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Inversor de frequência na análise

de vibrações
BTM-11
Quando falamos de controle de rotação de motores elétricos, antigamente a
melhor opção era os motores de corrente contínua. Com a criação do inversor de
frequência, os motores elétricos de corrente contínua estão cada vez menos
presente na indústria. No início, os inversores de frequência eram mais utilizados
em equipamentos de processo onde havia a necessidade de controle de rotação.
Hoje outras aplicações estão sendo descobertas para os inversores de frequência e
eles estão cada vez mais presentes.

O problema desses equipamentos é que eles geram sinais no motor elétrico e


esses sinais muitas vezes são confundidos com defeito de rolamento ou até
mesmo com problema elétrico no motor.
Nessa aula vamos entender o sinal gerado por um inversor e vamos aprender a
distinguir o sinal de um inversor de um sinal de defeito de rolamento.

Como funciona um inversor

No que diz respeito ao funcionamento do inversor, não vamos


explicar a fundo o trabalho de um inversor, vamos discutir
apenas a parte que afeta a análise de vibrações.

De forma simplificada, o inversor de frequência cria uma onda


com uma frequência desejada para controlar a rotação de um
motor de corrente alternada.

Para desenhar essa onda, o inversor dispara pulsos de alta


frequência chamada de frequência de chaveamento. Com
esses pulsos, é traçada uma onda com uma frequência,
chamada frequência de saída ou frequência fundamental, que
irá controlar a rotação do motor. Para fins de exemplo vamos
considerar uma frequência de chaveamento de 2000Hz e
uma frequência de saída de 30Hz. Assim a forma de onda de
saída do inversor fica conforme ilustrado na imagem.
O período de 0,0005s refere-se à frequência de chaveamento que no nosso
exemplo é de 2000Hz e o período de 0,033s refere-se à frequência de saída do
inversor, no exemplo de 30Hz. Essa frequência de saída é a que vai comandar o
motor, no caso o motor trabalharia com a metade da rotação, considerando uma
frequência de rede nominal de 60Hz. Se alterarmos a frequência de chaveamento
para 4000 Hz, por exemplo, e mantivermos a frequência de saída de 30Hz, o
motor continuará trabalhando com a metade da rotação nominal. A frequência de
chaveamento não comanda a rotação do motor, o que comanda o motor é a
frequência de saída.

Sinal de um inversor num motor elétrico

Um motor elétrico alimentado por um inversor de frequência irá vibrar na


frequência de chaveamento. É muito comum a frequência de chaveamento de um
inversor trabalhar entre 2kHz e 10kHz. Essa faixa está dentro da capacidade de
audição humana. É possível ouvir o “zumbido” no motor elétrico produzido por um
inversor de frequência. Podemos também capturar esse sinal da frequência de
chaveamento com um acelerômetro fixado no mancal do motor

A seguir temos um motor de 4 polos trabalhando a 1790, ou seja, um inversor com


frequência de saída nominal em 60Hz.
Os espectros seguintes mostram os sinais do inversor de frequência que alimenta
esse motor medido por um acelerômetro fixo no mancal do motor em duas
configurações diferentes:

Frequência de chaveamento – 5000Hz


Frequência de saída – 60Hz

Frequência de chaveamento – 7000Hz


Frequência de saída – 60Hz
Observando os dois espectros nota-se claramente as frequências de chaveamento
de 5000Hz e 7000Hz (frequências nominais) com bandas de laterais de 2 x a
frequência de saída, ou seja, 120Hz (frequência de saída nominal). As frequências
de chaveamento está como “Freq.” e as bandas laterais como “Delta” em ambos os
espectros.

Visto ambos os espectros sobrepostos na mesma tela, temos:

O espectro em azul é com a frequência de chaveamento em 5000Hz e o espectro


em vermelho com frequência de chaveamento em 7000Hz. Repare como o sinal se
desloca da região de 5000Hz para a região de 7000Hz, mas as bandas laterais
continuam em 2 x a frequência de saída de 60Hz, ou seja, 120Hz.

Frequência central com bandas laterais significa modulação. Quem modulando com
quem? A frequência central (frequência de chaveamento) modulando com a
frequência das bandas laterais (duas vezes a frequência de saída). Esse sinal de
modulação é característico do inversor e não está necessariamente atrelado a um
defeito.
Sinal de um inversor no envelope

Como visto no tópico anterior, o inversor de frequência gera um sinal de vibração


modulado na carcaça do motor. A aplicação da técnica de envelope envolve, entre
outros passos, a demodulação de sinal. A demodulação irá mostrar a frequência
moduladora e seus harmônicos. No caso de um inversor essa frequência
moduladora será de duas vezes a frequência de saída do inversor.

Observe os seguintes espectros de envelope.

Espectro de envelope – Frequência de chaveamento de 5000Hz e frequência de


saída de 60Hz
Espectro de envelope – Frequência de chaveamento de 7000Hz e frequência de
saída de 60Hz

Não interessa se a frequência de chaveamento é de 5000Hz ou de 7000Hz, em


ambas as situações, o envelope exibe duas vezes a frequência (120Hz) de saída e
seus respectivos harmônicos. Isso porque a faixa de filtro de envelope de ambas as
medições abrange tanto a frequência de 5000Hz como a de 7000Hz.

O grande problema é que, em muitas situações, essas frequências geradas pelo


inversor dentro do envelope, coincidem com frequências de defeito do rolamento.
No caso apresentado, o rolamento é um 6212 da SKF e a frequência do inversor
gerada dentro do envelope coincide com a frequência de defeito da pista externa do
rolamento.

Espectro de envelope – Frequência de chaveamento de 5000Hz e frequência de


saída de 60Hz
Espectro de envelope – Frequência de chaveamento de 7000Hz e frequência de
saída de 60Hz

Para diferenciarmos se esse sinal dentro do envelope é proveniente de um defeito


de rolamento ou de um sinal gerado por um inversor, devemos observar o espectro
de aceleração. O sinal característico de defeito de rolamento dentro do espectro de
aceleração é um sinal ruidoso, muito diferente de um sinal elétrico. No sinal de
defeito de rolamento temos um sinal com carpete destacado, num sinal elétrico
temos picos muito bem definidos e um espectro com um desenho como se fosse
traçado por uma régua.
O sinal da imagem acima é proveniente de um inversor. Note que as frequências
estão muito bem definidas e são muito retilíneas como se fossem traçadas com
uma régua.

O sinal do espectro abaixo é ruidoso, não possui picos tão bem definidos como num
sinal elétrico e o carpete é elevado. Esse tipo de sinal é proveniente de atrito. O
atrito por si só é característico de operação do rolamento, não caracterizando
necessariamente um defeito. Para se fechar o diagnóstico de defeito de rolamento
devemos observar também as frequências presentes no envelope.
Resumindo, quando num motor elétrico detectamos dentro do envelope uma
frequência que coincide com alguma das frequências de defeito do rolamento, isso
pode estar sendo gerado pelo inversor e sem o espectro de aceleração não dá para
fecharmos o diagnóstico de defeito de rolamento.
skf.com.br

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