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como metodologia
investigativa e propositiva
na prática de profissionais
de saúde do SUS
Reitoria
Reitora: Isabela Fernandes Andrade
Vice-Reitora: Ursula Rosa da Silva
Chefe de Gabinete: Aline Ribeiro Paliga
Pró-Reitora de Ensino: Maria de Fátima Cóssio
Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação: Flávio Fernando Demarco
Pró-Reitor de Extensão e Cultura: Eraldo dos Santos Pinheiro
Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Paulo Roberto Ferreira Júnior
Pró-Reitor Administrativo: Ricardo Hartlebem Peter
Pró-Reitor de Gestão da Informação e Comunicação: Julio Carlos Balzano de Mattos
Pró-Reitora de Assuntos Estudantis: Fabiane Tejada da Silveira
Pró-Reitora de Gestão de Pessoas: Taís Ullrich Fonseca
Conselho Editorial
Presidente do Conselho Editorial: Ana da Rosa Bandeira
Representantes das Ciências Agrárias: Sandra Mara da Encarnação Fiala Rechsteiner (TITULAR)
Representantes da Área das Ciências Exatas e da Terra: Eder João Lenardão (TITULAR), Daniela Hartwig de Oliveira
e Aline Joana Rolina Wohlmuth Alves dos Santos
Representantes da Área das Ciências Biológicas: Rosangela Ferreira Rodrigues (TITULAR), Francieli Moro Stefanello
e Marla Piumbini Rocha
Representantes da Área das Engenharias: Reginaldo da Nóbrega Tavares (TITULAR), Cláudio Martin Pereira de Pereira
e Jairo Valões de Alencar Ramalho
Representantes da Área das Ciências da Saúde: Fernanda Capella Rugno (TITULAR) e Jucimara Baldissarelli e Zayanna
Christina Lopes Lindôso
Representantes da Área das Ciências Sociais Aplicadas: Daniel Lena Marchiori Neto (TITULAR), Bruno Rotta Almeida
e Marislei da Silveira Ribeiro
Representantes da Área das Ciências Humanas: Charles Pereira Pennaforte (TITULAR), Silvana Schimanski e William
Daldegan de Freitas
Representantes da Área das Linguagens e Artes: Chris de Azevedo Ramil (TITULAR), Daniel Soares Duarte e Luís
Fernando Hering Coelho
Organizadoras:
Juliana Bittencourt Garcia
Denise Petrucci Gigante
A pesquisa-ação
como metodologia
investigativa e propositiva
na prática de profissionais
de saúde do SUS
Seção de Pré-Produção
Isabel Cochrane
Administrativo
Suelen Aires Böettge
Administrativo
Seção de Produção
Preparação de originais
Filiada à ABEU Eliana Peter Braz
Administrativo
Rua Benjamin Constant, 1071 - Porto
Pelotas, RS - Brasil Catalogação
Fone +55 (53)3284 1684 Marisa Helena Gonsalves de Moura
editora.ufpel@gmail.com Administrativo
Revisão textual
Anelise Heidrich
Assistente de Revisão
Suelen Aires Böettge
Administrativo
Introdução.......................................................................................................................................................9
O ECOSUS........................................................................................................................................................13
Educação em Saúde.................................................................................................................................20
Sobre a pesquisa-ação..........................................................................................................................26
Nossos encontros...................................................................................................................................47
Nossos achados........................................................................................................................................60
Uma experiência exitosa......................................................................................................................74
Narrativa 1......................................................................................................................................................75
Narrativa 2....................................................................................................................................................78
Narrativa 3....................................................................................................................................................80
Considerações finais............................................................................................................................82
Introdução
Para o enfrentamento dessa situação, o Brasil encara desafios tanto no que diz res-
peito à desigualdade da assistência em saúde quanto no que concerne a estratégias pre-
ventivas. Diante disso, há necessidade de ações conjuntas, envolvendo sociedade civil,
organizações de saúde e governo, na implementação de programas educacionais para
auxiliar a população a ter um estilo de vida mais saudável, assim como equipamentos
públicos adequados para atender a essa demanda (COHEN et al., 2020).
Introdução 9
da no atendimento, no entanto, podem minimizar o estigma da obesidade e promover
melhores resultados, tanto para os indivíduos com obesidade quanto para o sistema de
saúde. Assim, programas de educação para profissionais de saúde sobre as causas da
obesidade e o uso de linguagem adequada para lidar com o tema podem colaborar para
experiências positivas dos indivíduos com obesidade no sistema de saúde (WU e BERRY,
2018; ALBURY et al., 2020; BRASIL, 2021).
10 ECOSUS
Referências:
BATISTA FILHO, Malaquias; ASSIS, Ana Marlúcia de; KAC, Gilberto. Transição nutricional:
conceito e características. In: KAC, Gilberto; SICHIERI, Rosely; PETRUCCI, Denise (org.). Epi-
demiologia nutricional. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz/Atheneu, 2007.
COHEN, Ricardo V. et al. Metabolic health in Brazil: trends and challenges. The Lancet
Diabetes & Endocrinology, v. 8, n. 12, p. 937–938, 2020.
Introdução 11
DI CESARE, Mariachiara et al. Trends in adult body-mass index in 200 countries from 1975
to 2014: a pooled analysis of 1698 population-based measurement studies with 19.2 million
participants. The Lancet, v. 387, n. 10026, p. 1377–1396, 2016.
WU, Ya Ke; BERRY, Diane C. Impact of weight stigma on physiological and psychological
health outcomes for overweight and obese adults: a systematic review. Journal of Advan-
Ced Nursing, v. 74, n. 5, p. 1030-1042, 2018.
12 ECOSUS
O ECOSUS
Apresentamos, nesta seção, uma síntese do projeto desde a chamada pública de can-
didatura até os seus desdobramentos.
No mês de agosto de 2018 foi lançada pelo CNPq a Chamada Pública: Enfrentamento
e controle da obesidade no âmbito do SUS, financiada pelo Ministério da Saúde, com o
objetivo de avaliar o conhecimento sobre alimentação saudável; identificar fatores as-
sociados e verificar se esse está em consonância com as recomendações alimentares e
nutricionais oficiais brasileiras. A meta era financiar um estudo por estado brasileiro, além
do Distrito Federal. Ao final, foram aprovados 22 projetos.
ECOSUS 13
Nosso principal objetivo foi realizar atividades de pesquisa, ensino e extensão, de forma
indissociável, relacionadas com a atenção nutricional para o enfrentamento e controle da
obesidade em 110 municípios, os quais compõem a 3ª, a 6ª e a 15ª Coordenadorias Regio-
nais de Saúde (CRS), com base em quatro eixos: Pesquisa e Desenvolvimento; Formação;
Avaliação e Monitoramento e Difusão Científica. Os objetivos de cada eixo estão descritos
a seguir.
14 ECOSUS
as suas etapas, contemplando diversos públicos, tais como a comunidade cien-
tífica e gestores das três esferas de governo, profissionais, comunidades locais,
conselhos de políticas sociais, entre outros.
Nossa primeira ação foi apresentar o projeto à SES-RS, no município de Porto Alegre,
por meio de uma reunião entre a equipe do projeto e as responsáveis pela Política de Ali-
mentação e Nutrição (PAN). Posteriormente, o projeto foi exposto na 3a CRS, em reunião
com a Coordenadora e com a responsável pelo Núcleo Regional de Educação em Saú-
de Coletiva (Nuresc). A partir dessa reunião, foi sugerido que fizéssemos a apresentação
também ao Comitê Intergestor Regional (CIR), o que ocorreu no dia 28 de junho de 2019,
no município de Santa Vitória do Palmar. Além disso, divulgamos o projeto na Secretaria
Técnica (Setec/RS) e na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) na SES-RS nos dias 16 e 17
de julho de 2019.
Embora tenhamos conseguido contato através de e-mail e/ou telefone com todos os
municípios, tivemos muita dificuldade de retorno e precisamos contar com a ajuda de
uma rede de contatos, tanto de profissionais como de Instituições e entidades (SES e
Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul), para que tivésse-
mos êxito. Dos 22 municípios contatados, 14 confirmaram participação, um declinou do
convite por ter outra agenda na mesma data e sete não se manifestaram. Além desses,
ECOSUS 15
os municípios de Aceguá e Lavras do Sul, os quais pertencem à 7ª CRS, mas são muito
próximos geograficamente, solicitaram autorização para participar do projeto conjunta-
mente. Após o I Encontro, o município de São José do Norte, que não havia participado
em função de mudanças em sua Gestão da Saúde, entrou em contato para que pudesse
participar das próximas etapas do projeto. No Quadro 1, é feita a caracterização dos mu-
nicípios participantes.
16 ECOSUS
Quadro 1 | Caracterização dos municípios participantes quanto à população usuária, número de agentes comunitários de saúde (ACS),
estratégia de saúde da família (ESF) e núcleo ampliado de saúde da família (Nasf) segundo os tipos 1, 2 e 3 implantados
Cerrito 6431 8 2 0 0 0
Cristal 7792 10 4 0 1 0
Piratini 20757 17 4 0 0 0
Turuçu 3590 9 2 0 0 0
Aceguá12 4671 12 1 0 0 0
1 Municípios da 7ª CRS.
2 As modalidades de Nasf 1, 2 e 3 diferenciam-se pelo número de ESF e carga horária dos profissionais atuantes.
ECOSUS 17
Descrição da orientação didático-pedagógica e das metodologias apli-
cadas para execução das atividades de extensão tecnológica, educação
profissional e de pesquisa
18 ECOSUS
• Sistemas alimentares; Promoção da alimentação adequada e saudável; Preven-
ção, diagnóstico e tratamento da obesidade; Abordagens coletivas inovadoras,
participativas e efetivas (grupos operativos, grupos terapêuticos no âmbito da
alimentação e outros); Abordagem comportamental; Práticas corporais e Práti-
cas Integrativas e Complementares; Promoção da saúde (incluindo programas
Academia da Saúde e Programa Saúde na Escola).
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ECOSUS 19
Educação em saúde
20 ECOSUS
O conceito de saúde vem sendo discutido há diversos anos, mesmo antes da fundação
da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1948, ano em que foi definido o conceito
de saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas
a mera ausência de doença ou enfermidade” (SCLIAR, 2007, p. 37). O relatório final da 8ª
Conferência Nacional de Saúde (1986) descreve saúde como “resultante das condições de
alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego,
lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde” (BRASIL, 1986, p. 4).
Independente das discussões, diferentes definições e conceitos sobre saúde são for-
mulados até os dias atuais. A Constituição de 1988 assume, em seu Art. 196, que:
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econô-
micas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal
e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988,
p. 118-119).
Educação e Saúde são áreas sociais que se influenciam de forma mútua (DE JESUS,
2015). Historicamente, Educação em Saúde era conhecida simplesmente como transmis-
são de informação sobre a área da saúde. Atualmente, Educação em Saúde é considerada
como um conjunto de práticas pedagógicas e sociais, de caráter participativo e emanci-
patório, com o objetivo de sensibilizar, conscientizar e mobilizar pessoas e comunidades
diante de situações que interferem na qualidade de vida. É um processo que envolve
a capacitação de pacientes, cuidadores e profissionais de saúde, estimulando-os a agir
conscientemente diante de cada ação do cotidiano, criando um espaço para o aprimora-
mento de novos conhecimentos e práticas (HADDAD et al., 2008).
O foco da educação está voltado para a população e para a ação, tendo como objetivos
encorajar as pessoas a adotar e manter padrões de vida sadios; usar os serviços de saúde
de forma adequada; tomar suas próprias decisões visando a melhorar suas condições de
saúde e do meio ambiente; desenvolver o senso de responsabilidade pela própria saúde
e pela comunidade (LEVY et al., 2007). É um processo constante de criação do conheci-
mento e de busca da transformação-reinvenção da realidade pela ação-reflexão humana
(RIBEIRO et al., 2018).
Educação em saúde 21
Educação em Saúde é muito mais do que sua forma, tradicionalmente conhecida,
de transmitir conhecimento ou informações sobre saúde (BRASIL, 2009a). Envolve
uma “abordagem transdisciplinar levando em consideração as subjetividades e as
singularidades da vida na esfera individual e coletiva com o intuito de melhoria da
qualidade de vida” (CONCEIÇÃO et al., 2020, p. 59414). Os autores ainda afirmam que
faz parte, deste processo, atuar junto ao conhecimento dos indivíduos, dando subsídios
para que se tornem participantes ativos do processo de cuidar. Desta forma a sabedoria
popular e o conhecimento científico dos profissionais não são opostos e devem interagir
para melhorar a qualidade de vida, uma vez que o conhecimento repassado deve ter re-
lação com o cotidiano dos indivíduos, visando assim a modificar padrões de estilo de vida
que predispõe a risco de saúde (CONCEIÇÃO et al., 2020, p. 59414).
Parte-se então do conceito de educação de Freire (1996) abordada como uma práti-
ca pedagógica participativa na qual há o acolhimento do outro como sujeito dotado de
condições objetivas e de representações subjetivas e que pressupõe vontade de ensinar e
aprender, exercitar a autonomia, a emancipação, o diálogo e a afetividade. Toma-se como
parâmetro também o conceito de saúde da OMS, definido como um estado de completo
bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença ou enfermi-
dade. Nosso intuito foi o de promover a autonomia das pessoas no cuidado de si e in-
cluir essa perspectiva no debate com profissionais de saúde e gestores públicos (BRASIL,
2009b).
22 ECOSUS
e permanente, se propõem a desenvolver uma prática autônoma e voluntária de hábitos
alimentares saudáveis (BRASIL, 2012).
Um estudo de revisão que avaliou o uso de estratégias de EAN na APS com indivíduos
adultos aponta para a relevância da EAN no fortalecimento das ações de nutrição, auxi-
liando no empoderamento dos indivíduos e no desenvolvimento da autonomia diante de
suas escolhas alimentares. O trabalho referido destaca ainda a importância de se descre-
ver as atividades previstas nos planos municipais de saúde e no planejamento das práti-
cas educativas nas Unidades, possibilitando o investimento e o apoio gerencial e logístico
necessários para o seu efetivo desenvolvimento, de tal forma que não apenas garanta a
realização, mas, também, a continuidade dessas atividades dentro dos serviços de saúde
(FRANÇA; CARVALHO, 2017).
Educação em saúde 23
Referências:
BRASIL. Conferência Nacional de Saúde. 8ª. Relatório Final. Brasília: Ministério da Saúde,
1986.
BRASIL/MEC. Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ção Nacional. Brasília, DF: 20 de dezembro de 1996.
BRASIL. Constituição: República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Ministério da Saúde. Promoção da saúde IV. Brasília, DF: Organização Pan- Ame-
ricana da Saúde; 2009a.
JESUS, Samuel José Amaral de. O papel da educação em saúde frente às implicações da
atenção básica: do profissional à comunidade. Revista Interfaces: saúde, humanas e tec-
nologia, v. 2, n. 7, 2015.
24 ECOSUS
FRANÇA, Camila de Jesus; CARVALHO, Vivian Carla Honorato dos Santos. Estratégias de
educação alimentar e nutricional na atenção primária à saúde: uma revisão de literatura.
Saúde Debate, v. 41, n. 114, p. 932-948, 2017.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 36. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.
FREIRE. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2021.
LEVY, Sylvain Nahum et al. Educação em saúde: histórico, conceitos e propostas. Ministé-
rio da Saúde. Diretoria de Programas de Educação em Saúde, 2007.
HADDAD, Ana Estela et al. Política Nacional de Educação na Saúde. Revista Baiana de
Saúde Pública, v. 32, sup. 1, p. 98-114, 2008.
RIBEIRO, Kelen Gomes et al. Educação e saúde em uma região em situação de vulnerabi-
lidade social: avanços e desafios para as políticas públicas. Interface: comunicação, saúde
e educação, v. 22, sup. 1, p. 1387-98, 2018.
VIEIRA, Mariana de Sousa Nunes et al. Educação em saúde na rede municipal de saúde:
práticas de nutricionistas. Ciência & Saúde Coletiva, v. 26, n. 2, p. 455-464, 2021.
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Educação em saúde 25
Sobre a pesquisa-ação
26 ECOSUS
Com o intuito de nos aproximarmos do campo de pesquisa e contribuir para o seu en-
tendimento, bem como fundamentar e compreender nossos achados, realizamos uma
busca no Banco de Teses e Dissertações (BTDT) da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes) para verificar o Estado do Conhecimento a respeito da
temática sobre pesquisa-ação, em especial que tivesse alguma relação com o campo de
nosso interesse. Para tal, foram utilizados os seguintes descritores de busca: pesquisa-a-
ção; nutrição; obesidade. Definimos o período das publicações entre os anos 2000 e 2021.
Da pesquisa, resultaram 28 trabalhos. Após a leitura dos títulos e resumos, foram selecio-
nados seis estudos afins. Desses, quatro utilizaram a pesquisa-ação como metodologia,
um utilizava a perspectiva da pesquisa participante e outro mais se valia da pesquisa
qualitativa ligada à participação, conforme o gráfico a seguir.
Sobre a pesquisa-ação 27
Figura 1 | Gráfico dos trabalhos selecionados para o estado do conhecimento das pes-
quisas na área
28 ECOSUS
Quadro 2 | Dados dos trabalhos selecionados
Sobre a pesquisa-ação 29
Dos seis trabalhos selecionados, cinco são dissertações e uma tese. Dois trabalhos são
do ano de 2008. Os demais foram publicados em anos diversos, de 2007 até 2019. Dois
trabalhos são do Estado de São Paulo (Unesp), dois da Região Sul (UFSC e Unisinos), um
do Ceará (UFC) e um de Minas Gerais (UFMG). Quanto aos Programas de Pós-Graduação,
quatro são da área da saúde (Saúde Pública, Ciências da Saúde, Enfermagem e Alimen-
tos e Nutrição), um Ensino da de Educação e um de Design. A metodologia utilizada nos
estudos, assim como as principais conclusões dos trabalhos listados, estão descritas no
Quadro 2, a seguir:
30 ECOSUS
Quadro 3 | Título, metodologia e principais conclusões dos trabalhos selecionados.
Sobre a pesquisa-ação 31
Vários fatores estão envolvidos
na etiologia e manutenção da
obesidade em adolescentes,
sendo necessário desenvol-
ver estratégias específicas,
uma vez que os indivíduos
investigados comumente
apresentam resistência fren-
te a possíveis mudanças na
alimentação.
É importante considerar os
Pesquisa-ação em unidade da aspectos emocionais e a
Secretaria Municipal de Saú- influência cultural e familiar
Abordagem da obesidade
de de Belo Horizonte (MG). ao se estabelecerem essas
em adolescentes atendidos
Utilizou o grupo focal estratégias. É recomendado
em serviço público de saú-
OLIVEIRA, T. R. P. R. de para coleta dos dados e o mé- que a intervenção comece
de: conceitos, dificuldades e
todo de análise de conteúdo. precocemente, que os progra-
expectativas dos pacientes e
Foram avaliados 58 adoles- mas de tratamento instituam
seus familiares.
centes com idades entre 10 e mudanças permanentes e
19 anos. que auxiliem as famílias a fa-
zerem alterações pequenas e
graduais. Dietas muito restri-
tivas não são aconselháveis. É
necessário aprofundar as po-
tencialidades da abordagem
interdisciplinar
e capacitar os profissionais de
saúde para o aconselhamento
nutricional, de modo a melho-
rar a adesão desses pacientes
ao tratamento.
32 ECOSUS
Conclui que a família tem
um papel fundamental como
educadora nutricional para
seus membros, como trans-
missora do primeiro significa-
do do ato de comer, a partir
Pesquisa qualitativa-partici-
de sua construção social e
pante com os instrumentos
cultural. Evidencia que as
metodológicos da escuta e da
Família, pessoa com Síndro- pessoas com SD repetem
observação sensível, além das
me de Down e nutricionis- comportamentos alimentares
GIARETTA. A. G. atividades lúdicas. Envolveu
ta: ressignificando o ato de idênticos aos de seus pais e
11 visitas domiciliares a cada
comer. que estar com alteração de
uma das cinco famílias com
peso não é uma caracterís-
pessoas com SD, durante um
tica estigmatizante da SD. A
período de sete meses.
predisposição genética para
a obesidade nas pessoas com
SD pode ser combatida pela
compreensão mais ampla
sobre o significado do ato de
comer.
Sobre a pesquisa-ação 33
Tanto as agentes educacio-
nais quanto as professoras de
Ensino Infantil são detentoras
de um significativo conheci-
mento sobre a nutrição in-
fantil. Porém, a preocupação
Educação nutricional institu- Estudo de caso, com abor- maior dessas foi atender às
cionalizada: conhecimentos e dagem qualitativa, que en- necessidades nutricionais das
SILVA, A. C. de A. práticas de agentes educacio- globou a fase exploratória, crianças por meio de uma boa
nais e professoras de ensino a observação e a entrevista alimentação, deixando em
infantil de 0 a 3 anos. semiestruturada. segundo plano as atividades
pedagógicas que poderiam
ser realizadas em um progra-
ma de Educação Nutricional,
construído coletivamente e
inserido dentro do projeto po-
lítico-pedagógico da escola.
34 ECOSUS
A pesquisa de Pessoa (2010, p. 70) teve como objetivo contribuir na constituição de
ações em saúde ambiental e saúde do trabalhador, de forma participativa, visando à
integralidade da atenção na Estratégia de Saúde da Família (ESF) em Quixeré – Ceará,
no contexto da modernização agrícola. Para a autora, a pesquisa-ação foi a metodologia
mais adequada por favorecer a interação entre pesquisadores e sujeitos, sendo esse o eixo
central do estudo (PESSOA, 2010). Essa interação entre sujeitos e pesquisadores também
é enfatizada por Oliveira (2008). Stringer (2007); Thiollent (1996, apud Mota, 2017) desta-
cam que, na pesquisa-ação, as ações do pesquisador envolvem um processo colaborativo,
que constitui em uma relação de reciprocidade entre os membros da situação-problema
e o pesquisador.
Pessoa (2010) menciona a utilização das seguintes técnicas para coleta de material
empírico: a pesquisa documental; as visitas exploratórias ao município; as reuniões com
as equipes de ESF e os grupos de pesquisa e gestão municipal; a realização de seminários;
a implantação, monitoramento e avaliação das estratégias de ação que compunham os
planos de ação.
Os planos de ação foram elaborados nos seminários e tiveram, como foco, a política de
saúde ambiental e do trabalhador na atenção básica a ser implantado nos municípios.
Tais planos foram desenvolvidos com o objetivo de propor soluções, ampliar ou mudar o
entendimento dos problemas envolvidos e da realidade local, de forma colaborativa, par-
tindo da inter-relação entre pesquisadores e componentes dos grupos. O grupo de traba-
lho foi composto por, no máximo, 14 participantes, entre médicos, enfermeiros, agentes
comunitários de saúde, auxiliar de enfermagem, usuários, conselheiro municipal de saú-
de, entre outros, além dos pesquisadores.
Cada encontro teve duração de oito horas, contabilizando total de 44 horas, com inter-
valo médio de 21 dias entre eles (seminários ou oficinas). O cronograma foi construído co-
letivamente. Todos os encontros foram gravados e/ou filmados e representaram material
discursivo de análise (PESSOA, 2010).
Sobre a pesquisa-ação 35
A pesquisa realizada por Mota (2017) teve como objetivo compreender o processo de
criação de “concepts” 1 de projetos para estimular hábitos alimentares saudáveis na in-
fância, à luz do design para mudança de comportamento (MOTA, 2017, p. 77). A auto-
ra relata que a participação ativa do usuário foi fundamental pelo enfoque da pesquisa,
acarretando um processo de criação colaborativo. O estudo proporcionou novos conhe-
cimentos aos participantes acerca da importância de se estimular hábitos saudáveis na
infância, além dos recursos conceituais para projetos de design para modificação de
comportamento. A pesquisa-ação apresentou as seguintes etapas: revisão bibliográfica
de pesquisas sobre práticas alimentares na infância; construção do briefing do workshop;
workshop com designers e usuárias (mães); avaliação dos concepts gerados no workshop
pelo conselho. O grupo de análise foi composto por 13 mães e pela equipe de pesquisado-
res, especialistas e designers (MOTA, 2017).
Rodrigues (2019) realizou seu estudo na escola, dentro da temática Educação Nutricio-
nal e Alimentar (EAN) na infância. O objetivo da pesquisa foi o de analisar uma proposta
de articulação entre nutrição, educação e infância e sua potencialidade para (re)pensar
a EAN na escola no contexto das culturas da infância visando à formação de hábitos
alimentares saudáveis (RODRIGUES, 2019, p. 18). A pesquisa-ação foi a metodologia es-
colhida como processo de investigação que prevê a ação dentro do contexto estudado.
1 No chamado “design conceitual”, o projeto é entendido como um processo experimental de reflexão sobre um
assunto, próprio e exclusivo do designer, enquanto o concept é entendido como uma proposição que sintetiza
essa reflexão. Este tipo de concept não é voltado ao desenvolvimento de novos produtos para produção em
série, mas à proposta de uma ideia para debates abertos (FRANZATO, 2012, p. 226).
36 ECOSUS
Para a coleta de dados, foram utilizadas as seguintes técnicas: entrevistas semiestru-
turadas, observação participante e diários de campo. Os sujeitos da pesquisa foram as
crianças. O estudo teve duração de sete meses.
Diferente das pesquisas conduzidas por Pessoa (2010) e Mota (2017), nas quais foram
discutidas as ações implementadas e tiveram a participação dos grupos estudados, no
caso de Rodrigues (2019), as ações estiveram mais centradas na pesquisadora, envolven-
do a observação, a análise e a inserção no contexto do estudo, sem participação prévia
dos sujeitos da pesquisa (crianças).
Sobre a pesquisa-ação 37
planejada apenas pela pesquisadora, a qual avaliou seus efeitos e resultados (FRANCO,
2005 apud OLIVEIRA, 2008). Fizeram parte do estudo adolescentes de 10 a 19 anos e seus
responsáveis, os quais participaram de grupos focais conduzidos pela pesquisadora, com
a participação de um observador. Os sujeitos da pesquisa frequentavam a “Unidade de
Referência Secundária Saudade (URSS)” (p. 59), cujo foco é a assistência em saúde da
criança e do adolescente (OLIVEIRA, 2008). Os pacientes foram agrupados, por faixa etá-
ria, em oito grupos focais: um grupo formado por pacientes de 15 a 19 anos; e outro por
pacientes de 10 a 14 anos. Os pais desses adolescentes, por sua vez, foram organizados em
seis grupos focais.
38 ECOSUS
às necessidades, foi o que motivou a intervenção e a geração de conhecimentos entre os
pesquisados (PATRÍCIO, 1994 apud GIARETTA, 2007).
A coleta de dados foi realizada por meio de 11 visitas domiciliares, a cada uma das cinco
famílias com pessoas diagnosticadas com Síndrome de Down, durante um período de
sete meses. As técnicas utilizadas foram a observação participante e da escuta e obser-
vação sensível, sobre os comportamentos e atitudes que envolvem o ato da alimentação.
Além do diálogo integrativo envolvendo expressões verbais e não verbais, a autora lançou
mão de atividades lúdicas, empregando jogos e brincadeiras. Os dados foram registrados
em diário de campo e por um gravador.
O estudo de Silva (2008), por seu turno, teve como objetivo identificar os conhecimen-
tos e as práticas, relacionados à alimentação de crianças de zero a três anos, a fim de
verificar a formação dos profissionais que trabalham com crianças dessa faixa etária,
na área da Educação Nutricional (SILVA, 2008, p. 15).
Após a leitura dos seis trabalhos, pudemos perceber que a pesquisa intitulada Abor-
dagem do território na constituição da integralidade em saúde ambiental e do traba-
lhador na atenção primária à saúde, em Quixeré-Ceará, realizada por Pessoa (2010), foi a
que mais se assemelhou com a metodologia desenvolvida pelo nosso grupo de trabalho.
Entretanto, os demais estudos deram suporte significativo para a compreensão das ten-
dências da pesquisa-ação aplicada na área da saúde.
Na perspectiva de Thiollent (2007, p. 17), “uma pesquisa pode ser qualificada de pesqui-
sa-ação quando houver realmente uma ação por parte das pessoas ou grupos implicados
Sobre a pesquisa-ação 39
no problema sob observação”. Os estudos de Pessoa (2010) e Mota (2017) foram os que
mais revelaram essa condição. Já nos trabalhos de Rodrigues (2019) e Oliveira (2008) per-
cebemos que a forma de pesquisa-ação realizada difere da compreensão do autor.
No caso de Rodrigues (2019), a definição das ações foi determinada pela pesquisadora,
após a integração ao contexto. Já no caso do estudo de Oliveira (2008) as ações também
foram definidas pela pesquisadora, de forma prévia, a qual foi denominada pesquisa-a-
ção estratégica.
40 ECOSUS
Percebemos, assim, por meio da realização do estado do conhecimento, que a abor-
dagem qualitativa aplicada ao campo que nos interessa ainda é pouco utilizada. Desta-
camos a necessidade de ampliação dos tipos de abordagens e, principalmente, de lançar
mão de estudos de cunho social.
Thiollent (2007, p. 17) lembra que “uma pesquisa pode ser qualificada de pesquisa-a-
ção quando houver realmente uma ação por parte das pessoas ou grupos implicados no
problema sob observação”. Percebemos essa característica na experiência vivenciada no
projeto, pois as demandas, apresentadas pelos profissionais como necessárias para o en-
frentamento do problema da obesidade nos municípios em que atuavam, subsidiaram a
elaboração das atividades dos encontros de formação. Profissionais e pesquisadores esti-
veram envolvidos na resolução do problema da obesidade conforme o contexto de cada
município e com base nas interações dos encontros dos grupos de trabalho.
Sobre a pesquisa-ação 41
As etapas da pesquisa-ação, relacionadas com a atenção nutricional para o enfren-
tamento e controle da obesidade desenvolvidas no presente estudo, estão descritas na
Figura 2 a seguir:
42 ECOSUS
Exploratória Planejamento
Ação Avaliação
Sobre a pesquisa-ação 43
Ao final do primeiro Encontro Formativo, do qual participaram profissionais de saúde
e gestores dos municípios, houve o convite para que os envolvidos elaborassem um plano
de ação para o enfrentamento da obesidade em seus locais de origem. Foram formados
grupos de trabalho para debater o tema nos diferentes contextos e as diferentes formas
de abordagem da situação. Além disso, os pesquisadores fizeram uma explanação ini-
cial, apresentando dados sobre a obesidade no Brasil e no mundo assim como diferentes
sugestões de enfrentamento do problema, tendo como base publicações do Ministério
da Saúde, como o Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2014), de forma a
subsidiar a ação nos municípios.
44 ECOSUS
Referências:
DEMO, Pedro. Metodologia científica em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 1995.
FRANZATO, Carlo. A forma das ideias. Concept design e design conceitual ideias form. In:
Congresso Internacional da Associação de Pesquisadores em Crítica Genética, 10, 2012.
PATRÍCIO, Zuleica Maria. O que seria importante pesquisar e como fazê-lo, em favor da
qualidade de vida? Texto e Contexto, Florianópolis, v.3, n.1, jan. /jun., 1994, p. 58–74.
Sobre a pesquisa-ação 45
PESSOA, Vanira Matos. Abordagem do território na constituição da integralidade em
saúde ambiental e do trabalhador na atenção primária à saúde em Quixeré-Ceará. Dis-
sertação (Mestrado em Saúde Pública) – Programa de Pós-graduação em Saúde Pública,
Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2010.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 15. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
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46 ECOSUS
Nossos Encontros
Nossos encontros 47
as suas ideias, criando um importante espaço de opiniões e proposições. Eis alguns exem-
plos: Trabalhar com pais ou responsáveis. Promover alimentação saudável nas escolas.
Envolver toda a família para uma alimentação saudável. Integração da equipe com a
família e com a escola, bem como o controle dos alimentos comercializados. E ainda:
identificar, junto à UBS, os fatores que dificultam o acesso à alimentação saudável. Con-
ceitos sobre o que é alimentação saudável. Adaptar a dieta à realidade dos municípios.
48 ECOSUS
Figura 1 | Apresentação dos dados sobre a situação atual de obesidade no Brasil e no mundo
Fonte: Acervo do projeto, 2019.
Nossos encontros 49
Figura 2 | Atividade World Café
Fonte: Acervo do projeto, 2019.
50 ECOSUS
Figura 3 | Atividade World Café
Fonte: Acervo do projeto, 2019.
Nossos encontros 51
Ainda no primeiro dia, no turno da tarde, foi realizada uma dramatização teatral com
objetivo de fomentar uma posterior discussão sobre a acolhida das pessoas com obesi-
dade nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Na dramatização, uma senhora obesa chega
à UBS, pela segunda vez na mesma semana, queixando-se de dores no joelho. A senhora
acaba nem sendo atendida pelo médico por não ter emagrecido.
A atividade fez com que os(as) participantes refletissem sobre como são recebidas e
acolhidas as pessoas com obesidade e sobre como, em geral, tendem a ser culpabilizadas
por suas situações. A dinâmica movimentou sentimentos e trouxe à tona situações já
presenciadas pelos(as) participantes, o que gerou uma discussão rica, com a participação
de todos(as).
Ainda no turno da manhã, foi realizada uma palestra sobre os “Dez passos para uma
alimentação adequada e saudável” do Guia Alimentar para a População Brasileira (BRA-
SIL, 2014). Na sequência, os(as) participantes foram convidados(as) a integrar uma dinâ-
mica que abordou a importância da compreensão do que está escrito nas listas de ingre-
52 ECOSUS
dientes dos rótulos das embalagens, a fim de que saibam diferenciar alimentos in natura,
minimamente processados, alimentos processados e alimentos ultraprocessados, con-
forme as orientações constantes no Guia. Por fim, foi proposta a atividade “Elaborando
um cardápio”, na qual os(as) participantes foram distribuídos(as) em pequenos grupos
e tiveram que pensar em um cardápio com opções viáveis e saudáveis, baseando-se na
discussão anterior.
“Parabéns pelas dinâmicas, poderia ser mais concentrado fazendo que se possível
ocorresse em um dia.”
“Achei excelente a recepção, organização do encontro. Só sugiro que seja mais dinâmi-
co para agilizar, já que dois dias sair do local de trabalho fica muito complicado.”
Nossos encontros 53
“O encontro foi muito proveitoso, as dinâmicas foram bem pensadas e levaram todos
os participantes repensarem a sua atuação e como podemos enfrentar este problema de
saúde pública que é bem relevante. A importância da atuação multiprofissional neste en-
frentamento da obesidade e acredito ser fundamental e este encontro trouxe esta visão
ainda mais pautada.”
Durante o turno da tarde, foram retomados os planos de ação, que haviam sido traça-
dos no I Encontro. Nesse momento, os(as) participantes fizeram um breve relato sobre
quais metas haviam sido atingidas e quais não foram alcançadas. Na sequência, solicita-
mos aos participantes que elencassem uma meta prioritária para execução no seu muni-
cípio e que retornassem com os resultados, em forma de seminários, para partilharem no
III Encontro. No final das atividades do turno da tarde do II Encontro, os(as) participantes
avaliaram, por escrito, o evento. Algumas manifestações foram:
54 ECOSUS
“Ótima formação. Professoras atenciosas e didáticas. A experiência de trocar relatos e
informações com profissionais de outras cidades é muito positiva e enriquece o conheci-
mento. Continuem assim!”
“O encontro mais uma vez foi de muita valia, permitindo a troca de vivências com rela-
ção às realidades de cada município que puderam mostrar as facilidades e/ou dificulda-
des na realização de suas ações. E encontros como este fortalecem o trabalho dos profis-
sionais dando um estímulo para enfrentar os desafios.”
“Foi o meu primeiro dia, achei muito interessantes e necessárias todas as temáticas.
Motivou-me a pensar temas, atividades e mudar abordagens com grupos os quais tra-
balho. E, confirmo minha parceria para seguir esse trabalho nos municípios. Achei super
positivo e tempo bem aproveitado.”
Nossos encontros 55
No primeiro dia, seguindo as solicitações e sugestões dos(as) participantes, o turno
da manhã foi dedicado em dimensão formativa através de palestras. Os temas foram
propostos a partir das demandas explicitadas pelos(as) próprios(as) participantes, como:
“Importância do aleitamento materno e da introdução alimentar adequada para bebês”
e “Receitas práticas e substituição de alimentos: trabalhando com a equipe de saúde”
foram as selecionadas para esse bloco. As palestrantes convidadas disponibilizaram um
tempo, após suas falas, para que os(as) participantes fizessem comentários e/ou escla-
recessem dúvidas. As apresentações das palestras estão disponíveis em nossa página:
https://wp.ufpel.edu.br/ecosusufpel/
Já no segundo dia do Encontro, o turno da manhã foi iniciado pela dinâmica “World
Café” (BROWN, 2005) com a seguinte questão: Como alcançar, conscientizar e sensibili-
zar a população para melhorar a alimentação e reduzir a obesidade? A dinâmica que
havia sido realizada no I Encontro, por sugestão dos(as) participantes, foi novamente em-
pregada, porém, com um novo questionamento. Em seguida, dedicamos o espaço ao
segundo bloco de palestras. Os temas selecionados para esse bloco foram: “Ações preven-
tivas com o profissional nutricionista” e “Comer intuitivo”. Novamente, após as falas das
palestrantes, foi dedicado um tempo para contribuições e perguntas.
O turno da tarde privilegiou uma dramatização teatral em que Dona Maria, persona-
gem da dramatização do I Encontro, retornou para um novo desfecho de sua situação.
Dando seguimento às atividades, realizamos um workshop sobre “Práticas Integrativas e
Complementares (PICS)”, no qual foram compartilhadas as experiências do município de
56 ECOSUS
Pelotas e algumas informações sobre a Política Nacional de Alimentação, diretrizes gerais
e recursos para incorporação das práticas. No encerramento do III Encontro, os(as) par-
ticipantes avaliaram a última edição do evento. A seguir, apresentamos algumas dessas
avaliações.
“Estes dois últimos dias de encontro foram muito proveitosos, assim como os anterio-
res, sempre trazendo assuntos e ações que estão sendo utilizados a fim de complementar
os trabalhos que já são realizados e analisando os pacientes como um todo, que todos
precisamos auxiliar nos tratamentos levando em consideração o paciente, seus senti-
mentos, o ambiente que convive e tudo que está relacionado com seus hábitos e que se
trabalhados de forma saudável irão fazer a diferença na saúde e na qualidade de vida da
população. E tudo isso nos motiva cada vez mais a continuar nesta luta. Por isso é impor-
tante que o ECOSUS não pare por aqui, pois juntos já percebemos que somos mais fortes
e o quanto já avançamos desde o primeiro encontro. Obrigada!”
“Curso excelente. Palestras maravilhosas que estimularam a reflexão. Com certeza sai-
rei desses encontros com mais motivação para chegar em minha cidade e tentar fazer
um trabalho diferenciado. Peço que sigamos nos encontrando 1 x/ano para que sigamos
nos abastecendo para podermos trabalhar com mais empenho.”
“O 3º encontro foi muito bom. Mais uma vez podemos conversar, adquirir conhecimen-
to e trocar experiências. Isso nos faz refletir de como podemos melhorar o nosso aten-
dimento ao paciente da nossa unidade. Espero que o grupo continue para mantermos
o contato e seguir nossos trabalhos, com a participação em outros cursos, sempre nos
aperfeiçoando. Muito obrigada pela maravilhosa experiência.”
Nossos encontros 57
Este foi o último Encontro Formativo Presencial ECOSUS com os municípios perten-
centes à 3ª CRS, fechando as atividades contempladas pelo segundo eixo do projeto (For-
mação) com essa Coordenadoria. Embora não estivesse em nosso cronograma, a equipe
ECOSUS acordou, a pedido das/dos participantes, que haverá ainda uma próxima edição.
Ela deveria ocorrer um ano após a primeira, ou seja, em 29 de agosto de 2020. A intenção
seria a de observar como se encontram as ações a que as/os participantes se propuse-
ram e realizaram, um ano após o início das capacitações. Em razão da pandemia do vírus
SARS-CoV-2 a edição planejada não ocorreu de forma presencial.
58 ECOSUS
Referências:
BROWN, Juanita; ISAACS, David. The World Cafe: shaping our futures through conversa-
tions that matter. São Francisco, California: Berrett-Koehler Publishers, 2005.
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Nossos encontros 59
Nossos achados
Os resultados estão dispostos de acordo com os seguintes itens: atividade 1) World café
– questão “O que fazer?”; 2) Principais dificuldades de cada município; 3) Planos de ação;
e 4) Avaliações. Cada um dos itens foi explorado separadamente, compondo categorias
de análise que foram identificadas conforme agrupamentos e incidência de termos ou
expressões.
60 ECOSUS
A categoria Estratégias foi desdobrada em três subcategorias: A) Alimentação, na qual
se destacaram as proposições de estratégias referentes à promoção de alimentação sau-
dável bem como melhorias nos hábitos alimentares; B) Atividades físicas, em que o des-
taque ficou centrado em proposições de estratégias referentes ao estímulo em prática
de atividades físicas; C) Alternativas de prevenção e tratamento, nas quais as principais
proposições estão relacionadas à identificação e atuação em ambientes obesogênicos,
de cuidado, grupos de usuários, acolhimento e vínculo dos e com os usuários.
A categoria Cooperação, por sua vez, foi subdividida em: A) Diálogo multiprofissional,
no qual se destacaram as proposições de melhoria na comunicação entre os profissio-
nais (enfermeiros, médicos, nutricionistas); B) Sensibilização/Apoio da gestão, na qual a
principal proposição esteve voltada a estratégias para ressaltar o apoio da gestão para a
realização das ações.
Dentre as reflexões e contribuições dos oito grupos formados, e referente às quatro ca-
tegorias identificadas para a questão “O que fazer?”, destacamos a categoria Estratégias
com total de 18 ocorrências. Já a categoria Informações aos usuários/população aparece
com oito ocorrências, Cooperação, com seis e, por fim, Educação Alimentar e Nutricio-
nal, com quatro.
Nossos achados 61
Nesse item, analisamos também o número de proposições que dependem da gestão
em relação ao número de proposições que não dependem diretamente dela. Do total de
36 proposições, oito dependem diretamente da gestão para que sejam realizadas. Con-
tudo, 28 proposições não necessitam da gestão, podendo ser realizadas pelos(as) pró-
prios(as) profissionais que as propuseram e/ou outros profissionais da equipe. As informa-
ções desse item foram sintetizadas no quadro a seguir.
62 ECOSUS
World café Questão: O que fazer?
Alimentação
Alternativas de prevenção
e tratamento
Diálogo multiprofissional
Categorias Cooperação
Sensibilização/Apoio da gestão
Capacitações à equipe
multiprofissional
Educação alimentar e nutricional
Educação escolar
Nossos achados 63
Para responder ao item 2 – principais dificuldades de cada município, os(as) parti-
cipantes, organizados(as) em grupos por município, listaram o que consideravam suas
principais dificuldades para o enfrentamento da obesidade em seus ambientes de tra-
balho. No total, 13 municípios estavam presentes, e suas principais dificuldades foram
compartilhadas por seus representantes. Sete categorias foram identificadas: 1) Gestão;
2) Recursos; 3) Educação; 4) Ações preventivas; 5) Comprometimento; 6) Desmotivação; e
7) Empatia.
64 ECOSUS
dades, relatadas por representantes dos 13 municípios. Das sete categorias identificadas
para o item, destacamos a categoria Gestão com maior número de ocorrências, oito no
total. Em seguida, a categoria Recursos aparece com cinco ocorrências. Já as catego-
rias Comprometimento, Educação e Ações preventivas aparecem com três ocorrências
cada. Por último, as categorias Empatia e Desmotivação aparecem, cada uma, com duas
ocorrências.
Na exploração das respostas à questão “O que deve ser feito?”, foi possível identificar
quatro categorias principais: 1) Educação; 2) Alimentação; 3) Estratégias; e 4) Recursos. A
categoria Educação foi desdobrada em duas subcategorias: A) Ações, que incluía ações
de educação permanente e continuada, tanto com as equipes de trabalho quanto com a
população usuária do serviço e B) Capacitações, na qual se destacaram as propostas de
capacitações, referentes a medidas antropométricas em coleta de dados sobre o estado
nutricional dos usuários, aos profissionais das equipes de trabalho. Já a categoria Alimen-
tação não foi desdobrada em subcategorias. Nela as proposições estavam voltadas à in-
clusão de alimentos mais saudáveis na cesta básica de programas e oficinas de culinária.
Nossos achados 65
Dentre os 12 planos de ação referente às quatro categorias identificadas na questão “O
que deve ser feito?”, destacamos a categoria Estratégias com o maior número de ocor-
rências, no total 30, estando presente em 10 planos de ação. Já a categoria Educação
aparece logo em seguida, com o total de 15 ocorrências, constando em 10 planos de ação.
A categoria Recursos, por sua vez, apresenta 14 ocorrências, estando presente em seis
planos de ação. Por último, a categoria Alimentação contabiliza duas ocorrências e en-
contra-se presente em apenas um plano de ação.
Na exploração das respostas à questão “Quem fará?” foram identificadas duas catego-
rias: 1) Gestores e 2) Profissionais. A categoria Gestores foi desdobrada em três subcate-
gorias: A) Secretarias, onde foram citados membros de secretarias municipais de saúde e
educação; B) Direções, identificados como membros de cargos de diretorias municipais,
de escolas e/ou de área de atuação e multiprofissionais; e C) Coordenações, onde os prin-
cipais citados foram coordenadores de programas específicos.
Quanto à exploração das respostas à questão “Até quando deve ser feito?”, foi possível
identificar duas categorias: 1) Curto prazo, para as proposições que seriam realizadas ain-
da no ano de 2019; e 2) Médio/longo prazo, para as proposições a serem realizadas a partir
de 2020. Para tal questão referente às categorias citadas, dentre os 12 planos de ação,
destacamos a categoria Curto prazo, a qual apareceu em 45 ocorrências no total, estando
66 ECOSUS
presente em todos os planos de ação. Já a categoria Médio/longo prazo aparece, no total,
com nove ocorrências, estando presente em sete planos de ação.
Por fim, a análise referente à questão “O que foi realizado?”, reflete as mesmas cate-
gorias da questão “O que deve ser feito?”. Porém, quanto à ocorrência das categorias,
Estratégias e Educação aparecem ambas com oito ocorrências, sendo a primeira em seis
planos de ação e a segunda em sete planos de ação. Já a categoria Recursos aparece com
duas ocorrências e em dois planos de ação, enquanto a categoria Alimentação aparece
com apenas uma ocorrência, em um plano de ação. O quadro abaixo sintetiza as informa-
ções descritas neste item.
Nossos achados 67
Até quando deve ser
Questões O que deve ser feito? Quem fará? O que foi realizado?
feito?
Ações
Educação Secretarias Ações de educação
Capacitações
Estratégias de
Categorias Estratégias Avaliação Coordenações
identificação/diagnóstico
Cooperação
Nutricionistas
Humanos
Médio/longo prazo
Recursos Profissionais Professores Recursos materiais
a partir 2020
Materiais
Profissionais
da AB
68 ECOSUS
Dentre os 12 planos de ação traçados pelos profissionais dos municípios, apenas um
não alcançou nenhuma meta. Onze municípios alcançaram uma ou mais metas. Dois
municípios alcançaram a meta prioritária por completo, além de outras metas. Oito mu-
nicípios alcançaram a meta prioritária em parte, além de outras metas que não a prioritá-
ria. Por fim, um município alcançou outras metas, mas não a prioritária.
Nossos achados 69
Dentre as 72 avaliações analisadas, referentes aos três Encontros Presenciais, destaca-
mos a categoria Pontos positivos com 111 ocorrências em comparação à categoria Pon-
tos negativos, a qual apresentou 17 ocorrências. O Quadro 3 sintetiza as informações des-
critas no item avaliações.
70 ECOSUS
Categorias I Encontro II Encontro III Encontro
Tempo
Tempo
Participação da gestão
Pontos negativos Tempo
Local
Participação da gestão
Dinâmica
Nossos achados 71
O engajamento dos profissionais participantes do projeto foi de extrema importância
para a viabilidade da proposta. Entendendo a complexidade da realidade e compreen-
dendo a pesquisa-ação como uma estratégia metodológica investigativa e propositiva,
enquanto pesquisa social, na qual pesquisadores e sujeitos implicados na resolução de
um problema atuam em conjunto visando à transformação social de base local, perce-
bemos o movimento gerado pelo projeto na direção da ressignificação das práticas dos
profissionais participantes.
72 ECOSUS
Referências:
Voltar ao sumário
Nossos achados 73
Uma experiência exitosa
Para dar mais sustentação aos resultados do projeto, debruçamo-nos sobre a experi-
ência de um dos municípios participantes dos Encontros de Formação, como um exem-
plo da participação ativa e do engajamento às atividades propostas.
74 ECOSUS
Narrativa 1
Narrativa 1 75
No primeiro dia de encontro, fui sozinha representando o município, e já, nessa oca-
sião, tivemos uma atividade onde cada cidade tinha que programar um Plano de Ação
para o enfrentamento e controle da obesidade de acordo com suas realidades. Procurei
definir algumas ações que pudessem ser realizadas de forma prática, fácil, e que fossem
bem aceitas pela população, além de somar com o trabalho que já realizo, melhorando
também os meus resultados nas escolas. No segundo dia de encontro, tive a companhia
de mais uma colega, obtendo os dados para o programa bolsa família no município.
76 ECOSUS
Foi possível, ainda, reativar o Grupo de Gestantes, que não estava mais funcionando.
Com isso, atingimos nossa meta principal, de auxiliar essas mães a serem saudáveis e
gerarem filhos saudáveis, sabendo fazer as escolhas certas com relação à alimentação,
prevenindo vários problemas de saúde, dentre eles o problema da obesidade.
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Narrativa 1 77
Narrativa 2
Quando fui convidada pela minha gestora para participar e acompanhar a nutricionis-
ta aqui do município de Turuçu no projeto ECOSUS, fiquei um pouco surpresa e curiosa,
afinal trabalho na parte burocrática do Centro de Referência da Assistência Social e sou
acadêmica de Psicologia. Não sabia como seria algo totalmente diferente da área na qual
estou inserida, mas em seguida aceitei o desafio de vivenciar essa nova experiência.
Nos encontros presenciais pude aproveitar muito para absorver todas as informações
possíveis, que seria tanto para aproveitamento de uso profissional como de uso pessoal.
Lembro que no primeiro encontro de formação, em agosto de 2019, além da apresenta-
ção do projeto, nos apresentaram diversos alimentos e a diferença entre eles, como, por
exemplo, os alimentos in natura, processados e ultraprocessados, e também foi salien-
tada a importância de lermos os rótulos para conhecermos o que estamos consumindo;
algo que nunca havia parado para pensar ou fazer.
Durante a formação traçamos um plano de ação com metas e objetivos para elaborar
no município, com intuito de prevenir a obesidade, melhorar a alimentação e, consequen-
temente, a saúde da população. A nutricionista do município já fazia esse trabalho nas
escolas, mas sentia a necessidade de criar um projeto que atendesse todos os públicos
de todas as idades. Com isso, o pedido da contratação de um educador físico foi atendido
e, então, houve a formação do grupo, que intitulamos “Movimento”, criado pela equipe,
composto por mim, a nutricionista, a psicóloga do Cras e o educador físico contratado.
78 ECOSUS
Outras metas traçadas no plano durante a formação também já foram alcançadas,
como uma base de dados de uma parte da população, com o IMC, e o grupo com gestan-
tes. Propomos trabalhar com esse público exatamente para prevenir a obesidade, promo-
ver saúde desde o nascimento do bebê e uma gestação mais tranquila e saudável. Para
o ano de 2020 já está sendo pensado e conversado com a gestão central novos projetos a
serem colocados em prática.
Depois de participar do projeto ECOSUS, pude desconstruir meus estigmas sobre uma
alimentação saudável, da importância de uma reeducação alimentar e também da es-
colha dos alimentos. O projeto ECOSUS viabilizou também o trabalho multiprofissional e
em rede e os diversos profissionais, lotados em secretarias diferentes, uniram-se para re-
alizá-lo, com o intuito de promover saúde e prevenir a obesidade. O projeto proporcionou
também diversos aprendizados, tornando-nos multiplicadores, para que pudéssemos
dividir com nossos gestores as ideias que foram surgindo ao longo da formação, como
adaptar a realidade de nossos municípios cotejando com outras experiências.
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Narrativa 2 79
Narrativa 3
Sou psicóloga, trabalho com grupos de diversas faixas etárias na área da assistência
social e, até o projeto formativo do ECOSUS, não havia pensado sobre a qualidade dos lan-
ches oferecidos aos usuários. Também não havia me dado conta que oferecer uma sacola
de produtos saudáveis não é o suficiente para uma família se alimentar bem; é preciso
ensinar o que fazer com o que dispõem.
De imediato, entendi que a mudança de cardápio dos lanches distribuídos nos grupos
com os quais trabalho não poderia ser meta para 2020. Entretanto, mesmo com a função
burocrática das compras e empenhos, conseguimos fazer várias substituições e, desse
modo, a população atendida pôde desfrutar de uma alimentação mais saudável.
Outro insight foi em relação a fornecer o produto saudável, oferecer palestras que ex-
pliquem como processá-los, como conservar os alimentos. Mesmo assim, não é suficiente
para mudar o hábito da família beneficiada. É necessário também mostrar o que fazer,
realizar experimentações e oficinas práticas de como utilizar e comer as verduras e legu-
mes. E a partir daí, acrescentando ao trabalho que já estava sendo feito, surgiu a ideia de
80 ECOSUS
um concurso: “A melhor receita”, algo que os motivassem. O concurso fez todos se envol-
verem em buscar receitas, inventar, e os classificados trouxeram os pratos prontos, houve
experimentações, jurados e critérios, e também um prêmio para o ganhador.
Outra ação muito significativa, e que abrange toda a população do município, foi a
criação do grupo “Movimento”, juntamente com a conquista da contratação de um edu-
cador físico. O Movimento reúne público de todas as faixas etárias interessadas, mulheres
e homens, para atividades físicas conduzidas, orientações nutricionais e apoio psicológi-
co, se necessário. Os encontros são duas vezes na semana e têm reunido em torno de 30
pessoas. O único critério exigido para participar é um atestado médico, que foi disponibili-
zado por um profissional durante um dia para as avaliações. O atestado serve para liberar
a pessoa para as atividades físicas e alertar se são de baixo, médio ou alto impacto.
É perceptível que a soma de pessoas motivadas a alcançar uma meta é de fato mais
forte e eficaz em tudo que faz. E, nessa experiência, percebi que nos motivamos não só
para essa meta de combate à obesidade, mas também para seguir as outras atividades,
estabelecer novas ações. Enfim, o projeto ECOSUS fez nos movimentar. Com isso, concluo
com o slogan do nosso novo grupo: “Movimento é saúde”.
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Narrativa 3 81
Considerações finais
82 ECOSUS
Embora o período proposto pelo edital já tenha se encerrado, o ECOSUS segue atuan-
do com os participantes que se engajaram na proposta, mantendo, dessa forma, o vínculo
entre a Universidade e o serviço de saúde. Esperamos que a experiência aqui relatada
possa servir de base para outros contextos e ampliada em outras propostas. Nosso intuito
foi, através desta escrita, colaborar com outras práticas e ações de profissionais atuantes
nas diferentes áreas da saúde, bem como na área da educação.
Considerações finais 83
Apêndice 1
O que deve ser feito? Quem fará? Até quando deve ser feito?
Compra de balanças para pesagem
Gestor SMS Setembro 2019
nas escolas
84 ECOSUS