Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
10.26843/rencima.v13n6a06
1 Doutorando em Ensino em Biociências e Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, Brasil.
hugo.azevedo92@hotmail.com https://orcid.org/0000-0003-1744-4831.
2 Doutora em Ciências. Professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rio de Janeiro, Brasil.
rosanemeirelles@gmail.com http://orcid.org/0000-0002-9560-2578.
2 REnCiMa, São Paulo, v. 13, n. 6, p. 1-14, dez. 2022
vetor que auxiliou na mudança documental e seu percurso formativo. É definido como
pós-estruturalismo correntes anti-positivistas, as quais delegam ao currículo uma
instrução, além do conceito linguístico para sua compreensão e ação (COSTA e
LOPES, 2022; LOPES, 2013;). Deste modo, pode-se compreender que o currículo
formal não é um artefato único e imutável (APPLE, 2006).
4 Resultados e discussão
O contexto histórico, presente nos BSCS, remonta à Guerra Fria, disputa não
armamentista que promoveu a corrida tecnológica em meados dos séculos XX entre
os Estados Unidos da América e a União Socialista Soviética (AZEVEDO, SELLES e
LIMA-TAVARES, 2016). São observados os contextos tecnológicos e a base científica
positivista, neste período. Compreende-se o positivismo como uma corrente filosófica
que promovia o conhecimento científico como única forma do conhecimento
verdadeiro, e que a veracidade só poderia ser comprovada perante a execução de um
método válido, de preferência quantitativo (TRINDADE, 2007). Por esse motivo,
utilizou-se a categoria Positivista de Redescoberta dada à escola filosófica, como
citado por Azevedo, Selles e Lima-Tavares (2016).
Vale lembrar que os BSCS são currículos importados dos Estados Unidos da
América (KRASILCHIK, 2019) e, deste modo, o roteiro experimental se torna a chave
para este modelo descrito, uma vez que a experimentação pelo método da
redescoberta é clássico dos currículos positivistas (FERNANDES e NETO, 2016).
7 REnCiMa, São Paulo, v. 13, n. 6, p. 1-14, dez. 2022
Classificação
animal e grupos
Modelo
Características dos
Boa Visão Operacional Científico de Guerra
BSCS (1962) animais
do processo científico p.5 redescoberta Fria
Investigação de
(Positivismo)
estudo comparado
(prática)
Condições para a
aquisição de noções Características dos
Modelo Ditadura
SPIC-BIO (1971) básicas (...) Auxílio na animais e grupos
Tecnocrático Militar
profissionalização (...) Classificação
vida universitária p1
fornecer ao estudante um
texto que abrangesse de Filogenia e Modelo
Final da
maneira ampla os taxonomia animal Tecnocrático
ditadura
CEB (1982) grandes ramos da Fisiologia animal com início
militar
biologia, com um comparada de
(1985)
destaque maior para os Estudo dos filos mudanças
aspectos conceituais p1
Ensino Fundamental I e
II- (...) para que o aluno
desenvolva competências
que lhe permitam
compreender o mundo e
atuar como indivíduo e
como cidadão, utilizando
conhecimentos de
natureza científica e
tecnológica. p.32
Ensino Médio- Eixo-Vida e Habilidades Teorias
PCN (1997-2002)
desenvolvimento de Evolução com e Pós
(Ciências
competências que enfoque evolutivo- Competênci Críticas de
Naturais/Biologia)
permitam ao aluno lidar ecológico as currículo
com as informações,
compreendê-las, elaborá-
las, refutá-las, quando for
o caso, enfim
compreender o mundo e
nele agir com autonomia,
fazendo uso dos
conhecimentos
adquiridos da Biologia e
da tecnologia. p.20
Eixo-Vida e
Habilidades
Evolução com Ascensão
BNCC (2017- e
Formação Cidadã crítica. enfoque de políticas
2018) Competênci
morfofisiológico e neoliberais
as
classificatório
Fonte: Os Autores
É necessário esclarecer que existem currículos formais os quais,
categoricamente, são complexos de elencar. No caso do CEB, categorizado como
tecnocrático, ele apresenta conteúdos que não são de cunho tecnicista, como a citada
Zoologia cultural. Porém, o currículo apresenta fortes ligações com a memorização,
logo, poderia figurar como uma transição entre o modelo tecnicista de seu antecessor
(SPIC-BIO) com seu sucessor (PCN). Ele se torna válido para a BNCC, que apresenta
10 REnCiMa, São Paulo, v. 13, n. 6, p. 1-14, dez. 2022
5 Considerações finais
Por sua vez, a BNCC, apresenta um escopo parecido com seu antecessor
PCN. Contudo, há uma limitação do discurso curricular e das propostas, retomando
um enfoque estritamente fisiológico, morfológico e classificatório. Deste modo, ao
compreender que as políticas neoliberais influenciaram as propostas curriculares
inseridas na BNCC, espera-se que o modelo tecnicista volte.
Isto posto, pode-se inferir que o Ensino de Zoologia curricular passou por quatro
fases. A fase oitocentista se caracterizou pela alta deposição de conteúdo zoológico
na história natural, enquanto a positivista possui como determinante o foco no
conteúdo técnico científico e nas experimentações laboratoriais presentes no escopo
curricular. Por sua vez, a tecnicista se fundamentou no momento de redução do
conteúdo zoológico, servindo como pilar de cursos técnicos, como, por exemplo,
agronomia, zootecnia etc. Na fase das Habilidades e Competências, o conteúdo da
zoologia se apresenta como sugestões, em contextos e temas de abordagem, e não
apenas um conteúdo zoológico em si, como ocorria em todas as demais fases
curriculares.
Referências
ALMEIDA, Vansini. História da educação e método de aprendizagem em ensino
de história. Tocantins: EDUFT. 2018.
AZEVEDO, Hugo José Coelho Corrêa; MEIRELLES, Rosane Moreira Silva de. A
Epistemologia Histórica da Zoologia Pré-Curricular: Da América Portuguesa ao Brasil
Império (1550-1837). Research, Society and Development,v. 11, n. 6, p. 145-162.
2022.
COSTA, Hugo Heleno Camilo Costa; LOPES, Alice Casimiro. O conhecimento como
resposta curricular. Revista Brasileira de Educação, v. 27, n. 1, p. 25-38, 2022.
GARCIA, Lenisa Aparecida Martins. Competências e Habilidades: você sabe lidar com
isso. Educação e Ciência On-line, v.12, n. 2, p.77-92, 2005.
MULLER, Johan; YOUNG, Michael. Knowledge, power and powerful knowledge re-
visited. The Curriculum Journal, v. 30, n. 2, p. 196-214, 2019.
POPKEWITZ, Thomas. Struggling for the Soul: the politics of schooling and the
construction of the teacher. Londes: Editora London, 1998.