente temperança, ocasionados por bebidas embria-
aquilo que o outro tem. Inclui tanto coisas ma- gantes.
teriais quanto reconhecimento, honra ou posição
social. Implica se entristecer não apenas porque
Glutonaria7
não se tem algo, mas porque outra pessoa o tem.
Estilo de vida desenfreado e extravagante, que
Iras pode ser entendido nas orgias do paganismo da
época, diversões, festas com comida e bebida de
Fúria explosiva que nasce através de palavras e mosto exagerado, envolvendo drogas, sexo e coi-
ações violentas; presente naquela pessoa que é sas semelhantes.
conhecida pelo seu temperamento fora do con-
trole.
Conclusão
Discórdias
Termo aplicado no sentido de ambições egoístas, A nossa relação com Deus não tem a ver
isto é, disputas pelo poder. Esse tipo de compor- simplesmente com conseguir obedecer as re-
tamento resulta, sempre, em reações contrárias às gras. A questão não é só que Deus fica triste
opiniões de outras pessoas. quando deixamos a nossa natureza nos do-
minar ou Ele fica feliz quando estamos fruti-
Dissensões ficando no Espírito. Se pensarmos assim, não
estamos vivendo debaixo da graça da Deus.
Resulta das discórdias mencionadas anterior-
mente, ou seja, homens levados por motivos ego- Viver sob a graça de Deus é viver uma vida
ístas que buscam honras pra si a qualquer custo. de liberdade! Mas não podemos usar essa li-
Todo sentimento que pensa apenas no que é seu, berdade como desculpa para fazermos o que
e não também no que é dos outros. bem entendemos. Pense no seguinte diálogo
entre um pai e um filho:
6Qualquer doutrina contrária aos ensinamentos centrais da fé cristã.
38 7Cuidado com o pré-conceito: nem todos os obesos são glutões, e nem todos os magros estão livres desse
OBRAS DA CARNE
- Pai, se eu me embriagar completamente, pegar o seu carro e andar na avenida principal da cidade a
180km/h, “atropelar” um poste e morrer, o senhor vai ficar triste e chorar no meu velório ou o senhor vai dizer
“Bem feito, falei pra não beber e dirigir?”
- É claro que eu vou chorar no seu velório, filho... Porque eu te amo!
- Ah, beleza, então, pai. Vou lá fazer tudo isso!
Você concorda que esse diálogo não faz o menor sentido? Não é simplesmente saber do que
Deus se agrada ou não, mas sentir prazer na comunhão com Ele e em andar na liberdade do Es-
pírito Santo. Precisamos entender que o melhor pra nós não é satisfazer o que desejamos, mas
deixarmos ser guiados pela verdade da Palavra.
A luta contra a carne é a luta contra a natureza de ser e de pensar. Nós não aprendemos a ser
invejosos, lascivos etc... Tudo isso somos por natureza!
Por isso, quando falamos em obras da carne, não estamos nos referindo simplesmente a
uma lista fixa de pecados que devemos evitar. O cristão precisa se encher do fruto do Espírito
(Gálatas 5:22,23), centrando sua vida nas coisas de Deus. A luta contra a carne é uma luta con-
tra as tentações naturais da vida, onde o Espírito Santo nos fortalece e nos capacita a rejeitar o
pecado.
Mapa mental
pecado. Isso significa dizer que um homem que come em excesso e não tem aumento de peso pode ser
culpado do pecado de glutonaria, enquanto uma pessoa obesa pode não ser. 39
ESCOLA RAÍZES
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Anotações
40
FRUTO DO ESPÍRITO
Introdução
A Bíblia ensina que há um contraste entre as
A salvação é o evento mais importante que obras da carne e o fruto do Espírito. Obras da
pode acontecer na vida de qualquer pessoa, carne é algo que o homem produz por si mes-
não é mesmo? Quando cremos que Jesus mo; fruto do Espírito é algo que é produzido
Cristo, que é Deus, fez-se homem, morreu em por um poder que não é dele mesmo. O fruto
nosso favor e ressuscitou dentre os mortos, do Espírito tem origem sobrenatural, cresci-
somos perdoados e recebemos o dom da vida mento natural e maturidade gradual.
eterna!
Vimos que todas as obras listadas em Gála-
Essa salvação vem pela graça, mas a gra- tas 5:19-21 são consequências de quem ain-
ça não se limita apenas ao momento em que da está vivendo sob o domínio do pecado,
aceitamos Jesus como nosso salvador. A gra- seja crente ou não crente. Podemos dizer que
ça de Deus atua ao longo de toda a nossa vida. aquele que está na carne vive em reação, re-
E nesse processo, a transformação de vida agindo a tudo e a todos; mas aquele que está
não para de acontecer! Jesus deixou isso bem em espírito vive em ação, agindo no poder do
claro: “Vocês não me escolheram, mas eu os Espírito Santo.
escolhi para irem e darem fruto, fruto que per-
maneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que
pedirem em meu nome” (João 15:16).
41
ESCOLA RAÍZES
Em Gálatas 5:22,23 lemos que o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, benignidade,
bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Mas, só tem essas virtudes aquele que recebe
a Cristo como Salvador e Senhor? É bem provável que já tenhamos conhecido pessoas que nem
são ou nem se dizem cristãs e têm algumas dessas virtudes. Como explicar isso?
Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, FRUTO QUE PER-
MANEÇA a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome. João 15:16
Perceba que, por mais que até seja possível alcançar algo semelhante a isso por meio do es-
forço pessoal, sem o Espírito Santo, o resultado será sempre limitado, temporário e totalmente
dependente das circunstâncias, seja de saúde, financeira, emocional ou qualquer outro fator
contextual.
Logo, o segredo está no fato de que quando entregamos nossa vida a Jesus Cristo, o Espírito
Santo passa a habitar dentro de nós (1Coríntios 6:19), e é somente por meio da ação Dele que
o fruto é gerado em nossas vidas (João 16.13-14). Ou seja, o fruto do Espírito independe das
circunstâncias. Uma vez gerado e desenvolvido, ele permanece (Gálatas 6:8).
Agora, pensemos um pouco no nosso tempo de escola... Algumas disciplinas não são mais
fáceis de assimilar? Talvez Geografia e História seja algo mais fácil de aprender que Português
ou Matemática. Mas, a dificuldade dessa ou daquela matéria não significa que devemos deixá-
-las de lado. Para ser aprovado, precisamos alcançar a média em todas elas!
42
Da mesma forma, é isso que acontece com FRUTO DO ESPÍRITO
o nosso aprendizado espiritual. Inclusive, em
algumas disciplinas (virtudes do Espírito) te- Alegria
remos que ter mais dedicação no aprendiza-
do, na medida das nossas dificuldades. Deus É a alegria fundamentada num relacionamento
permite a vitória sobre a nossa natureza peca- consistente com Deus. Aliás, quando o amor está
dora. Ele envia o Espírito Santo para residir em presente, a alegria não pode estar muito longe.
nós e nos capacitar. Ainda que tudo esteja ruim a nossa volta, Deus
nos pede para estarmos alegres. E isso só é pos-
No entanto, a nossa capacidade de resistir sível por meio do Espírito. Lembremos das pa-
aos desejos da natureza pecadora irá depen- lavras do apóstolo Paulo: “entristecidos, porém
der do quanto estamos aplicados e dispostos sempre alegres” (2 Coríntios 6:10).
a viver de acordo com a orientação do Espírito
Santo. Para cada cristão, esse processo diário
Paz
requer decisões constantes.
A paz também é um resultado natural do exer-
Ou seja, o professor é o Espírito Santo, mas
cício do amor. Quando andamos no Espírito, a
as matérias precisam ser assimiladas por
paz não significa a ausência de problemas, mas a
cada um de nós. O Espírito Santo desenvolve
consciência de que nossa vida está nas mãos de
o seu fruto em nós à medida que nos aproxi-
Deus.
mamos de Deus e procuramos ter uma vida de
santidade e comunhão com Ele.
Paciência
Nunca devemos nos esquecer: o grau de
maturidade cristã e vida com Deus não se A paciência é sinônimo para tolerância. Significa
manifesta nos dons recebidos, mas no fruto o controle diante de uma situação adversa ou de
do Espírito. É a qualidade do fruto, e não dos uma provocação. É o oposto da raiva e está sem-
dons, que vai revelar se estamos andando no pre associada à misericórdia.
Espírito (Gálatas 5:16).
Benignidade
43
ESCOLA RAÍZES obrigação. O fruto nasce, simplesmente, da
vida dentro dela.
purificou o templo e expulsou os mercadores,
mas manifestou crestotes (benignidade) quando Quando somos salvos, a nossa natureza pe-
foi amável com a mulher pecadora que lhe ungiu cadora continua existindo. Mas Deus nos pede
os pés. que coloquemos essa natureza sob o contro-
le do Espírito Santo, de modo que Ele possa
transformá-la gradualmente.
Fidelidade
Nunca devemos subestimar o que nós pode-
A fidelidade descreve a pessoa que é digna de
mos fazer, ou seja, o poder da nossa natureza
confiança. Significa lealdade com Deus e com o
pecadora, e nunca devemos tentar combatê-la
próximo. Nosso ministério dentro de nossa fa-
com as nossas próprias forças. Em lugar de
mília, no trabalho, dentro da igreja, somente co-
tentar superar o pecado com a nossa própria
meça quando Deus vê em nós a fidelidade a Ele
força de vontade, devemos aproveitar o insu-
mesmo e aos irmãos.
perável poder do Espírito Santo.
44
Mapa mental FRUTO DO ESPÍRITO
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45
ESCOLA RAÍZES
Anotações
46
PECADO
Introdução
quase todos concordamos que (1) matar é
Falar em pecado não é algo muito agradável. pecado, mas matar um estuprador também é
Aliás, conversar sobre esse tema parece que pecado? (2) mentir é pecado, mas mentir para
não dá muitos pontos no Ibope8 . Nós mesmos realizar um bom negócio também é pecado?
não costumamos fazer uso dessa palavra; fre- (3) roubar é pecado, mas roubar do governo
quentemente, preferimos usar termos como também é pecado?
deslize, equívoco, fraqueza, erro ou engano.
Diante dessas realidades diferentes, conde-
E, mesmo quando a gente admite um deslize namos certas ações, mas damos outros no-
ou um engano, é comum praticarmos a tercei- mes para admitir ou justificar essa ou aquela
rização, repassando a responsabilidade a al- atitude. O fato é que muitos não têm conhe-
guém ou a alguma coisa ou situação. Vamos cimento da realidade do pecado em nossas
ver alguns exemplos? vidas, e acabam vivendo conforme seus im-
pulsos, acreditando que esse é o fluxo normal
- “Eu errei, né... mas também, nessas cir- da vida.
cunstâncias, quem não erraria?”
- “Eu errei, mas fui provocado...” Afinal, o que é o pecado? Qual a sua origem?
- “Eu errei, mas... se você tivesse vivido a Por que pecamos? O cristão regenerado pode
minha infância, você entenderia porque eu fiz pecar? O que a Bíblia diz sobre tudo isso?
e porque eu faço isso!”
- “Errei, mas... a carne é fraca!”
A Bíblia relata que a origem do pecado na A nossa natureza pecaminosa não signifi-
história da humanidade ocorre na transgres- ca assumirmos uma posição de passividade.
são de Adão e Eva no paraíso. Eles se rendem Muito pelo contrário, exige de nós uma posi-
à tentação de se tornarem iguais a Deus e co- ção ativa! Nós não aprendemos a ser orgu-
metem o primeiro pecado, comendo do fruto lhosos, invejosos, mentirosos etc... Tudo isso
proibido. somos por natureza! Nascer debaixo da culpa
de Adão é ter a facilidade em satisfazer to-
Sendo assim, o primeiro homem e a primeira dos esses desejos e vontades (orgulho, inveja,
mulher são corrompidos em suas essências: mentira, etc.).
Deus os cria sem pecado, mas eles se tornam
pecadores por meio de um ato voluntário (Gê- Mas, fique tranquilo! Temos uma garantia
nesis 3:1-7). de resistência e de vitória na luta contra es-
ses desejos desenfreados, já que estamos sob
Mas a coisa não parou aí: esse primeiro pe- uma natureza pecaminosa. Vamos falar sobre
cado trouxe corrupção permanente, que teria isso daqui a pouco. Antes, precisamos enten-
efeito não somente sobre Adão, mas também der uma questão importante...
9Há muitas declarações da Escritura que indicam a natureza universal do pecado sobre o homem, como
48 nas seguintes passagens: 1Reis 8:46; Salmos 143:2; Provérbios 20:9; Eclesiastes 7:20; Romanos 3:1-
Por que pecamos? PECADO
Pecamos porque somos pecadores ou somos pecadores, e por isso pecamos? Essa é uma
pergunta bem interessante, e filosoficamente falando, podemos gastar a vida toda discutindo
sobre o tema! Mas, e se pudéssemos escolher uma via mais prática de entender essa culpa?
Se alguém afirmasse que constantemente somos tentados a ser igual a Deus, qual seria a
nossa reação? Se alguém fizesse a alegação de que, diariamente, queremos tomar o lugar de
Deus... O que diríamos?
Pois bem! O Salmo 115:3 diz: “O nosso Deus está nos céus, e pode fazer tudo o que lhe agra-
da”. Ou seja, Deus faz tudo o que quer! Para Deus, não há consequências, porque Ele pode tudo!
Não há limites pra Deus. Não é isso o que diz a Bíblia?
Diferentemente, nós não fizemos tudo o que queremos; queremos fazer muitas coisas, mas
muitas não podemos fazê-las e nem devemos fazê-las. Se estivermos sozinhos, numa mesa,
diante de muito dinheiro que não é nosso, certamente nos virá à mente tirar proveito e guardar
uma quantia nos bolsos. E, de fato, muitos de nós faremos isso! Apostamos alto na possibilida-
de de que não seremos descobertos!
Imaginamos fazer coisas que não nos tragam consequências. Queremos a todo tempo sair
dos limites que nos são colocados. Você já se deparou com o difícil dilema entre ir ao culto às
19:30 ou assistir ao futebol na TV nesse mesmo horário? Nunca desejou ser onipresente e estar
nos dois lugares ao mesmo tempo? Pois é... Deus pode, mas nós não podemos. Sabemos disso,
mas não deixamos de desejar estar em dois lugares ao mesmo tempo.
Quantas vezes desejamos que o congestionamento do trânsito se abrisse como o Mar Ver-
melho, para que passássemos facilmente por entre os carros? Deus pode, mas nós não pode-
mos fazer isso. E, mesmo assim, desejamos!
Para Deus não há limites. Deus faz tudo que quer, sem consequência alguma. Para nós, é di-
ferente! Fazemos coisas que não queremos, às vezes por senso de dever, às vezes contrariado,
às vezes mal feito. Mas para tudo que fazemos, há uma consequência, seja ela boa ou ruim!
Nossa revolta é contra os controles! “Eu faço O cristão regenerado pode pecar?
o que quero, e pronto”! Queremos governar e Como vencer nossa natureza peca-
dar destinos para nossas vidas” Queremos minosa?
ser iguais a Deus, que não tem limites! Jesus
contou uma história no evangelho de Lucas
15:11-32, de um homem que tinha dois filhos, É muito comum assistirmos o anúncio de
e o mais moço pede a sua parte na herança nosso time de futebol sobre a contratação de
por não querer viver sob os limites do pai. A um novo jogador. E isso quase sempre acon-
parábola fala de um filho que quer ser dono de tece com aquela imagem do jogador vestindo
si, sem regras, viver sua vida, do seu jeito, no a camisa do seu novo clube.
seu lugar, no seu tempo.
A vida cristã tem disso, também! Vestir uma
O filho resolve viver a vida como se não hou- nova camisa significa dizer que eu tenho, ago-
vesse amanhã, como se não houvesse conse- ra, um novo contrato, um novo compromis-
quências. Pensou que seus limites fossem ili- so de fidelidade. Eu não tenho como vestir a
mitados! Desperdiçou tudo o que tinha! Assim, camisa do Criciúma Esporte Clube e continu-
ainda que nossa natureza pecaminosa seja ar jogando a favor do Sport Club Corinthians
herdada de Adão e Eva, nossos pecados têm Paulista! Isso seria trair a minha atual torcida!
responsabilidades bem definidas: cada um de
nós. “Cada um, porém, é tentado pela própria A camiseta que estamos vestindo vai refle-
cobiça” (Tiago 1:14). tir a nossa relação com o time. Em outras pa-
lavras, você não pode vestir a camisa de um
Como não somos Deus, nossa capacidade é time e jogar a favor do outro. É preciso haver
limitada. Quando Deus coloca alguns limites, disputa e suor para que o outro time não ven-
é para o nosso bem. Quem vive fazendo tudo ça a partida!
o que dá na telha, desperdiça e perde! Desper-
diça oportunidades, desperdiça momentos, Nós, cristãos, lutamos contra todo tipo de
desperdiça a família e desperdiça a si mesmo. pecado que se possa imaginar. Não vamos
longe: nós somos irritados, nós somos egoís-
50
PECADO
tas, nós somos preguiçosos, nós somos orgulhosos. E tudo isso só contando o dia de hoje!
É por isso que você lê em 1João 1:18 que, “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a
nós mesmos enganamos, e a verdade não está em nós”. Mas, um pouco mais à frente nos de-
paramos com o seguinte texto: “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em
pecado...” (1João 5:18).
João não está falando do cristão que cai em pecado, mas está se referindo àquela pessoa que
tem uma trajetória de vida marcada pelo pecado. João está falando de uma pessoa que cons-
cientemente permanece no pecado e que faz do pecado sua prática normal.
Quando a graça salvadora nos encontra, passamos a ter um novo princípio controlador. O
princípio controlador não é mais o pecado, mas a obediência. Se Cristo veio para remover nos-
sos pecados e para destruir as obras do maligno, não há como ser cristão e continuar amando
as coisas que o próprio Cristo odeia e veio destruir.
Quando entregamos nossa vida a Jesus Cristo, o Espírito Santo passa a habitar dentro de
nós (1Coríntios 6:19), e é por meio da ação Dele que temos condições de lutar contra a nossa
natureza pecaminosa (João 16.13-14).
Perceba que Deus quer que andemos em obediência, e não preocupados em vencer a nossa
natureza pecaminosa. Essa natureza nos acompanhará até o fim dessa vida, e o foco em ven-
cê-la nos coloca no centro das coisas. Por outro lado, crescer em obediência coloca Deus no
centro de todas as coisas.
É claro que Deus quer que tenhamos vitória na nossa luta contra o pecado, mas essa vitória
deve ser um resultado natural de obediência a Ele.
Conclusão
Vimos que, embora sob uma natureza pecaminosa, não somos chamados por Deus para vi-
vermos uma vida de pecados. Apesar dessa natureza, temos acesso direto a Deus e podemos
exercer um relacionamento pessoal com Ele.
No entanto, quando vivemos um modo de vida sem obediência e limites, ficamos à mercê da
nossa própria sorte. Uma vida marcada por satisfação de nossos desejos e vontades deixa o
relacionamento com Deus inviável de acontecer.
O sentido de pecado é muito mais do que simplesmente fazer ou praticar algo errado. Viver
sem relacionamento com Deus e sua Palavra é estar longe da nossa fonte de vida.
Viver jogando no time do pecado é o mesmo que dizer a Deus que não precisamos Dele, que
ter relacionamento com Ele é indiferente para nós. Pecado é uma opção pela autossuficiência
que gera em nós uma ilusão de potência. O pecado drena nossa dependência de Deus.
51
ESCOLA RAÍZES
PECADO
Viver jogando no time do pecado é o mesmo que dizer a Deus que não
precisamos Dele, que ter relacionamento com Ele é indiferente para nós.
Pecado é uma opção pela autossuficiência que gera em nós uma ilusão de
potência. O pecado drena nossa dependência de Deus.
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PECADO
Mapa mental
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ESCOLA RAÍZES
Anotações
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BÍBLIA
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ESCOLA RAÍZES
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