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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL - CCJ0129

Título
Caso Concreto - Semana 13

Descrição
Caso Concreto

Desenvolvimento
A intertextualidade - pluralidade de leituras e sentidos, como já estudado, é o processo de
incorporação de um texto em outro, seja para produzir o sentido incorporado, seja para
transformá-lo.

Intertextualidade é, pois, a propriedade de os textos se relacionarem.

Questão 1

Analise os três textos a seguir, identifique e comente sobre o tema abordado e a


organização intertextual de cada um deles, traçando semelhanças e diferenças entre eles.
Não se esqueça de que o leitor competente deve compreender o que lê; como também
saber ler o que não está escrito, identificando elementos implícitos; estabelecer relações
entre o texto que lê e outros textos já lidos; saber que vários sentidos podem ser
atribuídos a um texto; conseguir justificar e validar a sua leitura a partir da localização de
elementos discursivos.

Texto 1

Sou compulsiva, eu sei. Limpeza e arrumação. Todos os dias boto a mesa, tiro a
mesa. Café, almoço, jantar. E pilhas de louça na pia, e espumas redentoras. Todos os dias
entro nos quartos, desfaço camas, desarrumo berços, lençóis ao alto como velas. Para
tudo arrumar depois, alisando colchas de crochê.

Sou caprichosa, eu sei. Desce o pó sobre os móveis. Que eu colho na flanela. Escurecem-
se as pratas. Que eu esfrego com a camurça. A aranha tece. Que eu enxoto. A traça rói.
Que eu esmago. O cupim voa. Que eu afogo na água da tigela sob a luz.

E de vassoura em punho gasto tapetes persas.

Sou perseverante, eu sei. À mesa que ponho ninguém senta. Nas camas que arrumo
ninguém dorme. Não há ninguém nesta casa, vazia há tanto tempo.
Mas, sem tarefas domésticas, como preencher de feminina honradez a minha vida??

(COLASANTI. Contos de amor rasgado. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.)

Texto 2

Somente uma mulher, e dona de casa, sabe e reconhece a grande tarefa que é bem dirigir
uma casa. A dona de casa tem de ser, antes de tudo, uma economista, uma? equilibrista?
das finanças, principalmente com as dificuldades da vida atual. O lar é o lugar onde
devemos encontrar a nossa paz de espírito num ambiente limpo, sadio e agradável e cabe
à mulher providenciar isso.

Muitas erram ao fazer de sua casa uma vitrina permanente onde não há liberdade para o
marido fumar o seu cachimbo, para o filhinho brincar. [...]

A boa dona de casa é a que sabe dar ordens e acompanha de perto a sua execução. É a
que mantém a limpeza, a ordem, o capricho em sua casa, sem fazer desta um eterno local
de cerimônias, de deveres, onde tudo é proibido. É a que faz de sua casa o lugar de
descanso, da felicidade do marido e dos filhos, onde eles se sentem realmente bem, à
vontade, e são bem tratados. O melhor lugar do mundo.?

LISPECTOR, Clarice. Correio feminino. Org. Aparecida Maria Nunes. Rio de Janeiro:
Rocco, 2006, p.45

Texto 3

Sou eu que começo? Não sei bem o que dizer sobre mim. Não me sinto uma mulher
como as outras. Por exemplo, odeio falar sobre crianças, empregadas e liquidações.
Tenho vontade de cometer haraquiri quando me convidam para um chá de fraldas e me
sinto esquisita à beça usando um lencinho amarrado no pescoço. Mas segui todos os
mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei
nervosa com o primeiro beijo.

Quem me vê caminhando na rua, de salto alto e delineador, jura que sou tão feminina
quanto as outras: ninguém desconfia do meu hermafroditismo cerebral.

Adoro massas cinzentas, detesto cor-de-rosa. Penso como um homem, mas sinto como
mulher.
Não me considero vítima de nada. Sou autoritária, teimosa e um verdadeiro desastre
na cozinha.

Peça para eu arrumar uma cama e estrague meu dia. Vida doméstica é para os gatos.

[...] Sou tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, porém
traída pela comoção. Num piscar de olhos fico terna, delicada. Acho que sou promíscua,
doutor Lopes. São muitas mulheres numa só, e alguns homens também. Prepare-se para
uma terapia de grupo.

MEDEIROS, Martha. Divã. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. p. 9-11.

Questão 2

Texto I: Os Retirantes (Portinari)

http://www.portinari.org.br/#/acervo/obra/1709

Texto II:

Asa Branca

Quando "oiei" a terra ardendo

Qual a fogueira de São João


Eu perguntei a Deus do céu, ai

Por que tamanha judiação

Eu perguntei a Deus do céu, ai

Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornaia

Nem um pé de "prantação"

Por farta d'água perdi meu gado

Morreu de sede meu alazão

Por farta d'água perdi meu gado

Morreu de sede meu alazão

Inté mesmo a asa branca

Bateu asas do sertão

"Intonce" eu disse, adeus Rosinha

Guarda contigo meu coração

"Intonce" eu disse, adeus Rosinha

Guarda contigo meu coração

Hoje longe, muitas légua

Numa triste solidão

Espero a chuva cair de novo


Pra mim vortar pro meu sertão

Espero a chuva cair de novo

Pra mim vortar pro meu sertão

Quando o verde dos teus "óio"

Se "espaiar" na prantação

Eu te asseguro não chore não, viu

Que eu vortarei, viu

Meu coração

Eu te asseguro não chore não, viu

Que eu vortarei, viu

Meu coração

(Luíz Gonzaga)

Fonte:http://letras.mus.br/luiz-gonzaga/47081/

Entendendo os textos:

O que as obras retratam?

Em qual região do país essa situação ocorre? Por quê?

Qual a relação entre a obra de Portinari e a música de Luís Gonzaga?

Quais as semelhanças entre as obras?

Quais as diferenças?
Em sua opinião qual obra foi criada primeiro? Justifique a sua resposta.

Quais trechos ou estrofes da canção estão relacionados ao quadro de Portinari?

Explique o processo de migração explícito no 7º verso?

Questão 3:

Escolha um dos temas abordados (questões 1 ou 2) e, fazendo uso da intertextualidade,


produza um texto

dissertativo.

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