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Escrever sobre um assunto como o título propõe, sendo uma pessoa branca,
é no mínimo desafiante! São vivências que essas pessoas tiveram/têm que
eu jamais poderei descrever os sentimentos de fato. Mas certamente, posso
trazer minha perspectiva sobre a problemática como alguém que busca a
consciência em si e no próximo para uma sociedade mais justa e com
equidade.
Diante de tudo o que foi debatido até então em sala de aula, dois momentos
me marcaram bastante: O primeiro foi de alguns colegas - em sua maioria
negros - contestarem sobre algumas cenas do filme Macunaíma (1969), em
que haveria a possibilidade da personagem de Macunaíma ter sofrido uma
desvalorização quando estivesse em sua versão como negro ainda no início
do filme, se isso era intencional por parte do diretor não sabemos, mas refleti
o quanto essa análise não foi perceptível aos meus olhos. E o segundo
momento foi em ter assistido o primeiro episódio de “5x Favela - Agora por
Nós Mesmos”. Isso foi o suficiente para entender e reafirmar ainda mais, o
quanto eu e muitas pessoas são abarrotadas de privilégios. Questionamentos
como:
Quando falo sobre a depreciação dos negros no meio cultural e artístico, não
é só sobre menosprezar o talento que eles detém nesse contexto, mas
também sobre a apropriação cultural, em que nesse processo sistêmico e
estrutural, a indústria (seja ela musical, cultural, de beleza e cosméticos, etc)
é quem mais se alimenta dos ganhos, dos bônus. E o ônus, sabemos com
quem fica! O que isso quer dizer? Bom, um dos primeiros exemplos mais
claros que vem em mente é o do Samba e a Bossa Nova. O Samba foi criado
no Brasil, mas sua origem são dos negros escravizados vindos da África se
tornando um ritmo musical que geraria preconceito pela burguesia, mesmo
depois da abolição da escravidão em 1888. Já a Bossa Nova, criada na
década de 50 a partir do Samba e com influência do Jazz, passava a ser bem
vista justamente por ter sido concebida por brancos e compositores da classe
média da Zona Sul do Rio de Janeiro. Ou seja, querendo ou não, existiu um
processo de embranquecimento do Samba, porque historicamente foi um
movimento feito por negros e isso causava aversão em grande parte da
população branca que por consequência eram e são mais privilegiados em
sua maioria.
Por fim, deixo uma imagem que me marca muito sobre o assunto:
(Foto: Projeto Favelagrafia. Incentivado pela Prefeitura do Rio de Janeiro,
através da Secretaria Municipal de Cultura).