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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DO TRABALHO DA VARA DO

TRABALHO DE PONTA PORÃ/MS.

ZEFERINA PENAIO, já qualificada nos autos, vem, mui, respeitosamente, à presença


de Vossa Excelência, irresignado com a decisão interlocutória que julgou improcedente
o pedido de pesquisa patrimonial via SNIPER, vem, tempestivamente, com fulcro no
artigo 897, a, da CLT, interpor AGRAVO DE PETIÇÃO, requerendo que seja
recebido e, após instar a parte contrária para contrarrazoar, seja remetido para
julgamento na instância Superior.
NesteS termos, pede deferimento.
Ponta Porã/MS, 17/11/2022.

RADMILA DA ROCHA AIDAR


OAB/MS 15967

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 24° REGIÃO


RAZÕES DE AGRAVO DE PETIÇÃO.
AGRAVADO: ZEFERINA PENAIO
AGRAVANTE: ARCENIO MACHADO
VARA DE ORIGEM: TRT 24° REGIÃO VARA DO TRABALHO DE PONTA
PORÃ/MS.
PROCESSO N°:
1- DA TEMPESTIVIDADE:
O presente recurso encontra-se tempestivo, conforme art. 897 da CLT.
2- JUSTIÇA GRATUITA
A agravado não possui condições de pagar as custas e despesas do processo sem
prejuízo próprio ou de sua família, razão pela qual requer a concessão dos benefícios
da Justiça Gratuita, por ser o agravante pobre em sentido legal, conforme os
preceitos do Artigo 5°, LXXIV, da CF e art. 98 do CPC e declaração de
hipossuficiência.

3- DO CABIMENTO

Conforme tema n° 1 do TRT 5° Região, acerca do cabimento de agravo de


petição contra decisão interlocutória proferida em fase de execução.

AGRAVO DE PETIÇÃO. DECISÃO DE NATUREZA


INTERLOCUTÓRIA. NÃO CABIMENTO. EXCEÇÕES. Não
cabe agravo de petição contra decisão interlocutória, salvo
(i) imponha, de alguma forma, obstáculo intransponível ao
regular prosseguimento da execução; (ii) seja capaz de,
concretamente, causar gravame imediato à parte, não
impugnável por embargos à execução; ou (iii) contra decisão
que acolhe ou rejeita o incidente de desconsideração da
personalidade jurídica. Incidência do §1º do artigo 893 c/c os
artigos 897, "a", e 855-A, II, todos da CLT."

O indeferimento do pedido de pesquisa pela ferramenta SNIPER, é um obstáculo


intransponível ao regular prosseguimento da execução, tendo em vista, a ferramenta
estar disponível no TRT da 24° Região, sendo uma ferramenta indispensável para
destrancar e dar andamento ao prosseguimento do feito para garantir a satisfação dos
direitos que lhe foram reconhecidos, com a adoção de atos pelo Juízo para satisfação
das verbas deferidas na presente execução, para que sejam localizados ativos financeiros
e patrimoniais da executada, com a consulta a bancos de dados públicos e privados,
restando negativo as pesquisas patrimoniais básicas, requerendo a pesquisa via SNIPER.

4- SÍNTESE DOS FATOS:


Nos autos da presente execução, o agravante formulou pedido visando pesquisa na
ferramenta patrimonial disponíveis nas maiorias dos tribunais e no TRT24, chamada
SNIPER, ferramenta eletrônica em questão que visa informar bens do devedor e
cadeia de corresponsáveis patrimoniais, de modo a atender ao escopo da jurisdição
executiva que é a satisfação do crédito do exequente (art. 797 do CPC), de forma célere
e efetiva, à luz dos princípios constitucionais da efetividade da jurisdição e razoável
duração do processo (art. 5°, XXXV e LXXVIII, da CF88).
O MM Juiz Federal, por seu turno, indeferiu o pedido, conforme se observa do seguinte
excerto:
Vistos,
Indefiro o requerimento do autor de pesquisa por meio do
SNIPER, uma vez que não traz nenhum fato novo que leve a
crer que exista ocultação patrimonial das executadas. O Sniper,
ainda em formação, nada mais é que a unificação num único
banco de dados dos outros sistemas de pesquisas já
existentes, não estando, ainda, alguns integrados.
O pedido genérico, sem apontamento de algum indício
concreto de existência de patrimônio ou ocultação, ou
ainda, sem indicação do objetivo da utilização da ferramenta,
não representa elemento sólido para a utilização da ferramenta
em questão. Além do mais, não tem o efeito de interromper a
contagem do prazo prescricional.
Aguarde-se o prazo de ID 29f9fe1.
PONTA PORA/MS, 14 de novembro de 2022.
MARCELINO GONCALVES
Juiz do Trabalho Titular
A decisão merece reforma, pois foram exauridas sem sucesso as pesquisas básicas em
face do executado, notadamente, SISBAJUD, RENANJUD E CNIB, CERI, e
considerando que a execução tramita por tempo considerável, sem que haja
cumprimento da coisa julgada pela executada, requer que seja realizada a pesquisa
patrimonial pela ferramenta SNIPER.
Acerca da necessidade de o Poder judiciário envidar esforços na busca de efetividade da
tutela executiva por meio da pesquisa patrimonial, afirma a doutrina especializada de
Rafael Guimarães et al,
“ É certo, ademais, que o CPC, em seus arts. 524, VII e 798, II, “c”, preceitua que
incube ao exequente a indicação dos bens passiveis de penhora, porém ressalva em sua
parte final “sempre que possível”, mitigando, desta maneira, o encargo imposto ao
exequente. Isso implica dizer quer, nada obstante recaia sobre o credor o encargo de
indicar bens para garantia do seu crédito exequendo, o legislador, reconhecendo as
sérias limitações de pesquisa patrimonial do exequente, exorta ao Poder Judiciário que
franqueie acesso aos meios eletrônicos e demais diligências disponíveis para localização
e constrição patrimonial, tanto é assim que o art. 854 do Digesto Processo Civil prevê
expressamente a utilização de Sistema eletrônico (SISBAJUD) para busca e constrição
de ativos financeiros.
Assim sendo, esgotado os meios ordinários de localização de bens, e diante da notária
limitação dos meios de pesquisa patrimonial extrajudicial, o juiz tem o poder-dever de
dar efetividade e celeridade ao processo de execução, mediante a implementação de
investigação patrimonial por meio das ferramentas eletrônicas, indo ao encontro, aliás,
dos princípios da razoável duração do processo, que inclui, a atividade satisfativa (art.
4° do CPC) e o da cooperação (art. 6° do CPC), de tal sorte de que o juiz precisa envidar
esforços para alcançar resultados efetivos no procedimento executivo”. (GUIMARÃES,
Rafael; CALCINI, Ricardo; JAMBERG, Richard. Execução trabalhista na prática, 2°
ed. Leme-SP: Mizuno, 2022, pp. 742/473).
Assim, a medida imposta, desatendeu o princípio da efetividade, pois não se mostra útil
ao cumprimento da obrigação patrimonial imposta nestes autos. Assim, a medida
postulada se faz necessária.
Por tudo isso, o agravante requer a reforma da decisão proferida em fase de execução,
para deferir o pedido de pesquisa patrimonial vis SNIPER.
DOS PEDIDOS:

Diante do exposto, requer que seja provido o presente agravo de petição, em virtudes
dos fatos devidamente delineados na presente petição, para deferir a pesquisa de ativos
patrimoniais via ferramenta SNIPER, pois a manutenção dessa situação viola o direito
fundamental de acesso ao judiciário do agravante, além de se tratar de medida indevida
que não implica em ônus as partes para o fiel cumprimento da obrigação.
Ponta Porã/MS, 18/11/2022.
RADMILA DA ROCHA AIDAR
OAB/MS 15967

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