Você está na página 1de 3

MODELO DE PROJETO DE LEI / PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR

PROJETO DE ________________ Nº 500, DE 2023


(Do Sr. ou Sra. ___________)

Dispõe sobre o enquadramento das mulheres transgêneros para fins de


concessão de aposentadoria, acrescenta dispositivos à Lei n° 8.213, de 24 de
julho de 1991, e dá outras providências.
O Congresso Nacional decreta:

Art. 29-C.................................................................................................................

Parágrafo Único: Para preenchimento de requisito, são consideradas mulheres


as biologicamente concebidas e mulheres transgêneros, as quais vivem sua
identidade de gênero por tempo superior a 05 (cinco) anteriores a seu
requerimento de aposentadoria, reservado ao Instituto Nacional da Seguridade
Social o direito de exigir documentos ou testemunhas que o comprovem.

Art. 48 .................................................................................................................

Parágrafo Único: Para preenchimento de requisito, são consideradas mulheres


as biologicamente concebidas e mulheres transgêneros, as quais vivem sua
identidade de gênero por tempo superior a 05 (cinco) anos anteriores a seu
requerimento de aposentadoria, reservado ao Instituto Nacional da Seguridade
Social o direito de exigir documentos ou testemunhas que o comprovem.

Art. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Justificativa

Esta proposta de lei tem por finalidade regulamentar o enquadramento de


mulheres transgêneros no Direito Previdenciário para fins de aposentadoria,
assim como criar critérios objetivos para evitar fraudes contra os cofres
públicos.

Há a necessidade de proteção, na esfera previdenciária,


às mulheres transgêneros, como forma de garantir eficazmente uma existência
digna, preservando, assim, o macro princípio que é o princípio da dignidade
humana, bem como aos direitos correlatos, quais sejam: o direito à
autodeterminação, à disposição do próprio corpo, à proteção da identidade
humana, à ausência de discriminação, o princípio da igualdade. Proteger sua
dignidade humana para além do seu direito de alteração do nome e sexo no
Registro Civil, mas o consequente e necessário reconhecimento como mulher,
aposentar-se pelo tempo designado para mulher como mulher que é, ainda que
a adequação à sua psique não tenha sido perfeita, seja por questões
financeiras, seja por causa de traços biológicos, como exemplo o
pomo-de-adão.

Sem a regulamentação proposta, o grupo fica à mercê da


convicção pessoal de servidores na esfera administrativa, e de juízes na esfera
judicial, já que em não havendo lei ou mesmo Regulamento Interno do Instituto
Nacional da Seguridade Social que trate objetivamente deste tipo de caso, na
via administrativa usam como argumento que o pedido foi indeferido para
melhores análises por dúvida jurídica, sem prazo para solução, e não há a
quem recorrer senão ao Judiciário para garantir o acesso à aposentadoria,
direito fundamental de natureza social, que é a inatividade remunerada,
assegurada a todos, conforme dispõe a Constituição Federal/Carta Magna do
Brasil no “caput” do artigo 5º, onde se depara novamente com a convicção
pessoal do receptor de sua demanda, magistrado designado pelo setor de
distribuição e sorteio.

É imprescindível a presente regulamentação proposta, visto que se


enfrenta o mesmo que ocorreu quando da criação do crime de feminicídio,
onde pôs-se em pauta se a mulher transgênero também deveria ser
considerada uma mulher, para os fins que se dispunha a tipificação legal
supramencionada. Imprescindível de modo a garantir, portanto, a equidade, a
dignidade da pessoa humana e seus micro princípios, não garantidos por
completo à mulher transgênero, pois reconhecido os direitos à alteração de
nome e sexo no registro civil, a adequação de sexo pelo SUS, mas não
legislando assuntos-consequência. Tudo quanto exposto no trabalho do qual
provém a presente proposta, disponibilizado na íntegra e apoiado pelo Instituto
Brasileiro de Direito Constitucional (IBDC), pela pessoa da Dra. Maria Garcia,
renomada professora da academia brasileira, membro do comitê de Bioética do
HCOR e HCFMUSP, membro-fundador e atual Diretora Geral do IBDC, com
longa trajetória e renome perante a Classe Jurídica.

O alto constrangimento em ainda não existir a regulamentação aqui


proposta, se inicia no âmbito administrativo e se dá pelas duas únicas
situações possíveis para o analisador do INSS certificar-se de que está lidando
com uma pessoa que de fato é uma mulher transgênero e assim se apresenta
para o mundo: 1) indeferir o benefício sem maiores questionamentos,
cerceando um direito líquido e certo, ou 2) questionar se a pessoa de fato se
identifica e vive como mulher, ou mesmo levar o caso para outro patamar
sujeitando a solicitante ao preconceito de outros analisadores revisores e sem
prazo para solução.

Essa sujeição ao livre entendimento de responsáveis pela análise, seja


atendente do INSS, seu superior ou mesmo de um Juiz togado, os quais
utilizam de seus valores pessoais para aplicar normas existentes, é
extremamente complicada pois deixa a pessoa interessada à mercê de
eventual pensamento contrário, o que não ocorreria se existisse uma norma
que em seu texto desse o comando: “Verifique, enquadra-se em x, y e z
critério? Se sim, aplique o direito”, como ocorre com os demais.

O presente projeto visa garantir a dignidade da pessoa humana à


mulheres transgêneros, dentre outros direitos, tornando a lei objetiva, bem
como fechando margem para fraudes e lesão ao erário, por parte de pessoas
de má-fé que alterem seus documentos na esperança de obter vantagem se
apresentando como transgêneros supostamente sem transformação “perfeita”,
resguardando o direito ao Instituto Nacional do Seguro Social exigir
documentos comprobatórios.

À vista do exposto, contamos com o apoio dos Nobres Pares nesta iniciativa.

Sala de sessões, em 20 de janeiro de 2023


Deputado(a) ___________

Você também pode gostar