Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Edgar Cândido do Carmo tem graduação e mestrado em Economia pela PUCSP, e doutorado em Economia
Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (2006). É professor universitário desde 1998; e professor
Assistente Doutor desde 2009 na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
2
Gustavo Gomes de Freitas é graduado em Economia e Matemática pela Universidade Presbiteriana Mackenzie,
e mestre em Economia pela Universidade de São Paulo (2004), com estágio de pesquisa no Departamento de
Economia da Universitat Pompeu Fabra, Barcelona - Espanha. Atualmente é professor assistente do Departamento
de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
3
Marta Fabiano Sambiase é doutora e mestre em Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie (2009; 2003). Professor e pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie - CCSA desde 2007
4
Claudia Satie Hamazaki é graduada em Ciências Econômicas pela Universidade de São Paulo, Mestre e Doutora
em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e professora adjunta, desde 2006, na
Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)
5
Amanda Lino é graduanda do curso de Ciências Econômicas na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
1
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
RESUMEN
El objetivo de esta investigación es evaluar la relación entre determinantes de la competitividad
empresarial y el Índice de Confianza del Empresario Industrial brasileño (ICEI). Es parte de la
investigación, levantar indicadores de competitividad de acuerdo con la clasificación de Ferraz,
Kupfer y Haguenauer (1996): los empresarios, que son factores internos a la empresa; los
sistémicos constituyen parámetros del proceso decisorio; y estructurales, que están constituidos
por el mercado y el sector. El período estudiado fue de 2011 a 2017, con foco en la formación
de expectativas del empresario y su influencia en el potencial emprendedor del país. Se
desarrolló metodología para análisis de datos cuantitativos y secundarios de cuatro sectores de
la industria: alimentos; transformación, automóvil y textil.
INTRODUÇÃO
3
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção são apresentadas as bases teóricas que inspiraram esta pesquisa. Primeiramente são
apresentados, mais em detalhes, os fatores competitivos da indústria brasileira segundo modelo
econômico (FERRAZ, KUPFER, e HAGUENAUER, 1996). Em seguida acrescentam-se
estudos que mostram a participação da gestão no desempenho empresarial (BRITO e
VASCONCELOS, 2005), assim como outros que estudam o efeito gestor nos resultados
empresariais (HAMBRICK e QUIGLEY, 2013). Estes argumentos são acrescentados para
justificar a importância de se estudar a percepção do gestor e sua relação com os indicadores
competitivos da indústria. A escolha pelo indicador ICEI, como variável independente, se dá
estimulada pelo trabalho de Knight (1924), principalmente, que desenvolveu sua abordagem
sobre a relação entre incerteza e lucro, consequentemente, interferindo na formação de
expectativa do empresário.
5
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
6
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
O efeito da empresa individual (gestão) foi o mais importante na maioria dos setores
econômicos. Em vários setores econômicos, o efeito empresa foi dominante com mais de 40%
da variância; o efeito país variou de 0 para o setor de Transporte a 5 % para Atacado e Varejo;
o efeito ramo de negócios variou de 0,7% para o setor de Atacado e Varejo, a 15,6% no
Transporte. Dependendo do ramo de negócios, o efeito país conta mais ou menos; sendo menos
dependente do efeito empresa (gestão). O efeito ano mostrou pouco poder explicativo no
desempenho. O efeito da empresa individual (gestão) foi importante na maioria dos setores
econômicos; quanto mais distante das estruturas do setor, mais importa (BRITO e
VASCONCELOS, 2005).
Uma vez que o efeito Gestão influencia o desempenho empresarial, Hambrick e Quigley
(2013) defendem que uma compreensão dos efeitos executivos pode ser considerada
fundamentalmente importante para grande parte da ciência organizacional. Desta maneira, a
percepção de incerteza do empreendedor empresarial, como apresentado pelo ICEI (2018),
pode interferir no panorama setorial da indústria. Além disso, somou-se o ambiente em que as
empresas brasileiras vivenciaram no período de 2011 a 2017, com intensa incerteza.
Assim, esta pesquisa se justifica por estes estudos, onde “o melhor exemplo de incerteza
está na conexão com o exercício de julgamento ou formação de opiniões sobre o curso futuro
de eventos, cujas opiniões e não conhecimentos científicos guiam a maioria de nossa conduta”
(KNIGHT, 1924, p. 233). A dificuldade não está em estabelecer probabilidades para cenários
conhecidos, mas sim, em definir os próprios cenários.
100
90
80
Índice de Confiança do
Empresário Industrial
70
Confiança
60
50
40
Falta de confiança
30
20
10
0
Linha de tempo
Fonte: CNI - Confederação Nacional da Indústria (2017)
8
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
A política industrial deveria ser canalizada para aspectos que o mercado não
cobre, como apoio à inovação tecnológica e investimentos em infraestrutura,
que têm retorno social, mas nem sempre despertam interesse do setor privado.
Nesses casos é preciso que o recurso público seja utilizado, porque o capital
privado não entra.
quadro macroeconômico, que se mantém ao longo do período, com importante impacto sobre
as decisões de produção e investimento, decisões condicionadas pelo comportamento das taxas
de juros domésticas, de um câmbio mais volátil, com incentivos à captação de recursos no
exterior, crescimento da demanda doméstica. Houve dificuldade de sustentar estratégias de
crescimento da produção, criando um ambiente de vulnerabilidade financeira das empresas.
Havia, também, fatores relacionados com reformas regulatórias ao longo dos anos 90, com
destaque ao programa de privatizações e de acordos regionais de comércio exterior, afetando
ganhos de produtividade e competitividade da produção nacional, e de forma diferente as
empresas segundo condições diferenciadas para enfrentar a maior concorrência.
Todos esses elementos que caracterizam o comportamento da indústria brasileira a partir
de meados dos anos 1990, somados às consequências das crises internacionais de 2008 e 2010,
que afetam fortemente a confiança dos investidores, acentuam a perda da posição relativa do
país na produção industrial mundial (DE PAULA e FERRARI FILHO, 2011).
Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP (2017), a
participação da indústria total no PIB foi de 15,6% em 2016, sendo a indústria da transformação
responsável por, aproximadamente, 3/4 deste total (11,7%). Esta atividade econômica já teve
maior peso relativo da produção do PIB. Em meados dos anos 1980, apenas a indústria da
transformação foi responsável por mais de 21% da formação de riqueza no país. Entre 2011 e
2017, a indústria de transformação vem atingindo taxas de crescimento anual abaixo da taxa de
crescimento do PIB. A queda em termos relativos, bastante significativa, da importância deste
segmento, de forma ininterrupta, nos últimos 30 anos tem levado a empresários e economistas
a especularem sobre um eventual processo de desindustrialização no país, o que nos parece ser
mais um argumento para justificar a importância desta pesquisa.
A redução do ritmo de crescimento da economia mundial, o estancamento das condições
de crescimento econômico brasileiro e a mais recente crise econômico-político-institucional no
país têm afetado a formação das expectativas dos investidores. As decisões sobre investimento
produtivo (Formação Bruta de Capital Fixo - FBCF) estão permeadas de incertezas e estas
costumam ser oriundas de mudanças de expectativas do futuro. Tais mudanças podem estar
baseadas em evidências das condições dos negócios e de competitividade, do cenário
econômico, de mudanças regulatórias, de alterações tecnológicas, ou podem decorrer de maior
ou menor grau de confiança dos agentes econômicos e suas expectativas quanto aos
acontecimentos e à situação futura. Estas expectativas, para o gestor industrial, são
10
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
representadas, em parte, pelo indicador de incerteza (ICEI); onde fatores competitivos podem
potencializar ou restringir o investimento, o consumo e a produção industrial.
METODOLOGIA
Dada a dimensão temporal das variáveis econômicas a serem exploradas e cuja possível
associação se deseja discutir no âmbito desta pesquisa, as ferramentas estatísticas e
econométricas a serem empregadas serão aquelas próprias dos chamados processos estocásticos
ou, ainda, das técnicas para o estudo das séries temporais. [GREENE (2008]
Inicialmente, para a análise do comportamento em separado de cada uma das séries e a
sua classificação em ou estacionárias ou integradas, serão aplicados os testes de raiz
unitária em suas diferentes especificações (como, por exemplos, o teste de Dickey-
Fuller Aumentado e o de Phillips-Perron), assim como os diagramas das funções
de autocorrelação total e parcial.
No segundo estágio da análise econométrica dos dados, a depender dos resultados
apresentados por aqueles primeiros testes quanto às características
de estacionariedade presentes nos processos subjacentes às realizações históricas das variáveis,
serão utilizados os Modelos de
Vetores Autoregressivos (Vector Autoregressive Models – VAR’s) para o tratamento
conjunto das séries, os testes de Cointegração (de Engle-Granger ou de Johansen), para a
possibilidade de comportamento conjugado ou correlacionado de longo prazo das variáveis não
estacionárias e, nesse caso, o estudo do Mecanismo de Correção de Erro para a discussão da
associação das mesmas variáveis mas nas suas relações temporais de curto-prazo. Ainda,
planeja-se a utilização dos diagramas das relações vinculadas de Impulso-Resposta das séries,
gerados a partir das estimativas das equações estruturais dos modelos VAR, para o caso de
associação das séries estacionárias.
Ademais, como muito provavelmente será necessário, também será devidamente
utilizado o controle ou tratamento de sazonalidade das séries analisadas.
Para que o seu cálculo se torne possível, utiliza-se como deflator o Índice de Preços por
Atacado (IPA-OG) do setor em questão.
Fy = Faturamento Real
Fn = Faturamento Nominal
III) Massa Salarial: Se refere ao salário, retirada e outras remunerações. Seu cálculo
utiliza como deflator o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), independente do
setor. São considerados para efeito de cálculo: o valor bruto dos salários-base; valor das horas
extras; valor do 13º salário – ou parcela – no mês de referência da pesquisa; valor do aviso
prévio; comissões e percentagens; valores pagos a título de rescisão de contrato, abonos; ajuda
de custo de alimentação (vale-refeição ou alimentação), representação, educação e auxílio
12
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
funeral; gratificações ajustadas expressa ou tacitamente, tais como as de balanço anual, tempo
de serviço e de função ou cargo de confiança; prêmios contratuais ou habituais de
produtividade, assiduidade; participação nos lucros distribuídos aos empregados; adicionais de
serviços perigosos, noturnos e insalubres; salário-família; salário-maternidade, enfermidade,
etc; remuneração de 10 dias de férias em dobro (abono de férias: 1/3 do período) e remuneração
compensatória do banco de horas.
Sendo assim:
O valor do percentual médio de UCI nacional se dá através dos valores obtidos a partir
do percentual médio do setor em questão de cada estado participante da pesquisa no mês t,
ponderado pelo pessoal ocupado – média das PIAs de 2003 a 2005.
Sendo que:
UCIts,BR = percentual médio de UCI do setor s, para o
mês de referência t.
UCIts,e = percentual médio de UCI do setor s, obtido no Estado e, para o mês de
referência t.
Ws,e = peso do Estado e, no setor s, levando em consideração apenas os estados que
participam so setor s. *
*Observação:
Taxa de juros de longo Prazo (/TJLP): A taxa de juros de longo prazo é definida e
divulgada trimestralmente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e é utilizada para
empréstimos concedidos por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
13
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
15
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
Indústria Têxtil
Segundo a Fiesp (2017), o setor têxtil é o 18º maior setor industrial em termos de valor
adicionado, colaborando com 1,9% da produção da indústria de transformação e 0,2% do
Produto Interno Bruto (PIB). Todavia, é o 10º mais importante na geração de empregos, com
mais 260 mil postos de trabalho, representando 3,6% do total da indústria de transformação.
Em 2015, havia quase 11000 estabelecimentos neste setor, representando 3,1% do total
O Brasil, apesar de estar entre os maiores produtores do mundo e ser representativo no
consumo de têxteis e confecções, possui uma baixa inserção no comércio global., representando
0,3% do total mundial. Assim, motivada pela concorrência de produtos da Ásia, notadamente,
China, o país tem incorrido, frequentemente em déficits na balança comercial deste setor,
montando mais de 11 bilhões em 2016.
Na década de 2000, houve crescimento expressivo da produção. Situação que foi
revertida no período recente, quando ocorreu queda na produção, acompanhando a
16
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
desaceleração da economia brasileira, que passa por um período recessivo, com queda do
consumo e investimento. (LAFIS, agosto de 2017, p. 5).
Indústria de Alimentos
Segundo a ABIA (2017), a Indústria de Alimentação correspondeu a US$ 33,5 bilhões
de dólares de um total de US$ 67 bilhões de dólares da Balança Comercial Brasileira. O
faturamento do setor de 2017 foi de R$ 642,6 bilhões, em um contingente de 35,6 mil empresas.
Os destaques da indústria de alimentos brasileira são: maior produtor e exportador mundial de
suco de laranja; maior produtor mundial de carne, e segundo exportador; e maior produtor e
exportador mundial de açúcar. Já, não menos importante, em segundo lugar: exportador
mundial de café solúvel; exportador de óleo de soja; e exportador mundial de alimentos
processados (ABIA, 2017). A regulamentação do setor é alta; há requisitos para instalações,
especificações do produto, embalagem, conservação, prazo de validade, e outros detalhes
conforme a categoria de produtos. A ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária é o
órgão principal pelas regulamentações do setor, e o MAPA – Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento também é um parceiro importante por fornecer a matéria-prima para
a indústria de alimentos. Também há relação com Ministério da Saúde visando, principalmente,
redução de sódio e de açúcar nos alimentos processados; e melhoria de informações nutricionais
na rotulagem.
As perspectivas da Indústria de Alimentação estão relacionadas aos efeitos das reformas
trabalhista, terceirização, teto de gastos na administração pública, reforma da Previdência, e a
Tributária e a Política.
Industria de Móveis
A indústria moveleira envolve, além da produção de móveis de materiais diversos, a
fabricação de assentos (cadeiras, sofás, poltronas, dentre outros) e colchões. A diferenciação
dos produtos abrange a matéria-prima, aspectos estéticos e práticos oriundos do design, o que
torna certos países em posição competitiva, como a China (itens baratos), a Itália e Alemanha
(designs inteligentes). A estrutura produtiva brasileira de móveis é centrada no mercado interno
e, devido à abundância de madeira barata e de mão de obra qualificada na confecção de
mobílias, o país foca a sua produção em móveis de madeira, atendendo mercados internacionais
(LAFIS_MÓVEIS, 2018).
17
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
Em 2016, houve queda das importações (-13,2%), considerando uma taxa de câmbio
desvalorizada e queda da demanda interna, mais do que um crescimento das exportações
(+2,4%) que pudesse sinalizar ganhos de competitividade. A produção de móveis no Brasil
recuou 12,1% em 2016, e a utilização de capacidade instalada do setor diminuiu 0,7 pontos.
Reajustes nos preços de painéis de madeira podem explicar a estabilidade do indicador setorial
em um momento de retração do índice geral. A demanda por móveis é sensível ao desempenho
da renda e do emprego, além de estar intimamente ligada ao desempenho do mercado
imobiliário (móveis residenciais) e da performance das empresas (móveis para escritório)
(LAFIS_MÓVEIS, 2018).
O nível de regulamentação do setor é baixo, a não ser pelo controle de matéria-prima.
As perspectivas para o setor de móveis são de que queda do faturamento em 2017 e retomada
a partir de 2018. As incertezas políticas e econômicas ajudam a explicar o cenário desfavorável
de curto prazo, especialmente em um setor relacionado com o crédito e o setor de construção
civil (LAFIS_MÓVEIS, 2018).
Indústria Automobilística
A indústria automobilística brasileira está representada pela produção dos veículos
leves, ou seja, automóveis e comerciais leves. No ranking da produção mundial de veículo, o
Brasil ocupou o 10° em 2016. O setor automotivo representava aproximadamente 4,0% do PIB
e cerca de 22,0% do PIB industrial, empregando cerca de 1,3 milhão de trabalhadores diretos e
indiretos nas 67 fábricas distribuídas em 11estados do país. A produção de veículos leves
representa mais de 98% da produção de veículos no mundo. Entre 2012 e 2016, a produção de
veículos no mundo cresceu mais de 12,5%, puxado pelo crescimento da produção na China (de
quase 50%). O Brasil vem perdendo posição no ranking mundial dos maiores mercados para o
setor, ocupando o 8º. lugar em 2016, ante a 4ª. colocação em 2010, resultado da retração da
produção das montadoras no País diante da crise desde 2014. (LAFIS, 2017)
Dados os fortes efeitos multiplicadores do setor, este conta com recorrentes incentivos
do Governo, seja através de crédito do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), redução
de impostos como forma de estimular a demanda via redução da alíquota da Imposto Sobre
Produtos Industrializados (IPI), impactando sobre custos com vista à redução dos preços finais,
medida em vigência de 2011 a 2014, como política anticíclica para o setor. A “guerra fiscal” na
disputa entre estados pela concessão de incentivos fiscais marca a distribuição das montares
pelo país. Também há investimentos para suporte logístico, e criação de barreiras protecionistas
e acordos comerciais com outros países, com Argentina e México os mais importantes. Com a
18
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
forte retração anual do mercado interno em 2016, as exportações atingiram mais de 23% da
produção no País, seu maior nível desde 2007, segundo a ANFAVEA - Associação Nacional
dos Fabricantes de Veículos Automotores. Desde 1991, o mercado está aberto à importação de
automóveis, com uma alíquota de importação de 35%, mas o crescimento do número de
licenciamentos de carro importado, diante da queda dos números para carros nacionais,
preocupa o segmento e o governo brasileiro inseria um aumento de até 30% na alíquota do IPI
sobre veículos importados ou com índice de nacionalização das peças abaixo de 60%, além de
cotas para carros mexicanos no ano de 2011. Somada à desvalorização cambial que se segue
desde 2013 houve uma tendência de queda na participação dos importados no total de
licenciamentos do País e recuperação dos nacionais.
As vendas no setor são fortemente marcadas pelos financiamentos para a aquisição de
automóveis, seguidas da compra a vista, e com menor participação as compras via consórcio
ou leasing. Há, portanto, importante papel desempenhado pelos ganhos de renda e das taxas de
juros que norteiam os negócios pelo financiamento. Segundo a Associação Nacional das
Empresas Financeiras das Montadoras (ANEF), em 2009 e 2010 foram verificadas as menores
taxas de juros nos financiamentos de veículos, com crescimento do número de compras geradas
através de crédito direto nas concessionárias. Pode-se concluir que o setor é fortemente marcado
pelas variações das taxas de juros e recuperação da capacidade de compra dos consumidores,
assim como pela influência dos mecanismos de comércio exterior e política fiscal junto às
montadoras.
Neste tópico, são apresentadas as etapas de tratamento de dados, seguida de apresentação dos
resultados da pesquisa. A sequência econométrica e seus achados é mostrada na seguinte ordem:
Em primeiro lugar é feita análise econométrica das propriedades estocásticas das séries
temporais; seguida da análise de estacionariedade das séries. Como segundo ponto, são
apresentadas as variáveis sistêmicas, as Variáveis Empresariais, e os índices de confiança
setoriais, panorama econômico e empresarial. Por fim, são feitas as análises da cointegração
dos conjuntos de séries sistêmicas e setoriais não estacionárias, e análise do mecanismo de
correção de desvios.
19
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
6
A escolha do número de defasagens pelos critérios de Akaike, Schwarz e Hanna-Quinn não pode ser feita, aqui,
porque a amostra de dados não é longa o suficiente para que se garanta o poder desses testes, este último só
garantido nos seus limites assintóticos.
7
Para esta etapa do teste, tomou-se o cuidado adicional de que os conjuntos de variáveis tratadas pelas equações
de regressão de cointegração, setor a setor, só incluíssem efetivamente aquelas séries que não se mostraram, pelos
testes anteriores, estacionárias. E, nos casos ambíguos, os testes de cointegração foram trabalhados com as duas
variantes de especificação, isto é, com a inclusão e sem a inclusão das variáveis que não foram classificadas
univocamente pelo teste de raiz unitária.
20
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
Por fim, a análise da relação de curto-prazo dessas variáveis não estacionárias se fez,
ainda setor a setor, pela aplicação do conceito de mecanismo de correção de desvio, como
evidência adicional a favor da hipótese de integração.
As Variáveis Sistêmicas 8
Para todos os setores, o teste ADF, em todas as suas variantes, não gerou evidências a
favor da hipótese de estacionariedade das séries dos dois Índices de Confiança Setoriais, ou
seja, não se rejeita a hipótese de raiz unitária essas séries.
As Variáveis Empresariais
8
As séries foram trabalhadas em seus logaritmos naturais, exceção feita apenas para a Taxa de Juros CDI por já
ser, ela mesma, expressa em taxa percentual. O leitor interessado pode consultar os valores numéricos das
estimativas nas tabelas X a Y constantes do anexo A.
21
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
Por outro lado, as estimativas obtidas com o mesmo teste ADF mas acrescido do
controle das sazonalidades das séries, não levaram a resultados ambíguos apenas para o setor
da Indústria de Transformação: sob o controle de sazonalidade, não se rejeita a hipótese de raiz
unitária para todas as especificações escolhidas para o número de defasagens.
Por outro lado, para todos os demais setores, o teste de raiz unitária com a estatística
ADF, sob o controle de sazonalidade, levou a resultados ambíguos, a depender do número de
defasagens especificado: ora se rejeita a hipótese de não estacionariedade, ora não.9
O Faturamento Real: Por fim, os testes ADF para a não estacionariedade da variável
Faturamento Real - com controle de sazonalidade - resultaram em ambiguidade apenas no setor
de alimentos e no setor têxtil; nos demais setores, sob o controle de sazonalidade das séries, não
se pode rejeitar a hipótese de raiz unitária daquela variável, sob o critério de nível de
significância aceitável.
A seguir, para o teste da hipótese de regressão espúria das séries históricas, apresentam-
se, para cada um dos dois índices de confiança setoriais – um, sobre a economia e o outro, sobre
a empresa-os resultados das estimativas da estatística do teste de cointegração de Engle-Granger
(CEG).
Além dos índices de confiança setoriais, cada um a sua vez, os conjuntos de variáveis
utilizadas na regressão de cointegração incluíam, as seguintes variáveis: para todos os setores,
as duas variáveis de caráter sistêmico, e, setor a setor, as variáveis empresariais cujas raízes
unitárias não foram, pelos testes ADF anteriormente descritos, uniformemente rejeitadas.
Indústria de Alimentícia: Para este setor, o teste levou aos seguintes resultados: o
índice de confiança do setor sobre a economia mostrou-se Co integrado nas duas especificações,
ou seja, naquela do conjunto completo e naquela do conjunto reduzido; o índice de confiança
do setor sobre a própria empresa mostrou-se Co integrado apenas na especificação com o
conjunto de variáveis reduzido.
Indústria Automobilística: No setor de automóveis, a hipótese de regressão espúria
pode ser rejeitada, para ambos os índices setoriais e para ambas as especificações dos conjuntos
de variáveis, ou seja, a completa e a reduzida.
9
A ocorrência desse tipo de ambiguidade não é rara, dada a sensibilidade do teste ADF à especificação escolhida
para o número de defasagens. Esse problema pode ser contornado nos casos em que as séries históricas são mais
longas do que as que aqui se utilizam, pela aplicação dos já citados critérios de seleção de defasagem
22
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
Indústria Têxtil: Por sua vez, índice de confiança setorial sobre a economia apresentou
evidências de cointegração com o conjunto de variáveis reduzido, e o índice de confiança
setorial sobre a empresa, com o conjunto completo.
23
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
10
A apresentação mais detalhada das estimativas está disponível nas tabelas X a Y do anexo Z
11
Convém lembrar que, para cada setor, o conjunto das séries que não incluiu o índice de expectativa agregado da
indústria não apresentou evidências de cointegração, isto é, não permitiu a rejeição da hipótese de regressão
espúria; por outro lado, a inclusão dessa variável de confiança agregada permitiu, para todos os setores, a rejeição
dessa hipótese de regressão espúria, com pequeno risco de erro, o que permite, como passo seguinte, a interpretação
econômica das estimativas encontradas para os coeficientes de todas as variáveis.
24
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
LONGO-PRAZO CURTO-PRAZO
ECONOMIA ECONOMIA
EMPRESA EMPRESA
BRASILERIA BRASILERIA
MAQUINAS E
1,440 <0,0001 0,731 <0,0001 0,918 0,000 0,463 <0,0001
EQUIPAMENTOS
INDÚSTRIA DE
1,247 <0,0001 0,598 <0,0001 0,635 0,000 0,270 <0,0001
TRANSFORMAÇÃO
12
Um cuidado a ser tomado, em estágio futuro desta pesquisa, será a estimação dos intervalos de confiança para
as margens de erro dessas estimativas, o que permitirá constatar se essas diferenças observadas são, por um lado,
meramente numéricas ou, por outro lado, grandes o suficiente para que os setores possam ser efetivamente
diferenciados, nessa sua característica de sensibilidade por reciprocidade de expectativas.
25
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
26
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
parece ser preservada a ordem dos setores quanto ao seu grau de sensibilidade na intensidade
da associação da sua confiança sobre a empresa com a confiança agregada industrial.
Por fim, também se encontraram evidências a favor da associação de curto-prazo entre
as variações na confiança do empresariado setorial em relação à própria empresa e as variações
na confiança do empresariado industrial como um todo.
LONGO-PRAZO CURTO-PRAZO
ECONOMIA ECONOMIA
EMPRESA EMPRESA
BRASILERIA BRASILERIA
MAQUINAS E
-0,217 0,047 -0,12 0,026 -0,08 0,0000 -0,088 0,319
EQUIPAMENTOS
INDÚSTRIA DE
-0,212 0,002 −0,141 <0,0001 -0,109 0,267 −0,104 0,0288
TRANSFORMAÇÃO
Fonte: Elaboração própria com o uso do aplicativo Grtel (2018)
27
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
LONGO-PRAZO CURTO-PRAZO
ECONOMIA ECONOMIA
EMPRESA EMPRESA
BRASILERIA BRASILERIA
MAQUINAS E
0,962 0,003 - 0,072 0,634 - 0,200 - - 0,804 0,104
EQUIPAMENTOS
INDÚSTRIA DE
0,894 0,004 0,247 0,068 - 0,547 0,245 −0,257 0,241
TRANSFORMAÇÃO
Fonte: Elaboração própria com o uso do aplicativo Grtel (2018)
Por outro lado, de acordo com a coluna 4, apenas as observações relativas ao setor têxtil
deram evidências suficientes para se rejeitar a hipótese de não associação de longo-prazo entre
28
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
LONGO-PRAZO CURTO-PRAZO
ECONOMIA ECONOMIA
EMPRESA EMPRESA
BRASILERIA BRASILERIA
MAQUINAS E
-0,253 0,025 -0,008 0,945
EQUIPAMENTOS
MÓVEIS
INDÚSTRIA DE
-0,441 0,002 −0,217 0,001 -0,077 0,512 0,005 0,914
TRANSFORMAÇÃO
Fonte: Elaboração própria com o uso do aplicativo Grtel (2018)
Associação análoga a essa e na mesma direção, mas, agora, para a relação entre o nível
do salário médio real e o nível da confiança do setor a respeito da própria empresa – coluna 4
da mesma tabela 4 - expressam as estimativas relativas àqueles mesmos setores e ao setor de
máquinas e equipamentos.
Evidências a favor da hipótese de associação de curto-prazo entre as variações do salário
médio real e as variações da confiança do empresariado setorial – coluna 8 - só puderam ser
29
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
LONGO-PRAZO CURTO-PRAZO
ECONOMIA ECONOMIA
EMPRESA EMPRESA
BRASILERIA BRASILERIA
MAQUINAS E
0,237 0,058 0,111 0,062 -0,043 0,043 0,636
EQUIPAMENTOS
INDÚSTRIA DE
0,024 0,834 0,036 0,466 -0,059 0,688 −0,061 0,332
TRANSFORMAÇÃO
Fonte: elaboração própria com o uso do aplicativo Grtel (2018).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
30
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
31
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
32
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
Indústria Nacional e a taxa de juros CDI, deviam ser tratadas sob a possibilidade de serem não
estacionárias. Por outro lado, para as variáveis empresariais – razão capital-trabalho, salário
médio real e faturamento real – setor, a setor, os resultados dos testes de raiz unitária não foram
unívocos, ora resultando na rejeição ora na não rejeição da hipótese de raiz unitária.
Não obstante, o teste de cointegração permitiu, de acordo com suas variantes setoriais,
a rejeição da hipótese de regressão espúria e, por consequência, garantiu a validade do
significado econômico das estimativas.
Nesse quesito, a interpretação econômica dos resultados mostrou que ambos os índices
de cada um dos setores se mostraram associados com o índice de confiança da indústria
nacional, em relações de longo-prazo positivas. Esses índices setoriais mostraram-se também
associados, mas em relação negativa de longo-prazo, com a taxa de juros CDI.
Nas suas associações com as variáveis empresariais setoriais, viu-se que: a razão capital-
trabalho mostrou-se como de impacto positivo sobre os índices de confiança do setor de
máquinas e equipamentos, do setor têxtil e da indústria de transformação; o salário médio real
de relação negativa, no longo prazo, com os índices do setor de automóveis e da indústria de
transformação; e, finalmente, o faturamento real tendo efeito positivo sobre a índice de
confiança do setor têxtil.
33
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
REFERÊNCIAS
34
Fórum Liberdades Econômicas – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo (SP) 5 e 6/11/2018
_mackenzie_br%2FDocuments%2FRelat%C3%B3rios%20setoriais. Acessado em
01/08/2017.
LAFIS. Relatório Setorial: têxteis e confecções. Dezembro de 2017. Disponível em:
https://mackenzie365-
my.sharepoint.com/personal/1135614_mackenzie_br/_layouts/15/onedrive.aspx?id=%2Fpers
onal%2F1135614_mackenzie_br%2FDocuments%2FRelat%C3%B3rios%20setoriais%2FRel
at%C3%B3rio_maquinas%20e%20equipamentos%2Epdf&parent=%2Fpersonal%2F1135614
_mackenzie_br%2FDocuments%2FRelat%C3%B3rios%20setoriais. Acessado em
01/08/2017.
MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em
http://www.agricultura.gov.br/. Acessado em 12/4/2018.
McGAHAN, A. M; PORTER, M. E. How much does industry matter, really? Strategic
Management Journal, v. 18, Summer Special Issue, p. 15-30, 1997.
MOREIRA, M. M. e CORREA, P.G., Abertura comercial e indústria: o que se pode esperar e
o que se vem obtendo, Revista de Economia Política. São Paulo, Vol. 17, no. 2, 61-91, abril-
junho 1997.
ROSSI Jr, J. Luiz; FERREIRA, P. Cavalcanti Evolução da produtividade industrial
brasileira e abertura comercial. Texto para Discussão, n. 651. Rio de Janeiro: IPEA, 1999.
RUMELT, R. P. How much does industry matter? Strategic Management Journal, v.
12, p. 167-185, 1991.
SAMBIASE L., M.F.; BRITO, E.P.Z.. Incerteza Subjetiva no Processo de Decisão Estratégica:
uma Proposta de Mensuração/Subjetive Uncertainty in the Strategic Decision Process: a
Measurement Proposal. Revista de Administração Contemporânea, v. 14, n. 6, p. 990, 2010.
SCHMALENSEE, R. Do markets differ much? The American Economic Review, v. 75, n. 3,
p. 341-351, 1985.
VEIGA, P. da M. Anos 90: As transformações na indústria e as exportações
brasileiras. Revista Brasileira de Comércio Exterior, nº 60, FUNCEX, Julho-Setembro de
1999. Disponível em http://www.funcex.org.br/publicacoes/rbce/material/rbce/60-PMV.pdf
35