Você está na página 1de 5

Aula de Língua Portuguesa

Professora: Monique Inocencio

Turmas: MSI 321

Atividade de leitura, compreensão e interpretação textual

Texto I

Adianta votar nulo? (Liliana Pinheiro)


O voto nulo é um protesto que funciona? Tem algum poder para pressionar o governo? Saiba o que
sociólogos e políticos acham da questão mais polêmica das eleições.

Você liga a TV e as mesmas palavras aparecem: desvio de dinheiro público, improbidade


administrativa, caixa 2. Sem falar nos deslizes que os governos cometem mesmo quando são bem-
intencionados. Diante de tanta desilusão com a política no Brasil, muita gente decide chutar o balde, recusar
todos os candidatos de uma vez e votar nulo. Outros se perguntam se, afinal de contas, o ato de anular tem
algum valor para melhorar o país. A favor ou contra o voto nulo, todos concordam que o atual sistema
político do Brasil tem problemas muito mais profundos que a escolha de um ou outro candidato. Segundo o
IBGE, mais de 30% dos brasileiros não sabem quem é o governador de seu estado e só 18% praticaram
alguma ação política, como fazer uma reclamação ou preencher um abaixo-assinado. “A democracia virou
um espetáculo de televisão que emerge apenas durante a época de eleições”, afirma o sociólogo Edson
Passetti, para quem votar nulo não serve para eliminar corruptos da política, mas pode funcionar como uma
crítica generalizada. “Optar pelo voto nulo é saudável como protesto contra todo um sistema.”
E o que aconteceria se a maior parte dos eleitores votasse nulo? Ninguém sabe, nem mesmo o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). Um passeio pela internet propicia uma festa de aberrações na forma de campanhas
pela anulação. Afirma-se, por exemplo, que os pleitos (para cargos majoritários ou proporcionais) seriam
cancelados caso houvesse mais de 50% de votos nulos. Isso é conversa fiada, avisa o TSE. No caso da
eleição para deputados federais, estaduais e senadores, pode haver maioria folgada de votos nulos, que,
ainda assim, os deputados tomarão posse. Mesmo se tiverem meia dúzia de votos. A Constituição garante
que servem somente os votos válidos (excluindo-se os nulos e brancos) e ponto final. Já no caso de
presidente e governador, nem o TSE tem certeza do que aconteceria. É que existem duas leis conflitantes
sobre o tema. A Constituição, de 1988, reza que valem só os votos válidos. Mas o Código Eleitoral, de 1965,
prevê a anulação em caso de mais de 50% de votos nulos numa eleição majoritária. Se isso ocorrer, o
impasse deve seguir para julgamento do TSE e depois do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiria ao
sabor da pressão política. A democracia no Brasil provavelmente ficaria abalada. A insegurança política
resvalaria na economia, com os investidores estrangeiros retirando seus dólares do país. Mas enquanto o
voto nulo ficar como quarta ou quinta preferência do eleitor, por volta dos 10% dos votos, é difícil que vire
pressão política.
Quando o país votava escrevendo em cédulas de papel, era comum aparecerem entre os vencedores
personagens esquisitos, como o rinoceronte Cacareco, campeão de votos a vereador de São Paulo em 1958,
ou o bode Cheiroso, eleito vereador em Pernambuco. Hoje, sem a cédula de papel, os bichos estão fora da
votação. Para protestar na urna eletrônica, ou se digita um número inexistente ou se escolhe um candidato
pitoresco. Sem se valer de bichos ou candidatos diferentões, o voto nulo perde efeito. “Os corruptos não
darão a mínima. Estão blindados por seus partidos”, afirma o cientista político Bolívar Lamounier. É por
isso que a maioria dos intelectuais e especialistas em política considera o voto nulo uma bobagem. “Dar uma
de avestruz, enfiando a cabeça na areia e deixar o vendaval passar, é a melhor forma de comprometer
negativamente o futuro do país”, disse à Revista Superinteressante o presidente do TSE. Para ele, já é
suficiente fazer uma escolha responsável, que diminua o poder dos corruptos: “O voto nulo só beneficia os
que cometeram desvios de conduta no exercício do poder.” Para Fernando Gabeira, se os sujeitos
informados optarem por não fazer escolhas, a eleição será decidida por cidadãos menos esclarecidos. “O
voto nulo vai favorecer patrimonialistas ou, melhor dizendo, ladrões. Eles têm muito dinheiro para gastar
nas campanhas políticas e contam com a desinformação do eleitor”, afirma. Mas e se quem votasse nulo
fossem os menos informados, e não os eleitores conscientes? Desse ponto de vista, o voto nulo não serve
como protesto, mas como exercício de consciência: se o eleitor não conhece os candidatos bem o suficiente
para votar neles, é melhor ficar quieto e não votar em ninguém.
Como você vê, há argumentos suficientes para escolher um dos candidatos registrados no TSE ou
anular. O voto nulo pode ser um direito jogado fora, mas também uma escolha consciente de quem não se
sente apto para tomar uma decisão ou uma forma de protesto. Votando nulo ou não, o que não vale é o
eleitor não pensar no que faz.
Adaptado da Revista Superinteressante.
Disponível em http://super.abril.com.br/cultura/adianta-votar-nulo-446574.shtml. Último acesso em 20/10/2014.

Questão 01
O principal objetivo da reportagem “Adianta votar nulo?” é
(A) fazer apologia ao voto nulo, argumentando que se trata de uma eficiente estratégia de protesto político.
(B) apresentar pontos de vista diferentes sobre o voto nulo para que o leitor possa tomar sua própria decisão.
(C) convencer o leitor a não votar nulo, demonstrando que essa atitude prejudica o processo eleitoral.
(D) conscientizar o leitor de que o voto nulo é a única forma de o cidadão intervir na vida política do país.

Questão 02
Releia o trecho: E o que aconteceria se a maior parte dos eleitores votasse nulo?

A pergunta que inicia o segundo parágrafo da reportagem tem a função de

(A) indicar que o leitor é certamente conhecedor da possível resposta.


(B) demonstrar perplexidade pela falta de explicação para um fato.
(C) introduzir uma explicação a respeito do assunto questionado.
(D) duvidar da possibilidade de os votos nulos chegarem a tal patamar.

Questão 03
Observe o fragmento: “A democracia virou um espetáculo de televisão que emerge apenas durante a época
de eleições”, afirma o sociólogo Edson Passetti, para quem votar nulo não serve para eliminar corruptos
da política, mas pode funcionar como uma crítica generalizada. “Optar pelo voto nulo é saudável como
protesto contra todo um sistema.”

O uso das aspas nesse trecho tem a função de

(A) assinalar o uso do discurso indireto livre nas falas do sociólogo.


(B) mostrar que a jornalista autora do texto discorda das opiniões do sociólogo.
(C) indicar que os trechos destacados foram enunciados pelo sociólogo citado.
(D) ironizar as opiniões emitidas pelo sociólogo, vistas como ultrapassadas.

Questão 04
A reportagem menciona o bode Cheiroso, eleito vereador em Pernambuco (Linha xx). Pode-se afirmar que
o trecho
(A) refere-se a um vereador que não se barbeava nem cheirava bem.
(B) apresenta a palavra “eleito” sendo usada de forma irônica.
(C) defende que o animal bode assumiu efetivamente um cargo público.
(D) mostra que, em Pernambuco, um homem chamado Cheiroso foi vereador.
Questão 05
Leia a seguinte passagem do texto: A democracia no Brasil provavelmente ficaria abalada. A insegurança
política resvalaria na economia, com os investidores estrangeiros retirando seus dólares do país. (Linha x)

Nesse trecho, o emprego do advérbio e do futuro do pretérito do indicativo nas formas verbais tem a função
de
(A) expor a condição para que esses acontecimentos se concretizem.
(B) sinalizar que esses acontecimentos ocorreram no passado.
(C) elencar acontecimentos que ocorrerão obrigatoriamente.
(D) indicar que os acontecimentos citados são hipotéticos.

Questão 06
Assinale a alternativa em que a preposição destacada tem o mesmo significado observado no seguinte
enunciado: Para protestar na urna eletrônica, ou se digita um número inexistente ou se escolhe um
candidato pitoresco. (Linha x)

(A) Para ele, já é suficiente fazer uma escolha responsável, que diminua o poder dos corruptos.
(B) Se isso ocorrer, o impasse deve seguir para julgamento do TSE e depois do Supremo Tribunal Federal
(STF), que decidiria ao sabor da pressão política.
(C) Outros se perguntam se, afinal de contas, o ato de anular tem algum valor para melhorar o país.
(D) Para Fernando Gabeira, se os sujeitos informados optarem por não fazer escolhas, a eleição será
decidida por cidadãos menos esclarecidos.

Questão 07
Releia o trecho: Se isso ocorrer, o impasse deve seguir para julgamento do TSE e depois do Supremo
Tribunal Federal (STF), que decidiria ao sabor da pressão política. A democracia no Brasil provavelmente
ficaria abalada.

O conectivo mais adequado para unir essas duas frases do texto em apenas uma sentença, levando em conta
o sentido da frase e o rigor gramatical, é
(A) onde
(B) todavia
(C) assim
(D) porque

Questão 08
Ainda sobre o trecho: É por isso que a maioria dos intelectuais e especialistas em política considera o voto
nulo uma bobagem. (Linha x)

A formal verbal sublinhada encontra-se no singular porque estabelece relação de concordância com o termo
(A) política.
(B) intelectuais.
(C) especialistas.
(D) maioria.
Texto II

Questão 9

Comprando a charge de Bruno Drummond e a reportagem “Adianta votar nulo?”, pode-se concluir que:
(A) a reportagem e a charge defendem como ideia primordial que o voto nulo representa a manifestação da
alienação política do eleitor.
(B) o principal objetivo da reportagem e da charge é fazer apologia à adoção do voto nulo como forma de
protesto político.
(C) ao contrário da charge, a reportagem limita-se a elencar argumentos a favor e contra o voto nulo, sem se
posicionar a respeito.
(D) assim como a reportagem, a charge limita-se a elencar argumentos a favor e contra o voto nulo, sem se
posicionar a respeito.

Proposta de Redação
A mesma reportagem da revista Superinteressante, que serviu de base para as questões de língua portuguesa,
apresentou os seguintes argumentos a favor e contra o voto nulo:

VOTE NULO
• Votar é um ato de renunciar à própria liberdade. Não precisamos de líderes para nos impor leis e criar
regras que limitam nossos direitos.
• A democracia se tornou um espetáculo de televisão. O eleitor escolhe candidatos como produtos. É preciso
negar esse sistema.
• Não é possível mudar o sistema político por dentro dele. A política muda as pessoas, levando qualquer um
à corrupção.
• Os candidatos são cada vez mais parecidos. A briga entre eles é falsa e serve para que ainda haja esperança
na democracia e para que continuem no poder.
• Se o eleitor não está contente com nenhum candidato, tem o direito de anular. É uma escolha legítima
como qualquer outra.
• Política não é só voto, também é pressão e participação pública. As eleições sugerem que não há outra
atitude política além do voto.
• Se o eleitor não conhece os candidatos, corre o risco de votar em corruptos. Portanto, sua melhor opção é
anular.
NÃO VOTE NULO
• É claro que precisamos de líderes e representantes de nossas opiniões e desejos. Uma sociedade sem
líderes seria anárquica e acabaria em barbárie.
• O voto nulo tem pouco valor como protesto, já que os políticos brasileiros não se importam com a opinião
do eleitor.
• Mesmo se a maioria da população anulasse o voto, não haveria efeito nenhum, já que a Constituição
considera apenas os votos válidos.
• A corrupção no Brasil está concentrada em alguns grupos. Basta evitá-los e conhecer bem os candidatos,
para a política melhorar.
• Anular é uma atitude alienada de quem não se importa com o rumo do país. Retirar-se da discussão é fácil,
porém perigoso.
• A política não é só voto, mas ele é uma peça importante para decidir os rumos do país e não exclui outras
formas de ação política.
• Se as pessoas conscientes anularem o voto, a eleição será decidida apenas pelos menos capacitados.
Revista Superinteressante.
Disponível em: http://super.abril.com.br/cultura/adianta-votar-nulo-446574.shtml. Último acesso em 20/10/2014.

A partir da leitura dos textos desta prova e de uma reflexão pessoal sobre o assunto, produza um texto
opinativo sobre o seguinte questionamento:

O voto nulo é uma forma eficiente de manifestar a insatisfação com os rumos da política ou representa
o desperdício da oportunidade de escolher o melhor rumo para o país?

Para produzir seu texto, siga estas instruções:


- NÃO redija um poema.
- NÃO copie trechos dos textos da prova.
- Atribua um título a seu texto.
- Empregue a norma culta da língua portuguesa
- Faça letra legível.
- Transcreva o seu texto à caneta para a FOLHA DE REDAÇÃO. O rascunho não será considerado.
- Produza um texto de 10 a 20 linhas. Texto com menos de 10 linhas será considerado em branco.

Você também pode gostar