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CINEMA NOVO – BRASIL

O movimento que surgiu no país em 1960, influenciado pela Nouvelle Vague e


Neorrealismo Italiano está entre os mais inovadores e revolucionários da história da
“sétima arte” no mundo. Após a Revolução Militar de 1964, o movimento teve seu ápice
com a criação de inúmeros documentários que trouxeram questionamentos sociais em
suas temáticas, tendo em vista o descontentamento em relação às questões políticas e
sociais do país naquele momento, por alguns cineastas. O intuito do Cinema Novo era
dar uma resposta ao sucesso do cinema tradicional no país no fim da década de 1950,
que se resumia a produções ao estilo de Hollywood, com musicais, comédias e histórias
épicas produzidos na maioria das vezes, com recursos estrangeiros.

Assim, a primeira manifestação dessa vontade de mudar o rumo do cinema


nacional, ocorreu em 1952, com a organização do I Congresso Paulista de Cinema
Brasileiro. Com o conceito “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, um grupo de
cineastas – muitos com histórias junto ao jornalismo, trouxe a vontade de passar a
discutir em suas produções, problemas e questões relacionadas à realidade nacional,
utilizando uma linguagem inspirada em traços da cultura nacional popular. Quer dizer, a
proposta era trazer temáticas fortes da atualidade brasileira, mesmo sem recursos para
uma grande produção cinematográfica. A partir disso, em 1955 foi exibido o primeiro
filme do movimento: “Rio 40 graus”, de Nelson Pereira dos Santos. O filme apresentava
narrativa simples, com personagens e cenários que traziam um panorama da cidade,
capital do país na época.

O movimento Cinema Novo pode ser dividido em duas fases. A primeira que se
caracteriza entre 1960 e 1964, com filmes como “Vidas Secas”, de 1963, “Os fuzis”, de
1963 e, principalmente, “Deus e o diabo na Terra do Sol”, de 1964, que projetaram o
movimento do Cinema Novo no cenário internacional, sendo o último lançado no Festival
de Cannes e indicado à Palma de Ouro. Entre os principais nomes do movimento
estavam Cacá Diegues, Paulo César Saraceni, Luiz Carlos Barreto, Glauber Rocha e
Nelson Pereira dos Santos. É importante destacar que, foi o filme “Os cafajestes”, de
1962, de Ruy Guerra, que realmente fez chegar o movimento ao grande público
brasileiro.

Cabe salientar ainda que, em 1963, a obra literária Revisão Crítica do Cinema
Brasileiro, de Glauber Rocha, procurava estabelecer os objetivos do movimento e seus
princípios estéticos, no intuito de realizar um cinema mais autônomo economicamente,
popular e realista.

A segunda fase do movimento ocorreu entre 1964 e 1968 e direcionou o foco à


instalação da Ditadura Militar no país, criando um cinema mais direto, com conteúdo
diretamente ligado aos questionamentos sociais (SOUSA, 2020). Nesse período, o
destaque é das produções “Maioria Absoluta” de Leon Hirszman, “Integração Racial”, de
Paulo César Saraceni, “O circo”, de Arnaldo Jabor, “O desafio” (1965), “Terra em transe”
(1967) e “O bravo guerreiro” (1968) também são destaque no cinema novo, diante de
uma perspectiva dos discursos desenvolvimentista e da ordem social que ocorria diante
da ditadura militar.

A partir de 1968, a produção caraterística do movimento sofre grande queda em


consequência da ditadura e do exílio de alguns diretores, como Glauber Rocha. Outros
nomes se adaptaram às novas oportunidades, que surgiam no contexto da indústria
cultural em nosso país.

Acompanhe, no quadro a seguir, os principais diretores e suas obras do


movimento.

QUADRO – FILMES CINEMA NOVO BRASILEIRO


DIRETOR FILMES ANO DE PRODUÇÃO
* Barravento 1962
*Deus e o Diabo na Terra 1964
do Sol
Glauber Rocha *Terra em Transe 1967
*O dragão da Maldade 1968
*Contra o Santo
*Guerreiro
Nelson Pereira dos *Vidas Secas 1963
Santos *Como era gostoso o 1971
meu francês
Cacá Diegues Ganga Zumba 1963
Miguel Borges Maria Bonita, 1968
Rainha do Cangaço
Joaquim Pedro de Andrade Macunaíma 1969

Leon Hirszman Garota de Ipanema 1967


Marcos Farias, Miguel
Borges, Leon Hirsman, Joaquim Cinco Vezes Favela 1962
Pedro de Andrade e Caca
Rui Guerra Os fuzis 1964
FONTE: <https://www.aicinema.com.br/>. Acesso em: 8 abr. 2021.

NOVA HOLLYWOOD
A crise cinematográfica que assolou os estúdios norte-americanos após a década
de 1960, teve grande impacto nas companhias de cinema quando, então perderam
milhões de dólares. Diante do desafio, a indústria cinematográfica americana se
reinventou e passou a focar sua produção em um novo público: os jovens, seguindo
tendências da contracultura da época. Assim, nasceu o movimento denominado Nova
Hollywood.

A partir do movimento, a produção dos filmes passou a ser mais ousada


tecnicamente e através de temas com violência e até mesmo apelo sexual. Como
exemplo, podemos indicar o icônico “Bonnie & Clyde, uma rajada de balas”, de Arthur
Penn. O até então conhecido “Código de produção”, que controlava toda a produção
cinematográfica da época dizendo o que era ou não moralmente aceitável nos filmes, foi
totalmente substituído pela censura de idade. E assim, segue até hoje essa classificação,
e abrindo as portas para o mais importante movimento cinematográfico da história de
Hollywood.

Os diretores, que revolucionaram o modo de fazer cinema em Hollywood,


passaram a ser chamados de “Moleques do cinema” (Movie brats), pois eles inovaram
criando técnicas e aperfeiçoando estratégias narrativas hollywoodianas tradicionais. Em
1969, Dennis Hopper e Peter Fonda lançaram o road-movie “Sem destino”, redefinindo
toda a forma de fazer cinema. A produção é considerada o símbolo da contracultura,
característica daquela época.
Claramente inspirados pelo movimento “Nouvelle Vague”, a imagem do poderoso
produtor foi substituída pela imagem do diretor, sendo este a figura criativa da criação
do filme e que até hoje tem sua função glamourizada. As consequências do movimento
foi que os estúdios acabaram demitindo produtores de meia-idade e firmaram contrato
com produtoras independentes, no intuito de realizar filmes de baixo orçamento e dar
liberdade de criação para os novos diretores que vinham surgindo (AICINEMA, 2020).

Entretanto, toda a energia, criatividade e liberdade dos jovens diretores que


chegaram ao estrelato, perdeu o controle em razão do abuso de drogas, sexo e a
autodestruição, que fez com que o grande movimento cinematográfico, que revolucionou
Hollywood durasse apenas 13 anos, encerrando-se no início dos anos 1980, com o
fracasso do filme “Portal do Paraíso”, de Michael Cimino (CINEMA E DEBATE, 2020).

Veja agora o quadro com a relação das principais obras e diretores que marcaram
o movimento Nova Hollywood.

QUADRO – FILMES NOVA HOLLYWOOD


DIRETOR FILMES ANO DE PRODUÇÃO
Arthur Penn Bonnie e Clyde 1967
Mike Nichols A primeira noite de um 1967
homem
Franklin J. Schaffner O planeta dos macacos 1968
Roman Polanski O bebê de Rosemary 1968
Dennis Hopper Sem destino 1969
Robert Altamn M.A.S.H. 1970
Stanley Kubrick Laranja mecânica 1971
Francis Ford Coppola O poderoso chefão 1972
George Roy Hill Golpe de mestre 1973
William Friedkin O exorcista 1973
Steven Spielberg Tubarão 1975
Milos Forman Um estranho no ninho 1975
Martin Scorsese Taxi driver 1976
John Carpenter Assalto a 13DP 1976
George Lucas Guerra nas estrelas 1977
Ridley Scott Alien – O oitavo 1979
passageiro
Stanley Kubrick O iluminado 1980
Brian de Palma Vestida para matar 1980
FONTE: A autora

DOGMA 95
Esse movimento, como o próprio nome já diz, surgiu em 1995, estabelecendo
regras cinematográficas baseadas em valores tradicionais, impondo regras técnicas e
éticas bem específicas. Para receber essa classificação, as filmagens deveriam ser
sempre realizadas em locais externos, excluindo qualquer objeto cenográfico. O som
deveria ser captado apenas no momento da gravação, não podendo trabalhar em pós-
produção (INSTITUTO DE CINEMA, 2020).

Tais imposições possibilitaram colocar, novamente nas mãos do diretor o poder


da autonomia sobre a criação dos filmes, que até estava com os estúdios. O movimento
foi uma iniciativa dos diretores dinamarqueses Lars von Trier e Thomas Vinterberg,
juntando-se posteriormente ao movimento, os diretores Kristian Levring e Søren Kragh-
Jacobsen. Assim, juntos, eles formaram o Coletivo Dogma 95 (Dogma Brethren), com
atuação até meados de 2005 e tendo avançado em outros países.

O anúncio do movimento ocorreu através de inúmeros panfletos vermelhos


durante conferência de cinema em março de 1995, em Paris, na França, em plena
comemoração do primeiro século do cinema. Os diretores Lars von Trier e Thomas
Vinterber criaram em coautoria o “Manifesto Dogma 95” e “Voto de Castidade”, na
intenção de resgatar ideias de “Une certaine tendance du cinema français” (Uma certa
tendência do cinema francês) de François Truffaut, do ano de 1954 (AICINEMA, 2020).
O objetivo do movimento foi o de equilibrar a dinâmica dos orçamentos no mundo
cinematográfico, indo contra o cinema comercial e individualista e, assim, podendo
retornar ao realismo nas telas. Dessa forma, é possível perceber a influência do
Neorrealismo e Nouvelle Vague, tendo em vista seu objetivo de purificar o cinema,
através da imposição de regras mais rígidas de produção, devendo os diretores se
concentrarem na história e performance dos atores e não em recursos de efeitos
especiais ou truques de câmera e pós-produção.

O primeiro filme do movimento foi “Festa de Família”, em 1998, dirigido por


Thomas Vinterberg. O filme foi ganhador do Festival de Cannes daquele ano, sendo
muito aclamado pela crítica. Já, o segundo filme, “Os Idiotas”, dirigido por Lars von Trier,
lançado no mesmo ano, não teve sucesso.

Para que um filme pudesse receber a classificação de produção dentro da


proposta do Dogma 95, as produções precisavam seguir as seguintes regras:

• Filmagens sempre em locações e cenários existentes;


• Proibida a produção de som posterior à gravação;
• Câmera sempre na mão;
• Filme precisa ser na bitola de 35mm;
• Proibidos cortes temporais ou geográficos;
• O filme precisa ser em cores;
• Proibida a exibição do crédito do diretor do filme;
• Não pode usar artifícios para melhorar iluminação do filme;
• Não pode ter cenas de lutas ou tiroteios, de forma artificial;
• Não pode ser classificado em gênero específico.

Além dos já mencionados, outros nomes marcantes do movimento são: Jean-


Marc Barr, Harmony Korine, Anthony Dod Mantle, Paprika Steen, Susanne Bier, Richard
Martini e Lone Scherfig. Veja, a seguir, no quadro, a relação de diretores e obras que
representam o movimento Dogma95.

QUADRO – FILMES DOGMA95


DIRETOR FILMES ANO DE PRODUÇÃO
Thomas Vinterberg Festa de família 1998
Lars von Trier Os idiotas 1998
Søren Kragh-Jacobsen Mifune 1999
Jean-Marc Barr Lovers 1999
Kristian Levring O rei está vivo 2000
Susanne Bier Corações livres 2002
Juan Pinzás Días de boda El 2002
desenlace 2005
FONTE: Adaptado de Instituto de Cinema (2020)

SURREALISMO
Foi na França que surgiu o surrealismo, movimento em que artistas criavam
livremente a partir de realidades. Ele surgiu na década de 1920 e buscava criar uma
realidade absoluta entre o que era sonho e realidade, ou seja, fazia uma aproximação
da realidade dos artistas com obras de Sigmund Freud e da psicanálise.

Com a intenção de sempre causar confusão no expectador, o surrealismo se


apresentou muito mais com a ideia de transformar o mundo, do que mostrar de fato sua
realidade e assim, não o interpretar, como fizeram outras escolas do realismo
(MNEMOCINE, 2020).

No cinema, o movimento ganhou força entre 1918 e 1938 e partir daí os filmes
surrealistas passaram a imitar sonhos, através de automatismos fantasiosos em que as
imagens e ações não tinham funções lógicas, sequências lineares, beleza estilizada e
estética, por exemplo.

Assim como nas artes e na literatura surrealista, o cinema buscou explorar


justaposições de imagens discordantes, que na realidade, nunca interagiam ou se
associavam, baseando seus efeitos com luz e sombra do expressionismo alemão. É o
caso de cenas que interagiam com o corpo através de suas mutilações e metamorfoses.
Além disso, os filmes buscavam sempre desafiar os limites entre espaço x tempo.

O média-metragem com 40 minutos, que marcou o início do movimento é “A


concha e o Clérigo”, da cineasta Germaine Dulac – sendo considerado um marco da
visão feminina no cinema. No entanto, a produção mais marcante do movimento
surrealista no cinema foi “Um cão Andaluz”, de Luis Buñuel, em uma parceria com
Salvador Dalí. O filme marcou a estreia de Buñel e uma das imagens do filme é um marco
do surrealismo no cinema: uma navalha cortando um globo ocular. A cena já demonstra
uma das técnicas empregadas pelo movimento que revela sua base teórica: a quebra da
realidade empregando a montagem associativa (MIRANDA, 2015). O diretor revelou que
o globo ocular cortado visto no filme era a de um animal e não a da protagonista.

Figura – Cena Do Filme Um Cão Andaluz


Fonte: Cantos Dos Clássicos (2020)

O movimento surrealista rompeu os limites da realidade, apresentando ao cinema


inúmeras possibilidades de criação de imagem e técnicas de filmagem, mostrando nas
telas o “maravilhoso ou estranho como real. A criatividade dos diretores, os elementos
que surgiam na realidade do filme, como se fosse algo com significado, podia não ter
nenhum. O próprio Buñel afirmou que a explicação racional e lógica de outro filme dele,
“O anjo exterminador”, era que não tinha lógica alguma.

QUADRO – FILMES DO SURREALISMO


DIRETOR FILMES ANO DE PRODUÇÃO
Germaine Dulac Concha e o clérigo 1927
Luiz Buñel e Salvador Dali Um cão andaluz 1928

Jean Epstein A queda da casa de Usher 1928

Jean Cocteau Sangue de um poeta 1932


Man Ray Estrela do mar 1943
Luis Buñel O anjo exterminador 1961
FONTE: A autora (2020)
CATEGORIAS
Para realizar a classificação de categorias, gêneros e formatos, especificamente
na TV, deve-se partir para a análise da grade de programação de cada emissora e
conforme definições específicas que caracterizam as categorias, os gêneros e os
formatos.

A partir de pesquisa realizada por Sousa (2004), o autor buscou conceituar as


questões a partir de bibliografia estrangeira e analisar o que é produzido e exibido na TV
brasileira. Assim, ele esclarece que, a temática é polêmica e por vezes está interligada
em seus conceitos, em função do modo de produção de programas e por isso, às vezes,
um determinado gênero, pode indicar também o formato e vice-versa.

A definição da grade de uma emissora ocorre com dados de pesquisas de


audiência. A distribuição dos programas em horários planejados e previamente
divulgados pela emissora, desde o início da programação até o encerramento das
transmissões, cria um plano conhecido como grade horária (SOUSA, 2004). O conjunto
de programas transmitidos por uma rede de televisão identifica seu perfil e fideliza a
audiência. O principal elemento para a programação é o horário de transmissão de cada
programa.

A economia é imprescindível hoje em dia para entender o funcionamento da


televisão, desde a produção de programas até as estratégias de programação e de
marketing.

Uma das funções básicas da TV é informar. Ela foi criada com esse intuito e
trazida ao Brasil, inclusive com o objetivo de contribuir para a educação do povo
brasileiro, mas a TV vai além e sua programação foi desenvolvida tendo como ponto de
partida, também, o entretenimento. José Marques de Melo, um dos principais estudiosos
da comunicação do país, classifica a televisão brasileira como um veículo de
entretenimento, tendo em vista resultado de pesquisa realizada por ele que indica que a
cada 10 horas de programas exibidos, oito são classificados na categoria entretenimento
(MELO, 1985). No sentido de termos a classificação das categorias que contemplam a
programação da TV brasileira (baseada inclusive na americana e inglesa). Melo (1985)
indica três categorias, as quais abrangem a maior parte dos gêneros:
• Entretenimento
• Informativo
• Educativo

Há também uma quarta categoria, denominada especiais, que contempla


programas infantis, religiosos, agrícolas e sobre minorias étnicas. Esse posicionamento
na pesquisa apesentada, no entanto, gerou algumas controvérsias, tendo em vista que
a categoria “especiais” poderia estar contemplada nas outras três já mencionadas em
função de gêneros e formatos. Sousa (2004) agrega outras categorias, tendo em vista o
estudo feito a partir da análise das grades de programação das emissoras brasileiras.

Assim, o autor classifica a grade da programação brasileira com as seguintes


categorias:

• Entretenimento
• Informação
• Educação
• Publicidade
• Outros

A categoria “outros” está relacionada a produções especiais de redes de TV, que


nem sempre poderão ser categorizadas conforme definições fechadas. É o que ocorre
no caso do programa Criança Esperança.

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