Você está na página 1de 5

NEW HOLLYWOOD

Rodrigo Carreiro
• Início dos anos 1960: Hollywood em crise. Após breve recuperação das quedas de
bilheteria verificadas no começo dos anos 1950 (e atribuídas ao aparecimento da
TV), a venda de ingressos diminui de forma mais acentuada.

• A recepção fria a grandes produções de diretores famosos (Nicholas Ray, Anthony


Mann, Joseph Mankiewicz) faz vários estúdios – como a Fox – chegarem à beira da
falência.

• Diretores de grande prestígio crítico, como John Ford e Alfred Hitchcock, entram em
fase pouco inspirada, sem conseguir atrair muita atenção do público.

• Aos poucos, começa a haver a percepção de que as demandas da nova geração de


espectadores são muito diferentes daquilo que os mestres do cinema clássico
poderiam entregar.

• Processo acelerado de troca de geração.

• Principais nomes: Mike Nichols, Dennis Hopper, Robert Altman, Francis Ford
Coppola, Martin Scorsese.

• Primeira geração de cineastas formada em universidades, com predomínio claro da


Universidade do Sul da Califórnia e da UCLA.

• Influência estilística da Nouvelle Vague e dos Cinemas Novos: irreverência, quebra


de tabus (morais, estilísticos, narrativos), um cinema de jovens feito para jovens.
• Inspiração clara no cinema europeu (especialmente Nouvelle Vague, mas
também Cinemas Novos). Diálogo direto com o contexto político de sua época,
cujas temáticas principais eram a defesa da contracultura, da igualdade racial,
da liberalização de costumes e do pacifismo.

• Diretores europeus emigrados farão grande sucesso: Roman Polanski


(Chinatown), Milos Forman (Um estranho no ninho).

• Sucesso de público imediato e defensores fervorosos no meio da crítica (Pauline


Kael), prontos para entrar em grandes brigas e polêmicas para defender os
novos talentos.

• A primeira noite de um homem (Mike Nichols), Bonnie & Clyde (Arthur Penn) e
Sem destino (Dennis Hopper) são os marcos iniciais mais rumorosos.

• Cineastas já na ativa, mas sem grande reconhecimento crítico ou de público,


ganham importância no movimento: Sam Peckinpah, Sidney Lumet.

• Peter Bogdanovich, William Friedkin, Brian De Palma, Hal Ashby, Martin


Scorsese, Michael Cimino, Paul Schrader são grandes nomes do segundo
momento do movimento.
• Produção a baixo custo, com divisões de cinema independentes em quase todos
os grandes estúdios, e pequenas empresas (AIP, Roger Corman) financiando
novos diretores, com diversos filmes importantes custando menos do que US$ 1
milhão.

• Sucesso de crítica e reconhecimento da indústria (Oscar) acontece rapidamente.


Operação França vence o Oscar de melhor filme em 1971, com uma abordagem
documental. O Poderoso Chefão e sua sequência ganham Oscars de melhor
filme. Taxi Driver vence Cannes em 1975.

• O Poderoso Chefão demarca uma nova forma de distribuição de filmes: muitas


salas concentradas numa data fixa de lançamento para todo o país (antes, os
maiores filmes ficavam em cartaz por muitos meses em poucas salas,
geograficamente distantes umas das outras). Semente do modelo de distribuição
adotado hoje.

• Início do processo de percepção de que um novo público, muito mais jovem,


fgormava a grande fatia do mercado consumidor. A partir de meados dos anos
1950, o adolescente (ou “adultescente”) ganhava autonomia de consumo.

• Projetos de filmes muito autorais e, a partir de metade dos anos 1970,


megalomaníacos: Apocalypse Now, O Portal do Paraíso. Falência da United
Artists em 1980, por causa desse último, marca o final do movimento, e a adoção
definitiva de um modelo de produção/distribuição conhecido pela alcunha de
blockbuster.
Alguns padrões de estilo:

1. Uso de música popular, especialmente rock’n’roll (empatia com o público)

2. Resistência ao uso de música orquestrada no estilo neorromântico (influências do


avant garde, dodecafonismo, música concreta e popular, como rock’n’roll)

3. Montagem mais fragmentada, muitas vezes descontínua; e mais rápida, com


influências de Resnais e Godard

4.Personagens menos glamourosos, mais próximos da vida cotidiana, com maior


densidade psicológica, mais humanos e falhos; recusa das noções clássicas de herói,
vilão etc. Prostitutas, gigolôs, junkies, adolescentes alienados se tornam protagonistas.

5.Insistência em temas antes considerados proibidos: sexo, casamento, prostituição,


feminismo, violência (com representações muito mais extremas), política internacional,
militarismo; tudo isso de uma perspectiva crítica.

6.Crítica política feroz, não apenas cutucadas sociais, mas também comportamentais e
às vezes abertamente ideológicas.

7.Ampliação do número de close-ups, recusa ao uso do plano geral e de um vocabulário


muito convencional quanto ao uso do quadro.

Você também pode gostar