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UCSal – UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR

DISCIPLINA: COMUNICAÇÃO COMPARADA

ORIENTADOR: PROFESSOR ALFONS ALTMICKS

ALUNO: DEVSON DOS SANTOS BORGES

RESENHA CRÍTICA: RELAÇÃO ENTRE ARTE E FOTOGRAFIA

A fotografia, antes de qualquer outra alusão desde seu surgimento, é uma linguagem. E, como linguagem, tem
como artifício arquivar, imageticamente, um momento – desde o fotojornalismo ao estudo científico.
Etimologicamente, “fotografia”, derivada de photós (luz) e graphía (escrita), significa “escrita da luz” ou
“desenhar com luz”, como um ícone em meio a sua materialidade. “Em outras palavras, a fotografia,
considerada no resultado visual que ela acaba por oferecer [...] como a representação [...] que estaria na origem
da pintura, só seriam estritamente indiciais em sua primeira fase constitutiva, nas condições de produção do
signo (a transformação direta do referente numa tela contígua a partir de um jogo de ótica de projeção
luminosa). Mas, a partir do momento em que a imagem-índice assim produzida pretende se inscrever a longo
prazo, se fixar para a memória, isso é, a partir do momento em que a imagem pretende ultrapassar seu referente,
eternizá-lo, congelá-lo na representação, portanto substituir, como traço detido, sua ausência inelutável, então
essa imagem perde parte do que constitui sua pureza indicial, perde sua conexão temporal. O índice torna-se
parcialmente autônomo. Abre-se para a iconização [...] e [...] demarcando fronteiras [abre-se] para a morte. Ao
matar a indexação com o tempo referencial, a fixação iconizante assinala o início do trabalho de morte da
representação [e] mumifica.” (DUBOIS, 2007, p. 121) É assim que a fotografia se faz signo pelo que se
apresenta pelos aspectos de luz, cores, formas e a intercomunicação (ou não) desses elementos. “Neste aspecto
há uma aproximação com a arte, ou seja, à medida que a fotografia tende a prevalecer como ícone.” (RAMOS,
2009), o que ocorreu, por aproximação da questão indicial, com a arte pictória no período do Realismo
estendendo-se ao Renascimento: nos quesitos da representação da realidade com a mesma objetividade, não
cabendo ao artista melhorar artisticamente a natureza visto que a beleza está na realidade tal qual como ela é.
Porém, o fato de, nessas pinturas realistas e/ou renascentistas, se estarem presentes a revelação dos aspectos
mais característicos e expressivos da tal realidade; ou seja: a partir da visão particular do artista destacada na
tela, iniciou-se “fotografia versus arte”. Assim, surge, por volta de 1960, a Arte Conceitual, que determina a
importância da teoria por trás de qualquer obra “artística” materializada; isto é: a transformação de um conceito
ou ideal ou vago pensamento ou discussão proposta ou mera provocação ora apresentado pelo viés artístico,

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inclusive a fotografia. Assim, a fotografia torna-se mais do que uma linguagem, torna-se uma arte – resultante-
além do tão somente domínio da técnica.

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