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Peguei meu objeto, um potinho com tinta rosa, e não

consegui abrir. Percebi que isso me levou para outros


lugares. Sempre abro tinta com a boca, na tampa das
minhas tintas tem marcas de dente. Fiquei pensando se
tivessem outras marcas de outros lugares do corpo. Quais?
Comecei a rolar o potinho pelo meu corpo e foi muito
relaxante. Queria que alguém fizesse isso para mim
enquanto eu fico parada, sentindo. Até o som, de quando o
potinho caia no chão, era relaxante. Ou quando ele
deslizava pela madeira do chão e fazia um som liso,
escorrido. Meu obsceno está por aí, em algo que desliza,
rasteja e sem perceber você já está todo hipnotizado, sem
conseguir sair daquela posição, ação. Algo que seduz e
devora sem deixar marcas físicas, uma explosão de
sensações e memórias que não voltam, só se acumulam.
Uma liberdade de você mesmo se deslizar pelo seu próprio
corpo e se devorar. Você fazer as suas marcas, seus
pecados. Incendiar tudo aquilo que disseram que você não
pode fazer com seu próprio corpo. Você pode e vai ser uma
delícia. Pela boca, pele, saliva ou sussurro até derramar
lava.

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