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ESPECTRO

DA CORRENTE
ELÉTRICA
INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos, os problemas das barras do rotor têm sido um desafio
de diagnóstico para os profissionais de manutenção de motores. Na
condição das bobinas de um estator, é relativamente fácil a inspeção da
condição externamente, sem envolver a abertura do motor.

Mas e quanto ao rotor? Até pouco tempo, o único recurso disponível era
a desmontagem do rotor para inspecioná-lo. Com avanço da tecnologia,
hoje já possível fazer a inspeção da condição de um rotor de um motor
assíncrono com o motor montado e em operação.

Nessa aula, vamos falar do espectro da corrente elétrica, uma ferramenta


excelente para saber a condição das barras de um motor assíncrono.
CÁLCULO DE FREQUÊNCIAS
Existe, basicamente, dois tipos de motores de corrente alternada que são os motores
síncronos e os assíncronos. Motores síncronos são aqueles cuja rotação de eixo
do motor é igual à rotação de campo ou frequência síncrona. Motores assíncronos
ou motores de indução, que são a maioria dos motores de corrente alternada,
são aqueles cuja rotação de eixo é menor que a rotação de campo. Nos motores
assíncronos, existem algumas frequências que necessitam ser conhecidas para
podermos analisar um espectro de corrente elétrica.

Frequência síncrona ou rotação do campo girante - rotação do campo girante


se refere à rotação do campo magnético gerado nas bobina do estator do motor:

Onde: Ns - frequência síncrona


Ns = (2 x Fr) / Np Fr - frequência de rede (no Brasil é 60Hz ou 7200 RPM)
Np - número de polos

Frequência de escorregamento é a diferença entre a rotação do campo girante e


a rotação do eixo do motor:
Onde: Fesc - frequência de escorregamento
N - rotação do motor
Fesc = Ns – N
Obs.: a rotação do campo girante e a de eixo do motor devem
estar na mesma unidade, ou ambas em Hz ou em RPM.

Frequência de passagem de polos se refere à frequência com que os polos


passam por um ponto de referência no rotor:

Onde: Fp - frequência de passagem de polos


Fp = Np x Fesc Np - número de polos
ONDE COLETAR A MEDIDA DE CORRENTE
Medidas de análise de corrente podem ser coletadas na fase principal ou no
secundário do circuito (após o TC - Transformador de Corrente). A coleta no circuito
secundário do motor é a preferida por ser um método mais seguro. Ele tem usualmente
uma baixa amperagem e é normalmente de fácil acesso no painel do motor. Se as
medidas são coletadas no circuito secundário, a corrente transformada tem uma
capacidade de no máximo 10 amperes e deveria coletar com um melhor transdutor,
já que será mais preciso no range que um transformador maior, o qual pode ter uma
capacidade de até 750 amperes.
Lembrando que, quando fazemos a coleta após o TC, devemos anotar o fator de
multiplicação que estará indicado no próprio TC. Esse fator servirá para verificar a
corrente real dos cabos ou barramentos e compará-los com o valor coletado e o valor
mostrado no próprio TC.

Na coleta de dados, pode ser feita uma fase de cada vez e comparar o resultado.
Se não for possível a coleta no secundário ou se não é de fácil acesso, as coletas
deveriam ser feitas a partir do primário, fazendo a coleta de uma das fases de cada
vez, tendo cuidado com corrente do circuito. Coletando-se no Painel, basta uma
coleta para se ter o resultado desejado, ganhando tempo nas análises dos resultados.
Para se verificar desbalanceamento entre as Fases, é necessário realizar a coleta
nas 3 Fases R, S e T.

Esquema de ligação motor elétrico Coleta realizada no painel elétrico


Caso não seja possível realizar as
medições no painel elétrico, podemos
fazer a coleta na própria caixa de
ligação do motor. Como para as outras
coletas, realizar a medição somente
com o acompanhamento de um
profissional especializado e habilitado
para realizar a abertura e fechamento
da caixa de ligação, lembrando que
esse procedimento deverá ser seguido
somente em casos extremos e não como
rotina. Coleta na caixa de ligação do motor

PROBLEMAS DE BARRAS INTERROMPIDAS


A SKF comercializa coletores e acessórios para se detectar problemas de Barras
Trincadas ou em Curto. Esse recurso faz um medição de Zoom em torno da Frequência
da Rede (FL - 60 Hz) para verificar o aparecimento de bandas laterais da Frequência
de passagem de polos modulando a FL e comparar com valores de Alarme. (ver
Tabela de Severidade).

Outra maneira de detectar esse problema com outros coletores utilizando a pinça/
alicate amperímetro e configurar a medição de Zoom no software de monitoramento
para a medição em rota. Medições de envelope com filtro 1 (5 a 100 Hz - SKF) também
auxiliar a identificar e confirmar a presença da frequência de passagem de polos
modulando a frequência de rede.

A seguir, demonstramos um exemplo de utilização da medição específica da corrente


com Microlog Analyzer.
Defeito de barras quebradas detectado com espectro
da corrente elétrica
Alguns dados são necessários para realizar os cálculos e configurar a medição no
coletor

Tabela Rotações Síncronas de Motores Elétricos

Número de Polos Rotação Síncrona

2 3600 RPM

4 1800 RPM

6 1200 RPM

Espectro de Zoom
Onde: d = Núm. Polos x Freq. de Escorregamento
Escorregamento = RPM Síncrono - RPM Real
RPM Real => Medido no espectro

Aplicar a Fórmula: Tolerâncias: X > 45 dB (OK)


35 < X < 45 dB (A1)
X = 20* Log (A/B) (dB) X < 35 dB (A2)
PROCEDIMENTO DE CONFIGURAÇÃO DO PONTO
Tipo ponto: volts (CA) Fundo escala: 5
Detecção: 0 a pico FFT
Auto captura: sempre Tipo frequência: Faixa fixa
Rotação: Não interessa Linhas: 400
Quantidade armazenamento: 24 Médias: 1
Janela: Hanning Frequência inicial: 0Hz
Frequência final: 100Hz Valor global método armazenagem: Desligado
Bandas: não FAM: não
Entrada mV/UE: 60A = 10 mv/A (neste caso que foi utilizado a
escala de 60)

Obs.: Caso Citrosuco Entrada mV/EU: 10 mV/A


Obs.: Os valores de amplitude no espectro são dados em Volts.
Caso prático - Bomba Centrífuga 12-4303 Fábrica II

O motor da bomba apresentou vibrações em 2 x FL, 120 Hz, com amplitude de


3,19 mm/s RMS (imagem abaixo). Por meio desse espectro também conseguimos
medir com mais precisão a rotação real do motor.

Espectro de Velocidade (mm/seg) – Mancal 2 – Motor LA


Abaixo, temos o espectro abaixo da corrente do motor. Foi detectada a presença da
frequência de passagem de polos modulando a frequência da rede.

Espectro da corrente na fase R do Motor – escala linear

Espectro da corrente na fase R do Motor – escala log


PROCEDIMENTO PARA CALCULO DE db
Motor 2 polos
Rotação Real medida no espectro = 3489 RPM
Rotação Síncrona = 3600 conforme tabela (não pegar o da placa do motor ex.: 3500).
Frequência de Escorregamento: 3600 – 3489 = 111 RPM x 2 polos = 222 RPM
D = 222, portanto é a diferencia entre A e B
A/B = 32,89 dividido por 5,70 = 5,77 (divide a amplitude de A pela de B)
5,77 Log = 0,761189 * 20 = 15,22378 db.

Tabela de severidade para espectro da corrente elétrica

CAT No. FL Fp dB FL Fp RATIO FL Fp RATIO % COND. DO ROTOR AÇÃO REC.

1 > 60 dB >1000 <0,10 Excelente -

2 54-60 501-1000 0,10-0,20 Bom -

Inspeções contínuas,
3 48-54 251-501 0,20-0,40 Moderado tendência somente

Quebra das barras por Reduzir inspeções,


4 42-48 126-251 0,40-0,79 problema de solda tendência fechada

2 barras de rotores Análise de vibrações


5 36-42 63-126 0,79-1,58 quebrados ou trincados; confirma o problema
problemas de solda e severidade

Muliplos de quebra ou trinca


6 30-36 32-63 1,58-3,16 de barras de rotores ou anéis; Inspeção ASAP
problema de solda

Quebra de multiplas barras de


7 <30dB <32 >3,16 rotores ou anéis, problemas Inspeção ASAP
severos

Tabela de severidade do problema de barras quebradas no espectro da corrente elétrica


Note que o valor obtido no cálculo ficou em 15,22dB, abaixo de 30dB, o diagnóstico
é de quebra de múltiplas barras e a recomendação é inspecionar o quanto antes.

Obs.: foi solicitada a substituição do motor, sendo identificado posteriormente o problema de


quebra de barras dele, conforme mostrado abaixo.

Imagem das barras quebradas do motor


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