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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS DE CHAPADINHA


CAMPUS IV – CHAPADINHA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL – PPGCA

Corpo Docente/Comissão Organizadora


Anderson de Moura Zanine (Coordenador)
Daniele de Jesus Ferreira (Organizador)
Henrique Nunes Parente (Organizador)
Ivo Alexandre Leme da Cunha (Organizador)
Michelle de Oliveira Maia Parente (Organizador)
Rosane Claudia Rodrigues (Organizador)
Felipe Barbosa Ribeiro (Organizador)
Jefferson Costa de Siqueira (Organizador)
Livio Martins Costa Junior (Organizador)
Marcos Antônio Delmondes Bomfim (Organizador)

Anais da I Mostra de Difusão Tecnológica do Programa de


Pós-graduação em Ciência Animal – PPGCA

24 a 26 de maio de 2023

ANAIS 2023 - PPGCA

Chapadinha

UFMA - 2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS DE CHAPADINHA
CAMPUS IV – CHAPADINHA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL - PPGCA

FICHA CATALOGRÁFICA

Anais da I Mostra de Difusão Tecnológica do Programa de Pós-graduação


em Ciência Animal – PPGCA/UFMA:

CONTRIBUIÇÕES DO PPGCA PARA DIFUSÃO TECNOLÓGICA DO BAIXO


PARNAÍBA BRASILEIRO

Chapadinha - MA, 24 a 26 de maio de 2023

Edição Técnica

Anderson de Moura Zanine, Daniele de Jesus Ferreira, Henrique Nunes Parente, Ivo
Alexandre Leme da Cunha, Michelle de Oliveira Maia Parente, Rosane Claudia
Rodrigues, Felipe Barbosa Ribeiro, Jefferson Costa de Siqueira, Livio Martins Costa
Junior, Marcos Antônio Delmondes Bomfim

Revisão Técnica

Fleming Sena Campos, Danillo Marte Pereira, Francisco Naysson de Sousa Santos,
Guilherme Ribeiro Alves, Hactus Souto Cavalcanti, Daphine Cardoso Nagib do
Nascimento, Glayciane Costa Gois, Dilier Olivera Viciedo, Edson Mauro Santos,
Juliana Silva de Oliveira e Luciano Fernandes Sousa

Diagramação

Hactus Souto Cavalcanti, Tomaz de Melo Neto, Glayciane Costa Gois

Arte Gráfica

Hactus Souto Cavalcanti

Chapadinha

UFMA - 2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS DE CHAPADINHA
CAMPUS IV – CHAPADINHA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL - PPGCA

Todos os textos neste livro foram reproduzidos de cópias fornecidas pelos autores e o
conteúdo dos textos é de exclusiva responsabilidade dos mesmos. A organização não se
responsabiliza por consequências decorrentes do uso de quaisquer dados, afirmações
e/ou opiniões inexatas ou que conduzam a erros publicados neste livro de trabalhos.

Dados de Catalogação – CIP

Anais da I Mostra de Difusão Tecnológica do Programa de Pós-graduação


em Ciência Animal – PPGCA/UFMA./ Coordenador: Anderson de
Moura Zanine.— Chapadinha, EDUFMA, 2023.

194 p.:il.
ISBN 978-65-272-0046-8

1. Ciência Animal. 2. Produção animal. 3. Difusão tecnológica. 4. Pós-


Graduação em Ciência Animal - PPGCA. I. Zanine, Anderson Moura.

CDU 636.03
CDD 590

Elaborada por Anna Caroline C. Mendes – Bibliotecária CRB-13/793

Chapadinha
UFMA - 2023
Capítulo 17

SILAGENS MISTAS USADAS NA ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES NO


SEMIÁRIDO BAIANO

Carlos Daniel Costa Geller1, Claudete Maria da Silva Moura2, Glayciane Costa Gois3,
Fleming Sena Campos3, Francisco Naysson de Sousa Santos3, Anderson de Moura3
Zanine3, Daniele de Jesus Ferreira3, Danillo Marte Pereira3, George de Sousa Lima
Paiva4, Júlia Bianca Araújo Marinho4, Gisele Thamires Araújo da Silveira4, Victorya
Maria Ferreira Martins4, Diego Henrique Alves de Sousa5

1
Graduando Bacharelado em Zootecnia. Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia Baiano, Campus Santa Inês, 45320-000, Santa Inês, Bahia, Brasil.
2
Docente do curso Bacharelado em Zootecnia. Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia Baiano, Campus Santa Inês, 45320-000, Santa Inês, Bahia, Brasil.
3
Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. Universidade Federal do Maranhão,
65500-000, Chapadinha, Maranhão, Brasil.
4
Discente do Curso de Zootecnia, Universidade Federal do Maranhão, Chapadinha,
Maranhão, Brasil
5
Discente do Curso de Agronomia, Universidade Federal do Maranhão, Chapadinha,
Maranhão, Brasil

1. Considerações iniciais
O Brasil se destaca pelas condições climáticas favoráveis, propícias para cultivar
forrageiras de clima tropical. O período seco é o mais desafiador entre os pecuaristas
devido a redução de matéria vegetativa, o que torna a atividade cada vez mais desafiadora,
necessitando implementar técnicas e práticas, visando manter o manejo nutricional dos
animais em dia. Logo, estratégias de armazenamento de forragens como silagem é uma
tecnologia que implica na possibilidade de manter a alta disponibilidade de alimento,
mesmo em períodos de escassez hídrica (SILVA et al., 2023).
Um recurso forrageiro de ampla utilização são as capineiras, que se destacam pelo
seu alto índice de produtividade nos períodos secos. Dentre algumas espécies utilizadas
para capineiras destaca-se o capim elefante (Pennisetum purpureum Schum.) (SILVA et

183
al., 2021). No entanto, o capim-elefante necessita ser cortado em estágio de maturação
cujo equilíbrio nutritivo esteja adequado, visando realizar a ensilagem. Uma vez que seu
estágio de maturação está mais acentuado, a forrageira perde seu valor nutricional, isso
acontece porque as porções fibrosas da planta aumentam e servir aos animais apenas essa
fonte de volumoso implica em resultados negativos de conversão alimentar (CUTRIM et
al., 2012; RIBEIRO et al., 2015; MARTINS et al., 2020).
É sabido que capim elefante é amplamente utilizado na confecção de silagens,
porém, problemas relacionados as perdas fermentativas reduzem a qualidade nutricional
da silagem com perdas durante a percolação do efluente (ZANINE et al., 2020). Assim,
pesquisas realizadas na Região Integrada de Desenvolvimento Econômico (Ride) do Polo
de Petrolina/PE e Juazeiro/BA buscam confeccionar silagens com plantas adaptadas a
região semiárida, sendo as plantas ensiladas de forma exclusiva ou associadas de forma
que uma planta forrageira possa complementar as características nutricionais da outra.
A silagem mista é um recurso que vem desempenhando bons resultados na
pecuária nacional (OLIVEIRA et al., 2023). Denominamos de silagens mistas a
associação de duas ou mais plantas forrageiras, podendo ser praticada visando melhorias
na capacidade fermentativa, no valor nutritivo ou ambos (ARCANJO et al., 2016). A
mistura entre as espécies de plantas, gramíneas e leguminosas, é importante, pois, além
das limitações das gramíneas quando ensiladas isoladas, a ensilagem de leguminosas de
forma exclusiva, apresenta fermentação predominantemente realizada por clostrídios.
Levando em consideração o processo de ensilagem, as leguminosas podem alterar o pH
da silagem, provocando algumas leveduras e microrganismos indesejáveis para a
digestibilidade do material fornecido ao animal, a elevação do pH provoca uma
fermentação butírica com alto teor de N-NH3 (ARAÚJO et al., 2022; REIS et al., 2022).
O presente trabalho de revisão foi conduzido com o objetivo de mostrar os
benefícios que a silagem mista proporciona apresentando estudos com as silagens mistas
comumente usadas no Semiárido baiano.

2. Processos de ensilagem
A produção de forragens é um desafio. O manejo inadequado da planta forrageira
durante o seu crescimento e desenvolvimento exerce influência sobre a qualidade
nutricional da planta (NASCIMENTO-RAMOS et al., 2021). Logo, itens como a escolha
da espécie forrageira, cuidados exigidos pela cultura desde a sua implantação, tratos
culturais, fertilidade do solo, composição nutricional, estágio de maturação da forrageira

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e manejo de colheita, são essenciais para se obter uma forragem de qualidade, visando
obter uma silagem com elevado valor nutritivo (MACÊDO et al., 2021).
Em termos conceituais, temos que a silagem é o produto da fermentação de plantas
forrageiras. O processo de ensilagem é um recurso muito importante no quesito produção
animal. A conservação estratégica de forragens visa suprir a demanda alimentar de
animais na estiagem, geralmente conserva-se o excesso de plantas forrageiras produzidas
nas águas, conseguindo assim, manter o gado bem nutrido o ano todo (RAMOS et al.,
2021).
A ensilagem ocorre de forma anaeróbia em silos, possibilitando que seja
conservado o valor nutritivo do alimento, com reduzidas perdas, permitindo o
armazenamento e uso na alimentação de animais, especialmente durante períodos de
escassez de forragem (PAULA et al., 2021). A vedação dos silos é de extrema
importância, evitando o contato direto da silagem com o ar (NEUMANN et al., 2017),
iniciando assim o processo fermentativo da silagem, o qual pode ser dividido em fases:
aeróbia, fermentação em anaerobiose, estabilidade em anaerobiose e fase aeróbia após a
abertura do silo (BORREANI et al., 2018).
A fase aeróbia acontece durante o enchimento do silo e tem duração de algumas
horas. Neste momento ocorre a morte dos tecidos vegetais e a exaustão de oxigênio que
é consumido por microrganismos aeróbios da microbiota da planta, como fungos,
bactérias e leveduras. Essa fase gera um ambiente anaeróbico (segunda fase da
fermentação) e produz compostos bioquímicos que agem na estabilidade da silagem. Se
a planta forrageira for processada adequadamente e ocorrer uma compactação adequada,
com rápida vedação do silo, esta fase pode ser reduzida. Mas, essa fase apresentar uma
maior duração, a temperatura dentro do silo poderá aumentar e perdas de matéria seca
podem ocorrer (SANTOS & ZANINE, 2006; BORREANI et al., 2018).
Na etapa da fermentação em anaerobiose, com a formação dos ácidos orgânicos a
partir dos açúcares presentes no material ensilado, o pH começa a diminuir. Os principais
responsáveis pelo processo fermentativo são bactérias ácido-lácticas (BAL), responsáveis
pela produção de ácido lático que gera rápida queda do pH. A queda do pH é necessária
para que ocorra a inibição da atividade das enzimas responsáveis pela quebra de proteínas.
Ocorre a atuação das enterobactérias e bactérias heterofermentativas e depois as
homofermentativas permanecem em maior proporção. A duração desta etapa é
influenciada pela compactação do silo, teor de carboidratos solúveis das plantas
forrageiras, tempo de enchimento do silo e boa vedação (SANTOS & ZANINE, 2006;

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MACÊDO et al., 2017; PAULA et al., 2021).
A estabilidade em anaerobiose é a etapa em que o pH ácido da silagem e a ausência
de oxigênio permitem que a silagem seja conservada até a abertura do silo, estando a
silagem pronta para ser usada. Durante essa fase, apenas as BAL permanecem em
atividade, entretanto reduzida, o ambiente dentro do silo deve estar completamente
anaeróbio e quase não há mais alterações na composição química do material ensilado
(SANTOS & ZANINE, 2006; MACÊDO et al., 2017; PAULA et al., 2021).
A fase aeróbia após a abertura do silo consiste na entrada do ar após a abertura do
silo, com desenvolvimento de microrganismos aeróbios como leveduras e fungos.
Segundo Siqueira et al. (2005), quando a silagem é exposta ao meio externo,
microrganismos oportunistas invadem, produzindo calor e umidade, influenciando
diretamente na perda de matéria armazenada, de modo que ela se torna substrato para
proliferação de leveduras e bactérias prejudiciais para a silagem. Nesse sentido, o manejo
de abrir o silo deve ser bastante monitorado evitando descobrir mais do que for usar, além
de outros fatores externos que podem furar a lona, permitindo a entrada de ar,
influenciando em perdas (NEUMANN et al., 2017).
Abordaremos nessa revisão exemplos de silagens mistas usadas no Semiárido
Baiano:

3. Silagens mistas a base de de palma forrageira


A palma forrageira é um alimento que apresenta cerca de 85 a 90% de água em
sua composição, sendo bastante utilizada nas regiões do semiárido brasileiro por ser uma
planta suculenta, ou seja, tem a capacidade de acumular líquidos, suportando muito bem
vastos períodos de estiagem (NEFZAOUI et al., 2009). Os cultivares mais importantes
no que diz respeito a estudos realizados são os gêneros Nopalea e Opuntia. Pela grande
disponibilidade no mercado, a palma forrageira tem uma ampla versatilidade de uso, com
isso pode-se utilizá-la de diversas formas na alimentação de ruminantes, dentre as
possibilidades, ela pode ser fornecida diretamente no cocho, mas também é uma
forrageira muito utilizada para o processo de ensilagem visando ter uma reserva
estratégica de alimentos no período seco (GRÜNWALDT et al., 2015).
Para garantir um bom processo químico de fermentação das forragens
envolvidas no processo de ensilagem, o elevado teor de carboidratos não fibrosos presente
na palma forrageira é fundamental, pois servem como substrato para proliferação de
bactérias que convertem os carboidratos presentes na silagem em ácidos orgânicos

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(principalmente em ácido lático) favorecendo no processo de redução do pH, acidificando
o meio, contribuindo para redução de leveduras, que acometem a silagem (MACÊDO et
al. 2017).
A prática da ensilagem de palma forrageira tem se difundido como uma
ferramenta viável para a produção de ruminantes, tendo em vista que a utilização dessa
planta forrageira sob a forma de silagem pode amenizar o déficit hídrico e alimentar os
animais em regiões semiáridas, quando associada a outra planta forrageira (GUSHA et
al., 2015). Devido ao elevado teor de umidade e baixos teores de fibra e proteína bruta,
a palma forrageira deve ser associada a outros ingredientes que possam complementar a
sua composição nutricional durante a confecção da silagem (SILVA et al., 2023). Dessa
forma, a associação da palma forrageira com outras espécies de plantas forrageiras na
elaboração de silagens mistas pode constituir importante alternativa para melhorar as
características nutricionais e fermentativas do material ensilado.
Araújo et al. (2023) ao avaliarem as propriedades nutricionais e produção de gases
in vitro de silagens mistas de palma forrageira e a parte aérea da mandioca (0, 15, 30 e 45
% com base na matéria natural), observaram que a associação das duas plantas forrageiras
na composição da silagem mista melhorou o perfil mineral, as frações de nitrogênio e
carboidratos e reduziu a produção de gases in vitro. Os autores indicam a combinação de
45 % de palma forrageira com 55 % da parte aérea de mandioca em silagens mistas.
Brito et al. (2020) ao avaliarem a inclusão de diferentes níveis de gliricídia (0, 25,
50, 75 e 100 % com base na matéria natural) na composição de silagens mistas a base de
palma forrageira, verificaram que a gliricídia contribuiu com a redução das perdas
fermentativas e com a qualidade nutricional da silagem de palma forrageira. Sá (2020) ao
incluir o feno de gliricídia (0, 10, 20, 30 e 40 % com base na matéria seca) na composição
de silagens mistas a base de palma forrageira verificaram que o feno de gliricídia pode
ser usado em níveis até 30% na silagem de palma forrageira, atuando como aditivo
absorvente e elevando os teores de matéria seca, e proteína bruta.
Santana (2019) ao estudar as características fermentativas e nutricionais de
silagens de palma forrageira associadas ao bagaço de cana-de açúcar, feno de gliricídia e
feno de pornunça, observou que apesar das silagens de palma forrageira com a inclusão
de feno de pornunça ou feno de gliricídia apresentarem maiores teores de fibra e proteína,
a silagem de palma associado a bagaço de cana-de-açúcar proporcionou maior ganho de
peso aos ovinos em relação a silagem tradicional de milho. A autora recomendou o uso
de silagem de palma forrageira associada a bagaço de cana de açúcar na substituição à

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silagem do milho em dietas para ovinos por proporcionar ganho de peso e conversão
alimentar.
Godoi (2018) ao avaliar diferentes silagens a base de palma forrageira (Silagem
de palma forrageira + capim buffel; Silagem de palma forrageira + pornunça; Silagem de
palma forrageira + gliricídia) verificou que todas as silagens testadas apresentaram
resultados similares à silagem do milho (Tratamento controle) nos parâmetros de
desempenho de ovinos em confinamento. O autor recomendou a utilização de silagem de
palma forrageira associada à gliricídia na alimentação de ovinos em regiões semiáridas
pela maior ingestão e composição nutricional. Já Matias et al. (2020) ao estudarem o perfil
fermentativo e nutricional de silagens compostas de palma forrageira e níveis de
maniçoba (25, 50, 75 e 100 % com base na matéria seca) e seu uso em dietas para caprinos
verificaram que a inclusão da maniçoba na silagem de palma forrageira melhorou as
características fermentativas e qualidade nutricional das silagens, elevando os teores de
proteína bruta, extrato etéreo, fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido nas
dietas, promovendo maior consumo desses nutrientes pelos caprinos.
Melo et al. (2022) ao avaliar o processo fermentativo, qualidade nutricional e
estabilidade aeróbia de silagens mistas de palma forrageira com algodão arbóreo
verificaram que a associação de 60 % de palma forrageira e 40 % de algodão arbóreo
altera o perfil fermentativo das silagens, com aumento das perdas fermentativas e redução
do valor nutricional. Assim, os autores recomendam que outros estudos sejam realizados,
com a avaliação de variáveis, para que se possam estabelecer o melhor nível de inclusão
do algodão arbóreo na silagem de palma forrageira.

4. Silagens mistas a base de moringa


A moringa (Moringa oleífera Lam) é uma espécie arbórea rústica, originária da
Índia, pertencente à família Moringacea. É uma planta arbórea adaptada em climas
subtropicais, sendo bem tolerante às secas, suas folhas são constantes o ano todo. Além
de ser altamente palatável, produz elevadas quantidades de forragem com elevados teores
de proteínas, minerais e antioxidantes (VIEIRA et al. 2018).
As folhas de Moringa podem ser utilizadas como suplemento alimentar, para
melhorar a eficiência alimentar e o desempenho animal. A forragem de Moringa pode ser
ofertada aos animais de diversas formas, como trata-se de uma planta de alta
palatabilidade, pode ser oferecida em forma de silagens, desidratada ou submetida a
fenação (OLIVEIRA et al., 2017).

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Mendieta-Araica et al. (2009), ao avaliarem silagens mistas de moringa associada
ao capim elefante ou a cana-de-açúcar verificaram que a concentração de proteína bruta
das silagens foi aumentada, o pH foi reduzido e a produção de ácido láctico se elevou.
Além disso, a associação de moringa e cana-de-açúcar na composição de silagem mista
reduziu as perdas de matéria seca em comparação com a silagem exclusiva de cana-de-
açúcar.
Reis et al. (2022) ao testarem a associação de diferentes níveis de feno de moringa
(0, 10, 20 e 30% em base da matéria seca) na composição de silagens mistas de cana-de-
açúcar sobre o perfil fermentativo e composição nutricional, verificaram que a utilização
da moringa na silagem de cana-de-açúcar como aditivo protéico e dessecante auxilia na
fermentação e redução de perdas, melhorando seu valor nutricional, tornando-se um
excelente ingrediente para compor dietas de pequenos ruminantes. Os autores
recomendam que o uso de até 30% de feno de moringa na silagem de cana-de-açúcar
reduz as perdas fermentativas, a produção de etanol e melhora a qualidade da silagem,
elevando os teores de proteína bruta e energia.

5. Silagens mistas a base de cunhã


A cunhã (Clitoria ternatea Linn) é uma leguminosa amplamente encontrada na
região semiárida devido a sua alta adaptabilidade e resistência (LEMOS et al., 2021). Esta
leguminosa apresenta teores de matéria seca, proteína bruta e fibra em detergente neutro
(ARAÚJO et al., 2022; UMAMI et al., 2022). Sua composição nutricional contribui para
a melhoria das características nutricionais de silagens mistas. Fato observado por Almeida
et al. (2023) ao avaliar o efeito da inclusão de 30 % de feno de cunhã em silagens de
milho com e sem espigas. Os autores observaram que as silagens de milho sem espigas
associadas a 30 % de feno de cunhã apresentaram melhores valores de ácidos orgânicos
e menores perdas fermentativas.
Ao avaliar o perfil fermentativo, composição química, produção de gases in vitro
e cinética da degradação ruminal de silagens mistas de cana-de-açúcar associadas a
diferentes níveis de feno de cunhã (0, 10, 20 e 30% em base da matéria seca), Ramos et
al. (2023) observaram que a utilização do feno de cunhã como aditivo sequestrador de
umidade na composição de silagens mistas de cana-de-açúcar, auxilia na fermentação e
na redução de perdas, melhorando o valor nutricional das silagens. Os autores
recomendam a utilização de até 20% de feno de cunhã na silagem de cana-de-açúcar, por
apresentar melhores respostas relacionadas a redução das perdas fermentativas e aumento

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nos teores de proteína e energia, além de proporcionar redução das frações fibrosas,
tornando as silagens um excelente alimento para ser incluído em dietas para ruminantes.
Nunes (2018) ao confeccionar silagens mistas de milho, capim elefante, sorgo e
milheto com 20 % de feno de cunhã verificou que a adição de 20% de feno cunhã
aumentou os teores de matéria seca e proteína bruta das silagens e recomendou o uso de
silagem de sorgo e milho com adição de 20% de feno de ervilha-borboleta para uso na
alimentação de ovinos por melhora a digestibilidade da silagem e proporciona maior
ganho de peso.

6. Considerações finais
O cenário de criação animal no país apresenta um grande avanço tecnológico, em
virtude de estratégias que podem ser implementadas nas propriedades rurais, com base na
redução de custos em alimentação dos rebanhos e técnicas de armazenamento de
forragens. As silagens mistas têm como objetivo, aumentar o perfil fermentativo e o valor
proteico do produto final, além de servir como reserva estratégica de forragens para
utilização no período de escassez de chuvas.

7. Referências
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