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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE MINERAÇÃO
COORDENAÇÃO DE ASSUNTOS DE COBRANÇA (COORDENADOR)

DESPACHO n. 03129/2022/PFE-ANM/PGF/AGU

NUP: 48054.931415/2021-61
INTERESSADOS: OURO DO NORTE MINERACAO LTDA - EPP - ANDIRA MINERACAO
ASSUNTOS: MINERAÇÃO

1. Com base na competência delegada pela Portaria PFE/ANM nº 1, de 20/02/2020, distribuo o


processo ao Procurador Federal Adriano de Avila Furiati para análise e manifestação jurídicas.

Brasília, 11 de abril de 2022.

Ricardo Ramos Sampaio


Procurador Federal
Coordenador de Assuntos de Cobrança Substituto da PFE/ANM

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RICARDO RAMOS SAMPAIO. Data e Hora: 11-04-2022 10:53. Número de Série:
22228576340264766862913145537. Emissor: Autoridade Certificadora SERPRORFBv5.
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE MINERAÇÃO
NÚCLEO DE DEMANDAS ORDINÁRIAS

PARECER n. 00076/2022/PFE-ANM/PGF/AGU

NUP: 48054.931415/2021-61
INTERESSADOS: OURO DO NORTE MINERACAO LTDA - EPP - ANDIRA MINERACAO
ASSUNTOS: MINERAÇÃO

EMENTA: Recurso Administrativo. Imposições de multa por ausência de pronta comunicação


do início dos trabalhos de pesquisa. Nulidade do auto de infração fundado em norma
vigente após a data da infração. Impossibilidade de autuação pela falta de comunicação do
início dos trabalhos de pesquisa após a prorrogação do alvará de pesquisa ante a ausência
de informações que permitam identificar a data em que se deu tal fato.

Senhora Coordenadora de Assuntos Minerários,

1. RELATÓRIO

1. No processo minerário nº 830.649/2013, foi concedido a Ouro do Norte Mineração Ltda.


("Recorrente") o Alvará de Pesquisa nº 10.200, em 15/10/2013, para pesquisar argila em área do
município de Bonito de Minas/MG pelo prazo de três anos.

2. Em 15/04/2015, a Recorrente comunicou o início dos trabalhos de pesquisa.

3. Em 06/06/2016, a Recorrente apresentou o relatório parcial de pesquisa e requereu a


prorrogação do prazo do alvará de pesquisa.

4. Em 05/06/2017, foi publicada a prorrogação do prazo do alvará de pesquisa por três anos.

5. Em 28/12/2020, a Recorrente apresentou relatório final de pesquisa negativo.

6. Em 24/03/2021, foi exarado o Parecer nº 919/2021/ DIREM-MG/GER-MG, por meio do qual a


área técnica da ANM sugeriu a não aprovação do relatório final de pesquisa apresentado, bem como a
autuação da Recorrente por ter comunicado o início da pesquisa intempestivamente, em 15/04/2015,
bem como por não ter comunicado o inicio da pesquisa após a prorrogação do alvará de pesquisa.

7. Em 20/05/2021, o Gerente Regional da ANM/MG proferiu despacho negando aprovação ao


relatório final de pesquisa, bem como lavrou os Autos de Infração nºs 1698/2021/GER-MG/DIREM-MG
e 1699/2021/GER-MG/DIREM-MG, "por inadimplemento ao disposto no art. 59, do Regulamento do
Código de Mineração, por deixar de comunicar prontamente o início ou reinício ou as interrupções dos
trabalhos de pesquisa, ficando portanto sujeito à aplicação de MULTA prevista na Resolução nº 58/2021,
DOU de 12/02/2021, da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Mineração, no valor de R$ 910,94
(novecentos e dez reais e noventa e quatro centavos)". Os referidos autos de infração deram origem aos
processos de cobrança nºs 48054.931415/2021-61 e 48054.931416/2021-13, respectivamente.

8. Em 16/06/2021, a Recorrente apresentou defesa em face do Auto de Infração


nº 1698/2021/GER-MG/DIREM-MG, requerendo seu cancelamento sob o argumento de que obteve
orientação dos técnicos do antigo DNPM no sentido de que, embora não tivesse autorização do
superficiário para realização da pesquisa, deveria informar o início da realização das pesquisas, ainda
que intempestivamente, pois "já estava visitando a área periodicamente em busca de encontrar o
proprietário do terreno" e "já havia adquirido para pesquisar a área O PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS
COM SENSORIAMENTO REMOTO COMPLETO DA CODEMIG". Afirmou, ainda, que "após a prorrogação do
alvará o titular optou por não comunicar o reinicio de pesquisa, pois a área total do alvará em questão é
fracionada por diversos proprietários ou posseiros que não tinham nenhuma documentação do terreno
para compor autorização de pesquisa". Alegou que "no final do alvará prorrogado, o titular para ter
alguma informação sobre o potencial mineral da área, ele acionou uma pesquisa realizada apenas por
SENSORIAMENTO REMOTO, literaturas locais e visitas na área não autorizadas pelos donos dos
terrenos". Asseverou também que a área de pesquisa estaria totalmente inserida numa área de
conservação ambiental (APA Estadual Rio Pandeiros) e precisaria de anuência prévia do gestor da área
de conservação para realizar a pesquisa.

9. Em 06/07/2021, a área técnica da ANM exarou o Parecer nº 1798/2021/ DIREM-MG/GER-


MG recomendando o não acatamento da defesa apresentada, haja vista que "não há razão para a
empresa não ter comunicado o inicio da pesquisa, pois fazem parte do plano o acesso á bibliografia com
dados geológicos da área, o que poderia ser feito no próprio escritório da empresa., assim como a
própria compra do PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS COM SENSORIAMENTO REMOTO COMPLETO DA
CODEMIG, que não foram comunicados tempestivamente a esta Agência".

10. Acatando essa recomendação, em 17/08/2021, o Gerente Regional da ANM/MG proferiu


despacho não acatando a defesa apresentada e efetivou a imposição das multas.

11. Em 23/08/2021, o Recorrente interpôs recurso em face das referidas imposições de multa.
Alegou que não poderia ser aplicada a multa com fundamento no Decreto nº 9.406, de 2018, uma vez
que este teria entrado em vigor após a outorga e prorrogação do alvará de pesquisa em questão.
Afirmou que, conforme o Código Minerário, somente seria necessário comunicar o início dos trabalhos de
pesquisa dentro de sessenta dias da outorga do alvará de pesquisa caso fosse proprietário do solo ou
tivesse firmado acordo com este para pagamento das rendas e indenizações ou dentro de sessenta dias
do ingresso judicial na área de pesquisa, caso a avaliação da indenização pela ocupação e danos
causados fosse processada em juízo. Asseverou que "não foi oportuno ingressar tempestivamente com a
pesquisa mineral e que evidentemente não poderia anunciar o início da pesquisa". Reiterou seu recurso
em 17/09/2021.

12. Em análise do recurso interposto em face do Auto de Infração nº 1698/2021/ GER-MG/DIREM-


MG, a área técnica da ANM exarou o Parecer nº 876/2022/ DIREM-MG/GER-MG, recomendando o não
acatamento do recurso, sob a justificativa de que "esse Órgão não foi informado pelo titular que não
havia obtido acesso á área, pois tão logo obteve seu Alvará, ele honrou seus compromissos quitando a
TAH e passados mais de um ano da Autorização de Pesquisa, comunicou seu inicio, portanto
intempestivamente. Analisando o recurso apresentado, entende-se que não há razão para a empresa
não ter comunicado o inicio da pesquisa, pois fazem parte do plano o acesso á bibliografia com dados
geológicos da área, o que poderia ser feito no próprio escritório da empresa., assim como a própria
compra do PROJETO FRONTEIRAS DE MINAS COM SENSORIAMENTO REMOTO COMPLETO DA CODEMIG,
que não foram comunicados tempestivamente a esta Agência". Esses mesmos fundamentos foram
utilizados pela área técnica, no Parecer nº 878/2022/DIREM-MG/GER-MG, para recomendar o não
acatamento do recurso interposto em face do Auto de Infração nº 1699/2021/GER-MG/DIREM-MG.

13. Em 06/04/2022, os presentes autos foram encaminhados à PFE/ANM para manifestação


quanto ao recurso apresentado e redistribuídos a esta procuradora em 20/04/2022.

14. É o relatório. Passa-se à análise.

2. FUNDAMENTAÇÃO

2.1 Descumprimento do dever de comunicar prontamente o início dos trabalhos de


pesquisa após a outorga do alvará de pesquisa - Auto de Infração nº 1698/2021/GER-
MG/DIREM-MG

15. O artigo 29 do Código de Mineração define três obrigações distintas para os titulares de
autorização de pesquisa, quais sejam: a) iniciar os trabalhos de pesquisa nos prazos ali estabelecidos
(inciso I, alíneas “a” e “b”); b) não interromper sem justificativa os trabalhos de pesquisa depois de
iniciados por período superior aos definidos no dispositivo (inciso II); e c) comunicar prontamente ao
DNPM o início, reinício ou as interrupções de trabalho, bem como a ocorrência de outra
substância mineral útil, não constante do alvará (parágrafo único), verbis:

Art. 29 O titular da autorização de pesquisa é obrigado, sob pena de sanções:


I - A iniciar os trabalhos de pesquisa:
a) dentro de 60 (sessenta) dias da publicação do Alvará de Pesquisa no Diário Oficial da
União, se o titular for o proprietário do sol ou tiver ajustado com este o valor e a forma de
pagamento das indenizações a que se refere o Artigo 27 deste Código; ou,
b) dentro de 60 (sessenta) dias do ingresso judicial na área de pesquisa, quando a
avaliação da indenização pela ocupação e danos causados processar-se em juízo.
II - A não interromper os trabalhos, sem justificativa, depois de iniciados, por mais de 3,
(três) meses consecutivos, ou por 120 dias acumulados e não consecutivos. (Redação dada
pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)
Parágrafo único. O início ou reinício, bem como as interrupções de trabalho,
deverão ser prontamente comunicados ao D. N. P. M., bem como a ocorrência de
outra substância mineral útil, não constante do Alvará de
Autorização. (destacamos)

16. Referido dispositivo foi regulamentado pelo Decreto nº 62.934/1968, em seus arts. 31,
parágrafo único e 100, I, até 05/12/2018, quando entrou em vigor o art. 59 do Decreto nº 9.406/2018.
Tais dispositivos regulamentares assim dispõem, verbis:

Decreto 62.934/1968:
Art. 31. O titular da autorização de pesquisa é obrigado, sob pena de sanções previstas no
Capítulo XVI dêste Regulamento:
(...)
Parágrafo único. O início ou reinício, as interrupções de trabalho, bem como a ocorrência de
outra substância mineral útil não constante do Alvará de autorização, deverão ser
prontamente comunicados ao D.N.P.M.
Art. 100. Aos infratores de disposições dêste Regulamento serão aplicadas multas,
obedecidos os seguintes critérios:
I - Inadimplemento das obrigações impostas no item III do artigo 25, nos itens I e II e
parágrafo único do artigo 31, bem como no artigo 56 deste Regulamento: multa em quantia
correspondente a 5 (cinco) vezes o maior valor de referência estabelecido de acordo com o
disposto no artigo 2º, parágrafo único da Lei nº 6.205, de 29 de abril de1975.

Decreto nº 9.406/2018:
Art. 59. Deixar de comunicar prontamente o início ou reinício ou as interrupções dos
trabalhos de pesquisa: (Revogado Pelo Decreto nº 10.965, de 2022)
Sanção: multa de R$ 809,82 (oitocentos e nove reais e oitenta e dois centavos). (Revogado
Pelo Decreto nº 10.965, de 2022)

17. Com relação à norma que prevê a obrigação de que os titulares de alvarás de pesquisa
comuniquem “prontamente” ao DNPM o início dos trabalhos de pesquisa, a Procuradoria Federal junto
ao DNPM manifestou-se quanto à sua interpretação, por meio do Parecer nº 010/2006-HPS. Nessa
manifestação, expressou-se o entendimento de que a expressão “prontamente” significa que a
comunicação ao DNPM sobre o início da pesquisa deve ser imediata, assim entendida como aquela
efetuada no mesmo dia ou no dia útil imediatamente posterior ao início dos trabalhos, conforme
se depreende do excerto a seguir transcrito:

Embora os dispositivos em apreço, ao fixar o prazo para comunicação do início ou reinício


dos trabalhos, não façam referência expressa a um determinado número de dias, não
deixam a matéria sem regulamentação. A obrigação imposta ao titular da autorização
encontra-se suficientemente disciplinada.
Para descobrir o exato alcance da lei, na hipótese sob exame, necessário se faz recorrer
não apenas à interpretação gramatical como também à teleológica. Afinal, na aplicação da
lei, deve-se atentar para os fins a que ela se dirige (Lei de Introdução ao Código Civil).
E o objeto da norma é evidente. A comunicação é providência imposta para abrir ensejo ao
controle administrativo que é feito por meio da fiscalização a cargo do DNPM.
Obviamente, para desempenhar de forma plena e eficaz o mister de fiscalizar, a autarquia
federal deve ser cientificada de imediato acerca do início das atividades. Restaria, pois,
ignorado o objetivo da norma se ao termo ‘prontamente’ fosse dado outro significado.
Do ponto de vista gramatical se chega a semelhante conclusão, porquanto o termo
‘prontamente’ é uma derivação de ‘pronto’, cujo significado é ‘que não se demora,
imediato’.
A propósito, esclarecedora se mostra a definição proposta por De Plácido e Silva
(Vocabulário Jurídico – 21. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2003, p.408):
‘IMEDIATO. Opondo-se ao mediato, assim se diz de tudo o que se segue, sem solução de
continuidade. É o que vem logo, sem intermédio de qualquer coisa, ou sem intervenção de
qualquer pessoa.
Imediato dá, pois, idéia de instantâneo ou que se pega a outra coisa, para vir em seguida
dela.
...
De igual maneira, o advérbio imediatamente expime(sic) bem a significação do que vem
em seguimento, com a necessária presteza e brevidade, tão logo se tenha feio (sic) o que
lhe antecede.’
Assim, é lícito entender que a determinação legal impõe ao titular da autorização a
obrigação de comunicar o início das atividades ao DNPM imediatamente, ou seja, no mesmo
instante ou em momento próximo, contíguo, sem interregno.
Logo, estará cumprida a norma se a comunicação se der no mesmo dia ou, até mesmo, no
dia útil imediatamente posterior ao início dos trabalhos de pesquisa.

18. No presente caso, não sendo a Recorrente proprietária da superfície, competia-lhe: firmar
acordo, amigável ou judicial, com os superficiários; iniciar a pesquisa no prazo de 60 (sessenta) dias
contados da data do acordo firmado e comunicar prontamente ao DNPM o início dos trabalhos de
pesquisa.

19. Contudo, a comunicação do início dos trabalhos de pesquisa não se deu “prontamente”,
como será demonstrado a seguir.

20. Deveras, a própria Recorrente afirmou, em sua petição protocolada em 15/04/2015, que
"iniciou os trabalhos de pesquisa na área em tela, de acordo com o cronograma de
atividades constante no plano de pesquisa devidamente aprovado por este Departamento".

21. Conforme se observa no cronograma dos trabalhos de pesquisa que instruiu


o requerimento de autorização da Recorrente, estes seriam desenvolvidos a partir da obtenção
do respectivo alvará.

22. Assim, se a Recorrente informou que iniciou os trabalhos de pesquisa de acordo com o
cronograma de atividades constante no plano de pesquisa e, segundo este, os trabalhos seriam
iniciados a partir da concessão do alvará, tem-se que os trabalhos foram iniciados em 15/10/2013, data
em que o título minerário foi publicado no Diário Oficial da União.

23. Dessa forma, constata-se que a comunicação do início dos trabalhos de pesquisa, realizada
somente em 15/04/2015, não foi feita prontamente.

24. Deve-se ressaltar que não merece acolhimento a alegação da Recorrente de que, por não
ser proprietária do solo e não ter logrado acordo com os superficiários, não seria obrigada a comunicar o
início das pesquisas. Isso porque, ainda que ela não tenha logrado acordo com os superficiários, é certo
que realizou as pesquisas, já que apresentou o relatório parcial de pesquisa, de modo que tinha o dever
de comunicar tal fato prontamente ao DNPM.

25. Destaque-se que não há que se confundir a obrigação de comunicar prontamente o


início dos trabalhos de pesquisa (artigo 29, parágrafo único, do CM) com a obrigação de iniciar os
trabalhos de pesquisa no prazo de 60 (sessenta) dias (da publicação do Alvará de Pesquisa no
Diário Oficial da União, se o titular for o proprietário do solo ou tiver ajustado com este o valor e a forma
de pagamento das indenizações, ou a contar do ingresso judicial na área de pesquisa, quando a
avaliação da indenização pela ocupação e danos causados processar-se em juízo – artigo 29, inciso I, do
CM). O descumprimento de cada uma dessas obrigações enseja a imposição de sanções próprias, que
podem, inclusive, ser cumuladas.

26. Como a pesquisa, no presente caso, foi iniciada no primeiro dia após a publicação do alvará
(segundo informações da própria Recorrente), mas a comunicação acerca de tal fato não se deu
prontamente, era de fato devida a autuação e subsequente imposição de multa “por não comunicar
prontamente o início dos trabalhos de pesquisa”.

27. No entanto, entendo que assiste razão à Recorrente quanto à alegação de que não poderia
ser aplicado o art. 59 do Decreto nº 9.406/2018 na autuação em análise, haja vista que a infração
ocorreu antes da entrada em vigor dessa norma.

28. Com relação a essa questão, é importante destacar que a PFE/ANM já firmou o
entendimento de que não é legítima a autuação realizada com fulcro em norma não vigente ao tempo
da infração, conforme se depreende do seguinte excerto do DESPACHO n. 04856/2021/PFE-
ANM/PGF/AGU (NUP 00786.001435/2019-08), aprovado pelo Procurador-Chefe da ANM:

Assim, como premissa para aplicação das orientações compiladas na NOTA n.


00566/2021/PFE-ANM/PGF/AGU é necessário que a ANM, em cada caso, verifique
qual a norma vigente no momento da infração (fato gerador) e qual a penalidade
aplicável (multa prevista na norma respectiva). É em relação a essa penalidade que
serão aplicáveis os critérios de atualização monetária, juros e multa de mora, não sendo
legítima a autuação com base em norma não vigente ao tempo da infração.

29. No presente caso, tendo o início da pesquisa ocorrido em 15/10/2013, o prazo para sua
comunicação era até o dia útil seguinte (16/10/2013). Portanto, deve-se considerar que a infração pela
não comunicação do início dos trabalhos de pesquisa teria ocorrido nessa data. Embora a conduta objeto
da autuação já fosse tipificada ao tempo de sua ocorrência pelo art. 29 do Código de Mineração, este
era regulamentado pelo art. 31, parágrafo único c/c o art. 100, I, do Decreto nº 62.934/1968, e o valor
da multa prevista para essa infração era menor do que aquele que passou a ser previsto a partir da
vigência do Decreto nº 9.406/2018.

30. Com efeito, na data da infração, o valor da multa para a infração em questão era
estabelecido pela Portaria DNPM nº 472/2012, que correspondia ao montante de R$ 238,64 (duzentos e
trinta e oito reais e sessenta e quatro centavos). Esse valor foi atualizado para: R$ 263,15 (duzentos e
sessenta e três reais e quinze centavos) pela Portaria DNPM nº 163/2014, que entrou em vigor em
30/04/2014; R$ 308,47 (trezentos e oito reais e quarenta e sete centavos) pela Portaria DNPM nº
61/2016, que entrou em vigor em 01/03/2016; R$ 323,95 (trezentos e vinte e três reais e noventa e
cinco centavos) pela Portaria DNPM nº 70.268/2017, que entrou em vigor em 03/04/2017; e R$ 329,39
(trezentos e vinte e nove reais e trinta e nove centavos) pela Portaria DNPM nº 317/2018, que entrou em
vigor em 02/05/2018.

31. Com a edição do novo Regulamento do Código de Mineração, objeto do Decreto nº 9.406, de
12/06/2018, no entanto, verifica-se que houve um efetivo aumento do valor da multa para a infração
relativa à não comunicação tempestiva do início da realização da pesquisa. Deveras, tal infração foi
regulada pelo artigo 59 do referido instrumento normativo, o qual aumentou o valor da respectiva multa
para R$ 809,82 (oitocentos e nove reais e oitenta e dois centavos) , verbis:

Art. 59. Deixar de comunicar prontamente o início ou reinício ou as interrupções dos


trabalhos de pesquisa:
Sanção: multa de R$ 809,82 (oitocentos e nove reais e oitenta e dois centavos).

32. O referido valor foi atualizado pela Resolução ANM nº 58, vigente a partir de 01/03/2021,
para o montante de R$ 910,94 (novecentos e dez reais e noventa e quatro centavos), valor que constou
no Auto de Infração nº 1698/2021/GER-MG/DIREM-MG.
33. No entanto, como se pode observar, o valor da multa devida pela infração em comento
previsto no novo Regulamento do Código de Mineração não representou mera atualização monetária do
valor anteriormente previsto pela Portaria DNPM nº 317/2018, mas efetivo aumento, já que passou de
R$ 329,39 (trezentos e vinte e nove reais e trinta e nove centavos) em 02/05/2018 para R$
809,82 (oitocentos e nove reais e oitenta e dois centavos) , em 05/12/2018, data de entrada em vigor do
dispositivo aplicável do novo Regulamento do Código de Mineração. Deveras, o valor da referida multa
mais que dobrou em período curto de tempo, variação que não corresponde à atualização monetária do
período.

34. Portanto, uma vez que o Auto de Infração nº 1698/2021/ GER-MG/DIREM-MG foi lavrado com
fulcro em norma vigente posteriormente à ocorrência da infração, gerando uma imposição de multa em
valor superior ao devido, entendo que deve ser declarada sua nulidade.

35. Deve-se destacar, porém, que a lavratura de novo auto de infração com relação a esse fato
não será possível, haja vista a ocorrência de decadência, já que o prazo decadencial para a lavratura do
auto de infração é de cinco anos a contar da ocorrência da infração, nos termos do art. 1º da Lei nº
9.873/99, verbis:

Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e
indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor,
contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do
dia em que tiver cessado.

2.2 Descumprimento do dever de comunicar prontamente o início dos trabalhos de


pesquisa após a prorrogação do alvará de pesquisa - Auto de Infração nº 1699/2021/GER-
MG/DIREM-MG

36. Com relação à ausência de comunicação do início dos trabalhos de pesquisa após a
prorrogação do Alvará de Pesquisa nº 10.200/2013, entendo que tal fato não poderia ensejar a lavratura
de auto de infração.

37. Isso porque, compulsando os autos, não se verificou a existência de qualquer documento
que comprove ou do qual se possa inferir a data em que os trabalhos de pesquisa foram efetivamente
iniciados após a prorrogação do alvará de pesquisa em questão. Com efeito, ao contrário do que ocorreu
no período posterior à outorga do alvará de pesquisa, em que a Recorrente informou que iniciou as
pesquisas em conformidade com o cronograma do plano de pesquisa apresentado, não consta
informação semelhante nos autos em relação ao período posterior à prorrogação do referido título.

38. Assim, não é possível afirmar qual a data em que a Recorrente teria realmente iniciado os
trabalhos de pesquisa após a prorrogação do alvará de pesquisa. Na ausência dessa informação, não
obstante inequívoca a realização da pesquisa, já que foi apresentado o relatório final de pesquisa com
informações adicionais àquelas apresentadas no relatório parcial de pesquisa, a aplicação de multa pela
ausência de comunicação ao DNPM no prazo legal, ou seja, até o primeiro dia útil após o início dos
trabalhos de pesquisa, perde o seu alicerce fático, devendo ensejar, destarte, a desconstituição do auto
de infração.

3. CONCLUSÃO

39. Ante o exposto, opino no sentido de que seja reconsiderada a decisão de imposição de
multa no presente processo, declarando-se a nulidade do Auto de Infração nº 1698/2021/GER-
MG/DIREM-MG.

À consideração superior.

São Paulo, 25 de abril de 2022.

GRAZIELA MAYRA JOSKOWICZ TEODORO


PROCURADORA FEDERAL

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br


mediante o fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 48054931415202161 e da chave de
acesso 65a35bc0

Documento assinado eletronicamente por GRAZIELA MAYRA JOSKOWICZ TEODORO, de acordo com os
normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o
código 871019052 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário
(a): GRAZIELA MAYRA JOSKOWICZ TEODORO. Data e Hora: 25-04-2022 22:10. Número de Série:
17505444251261364639905656267. Emissor: Autoridade Certificadora SERPRORFBv5.
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE MINERAÇÃO
COORDENAÇÃO DE ASSUNTOS MINERÁRIOS (COORDENADORA)

DESPACHO DE APROVAÇÃO n. 00028/2022/PFE-ANM/PGF/AGU

NUP: 48054.931415/2021-61
INTERESSADOS: OURO DO NORTE MINERACAO LTDA - EPP - ANDIRA MINERACAO
ASSUNTOS: MINERAÇÃO

1. Trata-se de processo de imposição de multa por ausência de pronta comunicação do início


dos trabalhos de pesquisa, resultando na lavratura do Auto de Infração nº 1698/2021/GER-MG/DIREM-
MG.
2. Em relação a esse auto, a manifestação jurídica entendeu pela configuração da infração,
uma vez que a interessada efetuou a comunicação do início dos trabalhos apenas no ano de 2015,
informando que a pesquisa teve início dois anos antes (2013). Todavia, entendeu incorreta a aplicação
do Decreto n. 9.406/2018 ao presente caso, bem como reconheceu a decadência no caso concreto.
3. Assim, concordo com o entendimento constante do item 2.1 do PARECER n.
00076/2022/PFE-ANM/PGF/AGU, no tocante à ocorrência da infração, aprovando-o nesse ponto
específico. Em relação à norma a ser aplicada, valor da multa e ocorrência da decadência/prescrição,
encaminho para a avaliação da Coordenadora de Assuntos de Cobrança, tendo em vista a pertinência
temática.
4. Verifico, ainda, que o item 2.2 da manifestação jurídica em comento refere-se ao Auto de
Infração nº 1699/2021/GER-MG/DIREM-MG, objeto do processo n. 48054.931416/2021-13, de modo que
deixo para apreciá-lo junto com a manifestação proferida no referido nup.
5. Assim, nos termos do prescrito no art. 7º da Portaria AGU nº 1399, de 05 de outubro de
2009 c/c o artigo 2º da Portaria PFE/ANM nº 01, de 20 de fevereiro de 2020, aprovo, parcialmente,
o PARECER n. 00076/2022/ PFE-ANM/PGF/AGU, nos termos acima referidos, encaminhando os autos à
Coordenadora de Assuntos de Cobrança para análise da referida manifestação, no tocante à matéria de
competência da CAC.

Brasília, 26 de abril de 2022.

Kizzy Aídes Pinheiro Nogueira da Gama


Procuradora Federal
Coordenadora de Assuntos Minerários - PFE/ANM

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br


mediante o fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 48054931415202161 e da chave de
acesso 65a35bc0

Documento assinado eletronicamente por KIZZY AIDES PINHEIRO NOGUEIRA DA GAMA, de acordo com
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(a): KIZZY AIDES PINHEIRO NOGUEIRA DA GAMA. Data e Hora: 06-05-2022 14:54. Número de Série:
74021653247940514639807580256. Emissor: Autoridade Certificadora SERPRORFBv5.
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE MINERAÇÃO
COORDENAÇÃO DE ASSUNTOS DE COBRANÇA (COORDENADORA)

DESPACHO n. 04284/2022/PFE-ANM/PGF/AGU

NUP: 48054.931415/2021-61
INTERESSADOS: OURO DO NORTE MINERACAO LTDA - EPP - ANDIRA MINERACAO
ASSUNTOS: MINERAÇÃO

1. Em atenção ao DESPACHO DE APROVAÇÃO n. 00028/2022/PFE-ANM/PGF/AGU (sequencial


4), registra-se concordância com a orientação constante no PARECER n. 00076/2022/PFE-ANM/PGF/AGU
sobre a inaplicabilidade do Decreto nº 9.406/2018 ao caso concreto.

2. Convém destacar que como prejudicial à questão do valor da multa aplicada por não
comunicar prontamente o início dos trabalhos de pesquisa tem-se a consumação de decadência
antes da lavratura do auto de infração.

3. Os prazos decadencial e prescricional aplicáveis à multa são os previstos na Lei nº


9.873/1999:

Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública


Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar
infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de
infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
§ 1o Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos,
pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante
requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade
funcional decorrente da paralisação, se for o caso.
§ 2o Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a
prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.
Art. 1o-A. Constituído definitivamente o crédito não tributário, após o término regular do
processo administrativo, prescreve em 5 (cinco) anos a ação de execução da administração
pública federal relativa a crédito decorrente da aplicação de multa por infração à legislação
em vigor. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
Art. 2o Interrompe-se a prescrição:
Art. 2o Interrompe-se a prescrição da ação punitiva : (Redação dada
pela Lei nº 11.941, de 2009
I - pela citação do indiciado ou acusado, inclusive por meio de edital;
I – pela notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por meio de
edital; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
II - por qualquer ato inequívoco, que importe apuração do fato;
III - pela decisão condenatória recorrível.
IV – por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa de tentativa de
solução conciliatória no âmbito interno da administração pública
federal. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
.Art. 2o-A. Interrompe-se o prazo prescricional da ação executória: (Incluído
pela Lei nº 11.941, de 2009)
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Incluído
pela Lei nº 11.941, de 2009)
II – pelo protesto judicial; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
III – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; (Incluído pela
Lei nº 11.941, de 2009)
IV – por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento
do débito pelo devedor; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
V – por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa de tentativa de
solução conciliatória no âmbito interno da administração pública
federal. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
(Grifos arescidos)

4. Firmada a premissa de que a infração ocorreu em 16/10/2013 (item 29 do PARECER n.


00076/2022/PFE-ANM/PGF/AGU), o DNPM (sucedido pela ANM) teria até 16/10/2018 para lavrar o auto
de infração respectivo. Contudo, a autuação ocorreu apenas em 20/05/2021, segundo consta no item 7
do PARECER n. 00076/2022/PFE-ANM/PGF/AGU. Com isso, houve decadência para apuração da infração
cometida em 16/10/2013, sendo recomendável a anulação de todos os atos administrativos a partir do
auto e infração (inclusive), tornando-se prejudicada a análise do recurso.
5. Diante do exposto e com base na competência delegada pela Portaria PFE/ANM nº 1, de
20/02/2020, aprovo parcialmente o PARECER n. 00076/2022/ PFE-ANM/PGF/AGU, de lavra
da Procuradora Federal Graziela Mayra Joskowicz Teodoro, ressaltando-se que a análise desta
Coordenação de Assunto de Cobrança restringiu-se à inaplicabilidade do Decreto nº 9.406/2018 ao caso
concreto e à consumação de decadência.

6. Encaminha-se à Coordenação de Assuntos Minerários da PFE-ANM para ciência, com


sugestão de restituição do processo à Gerência Regional da ANM/MG (consulente).

Natal, 06 de maio de 2022.

PAULA SUYLANE DE SOUZA NUNES


Procuradora Federal
Coordenadora de Assuntos de Cobrança

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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE MINERAÇÃO
COORDENAÇÃO DE ASSUNTOS MINERÁRIOS (COORDENADORA)

DESPACHO n. 04314/2022/PFE-ANM/PGF/AGU

NUP: 48054.931415/2021-61
INTERESSADOS: OURO DO NORTE MINERACAO LTDA - EPP - ANDIRA MINERACAO
ASSUNTOS: MINERAÇÃO

1. Ciente do DESPACHO n. 04284/2022/PFE-ANM/PGF/AGU, solicito ao Apoio que restitua


os autos ao Consulente - Gerente Regional da NM/MG.

Brasília, 09 de maio de 2022.

Kizzy Aídes Pinheiro Nogueira da Gama


Procuradora Federal
Coordenadora de Assuntos Minerários - PFE/ANM

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os normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o
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(a): KIZZY AIDES PINHEIRO NOGUEIRA DA GAMA. Data e Hora: 09-05-2022 09:28. Número de Série:
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