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DESTE MUNDO E DO OUTRO de José Saramago

Olá a todos. A crónica que escolhi apresentar-vos hoje é Hip, Hip, Hippies! de José
Saramago. José Saramago foi um escritor português galardoado, no ano de 1995, com
o Prémio Camões e em 1997 com o Nobel da Literatura. O também cronista foi um
militante comunista e, portanto, contra a ditadura tendo, ao longo do seu percurso
profissional, trabalhado em alguns jornais de oposição ao regime salazarista, tais como
a revista Seara Nova e o jornal A Capital, onde publicou diversas crónicas que hoje se
encontram compiladas nos livros Rua Acima, Rua Abaixo e Deste Mundo e do Outro
onde podemos encontrar a crónica que vos venho apresentar.
Resumindo o assunto geral da crónica, José Saramago dirige-se aos jovens
questionando-os a cerca do que serão no futuro. Isto porque Saramago já foi jovem e
sabe que na adolescência os jovens não conhecem responsabilidade nem limites e são
capazes de tudo para levar os seus pensamentos e ideais adiante. Mas o cronista
também sabe que a vida adulta acarreta muitas responsabilidades. E para protegermos
aqueles que gostamos podemo-nos tornar omissos e indiferentes na sociedade, tal
como a geração do cronista fez segundo as suas próprias palavras. Assim, José
Saramago mostra-se esperançoso em relação aos jovens e confia-lhes a difícil tarefa de
se manifestarem por aquilo em que acreditam e não cairem no gosto popular,
simplesmente por ser um caminho mais facil. As palavras do cronista mostram algum
arrependimento, porque no fundo, ele reconhece que pertence ao conjunto de
pessoas cujo amodorecimento levou à perda de coragem.
Tendo em conta a biografia de Saramago, podemos ir ainda mais longe e tentar
perceber a que se referem os ideais e pensamentos que Saramago tem, e acredita que
os jovens também tenham. Esta crónica foi escrita em pleno regime salazarista e tal
como Saramago diz na seguinte expressão “Citação”, o cronista afirma que os seus
valores não vão ao encontro dos valores dos homens da sua geração e acreditava, ou
pelo menos gostava de acreditar, que a nova geração compartilhava dos seus ideais de
liberdade. E assim, seriam capazez de se manifestar e lutar contra o regime opressor.
José Saramago recorre muitas vezes à metáfora, mencionando as flores quando se
pretende referir aos ideais e pensamentos dos jovens. Fruto deste recurso, Saramago
apresenta uma ideia interessante que gostaria de explorar. Citação. Nesta citação,
concluimos que o autor pretende mostrar que, por vezes, situações extremas nos
levam a agir em direção contrária aos nossos pensamentos, mas nem assim podemos
esquecer-nos deles e rejeitar quem realmente somos. Assim, o autor remata com uma
crítica à sociedade da época que rejeitou os seus próprios ideais e não lutou pela
liberdade, resumindo-se a aceitar uma realidade injusta para se encaixarem nos
moldes da sociedade. O próprio cronista passou por algumas destas inventualidades ao
longo da sua vida, tendo, por diversas vezes, ficado sem emprego por causa da sua
posição política.
Assim, esta crónica é dirigida aos jovens, motivando-os a lutar pelas suas convicções,
ou seja, é, de certa forma, a mensagem que José Saramago gostaria de ter recebido,
quando era novo, e que talvez o motivasse a lutar pelas suas convicções e a não ser
simplesmente aquilo que a sociedade esperou dele.
Eu gostei bastante desta crónica e acredito que terá sido essencial para a sociedade
José Saramago ter abordado um tema de tanta importância na época, mas também
para os dias de hoje.
É uma crónica que sem dúvida nos leva a refletir à cerca da nossa posição na sociedade
e da importância de exprimirmos os nossos ideais em prol do bem da comunidade. O
texto é também capaz de nos sensibilizar com as palavras de arrependimento do
cronista e a angústia que sente por viver numa sociedade que não lhe agrada. Mas é ao
mesmo tempo interessante ver a relação do cronista com os jovens e a esperança que
deposita neles.

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