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NOTA DE ESCLARECIMENTO
Diante desse contexto, não nos parece salutar ou razoável o anuncio de uma iniciação
como presente à comunidade baiana, iniciação que o referido card sugere ser aberta a
inscrição de interessados (e curiosos) para tomar parte de um ato tão particular e
importante para uma comunidade de Egungun e toda rede de Terreiros parentes e
aderentes. Ademais, uma iniciação desse porte requer complexidades que exigem
profunda responsabilidade espiritual para com todos os envolvidos, algo que requer alto
nível de confiança e aptidão para o curso religioso.
OMÓ AGBOULÁ
ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE RELIGIOSA E CULTURAL OMÓ AGBOULÁ
Fundada em 08 de setembro de 1973 – Itaparica BA
So
Terreiro tombado pelo IPHAN como Patrimônio Cultural Material e Imaterial Brasileiro
cieda un
de Egu ng
O tratamento simplório oferecido pela comunicação do card muito nos deixa perplexos
e preocupados, não merecendo de nossa parte qualquer tipo de apoio ou guarida, razão
pela qual manifestamos nosso desconforto nessa nota. Estamos mantendo e
preservando a tradição de culto de Egungun, tal e conforme nos foi passado de geração
a geração pelos nossos antepassados desde o século XIX, enfrentando todas as formas
de adversidades, tais como, preconceitos, perseguições religiosas, racismo estrutural e
estruturante, bem como, toda sorte de desigualdades que permeiam os povos
afrodescendentes no Brasil.
É de bom alvitre esclarecermos ainda que no dia 06 de janeiro desse ano, foi escolhido
Balbino Daniel de Paula-Alàgbá do Ilé Agboola como novo Alapini do Culto de Egungun
de todos os terreiros advindos da Tradição da Ilha de Itaparica sediados no Território
Brasileiro e eventuais casas que poderão vir a nascer dessa tradição em outros lugares
do mundo. Essa escolha se deu em substituição a Deoscoredes Maximiliano dos Santos
- Mestre Didi Asipá falecido em outubro de 2013.
Essa informação é importante porque, em que pese não sermos os “donos” do culto de
Egungun (e nem temos essa intenção, que fique bem claro!), somos, sim, legítimos
representantes e defensores desse culto no território brasileiro. Não reivindicamos aqui
qualquer tipo de exclusividade no culto, mas o respeito para com os ritos comunitários
que acreditamos e defendemos por mais de um século. Desse modo, é lícito o nosso
desconforto formulado nessa nota de esclarecimento.
sacerdote Ojé Carlos Geraldo dos Santos, membro da família Daniel de Paula e Ogan
do Ilé Asé Opo Afonjá – BA, após a morte do Ojé Fernando Nascimento que era detentor
do título.
Diante dessa nota, recomendamos que o ilustre Oluwo reveja a intenção de prover uma
iniciação de Omoisan nos termos que anuncia. Outrossim, nos colocamos abertos ao
diálogo com essa e eventuais outras tradições do culto de Egungun que cheguem ao
nosso país, a fim de que de modo respeitoso possamos construir ambientes fraternos
de defesa e proteção ao culto de ancestrais no Brasil e no Mundo.