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em Epidemiologia da
Atividade Física em
Pelotas-RS
L O
N
Duas décadas de pesquisa
em Epidemiologia da
Atividade Física em
Pelotas-RS
L O
N
Reitoria
Reitora: Isabela Fernandes Andrade
Vice-Reitora: Ursula Rosa da Silva
Chefe de Gabinete: Aline Ribeiro Paliga
Pró-Reitora de Ensino: Maria de Fátima Cóssio
Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação: Flávio Fernando Demarco
Pró-Reitor de Extensão e Cultura: Eraldo dos Santos Pinheiro
Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Paulo Roberto Ferreira Júnior
Pró-Reitor Administrativo: Ricardo Hartlebem Peter
Pró-Reitor de Gestão da Informação e Comunicação: Julio Carlos Balzano de Mattos
Pró-Reitora de Assuntos Estudantis: Rosane Maria dos Santos Brandão
Pró-Reitora de Gestão de Pessoas: Taís Ullrich Fonseca
Conselho Editorial
Presidente do Conselho Editorial: Ana da Rosa Bandeira
Representantes das Ciências Agrárias: Sandra Mara da Encarnação Fiala Rechsteiner (TITULAR)
Representantes da Área das Ciências Exatas e da Terra: Eder João Lenardão (TITULAR), Daniela Hartwig de Oliveira e
Aline Joana Rolina Wohlmuth Alves dos Santos
Representantes da Área das Ciências Biológicas: Rosangela Ferreira Rodrigues (TITULAR), Francieli Moro Stefanello e
Marla Piumbini Rocha
Representantes da Área das Engenharias: Reginaldo da Nóbrega Tavares (TITULAR), Cláudio Martin Pereira de Pereira e
Jairo Valões de Alencar Ramalho
Representantes da Área das Ciências da Saúde: Fernanda Capella Rugno (TITULAR), Jucimara Baldissarelli e Zayanna
Christina Lopes Lindôso
Representantes da Área das Ciências Sociais Aplicadas: Daniel Lena Marchiori Neto (TITULAR), Bruno Rotta Almeida
e Marislei da Silveira Ribeiro
Representantes da Área das Ciências Humanas: Charles Pereira Pennaforte (TITULAR), Silvana Schimanski e William
Daldegan de Freitas
Representantes da Área das Linguagens e Artes: Chris de Azevedo Ramil (TITULAR), Daniel Soares Duarte e Luís
Fernando Hering Coelho
Duas décadas de pesquisa
em Epidemiologia da
Atividade Física em
Pelotas-RS
Pedro Curi Hallal
Alan Goularte Knuth
Gregore Iven Mielke
Inácio Crochemore-Silva
L
Pelotas, 2023
N
Seção de Pré-Produção
Isabel Cochrane
Administrativo
Suelen Aires Böettge
Administrativo
Seção de Produção
Preparação de originais
Eliana Peter Braz
Administrativo
Catalogação
Madelon Schimmelpfennig Lopes
Filiada à ABEU Administrativo
Revisão textual
Rua Benjamin Constant, 1071 - Porto Anelise Heidrich
Pelotas, RS - Brasil Assistente de Revisão
Fone +55 (53)3284 1684 Suelen Aires Böettge
editora.ufpel@gmail.com Administrativo
Projeto gráfico e diagramação
Fernanda Figueredo Alves
Carolina Abukawa (Bolsista)
Coordenação de projeto
Ana da Rosa Bandeira
Seção de Pós-Produção
Marisa Helena Gonsalves de Moura
Administrativo
Eliana Peter Braz
Administrativo
Michael Pratt,
University of California San Diego
I
t is truly an honor to have the opportunity to write the preface to “Duas déca-
das de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS”. This
book summarizes two decades of great work by my good friends and col-
leagues from the Federal University of Pelotas in Brazil. There is a reason that
the book extends to almost 400 pages. The group led by Pedro Hallal has been
amazingly productive since their first paper in 2003: 235 authors producing 589
scientific articles that have been cited more than 13,000 times. And the breadth
of their work is remarkable as well as indicated by the foci of the chapters of
this volume: Methods and measurement, prevalence, determinants, health ef-
fects, interventions and evaluation, public policy. Perhaps even more stunning
than their remarkable academic productivity is that this group at a university
in a city far from the usual seats of power in Brazil has also had huge influence
on public health and physical education policy in Brazil. One might reasonably
ask, “how could this possibly happen?”. The authors note that a perfect storm of
circumstances brought together research groups in physical education and epi-
demiology at the Federal University of Pelotas 20 years ago, and that the syner-
gies stimulated by this storm led both groups to the very top of their respective
fields in Brazil. But somebody must set the tone and expectations and others
must join in on the work in order to accomplish so much across such a broad
range of topics. It all comes down to people, leadership, and a commitment to
excellence. By mentioning only two visionary leaders I am obviously not telling
the full story, but a great journey must start with somebody setting the pace. In
Pelotas, Cesar Victora and Pedro Hallal have been pace setters, builders, and
mentors whose efforts have been instrumental in turning that perfect storm into
something remarkable. Cesar’s leadership of the Epidemiology Research Group
and the Pelotas Birth Cohorts established a standard of excellence and global
competitiveness that put the Federal University of Pelotas on the global acade-
mic map. But it was his epidemiology doctoral student, Pedro, who provided the
bridge to physical education and then physical activity and public health. Very
few places in the world have brought these two fields together in such a powerful
way. And few leaders have been as successful as Cesar and Pedro in mentoring
new generations of outstanding researchers. Without this combination of com-
mitment to scientific and professional excellence, mentoring, and leadership it
would be impossible to generate the massive scientific and public policy impact
that has come from the physical activity epidemiology research group. A parti-
cularly notable aspect of their work is that from the beginning they have played
at the highest global level. For a university research group in a medium sized city
in an out-of-the way corner of Brazil this cannot have been easy. One might think
that the fortunes of the research group would mirror that of the Pelotas “Futebol”
Club. Brasil de Pelotas is in the 4th Division nationally and in their good years
might compete well in a higher Division in Brazil. But the Research Group on
Physical Activity Epidemiology plays with the big boys. They long since moved
to the First Division in Brazil, then to the Premier League, and now appear re-
gularly in the Champions League. Their passion for and excellence in physical
activity research matches that of their country for “futebol”! And they have been
a bit more successful over the last 20 years than the Seleção Brasileira! I trust that
you will be as impressed as I am as you read this volume.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
I. Duas décadas e uma era de pesquisa em Pelotas, RS 12
EIXO 1—TRAJETÓRIA DE PRODUÇÃO E FORMAÇÃO
II. A tempestade perfeita: o contexto da graduação e pós-graduação
que facilitou a aproximação entre a Educação Física e a Epidemiologia
em Pelotas, RS
20
EIXO 3—DETERMINANTES
VII. Determinantes da atividade física na gestação e primeira infância 100
VIII. Determinantes da atividade física na infância e adolescência 111
IX. Determinantes da atividade física em adultos e idosos 143
EIXO 4—CONSEQUÊNCIAS
X. Consequências da atividade física na gestação e primeira infância 169
XI. Consequências da atividade física na infância e adolescência 188
XII. Consequências da atividade física em adultos 214
XIII. Consequências da atividade física em idosos 237
XIV. Pessoas com deficiência e transtorno do espectro autista 263
EIXO 5—INTERVENÇÕES
XV. Abordagens para intervenções de promoção de atividade física 280
XVI. Inserção dos profissionais de Educação Física no Sistema Único
de Saúde 302
L
APRESENTAÇÃO
N
I
DUAS DÉCADAS E UMA ERA DE PESQUISA
EM PELOTAS, RS
A
s evidências científicas acu- Estudos epidemiológicos clássicos
muladas sobre a atividade fí- do final da década de 1980 mostraram
sica e seus benefícios à saúde a importância da atividade física e
consolidaram um robusto campo de materializaram-na como uma priori-
conhecimento que cresceu ao longo dade de pesquisa nos anos 90. A par-
dos anos no cenário científico nacio- tir de então, ocorreu o fortalecimento
nal e internacional. A área que co- das pesquisas populacionais e o surgi-
nhecemos hoje como atividade física mento de discussões sobre recomen-
e saúde inicia por volta de 1950 com dações de prática de atividade física
os estudos de Jeremy Morris na Ingla- para a saúde2,3. O campo de estudo
terra.1 Nas décadas seguintes diversos originado em 1950, inicialmente sob
liderança norte-americana e europeia,
estudos foram desenvolvidos, ainda
evoluiu gradualmente atingindo mais
que com um enfoque na aptidão física
de mil publicações de artigos científi-
e, em seguida, as pesquisas científicas
cos anualmente e, após os anos 2000,
proporcionaram um melhor entendi-
veio firmar-se com pesquisas de todos
mento específico da atividade física.
12
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
13
I. Duas décadas e uma era de pesquisa em Pelotas, RS
14
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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I. Duas décadas e uma era de pesquisa em Pelotas, RS
16
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
17
I. Duas décadas e uma era de pesquisa em Pelotas, RS
18
S
EIXO 1
L
TRAJETÓRIA DE PRODUÇÃO E FORMAÇÃO
N
II
A TEMPESTADE PERFEITA: O CONTEXTO DA
GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO QUE FACILITOU
A APROXIMAÇÃO ENTRE A EDUCAÇÃO FÍSICA E A
EPIDEMIOLOGIA EM PELOTAS, RS
Airton José Rombaldi; Pedro Curi Hallal
N
o Brasil a formação acadêmi- de fatores que fizeram com que, en-
ca civil em Educação Física tre o final da década de 1990 e o iní-
(nível superior) iniciou-se em cio do novo milênio, houvesse uma
1939, quando foi criada a Escola Na- aproximação entre Educação Física e
cional de Educação Física e Despor- Saúde Pública, no contexto nacional
tos, atual Escola de Educação Física e internacional, e especialmente en-
e Desporto da Universidade Federal tre Educação Física e Epidemiologia
do Rio de Janeiro1. Em nível militar, a no contexto local da Universidade Fe-
Escola de Educação Física do Exérci- deral de Pelotas.
to foi criada antes, em 19222. De acordo com a Universidade
Ao longo da trajetória da área, em Federal de Pelotas, a Escola Supe-
função dos contextos de cada época, rior de Educação Física foi criada em
houve períodos de estreita relação da 1971 sendo reconhecida pelo Decreto
Educação Física com o militarismo, nº. 79.873 do Ministério da Educação,
com o esporte e com a escola. Neste datado de 27 de junho de 1977 e pu-
capítulo, focaremos na combinação
20
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
blicado no Diário Oficial da União em ção (lato sensu), com o primeiro cur-
28 de junho de 19773. so sendo oferecido no ano de 1979, e
A formação em Educação Físi- sendo ofertado praticamente de for-
ca no Brasil e, particularmente na ma ininterrupta até os dias atuais.
Universidade Federal de Pelotas, até Os cursos de pós-graduação lato sen-
a década de 1990, era centrada em su ocorreram em diferentes áreas de
esporte, ginástica e Educação Física concentração, destacando-se as áre-
escolar. Enquanto área, a Educação as de Esportes (Atletismo, Ginástica
Física era alocada pelo Ministério Rítmica, Dança, Voleibol), Ginástica,
da Educação na grande área da Edu- Ginástica Escolar, Educação Psico-
cação. No ano de 1997, por meio da motora, Educação Física Especial,
Resolução 218 do Conselho Nacional Recreação e Lazer, Ginástica Escolar,
de Saúde, a Educação Física migrou Educação Física Séries Iniciais, Edu-
para a grande área da Saúde. Mais ou cação Física de 5ª à 8ª Séries, Educa-
menos na mesma época, a área viven- ção Física de 2º Grau, Treinamento
ciou um polêmico movimento de re- Desportivo, Educação Física e Pro-
gulamentação da profissão, que cul- moção da Saúde e Educação Física
minou na divisão da formação inicial Escolar, sendo que a temática ligada
em Educação Física em Licenciatura à atividade física e Educação Física
e Bacharelado. sempre esteve presente nos cursos
Até 1977, somente havia cursos de especialização da Esef/UFPel. Nas
de pós-graduação lato sensu (especia- edições desses cursos de especiali-
lização) em Educação Física no Bra- zação, era comum a participação de
sil. A pós-graduação stricto sensu em alunos de todas as regiões do Brasil
Educação Física inicia pelos cursos e de países da América do Sul, como
de mestrado acadêmico da Universi- Peru e Colômbia. Até o ano de 2006,
dade de São Paulo (USP) em 1977 e da mais de 1.500 monografias haviam
Universidade Federal de Santa Maria sido defendidas oralmente perante
(UFSM) em 1979. O crescimento sig- bancas examinadoras.
nificativo no número de programas Ainda relacionado às áreas de
de pós-graduação stricto sensu na área pesquisa e pós-graduação, no ano de
ocorreu a partir de 1990. 1979, a Esef-UFPel organizou a pri-
Em relação à Escola Superior meira edição do Simpósio Nacional
de Educação Física da Universida- de Ginástica (atualmente denomina-
de Federal de Pelotas (Esef-UFPel), do Simpósio Nacional de Educação
até 2007, a pós-graduação somente Física), evento de reconhecimento
contou com cursos de especializa-
21
II. "A tempestade perfeita: o contexto da graduação e pós-graduação que facilitou a
aproximação entre a Educação Física e a Epidemiologia em Pelotas, RS"
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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II. "A tempestade perfeita: o contexto da graduação e pós-graduação que facilitou a
aproximação entre a Educação Física e a Epidemiologia em Pelotas, RS"
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II. "A tempestade perfeita: o contexto da graduação e pós-graduação que facilitou a
aproximação entre a Educação Física e a Epidemiologia em Pelotas, RS"
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
27
III
GRUPO DE ESTUDOS EM EPIDEMIOLOGIA
DA ATIVIDADE FÍSICA (GEEAF)
A
história do surgimento do em Licenciatura Plena na Esef/UFPel,
Grupo de Estudos em Epide- Pedro Curi Hallal e Felipe Fossati Rei-
miologia da Atividade Física chert, colegas na faculdade e sócios
(Geeaf) é inusitada e, ao contrário em uma academia de ginástica. Os
da maioria dos grupos de pesquisa dois tinham convicção de que atuar
do Brasil, cujo início normalmente é em academia seria algo passageiro,
na Universidade, com a liderança de pois o objetivo de ambos era ser pro-
um professor e participação de alu- fessor universitário e, para isso, pre-
nos de graduação e pós-graduação, o cisariam fazer mestrado e doutorado.
Geeaf começou com reuniões casu- Naquela época não existia nenhum
ais entre quatro amigos, estudantes Programa de Pós-Graduação stricto
sensu em Educação Física na UFPel
de pós-graduação, e aconteciam na
e, consequentemente, teriam que
residência de um destes.
sair da cidade para fazer mestrado ou
Para iniciar a contar esta histó-
ingressar em outro curso, que não a
ria precisamos voltar para o ano de
Educação Física.
2000, quando estavam se formando
28
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
29
III. Grupo de Estudos em Epidemiologia da Atividade Física (Geeaf)
30
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
31
III. Grupo de Estudos em Epidemiologia da Atividade Física (Geeaf)
32
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
33
iii. Grupo de Estudos em Epidemiologia da Atividade Física (Geeaf)
Fonte: Site do Centro de Pesquisas Epidemiológicas4, Universidade Federal de Pelotas; Acervo dos
autores.
34
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
35
III. Grupo de Estudos em Epidemiologia da Atividade Física (Geeaf)
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
37
III. Grupo de Estudos em Epidemiologia da Atividade Física (Geeaf)
Figura 5 – Parte da equipe do Geeaf que organizou o 5o Congresso Mundial de Atividade Física e Saúde,
no Rio de Janeiro, RJ, 2014
38
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
Referências
39
IV
A PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM
EPIDEMIOLOGIA DA ATIVIDADE FÍSICA
EM PELOTAS: DO LOCAL AO GLOBAL
40
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
41
IV. A produção científica em epidemiologia da atividade física em Pelotas:
do local ao global
42
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
Informação/Variável Definição
Nacionalidade do periódico Nacional; Internacional.
De acordo com Journal Impact Factor (JIF) – Journal Citation
Fator de impacto
Reports (JCR) de 2020.
Número de citações De acordo com Google Acadêmico.
Gênero da primeira e última
Masculino; Feminino.
autoria do estudo
De acordo com a escala geográfica: Local – estudos locais desen-
volvidos em Pelotas; Regional – conjunto de estudos locais brasi-
leiros sem abrangência nacional; Nacional – estudos com dados
Abrangência do estudo de abrangência de todo o território brasileiro; Mundial – dados
de abrangência global; Outros-nacional – estudos locais de outras
cidades do território brasileiro; Outros-internacional – estudos lo-
cais ou regionais de um ou outros países.
Artigo original; Artigo de revisão; Ensaio-teórico; Editorial/
Tipo de publicação
comentário/carta.
Transversal; Longitudinal; Ensaio clínico; Revisão;
Delineamento da pesquisa
Caso-controle.
Infância e adolescência; Adultos; Idosos; Infância/adolescen-
Faixa etária da amostra
tes/adultos; Adultos/idosos; Todas.
Componente estudado Atividade física; Comportamento sedentário; Ambos.
Mensuração da atividade
física ou comportamento Subjetiva; Objetiva; Ambas.
sedentário
Níveis, tendências e mensuração; Determinantes; Consequ-
Eixo da pesquisa
ências; Intervenções; Políticas; Outros.
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
43
IV. A produção científica em epidemiologia da atividade física em Pelotas:
do local ao global
en= número de títulos localizados utilizando os descritores no idioma inglês; pt= número de títulos localizados
utilizando os descritores no idioma português.
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
44
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
45
IV. A produção científica em epidemiologia da atividade física em Pelotas:
do local ao global
Figura 2 – Caracterização das publicações de acordo com a (A) evolução quantitativa ao longo do tempo,
(B) delineamento do estudo, (C) eixo temático, e (D) abrangência do estudo
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
46
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
Figura 3 – Caracterização dos estudos sobre epidemiologia da atividade física em Pelotas, RS entre 2003-
2015 de acordo com o (A) tipo de publicação, (B) faixa etária da população, (C) componente estudado, e (D)
métodos de mensuração
(A) (B)
250 80
70
Número de artigos
60
200
50
40
Número de artigos
Editorial/comentário/ 30 2003-2008
150
carta ao editor 20 2009-2014
Ensaio teórico 10
100 0 2015-2020
Original
50
0
2003-2008 2009-2014 2015-2020
Período Faixa etária
(C) (D)
200
500
450 180
400 160
Número de artigos
350 140
Número de artigos
300 120
250
100
200
80
150
60 Objetiva + Subjetiva
100
50 40 Objetiva
0 20 Subjetiva
Atividade física Comportamento Atividade física + 0
sedentario comportamento
2003-2008 2009-2014 2015-2020
sedentario
Período
Componente da pesquisa
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
47
IV. A produção científica em epidemiologia da atividade física em Pelotas:
do local ao global
Figura 4 – Caracterização dos autores dos estudos sobre epidemiologia da atividade física em Pelotas, RS,
entre 2003-2015, de acordo com a (A) nacionalidade, (B) gênero do primeiro autor, e (C) gênero do último autor
(A) (B)
200 250
180
160 200
Número de artigos
Número de artigos
140
120 150
100
Estrangeiro Primeiro autor -
80 100
Brasileiro feminino
60
Primeiro autor -
40 50 masculino
20
0 0
2003-2008 2009-2014 2015-2020 2003-2008 2009-2014 2015-2020
Período Período
(C)
250
200
Número de artigos
150
Último autor -
100 feminino
Último autor -
50 masculino
0
2003-2008 2009-2014 2015-2020
Período
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
48
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
Quadro 2 – Principais periódicos de publicação dos estudos sobre epidemiologia da atividade física em
Pelotas, RS entre 2003-2020.
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
49
IV. A produção científica em epidemiologia da atividade física em Pelotas:
do local ao global
Figura 5 – Número de citações dos estudos sobre epidemiologia da atividade física em Pelotas, RS entre
2003-2020, de acordo com o eixo temático
Nota: os artigos das séries de ati- ções a cada três anos, segundo o eixo
vidade física dirigidas pelo professor temático. É possível observar que o
Pedro C. Hallal foram publicados no progresso da área da pesquisa em
periódico The Lancet. Neste gráfico Pelotas ao longo do tempo apresenta
analisamos os artigos onde o Pedro uma maior diversidade de eixos estu-
Hallal ou algum autor de Pelotas fo- dados a partir do ano de 2012, assim
ram autores. como uma maior diversidade de auto-
A Figura 6 apresenta os autores res nos artigos mais citados.
das publicações com mais de 25 cita-
50
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
Figura 6 – Autores das publicações com mais de 25 citações na área da epidemiologia da atividade física
em Pelotas, RS entre 2003-2020, segundo eixo temático e período de tempo.
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
51
IV. A produção científica em epidemiologia da atividade física em Pelotas:
do local ao global
Por fim, os artigos mais citados3, 2020 foram publicados entre 2003 e
8-16
com primeira autoria brasileira e 2012 (Figura 7).
com afiliação baseada em Pelotas até
Figura 7 – Os 10 artigos mais citados de autores brasileiros na história da pesquisa em epidemiologia da
atividade física em Pelotas, RS entre 2003-2020
52
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
53
IV. A produção científica em epidemiologia da atividade física em Pelotas:
do local ao global
54
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
55
IV. A produção científica em epidemiologia da atividade física em Pelotas:
do local ao global
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graduação em Epidemiologia da UFPel
baseado em consórcio de pesquisa: uma
56
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
57
S
EIXO 2
L
NÍVEIS DE ATIVIDADE FÍSICA
N
V
NÍVEIS DE ATIVIDADE FÍSICA E
TENDÊNCIAS TEMPORAIS
O
estudo da epidemiologia mitindo a criação de diretrizes, com
da atividade física remete à recomendações de volumes, frequên-
década de 50 do século XX, cias, intensidades e tipos de atividade
quando o médico e epidemiologista física para diferentes populações, tal
Jeremy N. Morris deu início aos estu- como o relatório intitulado “Physical
dos sobre os benefícios da prática da Activity and Health”, publicado pelo
atividade física1. Naquela época, co- Departamento de Saúde Norte Ame-
meçava uma transição epidemiológi- ricano, em 1996.
ca, pois as doenças infectocontagio- Destaca-se que, nos seus primór-
sas estavam dando lugar às doenças dios, se estudava muito mais a práti-
crônico-degenerativas, tais como as ca de atividades físicas vigorosas em
doenças cardiovasculares. Foi quan- detrimento de atividades com inten-
do a pesquisa sobre atividade física sidade moderada ou leve. Aliás, só
nasceu e começou a ganhar corpo. recentemente tem se dado mais aten-
De lá para cá, milhares de artigos ção às atividades leves, mostrando
científicos foram publicados, per- que também podem conferir prote-
59
V. Níveis de atividade física e tendências temporais
60
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
61
V. Níveis de atividade física e tendências temporais
Pelotas foi publicado em 20034. Esse artigo11, oriundo de uma coleta feita
estudo precursor fez parte de um con- em 1999 e 2000, com indivíduos de 20
sórcio de pesquisa dos alunos de mes- a 69 anos, mostrando que 81% deles
trado do Programa de Pós-Graduação eram inativos no tempo de lazer, a
em Epidemiologia da Universidade partir do gasto calórico (ponto de cor-
Federal de Pelotas (PPGEpi/UFPel) te empregado: 1000 kcal/semana). De-
para estudar a saúde da população pois desses estudos, surgiram muitos
urbana pelotense. Nesse estudo, foi outros, oriundos principalmente dos
usado o Questionário Internacional consórcios de pesquisa do PPGEpi/
de Atividade Física (Ipaq), versão UFPel, das coortes de nascimentos
curta, que continha dados sobre os de Pelotas e posteriormente de con-
domínios de lazer, deslocamento, sórcios de pesquisa do Programa de
ocupacional e doméstico. Os autores Pós-Graduação em Educação Física
encontraram que 41% dos indivíduos (PPGEF) da UFPel, além de alguns es-
com 20 anos ou mais (N=3.182) não tudos próprios de pesquisadores.
atingiam a recomendação de 150 mi-
nutos por semana de atividade física.
Consórcios de pesquisa de
Neste mesmo estudo, foi verificado
Pelotas
que cerca de um em cada quatro indi-
víduos (26%) era totalmente inativo, O primeiro consórcio de pesqui-
isto é, não praticava nenhuma ativi- sa a coletar dados de atividade física
dade física. Outro artigo, publicado foi feito em 2002 pelo PPGEpi/UFPel4.
no ano seguinte9, com o mesmo ban- Em 2003, um novo consórcio do mes-
co de dados, mostrou que apenas 29% mo programa foi realizado e um arti-
dos indivíduos atingia a recomenda- go12 mostrou, de forma retrospectiva,
ção de atividade física vigorosa (60 que o esporte mais praticado fora da
minutos por semana). escola, na infância e juventude, para
No ano de 2004, foi publicado o os homens era o futebol (83%) e para
primeiro estudo pelotense sobre ativi- as mulheres era o voleibol (45%). Ou-
dade física com a população jovem10 tro artigo13, juntando o banco de da-
Esse estudo teve sua coleta em 2002 e dos de 2002 e 2003, apontou que 73%
envolveu quase mil indivíduos entre dos adultos e idosos caminhavam em
15 e 18 anos, indicando que 39% deles algum dia da semana, sendo que 29%
eram inativos, ou seja, não pratica- caminhavam no lazer.
vam ao menos 20 minutos de ativida- O consórcio de pesquisa de 2005
de física em pelo menos três dias da do PPGEpi/UFPel gerou dois arti-
semana. Em 2005, foi publicado outro
62
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
gos. Um deles com 857 crianças e somente 26% deles praticavam algu-
jovens de 10 a 19 anos, indicando ma atividade física orientada18.
que 70% não cumpriam o critério Nos consórcios de pesquisa dos
de 300 min/sem de atividade física anos de 2007 e 2010 do PPGEpi/UFPel,
fora da escola14. O outro, com 3.136 foram publicados artigos para com-
adultos e idosos, mostrou que 40% parar a evolução da atividade física
praticavam alguma atividade física no município de Pelotas, comparan-
de lazer, sendo que a caminhada foi do com os dados que haviam sido
a modalidade mais praticada, por previamente coletados em 2002 e
57% dos praticantes15. 2003. Esses estudos estão descritos
Em 2006, o PPGEF/UFPel con- com mais detalhes num tópico abai-
duziu seu primeiro consórcio de xo, intitulado “Estudos de tendência
pesquisa dando origem a três pu- da atividade física em Pelotas”.
blicações sobre o tema. A atividade No consórcio de pesquisa de 2012
física foi coletada por meio do Ipaq, do PPGEpi/UFPel, mais dois artigos
versão longa, com 972 indivíduos de sobre a temática foram encontrados.
20 anos ou mais. Dessa forma, foi No primeiro deles, com 2.874 adultos
possível distinguir a prevalência de e idosos (20 anos ou mais), foi usada
atividade física em cada um dos seus a seção de lazer e deslocamento do
domínios. Observou-se que 51% dos Ipaq, versão longa. Os autores nota-
indivíduos não praticavam nenhu- ram que apenas 10,5% dos indivídu-
ma atividade física de lazer16. A pre- os cumpriam a recomendação de 150
valência foi de 52% para o domínio min/sem no lazer, e 52% eram ativos
ocupacional, 22% para o desloca- no deslocamento19. No outro artigo,
mento inativo e 18% para as tarefas conduzido com 743 crianças e jovens
domésticas16. Se levado em conta o (10 a 19 anos), e usando um instru-
critério de 150 min/sem, verificou- mento parecido ao usado em outro
-se que 70% eram insuficientemente estudo de Pelotas, em 200514, os au-
ativos no lazer17. No trabalho, deslo- tores identificaram que 72% desses
camento e atividades domésticas, es- indivíduos não atingiam a recomen-
sas prevalências foram de 58%, 52% dação de 300 min/sem20.
e 35%, respectivamente17. Em outra Em 2014, o PPGEpi/UFPel realizou
publicação dessa pesquisa, os auto- um consórcio com a população idosa
res identificaram que, dentre os in- (60 anos ou mais) de Pelotas (N=971).
divíduos fisicamente ativos no tem- Nessa pesquisa, a atividade física foi
po de lazer (150 min/sem ou mais), mensurada por meio de acelerome-
que tinham filhos entre 6 e 18 anos, tria, usando ‘bouts’ de 5 minutos. Foi
63
V. Níveis de atividade física e tendências temporais
64
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
65
V. Níveis de atividade física e tendências temporais
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
71
V. Níveis de atividade física e tendências temporais
72
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
dade física em crianças e jovens tem Nesses últimos anos (2020 a 2022), a
se mantido estável, de acordo com população mundial teve que reade-
dados da PeNSE. Em Pelotas, a ina- quar sua rotina e comportamentos
tividade física em adultos e idosos em decorrência da pandemia de co-
aumentou de 2002 a 201244, porém vid-19. Com as medidas de contenção
em crianças e jovens se manteve es- do vírus, como o distanciamento so-
tável entre 2005 e 201246. Entretanto, cial, muitos indivíduos reduziram a
faltam estudos de base populacional sua prática de atividade física, o que
ou escolar mais recentes em Pelo- poderá afetar as futuras estimativas
tas para permitir a comparabilidade de tendências temporais. Destaca-
com estudos nacionais e globais de -se que, nesse período pandêmico,
tendência da atividade física. a população brasileira foi premiada
7) Dentre os estudos com acelerô- com o Guia de Atividade Física para a
metros, é importante padronizar os População Brasileira66, o que poderá
critérios de intensidade e bouts em- contribuir para que mais pessoas se
pregados. Uma revisão sistemática tornem fisicamente ativas.
demonstrou que a prevalência de ina-
tividade física variou de 0 a 99%, de- Referências
pendendo do critério utilizado64. No
entanto, outra revisão mostrou que 1. Paffenbarger RS, Blair SN, Lee
IM. A history of physical activity,
a prática de atividade física tem se
cardiovascular health and longevity:
mantido estável em crianças e jovens, the scientific contributions of Jeremy N
usando medidas objetivas, apesar das Morris, DSc, DPH, FRCP. Int J Epidemiol.
diferenças metodológicas65. Pelotas 2001;30(5):1184-1192. Doi: 10.1093/
possui dados de acelerometria para ije/30.5.1184.
os membros das suas quatro coortes 2. Ekelund U, Brown WJ, Steene-
de nascimento (aproximadamente Johannessen J, et al. Do the associations of
15 mil indivíduos), o que possibilita- sedentary behaviour with cardiovascular
disease mortality and cancer mortality
rá traçar estimativas de tendência de
differ by physical activity level? A
atividade física, de forma longitudi- systematic review and harmonised meta-
nal e secular. analysis of data from 850 060 participants.
Por fim, tendo em vista a alta pre- Br J Sports Med. 2019;53(14):886-894. Doi:
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trends and patterns in physical activity
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research since 1950: a systematic review.
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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78
VI
A MENSURAÇÃO DE ATIVIDADE FÍSICA
EM 20 ANOS DE PESQUISAS: MÉTODOS
PREDOMINANTES E INSTRUMENTOS
ANALISADOS
Andrea Wendt; Inácio Crochemore-Silva
P
ara a obtenção de resultados os ao longo do tempo (efeito tracking)
corretos a respeito de um fe- e para avaliar eficácia e efetividade
nômeno de interesse, suas de intervenções. Erros de medida po-
causas de determinação e suas con- dem levar a conclusões errôneas com
sequências para saúde, um dos pas- estimativas super ou subestimadas.
sos fundamentais é a mensuração Na área de atividade física, o pri-
adequada dos aspectos em estudo. meiro estudo a encontrar efeito pro-
Atualmente, a área de mensuração tetor em desfechos cardiovasculares
da atividade física é de extrema rele- foi conduzido em Londres (Inglater-
vância para estimar corretamente os ra) e publicado em 1953, por Jeremy
níveis populacionais, verificar a asso- Morris1. No estudo, Morris observou
ciação com outras variáveis de saúde o risco de doenças cardiovasculares
(principalmente quando se deseja ve- comparando cobradores (que na épo-
rificar o efeito dose-resposta em de- ca eram ativos durante o trabalho e
terminado desfecho), acompanhar os circulavam pelo ambiente realizando
as cobranças de tarifas) e motoristas
níveis de atividade física de indivídu-
79
VI. A mensuração de atividade física em 20 anos de pesquisas:
métodos predominantes e instrumentos analisados
80
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
81
VI. A mensuração de atividade física em 20 anos de pesquisas:
métodos predominantes e instrumentos analisados
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
82
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
83
VI. A mensuração de atividade física em 20 anos de pesquisas:
métodos predominantes e instrumentos analisados
84
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
85
VI. A mensuração de atividade física em 20 anos de pesquisas:
métodos predominantes e instrumentos analisados
Figura 1 – Estudos desenvolvidos em Pelotas ou liderados por pesquisadores da cidade de acordo com ano de publicação
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
86
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
87
VI. A mensuração de atividade física em 20 anos de pesquisas:
métodos predominantes e instrumentos analisados
88
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
89
VI. A mensuração de atividade física em 20 anos de pesquisas:
métodos predominantes e instrumentos analisados
porém o gasto energético durante cias sobre o uso dos dispositivos nes-
movimento foi associado apenas com sa faixa etária e, portanto, um estudo
a medida de acelerometria27. piloto foi desenvolvido para definição
O próximo acompanhamento do protocolo a ser utilizado. O estudo
com acelerômetros aconteceu aos em questão contou com uma amostra
sete anos da coorte de 2004 e com ele de 90 crianças (de creches públicas,
uma série de novos desafios surgi- privadas e que não iam a creches), 45
ram. O primeiro deles foi a decisão usando o dispositivo no punho e 45
de expandir o uso do instrumento no tornozelo por sete dias. Uma pul-
para a amostra completa e o segun- seira antialérgica também foi testada
do foi a decisão de mudança do lo- e adicionalmente um componente de
cal de uso da cintura para o punho. avaliação qualitativa foi conduzido
Além disso, foi nesse acompanha- com as mães das crianças. Os resul-
mento que a análise dos dados pas- tados mostraram que o primeiro dia
sou a ser do sinal bruto ao invés dos de colocação deveria ser excluído de-
tradicionais counts. Foram avaliadas vido à alta reatividade das crianças
3.331 crianças e devido ao número resultando em médias de aceleração
relativamente reduzido de disposi- extremamente elevadas em relação
tivos disponíveis e de trabalhadores ao restante da semana. Além disso,
para a coleta, um protocolo foi ela- o estudo mostrou que apenas um dia
borado resultando em indivíduos de uso (após a exclusão do primei-
que usaram o acelerômetro de qua- ro dia) foi suficiente para estimar a
tro a sete dias. Um detalhamento do média semanal de aceleração das
protocolo empregado foi publicado crianças. A análise qualitativa com as
posteriormente a fim de auxiliar fu- mães mostrou uma preferência clara
turos estudos com número reduzido pelo local de uso punho, resultando
de dispositivos e amostras de base em maior aceitabilidade e menores
populacional28. Esse mesmo proto- perdas ou remoções do dispositi-
colo foi replicado nos acompanha- vo quando comparadas às mães de
mentos de 18 anos da coorte de 1993 crianças que usaram o acelerômetro
e 30 anos da coorte de 198229. no tornozelo30.
Com a coorte de nascimentos de Além dos estudos descrevendo
2015 e seu foco central em ativida- protocolos de pesquisa com acelero-
de física, surgiu o desafio de iniciar metria, estudos focados em decisões
as avaliações com acelerômetros em analíticas também foram desenvolvi-
crianças de um ano de idade. Até dos. Exemplos disso são as publica-
aquele momento, não havia evidên- ções que avaliaram o número de dias
90
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
de uso necessários para o dado ser to, as médias para homens e mulhe-
considerado válido em termos de re- res caíram para 32,0 e 23,0 minutos
presentatividade semanal. Entre ges- respectivamente e com dez minutos
tantes que tinham data de parto pre- de bout, passaram a ser 9,5 e 4,5 mi-
vista para 2015 (crianças que fariam nutos33. Esses achados reforçam que
parte da coorte), as análises eviden- essas decisões devem ser pensadas de
ciaram a necessidades de quatro dias acordo com a idade e características
de dados para estimar a média sema- da população em estudo, pois têm
nal de AFMV31. O mesmo quantitativo grande influência na medida final de
de dias foi encontrado para acompa- atividade física e muitas vezes são re-
nhamentos das coortes de 2004 aos alizadas seguindo a maioria dos estu-
sete, 1993 aos 18 anos e 1982 aos 30 dos publicados sem grandes reflexões
anos32. Um detalhe interessante é que sobre o significado e magnitude da
para medidas menos arbitrárias que a medida para a população.
AFMV, como por exemplo o total de A perda nos dados em função tan-
aceleração em mili-g (mg) que não to dos critérios de inclusão na amos-
utiliza pontos de corte, geralmente, tra quanto do número de dias válidos
apenas dois dias são necessários para geralmente leva a um número redu-
estimar a média semanal32. Com base zido de participantes com dados de
nesses estudos e nas especificidades acelerômetro quando comparado às
de faixas etárias e tipo de variável de amostras originais. O relevante, po-
atividade física em análise, essa ava- rém, é identificar quando essas per-
liação passou a ser etapa permanente das são diferenciais e, nesse sentido,
ao final de cada trabalho de campo um estudo descrevendo as perdas e
das coortes. recusas nas coortes de Pelotas foi de-
Outro exemplo sobre decisões me- senvolvido. Além dessa avaliação foi
todológicas é a escolha do bout a ser testado um processo de imputação
utilizado na análise. Um estudo de com alternativa a essa limitação ine-
base populacional com a população rente de estudos de larga escala. Os
de 60 anos ou mais em Pelotas mos- resultados mostraram que a imputa-
trou que a média semanal de AFMV ção múltipla foi útil para estimar as
variou de acordo com o tamanho do médias de aceleração (mg)34. Mais
bout escolhido. A média de AFMV estudos avaliando esse processo em
sem considerar bouts foi 64,5 e 56,7 outras medidas como AFMV ainda
minutos para homens e mulheres precisam ser desenvolvidos.
respectivamente. Por outro lado, uti- Por fim, outro estudo de caráter
lizando AFMV com bout de um minu- metodológico conduzido em Pelotas
91
VI. A mensuração de atividade física em 20 anos de pesquisas:
métodos predominantes e instrumentos analisados
92
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
93
VI. A mensuração de atividade física em 20 anos de pesquisas:
métodos predominantes e instrumentos analisados
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95
VI. A mensuração de atividade física em 20 anos de pesquisas:
métodos predominantes e instrumentos analisados
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ICM da, Romanzini M, Prazeres Filho
96
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
97
VI. A mensuração de atividade física em 20 anos de pesquisas:
métodos predominantes e instrumentos analisados
98
S
EIXO 3
L
DETERMINANTES
N
VII
DETERMINANTES DA ATIVIDADE FÍSICA
NA GESTAÇÃO E PRIMEIRA INFÂNCIA
A
tualmente está bem docu- todos de alta renda, e as recomen-
mentado que a prática regular dações em sua maior parte eram
de atividade física durante a endossadas pelos setores de obste-
gestação traz benefícios para a mãe e trícia e ginecologia5. Em 2020, a Or-
bebê, além de não acarretar nenhum ganização Mundial da Saúde incluiu
risco para a díade mãe-filho1–4. No nas diretrizes globais de atividade
entanto, a segurança da prática de física recomendações específicas
atividade física no período gestacio- para população de gestantes4, e em
nal para a mãe e para o bebê foi for- 2021 essas indicações também foram
temente questionada por um longo apresentadas no Guia de Atividade
período, especialmente pela comuni- Física para População Brasileira1.
Os documentos preconizam que mu-
dade médica, tendo como base uma
lheres no período gestacional, sem
literatura escassa sobre o tema.
contraindicações, acumulem no mí-
Até o ano de 2014 diretrizes para
nimo 150 minutos semanais de ativi-
atividade física gestacional estavam
dade física 1–4.
disponíveis em apenas nove países,
100
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
101
VII. Determinantes da atividade física na gestação e primeira infância
102
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
Grande durante o ano de 2007, en- exercício físico para uma subamostra
controu resultados muito semelhan- de gestantes23,24.
tes aos obtidos em Pelotas. Entre as Tendo como amostra 2.317 mulhe-
2.557 mulheres avaliadas, foram fa- res entrevistadas no estudo pré-natal,
tores associados à prática de qual- vinculado à coorte de nascimentos
quer atividade física durante a ges- 2015, uma produção de Pelotas exa-
tação: menor idade materna, maior minou os fatores que influenciam
escolaridade, ser primípara, ter feito na atividade física mensurada por
acompanhamento pré-natal e ter re- acelerometria durante a gestação. O
cebido orientação para a prática de estudo analisou atividade física mo-
exercícios durante o pré-natal. Por derada à vigorosa e atividade física
outro lado, cor da pele, viver com o total, e demonstrou resultados con-
companheiro, renda familiar, pla- flitantes com a literatura baseada em
nejamento da gravidez, tabagismo autorrelato, apontando como princi-
pré-gestacional não demonstraram pais fatores associados a menor ren-
associação com atividade física ges- da e escolaridade, não ter recebido
tacional na análise ajustada22. aconselhamento contrário à prática
A partir dos relevantes temas le- de exercícios, menor idade, não vi-
vantados pela coorte de nascimentos ver com um parceiro, e cor de pele
2004, a coorte de nascimentos de 2015 preta, parda, amarela ou indígena25.
foi pensada para dar um passo além, Paridade, trabalho remunerado, al-
sendo a primeira coorte de Pelotas a tura e peso, atividade física antes da
ter um estudo pré-natal, em que di- gravidez, fumo, uso de álcool, histó-
versos aspectos da saúde materno-in- rico de aborto espontâneo e histórico
fantil foram avaliados. Um diferencial de parto prematuro não foram asso-
da Coorte 2015 é o foco na atividade ciados à atividade física gestacional
física desde o primeiro acompanha- mensurada objetivamente nesse estu-
mento em que foi realizada, além da do. Os autores destacam que estes re-
mensuração tradicional através de sultados consideram atividade física
questionário, a mensuração objetiva total mensurada de maneira objetiva,
da atividade física durante a gestação englobando todos os domínios da ati-
através de acelerometria, e o estudo vidade física, e não somente o âmbito
PAMELA (Physical Activity for Mothers do lazer como é geralmente o caso em
Enrolled in Longitudinal Analysis), um estudos autorrelatados.
estudo controlado randomizado ani- Por fim, uma outra publicação de
nhado à coorte 2015 que ofereceu Pelotas objetivou descrever as mu-
danças na atividade física de lazer
103
VII. Determinantes da atividade física na gestação e primeira infância
104
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
105
VII. Determinantes da atividade física na gestação e primeira infância
descartável. Além disso, outro ponto te a primeira infância. Por fim, dois
positivo da utilização dessa medida grandes desafios para compreender
objetiva foi a realização de estudos de a prática de atividade física no iní-
protocolos para o uso dos acelerôme- cio da vida ainda persistem: 1) Medi-
tros nessa faixa-etária30. das e protocolos padronizados; e 2)
Para entender os determinantes e Escassez de estudos, especialmente
consequências da atividade física em em diversos contextos socioculturais
crianças é necessário, primeiramen- específicos, como países de baixa e
te, mensurar esse comportamento de média renda17.
forma adequada. Diversas medidas
têm sido utilizadas nessa faixa etá- Considerações finais e
ria, como medidas subjetivas, que perspectivas futuras
incluem questionários autoaplicados
ou reportados por pais ou professo- As pesquisas sobre determinan-
res, e medidas objetivas, como fre- tes da atividade física em gestantes
quência cardíaca, pedômetros, ob- e crianças na primeira infância são
servação direta e acelerometria31,32. mais recentes do que os estudos de-
Considerando a natureza intermi- senvolvidos com outras populações,
tente da atividade física nessa faixa tendo em vista que por muito tempo
etária, o uso de uma medida objeti- se teve imprecisões sobre a relação
va, como os acelerômetros, se mostra benefício/risco de gestantes serem
capaz de detectar os movimentos das ativas, e pelo entendimento de que
crianças de uma forma mais comple- crianças na primeira infância eram
ta. Entretanto, ainda existem certas naturalmente ativas. Embora o nú-
dificuldades no uso desses dispositi- mero de estudos ainda se apresente
vos, como a falta de pontos de corte reduzido, essas investigações vêm
para diferentes intensidades, defini- apresentando consideráveis avanços
ções como local de uso e números de entre as pesquisas desenvolvidas em
dias de mensuração, além da necessi- Pelotas, acompanhando o crescimen-
dade de estudos de calibração nessa to observado na literatura mundial.
faixa etária, a fim de atribuir signifi- Considerando a diversidade so-
cado às medidas31,32. cioeconômica e cultural, é especial-
Nesse sentido, as medidas de mente importante estimar a prática
acelerômetros nas crianças da Co- de atividade física e seus determinan-
orte de Nascimentos de 2015 opor- tes em países de baixa e média renda,
tunizam um entendimento objetivo nos quais esses estudos se apresen-
da prática de atividade física duran- tam mais escassos, e, em geral, com
106
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
107
VII. Determinantes da atividade física na gestação e primeira infância
108
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
109
VII. Determinantes da atividade física na gestação e primeira infância
110
VIII
DETERMINANTES DA ATIVIDADE FÍSICA
NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
A
pesar dos comprovados be- determinantes (fatores que possuem
nefícios da atividade física uma relação causal) cresceram nas
para saúde de crianças e ado- últimas décadas3.
lescentes1, os níveis de atividade fí- É importante considerarmos que
sica nessa população permanecem a prática de atividade física é influen-
aquém do esperado, estimando-se ciada por diversos fatores, que não
que globalmente 81,0% da população passam apenas por escolhas indivi-
com idades entre 11 e 17 não atinjam duais, mas também por fatores que
as recomendações de 300 minutos dependem de ações governamentais
propostas pela Organização Mundial e do comprometimento político de
de Saúde2. Nesse contexto, é funda- diferentes setores4. Por esse motivo,
mental compreendermos os motivos teorias e modelos comportamentais
que levam as pessoas a serem fisica- são utilizados para identificar os as-
pectos a serem estudados como cor-
mente ativas. Na busca dessas respos-
relatos e determinantes da atividade
tas, as pesquisas sobre correlatos (fa-
física5. Os modelos ecológicos estão
tores associados à atividade física) e
111
VIII. Determinantes da atividade física na infância e adolescência
entre os mais utilizados e trazem saúde pública, com foco nos fatores
uma visão ampla da causalidade dos conhecidos por facilitar ou dificultar
comportamentos de saúde, incluindo a prática de atividade física. Nesse
diferentes níveis, como aspectos indi- sentido, este capítulo tem por objeti-
viduais, a inter-relação do indivíduo vo apresentar e discutir os estudos de
com o ambiente social e físico e fato- correlatos e determinantes de ativi-
res políticos3. dade física conduzidos em Pelotas na
A partir desses modelos têm se população de crianças e adolescentes
buscado compreender quais fatores de cinco a 17 anos.
influenciam a atividade física nas
diferentes fases do ciclo vital. Na po- Estudos com determinantes e
pulação de crianças e adolescentes, correlatos em Pelotas
a revisão sistemática observou que
16 fatores têm se apresentado con- No decorrer dos 20 anos de pes-
sistentemente associados à atividade quisas desenvolvidas na área de ativi-
física, sendo esses descritos em cinco dade física em Pelotas, encontramos
categorias pelos autores: biológicos/ 27 estudos que investigaram corre-
demográficos (sexo, idade, etnia, es- latos e determinantes de atividade
colaridade dos pais, renda familiar, física em crianças e adolescentes.
status socioeconômico), psicológicos/ As variáveis avaliadas nesses estu-
cognitivos/ emocionais (competência dos foram classificadas em níveis, de
percebida, autoeficácia, orientação/ acordo com subdivisões adaptadas do
motivação, barreiras percebidas), atri- modelo ecológico de Bauman et al.3,
butos e habilidades comportamentais conforme apresentado no Quadro 1.
(participação em esportes comunitá- Entre os 27 estudos revisados, 11
rios), sociais/ culturais (apoio paren- apresentam um delineamento trans-
tal, apoio de pessoas importantes) e versal e 13 são estudos desenvolvi-
ambiente físico (acesso a instalações dos com dados das Coortes de Nas-
esportivas/ recreativas ao ar livre)6. cimento - 11 estudos na Coorte de
A relevância de estudos sobre essa 1993 (sendo quatro estudos de cará-
temática vai além de conhecer os ter transversal dentro da coorte7–10),
fatores que influenciam a atividade dois estudos incluíram dados das Co-
física, mas se fundamenta também ortes de 1993 e 200411,12, e um estudo
na importância desse conhecimento incluiu dados apenas de Coorte de
contribuir para o planejamento de 200413. Há ainda um estudo realizado
políticas e intervenções com maior com dados da Coorte de 2002/2003 da
potencial de eficácia em termos de UCPel de forma transversal14, um es-
112
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
113
VIII. Determinantes da atividade física na infância e adolescência
Quadro 1 – Variáveis avaliadas nos estudos de correlatos e determinantes de atividade física realizados em Pelotas classificadas de acordo com os níveis do
modelo ecológico adaptado do estudo de Bauman et al.3
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
114
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
115
VIII. Determinantes da atividade física na infância e adolescência
Quadro 2 – Resumo dos estudos em determinantes e correlatos de atividade física com base no modelo ecológico desenvolvido com crianças e adolescentes em Pelotas. *
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023) *continua na próxima página
116
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
Quadro 2 – Resumo dos estudos em determinantes e correlatos de atividade física com base no modelo ecológico desenvolvido com crianças e adolescentes em Pelotas.*
117
*continua na próxima página
VIII. Determinantes da atividade física na infância e adolescência
Quadro 2 – Resumo dos estudos em determinantes e correlatos de atividade física com base no modelo ecológico desenvolvido com crianças e adolescentes em Pelotas.*
Quadro 2 – Resumo dos estudos em determinantes e correlatos de atividade física com base no modelo ecológico desenvolvido com crianças e adolescentes em Pelotas.*
Quadro 2 – Resumo dos estudos em determinantes e correlatos de atividade física com base no modelo ecológico desenvolvido com crianças e adolescentes em Pelotas.*
120
*continua na próxima página
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
Quadro 2 – Resumo dos estudos em determinantes e correlatos de atividade física com base no modelo ecológico desenvolvido com crianças e adolescentes em Pelotas.*
121
VIII. Determinantes da atividade física na infância e adolescência
Quadro 2 – Resumo dos estudos em determinantes e correlatos de atividade física com base no modelo ecológico desenvolvido com crianças e adolescentes em Pelotas.
122
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
123
VIII. Determinantes da atividade física na infância e adolescência
124
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
125
VIII. Determinantes da atividade física na infância e adolescência
apresentam maior atividade física to- que aqueles com sobrepeso, obesida-
tal12,13 e moderada/vigorosa12. de e baixo peso.
Dois estudos investigaram variá-
Correlatos e determinantes: veis antropométricas do crescimento
aspectos de saúde em geral na primeira infância como determi-
nantes da atividade física. No estudo
A principal exposição de saúde in- de Hallal et al.29 o ganho de peso no
quirida foi o índice de massa corporal primeiro ano de vida, do primeiro ao
(IMC), investigado em sete estudos. quarto ano e dos quatro aos 11 anos,
Em quatro, os autores não encontra- bem como o sobrepeso do primeiro
ram relação do IMC com atividade fí- ao quarto ano de vida não apresenta-
sica de crianças14,27 e adolescentes7,8. ram relação com a atividade física na
Já Rangel et al.24 observaram que ado- adolescência. Já em outro estudo31, a
lescentes eutróficos e com sobrepeso razão comprimento/altura aos três
apresentaram maior probabilidade meses e aos 12 meses, mas não ao
de serem ativos do que obesos e no um, seis e 48 meses, apresentaram
estudo de Dumith et al.22 a obesidade uma associação linear inversa com
aos 11 anos reduziu a probabilidade atividade física na adolescência. Já o
de os adolescentes permanecerem peso em nenhuma dessas idades es-
inativos entre os 11 e 15 anos. teve associado à atividade física aos
No estudo de Silva et al.11, entre 13 anos.
as crianças, meninos eutróficos apre- A percepção de saúde foi avalia-
sentaram maiores médias de acelera- da em dois estudos e em ambos essa
ção do que aqueles com sobrepeso e variável não se apresentou como um
obesidade e meninas eutróficas dife- correlato da atividade física de ado-
riram apenas daquelas com obesida- lescentes17,24. Ainda, um estudo28
de. Além disso, crianças eutróficas avaliou a relação da ocorrência de
apresentaram maiores médias de ati- transtornos psiquiátricos menores
vidade física moderada/vigorosa do com a inatividade física e não obser-
que aquelas com sobrepeso e obesi- vou associação.
dade. Entre os adolescentes, a asso-
ciação do IMC com a atividade física
total ocorreu apenas entre os meni- Correlatos e determinantes:
nos. Ainda, adolescentes eutróficos fatores comportamentais
apresentaram maiores médias de ati-
Entre os estudos que buscaram
vidade física moderada/vigorosa do
compreender a relação da atividade
126
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
127
VIII. Determinantes da atividade física na infância e adolescência
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VIII. Determinantes da atividade física na infância e adolescência
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VIII. Determinantes da atividade física na infância e adolescência
134
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
ser explorado, pois buscam manter para a maioria dos correlatos e deter-
a padronização em relação à medida minantes, as evidências ainda são li-
e operacionalização das variáveis ao mitadas e não há um consenso entre
longo do tempo e a comparabilidade os resultados, restringindo conclu-
entre as Coortes. sões definitivas sobre sua associação
O cenário encontrado em relação com a atividade física. Mesmo en-
aos estudos de correlatos e determi- tre os níveis mais proximais, alguns
nantes na população infanto-juvenil correlatos/determinantes receberam
de Pelotas vai ao encontro do cená- pouca atenção até o momento e al-
rio global, em que os estudos se con- guns potenciais determinantes ainda
centram principalmente nos fatores precisam ser considerados. Diversas
proximais, como os níveis individual exposições citadas ao longo do capí-
e interpessoal3,6,37,38, enquanto pou- tulo foram abordadas em um único
cas pesquisas devotaram atenção aos estudo e alguns fatores, como os psi-
níveis ambiental e político. A com- cossociais, motivação, alguns com-
preensão desses fatores é uma im- portamentos e políticas, ainda não
portante lacuna a ser explorada por foram considerados.
estudos futuros, visando a identificar Além disso, mesmo exposições
estratégias com potencial de impacto investigadas de forma mais ampla
populacional, que possam ser com- permanecem inconclusivas. A cor
plementares aos esforços individuais, da pele, por exemplo, embora inves-
e oferecer oportunidades de ativida- tigada por diversos estudos, apre-
de física de forma equitativa40, espe- senta inconsistências nos resulta-
cialmente em crianças e jovens que dos. Essa inconsistência pode ser
apresentam menor autonomia para em parte explicada pelas diferenças
escolha de seus comportamentos, nos grupos investigados (faixas etá-
estando mais sujeitos às influências rias, gerações de cada coorte) e pelo
políticas em diferentes níveis, espe- fato de muitos estudos compararem
cialmente de nível escolar. a população geral com minorias ét-
Os estudos revisados neste capí- nicas, gerando a possibilidade de
tulo têm contribuído para confirmar um viés socioeconômico41, além
alguns achados consistentes na lite- das diferentes operacionalizações
ratura mundial, como os resultados aplicadas ao desfecho relacionado
referentes ao sexo e idade3,6,41. Além aos domínios da atividade física.
disso, os estudos de Pelotas têm auxi- De modo semelhante, assim
liado a elucidar diversas lacunas ain- como demonstrado entre os estudos
da existentes na literatura. No geral, em Pelotas, revisão guarda-chuva41
135
VIII. Determinantes da atividade física na infância e adolescência
136
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
137
VIII. Determinantes da atividade física na infância e adolescência
sa fase. Além disso, estudos futuros 4. World Health Organization. The world
devem concentrar-se em avaliações health report 2003: shaping the future
[Internet]. World Health Organization.
longitudinais, especialmente nas
Geneva; 2003. Disponível em:: https://
faixas etárias de transição, como da www.who.int/whr/2003/en
primeira infância para infância, da
5. Bauman AE, Sallis JF, Dzewaltowski DA,
infância para adolescência e da ado- Owen N. Toward a better understanding
lescência para vida adulta, visando of the influences on physical activity: the
a identificar fatores que predizem role of determinants, correlates, causal
estilos de vida ativos com o avançar variables, mediators, moderators, and
confounders. Am J Prev Med [Internet].
dos anos. Dados promissores podem
2002 [cited 2021 Nov 23];23(2 Suppl):5-14.
ser obtidos especialmente a partir da Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.
Coorte de Nascimentos de 2015, que nih.gov/12133733/. Acesso em: 18 maio
atualmente está entrando nessa pri- 2023.
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activity among adolescents: a pooled
8. Dumith SC, Domingues MR, Gigante
analysis of 298 population-based surveys
DP, Hallal PC, Menezes AMB, Kohl HW.
138
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
139
VIII. Determinantes da atividade física na infância e adolescência
140
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141
VIII. Determinantes da atividade física na infância e adolescência
142
IX
DETERMINANTES DA ATIVIDADE FÍSICA
EM ADULTOS E IDOSOS
A
s evidências acumuladas so- manos dos Estados Unidos5 e a Orga-
bre a importância da prática nização Mundial da Saúde6, o cenário
regular de atividade física atual aponta para um declínio da prá-
para a saúde têm se mostrado incon- tica de atividade física total da popu-
testáveis. Particularmente para as po- lação com idade igual ou superior a
pulações adulta e idosa, a atividade 20 anos. Mais de um quarto da po-
física tem se mostrado um importan- pulação mundial é insuficientemen-
te fator de proteção para a doenças te ativa e, em determinadas regiões,
crônicas não transmissíveis1 e mor- como a América Latina, esses valores
talidade por todas as causas2, contri- têm aumentado consideravelmente7.
buindo para a saúde, a qualidade de Tal fato consolida a existência de um
vida3 e a redução das incapacidades4. quarto modelo em epidemiologia que
No entanto, mesmo diante desse cor- se soma às transições epidemiológi-
po de informações respaldadas por ca, demográfica e nutricional: a tran-
entidades internacionais, como o De- sição da atividade física8.
partamento de Saúde e Serviços Hu-
143
IX. Determinantes da atividade física em adultos e idosos
144
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
Individual Interpessoal
Ambiental Político
Políticas de educação
Ambiente natural Políticas de saúde
Ambiente construído Políticas de planejamento
Ambiente percebido urbano
Fonte: adaptado pelos autores de Bauman et al. (2012). Readaptado por Fernanda F. Alves (2023)
145
IX. Determinantes da atividade física em adultos e idosos
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IX. Determinantes da atividade física em adultos e idosos
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149
IX. Determinantes da atividade física em adultos e idosos
nem diferentes variáveis nas quais se ças positivas quanto aos estágios de
busca o entendimento de suas rela- mudança desse comportamento.
ções com a atividade física, pode-se Percebe-se uma interessante simi-
citar as intrapessoais (autoeficácia, laridade entre estudos nacionais27, 30
automotivação, estágios de mudança, e internacionais31 com os realizados
conhecimento, aconselhamento, saú- em Pelotas e/ou com participação de
de mental, imagem corporal), as com- pesquisadores pelotenses, já que uma
portamentais (fumo, álcool e dieta) e variável bastante frequente é o supor-
as sociais e culturais (suporte social, te social, ou seja, o fato de se enten-
isolamento, valores e hábitos familia- der, a priori, que o incentivo de pes-
res e de grupo). soas próximas ao círculo social de um
O grandioso estudo de revisão de sujeito, especialmente familiares e
Rhodes23 indicou que a motivação e a amigos, pode influenciá-lo a praticar
autoeficácia se mostraram associadas atividade física. Na grande maioria
consistentemente à atividade física. dos estudos inclusive essa relação se
A autoeficácia consiste na percepção mostrou associada, isto é, quem rela-
que o indivíduo tem sobre sua capa- ta receber suporte social, tende a ser
cidade, habilidade, dependência ou mais ativo fisicamente.
competência em realizar algo. Essa
aparece diretamente associada à ati- Variáveis ambientais
vidade física12.
Estudos populacionais feitos no Praticar ou não atividade física,
Canadá24 e na Finlândia25 e inclusive em qualquer de seus domínios, pos-
com trabalhadores da área da saúde sui relação íntima com os ambientes,
no Brasil26 apresentaram dados pre- especialmente pela percepção que o
ocupantes sobre a falta de conhe- sujeito possui daquele conjunto espa-
cimento das pessoas a respeito das ço-tempo. Independentemente de va-
recomendações sobre prática de ativi- riáveis sociodemográficas, o ambien-
dade física, assim como o estudo com te influencia nas complexas decisões
mulheres idosas de Cassou27 mostrou sobre o início e sobre a continuidade
que uma das barreiras citadas para a da prática de atividade física.
inatividade física era justamente não Muitos estudos foram feitos pelo
ter conhecimento sobre saúde e exer- mundo tratando dessa temática12,
cício físico. Já o estudo de Häfele e sendo, em sua grande maioria, com
Siqueira28 mostrou que o aconselha- a intenção de diagnosticar realida-
mento de atividade física por profis- des contextuais e sua associação com
sionais da saúde promoveu mudan-
150
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
151
IX. Determinantes da atividade física em adultos e idosos
dos para a prática, assim como nas nhança, a estética do bairro e variá-
diversas dinâmicas que ocorrem nes- veis relacionadas à segurança.
ses ambientes, tendo como exemplos Algumas questões relevantes e re-
o trânsito de veículos, a criminalida- lacionadas surgem e têm sido pouco
de, o acúmulo de lixo e a existência exploradas em estudos, sobretudo no
de eventos e ações que promovam a Brasil: afinal, existe concordância en-
atividade física. tre o que se mede objetivamente em
Quando se pensa na relação de um ambiente e a percepção das pes-
ambiente e atividade física, especial- soas sobre esse mesmo ambiente em
mente quando se trata de barreiras relação à prática de atividade física? E
ou facilitadores ambientais para a como as pessoas percebem atributos
prática, pode-se dizer que os estudos de sua vizinhança, se confirmam em
são recentes. Algumas informações medidas objetivas? Ou seja, um bairro
interessantes desse rol de pesquisas comprovadamente violento, no qual
no cenário brasileiro: (a) quanto à ge- seus moradores também assim o perce-
ografia dos estudos, a concentração bam, de fato o nível de atividade física é
maior é de estudos feitos em cidades baixo, inferior a outros ambientes con-
da região Sul; (b) a maior quantidade siderados mais seguros? A revisão de
de estudos são populacionais e com Orstad37 apontou algumas conclusões
adultos; (c) o lazer é o domínio mais interessantes a respeito desse tema,
estudado, seguido pelo deslocamen- fazendo comparações entre resultados
to (em ambos, a caminhada é a que apresentados a partir da coleta de vari-
aparece com maior frequência); (d) áveis de ambiente percebido e de am-
as variáveis relacionadas à segurança biente construído. De uma maneira al-
são as mais frequentes, seguidas por tamente relevante, Cauwemberg38 traz
distância da residência para locais de uma indicação a respeito da necessida-
prática, existência de calçadas na vi- de da realização de estudos que inclu-
zinhança e a influência do tráfego de am medidas objetivas e percebidas dos
veículos; (e) a presença de calçadas mesmos atributos ambientais, visando
na vizinhança foi a variável que mais a fornecer informações importantes so-
teve estudos que mostraram associa- bre as inter-relações entre medidas am-
ção com a prática de atividade física. bientais objetivas, percepções e com-
A existência de locais adequados para portamentos, no caso, para a atividade
caminhada e para andar de bicicleta física de lazer.
também surgiram em alguns estudos, Assim, ao se analisar uma diver-
assim como a existência de locais de sidade de artigos que lidam com essa
prática de atividade física na vizi- temática, é importante repensar ca-
152
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
minhos mais factíveis para mudança longe do desejado41, 42. Mesmo que se
dos comportamentos das pessoas. É saiba que as razões para uma pessoa
necessário se fazer uma relação en- ser ou não ativa fisicamente sejam
tre o ambiente construído e o perce- multifatoriais, é importante refletir
bido com coletas de dados realizadas sobre o descompasso entre duas in-
de forma simultânea, permitindo-se formações concretas: “existe aumen-
ações ambientais mais assertivas, as- to de ações que promovem atividade
sim como aproximar as instituições física” e “são baixos os percentuais de
de pesquisa e os governos, potencia- pessoas ativas fisicamente”. Alguns
lizando a garantia da intervenção pós estudos apontam que a baixa priori-
ou durante o estudo, via editais e ini- dade governamental para a promoção
ciativas que já possuam diálogo for- da saúde, em especial de atividade
malizado entre universidades e agen- física, refletida na falta de continui-
tes públicos/governos, garantidas as dade das ações e na insuficiente des-
questões éticas, o controle social, e tinação de recursos financeiros para
com a transparência total e irrestrita. programas e políticas43, 44, falhas na
divulgação da existência das ações
Variáveis sociopolíticas ofertadas41, e reduzidas intervenções
ambientais e políticas40, explicam em
Informações demográficas, bioló- parte essa falta de sintonia.
gicas, psicossociais e ambientais são Algo que chama muito a atenção
subsídios basilares para que as polí- é a falta de estudos que avaliem a efe-
ticas públicas entrem em ação. Tais tividade45 de programas e políticas
dados devem necessariamente levar públicas de promoção de atividade
em conta, em seus processos de idea- física. E tal constatação tem íntima
lização, planejamento, estruturação, ligação com o que está no parágrafo
execução e avaliação, dados científi- anterior, especialmente quando se
cos que tragam informações sobre as fala em continuidade das ações ao
pessoas, seus comportamentos e per- longo do tempo, já que a questão tem-
cepções, assim como da imensa rede poral, da duração da execução de um
social e ambiental com a qual intera- programa e da participação e adesão
gem em seu cotidiano. das pessoas a esse são condições fun-
Apesar do crescimento do núme- damentais para que se possa afirmar
ro de políticas públicas para a práti- se há ou não efetividade.
ca de atividade física39, 40, o resultado Muitos são os estudos transver-
esperado de aumento significativo de sais46, 47 que mostram que participan-
pessoas ativas fisicamente ainda está tes de programas de promoção de
153
IX. Determinantes da atividade física em adultos e idosos
Figura 2 – Síntese dos principais determinantes da atividade física em adultos e idosos, a partir do mo-
delo ecológico.
Ambiental Político
Criminalidade (menor)
Clima adequado
Estética do ambiente
Trânsito (menor) Participação em programas advindos
Poluição (menor) de políticas públicas voltadas à
Facilidades próximas ao lar promoção da atividade física
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
154
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
Figura 3 – Compilação dos principais estudos de base populacional sobre determinantes da atividade
física em adultos e/ou idosos na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul.
Hallal et al.
2003 Estudo pioneiro na investigação dos determinantes individuais da atividade física
Hallal et al.
2004 Determinantes individuais da atividade física com intensidade vigorosa
Amorim et al.
2010 Determinantes ambientais e de suporte social da atividade física
Knuth et al.
Mudanças nos determinantes individuais da atividade física
da Silva et al.
Determinantes interpessoais da atividade física no lazer
2013
Mielke et al.
Determinantes do comportamento sedentário conforme domínios da vida
2014
Ramires et al.
Determinantes individuais da atividade física medida objetivamente em idosos
2017
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
155
IX. Determinantes da atividade física em adultos e idosos
156
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
157
IX. Determinantes da atividade física em adultos e idosos
ambos os sexos que, no lazer, a ina- Por sua vez, Knuth et al.58 anali-
tividade física esteve inversamente saram as mudanças na inatividade
associada ao nível econômico e, no física dos adultos de Pelotas após um
deslocamento e no domicílio, a ina- período de cinco anos, a partir da
tividade física se associou de forma comparação de dados de dois estudos
direta com o nível econômico. Ain- transversais. O principal resultado foi
da, no caso específico dos homens, a o aumento da inatividade física nesse
inatividade física no trabalho esteve período, particularmente entre aque-
diretamente associada ao nível eco- les com menor nível socioeconômico.
nômico. Concluiu-se que o sexo era Em 2013, o estudo de Silva e co-
uma importante variável de intera- laboradores59 explorou a associação
ção no entendimento da relação en- entre o suporte social da família e dos
tre nível econômico e atividade física amigos e a prática de atividade física
nos seus diferentes domínios. no lazer. Encontrou-se que receber
Em 2010, Amorim et al.57 avalia- suporte social da família e, principal-
ram a associação entre fatores am- mente, dos amigos, eram dois impor-
bientais e sociais com o alcance das tantes determinantes da prática de
recomendações de atividade física, atividade física no lazer.
sob a ótica dos domínios do desloca- Em 2014, Mielke et al.60 buscaram
mento e do lazer. Os principais resul- descrever, em uma amostra de base
tados apontados foram que indivídu- populacional, os determinantes indi-
os que moravam perto de áreas verdes viduais, de ordem demográfica, asso-
e que relataram viver em bairros se- ciados desta vez ao comportamento
guros foram mais propensos a serem sedentário. Curiosamente, homens,
ativos no lazer. Já a atividade física no adultos mais jovens, com maior esco-
deslocamento foi maior entre aqueles laridade e de menor nível socioeconô-
residentes em áreas com acúmulo de mico, tiveram maiores escores gerais
lixo, e foi menor entre os residentes de comportamento sedentário. Mui-
em bairros difíceis de caminhar ou tos desses determinantes individuais
andar de bicicleta devido ao tráfego. associados ao comportamento seden-
O suporte social foi fortemente as- tário também se associam à prática
sociado à prática de atividade física total de atividade física, o que ratifica
no lazer. Concluiu-se que ambientes a ideia de que esses dois componen-
públicos agradáveis e seguros podem tes do movimento humano coexistem
contribuir para a prática de atividade e podem atingir o mesmo sujeito.
física e precisam ser priorizados nas No ano de 2017, Ramires e colabo-
políticas públicas. radores61 descreveram os fatores as-
158
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
sociados aos níveis de atividade física em Pelotas-RS desde 2013, e que teve
medidos objetivamente na população ações iniciais motivadoras ainda no
idosa de Pelotas. Em análises estrati- ano de 2006.
ficadas por sexo, chegou-se à conclu-
são de que homens (≥ 80 anos) mais
Perspectivas e desafios para
velhos praticaram, em média, 45 mi-
o estudo dos determinantes
nutos semanais a menos de atividade
em atividade física em adultos
física no lazer, comparados àqueles e idosos
com 60 a 69 anos e, entre as mulhe-
res, essa diferença foi de 65 minutos. É considerável o aumento de es-
Outras importantes investigações tudos internacionais acerca dos de-
desenvolvidas na cidade de Pelotas terminantes da atividade física nas
merecem destaque. Muito embora populações adulta e idosa nos últi-
não tenham sido estudos de base mos anos11, 14, 15. No cenário nacio-
populacional, alguns pesquisadores, nal, esta desponta como a principal
nos anos de 201162, 201463 e 202064, temática dos estudos publicados44,
investigaram amostras específicas o que tem proporcionado importan-
e contribuíram para o entendimen- tes avanços no reconhecimento dos
to do cenário dos determinantes da múltiplos fatores que influenciam os
atividade física, seja pelo método de níveis de atividade física de forma
medida de atividade física, ou mes- mais contundente.
mo pelas especificidades das popu- Nesse sentido, evidencia-se o
lações avaliadas. Já o estudo de Silva reconhecimento de novas perspec-
e colaboradores65 analisou mais de tivas teóricas, que se moveram de
uma centena de espaços públicos de um entendimento de determinantes
lazer tanto quantitativa como quali- exclusivamente centrados no sujei-
tativamente, podendo ser caracteri- to para uma perspectiva ecológica11.
zado como um estudo de ambiente Essa possibilita a compreensão de
construído e trazendo importantes variáveis individuais, mas também
constatações sobre iniquidade so- contextuais para a adoção de hábi-
cioeconômica. Ainda, um último es- tos saudáveis em saúde, como, no
tudo publicado recentemente66 teve caso, a prática regular de atividade
como objetivo desenvolver o modelo física. Todavia, um primeiro impor-
lógico de um programa de esporte e tante desafio para as futuras investi-
lazer. Constatou-se a existência de gações científicas nessa temática é o
um programa de governo direciona- esclarecimento das inconsistências
do para promoção de atividade física
159
IX. Determinantes da atividade física em adultos e idosos
160
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
lazer, os quais provêm uma janela li- com doenças crônicas não transmis-
mitada da atividade física total, parti- síveis, que muito têm impactado no
cularmente em populações de média cenário de mortalidade mundial.
e baixa renda, se faz necessário avan- Dentre elas, particularmente a obesi-
çar para mais investigações sobre o dade, que como já dito nesta escrita,
comportamento ativo no domicílio e guarda uma relação bidirecional com
no trabalho. a atividade física e que ainda merece
Nesse cenário de avanços para o ser mais bem explicada, seja por ques-
entendimento dos determinantes, as tões epigenéticas, a partir de fatores
análises de dados também precisam evolucionários que predispõem a ina-
evoluir. Estatísticas mais robustas e tividade física11,ou ainda por aspectos
voltadas para além das tradicionais contextuais. Por fim, é fundamental o
perspectivas dos fatores associados emprego dessas importantes evidên-
em delineamentos transversais pre- cias científicas sobre determinantes
cisam acontecer. Algumas possibi- da atividade física em ações governa-
lidades são as análises quantiquali- mentais efetivas de promoção da ati-
tativas, das relações entre múltiplas vidade física, buscando-se com isso
variáveis como as análises de intera- uma prática baseada em evidências
ção14 e de padrão cluster e até mesmo que, de fato, esteja atenta, por meio de
meta-análises, dificultadas até aqui políticas públicas a intervir, em espe-
pela heterogeneidade de mensura- cial, para os grupos prioritários. Com
ções e classificações para sumarizar isso, espera-se responder importantes
ou quantificar a atividade física. lacunas relacionadas a quais desses
Também se aponta aqui para a subgrupos populacionais podem, de
necessidade do estudo de populações fato, se beneficiar com futuras ações
adultas e idosas mais diversas. Inicial- de intervenção. A Figura 4 sumariza,
mente, reflete-se sobre a necessidade então, as principais esferas de desafios
de mais estudos em países de renda e perspectivas futuras para o entendi-
baixa e média11, principalmente bai- mento dos determinantes da atividade
xa22, que ainda carecem de evidências física nas populações adulta e idosa.
consistentes. Nesses locais, identifi-
car e comparar fatores geopolíticos
permitirão entender particularidades
de grupos em risco ou em vulnerabi-
lidade. Outro ponto crucial é o apro-
fundamento das particularidades das
populações clínicas, como aquelas
161
IX. Determinantes da atividade física em adultos e idosos
Figura 4 – Perspectivas inovadoras no estudo dos principais determinantes e fatores associados à prática
de atividade física em adultos e idosos, a partir do modelo ecológico.
Novas variáveis
de exposição
Estudos com
Maior
enfoque quali-
homogeneidade
quantitativo, e
na mensuração
delineamentos
do desfecho
longitudinais e
atividade física
experimentais
Determinantes da
atividade física em
adultos e idosos:
perspectivas e
Amostras
desafios
derivadas de
diferentes
Novas análises
subgrupos
estatísticas
populacionais e
com populações Emprego das
clínicas evidências
científicas em
ações
governamentais de
promoção da
atividade física
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
162
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
163
IX. Determinantes da atividade física em adultos e idosos
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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167
S
EIXO 4
L
CONSEQUÊNCIAS
N
X
CONSEQUÊNCIAS DA ATIVIDADE FÍSICA
NA GESTAÇÃO E PRIMEIRA INFÂNCIA
A
atividade física gestacional, gestação, principalmente no traba-
apesar de natural, foi vista lho, representaria um risco para mãe
por muitas décadas como e feto, uma vez que muitas mulheres
um comportamento inadequado ou com altos níveis de atividade física
até perigoso. É uma área de pesqui- ocupacional, geralmente eram aque-
sa recente, com os estudos pioneiros las que também apresentavam carac-
sendo feitos nos Estados Unidos nos terísticas como nutrição e cuidados
anos 1980, primeiro com animais e pré-natais inadequados, baixa esco-
depois com mulheres voluntárias1,3. laridade e nível socioeconômico, lon-
Estudos de cunho populacional ini- gos turnos de trabalho, entre outros
cialmente apresentavam diversos fatores de risco gestacional4, 5.
problemas metodológicos como viés Ao mesmo tempo, a atividade
de seleção e análises estatísticas sem física de lazer não era vista como
controle adequado para variáveis de apropriada na gestação, e muitas
confusão, criando uma falsa impres- mulheres abandonavam suas rotinas
são de que o movimento durante a de exercício ao engravidar, fosse por
169
X. Consequências da atividade física na gestação e primeira infância
170
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
171
X. Consequências da atividade física na gestação e primeira infância
172
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
173
X. Consequências da atividade física na gestação e primeira infância
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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X. Consequências da atividade física na gestação e primeira infância
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X. Consequências da atividade física na gestação e primeira infância
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
179
X. Consequências da atividade física na gestação e primeira infância
180
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
para meninos, no que diz respeito tando seu tempo de tela. Um estudo
aos problemas de desenvolvimento que comparou as coortes de 2004 e
da linguagem (OR= 0,56; IC95% 0,34- 2015, quando as crianças tinham qua-
0,95). Além disso, para meninas, a ati- tro anos, mostrou que nesse espaço
vidade física gestacional resultou em de 11 anos as crianças aumentaram
melhor desenvolvimento do domínio de 3,4 para 4,4 horas de tempo de TV
motor, sendo fator de proteção para por dia55.
atrasos de desenvolvimento desse do- Na Coorte de 2015 foi feita avalia-
mínio (OR= 0,47; IC95% 0,26-0,85). ção da atividade física por acelerome-
tria em crianças de um ano56, com
Efeitos precoces da atividade protocolo de 24h por quatro dias e
física infantil observou-se em quase 3 mil crianças
que, independentemente do fato da
Assim como na população adulta, criança já estar caminhando ou não,
em crianças as duas formas princi- as meninas apresentam menos movi-
pais para se avaliar a atividade física mento global e menos atividades con-
são o questionário e a medida direta, sideradas intensas. Outro fato curio-
como por acelerometria. Contudo, so é que crianças filhas de mulheres
no público infantil o diferencial em mais ativas na gestação eram mais
relação ao questionário é que não po- ativas com um ano de idade. A mes-
demos usar o autorrelato, mas sim a ma diferença foi vista comparando o
informação indireta fornecida pelos status de atividade física paterna atu-
pais, tornando-a bastante frágil meto- al. Ou seja, com um ano de idade, as
dologicamente e sendo sujeita à per- crianças mais ativas eram as filhas de
cepção dos pais. gestantes mais ativas e com pais mais
De forma inovadora, tanto as co- ativos na atualidade.
ortes de 2004 quanto de 2015 se preo- Um dado preocupante é que, as-
cuparam com avaliação da atividade sim como na passagem da adolescên-
física infantil, coletando informação cia para a vida adulta, desde a infân-
tanto via pais (questionário) quanto cia (a partir dos quatro anos de idade)
por via direta (acelerometria), além observa-se uma queda na atividade
disso, medidas de tempo de tela e física à medida que as crianças cres-
comportamento sedentário também cem, e desde cedo os meninos são
foram obtidas em alguns acompanha- mais ativos que as meninas. Um estu-
mentos. Similar ao que se observa em do de Pelotas57 com crianças entre as
populações adultas, os jovens das co- idades de quatro a 11 anos, medindo
ortes parecem também estar aumen- atividade física por acelerometria,
181
X. Consequências da atividade física na gestação e primeira infância
182
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
183
X. Consequências da atividade física na gestação e primeira infância
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atividade física e do tempo de tela no
neurodesenvolvimento na primeira
186
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
187
XI
CONSEQUÊNCIAS DA ATIVIDADE FÍSICA
NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
S
egundo recomendações nacio- Duas questões importantes na li-
nais1 e internacionais2, crian- teratura da área que devem ser res-
ças e adolescentes devem en- saltadas são a necessidade de estudos
gajar-se em pelo menos 60 minutos com delineamento longitudinal para
de atividade física (AF) de intensi- a adequada investigação das con-
dade moderada a vigorosa por dia. sequências da AF e a realização de
A prática de AF durante a infância e estudos em países de renda média e
adolescência é bem estabelecida na baixa, pois a maioria das evidências
literatura como um comportamento sobre as consequências da AF é for-
benéfico para a saúde de modo geral1. necida por estudos realizados em pa-
No entanto, algumas lacunas perma- íses de renda alta.
Nesta perspectiva, faz-se necessá-
necem, comprometendo a melhor
rio destacar os estudos realizados na
compreensão das associações entre a
cidade de Pelotas (RS). Com muitos
prática de AF e um melhor perfil de
pesquisadores atuantes na área de
saúde em crianças e adolescentes2.
epidemiologia da AF e com a realiza-
188
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
189
XI. Consequências da atividade física na infância e adolescência
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
190
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
Composição corporal
× × ↑ ↑ ↑ ↑ ↓
(n=6)
Saúde cardiovascular
× × ↑ ↑ ↑ ↓
(n=5)
Saúde óssea
↑ ↑ ↑ ↑ ↑
(n=5)
Saúde mental
↑ ↑ ↑
(n=3)
Função pulmonar
↑ ↑ ↓
(n=3)
Sono
× × ↓
(n=2)
Tracking de atividade física
↑ ↑
(n=2)
Dor lombar
×
(n=1)
Reprovação escolar
↓
(n=1)
Trauma dental
×
(n=1)
Quociente de inteligência
↔
(n=1)
Utilização de medicamentos
↑
(n=1)
*legenda na próxima página
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
191
XI. Consequências da atividade física na infância e adolescência
Cada símbolo representa a presença ou ausência de associação entre as variáveis nos resulta-
dos principais de cada artigo sobre o tema. Foram consideradas apenas as análises ajustadas
apresentadas nos artigos.
↑: quando pelo menos uma associação significativa (nos meninos e/ou meninas) indicando
um efeito benéfico da atividade física ou do comportamento sedentário foi encontrada no
artigo.
↓: quando uma associação significativa (nos meninos e/ou meninas) indicando um efeito
prejudicial da atividade física ou do comportamento sedentário foi encontrada no artigo.
×: quando não foi encontrada nenhuma associação significativa no artigo.
↔: quando foram encontradas associações nas duas direções (nos meninos e/ou meninas) no
artigo.
192
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
193
XI. Consequências da atividade física na infância e adolescência
194
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
195
XI. Consequências da atividade física na infância e adolescência
196
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
ca, por exemplo) pode interferir nas grupos: 1) alta AF e baixo tempo de
associações48. Muitas das evidências tela; 2) alta AF e alto tempo de tela;
disponíveis são provenientes de estu- 3) baixa AF e baixo tempo de tela; e,
dos transversais e com a medida de 4) baixa AF e alto tempo de tela. Os
AF não realizada de forma objetiva51. resultados indicaram não haver asso-
Ainda, as diferentes formas de anali- ciações entre as categorias de tempo
sar a AF (volume total, a utilização de de tela e AF analisadas aos 11 e 15
diferentes pontos de corte para clas- anos com nenhum dos marcadores
sificação intensidade, de diferentes de saúde cardiovascular analisados
bouts, entre outras características)47 aos 18 anos. Nas análises transver-
e os poucos estudos considerando as sais, adolescentes do grupo baixa AF
possíveis associações das AF de in- e alto tempo de tela apresentaram ní-
tensidades vigorosas separadamente veis mais altos de glicose e de coles-
das AF de intensidades moderadas52 terol não HDL. Quando analisados de
são possíveis motivos para as incon- forma independente, adolescentes do
sistências encontradas na literatura. grupo mais ativo apresentaram níveis
Por fim, outros comportamentos significativamente melhores em to-
potencialmente associados à saúde dos os desfechos, independentemen-
devem ser considerados em estudos te do tempo de tela. O tempo de tela
futuros sobre as consequências da isoladamente, por outro lado, não
AF em marcadores de saúde cardio- apresentou associação com nenhum
vascular de crianças e adolescentes, dos marcadores de saúde cardiovas-
como tempo sedentário, indicadores cular analisados. Outros estudos ori-
de sono e hábitos alimentares47 e a ginais53,54, sendo um deles realizado
aptidão física55. no Rio Grande do Sul53, e uma recen-
Dentre tais comportamentos, re- te meta-análise51 relatam resultados
lações entre o tempo sedentário e semelhantes, sugerindo que níveis
marcadores de saúde têm sido ana- mais altos de AF parecem ser mais
lisadas tanto de forma independen- importantes do que um reduzido
te quanto de forma combinada à AF. tempo de tela para a saúde cardiovas-
No estudo realizado em Pelotas en- cular em adolescentes.
volvendo o tempo sedentário13, essa
variável foi considerada a partir do Consequências na saúde óssea
tempo de tela. As análises foram rea-
lizadas combinando as categorias do A saúde óssea é fundamental para
tempo de tela e de AF (ambas men- a manutenção da qualidade de vida
suradas por questionário) em quatro em virtude do seu papel funcional no
197
XI. Consequências da atividade física na infância e adolescência
198
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
paração com meninos inativos nessas nham maior DMO quando compara-
idades15. Cabe ressaltar que, nesse dos ao grupo controle63.
estudo, apenas o sexo masculino foi Utilizando os indivíduos perten-
avaliado aos 18 anos. Esses resulta- centes à Coorte de 1993, foi investi-
dos também foram encontrados por gada também a associação entre a
pesquisadores canadenses, os quais AF acumulada aos 11, 15 e 18 anos e
verificaram que os efeitos da prática a DMO aos 18 anos18. A AF realizada
de AF na adolescência na DMO são em intensidade vigorosa em qual-
mantidos até a idade adulta62. quer idade avaliada na adolescência
Em um outro estudo, tendo como mostrou-se associada à maior DMO
amostra a Coorte de 1993, verificou- na lombar e no fêmur em meninos.
-se que realizar AF de maior impac- Meninas que fizeram, pelo menos,
to com o solo aos 11 e 15 anos esteve 75 min/sem de AF vigorosa em pelo
associada a uma maior DMO no colo menos dois acompanhamentos da
femoral e na lombar aos 18 anos nos adolescência apresentaram maior
meninos16. Entre as meninas, a AF DMO no fêmur aos 18 anos de ida-
de alto impacto aos 11 anos foi po- de. Os resultados das medidas do
sitivamente associada à maior DMO acelerômetro e do autorrelato de AF
lombar e femoral. Ainda, os minutos foram consistentes, tendo nos me-
semanais de AF aos 11 anos foram ninos resultados mais evidentes18.
associados à maior DMO no colo do Esses resultados de diferentes mag-
fêmur. Já nos 15 anos, meninas com nitudes encontrados para meninos
mais minutos de AF apresentaram e meninas já foram evidenciados
maior DMO na lombar e no fêmur. na literatura. Um estudo de revisão
Atingir as recomendações de AF (300 mostrou que vários fatores podem
minutos por semana) aos 15 anos de- influenciar no aumento da DMO,
monstrou ser importante para maior dentre eles está o sexo64.
DMO aos 18 anos, seja avaliando na Já quando a prática de AF foi
lombar ou no colo femoral, tanto avaliada na infância, no estudo cuja
para meninos como para meninas16. amostra foi a Coorte de 2004, os pes-
Maior DMO nas atividades de maior quisadores identificaram uma maior
impacto também foram encontradas DMO da lombar nos meninos mais
em estudo realizado nos Estados Uni- ativos aos quatro e seis anos quan-
dos. Os pesquisadores verificaram do a prática de AF foi relatada pelas
que alunos que faziam atividades de mães dos participantes17. Quando a
maior impacto, após nove meses, ti- AF foi avaliada por acelerometria, os
pesquisadores encontraram associa-
199
XI. Consequências da atividade física na infância e adolescência
200
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
201
XI. Consequências da atividade física na infância e adolescência
202
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
203
XI. Consequências da atividade física na infância e adolescência
que foram incluídos nessa revisão são realizado na Coorte de 1982, em uma
observados, os resultados para todos amostra de 982 indivíduos, foram de-
os parâmetros de sono são inconclu- finidos como ativos aqueles que aos
sivos. Esses achados são corrobora- 15 e 19 anos disseram praticar algu-
dos por uma revisão recente sobre o ma AF pelo menos uma vez na sema-
tema, na qual os autores afirmam que na e aos 23 anos aqueles que realiza-
as evidências sobre os efeitos da AF ram, pelo menos, 150 minutos de AF
no sono para crianças e adolescentes por semana27. No estudo realizado na
ainda são insuficientes, destacando a Coorte de 1993, em uma amostra de
necessidade de estudos longitudinais 3.736 indivíduos, foram considerados
experimentais para essa faixa etária89. ativos aos 11, 15 e 18 anos aqueles que
realizaram, pelo menos, 300 minutos
Consequências no tracking de AF por semana28.
Um dos principais achados des-
A importância da AF na prevenção ses estudos de Azevedo e colabora-
e no tratamento de diversas doenças dores, realizados nas Coortes de 1982
é consenso na literatura científica90. e 1993, foi mostrar que pessoas ati-
Entre os fatores que são importantes vas aos 15 e 19 anos27 e aos 11 e 15
para que se mantenha um estilo de anos28 têm maior probabilidade de
vida ativo na idade adulta, a prática se manterem ativas aos 23 e 18 anos,
de AF na infância e adolescência tem respectivamente, quando compara-
um destaque especial. A essa conti- dos aos indivíduos inativos. Esses re-
nuidade da prática de AF das décadas sultados são encontrados em ambos
iniciais de vida até a idade adulta dá- os sexos, sendo que nos meninos as
-se o nome de tracking da AF. magnitudes foram maiores. Resulta-
Entre os estudos de Pelotas so- dos semelhantes foram encontrados
bre consequências da AF na infância em uma revisão sistemática, onde os
e adolescência, foram encontrados autores afirmam que a prática de AF
dois estudos que analisaram o tra- na infância e adolescência tende a se
cking da AF na adolescência, sendo manter entre os indivíduos ativos até
um na Coorte de Nascimentos de o início da idade adulta, no entanto
198227 e outro na de 199328. Nesses es- essas conclusões não demonstram
tudos, ambos longitudinais, a prática ser uma unanimidade científica91.
de AF foi coletada através de autorre- Nos estudos de Pelotas, conforme
lato. Os critérios adotados para iden- verificado, apenas o tracking da AF
tificar se os indivíduos eram ativos na adolescência para início da vida
variaram entre os estudos. No estudo adulta foi avaliado.
204
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
205
XI. Consequências da atividade física na infância e adolescência
para a literatura da área. Além disso, 2. Chaput JP, Willumsen J, Bull F, Chou
conforme já mencionado, a maioria R, Ekelund U, Firth J, et al. 2020 WHO
guidelines on physical activity and
das evidências sobre as consequên-
sedentary behaviour for children and
cias da AF na infância e adolescên- adolescents aged 5-17 years: summary of
cia é oriunda de países de renda alta. the evidence. Int J Behav Nutr Phys Act.
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da média e baixa, como os estudos 3. Hallal PC, Reichert FF, Ekelund
de Pelotas, fornecem informações U, Dumith SC, Menezes AM, Victora
valiosas para a área, uma vez que a CG, et al. Bidirectional cross-sectional
prática de AF pode ser diferente em and prospective associations between
physical activity and body composition in
países com distintos contextos so-
adolescence: Birth cohort study. J. Sports
cioeconômicos, podendo influenciar Sci. 2012 Dec;30(2):183-90.
seus efeitos em desfechos de saúde.
4. Reichert FF, Menezes AMB, Hallal
Ademais, pela maioria dos estudos PC, Ekelund U, Wells JCK. Objectively
de Pelotas ser oriundo de coortes de measured physical activity and body
nascimentos, houve a possibilidade composition indices in Brazilian
de analisar as associações levando adolescents. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2012
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em consideração importantes fato-
res de confusão desde o nascimento 5. Martinez-Gomez D, Mielke GI,
Menezes AM, Goncalves H, Barros FC,
dos indivíduos, com análises esta-
Hallal PC. Active commuting throughout
tísticas robustas, além da utilização adolescence and central fatness before
de instrumentos de alta qualidade adulthood: prospective Birth cohort
(ex: DEXA) para avaliar alguns des- study. PloS One. 2014 May;9(5):8.
fechos. Todos esses pontos ratificam 6. Xavier M, Bielemann R, Maciel
a importante contribuição científica F, Neutzling M, Gigante D. Variação
em nível internacional dos estudos temporal no excesso de peso e obesidade
de Pelotas sobre as consequências da em adolescentes de escola privada do Sul
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
207
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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212
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
213
XII
CONSEQUÊNCIAS DA ATIVIDADE FÍSICA
EM ADULTOS
A
atividade física (AF) é reco- Por outro lado, as evidências indi-
nhecida como um dos prin- cam que a inatividade física aumenta
cipais fatores de proteção à de 6% para 10% o risco de ocorrência
ocorrência de doenças crônicas não das principais DCNT, como doenças
transmissíveis (DCNT), incluindo cardiovasculares, doenças respirató-
obesidade, síndrome metabólica, rias crônicas, diabetes mellitus tipo
diabetes mellitus tipo II, doenças car- II e neoplasias malignas4. Ademais,
diovasculares e alguns tipos de cân- essa inatividade está associada a um
ceres1. Ainda, constitui-se como um aumento de 20 a 30% na mortalidade
elemento fundamental para a saúde por todas as causas5, e a um aumento
musculoesquelética, dada a capaci- de 9% nas taxas de mortalidade pre-
matura em todo o mundo4. Somado a
dade de manter a massa óssea e mus-
isso, são cada vez mais crescentes as
cular esquelética, assim como de ate-
evidências dos efeitos deletérios do
nuar as principais características do
comportamento sedentário à saúde6.
envelhecimento humano2,3.
214
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
215
XII. Consequências da atividade física em adultos
216
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XII. Consequências da atividade física em adultos
228
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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XII. Consequências da atividade física em adultos
234
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
235
XII. Consequências da atividade física em adultos
236
XIII
CONSEQUÊNCIAS DA ATIVIDADE FÍSICA
EM IDOSOS
E
m 2021, haviam aproximada- anos ou mais, respectivamente. No
mente 31 milhões de pessoas entanto, o custo total dessas interna-
com 60 anos ou mais no Bra- ções cresceu 118% e 101% no mesmo
1
sil . A estimativa é de que, a cada dez período3. Assim, estratégias que bus-
anos, a população idosa no país au- quem reduzir a carga da transição de-
mente 34% até 2050. Acompanhando mográfica e epidemiológica no país
a transição demográfica, vem obser- são necessárias. Por conta disso, es-
vando-se o aumento da prevalência tudos anteriores têm mostrado a im-
de doenças crônicas como doença de portância do estilo de vida saudável
Alzheimer e outras demências nessa no processo de envelhecimento4–8.
população2, gerando uma maior car- Por exemplo, cerca de 15% dos
ga nos sistemas de saúde. Por exem- custos do SUS com internações em
plo, entre 2010 e 2020, o número de 2013 pelas principais doenças crô-
internações no Sistema Único de nicas não transmissíveis (neoplasia
Saúde (SUS) aumentou 23,8% e 12,8% maligna de cólon e mama, doenças
entre homens e mulheres com 60 cerebrovasculares, doenças isquêmi-
237
XIII. Consequências da atividade física em idosos
cas do coração, hipertensão, diabetes por meio de sua influência sobre de-
e osteoporose) foram atribuídos à ina- senvolvimento de doenças crônicas e
tividade física9. No mesmo ano, um auxilia na restauração da capacidade
terço das hospitalizações por demên- funcional em idosos anteriormen-
cia no país foram também atribuídas te sedentários. Ainda, programas de
à inatividade física10. No entanto, en- exercício aeróbicos e de força podem
tre idosos com 80 anos ou mais, essa aumentar a capacidade aeróbia e a
fração atribuível chega a 42,9% entre força muscular, respectivamente, em
homens e 43,8% em mulheres10. Devi- 20% e 30% ou mais em adultos mais
do à alta carga social e econômica da velhos15,16. A atividade física nesse
inatividade física, especialmente na contexto parece ser um dos princi-
população idosa, é crescente a inves- pais comportamentos associados ao
tigação sobre o papel da (in)ativida- estilo de vida que pode influenciar
de física na saúde do idoso. Assim, o favoravelmente uma ampla gama de
presente capítulo busca apresentar as sistemas fisiológicos e fatores de ris-
consequências da atividade física na co para doenças crônicas e podem ser
saúde do idoso, as evidências de Pe- associados à melhor saúde mental e
lotas a partir do estudo “COMO VAI?” integração social. Assim, nos pará-
e a contextualização com evidências grafos a seguir, resumiremos alguns
nacionais e internacionais. dos principais efeitos da prática de
atividade física na saúde do idoso.
Em relação à função cognitiva, os
Consequências da (in)atividade
estudos disponíveis apontam uma evi-
física na saúde do idoso
dência moderada a forte para o efeito
Com o avanço da idade, deteriora- da atividade física de intensidade mo-
ções estruturais e funcionais ocorrem derada a vigorosa na função cognitiva
na maioria dos sistemas fisiológicos, de adultos com 50 anos ou mais8. Es-
mesmo na ausência de doença. Es- pecificamente, estudos de revisão sis-
sas mudanças relacionadas à idade temática e meta-análise apontam para
afetam uma ampla gama de tecidos, efeito positivo de diferentes tipos de
órgãos e sistemas, que, cumulativa- atividade física na função executiva,
mente, podem impactar as ativida- atenção, memória episódica, função
des da vida diária e a preservação da visuoespacial, fluência verbal, velo-
independência física em idosos. Por cidade de processamento, e função
outro lado, a atividade física regular cognitiva global em idosos cognitiva-
aumenta a expectativa média de vida mente saudáveis19–21. Nessa mesma
população, estudos mostram que a
238
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
atividade física pode aumentar o volu- atividade física, porém abaixo do nível
me de regiões cerebrais importantes semanal recomendado (150 minutos
para a prevenção de comprometimen- por semana), já possuem menor risco
to cognitivo leve e demência, como o de mortalidade comparado a adultos
hipocampo22,23. Ainda, há evidências que não fazem atividade física49.
fortes do papel protetor da atividade Em relação ao sistema imunológi-
física contra o declínio cognitivo e o co, já é compreendido que pessoas ati-
desenvolvimento de demências como vas fisicamente apresentam resposta
a doença de Alzheimer8,24,25. imunológica melhor do que a observa-
No ponto de vista da saúde cardio- da em pessoas inativas50–53. Por exem-
vascular, a atividade física em idosos plo, pessoas ativas fisicamente têm
resulta nos mesmos benefícios ob- menor risco de infecção e mortalidade
servados em adultos40. Por exemplo, por doenças infecciosas51,54. Tal efeito
idosos ativos fisicamente apresentam pode estar relacionado ao aumento no
menor risco para desenvolver doenças número de células CD4+ e na concen-
isquêmicas do coração, doenças cere- tração da imunoglobulina A (IgA) sali-
brovasculares, e diabetes do tipo 240,41. var e diminuição na contagem de neu-
Duas revisões sistemáticas investi- trófilos em pessoas ativas fisicamente.
garam a associação entre a atividade Ainda, estudos prévios mostram que
física e doenças cardíacas coronaria- a resposta imunológica induzida pela
nas em idosos42,43. Totalizando uma vacinação é melhorada em adultos, in-
amostra de 85.401 idosos, os estudos cluindo idosos, ativos fisicamente com-
concluíram que a atividade física re- parados com os inativos51,53,55. Devido
duziu o risco de desenvolvimento de ao impacto deletério da inatividade
doenças cardiovasculares, bem como física no sistema imunológico, um es-
a mortalidade por elas. Outro estudo tudo mostrou que a troca de 30 minu-
mostrou que idosos ativos apresentam tos de comportamento sedentário por
rigidez arterial menor do que os pares atividade física de intensidade modera-
inativos44. Além disso, idosos ativos fi- da a vigorosa resultou em um melhor
sicamente e vivendo com diabetes do perfil inflamatório em adultos entre 50
tipo 2 têm menor risco de mortalidade e 69 anos61. Dessa forma, destaca-se a
e doença cardiovascular, depressão, importância da manutenção e promo-
melhor controle glicêmico e do peso ção da atividade física na população
corporal, maior aptidão cardiovascu- idosa, inclusive em tempos pandêmi-
lar, força muscular, e melhor sensibili- cos, como durante a pandemia causa-
dade insulínica45–48. Inclusive, adultos da pelo novo coronavírus (covid-19).
com diabetes do tipo 2 que praticam
239
XIII. Consequências da atividade física em idosos
240
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
241
XIII. Consequências da atividade física em idosos
242
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
Ano 2014
Início do estudo
Elegíveis: 1.844
idosos
21,3% perdas e recusas
(N = 393)
N = 1.451
idosos
Ano
2016/17
Acompanhamento: 89,5%
(145 óbitos identificados)
Perdas: N = 92 Recusas: N = 61
Acompanhamentos
Ano 2019/20
243
XIII. Consequências da atividade física em idosos
244
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
Outro desfecho de saúde que teve Enfoque maior do que nos estu-
a sua associação observada a me- dos apresentados acima foi dado para
nores níveis de atividade física foi a a atividade física na verificação da
presença de sintomas depressivos. A associação desta com o uso de poli-
frequência desses sintomas, avaliada farmácia – utilização concomitante
pela ocorrência de pelo menos cinco de cinco ou mais medicamentos pres-
dos dez avaliados pela percepção dos critos por um médico. Esse estudo
próprios idosos através da aplicação utilizou apenas dados de atividade
da versão curta da Geriatric Depressi- física provenientes da acelerometria,
ve Scale (GDS-10), foi quase duas vezes avaliação a associação da polifarmá-
maior entre os idosos pertencentes cia com três variáveis da exposição
ao “COMO VAI?” que praticavam ati- de interesse: atividade física em geral
vidade física moderada ou vigorosa (média de aceleração/dia: mg), minu-
no domínio de lazer por tempo infe- tos/dia gastos em atividade física leve
rior a 150 minutos/semana do que na- (entre 50 e 99 mg) e minutos/dia em
queles que atingiram pelo menos 150 atividade física de intensidade mode-
minutos/semana90. rada ou vigorosa (≥ 100 mg). Os acha-
Ainda, testou-se a associação entre dos mostraram uma proteção de 25 a
atividade física e fragilidade, uma sín- 40% para o uso de polifarmácia na-
drome multidimensional, avaliada no queles idosos de ambos os sexos clas-
estudo “COMO VAI?” através dos nove sificados no tercil superior das três
itens estabelecidos pela Escala de variáveis avaliadas (atividade física
Fragilidade de Edmonton: cognição, geral, leve e moderada ou vigorosa),
estado geral de saúde, independência incluindo o número de doenças crô-
funcional, suporte social, uso de me- nicas presentes no ajuste estatístico
dicação, nutrição, humor, continên- final da análise. Considerando o tem-
cia urinária e desempenho funcional. po diário gasto em atividade física de
A prevalência de fragilidade foi 137% intensidade moderada ou vigorosa, a
maior nos idosos classificados no es- prevalência de polifarmácia entre os
tudo como insuficientemente ativos idosos do tercil mais ativo foi de apro-
no período de lazer (< 150 minutos/ ximadamente 25%, chegando a quase
semana de atividade física) do que en- 60% nos idosos classificados no grupo
tre aqueles identificados como ativos de menor tempo de atividade física92.
(≥ 150 minutos/semana). Destaca-se Um desfecho de bastante relevân-
sobre esse estudo ainda que nenhum cia à população geriátrica, cuja asso-
idoso classificado como ativo no lazer ciação com a atividade física também
apresentava fragilidade grave91. foi avaliada no estudo “COMO VAI?”,
245
XIII. Consequências da atividade física em idosos
246
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
247
XIII. Consequências da atividade física em idosos
Tabela 1a – Estudos que avaliaram as consequências da atividade física sobre desfechos de saúde na população idosa de Pelotas, Rio Grande do Sul (estudo “COMO VAI”)
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
248
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
Tabela 1b – Estudos que avaliaram as consequências da atividade física sobre desfechos de saúde na população idosa de Pelotas, Rio Grande do Sul (estudo “COMO VAI”)
Fonte: Elaborado pelos autores (2022). Adaptado por Fernanda F. Alves (2023)
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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262
XIV
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
A
s pessoas com deficiência sa população) tinham algum tipo de
(PCD) e os indivíduos com deficiência (deficiência visual, auditi-
transtorno do espectro autista va, física ou déficit intelectual)2.
(TEA) durante muito tempo viveram O Centro de Controle e Prevenção
à margem da sociedade em relação de Doenças (CDC) dos Estados Uni-
à inclusão em programas de ativida- dos publicou, no dia 2 de dezembro
des físicas (AF), atividades culturais e de 2021, o mais recente estudo que
cotidianas e, também, no âmbito das discorre sobre a prevalência do TEA.
pesquisas científicas. De acordo com o relatório, uma a
Segundo a Organização Mundial cada 44 crianças aos oito anos de ida-
de Saúde (OMS), as pessoas com defi- de é diagnosticada com TEA nos EUA.
ciência representam 15% da popula- O número representa um aumento de
ção mundial1. No Brasil, em 2019, se- 22% em relação à pesquisa anterior
gundo a Pesquisa Nacional de Saúde de 2020, cuja proporção era de um
(PNS), 17,3 milhões de pessoas com para 541. Numa transposição dessa
dois anos de idade (ou mais 8,4% des- prevalência (de 2,3% da população)
263
XIV. Pessoas com deficiência e transtorno do espectro autista
para o Brasil, teríamos hoje cerca de de vida dessas pessoas tem aumenta-
4,84 milhões de pessoas com TEA no do significativamente e, o importan-
país. Porém, ainda não temos núme- te, não é apenas viver mais, mas viver
ros oficiais de prevalência de indiví- com qualidade de vida (QV), com um
duos com TEA no Brasil. estilo de vida (EV) ativo.
A evolução dos estudos rela-
cionados com essa população tem
Estilo de vida e pessoas com
ultrapassado o âmbito das pesqui-
deficiência e TEA
sas descritivas, partindo para estu-
dos de intervenção e proposição de Ainda hoje se tem um conceito
instrumentos para a avaliação da equivocado sobre as PCD, imaginan-
aptidão física, das habilidades mo- do-se ainda que esses indivíduos vi-
toras e da capacidade funcional. vem pouco, que não possuem capa-
O Núcleo de Estudos em Atividade Fí- cidade para atuar independentes e
sica Adaptada – Neafa da Esef/UFPel, que não podem estar interagindo na
tem produzido estudos voltados às sociedade. A expectativa de vida das
pessoas com PCD e TEA, além de ofe- PCD e com TEA também tem aumen-
recer diversos projetos de extensão tado nas últimas décadas. Podemos
desde 1997. citar como exemplo a Síndrome de
A importância da realização de Down (SD), cuja expectativa era de
estudos com essa população está nove anos em 1920 e passou para 60
alicerçada na necessidade de ofere- anos nos dias atuais³.
cer resultados que propiciem o de- Ao longo desses anos, vários fato-
senvolvimento de políticas públicas, res contribuíram para o aumento da
planejamento de programas sociais expectativa de vida dessas pessoas,
voltados à prática de AF nas cidades e dentre os quais: a descoberta de vá-
municiar os profissionais com dados rias causas de deficiências, aciden-
reais. Assim, será possível quebrar tes genéticos, diagnóstico no TEA,
preconceitos e diminuir barreiras, a aceitação das famílias em criarem
e ainda oferecer aos professores das seus filhos, a formação de várias as-
escolas conteúdos e ferramentas de sociações de apoio, as intervenções
avaliação da aptidão física relaciona- pedagógicas nas escolas, a formação
das à saúde e às habilidades motoras, profissional, a evolução da medicina
além de dar suporte aos gestores pú- e, nos últimos anos, a preocupação
blicos sobre os benefícios da AF. das famílias e sociedade com a mu-
Esses desafios são ainda mais im- dança do EV.
portantes, uma vez que a expectativa
264
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
265
XIV. Pessoas com deficiência e transtorno do espectro autista
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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XIV. Pessoas com deficiência e transtorno do espectro autista
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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XIV. Pessoas com deficiência e transtorno do espectro autista
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
271
XIV. Pessoas com deficiência e transtorno do espectro autista
272
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
ções entre a AF, exercício físico e do- na faixa etária de 10 a 20 anos, o Pro-
enças associadas, bem como o perfil down adota um sistema referendado
da aptidão física. em normas de referências, inseridas
A utilização dos diversos compo- em um programa de fácil acesso e uti-
nentes desse programa nas escolas é lização para todos os professores de
uma base sólida para um eficaz pro- Educação Física que trabalham com
cesso de educação na promoção da essas pessoas. As tabelas são estrati-
AF e do exercício físico. ficadas por idade e sexo, definindo-se
Para avaliação da aptidão física de cinco categorias (quintis) de aptidão
crianças e jovens brasileiros com SD física conforme a Tabela 1.
Tabela 1 – Determinação das normas de referências dos testes de aptidão física relacionada à saúde e ao
desempenho motor.
273
XIV. Pessoas com deficiência e transtorno do espectro autista
274
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
275
XIV. Pessoas com deficiência e transtorno do espectro autista
276
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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277
XIV. Pessoas com deficiência e transtorno do espectro autista
278
S
EIXO 5
L
INTERVENÇÕES
N
XV
ABORDAGENS PARA INTERVENÇÕES DE
PROMOÇÃO DE ATIVIDADE FÍSICA
A
atividade física afeta significa- vações que levam alguém a se movi-
tivamente a saúde humana e mentar podem vir acompanhadas de
pesquisadores da área preci- outras escolhas que acabam por di-
sam avaliar e quantificar essa influên- ferenciar aquela pessoa das demais,
cia para estabelecer parâmetros nor- o que se costuma chamar de “cluster
teadores de intervenções em saúde. de comportamentos”, em que outros
Por ser um comportamento, e hábitos se acumulam e levam aquela
não uma característica, tudo que en- pessoa a ter uma saúde diferenciada.
volve a atividade física, como seus Exemplos comumente vinculados à
determinantes e contexto de prática, atividade física incluem alimentação
fazem parte do estilo de vida indivi- saudável, não fumar, dormir bem,
dual, sendo afetados também pelo não beber em excesso, controlar o
meio em que se vive, compondo um estresse, entre outros, criando um
cenário que inclui as atitudes e op- estilo de vida mais saudável naquele
ções de cada um. Nessa perspectiva, indivíduo, dentro do qual a atividade
é preciso compreender que as moti- física é um dos componentes, mas
280
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
281
XV. Abordagens para intervenções de promoção de atividade física
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XV. Abordagens para intervenções de promoção de atividade física
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
285
XV. Abordagens para intervenções de promoção de atividade física
16 semanas com três sessões por se- do na gestação (2014–15) e sem data
mana que duravam uma hora cada, para encerrar, já tendo acompanha-
e consistia em 10 minutos de aqueci- do as mães ainda na gravidez e suas
mento e exercícios de flexibilidade, crianças aos 3, 12 meses; aos 2, 4 e 7
seguido de exercícios aeróbios e de anos de idade11.
resistência muscular. A progressão O intuito original do estudo era
era feita individualmente através do avaliar a influência do exercício físi-
aumento de exercícios aeróbios, re- co gestacional sobre a prematurida-
dução do tempo de pausa, além do de, mas outros desfechos materno-
aumento no número de séries dos -infantis puderam e ainda poderão
exercícios de resistência. O grupo ser avaliados, considerando que as
controle não recebia nenhum progra- mulheres estudadas entraram para o
ma de exercícios, mas continuava a estudo no meio da gestação e conti-
receber o tratamento da unidade pri- nuarão sendo seguidas (juntamente
mária de saúde na cidade de Pelotas. com seus filhos) por toda duração do
A adesão ao programa foi satisfa- estudo de coorte.
tória (72,7%), sendo maior no grupo Com base em um cálculo amos-
intervenção (76,3%) do que no grupo tral, o total de mulheres incluídas no
controle (68,9%). Diversos desfechos ensaio clínico foi de 639, sendo 213
foram avaliados, sendo que não foi no grupo intervenção e 426 no gru-
encontrada nenhuma diferença en- po controle. Todas foram seleciona-
tre os grupos em relação ao desfecho das durante a primeira entrevista da
primário (taxa de filtração glomeru- coorte de nascimentos e o principal
lar), mas foi encontrada diferença fator de inclusão era que elas fossem
em alguns desfechos secundários previamente inativas (menos de 150’
(melhora na capacidade funcional, semanais de atividades de lazer). A
redução na proteína C-reativa e na intenção inicial era que as gestantes
glicose de jejum)9. frequentassem as sessões por pelo
menos 16 semanas, mas elas eram
PAMELA livres para continuar, se desejassem,
até o momento do parto.
O estudo PAMELA (Physical Acti- A intervenção consistia em três
vity for Mothers Enrolled in Longitu- sessões semanais de exercício in-
dinal Analysis) foi um ensaio clínico cluindo elementos aeróbicos, de força
randomizado10 desenvolvido junto à e de alongamento, com duração apro-
coorte de nascimentos de 2015 de Pe- ximada de uma hora. As gestantes re-
lotas, um estudo longitudinal inicia- cebiam transporte ida e volta de um
286
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
287
XV. Abordagens para intervenções de promoção de atividade física
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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XV. Abordagens para intervenções de promoção de atividade física
Pelotas foi responsável por um total 2,37; IC95% 1,48 - 3,80) filho com
de 15 mulheres. problemas de saúde (RR: 2,25;
O estudo Linda segue em fase de IC95% 1,27 - 3,99) prematuridade
intervenção com finalização prevista extrema (RR: 2,49; IC95% 1,07 -
5,77) não ter intenção de amamen-
para março de 2022, e os resultados
tar (RR: 3,7; IC95% 1,89 - 7,33)19.
específicos do ensaio clínico ainda
d. O aconselhamento para ativida-
não estão disponíveis. Mesmo assim, de física na gestação foi relatado
alguns estudos foram feitos com essa por 47,4% das mulheres antes do
população e os principais resultados diagnóstico de DMG e esse núme-
encontrados estão descritos a seguir: ro caiu para 34,3% após o diagnós-
a. A obesidade materna é um pro- tico. Aproximadamente um terço
blema que vem crescendo desde a das mulheres diabéticas é consi-
década de 90 e é uma preocupação derada ativa na gestação, mas dois
para saúde pública, uma vez que terços relatam diminuírem sua
aumenta muito o risco de diabetes atividade na gravidez. A inativida-
gestacional, diabetes tipo 2 e com- de física foi associada com não ter
plicações para o recém-nascido, companheiro (p=0,003), ter baixa
principalmente aquelas ligadas ao renda familiar (p=0,01), estar tra-
crescimento intrauterino e ganho balhando (p<0,001) e ter quatro ou
de peso fetal17; mais filhos (p<0,001)20;
e. Os sintomas depressivos (medi-
b. O transtorno da compulsão alimen-
dos pela escala de Edimburgo)
tar periódica (binge eating) é fre-
foram presentes em 31% das mu-
quente entre mulheres com DMG,
lheres diabéticas, sendo que 10%
atingindo mais de 30% delas tanto
apresentaram sintomas severos e
na gestação quanto no pós-parto.
8,3% apresentaram intenção de
Esse comportamento está associa-
autolesão na semana anterior.
do ao ganho de peso excessivo na
Ter menos filhos e alta escola-
gestação (RR 1,45, IC95% 1,29–1,63)
ridade foram fatores protetores
e à retenção do peso no pós-parto
contra a depressão21.
(RR 1,33, IC95% 1,10–1,59)18;
c. Entre as mulheres diabéticas,
96,1% iniciaram a amamentação e Pacientes epilépticos
93,1% mantiveram esse comporta-
mento por pelo menos 30 dias pós- Um ensaio clínico randomiza-
-parto. Os fatores associados à in- do foi delineado no ano de 2019 por
terrupção da amamentação após o uma equipe da Escola Superior de
30º dia foram não ter amamentado Educação Física da Universidade
o filho anterior (RR: 5,02; IC95% Federal de Pelotas (Esef-UFPel) com
3,39 - 7,45) fumo na gestação (RR:
o objetivo de avaliar o efeito de um
290
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
297
XV. Abordagens para intervenções de promoção de atividade física
é importante criar um elo entre pes- 2. Yuksel HS, Şahin FN, Maksimovic
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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301
XVI
INSERÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE
EDUCAÇÃO FÍSICA NO SISTEMA ÚNICO
DE SAÚDE
N
o Brasil, a saúde é um direi- intrassetorial e intersetorial e pela
to do cidadão, e prover as formação da Rede de Atenção à Saú-
condições para seu pleno de (RAS), buscando se articular com
exercício é dever do estado1. Integrar as demais redes de proteção social,
ações assistenciais e atividades pre- com ampla participação social2.
ventivas é um dos objetivos do SUS. Uma das maneiras de promover
Ainda, identificar e divulgar os fato- saúde, prevenindo3 e tratando4, 5 do-
res condicionantes e determinantes enças é por meio da prática de ativi-
de saúde; formular políticas de saú- dade física que faz parte do Plano de
de e prestar assistência por meio da Enfrentamento das Doenças Crônicas
promoção, proteção e recuperação da Não Transmissíveis do Ministério da
saúde1. A Promoção da Saúde é um Saúde. Ressalta-se que a Lei 12.864,
conjunto de estratégias e formas de de 24 de setembro de 2013, altera a
produzir saúde, tanto no âmbito indi- lei orgânica do SUS1, reconhecendo
vidual quanto coletivo, que se carac- a atividade física como determinante
teriza pela articulação e cooperação
302
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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XVI. Inserção dos profissionais de Educação Física no Sistema Único de Saúde
304
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XVI. Inserção dos profissionais de Educação Física no Sistema Único de Saúde
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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XVI. Inserção dos profissionais de Educação Física no Sistema Único de Saúde
308
XVII
AVALIAÇÃO DE INTERVENÇÕES PARA
PROMOÇÃO DE ATIVIDADE FÍSICA
C
onforme demonstrado em ca- estudos de avaliação de intervenções
pítulos anteriores, estudos de para a promoção da atividade física
intervenção para promoção de são alguns dos fatores que contri-
atividade física aparecem na literatu- buem para tal cenário.
ra científica com menos frequência Apesar dos desafios, diversas são
que estudos observacionais1. Além as possibilidades de intervenção para
das dificuldades óbvias em relação promoção da atividade física. Essas
à falta de financiamento adequado incluem, por exemplo, abordagens
para a condução de intervenções informativas, comportamentais e
para a promoção de atividade física, sociais, além das ambientais e políti-
estudos com delineamento adequado cas2. Diferentes facetas desses mode-
para avaliação dessas intervenções los de intervenção têm sido utilizadas
são escassos na área de pesquisa em e adaptadas às particularidades da
atividade física em saúde. A comple- população brasileira e à complexida-
de da rede de serviços de saúde e ou-
xidade logística, metodológica e con-
ceitual requerida para condução de
309
XVII. Avaliação de intervenções para promoção de atividade física
310
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
311
XVII. Avaliação de intervenções para promoção de atividade física
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XVII. Avaliação de intervenções para promoção de atividade física
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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nacional da gestão do Programa Academia
da Saúde. Brasília (Brasil): Ministério
320
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
321
S
EIXO 6
L
POLÍTICAS
N
XVIII
O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE COMO
MARCO MAIOR DE PROTEÇÃO SOCIAL
NO BRASIL: HISTÓRICO, PROJETOS EM
DISPUTA E PERSPECTIVAS
Alan Goularte Knuth; Bruno Pereira Nunes
“O SUS tem que ser a nossa joia da de social entre pessoas da periferia e da
coroa, nosso orgulho nacional. A gente favela que estão pensando como sobrevi-
não afundou mais ainda na pandemia ver, temos uma tecnologia social…pre-
por conta do SUS. Se a gente conseguir cisamos agora estimular isso e colocar
fazer minimamente uma política de va- no centro da discussão a preservação da
cinação, vai ser pelo SUS… vida e colocar a questão racial no centro
Já temos desenho institucional… desse papo…”
temos várias instituições talhadas para (“Silvio Almeida, comunicação no
que façamos uma política que possa se Youtube”, 2020)1
opor a esse processo de destruição provo-
cado pela crise internacional, pela crise Caminhos introdutórios
do capitalismo…
Antônio Abujamra comumente
Nós temos universidades públicas,
questionava, ao final das entrevistas
nós temos SUS…nós temos uma tradi-
do seu programa “Provocações”, na TV
ção, ainda que mínima, de solidarieda-
323
XVIII. O Sistema Único de Saúde como marco maior de proteção social no Brasil:
histórico, projetos em disputa e perspectivas
324
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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XVIII. O Sistema Único de Saúde como marco maior de proteção social no Brasil:
histórico, projetos em disputa e perspectivas
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XVIII. O Sistema Único de Saúde como marco maior de proteção social no Brasil:
histórico, projetos em disputa e perspectivas
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XVIII. O Sistema Único de Saúde como marco maior de proteção social no Brasil:
histórico, projetos em disputa e perspectivas
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XVIII. O Sistema Único de Saúde como marco maior de proteção social no Brasil:
histórico, projetos em disputa e perspectivas
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
333
XVIII. O Sistema Único de Saúde como marco maior de proteção social no Brasil:
histórico, projetos em disputa e perspectivas
Ministério da Saúde entre 2019 e 2020: inovadores, como o Nasf, foram reti-
a nova política de financiamento (Pre- rados das possibilidades de incentivo,
vine Brasil), a Agência de Desenvolvi- levando a uma arruinação das experi-
mento da Atenção Primária à Saúde ências existentes e seu possível ocaso
(Lei no 13.958) e a Carteira de Serviços no SUS. As ações de saúde se tornam
e normatizações complementares24. cada vez mais individualizantes, fo-
O ano de 2019 também foi marcado cadas em poucos indicadores de ca-
pela alteração no cronograma da pas- ráter clínico-biológico e assume-se a
ta e foi criada a Secretaria de Atenção compreensão da cobertura universal,
Primária à Saúde (Saps). O referencial onde se abandona a noção de univer-
de análise das autoras se aproxima da salidade e estabelece a lógica de uma
Saúde Coletiva e, assim, consideram cesta de serviços reduzida a alguns
que as mudanças trazem um sentido procedimentos, sem fidelidade aos
privatizante para o SUS, que parece princípios do SUS. Aqui vale destacar
aproximar a concepção de saúde de que cobertura, por si só, pode ser con-
cobertura universal e não de sistema siderada uma estratégia adequada em
universal até o modelo que funda- determinados contextos (países com
menta as alterações: mercantilizado sistemas de saúde inexistentes ou
de gestão e atenção à saúde, integran- precários). Porém, buscar substituir
do um novo processo de acumulação, sistemas universais pela cobertura
alargado pela abertura da saúde ao ca- universal, que seria o caso brasileiro,
pital estrangeiro, ocorrida em 201524. implica em uma mudança conceitual
A política de atenção primária as- e estrutural do sentido de saúde assu-
sume um enfoque individualizante e mido constitucionalmente.
um possível nicho de expansão do ca- Mais uma vez considera-se crucial
pital no que tange ao modelo de aten- colocar a temática em perspectiva,
ção e financiamento, enfraquecendo pois as alterações na atenção primária
a perspectiva do território, o trabalho passam também por um debate inter-
comunitário, o cuidado integral e nacional. Giovanella et al.15 ao traze-
multidisciplinar. No caso do Previne rem as mudanças de sentido nas con-
Brasil, a alteração foi significativa ao ferências temáticas desde Alma-Ata
abandonar o modelo de financiamen- até Astana consideram uma transição
to da atenção básica que operou entre das políticas universais até a cobertu-
1996 e 2019. Foram adotados como pa- ra universal (universal health coverage –
râmetros a captação ponderada, o pa- UHC) e trazem à baila a influência da
gamento por desempenho e o incenti- Fundação Rockefeller e Banco Mun-
vo para ações estratégicas. Programas dial. A revisão da política brasileira
334
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XVIII. O Sistema Único de Saúde como marco maior de proteção social no Brasil:
histórico, projetos em disputa e perspectivas
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XVIII. O Sistema Único de Saúde como marco maior de proteção social no Brasil:
histórico, projetos em disputa e perspectivas
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
339
XIX
PRÁTICAS CORPORAIS E ATIVIDADES
FÍSICAS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
O
presente capítulo busca situ- SUS e, em seguida, voltamos as len-
ar as práticas corporais e ati- tes para a intimidade da temática e os
vidades físicas (PCAF) desde contornos que possuem nas questões
sua institucionalização no Sistema conceituais, de pesquisa, formação e
Único de Saúde (SUS) brasileiro. As- reflexão frente ao debate público. Por
sumimos como recorte o campo da fim, são sinalizados alguns dos desa-
Promoção da Saúde e buscamos apre- fios que a temática e a dimensão da
sentar uma análise dos movimentos saúde como direito têm enfrentado
internacionais, nacionais e da inter- em tempos de austeridade fiscal, ne-
locução que o tema vem fazendo com gacionismo como política e intensifi-
o núcleo profissional da Educação cação de iniquidades.
Física, a partir de distintas compre-
ensões. Iniciamos com uma leitura
institucional que aponta diversas ini-
ciativas da esfera de gestão e indução
das PCAF e de políticas públicas no
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XIX. Práticas corporais e atividades físicas no Sistema ùnico de Saúde
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XIX. Práticas corporais e atividades físicas no Sistema ùnico de Saúde
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qual seja a associação entre a ativida- nifica dizer que há descrições, análi-
de física e a redução de indicadores ses e problematizações do tema Pcaf
de morbimortalidade por DCNT. Ao a partir de correntes teórico-meto-
considerar o SUS em seus valores e dológicas divergentes e potencial-
princípios e a promoção da saúde na mente conflitantes. Consideramos
perspectiva da equidade, a temática que a lente epidemiológica da ativi-
carece de complexidade no olhar e dade física foi suficientemente apre-
contribuição de diferentes lentes para sentada no item anterior, traremos
uma saúde socialmente referenciada. elementos que integrem as práticas
A saúde é um campo de investi- corporais ao debate, pois Pcaf foram
mentos históricos para a Educação assinaladas desde a PNPS e seus des-
Física, tomada por diferentes discur- dobramentos foram diversos, não
sividades, e as Pcaf quando institu- podendo ser apagados.
cionalizadas no SUS conviveram com González (2015)15, ao assumir as
múltiplas compreensões de como práticas corporais como práticas so-
se dariam as intervenções junto aos ciais com envolvimento motor e com
usuários, as pesquisas na área e os propósitos específicos e não instru-
efeitos na formação em Educação mentais, desconsidera as atividades
Física. A convivência com estas dife- físicas compulsórias ou demandadas
renças se mostra saudável e também para algum resultado produtivo. Isso
expõe relações de poder sobre a de- aproxima o movimento da noção do
marcação teórico-metodológica, o lazer ou do cuidado com o corpo e
financiamento, as terminologias e os saúde, podendo variar desde jogos
projetos para a saúde e para a Educa- populares, exercícios físicos ou ati-
ção Física13. vidades na natureza. Para o autor, no
O Glossário de Promoção da Saú- SUS os profissionais podem pensar
14
de coloca a atividade física como a intervenção “com” e “nas” práticas
movimento corporal que produz gas- corporais para além da dimensão or-
tos de energia acima dos níveis de gânica e comportamental. Percebe-se
repouso e práticas corporais como que essa compreensão não está inte-
expressões individuais ou coletivas ressada na atividade física realizada
do movimento corporal, advindas do pelas obrigações sociais do trabalho,
conhecimento e da experiência em do ambiente doméstico.
torno do jogo, da dança, do esporte, Ceccim e Bilibio (2007)16 de pron-
da luta, da ginástica, construídas de to assinalam que a Educação Física
modo sistemático (na escola) ou não pode produzir saúde em função da
sistemático (tempo livre/lazer). Sig- mediação relacional e educativa que
345
XIX. Práticas corporais e atividades físicas no Sistema ùnico de Saúde
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XIX. Práticas corporais e atividades físicas no Sistema ùnico de Saúde
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XIX. Práticas corporais e atividades físicas no Sistema ùnico de Saúde
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XIX. Práticas corporais e atividades físicas no Sistema ùnico de Saúde
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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neoliberal. Tradução Mariana Echalar.
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353
XIX. Práticas corporais e atividades físicas no Sistema ùnico de Saúde
354
XX
A CONTRIBUIÇÃO DE PELOTAS PARA A
ELABORAÇÃO DO GUIA DE ATIVIDADE
FÍSICA PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA
A
ideia de produzir recomenda- tério da Saúde, outros grupos da área
ções brasileiras de atividade também avaliavam como imprescin-
física, voltadas à população, dível a redação de tal documento,
não é nova. Ao longo da primeira dé- visto que, apesar de o Brasil ser refe-
cada do presente século, quando o rência internacional na área de ativi-
grupo de Pelotas colaborava regular- dade física e saúde, ainda faltava esse
mente com o Ministério da Saúde na documento básico, voltado à popu-
área de promoção da atividade física, lação. A Sociedade Brasileira de Ati-
em várias oportunidades foi discuti- vidade Física e Saúde, por exemplo,
da a possibilidade de escrita de um não apenas discutia essa possibilida-
guia brasileiro de atividade física. No de, como inclusive montou um gru-
po de trabalho específico para tratar
entanto, essa atividade nunca acabou
desse tema.
sendo priorizada pelo Ministério da
No ano de 2019, com a nomeação
Saúde na época1.
de Luiz Henrique Mandetta para o
Ao mesmo tempo em que essas
cargo de Ministro da Saúde, houve o
tratativas eram feitas junto ao Minis-
355
XX. A contribuição de Pelotas para a elaboração do Guia de Atividade Física
para a População Brasileira
356
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
357
XX. A contribuição de Pelotas para a elaboração do Guia de Atividade Física
para a População Brasileira
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
359
XX. A contribuição de Pelotas para a elaboração do Guia de Atividade Física
para a População Brasileira
360
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
361
XX. A contribuição de Pelotas para a elaboração do Guia de Atividade Física
para a População Brasileira
362
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
e acompanhamento de programas
de atividade física nas cidades e nas Links úteis
escolas, a fim de tornar essa prática
Guia de atividade física para a população
regular e cotidiana para as pessoas. É
brasileira.
preciso que um número maior de es-
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/
tudos seja desenvolvido, assim como
saude-brasil/eu-quero-me-exercitar/
a necessidade periódica de atualiza-
documentos/pdf/guia_atividade_fisica_
ção das recomendações.
populacao_brasileira.pdf
Apresentação científica realizada pela
Considerações finais Sociedade Brasileira de Atividade Física e
Saúde para apresentação do Guia
O Guia, um documento histórico,
https://youtu.be/hzQvbE7WjKM
baseado em evidências científicas
Número especial na Revista Brasileira
da mais alta qualidade (muitas pro-
de Atividade Física e Saúde com a
venientes de estudos conduzidos em
publicação dos artigos científicos
Pelotas), hoje é uma realidade devido
relacionados ao Guia
ao engajamento coletivo da área de
https://rbafs.emnuvens.com.br/RBAFS/
pesquisa em atividade física em saú-
issue/view/731
de no Brasil. O processo de consoli-
dação de uma área de pesquisa, que
mais tarde deu sustentação científica Referências
e política para a construção do Guia,
1. Hallal P, Umpierre D. Guia de atividade
teve imensa participação do grupo física para a população brasileira. Rev
de Pelotas, conforme demonstrado Bras Ativ Fís Saúde 2021;26.
neste e nos capítulos anteriores des-
2. Hallal PC. SOS Brazil: science under
te livro. Por fim, é esperado que o attack. Lancet 2021;397(10272):373-74.
Guia seja, antes de tudo, um marco Doi: 10.1016/S0140-6736(21)00141-0
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dade saúde que tenham significado Atividade física para gestantes e mulheres
para as pessoas, sejam construídas no pós-parto: Guia de atividade física para
a população brasileira. Revista Brasileira
de forma participativa e que consi-
de Atividade Física & Saúde 2021;26.
derem as desigualdades sociais na
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população brasileira.
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364
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
365
XXI
POLÍTICAS DE NÍVEL GLOBAL
A
atividade física é determina- entre elas estão: a) Estratégia Global
da por uma série de fatores sobre Dieta, Atividade física e Saú-
distais e proximais, o que faz de5; b) Plano de Ação Global para a
o indivíduo não depender apenas da Prevenção e Controle de DCNTs6; c)
sua própria vontade para a completa Plano de Ação Global para Atividade
realização1-3. Esse fator determinan- Física 2018–20307. Além dos exem-
te faz de agentes governamentais o plos globais, é importante destacar
centro de uma relação para a faci- a existência de políticas nacionais,
litação da prática de atividade físi- aquelas formuladas e implementa-
ca individual, a partir de políticas das por alguns países. Essas políti-
de ações em diversos setores, como cas podem ser apresentadas de for-
ma exclusiva para a atividade física
a saúde, o esporte, a educação e o
ou podem estar relacionadas dentro
transporte, por exemplo4.
de uma política de prevenção e con-
No sentido de promover a ativi-
trole de DCNTs8.
dade física, uma das formas são as
ações globais para a atividade física,
366
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
367
XXI. Políticas de nível global
país seria insuficiente para produzir Unidos, o dr. Charlie Foster da Uni-
mudanças em âmbito nacional. versidade do Bristol no Reino Unido,
O GoPA! tornou-se rapidamente a dra. Deborah Salvo da Universidade
uma organização global com pesqui- de Washington em St. Louis nos Es-
sadores da área de atividade física, tados Unidos, a dra. Melody Ding da
epidemiologistas, formuladores de Universidade de Sydney na Austrá-
políticas de saúde pública e profissio- lia, o dr. Ulf Ekelund da Escola No-
nais da área. O Observatório produz rueguesa de Ciências do Esporte na
e analisa dados, informações globais Noruega, o dr. Adewale Oyeyemi da
confiáveis, de alta qualidade e atuais, Universidade de Maiduguri na Nigé-
sobre tópicos relacionados à ativida- ria, o dr. Shigeru Inoue da Universi-
de física e saúde. dade Médica de Tóquio no Japão, e o
O GoPA! é presidido pelos profes- dr. Jasper Schipperijn presidente da
sores dr. Pedro Hallal da Universida- Sociedade Internacional de Ativida-
de Federal de Pelotas (UFPel), no Bra- de Física e Saúde. O comitê de dire-
sil, dr. Michael Pratt da Universidade ção inclui representantes regionais
da Califórnia, San Diego (UCSD) nos para África, Ásia, Europa, América
Estados Unidos, e coordenado pela do Norte, América Latina, Austrália/
dra. Andrea Ramirez, com doutora- Nova Zelândia/Pacífico24.
do em Epidemiologia 2015-2019 pela Além disso, a equipe do GoPA!
UFPel, vinculada atualmente como está organizada em grupos de traba-
professora na Universidade de Los lho para cada um dos indicadores de
Andes na Colômbia. Além desses, o interesse em atividade física e conta
Observatório possui um comitê in- com uma participação ativa de 164
ternacional com pesquisadores im- países distribuídos em todos os gru-
portantes da área de atividade física pos de renda e em todas as regiões
e saúde, incluindo a dra. I-Min Lee do mundo. A lista dos representantes
da Universidade de Harvard nos Es- de cada país na rede do GoPA! pode
tados Unidos, o dr. Harold Kohl da ser encontrada no Segundo Almana-
Universidade de Texas nos Estados que de Atividade Física, disponível
Unidos, o dr. Adrian Bauman da Uni- no seu website.
versidade de Sydney na Austrália, o O Observatório Global de Ativida-
dr. Gregory Heath da Universidade de de Física atua como defensor global
Tennessee em Chattanooga nos Esta- da atividade física. Ele é responsá-
dos Unidos, o dr. Kenneth E. Powell, vel por estimular as agências inter-
aposentado do Centro de Controle e nacionais e os países na tomada de
Prevenção de Doenças nos Estados medidas para aumentar os níveis de
368
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
369
XXI. Políticas de nível global
Figura 1 – Primeira edição do Country Card do Brasil, versão traduzida para a língua portuguesa.
370
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
371
XXI. Políticas de nível global
372
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
373
XXI. Políticas de nível global
374
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
“Ter o perfil de cada país foi o ponto de 5. WHO. Global strategy on diet,
physical activity and health.
partida. Ao apresentar os dados de for-
World Health Organization. 2004.
ma fácil e direta, o Observatório gerou o Disponível em: https://www.who.
compromisso dos países com a pesquisa, int/publications/i/item/9241592222.
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376
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
377
S
L
CONSIDERAÇÕES FINAIS
N
XXII
CAMINHOS PERCORRIDOS, APRENDIZADOS
E PERSPECTIVAS PARA A PESQUISA EM
ATIVIDADE FÍSICA EM PELOTAS, RS
O
conteúdo apresentado neste produzidos pelo grupo de Pelotas fi-
livro mostra o protagonismo guram no ranking dos mais citados
de Pelotas na produção de na história da área de atividade física
conhecimento em epidemiologia da no Brasil e atingiram reconhecimen-
atividade física. O grupo de Pelotas to mundial.
gerou, em duas décadas, um amplo Mas nem só de produção cientí-
e qualificado acervo de publicações fica foram marcadas essas duas dé-
científicas nas cinco principais cate- cadas de trabalho. Nesse período, o
gorias da pesquisa em atividade físi- grupo sediou o congresso nacional e
ca: (a) níveis de atividade física e ten- o mundial da área, atuou na editoria
dências temporais; (b) determinantes da revista nacional e mundial da área,
da prática de atividade física; (c) con- além de envolvimento nas diretorias
sequências da prática de atividade da sociedade nacional e mundial da
física; (d) intervenções para promo- área de atividade física e saúde. Con-
ção da atividade física; (e) políticas cebeu e liderou a principal publica-
ção da história da área de atividade
na área de atividade física. Os artigos
379
XXII. Caminhos percorridos, aprendizados e perspectivas
para a pesquisa em atividade física em Pelotas, RS
380
Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
381
XXII. Caminhos percorridos, aprendizados e perspectivas
para a pesquisa em atividade física em Pelotas, RS
382
SOBRE OS ORGANIZADORES
Formado em Educação Física, com mestrado e doutorado em Epi-
LATTES: http://lattes.cnpq.br/3211152266266081
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1470-6461
LATTES: http://lattes.cnpq.br/5583931088198491
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2030-5747
Sobre os organizadores
LATTES: http://lattes.cnpq.br/6429798795330732
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3043-2715
INÁCIO CROCHEMORE-SILVA
Professor formado pela Escola Superior de Educação Física (Esef)
da UFPel, concluiu mestrado e doutorado no PPG em Epidemiologia da
UFPel e realizou estágio de doutorado na Universidade de Cambridge
(Inglaterra). Foi membro da diretoria- executiva da Sociedade Brasilei-
ra de Atividade Física e Saúde durante de 2016 a 2019 e atuou como pes-
quisador do Centro Internacional de Equidade em Saúde (2015-2020).
Atualmente é professor da Esef/UFPel e dos PPG em Epidemiologia e
em Educação Física, coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas em Ace-
lerometria e é bolsista de Produtividade em Pesquisa.
LATTES: http://lattes.cnpq.br/1794421089092202
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5390-8360
384
SOBRE AS AUTORAS E OS AUTORES
AIRTON JOSÉ ROMBALDI Graduado em Educação Física pela Univer-
sidade Federal de Pelotas – UFPel (1981), mestrado (1987) e doutorado (1996)
pela Universidade Federal de Santa Maria e pós-doutorado em Epidemiologia
pela UFPel (2008). Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em
Educação Física/UFPel, atuando nas linhas de pesquisa de Epidemiologia da
atividade física e Exercício físico para a promoção da saúde. Tem experiência
nas áreas de Fisiologia do Exercício e Epidemiologia da Atividade Física. É
professor titular da Universidade Federal de Pelotas
LATTES: http://lattes.cnpq.br/4104392146993449
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6707-814X
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Sobre as autoras e os autores
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Sobre as autoras e os autores
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Sobre as autoras e os autores
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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Sobre as autoras e os autores
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Duas décadas de pesquisa em Epidemiologia da Atividade Física em Pelotas-RS
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Sobre as autoras e os autores
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Duas décadas
de pesquisa em
Epidemiologia
da Atividade
Física em
Pelotas - RS
Este livro foi composto nas tipografias Source Serif Pro e Playfair Display
As evidências científicas acumuladas sobre a atividade física e seus
em Epidemiologia da
então, uma nova era das investigações em epidemiologia da atividade
física no Brasil.
Atividade Física em
O protagonismo brasileiro teve seus passos marcados também ao ritmo
do desenvolvimento do grupo de Pelotas, com ênfase na epidemiologia
Pelotas-RS
da atividade física e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) como
instituição pública de referência.
A presente obra conta a história da epidemiologia da atividade física em
Pelotas nesses 20 anos de pesquisas por meio de alguns autores e autoras
que ajudaram na construção desse legado. A estrutura está disposta em
seis eixos temáticos: trajetória de produção e formação, níveis de
atividade física, determinantes, consequências, intervenções e políticas.
Saudações de Pelotas, de Satolep, da cidade do doce, do Laranjal, da
estética do frio e da epidemiologia da atividade física. Uma excelente
leitura a todas as pessoas!