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INICIAÇÃO

CIENTÍFICA

Maurício Lamano Ferreira


Natália Cristina de Oliveira
Fundado em 1915 — www.unasp.br

Missão Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para
a excelência no serviço a Deus e à humanidade.

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pelos seus elevados padrões éticos e pela qualidade pessoal e profissional de seus egressos.

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Imprensa Universitária Adventista

Editor-chefe Rodrigo Follis


Gerente de projetos Bruno Sales Ferreira
Editor associado Alysson Huf
Supervisor administrativo Werter Gouveia
Gerente de vendas Francileide Santos
Adriane Ferrari, Gabriel Pilon Galvani,
Editores
Jônathas Sant’Ana e Thamires Mattos
Designers gráficos Felipe Rocha e Kenny Zukowski
Maurício Lamano Ferreira
Doutor em Ciências pela Universidade
de São Paulo (Cena/USP)
INICIAÇÃO
Natália Cristina de Oliveira Vargas e Silva
Doutora em Ciências Médicas pela CIENTÍFICA
Faculdade de Medicina da USP

1ª Edição, 2021

Imprensa Universitária Adventista


Engenheiro Coelho, SP
Formação da identidade do contador
Imprensa Universitária Adventista
1ª edição – 2021
Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp e-book (PDF)
Engenheiro Coelho, SP CEP 13448-900
Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172

Validação editorial científica ad hoc:


www.unaspress.com.br
Naomi Vidal Ferreira
Doutora pela Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo - USP (Instituto do Coração - HC/FMUSP), com ênfase
em Neuropsicologia, subárea de avaliação neuropsicológica
relacionada à doença cardiovascular e ao estilo de vida.
Editoração: Gabriel Pilon
Preparação: Matheus Cardoso
Revisão: Giovanna Sinco, Júlia Galvani Conselho editorial e artístico: Dr. Martin Kuhn, Esp.
Telson Vargas, Me. Antônio Marcos, Dr. Afonso Cardoso,
Projeto gráfico: Ana Paula Pirani Dr. Douglas Menslin, Dr. Rodrigo Follis, Dr. Lélio Lellis, Dr.
Allan Novaes, Esp. Jael Enéas, Esp. José Júnior, Dr. Reinaldo
Capa: Jonathas Sant’Ana Siqueira, Dr. Fábio Alfieri, Dra. Gildene Lopes, Me. Edilson
Diagramação: Enny Weber Valiante, Me. Diogo Cavalcante, Dr. Adolfo Suárez

Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Ferreira, Maurício Lamano / e Silva, Natália Cristina de Oliveira


Iniciação científica [livro eletrônico] / Maurício Lamano Ferreira. -- 1. ed. -- Engenheiro Coelho,
SP: Unaspress, 2020.

1 Mb ; PDF

ISBN 978-85-8463-172-8

1. Carreira profissional 2. Contabilidade 3. Contabilidade como profissão 4. Contabilidade como


profissão - Leis e legislação 5. Formação profissional 6. Negócios I. Título.

20-33026 CDD-370.113

Índices para catálogo sistemático:


1. Contabilidade : Educação profissional 370.113
Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964
OP 00123_078

Editora associada:

Todos os direitos reservados à Unaspress - Imprensa Universitária Adventista.


Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da
editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte.
SUMÁRIO
VOCÊ ESTÁ AQUI

BASES DA PESQUISA CIENTÍFICA............................13


Introdução.........................................................................................14

O universo da produção científica....................................................15


Por que existe a ciência?..........................................................23
Onde se faz ciência?.................................................................25

Eventos e publicações científicas......................................................28


A ciência e a sociedade: a importância
de um diálogo claro entre ambas............................................29
Divulgação científica................................................................32

Ética em pesquisa básica e aplicada................................................40


O conceito de ética...................................................................40
E o que diz a legislação brasileira sobre o plágio?..................42
Quando começou a ser discutida
a ética em pesquisa?................................................................44
Consequências da má conduta
VOCÊ ESTÁ AQUI
científica: maus exemplos.......................................................48

Aplicação: problema de pesquisa....................................................54


Degradação da Floresta Amazônica........................................56
A formulação do problema......................................................58
A definição dos objetivos.........................................................63

Considerações finais.........................................................................66

PRODUÇÃO DE PESQUISA CIENTÍFICA....................71


Introdução.........................................................................................72

Pesquisa quantitativa,
qualitativa e mista............................................................................73
Pesquisa quantitativa...............................................................75

Pesquisa qualitativa..........................................................................81

Pesquisa mista..................................................................................85

Desenhos experimentais..................................................................87

Avaliação da qualidadedas publicações científicas........................101

Revistas científicas / periódicos ......................................................104

Quanto custa para publicar um artigo científico?...........................104


Mas afinal, quem pode publicar um artigo?..................................106

Fontes de indexação e a busca por periódicos................................106


Scielo - Scientific Electronic Library Online.........................107
Web of Science........................................................................107
Scopus ....................................................................................108
Google Acadêmico..................................................................108
PubMed...................................................................................109
Periódico CAPES......................................................................109

O que é fator de impacto em produção científica?.........................110

A qualidade da spublicações científicas..........................................113

O processo de revisão/avaliação
de artigos científicos........................................................................115

Estrutura de projeto
de pesquisa e redação científica......................................................117
Introdução...............................................................................123
Justificativa..............................................................................124
Hipóteses.................................................................................125
Objetivos ................................................................................125
Metodologia............................................................................126

Dicas para a sua redação científica..................................................130

Considerações finais ........................................................................131

Referências.......................................................................................134
EMENTA
Introdução ao universo da produção
científica, sua epistemologia e áreas do
conhecimento. Reflexões sobre ética
em pesquisa. Eventos e publicações
científicas, grupos de pesquisa e fontes de
financiamento. Problemática de pesquisa.
Pesquisa básica, aplicada, qualitativa,
quantitativa e mista. Apresentação de
diretrizes em desenho e estruturação de
projetos de pesquisa. Redação científica.
Introdução à avaliação da qualidade da
publicação científica.
CONHEÇA O CONTEÚDO
Caro(a) estudante,

Seja bem-vindo(a) ao livro que abordará o


assunto da disciplina “Iniciação Científica”.
Nas próximas páginas você encontrará assun-
tos que te levarão ao universo da pesquisa.

A ciência é feita por homens e mulheres que


buscam o aprimoramento dos feitos huma-
nos, a melhor qualidade de vida e a busca
da saúde planetária. Embora exista a carica-
tura de cientistas serem pessoas que vestem
jalecos brancos e se trancam em laboratórios
cheios de vidrarias, neste livro você perce-
berá que os seus professores são cientistas,
independente se eles vestem ou não jalecos
diariamente. Além disso, você notará que os
alunos universitários, em geral, são aprendi-
zes de cientistas e, ao longo da sua trajetória
acadêmica, realizam atividades em prol da
ciência de seu país.
Este livro está dividido em duas unidades,
a saber: i) Bases da Pesquisa Científica; e ii)
Produção de Pesquisa Científica. A Unidade
1 apresenta quatro assuntos distintos, sendo
o primeiro sobre o “Universo da produção
científica”; o segundo sobre “Eventos e pu-
blicações científicas”; o terceiro sobre “Ética
em pesquisa básica e aplicada” e o quarto
assunto sobre “Problema de pesquisa”. Nes-
ta parte do livro, você conhecerá a produção
de ciência no Brasil e no mundo, refletirá
sobre a importância da ciência na construção
da sociedade e entenderá como funciona a
troca de informações científicas no mundo.
Nesta parte, você aprenderá a utilizar o
pensamento crítico como ferramenta para a
discussão de resultados científicos por meio
de exemplos e práticas.

A Unidade 2 também apresenta quatro


assuntos de extrema importância para você
conhecer o mundo científico. O primeiro as-
sunto é destinado a “Pesquisa quantitativa,
qualitativa e mista”; o segundo aborda os
“Desenhos experimentais” e suas variantes;
o terceiro assunto apresenta uma “Avaliação
da qualidade das publicações científicas; e o
quarto apresenta como deve ser a “Estrutura
de projetos de pesquisa e redação científica”.
Esta é uma parte mais prática do curso, a
qual se propõe a mostrar as particularidades
que pode ocorrer nas diversas produções
científicas, pois existem pesquisadores da
área de exatas que se apropriam mais co-
mumente de métodos estatísticos, enquanto
profissionais da área de humanas utilizam
mais a metodologia qualitativa. Nesta parte
do curso você conhecerá essas encantadoras
particularidades.

Por fim, este livro lhe trará um excelente res-


paldo teórico-acadêmico que o ajudará em
sua formação profissional e, caso você de-
seje, este material o tornará um(a) ótimo(a)
aprendiz de cientista.
UNIDADE 1

BASES DA PESQUISA
CIENTÍFICA

- Conhecer o processo de produção do conhecimento científico;


- Avaliar condutas éticas relacionadas à pesquisa científica;
- Refletir sobre a importância e a utilidade do conhecimento científico na
OBJETIVOS

vida acadêmica e profissional;


- Aprender a utilizar o pensamento crítico como ferramenta para a
discussão de resultados científicos;
- Desenvolver uma postura ético-cristã nas atividades relacionadas à
pesquisa e no relacionamento com o grupo de trabalho;
- Ampliar a capacidade de leitura e interpretação da literatura científica.
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

INTRODUÇÃO
O conhecimento científico está inserido no nosso dia a dia,
muito embora, às vezes, não notemos isso. A pesquisa científica
norteia a ação das pessoas e profissionais de todas as áreas e
é responsável pelos avanços e descobertas que trazem melhor
qualidade de vida para as pessoas. Esse tipo de conhecimento é
essencial para sua atuação e te ajudará a ser um profissional de
excelência, que sabe aplicar na prática o que tem de mais atual
nas pesquisas relacionadas à sua profissão.

Ao longo desta unidade, falaremos sobre o universo da


pesquisa científica, eventos e publicações, ética na pesquisa
básica e aplicada e também sobre a definição dos problemas de
pesquisa. Ao final desta unidade, esperamos que você:

• conheça o processo de produção


do conhecimento científico;

• conheça as condutas éticas relacionadas


à pesquisa científica;

• reflita sobre a importância e a utilidade


do conhecimento científico na vida
acadêmica e profissional;

14
Bases da pesquisa científica

• utilize o pensamento crítico como ferramenta


para a discussão de pesquisas científicas;

• desenvolva uma postura ético-cristã nas


atividades relacionadas à pesquisa e no
relacionamento com o grupo de trabalho;

• amplie sua capacidade de leitura e


interpretação da literatura científica.

Bom estudo!

O UNIVERSO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA


Basicamente, a ciência está em quase todos os momentos
de nossa vida. Quando nos deparamos com uma tarde
chuvosa com raios e tempestades, por trás disso existem
explicações técnicas para este fenômeno. Ao vermos
uma planta crescendo e florescendo, deparamo-nos com
fenômenos que botânicos ,,explicam perfeitamente à luz da
ciência. Ao subir de elevador em um prédio com mais de
cem andares, sabemos que muita ciência foi aplicada para
sustentar uma edificação desse tamanho.

15
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Curiosamente, há um estereótipo de que cientistas


apenas trabalham em laboratórios, com jalecos e diversas
vidrarias em cima de uma bancada. No entanto, essa imagem
deve ser ampliada para profissionais que vestem roupas
normais e trabalham em salas de universidades, centros de
pesquisas ou até mesmo nos escritórios domiciliares (em caso
de trabalhos remotos).

No Brasil, cientistas de diversas áreas do saber se


identificam como “pesquisadores”, pois em muitos contratos
de trabalho, sejam públicos ou privados, esse é o termo que
aparece na carteira profissional. Inclusive, quando assistimos
a um telejornal ou a uma entrevista em algum canal do
YouTube, com a participação de um cientista, os apresentadores
normalmente os apresentam como pesquisadores. De fato, essa
denominação não interfere na qualidade e na quantidade de
informação gerada e/ou aprimorada pelos profissionais que se
dedicam à promoção da ciência no nosso país.

Diversos pesquisadores brasileiros e de outras partes do


mundo contribuíram significativamente para o progresso
da ciência, no entanto, deve-se considerar que alguns
foram fundamentais para o status da pesquisa científica
contemporânea. Dentre eles, podemos destacar alguns nomes:

16
Bases da pesquisa científica

• Galileu Galilei (1564-1642):


Matemático de Pádua, Itália,
Galileu foi também físico,
astrônomo e filósofo. Dentre
diversos legados, o que mais
se destacou foi a proposição
da teoria heliocêntrica, a qual
dizia que o planeta Terra
Galileu Galilei deixou o
não era o centro do universo.
grande legado da teoria
Embora outros cientistas da heliocêntrica, a qual dizia
época já tivessem mostrado que o planeta Terra não era
o centro do Universo.
evidências de que o Sol era a
Fonte: Shutterstock (http://shutr.bz/3t5lJcG)
estrela posicionada no centro
do Sistema Solar, Galileu foi
bastante questionado por tirar
a Terra dessa posição central.

• Isaac Newton (1643-


1727): Cientista inglês que Isaac Newton estabeleceu
estabeleceu uma série de uma série de teorias e leis
físicas estudadas até os
teorias e leis físicas aplicadas
dias atuais.
até hoje. Sir Isaac Newton
Fonte: Shutterstock (http://shutr.bz/36mcSK1)
elucidou a composição da
luz, as leis do movimento, a
teoria da gravitação, dentre

17
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

outros legados. A física moderna e a compreensão


de diversos fenômenos na Terra se devem às
contribuições desse importante cientista.

• Daniel Gabriel Fahrenheit (1686-1736): Físico


alemão que inventou o termômetro por dilatação
de mercúrio e a escala térmica “Fahrenheit”.
A transição entre condições relativas de
medição de temperatura (ex.: quente ou frio)
para uma precisão gradual na questão térmica
propiciou grandes avanços em estudos físicos
e químicos, servindo como base para novas
descobertas revolucionárias anos mais tarde.

• Louis Pasteur (1822-1895): Químico e


bacteriologista francês, mostrou que
microrganismos do ar infectavam a matéria,
contrapondo a teoria da geração espontânea. Seu
legado se tornou fundamental para o combate a
doenças bacterianas infecciosas, pois grande parte
dos seus estudos foi sobre a relação reprodutiva
dos microrganismos e seus efeitos infecciosos
em outros corpos. Além disso, Pasteur criou a
vacina contra a raiva em um período que se tinha
pouca informação sobre o sistema imunológico

18
Bases da pesquisa científica

humano, comparado ao
que se sabe atualmente.

• Max Planck (1858-1947):


Físico alemão com muito
talento para a música. Durante
grande parte da sua vida,
Max se dedicou ao estudo das Max Planck estudou as ra-
radiações eletromagnéticas e diações eletromagnéticas
que serviram como base
aos estudos dos quanta, que
para estudos de outros
anos mais tarde serviriam como cientistas igualmente
base para os achados de outros importantes.
cientistas renomados, como Fonte: Shutterstock

Niels Bohr e Albert Einstein.

• Marie Curie (1867-1934):


Cientista polonesa, deixou
importantes contribuições na
área da radioatividade. Duas
vezes laureada com o prêmio Marie Curie foi uma das
poucas mulheres cientistas
Nobel, a cientista foi uma das
de seu tempo.
poucas mulheres com tamanho
Fonte: Shutterstock
prestígio ao longo da história.
Dentre outras contribuições,
Marie descobriu, com o marido,

19
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

dois elementos químicos, a


saber: o polônio e o rádio.

• Albert Einstein (1879-1955):


Físico e matemático alemão,
Einstein foi um dos mais
importantes cientistas do século
20. Dentre os seus principais
legados, destacam-se a Teoria
da Relatividade e a prova
da existência do átomo, da
qual derivou a Lei do Efeito
Fotoelétrico, amplamente
utilizada na atualidade. A
relação entre espaço e tempo
foi um “divisor de águas” na
história da ciência e serviu
DIVISOR DE ÁGUAS
de base para o delineamento
da física moderna. Segundo o site Dicio, a expres-
são se refere a uma “situação,
evento, fato que representa uma
• Stephen Hawking (1942- mudança importante no rumo
2018): Físico inglês que dos acontecimentos [...]”.
deixou um importante Disponível em: <http://bit.
legado no conhecimento ly/39rHMTa>. Acesso em: 28
jan. 2021.
moderno. Mesmo acometido

20
Bases da pesquisa científica

por uma trágica doença – Esclerose Lateral


Amiotrófica (ELA) –, Hawking elaborou a
Teoria da Singularidade, a qual explica a relação
entre buracos negros e força gravitacional.

Não foi por acaso que esses cientistas apareceram na relação


citada acima. Em qualquer livro de história da ciência ou “sites
de internet confiáveis” que você procurar informações sobre os
maiores nomes da história da ciência, certamente se deparará
com esses personagens e seus legados. No entanto, embora essas
pessoas tenham sido fundamentais para a construção da ciência
moderna, elas não foram as únicas. Diversos pesquisadores
brasileiros também deixaram importantes legados para a
humanidade, por exemplo, Cesar Lattes (físico e matemático),
Oswaldo Cruz (médico sanitarista), Carlos Chagas (médico
sanitarista), Adolfo Lutz (médico), ou ainda atuam em prol da
ciência, como a Dra. Duilia de Mello (astrônoma).

Neste momento, seria interessante fazermos uma reflexão


sobre os personagens científicos mais importantes da história
(MARCONDES, 2016):

• a maioria deles é composta de físicos ou


matemáticos. Isso mostra claramente a
importância de um tópico que será discutido

21
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

posteriormente, tratando especificamente


da relação entre ciência básica e ciência
aplicada. O desenvolvimento da matemática
pode parecer pouco útil para a aplicação e
resolução de problemas atuais. No entanto,
o seu aprimoramento é fundamental para
o desenvolvimento científico moderno de
diversas áreas do saber, dentre elas a biologia,
química, medicina, arquitetura e outras;

• outro fator importante é que quase todos os


cientistas eram homens. Notamos que, ao
longo da história, as mulheres tiveram poucas
oportunidades e consequentemente pouco
prestígio, quando comparadas aos homens.
Embora Marie Curie tenha sido uma exceção,
em muitos lugares da Europa as mulheres
eram proibidas de frequentar as universidades.
Felizmente esse cenário tem mudado e existe
atualmente uma série de mulheres que
protagonizam grandes descobertas científicas,
sendo assim reconhecidas pelo mérito acadêmico,
como a pesquisadora Dra. Duilia de Mello.

22
Bases da pesquisa científica

POR QUE EXISTE A CIÊNCIA?

A busca por respostas para


perguntas essenciais motiva a produção
do conhecimento científico. Mas quais
perguntas seriam essenciais? Essenciais
para quem? Ou essenciais em qual
período? A nossa vida é rodeada por
processos e produtos derivados de
importantes avanços tecnológicos. Um
determinado produto científico poderia
ser muito útil no início do século 19,
porém, hoje essa informação pode ser
A busca por respostas
obsoleta. Além disso, entende-se que, motiva a produção do
desde uma embalagem que conserva o conhecimento científico.
alimento por mais dias fora da geladeira Fonte: Shutterstock

até o aperfeiçoamento de um motor


de carro que passa a consumir menos
combustível, a nossa vida é repleta de
inovações que, a cada aperfeiçoamento,
buscam melhorar a qualidade da vida
humana, seja pela menor emissão de
poluentes atmosféricos, pela maior

23
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

economia de energia ou recursos financeiros, por processos que


fazem com que os produtos sejam mais duradouros e a lista de
maneiras para se fazer isso continua crescendo.

Com isso, podemos entender que a ciência serve a


humanidade e os processos inerentes a ela. Além disso,
entendemos que as inovações científicas contribuem para a
organização sistemática das ações profissionais como um todo e
traz novos olhares para as necessidades contemporâneas.

Para que haja ampla compreensão e aceitação da ciência


pela população leiga é importante que a divulgação científica
seja eficiente e que os meios de propagação da informação
técnica sejam idôneos e não distorçam a legitimidade do
conteúdo a ser divulgado.

Além disso, é importante salientar que há uma nítida


separação entre assuntos que envolvem arte, filosofia e
ciência. Ao se discutir arte ou debater algo no âmbito
filosófico, o teor científico perde o sentido, pois a ciência é
feita de testes de hipóteses e essa premissa não se aplica a
essas outras duas áreas. Portanto, não cabe a ciência debater
a beleza de uma obra de Picasso ou, no âmbito filosófico, o
conceito de lealdade, por exemplo.

24
Bases da pesquisa científica

ONDE SE FAZ CIÊNCIA?

A ciência é praticada principalmente em Instituições


de Ensino Superior (IES) (ex.: universidades), institutos de
pesquisas (ex.: Instituto de Botânica, Instituto Butantã, Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais) e também em empresas (ex.:
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa),
sejam elas públicas ou privadas. Nas IES, os docentes
normalmente são pesquisadores em uma determinada área do
saber, o que leva a entender que o professor de determinada
matéria seja especialista no assunto.

Por exemplo, o professor de zoologia em um curso de


ciências biológicas é, provavelmente, especialista em algum
grupo de animais, o qual ele provavelmente estudou a fundo em
sua especialização (ex.: mestrado ou doutorado). No curso de
arquitetura e urbanismo, o professor ou professora que leciona a
disciplina de paisagismo é, provavelmente, especialista na área e
pode ser que faça pesquisas nesse assunto, seja em toda a cidade
na qual ela mora, seja apenas em partes específicas. No curso de
medicina, o docente que leciona a disciplina práticas operatórias
é, provavelmente, especialista nessa área e talvez trabalhe em
projetos de pesquisas que visam o aprimoramento de práticas em
cirurgias ou procedimentos análogos.

25
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Com isso, entendemos que os professores de faculdade são,


grande parte das vezes, pesquisadores em um determinado
assunto, portanto, muitos deles são cientistas. Nas rotinas diárias
de uma IES, os docentes desenvolvem pesquisas científicas
que abrangem alunos de diversos estágios. Um determinado
professor pode ter um grupo de pesquisa que desenvolve
atividades acadêmicas, como leitura e discussões de trabalhos
científicos, além de desenvolverem trabalhos em campo.

Uma vez dentro de um grupo de pesquisa, o(a) discente


pode iniciar uma modalidade de estudo e desenvolver um
trabalho denominado Iniciação Científica (IC). Trata-se de
um projeto de pesquisa científica na qual o(a) aluno(a) se
responsabiliza em executá-lo sob a tutela de um professor
ou professora. Juntos, discentes e docentes discutem um
determinado problema de pesquisa, elaboram hipóteses a
serem testadas, delineiam uma metodologia eficaz e exequível e
executam o projeto. Após obter resultados, o(a) discente descreve
os achados e os explica à luz da literatura científica. Todo esse
processo acontece com a supervisão de um(a) professor(a).

Essa modalidade de pesquisa denominada IC pode durar


um ou mais anos, porém, é interessante que, ao longo da vida
estudantil, o(a) aluno(a) faça iniciações científicas em diferentes
áreas dentro do curso escolhido, para que possa conhecer o

26
Bases da pesquisa científica

universo da pesquisa e, ao final da graduação, o novo profissional


possa seguir em uma determinada subárea, dado que cursos de
graduação universitária têm uma grande abrangência.

AGORA É COM VOCÊ

Procure se informar sobre os grupos de pesquisa mantidos pelos docentes


do seu curso. Frequente as reuniões e converse com os professores e
demais colegas sobre o que eles pesquisam.

Há de se considerar que alguns cursos oferecem, no último


ano, uma disciplina chamada trabalho de conclusão de curso
(TCC). Nessa disciplina o estudante é condicionado a elaborar
um projeto científico desde a concepção da ideia de pesquisa
até a divulgação dos resultados. Nesse processo, o(a) aluno(a)
deve passar por todas as etapas de um trabalho científico e, ao
final do processo, apresentar os resultados para um grupo de
professores que que julgarão a pesquisa. Essa prática é similar à
que acontece em níveis superiores de estudo, como na obtenção
dos títulos de mestre ou doutor.

Cabe ressaltar que muitos alunos podem aproveitar o seu


projeto de iniciação científica na disciplina de TCC, o que serve
de incentivo para que os discentes busquem grupos de pesquisa

27
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

e programas de iniciação científica nas suas respectivas


instituições de ensino. Alguns TCCs podem ser realizados
na modalidade revisão bibliográfica, o que significa que o(a)
discente aprofundará o conhecimento de uma determinada
área do saber e, para tanto, fará uma profunda pesquisa no
referencial teórico, buscando informações em artigos, livros e
outras fontes acadêmicas. A partir daí, cabe ao estudante fazer
uma compilação, com profunda reflexão e contextualização,
do material levantado, mostrando as lacunas do conhecimento
que ainda não foram esclarecidas pela comunidade científica e
também as oportunidades para futuras pesquisas.

EVENTOS E PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS


Neste tópico, trataremos da função social da ciência e
de suas formas de divulgação, bem como da importância de
atualização. Você já parou para pensar que a maior parte das
descobertas científicas ocorrem em prol da sociedade, mas há
aquelas que são indevidamente utilizadas pelo ser humano?
Pois é, infelizmente isso ocorre.

O uso de tecnologia nuclear para a produção de bombas


é um exemplo clássico. Em decorrência disso, muitas pessoas
são radicalmente contra o uso da energia nuclear, porém, o que

28
Bases da pesquisa científica

elas não sabem é que esta energia é utilizada na medicina para


salvar vidas e também no aprimoramento de técnicas agrícolas,
ajudando na erradicação da fome no planeta.

Diante disso, torna-se essencial que cientistas façam a


divulgação de suas pesquisas entre os seus pares e também entre
o grande público, o qual é formado por pessoas não cientistas.

A CIÊNCIA E A SOCIEDADE: A IMPORTÂNCIA


DE UM DIÁLOGO CLARO ENTRE AMBAS
Um ponto fundamental na ciência é garantir que os
cientistas não se distanciem dos assuntos públicos. A resolução
de problemas e as respostas para as mais diversas perguntas
que uma sociedade tem, devem ocorrer por métodos científicos
confiáveis, eficazes e transparentes. Assim, a ciência e os
anseios de um país caminham juntos. Porém, deve-se também
garantir que práticas científicas não se tornem um instrumento
de política partidária, ou seja, declinem a favor de uma ou outra
ideologia de partido político, e sim da coletividade.

Isso se torna particularmente importante quando grandes


decisões podem influenciar a opinião pública de uma nação
inteira. Um exemplo recente foi a questão da vacina contra o

29
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

novo coronavírus. Enquanto milhares de pessoas morriam


pela COVID-19 em todo o mundo, em 2020, no Brasil havia
um debate político sobre aspectos éticos da obrigatoriedade
da vacina contra a doença. Embora os meios de comunicação
estivessem divulgando, em massa, os aspectos técnicos da
vacinação, políticos pertencentes a diferentes ideologias
debatiam a obrigatoriedade e liberação das vacinas nos
diversos estados brasileiros. No início do século 20, a
população brasileira passou por uma situação parecida, a
qual foi denominada “Revolta da Vacina”. Esse movimento
tornava obrigatória a vacinação da população que em alguns
casos se recusou a tomar.

Independentemente do posicionamento ideológico do


cidadão, a maioria dos cientistas da área concordava que toda
a população (sem exceção) deveria ser vacinada, pois o vírus
não é um agente patológico que se limita ao corpo de um
hospedeiro (um ser humano), mas ele pode ser distribuído por
muitas pessoas em diversos locais. Com a imunização coletiva,
o risco é minimizado e/ou até mesmo eliminado.

Esse exemplo mostra claramente que não basta cientistas


promoverem descobertas que beneficiam a população. Eles
devem também informar a sociedade sobre os aspectos
inerentes a tais achados.

30
Bases da pesquisa científica

Ainda na perspectiva de divulgação científica, vamos sair


da área da saúde e migrar para a astronomia. Muitas pessoas
podem se questionar sobre o uso da verba pública na ciência.
Podemos considerar legítimo uma pessoa se indagar sobre o
porquê de o governo gastar tanto dinheiro com projetos que
buscam informações espaciais ou investir verba pública no
envio de sondas espaciais, a fim de conhecer as características
de habitabilidade de outros planetas. A princípio, isso pode
parecer inútil para os problemas sociais, econômicos e
ambientais que enfrentamos no dia a dia. No entanto, é graças a
este tipo de ciência que atualmente contamos com tecnologia de
geoprocessamento, que consegue predizer eventos climáticos
que potencialmente devastariam cidades, comprometendo
assim a vida de muitas pessoas, e alertar a população para que
tome medidas preventivas.

Além disso, os métodos de sensoriamento remoto


promovem diretamente o aumento da produtividade agrícola
e a conservação da natureza como um todo. Outro benefício
advindo de estudos espaciais, que parece não trazer nenhum
benefício aplicado (ou social), é o uso da internet. Graças
à necessidade de comunicação com sondas espaciais, as
tecnologias de comunicação revolucionaram a forma de se fazer
negócios, estudar e entreter em todo o planeta Terra.

31
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

A velocidade da informação, até meados dos anos 1990,


dependia em grande parte do transporte movido à base
de combustível fóssil (cartas transportadas por veículos
automotores ou avião); mas, atualmente, qualquer um de nós
pode conversar com pessoas em qualquer lugar do planeta com
um simples clique em um aparelho de celular moderno.

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

A troca de informações científicas é essencial para o


aprimoramento da ciência. Essa troca, no entanto, era mais
complicada antigamente. Quando algum cientista descobria algo,
ele publicava as suas informações no formato de um artigo. Esse
trabalho era impresso e distribuído para instituições e bibliotecas
ao redor do mundo. No entanto, não eram todos os pesquisadores
que tinham acesso a tais informações. Imagine o impacto negativo
que isso trazia à ciência. Um pesquisador na América poderia
levar anos para saber os resultados de uma pesquisa realizada
na Europa com uma planta medicinal nativa do seu continente.
Isso impossibilitava que ele desse continuidade a essa pesquisa
mesmo tendo a espécie plantada no seu próprio quintal.

Atualmente, existem diversos meios para a divulgação


dos resultados científicos. Uma das mais comuns e praticada

32
Bases da pesquisa científica

é a divulgação por meio de artigo científico publicado em


revistas (ou periódicos) destinadas a cientistas. Essas revistas
não são compradas em bancas de jornais nem são encontradas
em livrarias. Os periódicos científicos pertencem a grupos
específicos, como as sociedades científicas de cada área do
saber. A Sociedade Brasileira de Ecologia é um órgão que
representa os ecólogos brasileiros e, por ser uma entidade de
representação de classe, organiza a Revista Brasileira de Ecologia.
Essa revista pode publicar um, dois ou mais volumes por ano,
de forma que, quanto mais ela publicar, melhor será a sua
reputação no meio científico. Os cientistas da área de ecologia
credenciados à Sociedade de Ecologia do Brasil recebem a
revista em casa ou por e-mail.

Mas qualquer pessoa pode publicar qualquer assunto nestas


revistas? Não! Apenas as pessoas que elaboraram um estudo
científico e desejam divulgar seus resultados. Via de regra,
o trabalho submetido à uma revista passa por um processo
chamado de revisão por pares. Ele é avaliado por dois (ou mais)
cientistas anônimos (chamados de revisores) com formação
condizente com o assunto do trabalho, os quais frequentemente
não sabem de quem é o trabalho em questão (revisão às cegas).
Após a leitura e crítica dos revisores, o trabalho é enviado ao
editor da revista científica, que decide se o trabalho é aceito ou
não para publicação. Na maioria das vezes, o trabalho volta ao

33
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

autor do estudo para eventuais correções. Por fim, se for aceito,


o trabalho é publicado na revista e a comunidade científica pode
ter acesso aos resultados do estudo.

Esse rigor metodológico é importante para manter a


qualidade da informação e evitar a publicação de trabalhos
espúrios e/ou de pouca relevância científica. Revistas
científicas que atualmente não se encontram no formato
on-line são indesejadas pela dificuldade de acesso e
consequentemente da informação técnica.

Outra forma de divulgar os resultados é por meio de


livros. Esse recurso didático é muito eficiente e comporta
textos mais extensos; porém, traz em sua formatação
informações que, via de regra, devido ao processo que
a publicação de um livro exige, correm o risco de ficar
desatualizadas quando comparadas aos artigos, cuja dinâmica
de publicação permite atualização constante.

Como os cientistas decidem se publicarão artigos


científicos ou livros? Caso algum cientista tenha feito uma
grande descoberta e queira publicar os resultados sobre um
novo fármaco que cura uma doença que mata muitos seres
humanos, o livro não é o melhor lugar para isso. Porém, se ele
quiser detalhar muito o procedimento que ele fez, os aspectos

34
Bases da pesquisa científica

econômicos, sociais e ambientais por trás


do novo fármaco, bem como a situação
geográfica na distribuição do material,
o livro seria o local ideal para esse tipo
de publicação, pois permite informações
extensas e detalhadas.

Cabe ressaltar que, a depender da


área do conhecimento, a informação
publicada em livro não tem o mesmo peso
da informação publicada em uma revista
científica de muito prestígio; no entanto,
isso não tira a credibilidade deste meio de
divulgação da informação científica. Além
disso, os livros não passam por avaliação
de revisores com o mesmo rigor científico
pelo qual passam os artigos. ESTADO DA ARTE

Segundo o site Núcleo do conhe-


Outra forma usada entre os cientistas cimento, “é o mapeamento que
possibilitará o conhecimento e/
para se comunicarem e se atualizarem ou reconhecimento de estudos
sobre o “estado da arte” nas diferentes que estão sendo, ou já foram,
realizados [...]”.
áreas do saber é por meio de reuniões
Disponível em: <https://bit.
científicas. Elas podem ser organizadas em ly/2KYeWjP>. Acesso em: 28
forma de congressos científicos, simpósios, jan. 2021.

35
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

workshops ou seminários. Vamos entender as diferenças entre


cada uma dessas modalidades:

• os congressos são momentos nos quais diversos


especialistas de uma área do conhecimento
se reúnem (ex.: Hematologia) para expor e
debater resultados levantados nas respectivas
pesquisas. Nos congressos existem momentos
de apresentação dos resultados/conclusões das
pesquisas científicas e momentos de palestras
apresentadas por profissionais convidados
(normalmente cientistas de renome na área);

• os simpósios servem para que a comunidade


científica se reúna para debater um determinado
tema. Nos simpósios, não há momentos para
apresentações de resultados científicos, porém,
alguns cientistas discutem um determinado
assunto e a plateia participa com perguntas e
sugestões de temas a serem apresentados com
mais profundidade. Diferente dos momentos
de “mesa-redonda”, os quais permitem debates
e ocorrem com frequência em congressos, os
simpósios não abrem momentos para discussões;

36
Bases da pesquisa científica

• os workshops são momentos de intensa participação


do público em geral. Nessa modalidade de
evento científico, há um aprofundamento
de assuntos que estão “em alta”, ou seja, são
de grande interesse da sociedade, e busca-
se maior objetividade no debate científico;

• os seminários são reuniões que visam o debate


de assuntos pouco esclarecidos ou estudados.
Normalmente, há uma pessoa que apresenta um
determinado tema e uma plateia que faz perguntas
e sugestões. Por fim, chega-se a uma conclusão
sobre o estado da arte. Os seminários podem
acontecer concomitantemente a um determinado
congresso, dado que os congressos científicos
reúnem uma série de importantes pesquisadores.

Os eventos científicos que permitem apresentações de


resultados (parciais ou conclusivos) normalmente organizam
seus anais (documentos contendo as publicações de todos os
expositores). Esses anais podem conter resumos simples ou
trabalhos completos; caso sejam organizados somente com
resumo simples, cada expositor de trabalho científico terá o
seu resumo (geralmente 500 palavras no máximo) publicado.
Porém, os anais podem ser organizados a partir de trabalhos

37
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

completos, os quais são formas mais extensas de texto


(geralmente algo em torno de seis mil palavras).

Os eventos científicos podem ser locais, regionais, nacionais


ou internacionais. Quanto mais abrangente for o alcance do
evento, mais prestígio ele terá, afinal de contas, o debate científico
é feito de aceitações e refutações de informações publicadas.

Por causa da pandemia do novo coronavírus, em 2020,


muitos eventos científicos foram organizados de forma remota,
quebrando um paradigma e trazendo uma nova tendência
para as próximas reuniões, a de também serem conduzidas em
formato virtual. O sucesso, a facilidade e o custo de se promover
eventos dessa natureza viabiliza os encontros entre cientistas,
estudantes e curiosos sobre um determinado tema.

Atualmente, a sociedade civil também participa de


eventos científicos, inclusive na qualidade de palestrante.
Esse é o caso de organizações internacionais, como o Local
Governments for Sustainability (ICLEI) que leva a experiência
de sustentabilidade a cidades de diversas partes do mundo, a
fim de promover o debate científico. Essa união entre ciência
e sociedade civil é fundamental para a resolução de muitos
problemas enfrentados atualmente.

38
Bases da pesquisa científica

O debate para além das universidades e institutos de


pesquisa é essencial para que ações de transformação social,
econômica e/ou ambiental ocorram na prática. Junto à essa
dupla (cientistas e sociedade civil), caberia ainda unir a classe
política e os tomadores de decisão, uma vez que os reais
problemas da sociedade são encarados por estes três players
sob diferentes perspectivas.

Por fim, cabe destacar que representantes de instituições


políticas também organizam congressos e reuniões. Nessas
ocasiões, alguns cientistas são convidados a expor sua visão
técnica sobre determinados problemas inerentes a um setor
da sociedade. Um exemplo seria o Congresso do Ministério
Público Brasileiro, o qual teve sua edição virtual em 2020, em
decorrência do distanciamento social instalado pela pandemia
do novo coronavírus.

AGORA É COM VOCÊ

Informe-se sobre os principais eventos científicos da sua futura área de


atuação profissional. Enquanto aluno, você já pode frequentá-los e ficar
por dentro das pesquisas mais recentes.

39
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

ÉTICA EM PESQUISA BÁSICA E APLICADA


Neste tópico, discutiremos alguns assuntos de grande
relevância para o desenvolvimento da ciência no Brasil e no
mundo. Além de aprofundar o conceito de ética na pesquisa
científica, também trabalharemos os conceitos de ciência
básica e aplicada. Como resultado, entenderemos melhor a
importância daquela ciência que muitas vezes pode parecer
inútil para alguns, como o desenvolvimento de teoremas em
matemática, mas que na verdade é de extrema importância para
o desenvolvimento da ciência.

O CONCEITO DE ÉTICA

Ética = Ethos: significa costume, forma de agir, modo de ser.

Podemos definir a ética como um braço da filosofia que


busca a forma ideal para o comportamento humano, o que é
certo e errado e moralmente bom ou mau. Pode-se conceituar
ética como o conjunto de normas que determina e/ou regula
a conduta dos indivíduos na sociedade. Porém, a ética pode
assumir vários significados, podendo utilizá-la de acordo com os
interesses e o contexto que os indivíduos se inserem.

40
Bases da pesquisa científica

Tal como a ética atua na sociedade e tem por objeto


o comportamento humano, que se dá por meio dos
valores adquiridos por cada indivíduo em suas relações
sociais, ela é de extrema importância quando se trata da
pesquisa científica. Com o advento da internet e o grande
volume de dados e trabalhos disponíveis para consulta
(Era da Informação), as questões éticas devem fazer
parte da estrutura das pesquisas como um todo. Assim,
todo o trabalho elaborado, seja por um aluno ou por um
pesquisador, deve ser permeado pela ética, que poderá
influenciar desde a metodologia aplicada até a divulgação
dos resultados alcançados.

Como já foi visto, o conhecimento científico e os avanços


nas diversas áreas do conhecimento contribuem muito para
a melhoria da nossa vida no dia a dia. Para a elaboração
de uma pesquisa científica, usualmente, diversos trabalhos
publicados e textos servem como base bibliográfica (base
teórica) e podem nortear novos trabalhos e pesquisas
acadêmicas na busca pela expansão do conhecimento sobre
determinado tema. Como destacamos acima, a “Era da
Informação” nos trouxe algumas facilidades na busca por
qualquer assunto de interesse, bastando apenas fazer uma
simples pesquisa/busca em sites da internet. Então, com essa
“facilidade de obter informação”, é imprescindível que haja

41
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

discussão sobre a apropriação indevida


PLÁGIO
de autoria, ou seja, o plágio.
De acordo com o site Educa mais
Brasil, plágio é “a cópia parcial,
integral ou conceitual de uma
E O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO BRA- obra sem a apresentação da
SILEIRA SOBRE O PLÁGIO? fonte original, ou quando os
créditos do trabalho são dados
a outra pessoa sem a permissão
O crime de plágio possui pena que pode explícita do autor(a) inicial”.
variar de 3 meses a 4 anos, com aplicação de Disponível em: <http://bit.
ly/2YpXWGk>. Acesso em: 28
multas e sanções administrativas (Crime de
jan. 2021.
Violação aos Direitos Autorais no Art. 184 –
Código Penal).

Desse modo, o uso do conteúdo do


trabalho de outrem como se fosse seu
configura plágio e foge totalmente da ética
na pesquisa científica. Imagine vários
trabalhos plagiados sobre determinado
assunto formando uma rede de trabalhos
errôneos. Essas informações trazem
diversas complicações para o meio
acadêmico, que não contribuem para a
difusão do conhecimento, a qual deve ser
rigorosa e bem planejada.

42
Bases da pesquisa científica

Cabe salientar que, mesmo para as informações obtidas na


internet que não forem de cunho científico, ou seja, independente
do conteúdo acessado, deve sempre ser citada a fonte, dando os
respectivos créditos ao autor do texto e/ou trabalho.

Como exemplo de plágio, podemos destacar:

• copiar um trabalho de pesquisa e publicá-lo;

• usar palavras de outro autor em seu


trabalho sem referenciá-lo;

• citar frases de outro autor sem


dar os devidos créditos;

• fazer citações dando a impressão de que a ideia é


sua quando na verdade ela pertence a outra pessoa.

A ciência e a ética caminham sempre juntas, mostrando a


utilidade do conteúdo investigado para a finalidade a que ele se
propõe. Assim, Spink (2012, p.41) argumenta que:

a ética na pesquisa científica não se reduz ao como fazer,


como comunicar e aos limites do que dizer. Antes de mais
nada, refere-se ao que foi investigado e para quem – eis a

43
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

“questão” que precisamos aprender a desembrulhar. Se


não, corremos o risco de ter uma ciência corretíssima – com
procedimentos auditados, códigos de publicação e manuais
de melhores práticas –, mas moralmente irresponsável.

QUANDO COMEÇOU A SER DISCUTIDA


A ÉTICA EM PESQUISA?
O primeiro documento redigido sobre ética em pesquisa foi
elaborado após a segunda guerra mundial, por volta de 1947.
O chamado Código de Nuremberg foi criado em decorrência
das atrocidades cometidas por médicos alemães nos campos de
concentração, revelando ao mundo imagens abusivas.

No código, publicado internacionalmente, havia


recomendações norteadoras para pesquisas que envolviam testes
em seres humanos. Um ponto importante destacado na época e
inserido no documento foi que a participação de um indivíduo em
pesquisa deve se dar de forma voluntária e com consentimento.

Entretanto, devido ao aumento significativo da atividade


científica ao redor do mundo, houve a necessidade de atualizar
os conceitos publicados na época, a fim de estabelecer normas
mais eficazes e completas. Assim, em 1964, surgiu a Declaração
de Helsinque, que veio a substituir o Código de Nuremberg. A

44
Bases da pesquisa científica

declaração foi redigida pelo grupo de pesquisa da Associação


Médica Mundial e ainda é utilizada atualmente. Ela já passou
por sete revisões, sendo que a 64ª assembleia ocorreu em
Fortaleza, Brasil, em outubro de 2013.

Cada país possui suas normas éticas próprias, de acordo


com seus conceitos e necessidades, porém, elas são sempre
baseadas na Declaração de Helsinque. No Brasil, possuímos
um sistema de avaliação de ética em pesquisas vinculado ao
Sistema Nacional de Saúde (CNS), constituído pela Comissão
Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e pelos Comitês de Ética
em Pesquisa (CEP) distribuídos pelas instituições de ensino e
pesquisa por todas as regiões do país.

O sistema CEP-Conep foi criado pela Resolução CNS nº


196/96, sendo substituído pela Resolução nº 466/12. Em 2016,
foi publicada a Resolução CNS nº 510, que trouxe mudanças em
relação à publicação anterior, principalmente em pesquisas que
não tenham intervenção direta no corpo humano.

Em relação aos CEP, estes são formados por profissionais


de várias áreas e têm como objetivo proteger os participantes
das pesquisas. Assim, todo e qualquer projeto que envolva
pesquisas relativas a seres humanos deve ser submetido e
avaliado por um CEP.

45
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

A submissão de projeto ao CEP deve ser realizada em


dois passos, a saber:

1.  cadastro dos pesquisadores na plataforma;


2.  submissão do projeto de pesquisa.

Na submissão do projeto de pesquisa ao CEP, vários itens


devem ser observados, que podem ser obrigatórios ou não,
dependendo do tipo de pesquisa realizada. De modo geral, ao
fazer a submissão do projeto de pesquisa, devem ser também
submetidos: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE), Termo de Assentimento (no caso de pesquisas que
envolvam menores de idade (12 a 17 anos) ou legalmente
incapazes), questionário, roteiro de entrevistas, autorização
prévia do local onde será realizada a pesquisa, Termo de Sigilo
e Confidencialidade e cronograma, entre outros, a depender do
método utilizado na pesquisa.

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre projetos de pesquisa com seres


humanos você pode acessar a Plataforma Brasil.
Disponível em: <http://bit.ly/3ci86kt>. Acesso em: 29 jan. 2021.

46
Bases da pesquisa científica

De acordo com o Conselho Nacional


de Saúde – CNS, existem 844 CEP ativos no
país, sendo a maioria na região Sudeste.

No entanto, as questões éticas não se


limitam a seres humanos e se estendem
também aos animais. As pesquisas com
utilização de animais em atividades de
ensino e pesquisa científica também
possuem regras que devem ser adotadas,
conforme o disposto na Lei 11.794/2008
(Lei Arouca), que estabelece procedimentos
A plataforma foi criada
para o uso científico de animais e no
pelo governo federal para
Decreto 6.899/2009, que dispõe sobre receber os projetos de
o Conselho Nacional de Controle de pesquisa que envolvam
seres humanos.
Experimentação Animal (Concea).
Fonte: Plataforma Brasil

Diferentemente da experimentação
em humanos, os comitês de ética em
pesquisas com animais, denominados
Comissão de Ética no Uso de Animais
(Ceua), vinculam-se às instituições que
possuem atividades de ensino e pesquisa
com animais. Assim, todo projeto de
pesquisa deve ser submetido para análise

47
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

da comissão responsável, seguindo as regras dispostas na


legislação.

SAIBA MAIS

Para entender mais sobre as pesquisas com animais e a


comissão de ética, acesse:
- Instituto de Ciências Biomédicas (ICB USP).
Disponível em: <http://bit.ly/3ptStdx>. Acesso em: 29 jan. 2021.
- Comissão de Ética no Uso de Animais – Ceua.
Disponível em: <http://bit.ly/3clG6MT>. Acesso em: 29 jan. 2021.
- Instituto de Biologia (IB).
Disponível em: <http://bit.ly/3iVyKAK>. Acesso em: 29 jan. 2021.

CONSEQUÊNCIAS DA MÁ CONDUTA
CIENTÍFICA: MAUS EXEMPLOS
A má conduta científica pode levar à “despublicação” de
artigos, sanção da comunidade científica e até à suspensão do
registro profissional. Isso pode trazer prejuízos incalculáveis à

48
Bases da pesquisa científica

sociedade. Vamos mostrar abaixo alguns casos de pesquisas ou


pesquisadores que desrespeitaram a conduta ética.

O FAMOSO CASO TUSKEGEE


Entre as décadas de 1932 e 1972, foi conduzido um
estudo com o objetivo de analisar o desenvolvimento de
sífilis em negros. Para a realização do experimento, foram
selecionados negros de uma comunidade pobre e rural de
Macon, no estado do Alabama, Estados Unidos. Como as
pessoas não dispunham de condições financeiras para pagar
por uma consulta, foi-lhes ofertado, como contrapartida
pela participação no projeto, acompanhamento médico,
alimentação no dia do exame e auxílio funeral. No total,
participaram 399 homens com sífilis e 201 sem a doença,
e nenhum deles foi informado que tinha sífilis e nem dos
efeitos dessa patologia. Após 40 anos do estudo, e 13 artigos
publicados, havia somente 74 sobreviventes.

Durante o período do experimento, na verdade desde


1945, já havia tratamento para a doença, através do uso
da penicilina. Porém, os indivíduos incluídos no estudo
continuaram sem receber nenhum tratamento, e essa omissão
teve o consentimento dos pesquisadores. Esse é um caso
típico da falta de ética na pesquisa cientifica, visto que os

49
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

responsáveis pelo estudo eram pesquisadores preparados e


receberam o respaldo do governo estadunidense.

O CASO DO PSICÓLOGO STANLEY MILGRAM


Stanley Milgram desenvolveu um trabalho com objetivo de
estudar a obediência, que foi apresentado aos voluntários como
“pesquisa de estudo e aprendizagem”. O psicólogo queria saber
até que ponto as pessoas obedeciam a instrução, mesmo ferindo
outra pessoa. Em uma sala ficavam dois participantes separados
por uma parede transparente. O primeiro possuía um interruptor
em sua mão capaz de liberar correntes elétricas de 15 a 450 volts
no outro participante, que era cúmplice do psicólogo.

Assim, quando o primeiro participante formulava


perguntas ao cúmplice e este errava a resposta, o cúmplice
era “punido” (o participante que dava o choque não sabia
que a punição não era real), contorcendo-se na cadeira a cada
suposto choque e a cada suposto aumento da intensidade.
Participaram do experimento quarenta homens com idade
entre 20 e 50 anos. Na maioria das vezes, o experimento só
foi interrompido quando os choques atingiram a voltagem
mais alta. Ao final do experimento, o participante que dava
o choque era interrogado sempre com as mesmas questões,
sendo uma delas sobre o porquê de ele não interromper os
choques ao ouvir a dor do outro.

50
Bases da pesquisa científica

Frente a isso, é de extrema importância que a ética exista


na pesquisa científica, para que sejam resguardados tanto o
pesquisador quanto os participantes. A ética deve fundamentar
as ações dos pesquisadores, para o bem deles mesmos, dos
participantes e da ciência. Ainda assim, mesmo diante de
todos os esforços para regulamentação do tema, ainda são
encontrados trabalhos de pesquisa com severas falhas éticas.

Agora que já abordamos os aspectos éticos da pesquisa


científica, vamos entender como pode ser feita a ciência
propriamente dita.

Diferente da religião, que prega uma crença inquestionável


(dogma), a ciência busca responder perguntas e necessita ser
testada. Então, podemos dizer que a ciência tenta explicar,
por meio de estudos, observações e experimentações, diversas
hipóteses formuladas sobre algo a ser estudado.

Buscando a etimologia da palavra, “ciência” vem do latim


“scientia”, que significa “conhecimento”. Em se tratando de
pesquisa científica, precisamos conhecer a sua natureza para
poder distingui-la de outros tipos de pesquisa. Esta parte
poderá quebrar uma série de paradigmas da sua vida escolar.
Você se lembra que, nas complexas aulas de matemática,
alguns alunos questionavam os professores com a seguinte

51
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

pergunta: “Professor(a), eu não entendo qual é a utilidade deste


conhecimento, por que temos que aprender isso?”. Pois é, foi graças
à matemática pura que hoje criamos tecnologia em hospitais
que salvam vidas. Esse tipo de ciência, que, para o senso
comum, não tem um resultado prático perceptível e imediato,
é chamada de ciência básica:

• Ciência básica: aquisição de novos conhecimentos


em diferentes áreas (fenômenos naturais, matemática
e as humanidades), buscando enriquecer e fornecer
base científica para as atividades humanas. É
imprescindível que haja aplicação prática prevista
no curto prazo, sendo ela a fonte essencial de
novos conhecimentos para lidar com questões
simples. Na ciência básica, ocorre o avanço do
conhecimento teórico, que pode ser medido
por artigos publicados e citações do autor.

Por outro lado, muitos achados ou áreas do saber fornecem


resultados que são sentidos ou percebidos pelo senso comum,
fomentando assim a chamada ciência aplicada:

• Ciência aplicada: busca formas de valer-se


dos conhecimentos já existentes para solução
de problemas práticos da humanidade. Os

52
Bases da pesquisa científica

resultados obtidos através da ciência aplicada


podem ser utilizados na indústria e na sociedade.
É desenvolvida para que os conhecimentos
adquiridos sejam aplicados de forma que
solucionem problemas do dia a dia das pessoas
e dos profissionais, tendo como foco potencial
a geração de novos produtos e serviços.

Cabe destacar que as duas ciências andam juntas. Não


existe ciência aplicada sem a ciência básica. Enquanto uma gera
conhecimento, a outra interpreta e aplica o conhecimento.

Para suprir as necessidades humanas, muitos conhecimentos


teóricos e práticos foram desenvolvidos com o passar do tempo.
Vamos aos exemplos (alguns já debatidos anteriormente):

• Niels Bohr (1885-1962): através da ciência básica,


estudou os conceitos para compreender a estrutura
dos átomos e da física quântica, publicando a teoria
básica sobre a estrutura do átomo. O conceito
lhe rendeu o Prêmio Nobel de Física em 1922.

• Louis Pasteur (1822-1895): dedicou-se aos estudos


microbiológicos, como a prevenção e deterioração
de produtos. Foi o criador da primeira vacina contra

53
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

a raiva. As pesquisas do francês tinham impactos


práticos, sendo denominadas de ciência aplicada.

• Albert Einstein (1879-1955): desenvolveu, através


da ciência básica, o conceito de emissão estimulada
relacionado com propriedades intrínsecas da matéria,
algo fundamental para a física quântica. Décadas
mais tarde, em 1960, ocorreu a criação do laser (Light
Amplification by Stimulated Emission of Radiation),
pelo físico estadunidense Theodore Harold Maiman
(1927-2007), baseada nos conceitos de Einstein.

APLICAÇÃO: PROBLEMA DE PESQUISA


Neste tópico, discutiremos o caminho inicial para elaborar
um projeto de pesquisa; veremos quais são os primeiros passos
para formular a peça fundamental de um projeto, o problema
de pesquisa. Essa parte do projeto de pesquisa determina qual
será o objeto de estudo e o que se espera dele. À primeira vista,
parece ser um processo simples, mas você entenderá quão
trabalhosa e complexa é a delimitação do problema de pesquisa.
Ainda neste tópico, debateremos a importância da escolha de
um tema para o projeto, bem como os objetivos dele, elementos
fundamentais para o bom andamento da pesquisa.

54
Bases da pesquisa científica

Embora o senso comum indique que um problema é


algo ruim, em pesquisa científica a palavra pode ter outro
significado, mais voltado para uma situação em particular.
Nesse caso, vamos recorrer às definições propriamente ditas
encontradas no dicionário Houaiss da língua portuguesa, o qual
define problema como um assunto controverso, que pode ser objeto
de pesquisas científicas ou discussões acadêmicas; questão social que
traz transtornos e que exige grande esforço e determinação para ser
solucionado; tudo aquilo cuja resolução é difícil ou complicada.

Nota-se que há várias definições para a palavra problema.


Porém, o foco será o problema relacionado às pesquisas
científicas, pois nem todo problema é de caráter técnico. No
entanto, para encontrar um problema que seja objeto de um
estudo, nós precisamos, necessariamente, de um tema. Esse é o
ponto inicial para o desenvolvimento de um projeto. Portanto,
vamos falar sobre ele primeiro.

Algumas definições de tema, segundo o dicionário online de


português, tratam a palavra como proposição, assunto que se quer
desenvolver ou provar; Assunto, matéria: dissertou sobre um tema difícil.

Como mencionado, o primeiro passo para o


desenvolvimento de uma pesquisa científica é a definição
do tema a ser estudado. Essa tarefa é de fundamental

55
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

importância e está atrelada ao sucesso do trabalho. O tema


deve se relacionar à área de interesse, e será problematizado na
sequência. A escolha do tema necessita de precisão para que,
posteriormente, possa gerar um problema. Em relação ao tema,
Rudio (1986, p. 72) afirma:

para termos os conhecimentos necessários, a fim de


transformar um assunto geral (ainda não convenientemente
especificado) num tema de pesquisa, é necessário
observarmos a realidade, de maneira cuidadosa e persistente,
no âmbito do assunto que pretendemos pesquisar.

Dando continuidade à definição de tema, partiremos para


alguns exemplos que poderão lhe ajudar a compreender melhor
essa importante parte de um trabalho científico.

DEGRADAÇÃO DA FLORESTA AMAZÔNICA

Note que esse exemplo pode ser um tema de interesse,


porém, deve-se ter cuidado, pois o assunto é muito amplo e
envolve diversas perspectivas de estudo. A degradação da
floresta amazônica está relacionada a questões econômicas,
sociais, ambientais e culturais. Nesse caso, é necessário
“afunilar” o escopo da sua pesquisa, para que ela seja

56
Bases da pesquisa científica

mais precisa. Assim, cabe fazer as seguintes perguntas:


O que nos interessa neste tema? A degradação da floresta
amazônica pelos madeireiros ilegais? A degradação da
floresta amazônica pelo fogo? Os prejuízos econômicos
da degradação da floresta? A falta de políticas públicas e
fiscalização voltadas à degradação da floresta amazônica?

Veja que são vários os assuntos que podem ser estudados


dentro do tema proposto. É imprescindível partir de
questionamentos para que possa chegar ao tema que será objeto
de investigação. Normalmente, os seus professores já fazem
pesquisas dentro de uma determinada área do conhecimento,
fato que facilita a escolha de um tema para ser o seu projeto de
iniciação científica.

Alguns autores dão dicas de como escolher o tema do seu


trabalho. Por exemplo, Preti (2009, p. 37) destaca alguns pontos
importantes sobre a delimitação do tema:

- Escolha um assunto de seu interesse, pelo qual sente


paixão, entusiasmo e motivação, pois isso é fator
decisivo no sucesso do trabalho! Não o escolha por achá-
lo “fácil”, mas, sim, por despertar seu interesse.
- Verifique a disponibilidade de tempo para dar conta do
assunto no tempo previsto, segundo as exigências formais

57
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

(tipo de trabalho, quantidade de páginas) e materiais


(prazos, custos) impostos. Senão será surpreendida!
- Verifique suas condições intelectuais. Você deve propor um
assunto que esteja ao alcance de sua capacidade e ao nível
de seus conhecimentos. Não se aventure em águas “nunca
dantes navegadas”. O perigo de naufrágio é grande!
- Verifique se você tem acesso à bibliografia referente ao assunto
escolhido. Para tal, consulte obras de referência, catálogos
bibliográficos ou a bibliografia indicada, sugerida pelos autores
das obras, por professores, orientadores, etc. caso não encontre
bibliografia suficiente à sua mão, escolha outro assunto.

Uma vez definido o tema do seu trabalho (ou apresentado


pelo seu orientador), você pode partir para o problema de
pesquisa propriamente dito.

A FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Podemos dizer, na área científica, que o problema de


pesquisa é uma pergunta que ainda não tem resposta definida.
É algo que deverá ser estudado e deve ser entendido como
qualquer situação não resolvida pela sociedade. Para que seja
formulado o problema de pesquisa, você precisará de muita
informação inicial, ou seja, conhecimento sobre o assunto que
será estudado. Então, por onde começar?

58
Bases da pesquisa científica

Uma dica é iniciar o trabalho através de leituras sobre o


tema em artigos e livros publicados por grupos de pesquisas da
área em questão. Caso você já tenha a vivência na área, esta será
muito útil no decorrer da sua pesquisa. Assim, a sua decisão
para a problematização de um determinado tema deve ser
bem fundamentada. Para continuarmos a exemplificar, vamos
continuar com uma variação do tema sugerido anteriormente,
sendo ele: “A degradação da floresta amazônica pelos
madeireiros ilegais”.

Para que seja formulado o problema, é importante destacar


a operacionalização, de modo que seja possível (exequível)
alcançar a resposta e, principalmente, não falte recursos para
a pesquisa. Rudio (1986, p. 76) descreve a complexidade de
elaborar um problema de pesquisa: “Formular um problema
consiste em dizer, de maneira explícita, compreensível e
operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e
que pretendemos resolver.”

Na formulação do problema o(a) pesquisador(a) aponta


eventuais lacunas do conhecimento na área e conduz a
uma parte muito importante da pesquisa, que é a pergunta
científica. Neste momento, o leitor passa a ter clareza do que
você quer fazer com o seu trabalho e qual é a necessidade
de realizá-lo. A seguir, descreveremos mais algumas

59
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

características que podem ser consideradas para facilitar a


formulação do problema de pesquisa:

• Busque a resposta concreta para um problema:


este deve ter definição precisa e clara,
facilitando a tomada de decisão futura.

• Evite termos como “grande parte, às vezes,


maioria” e termos semelhantes: esses termos
possuem características muito genéricas e dão a
impressão de que o problema é algo impreciso.
Também deve-se tomar cuidado com termos que
possam dar a impressão de dupla interpretação.

• Procure apresentar algo inédito: o problema de


pesquisa não deve ter sido resolvido anteriormente.
O que pode ser feito é a continuidade de uma
pesquisa buscando abranger um maior número
de respostas para o problema em questão.

• Encontre e apresente relativa importância


para o tema: à primeira vista o problema
formulado pode parecer importante, porém é
comum ter muitas ideias e acabar formulando
algo que não tem relevância para a ciência.

60
Bases da pesquisa científica

A experiência de outros pesquisadores sobre


o tema pode ser fundamental neste caso.

• O pesquisador deve conhecer a metodologia


utilizada para a solução do problema: essa é
uma característica que dirá se o problema de
pesquisa é exequível, levando em consideração
não só os recursos financeiros necessários, mas
também a questão do espaço e tempo (dimensão)
da pesquisa que podem torná-lo inviável.

• Apresente a base empírica: isso se deve a fim


de evitar considerações subjetivas tornando
o objeto da pesquisa invalidado. Assim, não
podem ser submetidos os valores e percepções
pessoais dos pesquisadores ou participantes
para não influenciar no trabalho de pesquisa.

• Busque expressar a real intenção do proponente


além de ser estudado como fato ou como coisas.

• Insira na formulação do problema


todas as variáveis que fazem parte da
pesquisa e que pretende investigar.

61
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Como vimos anteriormente, a formulação do problema


de pesquisa não é algo tão simples e demanda muita
dedicação e observação. O ideal no início de um projeto de
pesquisa é formular um problema “provisório” e aprofundar
no tema através de estudos bibliográficos e pesquisa
exploratória, para que posteriormente se desencadeie todo o
processo de investigação.

Ressalta-se que a ciência não deve ser feita de forma


engessada, então, a criatividade e a imaginação devem ajudar
na elaboração do problema de pesquisa.

Dada essa breve explicação, analisaremos como ficariam


algumas perguntas de pesquisas derivadas do tema que
escolhemos (“A degradação da floresta amazônica pelos
madeireiros ilegais”).

Possíveis problemas:

• como rastrear a madeira retirada da


floresta que é vendida ilegalmente?

• qual época do ano ocorre maior


degradação da floresta amazônica?

62
Bases da pesquisa científica

• quais são as consequências


do estoque de carbono
relacionadas à degradação
da floresta amazônica?

• quais são os fatores e quais


os impactos da retirada
de madeira ilegal da
floresta amazônica?

Diante do que foi exposto na


formulação do problema, também existem
É importante delimitar
várias perguntas que buscam respostas. a área de abrangência
Então, é importante, neste caso, delimitar do problema para uma
atuação viável.
a área de abrangência do problema para
uma atuação viável, de acordo com Fonte: Shutterstock

os meios que você dispõe para que a


pesquisa seja realizada.

A DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS

Após definir do problema


de pesquisa, o próximo passo é a
definição dos objetivos do seu trabalho.

63
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Normalmente, os objetivos são apresentados em um projeto


de pesquisa, diferentemente das hipóteses, que é apresentada
em algumas áreas de estudo e não em outras. O objetivo de um
trabalho deve ser apresentado de forma precisa e coerente de
acordo com o tema estudado e deve ser apresentado sempre na
forma infinitiva do verbo (discutir, avaliar, comparar). Rodrigues
(2007, p. 26) descreve de forma sucinta o que são os objetivos de
um trabalho:

constituem-se em declarações claras e explicitas do


“para que se deseja estudar o fenômeno ou assunto”,
ou seja, o que se pretende alcançar com a realização
da pesquisa. Assim os objetivos devem ser iniciados
com verbos que exprimam ação, tais como, verificar,
analisar, descobrir e determinar, entre outros.

Os objetivos de um trabalho científico podem ainda ser


definidos em duas partes: objetivo geral e objetivos específicos:

1.  Objetivo geral: possui uma visão mais


abrangente e vincula-se diretamente ao
tema escolhido. Deve ser descrito de forma
sucinta, além de apresentar a finalidade
para a qual você escolheu realizar o estudo
e a meta a ser atingida.

64
Bases da pesquisa científica

2.  Objetivos específicos: é o detalhamento do


objetivo geral e mostra as ações que serão
executadas, bem como os processos necessá-
rios para realização do objetivo geral.

Portanto, de acordo com essas informações, uma


sugestão para o objetivo geral e o objetivo específico do tema
que nós escolhemos seria:

• Objetivo geral: verificar os fatores que levam a


extração da madeira ilegal da floresta amazônica.

• Objetivos específicos:

• levantar as informações para onde são enviadas


a madeira ilegal extraída da floresta amazônica;

• identificar os fatores que levam à extração


ilegal da madeira da floresta amazônica;

• detalhar possíveis falhas na fiscalização


dos órgãos fiscalizadores na região;

• avaliar as épocas com maior incidência


de degradação ambiental.

65
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Como vimos, a definição do tema, a formulação do


problema de pesquisa e dos objetivos fazem parte da
construção de um projeto de pesquisa. A elaboração dessas
etapas é difícil e exige certo conhecimento por parte do(a)
pesquisador(a). Portanto, uma dica fundamental é que
você sempre converse com professores experientes antes
de escolher o tema e elaborar o problema de pesquisa, pois
profissionais com mais experiência saberão se o assunto que
você pretende estudar já foi extensivamente pesquisado pela
comunidade científica ou se ele tem potencial inovador para a
sua área de atuação. Reflita como formular um bom problema
de pesquisa, com uma pergunta clara e concisa que inclua algo
relevante para pesquisar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, conhecemos as características e o processo
de produção do conhecimento científico, as condutas éticas
relacionadas à pesquisa científica, bem como os tipos de
pesquisa. Discutimos também sobre a importância e a utilidade
do conhecimento científico na vida acadêmica e profissional
das pessoas, e ampliamos nossa capacidade de leitura e
interpretação da literatura científica. Todas essas competências
são muito importantes para que você seja inserido no processo

66
Bases da pesquisa científica

de produção do conhecimento, participe dele ativamente e que


saiba analisá-lo e aplicá-lo na sua área de atuação.

A pesquisa científica está presente no dia a dia das pessoas


e dos profissionais de todas as áreas do conhecimento e é
através dela que produzimos avanços e descobertas capazes
de proporcionar uma vida melhor para as pessoas em todos
os aspectos. Além disso, o conhecimento científico é um dos
pilares para o desenvolvimento das comunidades, cidades e
países e é também essencial para o crescimento econômico e
social de todas as nações.

Assim, conhecer um pouco mais sobre as bases da


pesquisa científica lhe ajudará a compreender o papel da
produção de conhecimento na sua profissão. A participação
ativa no processo de produção do conhecimento científico
contribuirá para que você se torne uma pessoa mais crítica,
inquieta e questionadora, características muito desejáveis
na formação de bons profissionais. Esse é o primeiro passo
para que você saiba aplicar o conhecimento científico na sua
atuação, algo muito importante para que você se destaque
como um profissional ético e competente.

Sigamos em frente para aprendermos mais sobre essa


temática tão importante. O conhecimento científico lhe

67
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

instrumentaliza a mudar a sua vida, a sua profissão, o seu


contexto de atuação e a sua comunidade.

RESUMO

Nesta unidade aprendemos que:

• a produção do conhecimento científico segue regras próprias


e requer condutas éticas relacionadas à pesquisa científica;

• as pesquisas podem ter os mais variados delineamentos;

• o conhecimento científico é importante e extremamente


útil em todas as áreas de atuação de um profissional;

• a pesquisa científica está presente no dia a dia das pessoas


e dos profissionais e é através dela que produzimos
avanços e descobertas capazes de proporcionar uma
vida melhor para as pessoas em todos os aspectos;

• o conhecimento científico é um dos pilares para


o desenvolvimento das comunidades, cidades e
países, e é também essencial para o crescimento
econômico e social de todas as nações.

68
Bases da pesquisa científica

Conhecer e participar da produção do conhecimento


científico contribuirá para que você se torne uma pessoa mais
crítica, inquieta e questionadora, características muito desejáveis
na formação de bons profissionais. Esse é o primeiro passo para
que você saiba aplicar o conhecimento científico na sua atuação,
algo muito importante para que você se destaque como um
profissional ético e competente.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Resolução CNS nº 466, de 12 de dezembro de 2012.
Dispõe sobre as diretrizes e normas regulamentadoras de
pesquisas envolvendo seres humanos. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2013.

BRASIL. Resolução CNS nº 510, de 07 de abril de 2016. Dispõe


sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas
e Sociais. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 2016.

COMISSÃO NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA


(CONEP). CEP por Macrorregiões. Disponível em: <http://bit.
ly/3pwDnDO>. Acesso em: 02 jan. 2021.

69
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS. Disponível em: https://


www.dicio.com.br/tema/ Acesso em: 01 de fevereiro de 2021.

MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia e história das


ciências: a revolução científica. Zahar: Rio de Janeiro, 2016.

MUNDIAL, A. M. Declaração de Helsinque, 1964. Princípios


éticos para a pesquisa em seres humanos. Helsinque.

NUREMBERG, C. Código de Nuremberg, 1947. Disponível em:


<https://bit.ly/36lojkO>. Acesso em: 02 jan. 2021.

PRETI, O. Estudar a distância: uma aventura acadêmica:


licenciatura

em pedagogia / Oreste Preti. -- Cuiabá, MT: Central de Texto: EdUFMT, 2009.

RODRIGUES, W. C. Metodologia científica. Faetec/IST:


Paracambi, 2007.

RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 33.


ed. Petrópolis: Vozes, 1986.

SPINK, P. K. Ética na pesquisa científica. GV EXECUTIVO, v.


11, n. 1, pp. 38-41, 2012.

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