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05/12/2019 Walter Clark – Wikipédia, a enciclopédia livre

Walter Clark
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Walter Clark Bueno (São Paulo, 14 de julho de 1936 — Rio de
Walter Clark
Janeiro, 24 de março de 1997) foi um importante produtor e executivo
da televisão brasileira.[1]

Índice
Carreira
Começo na televisão
TV Globo
Saída da TV Globo
Carreira no cinema
Clark em 1971
Volta à televisão
Nome completo Walter Clark Bueno
Morte
Nascimento 14 de julho de 1936
Filmografia São Paulo (SP)
Referências Morte 24 de março de
1997 (60 anos)
Bibliografia
Progenitores Mãe: Lúcia Clark
Ligações externas Pai: Milton Nascimento
Bueno
Parentesco Lilian Clark (irmã)

Carreira Ocupação Produtor e executivo da


televisão
Principais Direção-geral da Rede
trabalhos Globo
Começo na televisão
Walter Clark Bueno e sua irmã mais nova, Lilian Clark Bueno, eram filhos de Milton Nascimento Bueno, técnico em
eletrônica, e de Lúcia Clark, dona de casa. A família morava em São Paulo, mas, quando Walter tinha seis anos, se
mudou para o Rio de Janeiro. Com 16 de idade, começou a trabalhar na Rádio Tamoio, de Assis Chateaubriand, como
auxiliar e secretário do radialista Luís Quirino. Mais tarde, foi contratado pela agência Interamericana e passou a
trabalhar em publicidade.[1]

Em setembro de 1956, contratado pela TV Rio para o cargo de assessor comercial, iniciou sua carreira na televisão.
Desempenhou diversas funções chegando ao cargo de principal executivo da antiga emissora, de onde só saiu quase
dez anos mais tarde, em dezembro de 1965, para assumir a direção da TV Globo.[1]

TV Globo
Contratado por Roberto Marinho, tornou-se primeiro diretor-executivo, depois diretor-geral da TV Globo com o
objetivo de reestruturar o setor comercial e, sobretudo, reformular a programação. A TV Globo havia sido inaugurada
oito meses antes, em abril de 1965. Até aquele momento, a emissora apresentava modestos pontos de audiência no Rio
de Janeiro, ficando atrás da própria TV Rio, da TV Excelsior e da TV Tupi.[1]

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Já em fevereiro de 1966, foi iniciada a virada da TV Globo. Por determinação dele, a emissora interrompeu sua
programação durante três dias para realizar a cobertura completa das enchentes que então atingiram a cidade do Rio
de Janeiro. Graças a uma campanha de assistência à população desabrigada, batizada SOS Globo, a TV Globo, que já
vinha apresentando sensíveis melhoras nos seus índices de audiência, ganhou definitivamente a simpatia do público
carioca.[1]

Em março de 1967, foi o responsável pela contratação de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, para o cargo de
superintendente de produção e programação. Ele já haviam trabalhado juntos na TV Rio. Boni o ajudaria a implantar
o modelo de programação que levou a TV Globo ao posto de líder de audiência no país e, juntos, trouxeram para a
emissora a noção de continuidade.[1]

Foi deles a ideia de levar ao ar um programa jornalístico intercalado entre duas novelas, na faixa de programação
considerada o horário nobre, o Jornal Nacional, que foi idealizado por Armando Nogueira, também convidado por
Walter para ir para a TV Globo e que se tornou diretor de jornalismo após um mês na emissora.[2]

Também foi obra dos executivos a estruturação do núcleo de novelas da TV Globo e a criação de diversos programas de
grande sucesso, como o "Fantástico", em 1973, e o "Globo Repórter", também em 1973, entre outros.[1]

Walter privilegiou, ainda, a linha de shows da emissora, valorizando eventos como o "Festival Internacional da
Canção" (1967), cujas edições eram transmitidas ao vivo do ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, e criando
programas como o "Globo de Ouro" (1966), baseado em "Astros do Disco", um antigo sucesso da TV Rio.[1]

“ Walter Clark foi um extraordinário profissional. Foi meu grande parceiro no sonho de fazer uma
televisão brasileira de qualidade. Tentamos juntos na TV Rio. Eu tentei com o apoio de
Cassiano Gabus Mendes no telecentro da TV Tupi. Depois o Walter me convidou para uma
nova tentativa. Foi o Walter que me trouxe para a Globo. Com o Walter, o Joe Wallach e um
grupo de excelentes profissionais conseguimos realizar boa parte do nosso objetivo. Sempre
tive admiração pela capacidade do Walter em perceber o futuro da televisão como uma
realidade muito próxima e correr para atingi-lo rapidamente. ”
Saída da TV Globo
Deixou a TV Globo em maio de 1977 após a intervenção direta de Roberto Marinho, a época diretor-presidente das
Organizações Globo e responsável pela contratação de Walter Clark.[4]

O salário mensal de Walter foi estimado à época em 1,5 milhão de cruzeiros e, após sua saída, iniciou-se uma disputa
interna entre José Ulises Arce (superintendente de Comercialização), Joseph Wallach (superintendente de
Administração) e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, que chefiava três setores vitais (Programação, Produção
e Engenharia) para ocupar seu cargo na direção-geral da emissora.[4]

Depois que a emissora passou a funcionar e atingiu uma posição de liderança, tornou-se uma figura quase decorativa,
atuando como relações públicas da empresa, fazendo apenas política. Se por um lado essa situação desagradava Clark,
por outro lhe permitia um alto padrão de vida: adquiriu carros importados (um Mercedes-Benz e uma Ferrari); uma
cobertura duplex na lagoa Rodrigo de Freitas (com 1 200 metros quadrados); uma lancha de 37 pés ("Cinderela" - que
era considerada um imóvel, não um barco); uma casa em Angra dos Reis, com praia particular; outra casa em Itaipava.
Em seu apartamento, encontravam-se móveis coloniais, poltronas modernas, porcelana chinesa, pequenas esculturas
egípcias em ferro, estátuas de budas autênticos, bichos javaneses, tapetes persas, elefantes em louça da Índia. Nas
paredes, quadros de Manabu Mabe, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, João Câmara Filho, Djanira
da Motta e Silva, além de quatro reproduções de Victor Vasarely assinadas.[4]

Entretanto o momento político do país exigia austeridade e os jornais estavam atentos como os gastos do governo com
as mordomias, somado às constantes notícias de sua presença nos mais caros restaurantes e boates, desagradava
Roberto Marinho, já incomodado com o prestígio e a popularidade dele, que, por seu trabalho tinha seu nome mais
ligado à Rede Globo que o próprio proprietário.[4]
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Por esses e outros fatos (e algum folclore), nos seis meses anteriores a saída, tanto Marinho quanto Clark já sabiam
que o relacionamento profissional entre eles caminhava para um desenlace, oficializado na tarde do sábado, 28 de
maio, por duas cartas com elogios mútuos, uma assinada por Clark e outra por Marinho - e, comentava-se, escritas por
uma mesma pessoa, Otto Lara Resende, também diretor da Globo.[4]

“ Pedi para sair e, afinal, o Roberto concordou. Essa decisão já vinha sendo amadurecida há
cerca de um ano. Nos últimos meses, os entendimentos começaram a ser estabelecidos no
sentido de se estudar uma maneira pela qual eu pudesse ser dispensado da Globo. Finalmente
agora tudo terminou da forma mais elegante possível para todos os lados, sem ressentimentos,
sem rancores. ”
Carreira no cinema
Afastado da televisão, teve uma breve carreira como produtor de cinema, produzindo alguns clássicos como "Bye Bye
Brasil" (1979), de Cacá Diegues, e "Eu Te Amo" (1980), de Arnaldo Jabor, cujas sequências foram filmadas no interior
do apartamento do próprio Walter Clark. Também tiveram sua produção – em associação com Luiz Carlos Barreto –
os filmes "A Estrela Sobe" (1974), de Bruno Barreto, "Guerra Conjugal" (1975), de Joaquim Pedro de Andrade, e "O
Crime do Zé Bigorna" (1977), de Anselmo Duarte e Lauro César Muniz.[1]

Volta à televisão
Voltou a trabalhar na televisão, em 1981, como diretor-geral da Rede Bandeirantes, cargo que ocuparia até o ano
seguinte. Em 1988, trabalhou novamente na TV Rio, e escreveu – com o jornalista Gabriel Priolli – sua autobiografia,
"O Campeão de Audiência", publicada em 1991. Entre 1991 e 1992, presidiu a Fundação Roquete Pinto, depois de ter
sido vice-presidente do Clube de Regatas do Flamengo.[5]

Morte
Morreu na madrugada de 24 de março de 1997 no seu apartamento que ficava na Lagoa, zona sul do Rio de Janeiro.[3]

O corpo do empresário foi encontrado por volta das 9 horas da manhã pelos empregados, que estranharam o fato dele
não ter pedido os jornais, como fazia todos os dias. Como ninguém respondeu, após os empregados bateram na porta
do quarto, eles a arrombaram e encontraram o corpo do empresário na cama. Os bombeiros foram acionados e estes
acionaram a Polícia Militar que aguardaram os peritos da Polícia Civil até o meio-dia, mas esta presença foi
dispensada com a chegada do médico particular de Clark, o clínico geral Tanus Someson Tauk.[3]

O médico assinou o atestado de óbito, indicando que a morte ocorreu, provavelmente, por volta das três horas da
madrugada, enquanto Walter dormia. Segundo o laudo, a causa da morte foi insuficiência cardíaca e respiratória. O
estado de saúde dele era bem delicado, em função da hipertensão arterial que tinha sido detectada havia quatro
anos.[3]

Walter Clark teve grande participação na primeira década de crescimento da TV Globo. Sua
criatividade e sua sensibilidade contribuíram bastante para o êxito então alcançado, pois ocupou
posição de decisiva relevância na empresa. É uma lástima que desapareça tão prematuramente e
todos nós, antigos companheiros, muito deploramos a sua morte
— Roberto Marinho sobre a morte de Walter Clark[3]

Filmografia
Essa foi a carreira como produtor de cinema:[6]

Ano Filme Função Notas e premiações

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1974 A Estrela Sobe Produtor
1975 Guerra Conjugal Produtor associado
1977 O Crime do Zé Bigorna Produtor associado
1979 Bye Bye Brasil Produtor associado
1979 Amor Bandido Produtor
1981 Eu Te Amo Produtor

Referências
1. «Walter Clark» (http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYP0-5271-256116,00.html). Memória
Globo. Consultado em 16 de maio de 2010
2. «Armando Nogueira» (http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYP0-5271-258985,00.html).
Memória Globo. Consultado em 19 de maio de 2010
3. «Morre no Rio Walter Clark» (http://www1.folha.uol.com.br/fol/cult/cu24031.htm). Folha Online (arquivo). 24 de
março de 1997. Consultado em 16 de maio de 2010
4. «A nova imagem da Globo» (http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/130803/imagem_globo.html). Veja Online. 8
de junho de 1977. Consultado em 17 de maio de 2010
5. «Biografia de Walter Clark» (http://www.museudatv.com.br/biografias/Walter%20Clark.htm). Museu da TV.
Consultado em 16 de maio de 2010
6. «Walter Clark» (http://www.imdb.pt/name/nm0164600/). IMDb. Consultado em 17 de maio de 2010

Bibliografia
Clark, Walter; Priolli, Gabriel (1991). O campeão de audiência. Uma autobiografia. São Paulo: Summus Editorial.
400 páginas. ISBN 9788532310354

Ligações externas
Walter Clark (https://www.imdb.com/name/nm0164600/) (em inglês) no Internet Movie Database
Perfil (http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYP0-5271-256116,00.html) (em português) no
Memória Globo
Perfil (http://www.museudatv.com.br/biografias/Walter%20Clark.htm) (em português) no Museu da TV
Morre, aos 60 anos, Walter Clark (http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1235697-7823-MORRE+A
OS+ANOS+WALTER+CLARK,00.html) (em português) na Globo Vídeos

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