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RESUMO
A sociedade hodierna vem sofrendo diversas crises em seu contexto social, econômico,
político e religioso. Este cenário não é tão diferente da situação em que Jesus e seus
discípulos vivenciaram na Palestina do 1º século da era atual. Muitos movimentos sur-
giram como proposta para a resolução dos problemas e conflitos na sociedade daquele
tempo, inclusive com o emprego da violência. Na contramão desta atitude, o movimento
de Jesus, inspirado no profetismo antigo, surgiu com o objetivo de pacificar e ser uma
resposta frente aos dramas vivenciados pelo povo. Portanto, que relevância o movimento
profético de Jesus teve para a Palestina do 1º século? Este estudo procurará responder
esta questão e destacar a importância que os seguidores de Jesus têm na continuidade
desta missão outorgada pelo seu líder maior, Jesus de Nazaré.
Palavras-chave: Movimento de Jesus; Jesus histórico; profetismo; discipulado; Palestina.
ABSTRACT
Modern society has been suffering multiple crises in its social, economic, political and
religious context. This scenario is not so different from the situation Jesus and his disciples
experienced. Many movements emerged as a proposal for the resolution of problems and
conflicts in society at that time, including the use of violence. Opposing this attitude, the
Jesus movement, inspired by the ancient prophecy, arose with the aim of pacifying and
being a response to the conflicts experienced by the people. So what relevance did Jesus’
prophetic movement have on 1st century Palestine? This study will seek to answer this
question and highlight the importance that the followers of Jesus have in continuing this
mission bestowed by their greatest leader, Jesus of Nazareth.
Keywords: Movement of Jesus; Historical Jesus; prophetism; discipleship; Palestine.
RESUMEN
La sociedad actual ha sufrido varias crisis en su contexto social, económico, político y
religioso. Este escenario no es tan diferente de la situación en la que Jesús y sus discípulos
experimentaron en la Palestina del siglo 1 de la era actual. Muchos movimientos surgieron
Introdução
Contexto político
Herodes Magno foi colocado no poder por designação direta do senado romano. Militar,
e com o apoio do exército romano, Herodes levou três anos para chegar efetivamente
no poder, em 37 a. C. Daí em diante governou com mão de ferro (...) Ele manteve a
estrutura social e o próprio sumo sacerdote como parte de seu regime. Construiu um
palácio modelo que se tornou ponto turístico para romanos e lugar de peregrinação
para os judeus da diáspora de cidades helênicas. (CARNEIRO, 2019, p. 25).
Além de ser uma forma muito eficaz de causar terror, a crucificação era um modo
de humilhar absolutamente povos subjugados. Deixar os corpos na cruz como presa
para aves e animais e não sepultá-los era a forma mais requintada de desumanização.
(HORSLEY, 2004, p. 36).
Contexto socioeconômico
Os pobres produzem “excedentes” que são controlados pelos ricos, com a consequ-
ência de que se tornam quase inevitáveis os conflitos entre os dois grupos. Os ricos
e poderosos tendem a usar e abusar do seu poder de maneira prejudicial e injusta
para os camponeses. Os produtores rurais desenvolvem hostilidades e ressentimentos
que fazem com que os poderosos temam que os pobres se vinguem. (HORSLEY;
HANSON, 1995, p. 22).
Isso faz supor que a parábola proferida por Jesus sobre a vinha (Mc
12.1-9) sirva como exemplo sobre a tensão existente entre essas duas
classes naquela sociedade. E também tem o “sermão da planície” de Lucas
(Lc 6.20,24) que Jesus discursa profeticamente consolando os pobres e
condenando os ricos exploradores.
Além disso, o domínio romano na Palestina judaica trouxe sérios pre-
juízos, principalmente para a classe mais fraca. Um dos fatores que mais
causavam revoltas eram as altas taxas tributárias. “Para os camponeses
judeus, a dominação herodiana e romana geralmente significava pesada
tributação e, mais do que isso, uma séria ameaça para a sua existência,
visto que muitos foram expulsos das suas terras” (HORSLEY; HANSON,
Movimentos de resistências
tanto os judeus da Galileia quanto os da Judeia sentiam a opressão com muita revolta
e desejo de mudar a situação. Movimentos de rebelião e insurreição eram comuns,
mas todos abafados com muita violência pelos romanos, o que tornava o povo te-
meroso e muitas vezes retraído. (CARNEIRO, 2019, p. 27-28).
Jesus se apresenta como alguém que reage contra a ordem religiosa estabelecida.
Saiu, de fato, do judaísmo carismático, e veste o manto de profeta, proclama uma
mensagem (até mesmo subversiva) que incomoda as autoridades religiosas da sua
época, realiza milagres, cura os enfermos e anuncia a vinda iminente do Reino de
Deus. É “um profeta poderoso em obra e em palavra, diante de Deus e de todo o
povo”, dirão os discípulos de Emaús (cf. Lucas 24,19). (BONNEAU, 2003, p. 12-13).
faltam alguns sinais típicos de uma missão profética. Não há uma única tradição que
relate o chamado de Jesus (a menos que se queira ver essa tradição no batismo de
Jesus como o descreve Mc 1,9-11). Não há visões, audições ou histórias de comis-
sionamento. As palavras de Jesus não são introduzidas com a fórmula: “Assim diz
o Senhor”. Nada é dito sobre Jesus tentando expressar sua missão profética em seu
comportamento externo ou em seu modo de vestir (como de fato está registrado a
respeito de João Batista, ver Mc 1,6). (KOESTER, 2005, p. 90).
Nela ele não faz milagres, apenas prega denunciando injustiças e convidando ao
arrependimento. Também é às portas de Jerusalém que ele profere o duro sermão
escatológico, em que anuncia a destruição do Templo e o final dos tempos. Jerusalém
aparece apenas como o palco da execução do profeta justo e do juízo no final dos
tempos. (NOGUEIRA, 2020, p. 39).
Jesus organiza seu grupo amplo de discípulos, os setenta e dois, em grupos de dois e
os envia como “mendigos” do reino. Eles deveriam viajar pelos sertões da Galileia,
e além, visitando aldeias, entrando nas casas, abençoando, curando enfermos, e
anunciando: “O Reino de Deus está próximo de vós!”. (NOGUEIRA, 2020, p. 40).
Dentre o grupo dos Doze estão aqueles que foram escolhidos particu-
larmente por Jesus. O número doze é simbólico a partir da tradição antiga
baseado nas doze tribos de Israel, que dentro da perspectiva do movimento
profético de Jesus se estabelece ao focar na renovação de Israel.
Considerações finais
Referências bibliográficas