Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE MINERAÇÃO
COORDENAÇÃO DE ASSUNTOS DE COBRANÇA (COORDENADOR)
DESPACHO n. 03129/2022/PFE-ANM/PGF/AGU
NUP: 48054.931415/2021-61
INTERESSADOS: OURO DO NORTE MINERACAO LTDA - EPP - ANDIRA MINERACAO
ASSUNTOS: MINERAÇÃO
Documento assinado eletronicamente por RICARDO RAMOS SAMPAIO, de acordo com os normativos
legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código
863398795 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a):
RICARDO RAMOS SAMPAIO. Data e Hora: 11-04-2022 10:53. Número de Série:
22228576340264766862913145537. Emissor: Autoridade Certificadora SERPRORFBv5.
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE MINERAÇÃO
NÚCLEO DE DEMANDAS ORDINÁRIAS
PARECER n. 00076/2022/PFE-ANM/PGF/AGU
NUP: 48054.931415/2021-61
INTERESSADOS: OURO DO NORTE MINERACAO LTDA - EPP - ANDIRA MINERACAO
ASSUNTOS: MINERAÇÃO
1. RELATÓRIO
4. Em 05/06/2017, foi publicada a prorrogação do prazo do alvará de pesquisa por três anos.
11. Em 23/08/2021, o Recorrente interpôs recurso em face das referidas imposições de multa.
Alegou que não poderia ser aplicada a multa com fundamento no Decreto nº 9.406, de 2018, uma vez
que este teria entrado em vigor após a outorga e prorrogação do alvará de pesquisa em questão.
Afirmou que, conforme o Código Minerário, somente seria necessário comunicar o início dos trabalhos de
pesquisa dentro de sessenta dias da outorga do alvará de pesquisa caso fosse proprietário do solo ou
tivesse firmado acordo com este para pagamento das rendas e indenizações ou dentro de sessenta dias
do ingresso judicial na área de pesquisa, caso a avaliação da indenização pela ocupação e danos
causados fosse processada em juízo. Asseverou que "não foi oportuno ingressar tempestivamente com a
pesquisa mineral e que evidentemente não poderia anunciar o início da pesquisa". Reiterou seu recurso
em 17/09/2021.
2. FUNDAMENTAÇÃO
15. O artigo 29 do Código de Mineração define três obrigações distintas para os titulares de
autorização de pesquisa, quais sejam: a) iniciar os trabalhos de pesquisa nos prazos ali estabelecidos
(inciso I, alíneas “a” e “b”); b) não interromper sem justificativa os trabalhos de pesquisa depois de
iniciados por período superior aos definidos no dispositivo (inciso II); e c) comunicar prontamente ao
DNPM o início, reinício ou as interrupções de trabalho, bem como a ocorrência de outra
substância mineral útil, não constante do alvará (parágrafo único), verbis:
16. Referido dispositivo foi regulamentado pelo Decreto nº 62.934/1968, em seus arts. 31,
parágrafo único e 100, I, até 05/12/2018, quando entrou em vigor o art. 59 do Decreto nº 9.406/2018.
Tais dispositivos regulamentares assim dispõem, verbis:
Decreto 62.934/1968:
Art. 31. O titular da autorização de pesquisa é obrigado, sob pena de sanções previstas no
Capítulo XVI dêste Regulamento:
(...)
Parágrafo único. O início ou reinício, as interrupções de trabalho, bem como a ocorrência de
outra substância mineral útil não constante do Alvará de autorização, deverão ser
prontamente comunicados ao D.N.P.M.
Art. 100. Aos infratores de disposições dêste Regulamento serão aplicadas multas,
obedecidos os seguintes critérios:
I - Inadimplemento das obrigações impostas no item III do artigo 25, nos itens I e II e
parágrafo único do artigo 31, bem como no artigo 56 deste Regulamento: multa em quantia
correspondente a 5 (cinco) vezes o maior valor de referência estabelecido de acordo com o
disposto no artigo 2º, parágrafo único da Lei nº 6.205, de 29 de abril de1975.
Decreto nº 9.406/2018:
Art. 59. Deixar de comunicar prontamente o início ou reinício ou as interrupções dos
trabalhos de pesquisa: (Revogado Pelo Decreto nº 10.965, de 2022)
Sanção: multa de R$ 809,82 (oitocentos e nove reais e oitenta e dois centavos). (Revogado
Pelo Decreto nº 10.965, de 2022)
17. Com relação à norma que prevê a obrigação de que os titulares de alvarás de pesquisa
comuniquem “prontamente” ao DNPM o início dos trabalhos de pesquisa, a Procuradoria Federal junto
ao DNPM manifestou-se quanto à sua interpretação, por meio do Parecer nº 010/2006-HPS. Nessa
manifestação, expressou-se o entendimento de que a expressão “prontamente” significa que a
comunicação ao DNPM sobre o início da pesquisa deve ser imediata, assim entendida como aquela
efetuada no mesmo dia ou no dia útil imediatamente posterior ao início dos trabalhos, conforme
se depreende do excerto a seguir transcrito:
18. No presente caso, não sendo a Recorrente proprietária da superfície, competia-lhe: firmar
acordo, amigável ou judicial, com os superficiários; iniciar a pesquisa no prazo de 60 (sessenta) dias
contados da data do acordo firmado e comunicar prontamente ao DNPM o início dos trabalhos de
pesquisa.
19. Contudo, a comunicação do início dos trabalhos de pesquisa não se deu “prontamente”,
como será demonstrado a seguir.
20. Deveras, a própria Recorrente afirmou, em sua petição protocolada em 15/04/2015, que
"iniciou os trabalhos de pesquisa na área em tela, de acordo com o cronograma de
atividades constante no plano de pesquisa devidamente aprovado por este Departamento".
22. Assim, se a Recorrente informou que iniciou os trabalhos de pesquisa de acordo com o
cronograma de atividades constante no plano de pesquisa e, segundo este, os trabalhos seriam
iniciados a partir da concessão do alvará, tem-se que os trabalhos foram iniciados em 15/10/2013, data
em que o título minerário foi publicado no Diário Oficial da União.
23. Dessa forma, constata-se que a comunicação do início dos trabalhos de pesquisa, realizada
somente em 15/04/2015, não foi feita prontamente.
24. Deve-se ressaltar que não merece acolhimento a alegação da Recorrente de que, por não
ser proprietária do solo e não ter logrado acordo com os superficiários, não seria obrigada a comunicar o
início das pesquisas. Isso porque, ainda que ela não tenha logrado acordo com os superficiários, é certo
que realizou as pesquisas, já que apresentou o relatório parcial de pesquisa, de modo que tinha o dever
de comunicar tal fato prontamente ao DNPM.
26. Como a pesquisa, no presente caso, foi iniciada no primeiro dia após a publicação do alvará
(segundo informações da própria Recorrente), mas a comunicação acerca de tal fato não se deu
prontamente, era de fato devida a autuação e subsequente imposição de multa “por não comunicar
prontamente o início dos trabalhos de pesquisa”.
27. No entanto, entendo que assiste razão à Recorrente quanto à alegação de que não poderia
ser aplicado o art. 59 do Decreto nº 9.406/2018 na autuação em análise, haja vista que a infração
ocorreu antes da entrada em vigor dessa norma.
28. Com relação a essa questão, é importante destacar que a PFE/ANM já firmou o
entendimento de que não é legítima a autuação realizada com fulcro em norma não vigente ao tempo
da infração, conforme se depreende do seguinte excerto do DESPACHO n. 04856/2021/PFE-
ANM/PGF/AGU (NUP 00786.001435/2019-08), aprovado pelo Procurador-Chefe da ANM:
29. No presente caso, tendo o início da pesquisa ocorrido em 15/10/2013, o prazo para sua
comunicação era até o dia útil seguinte (16/10/2013). Portanto, deve-se considerar que a infração pela
não comunicação do início dos trabalhos de pesquisa teria ocorrido nessa data. Embora a conduta objeto
da autuação já fosse tipificada ao tempo de sua ocorrência pelo art. 29 do Código de Mineração, este
era regulamentado pelo art. 31, parágrafo único c/c o art. 100, I, do Decreto nº 62.934/1968, e o valor
da multa prevista para essa infração era menor do que aquele que passou a ser previsto a partir da
vigência do Decreto nº 9.406/2018.
30. Com efeito, na data da infração, o valor da multa para a infração em questão era
estabelecido pela Portaria DNPM nº 472/2012, que correspondia ao montante de R$ 238,64 (duzentos e
trinta e oito reais e sessenta e quatro centavos). Esse valor foi atualizado para: R$ 263,15 (duzentos e
sessenta e três reais e quinze centavos) pela Portaria DNPM nº 163/2014, que entrou em vigor em
30/04/2014; R$ 308,47 (trezentos e oito reais e quarenta e sete centavos) pela Portaria DNPM nº
61/2016, que entrou em vigor em 01/03/2016; R$ 323,95 (trezentos e vinte e três reais e noventa e
cinco centavos) pela Portaria DNPM nº 70.268/2017, que entrou em vigor em 03/04/2017; e R$ 329,39
(trezentos e vinte e nove reais e trinta e nove centavos) pela Portaria DNPM nº 317/2018, que entrou em
vigor em 02/05/2018.
31. Com a edição do novo Regulamento do Código de Mineração, objeto do Decreto nº 9.406, de
12/06/2018, no entanto, verifica-se que houve um efetivo aumento do valor da multa para a infração
relativa à não comunicação tempestiva do início da realização da pesquisa. Deveras, tal infração foi
regulada pelo artigo 59 do referido instrumento normativo, o qual aumentou o valor da respectiva multa
para R$ 809,82 (oitocentos e nove reais e oitenta e dois centavos) , verbis:
32. O referido valor foi atualizado pela Resolução ANM nº 58, vigente a partir de 01/03/2021,
para o montante de R$ 910,94 (novecentos e dez reais e noventa e quatro centavos), valor que constou
no Auto de Infração nº 1698/2021/GER-MG/DIREM-MG.
33. No entanto, como se pode observar, o valor da multa devida pela infração em comento
previsto no novo Regulamento do Código de Mineração não representou mera atualização monetária do
valor anteriormente previsto pela Portaria DNPM nº 317/2018, mas efetivo aumento, já que passou de
R$ 329,39 (trezentos e vinte e nove reais e trinta e nove centavos) em 02/05/2018 para R$
809,82 (oitocentos e nove reais e oitenta e dois centavos) , em 05/12/2018, data de entrada em vigor do
dispositivo aplicável do novo Regulamento do Código de Mineração. Deveras, o valor da referida multa
mais que dobrou em período curto de tempo, variação que não corresponde à atualização monetária do
período.
34. Portanto, uma vez que o Auto de Infração nº 1698/2021/ GER-MG/DIREM-MG foi lavrado com
fulcro em norma vigente posteriormente à ocorrência da infração, gerando uma imposição de multa em
valor superior ao devido, entendo que deve ser declarada sua nulidade.
35. Deve-se destacar, porém, que a lavratura de novo auto de infração com relação a esse fato
não será possível, haja vista a ocorrência de decadência, já que o prazo decadencial para a lavratura do
auto de infração é de cinco anos a contar da ocorrência da infração, nos termos do art. 1º da Lei nº
9.873/99, verbis:
Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e
indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor,
contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do
dia em que tiver cessado.
36. Com relação à ausência de comunicação do início dos trabalhos de pesquisa após a
prorrogação do Alvará de Pesquisa nº 10.200/2013, entendo que tal fato não poderia ensejar a lavratura
de auto de infração.
37. Isso porque, compulsando os autos, não se verificou a existência de qualquer documento
que comprove ou do qual se possa inferir a data em que os trabalhos de pesquisa foram efetivamente
iniciados após a prorrogação do alvará de pesquisa em questão. Com efeito, ao contrário do que ocorreu
no período posterior à outorga do alvará de pesquisa, em que a Recorrente informou que iniciou as
pesquisas em conformidade com o cronograma do plano de pesquisa apresentado, não consta
informação semelhante nos autos em relação ao período posterior à prorrogação do referido título.
38. Assim, não é possível afirmar qual a data em que a Recorrente teria realmente iniciado os
trabalhos de pesquisa após a prorrogação do alvará de pesquisa. Na ausência dessa informação, não
obstante inequívoca a realização da pesquisa, já que foi apresentado o relatório final de pesquisa com
informações adicionais àquelas apresentadas no relatório parcial de pesquisa, a aplicação de multa pela
ausência de comunicação ao DNPM no prazo legal, ou seja, até o primeiro dia útil após o início dos
trabalhos de pesquisa, perde o seu alicerce fático, devendo ensejar, destarte, a desconstituição do auto
de infração.
3. CONCLUSÃO
39. Ante o exposto, opino no sentido de que seja reconsiderada a decisão de imposição de
multa no presente processo, declarando-se a nulidade do Auto de Infração nº 1698/2021/GER-
MG/DIREM-MG.
À consideração superior.
Documento assinado eletronicamente por GRAZIELA MAYRA JOSKOWICZ TEODORO, de acordo com os
normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o
código 871019052 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário
(a): GRAZIELA MAYRA JOSKOWICZ TEODORO. Data e Hora: 25-04-2022 22:10. Número de Série:
17505444251261364639905656267. Emissor: Autoridade Certificadora SERPRORFBv5.
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE MINERAÇÃO
COORDENAÇÃO DE ASSUNTOS MINERÁRIOS (COORDENADORA)
NUP: 48054.931415/2021-61
INTERESSADOS: OURO DO NORTE MINERACAO LTDA - EPP - ANDIRA MINERACAO
ASSUNTOS: MINERAÇÃO
Documento assinado eletronicamente por KIZZY AIDES PINHEIRO NOGUEIRA DA GAMA, de acordo com
os normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o
código 872395368 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário
(a): KIZZY AIDES PINHEIRO NOGUEIRA DA GAMA. Data e Hora: 06-05-2022 14:54. Número de Série:
74021653247940514639807580256. Emissor: Autoridade Certificadora SERPRORFBv5.
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE MINERAÇÃO
COORDENAÇÃO DE ASSUNTOS DE COBRANÇA (COORDENADORA)
DESPACHO n. 04284/2022/PFE-ANM/PGF/AGU
NUP: 48054.931415/2021-61
INTERESSADOS: OURO DO NORTE MINERACAO LTDA - EPP - ANDIRA MINERACAO
ASSUNTOS: MINERAÇÃO
2. Convém destacar que como prejudicial à questão do valor da multa aplicada por não
comunicar prontamente o início dos trabalhos de pesquisa tem-se a consumação de decadência
antes da lavratura do auto de infração.
Documento assinado eletronicamente por PAULA SUYLANE DE SOUZA NUNES, de acordo com os
normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o
código 881663938 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário
(a): PAULA SUYLANE DE SOUZA NUNES. Data e Hora: 06-05-2022 18:13. Número de Série:
0x629EC47F129E754171808AA70B4BB2E5678131CC. Emissor: AC DIGITALSIGN RFB G2.
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE MINERAÇÃO
COORDENAÇÃO DE ASSUNTOS MINERÁRIOS (COORDENADORA)
DESPACHO n. 04314/2022/PFE-ANM/PGF/AGU
NUP: 48054.931415/2021-61
INTERESSADOS: OURO DO NORTE MINERACAO LTDA - EPP - ANDIRA MINERACAO
ASSUNTOS: MINERAÇÃO
Documento assinado eletronicamente por KIZZY AIDES PINHEIRO NOGUEIRA DA GAMA, de acordo com
os normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o
código 882410617 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário
(a): KIZZY AIDES PINHEIRO NOGUEIRA DA GAMA. Data e Hora: 09-05-2022 09:28. Número de Série:
74021653247940514639807580256. Emissor: Autoridade Certificadora SERPRORFBv5.