Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ser o irmão mais novo de um chefe da Máfia nunca foi fácil, mas sempre fiz
com que funcionasse. Eu era Jeremy, o atrevido e sarcástico, sempre pronto com uma
Mas quando volto para casa depois de anos estudando em Londres, meu irmão
Ele também é o homem com quem fantasiei durante anos, passando longas
Agora sou um homem adulto. Isso não é mais amor de cachorrinho. Quero seus
E pelo olhar dele, ele vê que eu também não sou mais uma criança. Mas não há
muito leal.
Estou sob a proteção do Bear, mas quem vai me proteger de mim mesmo?
Página 2
Página 3
COMENTÁRIOS DA REVISÃO
ANGÉLLICA
Este livro teve um pouco mais de ação. Julian irrita um pouco por ser mimado e
Bear taciturno, então um vai conhecendo o outro e se moldando (neste caso Julian
kkk).
Acredito que o autor será bom num futuro e vai pegar o jeito da máfia e seus
meninos – agora torna-se uma leitura passável em um bela tarde. Gostosinha quase
baunilha ou florzinha. Eu amo livros assim... claro que de vez em quando. Kkkk
Página 4
CAPÍTULO UM
eram banhados pelo brilho quente do sol do fim da tarde, lançando longas sombras sobre
os gramados meticulosamente cuidados. Ele não pôde deixar de sentir uma pontada de
orgulho ao ver a cena; esta era a família a quem ele dedicou sua vida a proteger, e agora
Com o casamento próximo de Toscano, a segurança seria mais crucial do que nunca. Bear
sabia muito bem que o submundo estava repleto de inimigos apenas esperando por uma
‒ Lindo, não é? ‒ Disse Angelo, aparecendo ao lado de Bear e seguindo seu olhar. ‒
‒ O tempo voa. ‒ Respondeu Bear, sua voz rouca traindo uma pitada de
‒ Eu também ‒ Suspirou Angelo, depois ficou sério. ‒ Mas não podemos baixar a
guarda, Bear. Agora não. Haverá alguns convidados importantes no casamento, e ambos
sabemos que há aqueles que adorariam ver a família Toscano ser derrubada.
‒ Angelo! ‒ Uma voz familiar soou atrás deles, fazendo com que os dois homens se
voltassem para a fonte. Demorou muito para surpreender Bear, mas quando ele viu o
Página 5
Julian Toscano.
passaram anos desde a última vez que ele viu o irmão mais novo de Angelo. Ele era
apenas um adolescente quando foi estudar em Londres – como a maioria dos adolescentes,
As discussões com Angelo, o modo como Julian preferiu se trancar em seu quarto,
família Toscano ‒ a de sangue, não para a organização como um todo. Ele sempre tinha
uma piada sarcástica, uma coisinha inteligente para atacar seus irmãos.
E não importava o que Bear tivesse feito, Julian sempre olhava para ele, algo em sua
Sim, houve uma razão para Angelo ter mandado Julian embora para uma educação
encantador. Seu cabelo, macio e esvoaçante, emoldurava seu rosto em uma cascata
suas feições. Havia uma aura de vulnerabilidade que o rodeava, trazendo à tona os
se desenrolava em seu coração. Ele sempre nutriu uma queda por Julian. O garoto era
diferente do irmão mais velho, não tão teimoso e implacável. Ninguém jamais pegaria
Angelo sorrindo abertamente daquele jeito ‒ bem, talvez exceto o parceiro de Angelo.
Julian correu até eles, com os olhos brilhantes. ‒ E Bear, já faz muito tempo desde a
Página 6
O menino claramente aprendeu a mentir. Bear estava um pouco grisalho
ultimamente, salpicando suas têmporas. ‒ Não posso dizer o mesmo de você, garoto. ‒
Respondeu Bear, tentando manter o tom leve, apesar da intensidade de seus pensamentos.
‒ Ah, bem, a universidade fará isso com você. ‒ Julian brincou, ousado pelo
comentário de Bear. ‒ Mas chega de falar de mim. Ouvi dizer que temos um casamento
Angelo cruzou os braços. ‒ Ruby está muito feliz com seu namorado - e eu
sedutor. Ele piscou para Bear. ‒ Se eu pudesse ter tanta sorte também.
Fazia anos que Bear não via Julian, mas claramente o jovem não havia mudado
muito. Bear revirou os olhos. Julian adorava apertar botões e obter reações – e se isso
acontecia por meio de um flerte insincero e sendo um idiota, aparentemente tudo bem
para ele.
Se ele quisesse atenção, Bear não iria lhe dar. Bear se virou. Felizmente, outra
pessoa entrou em cena – alguém que merecia mais atenção do que Julian.
O som de risadas ecoou pelo grande hall de entrada da mansão Toscano. Ruby, com
o rosto vermelho de excitação e felicidade, entrou na sala, seu vestido elegante esvoaçando
‒ Que bom ver você também, Ruby. – Julian sorriu, retribuindo o abraço
afetuosamente. Bear não pôde deixar de notar como o amor que compartilhavam um pelo
Página 7
Quando eles se separaram, a expressão de Ruby ficou mais séria. ‒ Estou feliz que
você esteja aqui também, Bear. Com tudo o que está acontecendo, não posso deixar de me
‒ Fique tranquila, Ruby. ‒ Disse Angelo, colocando uma mão reconfortante em seu
ombro. ‒ Estamos fazendo tudo o que podemos para garantir que nossos convidados
estejam seguros em seu casamento. Na verdade, estou designando Bear para ser o guarda-
causou um arrepio na espinha de Bear, mas ele resistiu ao impulso de expressar suas
preocupações.
sei que Julian pode ser difícil, mas isso não é um pouco... excessivo?
‒ Não é para manter outras pessoas protegidas dele, mesmo que algumas pessoas
grande visibilidade deste evento, penso que é necessário. ‒ Respondeu Angelo, num tom
firme. ‒ E, além disso, quem melhor para ficar de olho nele do que o próprio Bear? Ele
percorrendo-o. Ele não conseguia acreditar que estava sendo encarregado de cuidar de
malcriado, e Bear sabia que seria necessário todo o seu autocontrole para não perder a
Página 8
‒ Angelo. ‒ Bear começou cautelosamente, escolhendo cuidadosamente as palavras.
‒ Tem certeza de que sou a melhor escolha para este trabalho? Há outros que poderiam
seu julgamento e capacidades, Bear. Você sempre esteve ao lado de nossa família e preciso
de você ao lado de Julian agora mais do que nunca. Não há mais ninguém que eu
Bear suspirou interiormente, sabendo que discutir com Angelo seria infrutífero. Ele
assentiu com relutância, aceitando seu novo papel apesar de suas reservas.
‒ Muito bem. ‒ Disse ele, preparando-se para o desafio que tinha pela frente.
Ruby sorriu para ele. ‒ Obrigado, Bear. Sei que posso confiar em você para manter
‒ Claro, Ruby. ‒ Disse Bear, conseguindo dar um pequeno sorriso. ‒ É o que eu faço.
Ruby e Angelo saíram juntos, continuando uma conversa anterior sobre os detalhes
do casamento. Deixado para trás, Julian se aproximou de Bear, com os olhos brilhando de
malícia. ‒ Bem, parece que você vai ficar comigo esta semana, garotão. Espero que você
Bear lutou para suprimir as imagens do que aquela ‒ grande aventura ‒ poderia
implicar, lembrando-se do seu dever de proteger a família Toscano a todo custo. Com um
breve aceno de cabeça, ele respondeu: ‒ Apenas certifique-se de ficar longe de problemas,
Julian.
‒ Tudo bem, tudo bem. ‒ Julian cedeu, levantando as mãos em uma falsa rendição.
Página 9
Julian, que estava observando a troca com um sorriso curioso, aproximou-se de
Bear. ‒ Então é oficial? ‒ Ele perguntou brincando. ‒ Você é meu guarda-costas pessoal
Ele se inclinou, seu hálito quente contra a orelha de Bear, sua voz baixa e
provocadora. ‒ Sabe, sempre achei que você era o melhor no que faz. E agora posso ver
O pulso de Bear acelerou com o tom de flerte de Julian, mas ele lutou para manter a
compostura.
Bear conhecia bem a cena gay da cidade. Quando jovens bonitos agiam de maneira
malcriada, geralmente só havia uma coisa que eles queriam: seu controle, ensinando-lhes
uma lição.
Ele não pôde deixar de imaginar como seria ensinar boas maneiras a Julian, deitá-lo
O pensamento provocou uma onda de necessidade dentro dele, mas ele o deixou de
comentário sugestivo de Julian. ‒ Não tenha nenhuma ideia de tornar isso mais difícil do
que o necessário.
‒ Vamos deixar uma coisa bem clara. ‒ Rosnou Bear, forçando -se a manter contato
visual com o jovem irritante à sua frente. ‒ Você não colocará em risco sua segurança ou a
Página 10
O sorriso de Julian vacilou por um momento, mas ele rapidamente se recuperou,
alegremente. ‒ Agora, por que você não me mostra o que planejou para minha proteção?
Bear não pôde deixar de se desesperar silenciosamente com o desafio que estava por vir.
Ele não apenas tinha que garantir a segurança de todos no casamento que se aproximava,
de Julian Toscano.
Página 11
CAPÍTULO DOIS
Risos e conversas encheram o ar ao redor deles enquanto Bear e Julian seguiam para
a alfaiataria, criando uma sinfonia de vida que contrastava fortemente com o silêncio tenso
do par. O foco de Bear nunca se desviou do ambiente, seus olhos aguçados examinando
O coração de Julian bateu forte. Já se passaram anos desde que ele viu Bear pela
última vez, e vê-lo agora o deixou cheio de emoções estranhas. Bear exalava um ar de
confiança e força que parecia chamar a atenção onde quer que fosse. A maneira como seus
músculos ondulavam sob a camisa e a barba por fazer em seu queixo aumentava seu
fascínio. Julian não resistiu a lançar olhares para ele, cativado por sua presença imponente.
O homem só ficou mais bonito com o tempo, e Julian não pôde deixar de sentir uma
A mente de Julian voltou à sua adolescência, uma época em que sua paixão por
Bear havia criado raízes. Ele havia descartado isso como uma mera paixão, algo que
Com o passar dos anos, Julian deixou essas emoções de lado, acreditando que não
Mas agora, já adulto, ele não podia negar que esses sentimentos permaneciam. Ao
lado de Bear agora, a chama da atração ganhou vida mais uma vez.
Sua família o mandou embora para mudá-lo – mas alguns sentimentos não foram
facilmente extintos.
‒ Deve ser uma vida fascinante, ser um executor da Máfia. ‒ Julian refletiu em voz
alta, na esperança de atrair Bear para uma conversa. Ele estudou as feições esculpidas do
homem mais velho, tentando ler as emoções enterradas sob o exterior endurecido. ‒ Como
é?
Página 12
Bear grunhiu evasivamente, sem tirar os olhos do ambiente. ‒ Não é da sua conta.
Julian não pôde deixar de se sentir um pouco desapontado com a resposta curta. Ele
passou anos se perguntando sobre o homem que parecia existir apenas nas periferias de
seu mundo, e agora que eles finalmente caminhavam lado a lado, ele sentiu vontade de
saber mais.
‒ Vamos, Bear. ‒ Pressionou Julian, sem se deixar intimidar pela demissão inicial. ‒
Estou ausente há anos. Certamente você tem algumas histórias para compartilhar. Quero
‒ Lendas são para livros. ‒ Rosnou Bear, com a voz tingida de irritação. ‒ Estou
‒ Seu trabalho? ‒ Julian repetiu, levantando uma sobrancelha. ‒ Você faz isso
parecer tão mundano. Mas tem que haver mais do que isso, certo? O perigo, a excitação, o
poder...
‒ Poder. ‒ Bear bufou, finalmente virando-se para Julian. Seus olhos escuros
fixaram-se nos do jovem com uma intensidade que causou arrepios na espinha de Julian. ‒
Não se trata de poder, garoto. É uma questão de lealdade. Lealdade a Angelo Toscano.
‒ É isso que você acha? ‒ Bear perguntou, seu tom ainda inflexível. Ele se virou para
examinar o caminho deles, garantindo sua segurança. ‒ Então fique longe de problemas. É
‒ É justo. ‒ Admitiu Julian com um suspiro, sabendo que não deveria abusar ainda
mais da sorte.
infância, um aconchegante casulo de ordem em meio ao caos das ruas da cidade. Fileiras
Página 13
de ternos alinhavam-se nas paredes, cada um meticulosamente trabalhado e apresentado
em cabides de madeira.
‒ Ah, jovem senhor Toscano! ‒ Gritou o alfaiate, emergindo de trás de uma cortina
‒ Olá, Signor Alessi ‒ Respondeu Julian, retribuindo o sorriso. ‒ É bom ver você
novamente.
‒ Venha, venha ‒ Alessi acenou, guiando Julian até os fundos da loja, onde um
espelho triplo estava esperando. ‒ Vamos ver o que podemos fazer por você hoje.
Quando Julian tirou o casaco e o passou para Bear, ele não pôde deixar de olhar de
relance para o homem mais velho. Sob o brilho suave das luminárias vintage da loja, Bear
parecia ainda mais formidável do que antes. Seus ombros largos preenchiam sua jaqueta, o
tecido apertando seus braços musculosos. Sua postura era forte e confiante, não revelando
‒ Tudo bem, vamos começar. ‒ Disse Alessi alegremente, desenrolando uma fita
Julian ficou parado, permitindo que o alfaiate fizesse sua mágica. Mas sua mente
estava em outro lugar, voltando para a figura enigmática parada a poucos metros de
distância. Ele ficou paralisado pela maneira como os olhos escuros de Bear pareciam
‒ Signor Alessi, o casamento está chegando... Talvez Bear possa usar um terno novo
também? ‒ Julian sugeriu brincando, deixando seus olhos vagarem pelo corpo do homem
Página 14
Ele imaginou como seria a aparência de Bear vestido com uma das belas criações do
Signor Alessi, o tecido sob medida acentuando cada curva e ângulo de seu corpo
musculoso...
‒ Talvez outra hora. ‒ Bear respondeu rispidamente, sua expressão ilegível. ‒ Neste
Droga. ‒ Claro. ‒ Murmurou Julian, sentindo uma pontada de decepção. Ele sabia
que estava abusando da sorte ao tentar envolver Bear dessa maneira, mas não conseguiu
evitar.
Afinal, ele sempre foi assim: quanto mais as pessoas queriam que ele calasse a boca,
‒ Estamos quase terminando aqui, Sr. Toscano. ‒ Anunciou Alessi, tirando Julian de
seu devaneio. ‒ Só preciso fazer alguns ajustes e seu traje estará pronto.
‒ Obrigado, Alessi. ‒ Disse Julian, forçando um sorriso. Mas por dentro, seus
seus pensamentos voltaram à adolescência. Ele se lembrou das noites passadas em seu
histórias do mundo da Máfia que todos eles habitavam. As histórias alimentavam suas
‒ Signor Alessi... ‒ Disse Julian, com a voz tingida de malícia enquanto voltava o
olhar para Bear mais uma vez. — ... você se lembra daqueles filmes antigos de gângster
que eu costumava assistir quando vinha para cá depois da escola? Você sabe, aqueles em
Página 15
‒ Ah, sim, claro! ‒ Alessi riu, parando em seus ajustes para relembrar. ‒ Você
Especialmente quando o executor saía das sombras, forte e silencioso como... Bem, como
Bear, na verdade.
nele em um desafio ardente. Sua irritação era palpável, mas só serviu para alimentar o
desejo de Julian de ampliar ainda mais os limites. Testando o relacionamento deles, ele se
‒ Sabe, Bear... ‒ Ele refletiu, suas palavras deliberadamente casuais. ‒ ... eu sempre
imaginei como seria ser um daqueles personagens nesses filmes. Posso ser o herdeiro, mas
é você quem vive essa vida, no final das contas. Qual é a sensação de fazer as coisas que
você faz?
‒ Não tenho tempo para brincadeiras infantis, garoto. ‒ A resposta de Bear foi curta,
seu foco voltando para a porta como se estivesse tentando ignorar as palavras de Julian.
‒ Quem disse alguma coisa sobre jogos? ‒ Julian rebateu. ‒ Estou simplesmente
tentando entender o homem que está diante de mim, um homem que dedicou sua vida a
‒ Cuidado. ‒ Bear avisou, seu tom baixo e perigoso. ‒ Você está pisando em gelo
fino.
‒ Tudo bem, tudo bem. ‒ Julian concedeu, levantando as mãos em uma falsa
rendição. ‒ Não há necessidade de ser duro comigo... a menos, é claro, que seja isso que
você queira.
por ele sem dizer uma palavra. ‒ Aqui está... ‒ Disse ele, entregando a Julian uma seleção
de roupas. ‒ Seu terno estará pronto para o casamento. Enquanto isso, por favor,
experimente estes.
Página 16
‒ Obrigado, Alessi. ‒ Quando Alessi se despediu, Julian deslizou para trás da tela
de privacidade. Ele ficou apenas de cueca, sentindo o ar fresco roçar em sua pele.
Havia um espelho de pé, pronto para alguém avaliar suas roupas. Julian não
resistiu à oportunidade de se olhar, torcendo e girando o corpo para verificar seu reflexo.
‒ Tente não demorar o dia todo, ok? Ainda temos lugares para ir.
Julian estremeceu e saiu de seu devaneio. Confie que Bear será um ‘estraga prazeres’.
‒ Claro. ‒ Disse ele com um suspiro, enfiando as pernas nas calças feitas sob medida.
Bear estúpido. Negócios isso, e lealdade aquilo, e Julian pare de perder tempo, blá, blá,
blá... Era uma maravilha que Julian já tivesse tido uma queda por ele, realmente. Ele
Observando ele.
Aturdido, ele não resistiu e insistiu um pouco mais: ‒ Sabe, Bear, sempre achei
fascinante como alguém como você consegue se mover por este mundo com tanta
Página 17
– Continue falando assim e você descobrirá o quão forte um lobo pode morder,
‒ Isso é uma ameaça ou uma promessa? ‒ Julian enfiou a cabeça por cima da tela de
Achei que você já deveria ser um homem adulto. Não me faça colocar você sobre meus
joelhos, garoto.
Julian abaixou a cabeça antes que Bear pudesse ver como ele ficou vermelho. ‒ Nem
No entanto, por dentro, sua mente corria com fantasias perversas de estar curvado
sobre aquelas coxas poderosas, sentindo o calor da palma da mão de Bear em sua pele, a
Só assim, a paixão de Julian passou de uma fantasia unilateral para algo real.
‒ Seu terno estará pronto para o casamento, Sr. Toscano. ‒ Anunciou Alessi,
trazendo Julian de volta à realidade. Ele rapidamente ajustou suas roupas e endireitou sua
postura – mandando um comando bem específico, garoto! para certas partes de sua anatomia.
Ele saiu de trás da tela, tomando cuidado para não deixar qualquer indício de sua
excitação aparecer.
‒ Obrigado, Signor Alessi. ‒ Disse Julian, lutando para manter a voz firme enquanto
se preparava para sair. ‒ E obrigado pelos trajes para passear. Eles se encaixam
certo?
Página 18
Embora no fundo ele soubesse que esta era uma promessa que não tinha intenção
de cumprir.
Ao saírem da loja, ele pôde sentir a presença de Bear ao seu lado, forte e inabalável
– um lembrete constante dos desejos proibidos que ardiam dentro dele, apenas esperando
O coração de Julian batia forte como um tambor em seu peito quando eles saíram
calor se espalhou por ele, alimentado pelos pensamentos perversos que giravam em sua
cabeça.
Ele olhou de soslaio para Bear, observando os ombros largos e o queixo forte do
executor, a maneira como seus olhos examinavam a rua com uma vigilância praticada. ‒
Ei, Bear... ‒ Disse Julian, com a voz casual, mas misturada com um sutil flerte. ‒ Sabe, você
‒ Eu não quis dizer para o casamento, eu quis dizer para usar todos os dias. Aposto
Bear bufou com desdém, seu foco nunca vacilando no ambiente. ‒ Não é meu estilo,
garoto. Sinto-me mais confortável com algo em que posso lutar. – Ele apontou para sua
Posso imaginar agora: um terno feito sob medida para se adequar ao seu corpo forte,
destacando cada curva e ângulo do seu corpo. ‒ Seus olhos permaneceram nos braços de
acontecendo.
ardia cada vez mais intensamente. Ele estava determinado a romper o exterior
Página 19
aparentemente impenetrável de Bear - para descobrir o homem sob o executor e se
‒ Vamos nos concentrar em voltar inteiros. ‒ Disse Bear, com a voz tensa como se
Em sua mente, porém, ele já estava planejando seu próximo passo – cada passo o
Página 20
CAPÍTULO TRÊS
Era seu segundo dia na missão de guarda-costas de Julian Toscano, e Bear já estava
sem paciência. O jovem atrevido e irreverente parecia estar fazendo tudo ao seu alcance
para irritar Bear, e estava precisando de toda a sua contenção para não colocá-lo em seu
lugar.
Aninhada entre jardins exuberantes, a grande propriedade parecia ter saído de um conto
de fadas.
de mármore polido.
Parece chique, mas essas coisas são um grande perigo. Frágil, caro e uma oportunidade
perfeita para alguém causar o caos, pensou Bear, franzindo a testa. Tenho que ficar de olho neles.
seus próprios desafios. As flores vibrantes e as sebes bem cuidadas formavam um labirinto
Sim, eles significam problemas. A beleza pode enganar. Esses jardins criam muitos pontos
‒ Este lugar não é incrível? ‒ Julian perguntou, sua voz cheia de sarcasmo. Ele olhou
em volta para o brilho e o glamour e revirou os olhos. ‒ É difícil gastar tanto dinheiro e
Bear cerrou a mandíbula, tentando se concentrar. Seu dever era proteger Julian, em
vez de calá-lo.
Página 21
Apesar de sua frustração, Bear se viu lançando olhares furtivos para Julian
enquanto caminhavam pelo local. Em algum momento durante sua estada no exterior, ele
pronunciado e uma boca bonita – uma que parecia sempre conter um sorriso travesso. O
terno que ele usava agora, feito perfeitamente para ele, apenas acentuava sua constituição
magra e esbelta.
Pensamentos passaram pela cabeça de Bear – pensamentos sobre calar essa boca
imediatamente.
Sim, isso seria alguma coisa. Ele colocaria Julian de joelhos e lhe ensinaria uma lição
Mas isso não significava que ele não pudesse pensar sobre isso.
‒ Terra para Bear. ‒ Disse Julian, estalando os dedos na frente do rosto de Bear. ‒
Você deveria ser meu guarda-costas, lembra? Mantenha seus olhos no prêmio.
foco. Sua mente vagou, entretanto, por fantasias da linda boca de Julian fazendo sua
Julian adorava apertar botões, mas Bear podia ver a necessidade de atenção que
‒ Bom. Então nós nos entendemos. ‒ Julian sorriu, como se soubesse exatamente o
‒ Fique perto. ‒ Bear instruiu, sua voz severa enquanto tentava recuperar o controle
da situação. ‒ Há muitas pessoas aqui e não sabemos quem pode representar uma ameaça.
Página 22
Ele balançou a cabeça, tentando clarear seus pensamentos. Ele tinha um trabalho a
fazer, e não era entregar-se a fantasias sobre seu pupilo. Mas à medida que avançavam
pelo local, ficava cada vez mais difícil para Bear ignorar o quão tentador era Julian
realmente.
ajustando as abotoaduras de sua imaculada camisa branca. Seu homem, Sebastian, estava
logo atrás dele, parecendo exatamente um ousado professor universitário. ‒ Bear, lembre-
se de ficar de olho no meu irmão mais novo. É crucial que nada dê errado no dia do
casamento.
‒ Claro, Angelo. ‒ Respondeu Bear, em tom sério. ‒ Eu não vou deixá-lo fora da
minha vista.
‒ Tanta confiança que você tem em mim, para atrair seu grande e forte guarda-
costas para mim. ‒ Julian brincou, revirando os olhos enquanto ajeitava as lapelas do
paletó. ‒ É como se você pensasse que eu entraria em combustão espontânea se ele não
isso sem nenhum incidente. ‒ Com isso, ele saiu, indo cuidar dos preparativos.
‒ Tudo bem, tudo bem. ‒ Julian suspirou, fingindo tédio enquanto olhava ao redor
do salão habilmente decorado. ‒ Embora deva dizer que já vi arranjos de flores melhores
‒ Seus comentários não são úteis, Julian. ‒ Bear avisou, cerrando os dentes. Ele
‒ Vamos, Bear. Ilumine-se. Afinal, isso deveria ser uma celebração. ‒ Julian deu um
sorriso atrevido, seus olhos dançando com malícia. ‒ Além disso, você não precisa se
Página 23
‒ Muito engraçado. ‒ Disse Bear, com a voz tensa. ‒ Basta lembrar que estou aqui
para fazer um trabalho e você não está tornando isso mais fácil. ‒
– Julian sugeriu, seu tom cheio de sarcasmo. ‒ Sério, Bear, parece que você está com um
pau na mão...
Bear podia sentir seu sangue fervendo. ‒ Tudo bem. ‒ Ele rosnou, agarrando Julian
pelo braço e puxando-o para o lado, para longe dos agitados planejadores e decoradores
de casamento. ‒ Já estou farto da sua atitude. Não sei se você está tentando me
irritantemente malicioso. ‒ Ah, vamos, Bear. Não aguenta um pouco de provocação? Achei
que um cara durão como você, entre todas as pessoas, teria a pele mais dura.
a garganta de Julian e estrangulá-lo. As imagens que passaram por sua mente eram
viscerais e não totalmente indesejáveis. Ele quase podia sentir o calor do corpo de Julian
pressionado contra o seu, o gosto de seus lábios... ‒ Não se trata de ser capaz de aceitar
uma piada, Julian. Estou aqui para mantê-lo seguro e seu comportamento está
perigosamente para perto, com o hálito quente na orelha de Bear. ‒ Mantém as coisas
Tardiamente, Bear percebeu que a provocação de Julian talvez não fosse apenas
uma provocação. A expressão do garoto era presunçosa como sempre, mas enquanto
esperava pela resposta de Bear, havia algo mais em seus olhos também.
Incerteza.
Desejo.
Página 24
Ele não foi o primeiro garoto que veio para Bear com aquele olhar específico. Havia
lugares no ponto fraco da cidade onde jovens bonitos esperavam por um homem
Embora geralmente esses jovens estivessem mais interessados em exibir seu melhor
comportamento. Se Julian algum dia soubesse o que era isso, claramente o descartara há
O coração de Bear acelerou, o desejo guerreando com a frustração em seu peito. Foi
necessário todo o autocontrole que ele tinha para não colocar Julian sobre os joelhos e dar-
Mas isso era apenas uma fantasia. Ele não podia arriscar alienar Angelo, não
quando lhe foi confiada à responsabilidade de proteger seu irmão mais novo.
‒ Chega de jogos. ‒ Advertiu Bear, lutando para manter a voz firme. ‒ Preciso que
você coopere comigo, Julian. Não posso protegê-lo se você está constantemente tentando
me minar.
‒ Tudo bem, tudo bem. ‒ Julian cedeu, erguendo as mãos numa falsa rendição. ‒
Bear soltou um suspiro exasperado, tentando ignorar o desejo ardente que sentia de
colocar esse garoto sobre seus joelhos. Seria um dia longo – e uma semana ainda mais
longa – mas ele não teve escolha a não ser cumprir essa tarefa.
Agora, vamos passar por este casamento sem mais nenhum dos seus comentários
inteligentes.
Bear gemeu interiormente, perguntando-se como sobreviveria aos dias que viriam.
palavra que saísse de sua boca tivesse sido cuidadosamente elaborada para irritar os
Página 25
nervos em frangalhos de Bear. O guarda-costas se viu constantemente lutando contra o
desejo de prender Julian contra uma parede e beijá-lo até deixá-lo sem sentido, ou talvez
‒ Não acredito que você o aguentou. ‒ Murmurou uma das decoradoras para Bear
quando eles passaram, revirando os olhos ao último comentário sarcástico de Julian sobre
os arranjos florais.
‒ Nem eu. ‒ Concordou Bear, cerrando os dentes. ‒ Mas ordens são ordens.
– Talvez você devesse pedir uma tarefa diferente. – Sugeriu ela, e Bear não pôde
Ele olhou para Julian, que discutia animadamente os méritos das peônias versus
havia algo em Julian que o atraía, uma atração magnética à qual ele não conseguia resistir.
E por mais que odiasse admitir, a ideia de abandonar seu cargo deixou um gosto
mesmo enquanto dizia essas palavras, ele sabia que não conseguiria abandonar o irritante
filho varão que de alguma forma, contra todas as probabilidades, conseguira abrir
casamento.
chão no momento em que o segundo tiro chiou no ar onde ele estava parado. Ele o
arrastou para trás de uma mesa, a coisa mais próxima que eles tinham de cobrir.
acontecendo?
atirador. Foi um caos, com todos os tipos de pessoas correndo com medo.
Página 26
Então ele avistou alguém correndo de uma maneira diferente: não curvado e
avaliava a situação. Eles estavam ao ar livre, com cobertura mínima: não era uma posição
ideal para um tiroteio. Mas não havia tempo a perder: cada segundo que passavam ali
‒ Você consegue lidar com isso, garotão? ‒ Julian perguntou, sendo um pé no saco,
Bear teve que suprimir a vontade de revirar os olhos. ‒ Observe e aprenda. ‒ Ele
uma onda de adrenalina correndo em suas veias, ele se lançou contra o atirador, seu corpo
era uma arma afiada através de anos de treinamento incansável. O impacto os fez cair no
cravando-se na carne, sua força avassaladora. Ele lutou para manter o controle, a luta
Cada movimento foi calculado, preciso. Ele torceu o braço do atirador, forçando-o a
soltar a arma. Ele deslizou pela calçada, uma ferramenta de destruição descartada. Bear
não perdeu tempo, seus punhos choveram sobre o corpo do agressor, desferindo golpes
Seu coração batia forte no peito, um ritmo estrondoso que abafava todos os outros
sons. No caos da briga, os pensamentos de Bear dispararam, sua narração interna era um
mantra implacável.
Página 27
Este era o seu território, o seu domínio, e ninguém o ameaçava sem consequências.
De algum lugar atrás dele, Julian soltou uma comemoração e uma salva de palmas.
‒ Bom trabalho!
Bear revirou os olhos. Ele prendeu o atacante embaixo dele, com os braços torcidos
atrás dele, e lançou um olhar para Julian. Ele estava exatamente onde Bear o havia
Pelo menos você pode obedecer às ordens quando for preciso, reclamou ele. ‒ Levante sua
Angelo correu até Bear, seu rosto era uma tempestade de fúria e preocupação. Ele
olhou para o atirador que se debatia e rosnou. ‒ Eu cuidarei dessa bagunça. ‒ Disse ele. ‒
‒ Onde estamos indo? ‒ Julian perguntou, até Bear agarrou seu braço e o guiou em
‒ Não importa, apenas vá! ‒ Angelo retrucou. ‒ Bear, não saia do lado dele pelo
Uma semana inteira com Julian, preso em algum local desconhecido? Ele não
Página 28
CAPÍTULO QUATRO
do outro.
‒ Este lugar tem frigobar? ‒ Julian perguntou, sua voz leve e provocadora, apesar
dos acontecimentos do dia. Ele se jogou na cama, com as pernas penduradas para o lado, e
Você está falando sério? ‒ Bear estalou. ‒ Deveríamos ficar quietos, não levar uma surra.
‒ Tudo bem. ‒ Julian bufou, rolando para o lado e apoiando a cabeça em uma das
mãos. ‒ Então o que vamos fazer para passar o tempo? Quer jogar cartas? Assistir TV? Ou
‒ O que quer que mantenha você quieto. ‒ Bear resmungou, tentando ignorar a
A tensão no apertado quarto de motel era tão densa quanto à umidade lá fora,
tornando difícil para Bear se concentrar em qualquer coisa que não fosse o homem deitado
na cama à sua frente. As pernas de Julian estavam abertas com indiferença casual, seus
dedos batendo em um ritmo contra sua coxa que causou arrepios na espinha de Bear.
‒ Tudo bem. ‒ Disse Bear, cruzando os braços sobre o peito e tentando ignorar a
Página 29
‒ Primeiro, você fica dentro de casa e longe das janelas o tempo todo. ‒ Começou
Bear. ‒ Esse tiro foi direcionado para você. Em segundo lugar, nada de telefonemas, nada
de postagens nas redes sociais, nada que possa revelar sua localização.
‒ Isso significa que não posso solicitar serviço de quarto?‒ Julian perguntou,
fingindo inocência enquanto piscava. ‒ Temo que possa definhar sem o sustento
adequado.
‒ Regra número três... ‒ Bear continuou, tentando manter a voz firme. ‒ ... é que não
nos antagonizamos.
‒ Sem antagonismo? ‒ Julian rolou para o lado, apoiando a cabeça em uma das
‒ Ah, sim ‒ Julian revirou os olhos. ‒ Porque minha vida é muito preciosa para
Suas tentativas de dar um sorriso indiferente foram insuficientes e então ele ficou
quieto.
Era o que Bear desejava... mas esse era o tipo errado de silêncio. Havia uma tensão
sutil que era imperceptível para quem não estava sintonizado com as nuances do medo. O
olhar de Bear se concentrou no leve tremor de seus punhos cerrados, nos sinais
Página 30
Os olhos atentos de Bear captaram o lampejo fugaz de vulnerabilidade no olhar de
‒ O que? Eu? Sempre. ‒ Julian soprou o cabelo dos olhos. ‒ Um pouco de ação me
mantém alerta.
Mas quando Julian se virou para Bear, seus olhos se desviaram por um momento
antes de ele recuperar a compostura. Ele tentou reunir um sorriso, mas falhou. Havia
Não posso me enganar, garoto. ‒ Disse Bear, sua voz cortando o silêncio pesado da sala. ‒
Bear ergueu uma sobrancelha, suas feições ásperas marcadas com uma mistura de
simpatia e diversão. Ele deu um passo mais perto, sua presença preenchendo o espaço
O olhar arregalado de Julian encontrou o olhar firme de Bear. Ele olhou para baixo
primeiro encontro com a violência passavam por sua mente. Ele conhecia o peso daquele
Diminuindo a distância entre eles, a mão de Bear foi até o ombro de Julian, um
‒ Você se saiu bem lá atrás. ‒ Bear resmungou, com a voz baixa e rouca, como se as
palavras fossem dirigidas apenas aos ouvidos de Julian. ‒ Você me ouviu. Você está vivo.
Bear observou enquanto o tremor de Julian diminuía ligeiramente sob seu toque, o
Página 31
Então... ele voltou ao que era antes.
Infelizmente.
pensamentos. Ele rolou o ombro contra a mão de Bear pedindo mais, provocando-o.
‒ Relaxe, grandalhão. ‒ Disse Julian, agora com um tom mais gentil. ‒ Eu estou
apenas mexendo com você. Sei que você tem um trabalho a fazer e prometo que vou me
comportar. Majoritariamente. ‒ Ele piscou para Bear, mas sua bravata anterior foi
Pela primeira vez, Bear não viu nenhum pé no saco. Ele viu um jovem preso entre
Ele sentiu uma vontade repentina de confortá-lo, de abraçá-lo e prometer que nunca
enquanto verificava a fechadura da porta, tentando ignorar a dor em seu peito. ‒ Temos
Página 32
CAPÍTULO CINCO
O olhar de Julian vagou pelo pequeno quarto de motel, suas paredes bege e
pinturas genéricas de paisagens pouco faziam para entretê-lo. Ele passou um dia inteiro
‒ Você sabia que o tédio pode realmente ser letal? ‒ Julian perguntou, sua voz cheia
Bear nem sequer tirou os olhos da arma que estava limpando meticulosamente. ‒
Concentre-se em permanecer vivo, garoto. ‒ Ele resmungou, sua voz profunda ressoando
no espaço apertado.
da cama. Seus olhos permaneceram nos ombros largos e nos braços musculosos de Bear
enquanto eles se moviam com precisão sobre a arma. Um sorriso travesso se espalhou por
observando qualquer reação. ‒ Mesmo quando eu era adolescente, não pude deixar de
A mão de Bear vacilou por um momento, sua testa franzida. Ele rapidamente
relembrar. ‒ Ele disse severamente. ‒ Apenas fique onde está e deixe-me fazer o meu
trabalho.
Julian odiava a ideia de alguém vê-lo assustado. Afinal, ele era um Toscano. E tudo
bem, talvez ele não fosse tão durão quanto o irmão mais velho, mas conseguia agir como
1
Tédio em francês.
Página 33
se estivesse acima de tudo, legal e divertido. Ele jurou há muito tempo que não deixaria
nada afetá-lo.
Mas quando Bear o confortou no dia anterior, aquela pequena gentileza rompeu
suas defesas. Foi apenas um breve momento, mas algo nele fez seu peito doer.
Bear estava apenas sendo gentil. Isso não significava nada para ele ‒ claro que não.
Mas parecia mais para Julian. Esse cuidado, esse conforto... foi uma dose de algo
estava ignorando não significava que ele não pudesse se divertir um pouco tentando
irritá-lo. ‒ Mas, na verdade, sempre me senti atraída por homens como você: grandes,
Desta vez, Bear não conseguiu esconder seu desconforto. Seus ombros ficaram
tensos e um leve rubor tomou conta de suas bochechas. Ele olhou para a arma em suas
mãos, evitando os olhos de Julian enquanto murmurava: ‒ Só estou fazendo meu trabalho,
garoto.
Bear finalmente ergueu os olhos, encontrando o olhar de Julian com uma mistura
pouco as coisas. E talvez conhecer um pouco melhor meu cavaleiro de armadura brilhante.
profissional, com o olhar fixo na arma em suas mãos. ‒ Julian... ‒ Ele finalmente falou, sua
voz tensa. ‒ ... estou aqui para te proteger. Tempo. Este não é o momento em ir para o lado
pessoal.
Página 34
‒ Tudo bem. ‒ Julian bufou, revirando os olhos e cruzando os braços sobre o peito. ‒
Entendo. Você está apenas fazendo seu trabalho. Ele sabia que Bear estava certo, mas isso
Por um momento, eles ficaram sentados em silêncio, o único som na sala vindo do
clique rítmico de Bear desmontando a arma. Julian tentou manter seus pensamentos
quietos, mas as lembranças do atentado contra sua vida no dia anterior causaram arrepios
em sua espinha.
‒ Então, o que você acha que vai acontecer a seguir? ‒ Ele perguntou, seu tom mais
leve do que antes, mas ainda tingido de ansiedade. ‒ Será que Angelo encontrará quem
‒ Ele não vai descansar até que o faça. ‒ Respondeu Bear, sem tirar os olhos de sua
tarefa. ‒ Mas, por enquanto, nosso foco é mantê-lo seguro. Não se preocupe com mais
nada.
parede do quarto de motel, o papel de parede descascado áspero sob as pontas dos dedos.
Ele tentou se convencer de que tudo ficaria bem, mas o medo borbulhava logo abaixo da
superfície.
tona. A maneira como ele costumava observar Bear à distância, fantasiando sobre como
Ele sempre foi atraído por homens fortes e dominadores, e Bear era o epítome desse
ideal para ele. Um arrepio percorreu sua espinha ao imaginar as grandes mãos de Bear em
‒ Sabe, eu realmente deveria agradecer ao cara que atirou em mim. ‒ Julian refletiu.
‒ Sempre tive uma queda por caras grandes e fortes como você, e agora estamos presos
Página 35
juntos. É tão romântico. Esta vai ser a melhor história para contar no bar gay de casa. Eu
Um lampejo de surpresa passou brevemente pelo rosto de Bear. Julian sentiu uma
pequena pontada de satisfação. Ele não sabia que eu sou gay! Bem, agora isso está aí. Eu me
Mas Bear lidou com sua surpresa com a mesma facilidade com que lidou com todo
o resto. ‒ Angelo está com ele. Não creio que um obstáculo esteja no topo das suas
Julian estremeceu. Seu irmão mais velho sempre nasceu para governar o
submundo, mas Julian era o tipo de cara que desmaiava ao doar sangue. Eles eram
Bear voltou ao trabalho, mas a linha descartável de Julian fez o seu trabalho.
Quando Bear olhou para ele novamente, seus olhos permaneceram em Julian apenas uma
Isso enviou um arrepio pelo corpo de Julian. Ele podia ver o brilho de algo novo
nos olhos de Bear, apesar de seus melhores esforços para permanecer distante:
Encorajado por essa reação, Julian se aproximou do homem mais velho, passando
os dedos de brincadeira pelo braço de Bear. ‒ Sim, esta vai ser uma ótima história. ‒ Julian
perguntou, sorrindo maliciosamente. ‒ Isso é muito forte que você tem aí.
‒ Pare com isso, Julian ‒ Bear avisou, embora sua voz estivesse mais suave do que
antes.
‒ Ou o que? ‒ Julian desafiou, seu pulso acelerando com a ideia de Bear finalmente
assumindo o controle dele. Ele sabia o risco que corria, mas não conseguia evitar. Ele
‒ Ou vou colocá-lo sobre meus joelhos e dar-lhe uma surra ‒ Bear rosnou, a ameaça
em sua voz fez Julian prender a respiração. ‒ É isso que você quer ouvir?
Página 36
‒ Promessas, promessas. ‒ Murmurou Julian.
Ele encontrou uma linha. E agora, como todas as linhas que ele já encontrou, ele iria
Ele recostou-se na cabeceira da cama. ‒ Sabe, assim que superarmos essa coisa de
alguém está tentando me matar, vou comemorar indo aos bares gays daqui com algo feroz.
‒ Não saberia.
‒ Bem, então terei que ver com meus próprios olhos. ‒ Julian suspirou e se esticou
na cama. ‒ A cena gay em Londres é ótima. ‒ Continuou ele casualmente. ‒ Muita diversão.
Uma vez, tive um cara, um verdadeiro tipo de papai. Ele me segurou e assumiu o controle
‒ Eu não quero assistir Roda da Fortuna. Ninguém quer assistir a Roda da Fortuna.
Bear estava mantendo a compostura, mas Julian podia ver o efeito que suas
palavras estavam causando nele. A respiração do homem mais velho era mais deliberada,
‒ Desta vez, fui amarrado e vendado por um ex-policial que me fez implorar por
isso. ‒ Continuou Julian. ‒ Ele me provocou por horas antes de finalmente me dar o que eu
‒ Então... nunca.
‒ Vou acreditar nisso quando ver. ‒ Bear bufou, e então suas sobrancelhas
Página 37
Julian sorriu para ele. ‒ Então faça-me comportar-me. ‒ Sussurrou ele. ‒ Você é
muito mais forte do que qualquer um deles, muito mais perigoso. Aposto que você
Esse foi o ponto de ruptura. Havia algo dentro de Bear que não podia mais ser
contido.
Com um grunhido, Bear largou a arma. Com um movimento rápido, ele agarrou
Julian pelo braço e puxou-o para frente, puxando-o para seu colo.
A primeira palmada caiu com um tapa alto, o som ecoando pelo pequeno quarto do
motel. A mão grande de Bear deixou uma marca dolorosa na bunda de Julian, mesmo
através das calças, e ele não pôde deixar de gritar alarmado. A dor foi rapidamente
‒ É isso que você quer? ‒ Bear rosnou, sua voz áspera com desejo mal contido.
Bear deu outra surra na bunda de Julian. A sensação enviou ondas de choque pelo
não pare.
A mão de Bear continuou a chover na bunda de Julian, cada palmada mais dura e
intensa que a anterior. O som de carne encontrando carne encheu a sala, pontuado pelos
À medida que os gemidos de Julian ficavam mais altos, mais urgentes, à medida
que o calor aumentava dentro dele, ele sentiu a dureza de Bear pressionando seu quadril.
Um sorriso triunfante se espalhou por seu rosto. Ele esteve perto de homens mais
velhos e dominantes por muito tempo para não reconhecer aquela centelha de necessidade
Página 38
quando ele estava lá. Ele sabia que havia algo entre eles, mesmo que Bear fosse teimoso
‒ Porra, Bear. ‒ Julian ofegou, esfregando-se contra o colo do homem mais velho.
Seu pênis estava dolorosamente duro, esticando o tecido de suas calças. ‒ Isso é tudo que
você tem?
‒ Droga, garoto. ‒ Bear rosnou, sua mão descendo com outro tapa retumbante. O
eu preciso...
A mão de Bear parou em sua bunda e Julian pôde sentir a tensão em seu corpo. Ele
sabia que Bear estava lutando para manter o controle, mas isso só o fazia desejá-lo mais.
Ele se apertou mais perto, esfregando-se contra a protuberância inconfundível nas calças
de Bear.
Por um momento, pareceu que Bear iria ceder. Sua respiração estava irregular, seu
Mas então, de repente, ele empurrou Julian para longe dele, fazendo-o cair no chão
do quarto do motel.
Julian olhou para ele, com o coração batendo forte no peito. Ele podia ver o conflito
que assolava dentro de Bear e sabia que quase havia vencido. Ele lambeu os lábios,
permitindo que seu olhar descesse até a impressionante ereção que cobria as calças de
Bear.
‒ Deixe-me cuidar disso para você. ‒ Murmurou Julian, com os olhos cheios de
necessidade.
A mandíbula de Bear se apertou, seus olhos fixos nos de Julian. ‒ Não. ‒ Disse ele,
Página 39
O coração de Julian disparou enquanto ele tentava decifrar a expressão de Bear.
Certamente, o desejo que sentiu momentos atrás não poderia ter desaparecido tão
rapidamente.
Minha lealdade é para com Angelo e nossa missão. Protegê-lo, mantê-lo vivo, é para isso
que estou aqui. ‒ Suas palavras eram firmes e a convicção inabalável. ‒ Não para... isso.
‒ Tudo bem. ‒ Disse Julian, sentindo uma pontada de rejeição no peito. ‒ Faça do
seu jeito, então. ‒ Ele se afastou de Bear, tentando esconder o sentimento doentio de
‒ Com certeza, eu irei. ‒ Bear murmurou baixinho, sua frustração palpável. Ele
‒ Sair para fumar. ‒ Foi a resposta áspera. Com isso, Bear saiu, deixando a porta
tentava processar tudo o que acabara de acontecer. O que diabos aconteceu? Seria tudo
apenas um jogo, uma piada cruel feita por suas próprias fantasias?
Ele repassou a cena em sua mente: o calor da mão de Bear em sua bunda, o som
daquelas palmadas fortes e fortes, a dureza que sentiu pressionando contra ele.
Foi real, não foi? Parecia tão perfeito, como dois opostos se unindo como um só.
o gosto amargo da decepção. Por enquanto, ele teria que aceitar a realidade diante dele:
Mas enquanto a lembrança do toque de Bear permanecia em sua pele, Julian não
conseguia se livrar da sensação de que algo havia mudado entre eles – e não poderia ser
desfeito.
Página 40
CAPÍTULO SEIS
Ele sabia disso, mas não importava. Ele não conseguia se conter.
Ele nunca pensou que seria tão próximo do irmão Toscano mais novo, mas aqui
Bear sempre gostou de proteger as pessoas. Usar sua força para manter alguém
E por mais que Julian fingisse estar acima de tudo, ele precisava de proteção. Não
importa o quanto ele tentasse lutar contra isso, a vulnerabilidade nos olhos de Julian
‒ Beije-me com mais força. ‒ Julian respirou contra os lábios de Bear, sua voz cheia
de necessidade. Bear obedeceu sem hesitação, suas mãos encontrando o caminho para os
quadris de Julian enquanto eles pressionavam seus corpos. Eles se moviam ritmicamente,
suas bocas travadas em uma dança apaixonada que refletia o movimento de seus quadris.
Bear não podia negar a excitação que o percorreu ao sentir a dureza de Julian contra
Isso foi uma traição a Angelo? Será que sua lealdade à família Toscano seria
motel de merda?
‒ Meu Deus, Bear, eu queria isso há anos. ‒ Julian murmurou, afastando os lábios
Página 41
Julian assentiu, seus olhos escuros de luxúria e segredos. ‒ Desde que eu era
adolescente. ‒ Ele confessou, com um sorriso malicioso se espalhando por seu rosto. ‒ Eu
costumava fantasiar sobre você entrando no meu quarto à noite, assumindo o controle de
mim...
Merda. Bear era guarda-costas, mas ainda era um homem. A revelação acendeu um
fogo dentro dele, empurrando suas dúvidas e preocupações sobre Angelo para o fundo de
sua mente. Tudo o que importava agora era realizar aquelas fantasias antigas, tornar os
Ele agarrou Julian com mais força, seus quadris se movendo em sincronia enquanto
eles se perdiam no calor do momento. ‒ Diga-me o que você quer. ‒ Rosnou Bear, com a
A resposta de Julian foi imediata, seus olhos fixos nos de Bear com uma
determinação feroz. ‒ Eu quero tudo, Bear. Tudo o que você está disposto a dar.
‒ Nesse caso... comporte-se como um bom menino para mim, Julian. ‒ Bear
ordenou, sua voz cheia de autoridade. As palavras enviaram uma descarga elétrica pela
sala, e ele pôde ver o efeito que tiveram em Julian. Seus olhos brilharam de excitação, e
Bear sabia que havia descoberto algo primitivo dentro do homem mais jovem.
melhor garoto que você já viu. ‒ Ele se inclinou, dando outro beijo rápido e acalorado na
Bear não pôde deixar de sorrir com a ansiedade nos olhos de Julian; estava claro
que ele estava esperando por esse momento há muito tempo. ‒ Prove. ‒ Ele desafiou,
permitindo que sua mão percorresse as costas de Julian, apertando sua bunda com
firmeza. ‒ Mostre-me que você pode realmente me ouvir pelo menos uma vez. ‒
‒ Apenas me diga o que fazer. ‒ Julian respirou, com a voz carregada de desejo.
Página 42
‒ Ajoelhe-se. ‒ Ordenou Bear, seu tom não deixando espaço para discussão.
Julian imediatamente caiu de joelhos, seu olhar nunca deixando de Bear enquanto
ele se acomodava no carpete sujo do quarto de motel. Foi uma visão que despertou algo
profundo dentro de Bear, fazendo-o se sentir poderoso e no controle de uma forma que
Bear ficou maravilhado com a visão diante dele: Julian, com seus olhos brilhantes e
bochechas coradas, ajoelhado submissamente a seus pés. Ele era inegavelmente lindo, e o
sonhando com esse momento? E agora, aqui estavam eles, transformando esses sonhos em
realidade.
ajoelhado. Ele podia sentir o calor irradiando do corpo de Julian, praticamente podia sentir
o gosto do desespero em sua respiração pesada. ‒ Você quer isso, não é? ‒ Ele perguntou, a
voz baixa e provocante enquanto enfiava seu próprio pau duro através das calças.
‒ S-sim ‒ Julian gaguejou, os olhos fixos na mão de Bear como um homem faminto
contorceu sob seu olhar. Ele lentamente abriu o zíper das calças, libertando seu pênis
latejante de seus limites, então agarrou-o firmemente em sua mão. A cabeça já estava cheia
de pré-gozo, e ele sorriu com o desejo de boca aberta de Julian. ‒ Você vai ter que ser mais
Julian lambeu os lábios e, por um momento, Bear viu uma centelha de desafio
habitual em seus olhos. ‒ Eu não deveria ter que implorar. ‒ Ele zombou, tentando manter
fanfarronice de Julian, seus olhos estavam grudados em cada golpe da mão de Bear. ‒ Mas
Página 43
neste momento você está sendo um bom menino para mim... e bons meninos sabem pedir
necessidade. ‒ Sim está bem. Por favor, Bear, deixe-me chupar seu pau. Eu... eu preciso
disso.
‒ Bom menino. ‒ Elogiou Bear, aproximando-se para que a ponta de seu pênis
Ansioso por agradar, Julian não perdeu tempo em envolver os lábios ao redor do
comprimento grosso de Bear. A sensação de calor quente e úmido envolvendo-o fez Bear
gemer, e ele lutou para manter o controle quando Julian começou a sugar avidamente.
‒ Calma aí, querido. ‒ Bear instruiu, agarrando o cabelo de Julian para guiar seus
movimentos. ‒ Quero que você vá com calma. Mostre-me o quão boa essa sua linda boca
comprimento de Bear em sua boca a cada movimento de sua cabeça. Enquanto Julian
continuava a adorar o pênis de Bear, a linha entre prazer e poder ficou turva, deixando os
‒ Deus, você está indo tão bem. ‒ Murmurou Bear, olhando para o homem
ajoelhado diante dele. ‒ Mas não pense que isso significa que vou pegar leve com você.
Espero que meus bons meninos deem tudo de si quando estiverem me servindo.
Julian gemeu sem palavras. Bear decidiu interpretar isso como um bom sinal. ‒ Vá
mais fundo, garoto. ‒ Ele rosnou, a mão ainda segurando o cabelo de Julian enquanto o
guiava para baixo. Ele podia ver a tensão nos olhos de Julian enquanto ele lutava para
Página 44
‒ Tem certeza que pode cuidar de mim? ‒ Bear provocou, empurrando Julian um
pouco mais. ‒ Eu não gostaria que você se engasgasse com sua própria ambição.
‒ Muito bem, então. ‒ Disse Bear, com um sorriso aparecendo em seus lábios,
Com vigor renovado, Julian mergulhou de volta no pênis de Bear, absorvendo cada
centímetro. Sua garganta trabalhou em torno do pênis de Bear, deslizando para frente com
uma firmeza lenta que fez a bola de Bear apertar, até que seu nariz pressionou contra os
pelos pubianos ásperos de Bear. A visão de Julian tomando-o, com as bochechas coradas,
‒ Um menino tão bom para mim. ‒ Elogiou Bear, com a voz rouca. ‒ Mas agora
Antes que Julian tivesse chance de responder, Bear o puxou pelo colarinho e o
‒ Qualquer coisa por você. ‒ Julian respondeu sem fôlego, tirando as calças e
obedecendo ansiosamente. Sua dureza estava orgulhosa entre suas pernas, uma prova do
‒ Que visão tão linda. ‒ Bear refletiu, posicionando-se entre as coxas de Julian. ‒
Mas não posso deixar de me perguntar... Você consegue lidar com o que estou prestes a
lhe dar?
Bear riu, sua voz baixa e perigosa. Foi questão de um momento pegar um frasco de
óleo de seu kit - ei, um homem nunca sabe quando vai precisar dele - e lubrificar seu
pênis.
Página 45
Ele agarrou os quadris de Julian, puxando-o para mais perto até que seus corpos
estivessem encostados um no outro. ‒ Segure firme, garoto. Vou te dar tudo o que você
pediu.
O gemido que escapou dos lábios de Julian foi uma sinfonia de prazer e submissão,
estimulando Bear.
O ânus apertado de Julian era como uma luva, apertando o membro grosso de Bear
a cada estocada. A maneira como Julian se movia debaixo dele despertou uma necessidade
feroz nele, cada impulso aumentando em intensidade enquanto Julian gemia e se contorcia
em êxtase.
A cada estocada, Bear podia sentir cada centímetro de Julian, puxando-o para mais
perto a cada segundo. Já fazia muito tempo que ele não se sentia assim. Agora, ele
Seus corpos se moviam juntos, uma dança primitiva alimentada pela paixão e
‒ Meu Deus, Bear, você é tão bom. ‒ Julian engasgou. Suas mãos se fecharam em
dele, agarrando seu pau grosso como um torno de veludo. Ele não pôde deixar de pensar
em todas as outras maneiras que queria explorar Julian, reivindicar cada centímetro dele,
‒ Porra. ‒ Julian gemeu, sua voz tensa enquanto ele se agarrava a Bear para salvar
Bear traçou uma linha pela espinha de Julian, maravilhado com a suavidade de sua
pele e a ondulação dos músculos abaixo dela. Ele apertou ainda mais os quadris de Julian,
Página 46
penetrando nele com força renovada enquanto o desejo despertava quente e brilhante
dentro dele.
primitivo. Em sua mente, ele podia se ver fazendo isso para sempre, tomando Julian uma e
outra vez até que ambos ficassem exaustos, emaranhados nos membros um do outro e
escorregadios de suor.
‒ Você consegue sentir o quanto... o quanto eu desejei você? ‒ Julian engasgou entre
suspiros, seu corpo tremendo. ‒ Porra, Bear, você não tem ideia de há quanto tempo estou
‒ Seus sonhos devem ter sido muito vívidos, então. ‒ Bear grunhiu, afundando-se
você não tem ideia. ‒ Ele ofegou. ‒ Então você tem muitas fantasias para viver - sem
pressão.
Julian com força suficiente para fazê-lo calar a boca. Mas nada no mundo poderia fazer
isso, aparentemente.
todos os cenários possíveis. Mas... – Ele soltou uma risadinha trêmula, suas coxas
tremendo quando Bear investiu contra ele. ‒ Acontece que nenhum deles se compara ao
real.
Esse era todo o incentivo que Bear precisava. Ele investiu contra Julian com mais
força, silenciando sua conversa, deixando os dois ofegantes enquanto navegavam nas
Teria sido a coisa mais fácil do mundo ceder, entrar profundamente no corpinho
apertado de Julian, mas Bear lutou contra seu próprio clímax. Seu foco mudou
inteiramente para o rosto corado de Julian e a maneira como seus olhos pareciam
Página 47
escurecer de desejo. Ele conhecia aquele olhar: era um sinal inequívoco de que estava
chegando a um ponto de virada, onde a provocação daria lugar a algo mais profundo, algo
cru e primitivo.
‒ Um menino tão bom para mim, não é? ‒ Bear rugiu, sua voz baixa e autoritária
enquanto segurava os quadris de Julian, guiando-o em um ritmo constante que fez os dois
gemerem em uníssono.
instintivamente ao tom dominante. ‒ Sim... sim, papai. ‒ Ele engasgou, saboreando a nova
dinâmica de poder entre eles. Foi emocionante a facilidade com que eles assumiram esses
‒ Bom. ‒ Bear rosnou, sentindo a onda de domínio correr em suas veias. Ele não
pôde deixar de se maravilhar com a forma como Julian se submeteu tão voluntariamente a
ele, seguindo ansiosamente cada comando e gemido de prazer. Era inebriante o controle
que Bear exercia sobre esse jovem charmoso e inteligente ‒ e ele não trocaria isso por nada
no mundo.
‒ Diga-me o que você quer. ‒ Bear exigiu, sua voz firme, mas gentil, enquanto
continuava a foder Julian com golpes medidos, projetados para empurrá-lo mais perto do
limite.
mais.
ritmo, atingindo Julian com vigor renovado. ‒ Você acha que mereceu, lindo rapaz?
‒ Tudo bem. ‒ Bear cedeu, seu coração inchando com uma estranha mistura de
orgulho e carinho pelo homem se contorcendo embaixo dele. ‒ Você está indo tão bem,
Página 48
Ele deslizou a mão ao redor do arco do quadril de Julian e desceu ao longo da
superfície plana de seu estômago, até fechar em torno de seu pênis. Julian engasgou e
Julian mordeu o lábio, seu corpo ficou tenso, e então, em um momento delicioso, ele
caiu na borda. Seu corpo tremeu e ficou tenso, cada nervo aceso com êxtase elétrico
enquanto ele gritava sua libertação, perdido nas poderosas ondas de prazer que caíam
sobre ele.
absoluta dele ameaçando desfazê-lo completamente. E quando Julian chamou seu nome ‒
sem fôlego, reverente, cheio de necessidade ‒ foi tudo que ele precisou para levá-lo a uma
‒ Porra, Julian... ‒ Bear gemeu, e então cedeu, seu clímax o atingiu como um
tsunami.
prazer começou a se dissipar. Julian ficou ali deitado, o corpo ainda corado e formigando
por causa do amor apaixonado, o gosto de suor nos lábios. Um sorriso atrevido se
‒ Você percebe... ‒ Começou ele, com a voz um pouco rouca por causa dos gemidos
e gritos de prazer anteriores. ‒ ... que Angelo vai matar nós dois quando descobrir isso?
Bear gemeu, o estrondo profundo em seu peito vibrando contra a pele de Julian
úmidos pelo esforço, mas nenhum dos dois pareceu se importar. Por enquanto, tudo o que
compartilhado.
– Ele pode não aceitar bem. – Admitiu Bear, seus dedos traçando círculos
distraidamente no abdômen de Julian, causando arrepios. ‒ Mas eu posso lidar com isso.
Página 49
Foi uma afirmação ousada, mas que parecia verdadeira em cada fibra do seu ser. O
que ele acabara de fazer não era algo que parecesse uma traição. Não mais.
‒ Realmente? ‒ Julian brincou, rolando de lado para encarar Bear, o sorriso nunca
saindo de seus lábios. ‒ Você não está nem um pouco assustado com meu irmão mais
velho?
A maneira como o corpo de Julian se movia junto com o seu, a luz nos olhos de
Julian enquanto ele obedecia aos comandos de Bear, o alívio suave em sua linguagem
Tenho medo do que isso afetará tudo o que ajudei os Toscanos a construir, pensou Bear.
Com esse pensamento íntimo, ele se inclinou para dar um beijo carinhoso nos lábios
suavemente a coxa de Julian com a sua. ‒ ... se você tem energia suficiente para brincar,
A risada de Julian encheu a sala, alegre e alegre como uma sinfonia. Enquanto eles
riam juntos, seus corpos pressionados mais uma vez, era impossível não sentir a pura
Página 50
CAPÍTULO SETE
para o perfil forte de Bear. Ele admirou a forma como os nós dos dedos de Bear apertaram
Quando Bear contou a ele sobre todo o plano de se infiltrar em quartos de motel de
merda, Julian não foi exatamente um fã. Ele não tinha voltado para casa apenas para ficar
trancado em casa assistindo TV durante o dia durante uma semana, espiando por trás de
cortinas sujas para verificar se havia assassinos à espreita perto da máquina de gelo.
Mas descobriu-se que havia maneiras muito melhores de matar o tempo. Passo um:
ficar preso com alguém com quem você fantasiou durante anos…
Julian cruzou as pernas e sorriu com a dor causada pela queimadura do carpete em
seus joelhos. Sim, surpreendentemente, ser fodido sem sentido por dias a fio era um pouco
Ele enviou um agradecimento silencioso ao cara que atirou nele. Obrigado, cara. Você
é o melhor ala.
Mesmo que, depois de uma semana nas mãos de Angelo Toscano, aquele cara
Julian olhou pela janela, observando a estrada passar atrás deles pelos retrovisores
laterais. Depois de vários dias sem que nada acontecesse, os homens de Angelo pensaram
que a ameaça havia diminuído o suficiente para que Julian saísse do esconderijo.
Se Julian se concentrasse no retrovisor, não teria que olhar para frente, onde o fim
Página 51
Julian franziu a testa, mantendo os olhos fixos nele. Bear os levou até uma esquina e
mudou de faixa, mas ainda assim permaneceu lá, no mesmo ritmo que eles...
Seu coração disparou, uma mistura de excitação e medo correndo por suas veias. ‒
Os olhos de Bear estavam estreitados. ‒ Bom local. Já faz algum tempo que os
observo.
Ele escapou pelo trânsito, pegando um semáforo no último momento. O carro atrás
deles passou pelo sinal vermelho atrás deles, deixando o som das buzinas em seu rastro.
Bear puxou Julian para longe da janela. ‒ Espere, garoto. ‒ Ele avisou, com a voz
baixa e firme.
Julian agarrou o apoio de braço, a adrenalina percorrendo seu sistema. Ele observou
‒ Uau, você é muito bom nisso. ‒ Comentou Julian, com a voz sem fôlego de alegria.
Julian não pôde deixar de sentir uma sensação de admiração ao observar Bear em ação.
elemento: seus músculos tensos e preparados para a ação, sua mandíbula cerrada em
determinação.
‒ Não é a hora, garoto. ‒ Bear resmungou, sem tirar os olhos da estrada. ‒ Ligue
para Angelo. Agora! ‒ Ordenou ele, com a voz firme, mas surpreendentemente calma
dadas as circunstâncias.
Página 52
‒ Estamos a caminho e temos um seguidor. ‒ Disse Bear, tão firme como se também
não estivesse desviando um carro no trânsito em alta velocidade. Ele recitou a localização
deles e uma série eficiente de outros termos, todos passados por Julian como se estivessem
falando em código.
voz fria e profissional. Mas então algo mais surgiu em seu tom de comando. ‒ Julian...
Quando Julian baixou o telefone, ele não pôde deixar de notar a forma como os nós
dos dedos de Bear ficaram brancos ao redor do volante, uma prova de sua determinação
feroz em mantê-los seguros. Embora a situação fosse terrível, a visão causou um arrepio
na espinha de Julian: uma parte de medo, uma parte de alívio por ter alguém em quem ele
podia confiar.
Enquanto a adrenalina corria por suas veias, o coração de Julian batia forte em seu
‒ Fique abaixado, Julian! ‒ A voz de comando de Bear cortou o caos, seu olhar fixo
firmeza, os nós dos dedos ficando brancos enquanto ele manobrava habilmente o veículo
pelas ruas labirínticas da cidade. Julian observou com admiração os anos de experiência
‒ Não posso dizer que eles não sabem como nos manter alerta. ‒ Bear resmungou,
respiração presa em antecipação. ‒ Eles estão se aproximando. ‒ Disse ele, com a voz
Página 53
Com uma onda de velocidade, Bear atravessou habilmente o trânsito, seus reflexos
aperfeiçoados. Julian agarrou-se ao seu assento, com o olhar fixo no foco inabalável de
Bear. Havia uma confiança calma no comportamento de Bear, uma garantia tácita que
tomou conta de Julian como um bálsamo calmante, mas um músculo estava se contraindo
em sua mandíbula enquanto ele trabalhava duro para mantê-los à frente de seus
adversários.
‒ Estamos perdendo eles, mas são persistentes. ‒ Observou Bear, com a voz cheia de
Julian ficou presa na garganta enquanto Bear guiava habilmente o carro pelo espaço
apertado, enfiando a linha na agulha com precisão. Seus perseguidores lutavam para
lá fora parecia girar em um borrão caótico enquanto o carro deles ficava fora de controle,
girando descontroladamente.
A última coisa que ouviu antes de desmaiar foi Bear gritando seu nome.
Página 54
CAPÍTULO OITO
Julian, trazendo-o de volta à consciência. Dedos macios roçaram sua bochecha, um forte
Bear enquanto as memórias da perseguição de carro voltavam à tona. Ele ainda estava
sentado, o carro tombado de lado. Bear estava segurando a cabeça de Julian entre as mãos,
‒ Carro capotou. Mas estamos bem. ‒ Havia uma arma na mão livre de Bear e
manchas de sangue vermelho vivo em sua camisa. O que quer que Julian tenha perdido,
Bear viu para onde ele estava olhando. ‒ Estamos bem. Eles não estão. Mas
precisamos nos mudar antes que algum dos amigos deles chegue aqui. Você pode se
‒ S-sim, acho que sim. ‒ Julian disse com a voz trêmula enquanto tentava se sentar,
estremecendo com a dor que percorria suas costelas. Ele nunca havia sofrido um acidente
de carro antes, muito menos um que parecesse ter saído direto de um filme de ação.
‒ Bom. Precisamos sair daqui. O tom de Bear era totalmente profissional, mas Julian
não pôde deixar de notar a forma como seus olhos permaneceram nele com preocupação.
Era um lado de Bear que ele raramente via: protetor de uma forma que não tinha nada a
Página 55
‒ Guarde os agradecimentos para mais tarde. ‒ Disse Bear rispidamente, embora o
Julian deu um passo e depois estremeceu com uma pontada de dor. Seu coração
Bear não perdeu o ritmo. Sem perguntar, ele simplesmente pegou Julian nos braços
como se não pesasse nada e saiu de cena. Ele carregou Julian por uma rua lateral,
movendo-se rapidamente.
cheguem até nós. – Respondeu Bear, com a voz tensa pelo esforço enquanto varria os
decomposição encheu as narinas de Julian. Estava longe do mundo glamoroso ao qual ele
estava acostumado, mas havia algo estranhamente reconfortante em estar nos braços de
subiu uma passarela próxima até uma pequena sala. O escritório de um superintendente,
percebeu Julian, observando a ampla janela que dava para o que antes havia sido um chão
de fábrica ativo. A partir daí, os dois poderiam rastrear quem estava entrando na fábrica ‒
‒ Coloque-me no chão. ‒ Sussurrou Julian, não querendo mais ser um fardo. Bear
obedeceu, colocando-o no chão com cuidado antes de pressionar seus corpos juntos,
protegendo Julian com seu corpo musculoso. Naquele momento, Julian sentiu uma
estranha mistura de emoções: medo, desejo e uma enorme sensação de gratidão pela
Página 56
‒ Escute... ‒ Disse Bear, seu hálito quente fazendo cócegas na orelha de Julian. ‒ Eu
preciso que você fique quieto, certo? Se nossos inimigos chegarem até nós antes dos
reforços, eles estarão nos procurando e não podemos nos dar ao luxo de fazer barulho.
ser um fardo.
Durante toda a sua vida, ele se sentiu inútil em comparação com o resto da família.
Ele agiu como se tivesse optado por rejeitar essas qualidades, indo para o exterior em
busca de atividades intelectuais, em vez de ficar em casa para trabalhar nos negócios da
família.
Doeu menos assim. Mas no final das contas, ele estava realmente com medo de ser
inadequado. E agora, seu pior pesadelo estava se tornando realidade: ele estava
Se ele saísse disso ‒ quando saísse disso ‒ ele teria que trabalhar esse lado dele.
‒ Mais tarde. ‒ respondeu Bear, com a voz tensa. ‒ Precisamos nos concentrar em
‒ Tudo bem. ‒ Concordou Julian, mas as palavras pareciam vazias em seu peito.
Enquanto eles encontravam uma posição para esperar em silêncio, escondendo- se atrás de
uma cobertura, Julian não pôde deixar de permitir que seus pensamentos voltassem para
aquele momento em que Bear o acordou pela primeira vez de seu estado inconsciente.
A ternura nos olhos de Bear enquanto ele segurava a cabeça de Julian nas mãos era
uma lembrança que ficaria gravada em sua mente para sempre. Ele sabia que havia mais
Por enquanto, porém, tudo o que ele podia fazer era esperar, pressionado um
contra o outro nas sombras, rezando para que ambos vivessem para ver outro dia.
Página 57
E então, acima dos sons distantes da cidade e das suas sirenes, ouviu-se um novo
ruído.
O som de passos.
por ele.
Ele não era muito bom nessa coisa de vida mafiosa, mas tinha certeza de uma coisa:
inimigo invisível. Silenciosamente, ele gesticulou para Julian ficar atrás dele e, naquele
Por favor, deixe um cara viver o suficiente para se acostumar com isso.
Julian, ainda cuidando da perna dolorida, se contorceu para frente e espiou por
uma fresta na porta do escritório. Seu coração acelerou com a visão que se desenrolava
diante dele. Uma equipe de homens, vestidos com ternos escuros e armas na mão,
infiltrou-se no desolado armazém com precisão calculada. Cada passo que davam exalava
profissionais treinados e seu próprio estado vulnerável. O medo corroeu suas entranhas,
Estes eram o tipo de homens que pertenciam a este mundo, que prosperavam nas
A presença de Bear fornecia um fino escudo de segurança, mas mesmo isso não
conseguia conter totalmente o pânico que crescia dentro de Julian. Ele agarrou a borda da
Página 58
porta, os nós dos dedos ficando brancos, enquanto tentava desesperadamente se
equilibrar.
E então houve um toque suave em seu ombro. Julian olhou para cima e viu Bear
outra circunstância, Julian talvez não se importasse de ser tratado como um cachorro ‒ na
verdade, ele tinha algumas fantasias muito interessantes sobre isso. Mas aqui, ser dito para
Se lhe disseram para ficar, era porque Bear o estava deixando. Ele balançou a cabeça
Mas a expressão de Bear não permitia qualquer insubordinação. Seja bonzinho, Bear
Com pés silenciosos, escondido na escuridão, Bear saiu pela entrada lateral do
Mas não era apenas para afastar seus inimigos de Julian, como se Julian fosse um
fábrica, verificando debaixo de mesas abandonadas e espiando nas sombras, Bear deslizou
Julian observou com os olhos arregalados enquanto Bear entrava em ação, com
localizar Bear, ele já havia atirado mais duas vezes. Três deles caíram, tiros e gorgolejos
enchendo o ar.
Página 59
As balas zuniam pelo ar, criando uma sinfonia mortal de estalos e baques. Bear
respondeu ao fogo habilmente, cada tiro atingindo seu alvo com precisão mortal. Ele
mantendo o foco dos homens em sua direção – e mantendo Julian protegido de perigos.
Num borrão de força bruta e precisão letal, Bear saltou do pórtico e enfrentou os
homens restantes, seu corpo uma arma afiada através de anos de treinamento e
armazém. Havia mais atacantes, mas seus números não eram páreo para a determinação
implacável de Bear.
A boca de Julian estava seca enquanto observava Bear se mover com foco
inabalável. A violência que se desenrolava diante dele era ao mesmo tempo aterrorizante e
inspiradora. Bear era uma força a ser reconhecida, um anjo da guarda no meio do caos.
alimentando cada movimento. O medo de Julian ameaçava dominá-lo, mas ele se agarrou
Bear seguiu suas instruções sem questionar, confiando implicitamente nos instintos
de Julian. Ele apertou o gatilho, derrubando o homem. Naquele momento, a conexão deles
pareceu elétrica, e Julian não pôde deixar de sentir uma emoção percorrendo-o.
voltou para o lado de Julian. A intensidade da batalha ainda pairava no ar, mas uma
sensação de alívio tomou conta de ambos. O coração de Julian disparou, seu corpo
Página 60
‒ Você está machucado? ‒ Foi a primeira coisa que Bear disse, vindo para o lado de
Julian.
‒ Estou bem. Melhor do que você, provavelmente. ‒ Ele soltou uma risada trêmula,
seu pulso ainda acelerado enquanto a adrenalina começava a diminuir. ‒ É errado dizer
Bear passou a mão pelo rosto. ‒ Cale a boca, garoto. ‒ Ele respondeu, embora não
houvesse calor em suas palavras. Na verdade, um leve indício de sorriso brincava nos
cantos de seus lábios. ‒ Pensei que deveria dizer... foi bom ter alguém para cuidar de mim.
admirar os ombros largos e fortes de Bear. Havia algo inerentemente erótico no poder
bruto em exibição, e ele ficou maravilhado com a improvável convergência entre luxúria e
perigo.
aguardassem.
Bear pegou Julian novamente, segurando-o nos braços – mas desta vez, quando
levantou o peso de Julian, soltou um pequeno som de dor. Se Julian estivesse mais longe
dele, isso não teria passado despercebido. Pressionado contra o peito, porém, ele não
‒ Não é nada.
Mas quando ele deu um passo, tentando sair, Julian sentiu um arrepio que o
percorreu. O gosto metálico do medo pairou no ar como uma segunda pele, e o coração de
Antes que Bear pudesse detê-lo, Julian se contorceu, passando as mãos pela lateral
do corpo de Bear - e então as pontas dos dedos ficaram molhadas e pegajosas. ‒ Merda!
Página 61
‒ Não é nada. ‒ Insistiu Bear.
Julian revirou os olhos. Por que caras durões eram assim? Ele se livrou dos braços
rapidamente pelo lado de Bear. ‒ Bear, você está bem? ‒ Sua voz estava cheia de medo e,
superficial.
‒ Deixe-me ver. ‒ Com dedos gentis, mas determinados, Julian empurrou a camisa
de Bear para cima, revelando a linha vermelha furiosa que marcava sua carne perfeita: um
ferimento de bala.
Ele hesitou por um momento, mas não conseguiu se conter. ‒ Belos músculos, aliás.
Bear soltou uma risada incrédula, o som tenso pela dor. ‒ Não é hora, Julian.
universidade.
‒ Não é grande coisa. ‒ Disse Bear, apesar da visão chocante de tanto sangue
A voz de Bear era profunda e sincera. ‒ Lamento que você tenha se envolvido nisso
tudo.
Julian olhou para Bear, seus olhos fixos no olhar do executor. O cuidado que ele
encontrou ali ameaçou desfazê-lo totalmente. ‒ Tive medo de perder você. ‒ Confessou ele
‒ O mesmo aqui. ‒ Bear respondeu, sua voz igualmente suave. ‒ Eu não poderia
Página 62
‒ Da próxima vez, vamos concordar em pular as preliminares do tiroteio. ‒ Sugeriu
Negócio.
Julian se apoiou na mão de Bear por um breve e doloroso momento antes de Bear
relutantemente retirá-la. ‒ Precisamos sair daqui antes que eles voltem com reforços. ‒
Explicou.
Bear cerrou os dentes enquanto tentava ajudar Julian a se levantar. Ele conseguiu
colocar Julian de pé, o braço de Julian pendurado nos ombros de Bear para apoio.
Enquanto mancavam em direção à saída, Julian não pôde deixar de pensar que,
O que quer que estivesse por vir, ele queria Bear ao seu lado.
Julian congelou, o coração batendo forte no peito. Ele olhou para Bear, que parecia
igualmente alarmado.
‒ Fique aqui. ‒ Ordenou Bear, encostando-se na parede para se apoiar. ‒ Vou dar
uma olhada.
‒ Claro que vou. ‒ Retrucou Julian, com desafio brilhando em seus olhos. ‒ Estamos
Bear suspirou, claramente sabendo que não deveria discutir com o teimoso jovem
Juntos, eles espiaram pela esquina ‒ mas desta vez não eram mais atacantes.
Marco King estava de pé ao lado de um dos homens que Bear havia derrotado, a
arma ainda fumegante, seus homens cercando o último dos atacantes com eficiência
Página 63
‒ Bear. ‒ Marco soltou um suspiro de alívio e depois acenou com a cabeça. ‒ E
‒ Não me chame assim. ‒ Insistiu Julian, mas Marco nunca lhe dera ouvidos. Idiota
arrogante.
Bear, seu olhar aguçado percebeu a proximidade reveladora entre eles - o braço de Bear
intimidade. Pela expressão taciturna que apareceu em sua expressão, Julian sabia, sem
‒ Bear, um dos meus rapazes pode levar você para ser costurado. Junior, venha
comigo. ‒ Ordenou Marco, com a voz tão profissional como sempre, mas havia um toque
escrutínio de Marco. Ele tentou se afastar de Bear, mas o homem ferido apertou ainda
‒ Obrigado pelo apoio, Marco. ‒ disse Bear rispidamente, com uma expressão
ilegível.
‒ A qualquer hora. ‒ Respondeu Marco, sem tirar os olhos dos dois. ‒ Angelo nos
sentir exposto sob o olhar atento do executor. Ele sabia que o relacionamento deles havia
estômago se apertou com o pensamento, mas quando ele olhou para Bear, encontrou seu
Página 64
CAPÍTULO NOVE
Toro. Apesar da luz quente do sol incidir sobre eles enquanto caminhavam pela rua
movimentada, Julian não pôde deixar de tremer sob a sombra projetada pelos músculos
arredores como um cão de guarda se preparando para atacar qualquer ameaça desavisada.
afastar a ideia de que ele parecia totalmente cruel. Era como se mesmo o menor passo em
falso pudesse levá-lo a desencadear uma torrente de violência sobre o mundo. Julian
engoliu em seco e sentiu uma pontada de saudade da presença familiar de Bear ao seu
‒ Ei... ‒ Começou Julian, tentando envolver Toro em alguma brincadeira alegre. Ele
apontou para um homem idoso vestindo uma camisa havaiana berrante e shorts verde-
limão. ‒ A roupa daquele cara é tão barulhenta que praticamente grita. Você não acha?
homem e depois de volta para a rua à frente. O silêncio entre eles se prolongou, fazendo o
Mas o rosto de Toro permaneceu uma máscara de indiferença, seu foco nunca se
acumular em seu peito. Talvez a Toro fosse simplesmente endurecida demais para
apreciar o humor. Ou talvez, Julian pensou com uma pontada no peito, ele simplesmente
‒ Nada? ‒ Julian pressionou, sua voz misturada com uma exasperação brincalhona.
‒ Não, obrigado. Parece que seu ex-guarda-costas lhe deu um pouco demais.
Página 65
‒ Ai. ‒ As bochechas de Julian ficaram vermelhas.
Não era apenas a vergonha de todos saberem o que ele tinha feito. Não se
importava que as pessoas pensassem que ele era uma vagabunda – afinal, era verdade.
Mas o que ele fez com a reputação de Bear? Só porque ele era um merdinha com
tesão, o nome de Bear foi arrastado pela lama, e ele voltou a ser um grunhido.
calor do sol lá em cima fez pouco para acalmar o frio que se apoderou de sua interação.
O silêncio se estendeu entre eles mais uma vez, a distância entre suas duas almas
enquanto eles passavam, com risadas contagiantes e alegres. Ele ansiava por essa conexão,
trazer.
Era algo que ele teve com Bear, mesmo que por um breve período, e isso o deixou
Eu o amo, Bear dissera na mansão. Julian tentou não pensar nisso. Era demais para
compreender, como ter que recuar para observar uma pintura dos mestres de uma só vez.
Ele tentou se livrar da melancolia que ameaçava arrastá-lo para baixo, mas se
agarrou a ele como uma segunda pele. Ele sentia falta de Bear: o exterior rude que
conversas deles pareciam despertar algo dentro dele que ele não conseguia expressar em
palavras...
uma forma que ao mesmo tempo o fascinava e enervava. O som da música percorreu o ar,
Página 66
‒ Desculpe. ‒ Murmurou Julian, com as bochechas esquentando ao perceber que se
permitiu perder-se em pensamentos sobre Bear mais uma vez. Ele precisava se concentrar
no presente, em passar cada dia com segurança com Toro ao seu lado.
Julian olhou para o horizonte, o sol poente lançando longas sombras nas
movimentadas ruas da cidade. Ele pensou no quanto sentiria falta daquele lugar quando
voltasse para Londres, mas, mais importante, no quanto sentiria falta de Bear. À medida
que o céu acima ficava em tons de rosa e laranja, ele não pôde deixar de sentir uma
Ele foi tirado de seus pensamentos pela voz de Toro. ‒ Olhos para cima. ‒ Ele
ordenou.
Ele pode não ter sido o tipo de bastardo durão que Toro, Bear ou Angelo eram, mas
Julian ainda cresceu na família Toscano. Ele estava familiarizado com a vida do submundo
E ele estava vendo isso agora. Havia um pequeno grupo de homens à frente deles.
Ao contrário do resto da multidão, esses homens claramente não estavam lá para comprar
pechinchas ou comer alguma coisa em um café bonito. Eles olharam para Toro e Julian
predador selvagem, pronto para atacar. ‒ Fique perto. ‒ Ele rosnou, sua mão
Os Toscanos não eram exatamente cidadãos exemplares, mas tinham a sua etiqueta.
Angelo e seus homens não realizaram ataques com civis por perto, reduzindo ao mínimo
os danos não intencionais. Se eles operassem de forma limpa, apenas eliminando seus
inimigos, eles poderiam passar despercebidos, reivindicando a cidade como sua, sem
repercussões.
Página 67
Esses caras não pareciam estar trabalhando com os mesmos manuais. Apesar da
mundo desacelerava ao seu redor. Sem soltar o braço de Julian, Toro se mexeu
O primeiro tiro soou no instante em que o fizeram. Julian sentiu seu coração
disparar, a adrenalina correndo por suas veias como fogo. Ele mal teve tempo de registrar
‒ Mantenha a cabeça baixa, garoto. ‒ Ordenou Toro, com a voz baixa e urgente
enquanto protegia Julian com seu corpo, forçando-o a correr. ‒ E se eu cair, você corre
‒ Entendi. ‒ Julian ofegou, com o peito arfando sob o peso sólido de seu guarda-
costas. Por mais que apreciasse os esforços de Toro para protegê-lo, ele não pôde deixar de
O coração de Julian batia forte no peito enquanto a cacofonia de tiros e gritos enchia
o ar. Ele tropeçou para frente, o aperto de Toro como um torno de ferro em volta de seu
sua visão, mas a Toro parecia saber exatamente para onde precisavam ir.
‒ Esquerda! ‒ Toro gritou, puxando Julian por um beco estreito, fazendo com que
Eles correram até que o coração de Julian parecia que iria se partir, a pulsação
abafado e opressivo; todos haviam ido para o chão e prendiam a respiração, esperando
pelo resgate.
Toro puxou Julian para uma esquina, correndo para examinar a área antes de voltar
para a segurança. ‒ Alguma ideia de quem são esses indivíduos encantadores? ‒ Julian
Página 68
‒ Isso importa? ‒ Toro rosnou, examinando a rua em busca de qualquer sinal de
seus agressores. ‒ Eles nos querem mortos, e isso é tudo que precisamos saber.
fundo do peito. Era em momentos como esse que ele mais sentia falta de Bear ‒ a solidez
tranquilizadora de sua presença, a maneira como fazia Julian se sentir protegido mesmo
diante da ameaça real de morte. Ele ansiava por ver a expressão granítica de Bear se
suavizar só para ele, por sentir o roçar suave de seus dedos calejados contra sua pele em
‒ Merda, aí vêm eles. ‒ rosnou Toro, tirando Julian de seu devaneio. ‒ Prepare-se
Toro preparou sua arma, sem sequer olhá-lo. ‒ Eles estão vindo da direita. Eu vou
voz. ‒ Quer dizer, não sou exatamente o corredor mais rápido deste lado do Atlântico.
‒ Você prefere ficar aqui e esperar por eles?‒ Toro respondeu, sua voz cheia de
sarcasmo.
Mas ele não era o único que os homens estavam perseguindo... ‒ Você vai ficar
bem?
Toro bufou. ‒ Você não tem ideia, Toscano. ‒ Ele sorriu um sorriso selvagem. ‒
como fogo líquido, desejando que seu corpo o carregasse pelas ruas mortais.
Atrás dele, ele ouviu a voz de Toro, feroz e alegre. ‒ Preparem-se para se divertir,
Página 69
E a cada passo forte, Julian desejava que Bear estivesse ao seu lado para fornecer a
Página 70
CAPÍTULO DEZ
Para Bear, seu apartamento era apenas um lugar para guardar suas coisas e dormir
depois de longas noites de reconhecimento. Ele preferia dedicar seu tempo ao trabalho,
Mas agora ele estava preso em casa. Ele se sentia como um animal de zoológico
andando de um lado para o outro em sua jaula. Ele estava sentado em uma poltrona de
copo cada vez que ele tomava um gole, as bordas outrora afiadas agora suavizadas pelo
líquido âmbar.
‒ Droga! ‒ Bear murmurou baixinho, sua voz rouca quase inaudível. Ele não
penetrantes que pareciam ver através dele, desafiando-o a baixar a guarda só por um
momento.
de memórias ternas e tensas girando em sua cabeça. Bear quase podia sentir o calor do
corpo de Julian irradiando contra ele ainda, a corrente elétrica de desejo que corria através
‒ Deveria ter feito melhor. ‒ Resmungou ele, tomando outro gole de uísque. A
queimadura pouco fez para distraí-lo da sensação incômoda de que poderia ter perdido a
Mas como seria isso? Bear, o endurecido executor da máfia, enrolado nos lençóis
Página 71
Angelo me mataria, pensou ele, mas mesmo essa ameaça pouco fez para acalmar o
calor que se acumulou em seu estômago com a ideia dos dedos fortes e finos de Julian
‒ Maldito seja, Julian. ‒ Ele sussurrou na sala vazia, o peso de seus desejos não
Como se convocado por sua agitação interna, o telefone de Bear tocou, cortando a
névoa de seus pensamentos. Ele olhou para o identificador de chamadas: Marco. Seu peito
‒ A merda caiu no ventilador, Bear. ‒ Respondeu Marco, com a voz tensa e urgente.
O coração de Bear acelerou e ele agarrou o telefone com mais força, seus instintos
Marco cuspiu o endereço, suas palavras concisas e cortantes. ‒ Estou indo para lá,
‒ Obrigado, cara. ‒ Marco respirou, com alívio evidente em sua voz. ‒ Tenha
cuidado, ok? Ainda não sabemos quem são esses caras, mas eles falam sério.
Ele não hesitou; não havia tempo para dúvidas e questionamentos. Ele correu até o
armário, agarrando seu coldre com facilidade e prática. Enquanto se movia, a mente de
Bear corria com estratégias, pesando os riscos e possíveis rotas de fuga. As apostas eram
Página 72
Quando ele abriu a porta, o ar frio da noite entrou para recebê-lo, envolvendo seu
corpo com seus fios gelados como um abraço de amante. Apesar do frio, Bear sentiu um
Era para isso que ele vivia. A emoção da perseguição, a incerteza do perigo.
‒ Espere, garoto. ‒ Ele sussurrou, sua voz quase inaudível acima do vento. ‒ Estou
chegando.
Página 73
CAPÍTULO ONZE
grandes e durões.
‒ Onde você pensa que está indo, garoto bonito? ‒ Gritou um dos homens que o
homens estavam aqui para se vingar dos Toscanos e pretendiam usá-lo para consegui-lo.
Ele podia sentir as palmas das mãos ficando úmidas de medo, mas se recusou a deixar
Ele jogou uma lata de lixo atrás dele enquanto corria. Os passos fortes atrás dele
não diminuíram a velocidade. Por que eles sempre faziam isso nos filmes?! Ele pensou
Funcionando ou não, ele nunca teve chance. Ele passou seu tempo na universidade
festejando e estudando, não correndo. Com um tapa forte, um dos homens o abordou,
A dor gritou por seu corpo. Julian lutou, mas sem sucesso. ‒ O que minha família
fez com você? ‒ Ele gritou, tentando manter a voz firme apesar do jeito que tremia.
se aproximavam dele. Ele tentou afastar os pensamentos sobre o que esses homens
Página 74
pretendiam fazer com ele e, em vez disso, concentrou-se em um plano para ganhar tempo
até que a ajuda chegasse. Enquanto ele buscava uma solução, os homens o colocaram de
‒ Deixe-o ir. ‒ Veio uma voz profunda e rouca da entrada do beco. O coração de
Os olhos de Julian se arregalaram quando ele viu Bear entrar no beco, sua forma
musculosa recortada contra o brilho fraco das luzes distantes da rua. Seus ferimentos do
encontro anterior ainda eram evidentes na maneira como ele se comportava, mas não
pareciam prejudicar sua determinação. A visão dele, espancado, mas sem se curvar,
sorriso. ‒ Bem na hora. Tenho tido uma conversa bastante estimulante com nossos novos
sacavam facas.
‒ Vamos ao que interessa. ‒ Rosnou Bear, com os olhos fixos nos homens com
intenção predatória.
O primeiro atacou Bear com uma faca, mas ele facilmente desviou o ataque com um
movimento rápido, jogando a arma no chão. O segundo avançou pela lateral, tentando
aproveitar a distração de Bear, mas foi recebido com um golpe poderoso que o deixou
cambaleante.
Julian assistiu, com o coração disparado, enquanto Bear continuava a lutar contra os
assassinos com eficiência brutal. Cada ataque e contra-ataque era uma dança de graça
mortal, os movimentos de Bear cheios de força bruta e confiança. Por mais que Julian
tivesse fantasiado com o homem ao longo dos anos, nada naquela época poderia tê-lo
Página 75
preparado para ver Bear em ação como este. Sua paixão de infância se misturou com um
‒ Você pensou que poderia mexer com a família Toscano? ‒ Bear rosnou,
Com um movimento fluido, Bear pegou a corrente no ar e a usou para desequilibrar seu
Julian não conseguiu desviar os olhos da briga. Ele sabia que deveria estar
observar o homem que protagonizava tantas de suas fantasias lutando por ele. E não foi
apenas a fisicalidade crua disso; era o conhecimento de que Bear estava se colocando em
Isso era uma bagunça, Julian sabia. Ele não pôde evitar mostrar os dentes em um
Ele lutou nos braços de seu captor, jogando seu peso para trás e depois pisando nos
pés do homem com tudo o que tinha. O homem o segurou com força, mas Julian o
desequilibrou.
Com um rugido, Bear entrou quente. Com raiva nos olhos, ele nem precisava de
uma arma. Ele bateu o homem contra a parede do beco com um barulho nauseante. O
‒ Está acabado? ‒ Julian perguntou timidamente, sua voz tremendo enquanto ele
tropeçava.
assassinos derrotados espalhados ao seu redor. O sangue escorria por seu rosto de um
corte feio acima da sobrancelha, e seus pontos estavam claramente lhe causando dor.
Página 76
Julian observou enquanto a respiração de Bear ficava pesada, seu peito arfando com
o esforço da luta. O sangue escorria pela mandíbula esculpida de Bear, e Julian não pôde
deixar de estender a mão para limpá-lo com a ponta do polegar. O toque pareceu assustar
Bear, que olhou para ele com uma mistura de confusão e vulnerabilidade.
‒ Ei. ‒ Julian sussurrou, sua voz tingida por uma mistura de medo e excitação. ‒
‒ Sempre preocupado, não é? ‒ Bear riu fracamente, permitindo que Julian passasse
extensão dos ferimentos de Bear. ‒ Bear, você está uma bagunça! Mas não posso agradecer
Julian sentiu seu coração inchar de emoção. ‒ Estou?‒ Ele perguntou suavemente,
‒ Claro. ‒ Respondeu Bear, com a voz áspera pela dor e pela exaustão. Ele olhou
nos olhos de Julian e, por um momento, seus olhares se encontraram, e parecia que todo o
resto se desfez: a escuridão, o perigo, o resultado sangrento da luta. Eram apenas os dois,
primeira vez.
acelerado.
‒ Muito mais. ‒ Sussurrou Bear, com o hálito quente na orelha de Julian. A sensação
causou arrepios na espinha de Julian, acendendo um fogo em sua barriga que ele vinha
tentando suprimir há anos. Estava ficando cada vez mais difícil negar a verdade: não se
tratava apenas de uma paixão infantil ou de uma ligação passageira. O que eles tinham era
Página 77
‒ Prometa-me uma coisa. ‒ Murmurou Julian, cravando os dedos nos ombros
musculosos de Bear. ‒ Prometa que me deixará ajudá-lo de agora em diante. Não quero
suavemente contra a testa de Julian. ‒ E prometo que sempre estarei aqui para ajudá-lo
cantos dos olhos. ‒ Nunca pensei que você sentiria o mesmo, mas... Deus, eu quero tanto
isso.
Bear fechou os olhos e se inclinou ao toque de Julian, todo o seu corpo parecendo
ceder de alívio. ‒ Você não tem ideia de como isso me deixa feliz. ‒ Ele sussurrou, com a
quer isso.
‒ Garoto, comporte-se.
Com um grunhido baixo, Bear puxou Julian para mais perto e ele fez o seu melhor.
Página 78
CAPÍTULO DOZE
Julian olhou para Bear, seus olhos permanecendo nos ombros largos do homem
envolto em um terno perfeitamente ajustado. A luz suave dos lustres acima refletia no
cabelo escuro de Bear e na barba por fazer enfeitando seu queixo forte. Os batimentos
elaboradamente decorada, um sorriso malicioso brincando nos cantos dos lábios de Bear.
que adornavam todas as superfícies até a comida suntuosa que enchia o ar com aromas de
dar água na boca. Mas nada se compara à visão de Bear, o endurecido executor da máfia,
parecendo tão refinado sem esforço. Uma emoção percorreu Julian ao pensar no que
impregnava dele. ‒ Sabe... ‒ Ele sussurrou, com a voz baixa e provocadora. ‒ ... eu sempre
soube que você se limparia bem para uma ocasião chique como esta.
Os olhos escuros de Bear brilharam de irritação, mas Julian podia ver a diversão
dançando atrás deles. Ele sabia que Bear não se importava com a brincadeira; havia se
tornado uma espécie de jogo de flerte entre eles desde o retorno de Julian ao mundo da
máfia.
– Continue assim, garoto, e veremos o quanto você vai gostar do resto deste
casamento. – Bear rosnou, mas não houve calor real em suas palavras. Na verdade, Julian
se viu deleitando-se com a atenção, o calor da voz de Bear causando arrepios na sua
espinha.
conversa. Enquanto os votos eram trocados e a sala se enchia de aplausos, ele não pôde
Página 79
deixar de lançar olhares para Bear durante a cerimônia. Ele ficou maravilhado com a
maneira como o terno abraçava cada curva do corpo musculoso de Bear, a camisa branca
contrastando com sua pele beijada pelo sol. Julian imaginou passar os dedos por aqueles
ombros largos, sentindo a força que estava escondida sob o tecido macio.
Estava se tornando cada vez mais difícil para Julian se concentrar em qualquer coisa
que não fosse Bear e as fantasias que giravam em sua mente. Ele sabia que deveria estar
atento durante o casamento de sua irmã, mas o fascínio do homem ao seu lado era
disparou ao pensar na conversa anterior, mas ele não resistiu a mexer um pouco mais na
panela. Enquanto Bear dava uma mordida em sua rica sobremesa de chocolate, Julian se
‒ Ei. ‒ Bear rosnou, olhando para Julian com os olhos semicerrados. ‒ O que você
‒ É assim mesmo? ‒ Bear perguntou, sua voz baixa e perigosa. ‒ Você pretende
Um arrepio percorreu a espinha de Julian com essas palavras, e ele engoliu em seco,
sentindo um calor repentino subir em seu rosto. ‒ Talvez. ‒ Ele murmurou, incapaz de
‒ Venha comigo. ‒ Ordenou Bear, sua voz não tolerando argumentos enquanto se
Página 80
Enquanto caminhavam entre a multidão de convidados do casamento, Julian sentiu
um arrepio de expectativa misturado com excitação nervosa. Para onde Bear o estava
Bear o conduziu pela pista de dança, onde casais dançavam ao som da música lenta
porta para uma pequena sala, com as paredes forradas com estantes cheias de volumes
Julian pelos cabelos. Ele o puxou para frente, forçando Julian a dobrar a cintura até que ele
‒ É isto o que você queria? ‒ Bear perguntou, sua voz uma mistura de diversão e
desejo. ‒ Você acha que pode simplesmente me provocar a noite toda e sair impune?
Julian podia sentir o calor do corpo de Bear embaixo dele e não pôde deixar de se
contorcer levemente com o contato. ‒ E... eu não sei. ‒ Ele gaguejou, sentindo-se
‒ Então vamos descobrir. ‒ Disse Bear, apertando ainda mais o cabelo de Julian
enquanto se preparava para dar ao jovem uma amostra do castigo com o qual ele flertou a
noite toda.
Com uma força repentina, Bear puxou para baixo as calças de Julian, deixando-o
exposto e vulnerável em seu colo. O ar fresco da sala beijou sua pele nua, aumentando sua
expectativa.
‒ Lembre-se... ‒ Bear comandou, sua voz baixa e rouca. ‒ ... você aceita seu castigo
silenciosamente. Não quero que ninguém fora desta sala saiba o que está acontecendo
aqui.
Página 81
Julian engoliu em seco, balançando a cabeça o melhor que pôde de sua posição. Ele
sabia que se quisesse qualquer tipo de libertação, teria que cumprir as exigências de Bear.
contra sua carne fazendo-o ofegar involuntariamente. Ele mordeu o lábio, tentando abafar
qualquer outro som. À medida que a surra continuava, cada golpe acertando firme e
dominantemente, Julian se viu se contorcendo no colo de Bear, tanto pela dor quanto pelo
‒ Bom menino ‒ Bear murmurou, parando por um momento para deixar Julian
‒ Obrigado. ‒ Julian conseguiu sussurrar, com a voz tensa enquanto lutava para
permanecer quieto.
Bear se mexeu embaixo dele e Julian sentiu uma umidade repentina em seu buraco.
Ele percebeu que Bear cuspiu nele, preparando-o para o que estava por vir. O pensamento
enviou outra onda de excitação através dele, tornando ainda mais difícil permanecer
imóvel.
Dois dedos grossos mergulharam nele sem aviso, esticando-o de uma forma que ele
não tinha experimentado antes. Foi áspero e intenso, mas Julian não podia negar o quanto
desejava. Seu corpo tremia quando Bear o fodeu com os dedos, a perícia do homem mais
‒ Não posso dizer que alguma vez imaginei ter você assim. ‒ Disse Bear, sua voz
uma mistura de luxúria e diversão. ‒ Mas também não posso dizer que estou reclamando.
‒ Nem eu. ‒ Admitiu Julian, sua voz quase um sussurro. ‒ Por favor, não pare.
Página 82
O mundo inteiro de Julian parecia se reduzir à sensação dos dedos de Bear dentro
dele, sua respiração acelerando a cada impulso. Ele sabia que estava perto, oscilando à
beira do clímax.
Mas tão repentinamente como começou, parou. Bear puxou os dedos, deixando
Julian desorientado e mais excitado do que nunca. Seu corpo ansiava pela conclusão, mas
‒ Você achou que escaparia tão facilmente? ‒ Bear perguntou, rindo da óbvia
frustração de Julian. ‒ Você vai ter que trabalhar para isso, garoto.
‒ Abra bem. ‒ Bear comandou, parando diante de Julian com seu pênis já para fora.
Sem lhe dar tempo para reagir ou responder, Bear agarrou um punhado de cabelo de
Julian e guiou sua boca para frente, enchendo-a com seu pau grosso e latejante.
Julian estava ofegante enquanto Bear se empurrava mais fundo, esticando os lábios
de Julian ao redor de sua cintura. Apesar do desconforto, Julian não podia negar o quanto
adorava ser levado ao limite daquela maneira. Ele se concentrou no sabor e na textura do
pênis de Bear em sua boca, saboreando cada crista e veia contra sua língua, o sabor
‒ Porra, você é bom nisso. ‒ Bear grunhiu, empurrando na garganta de Julian sem
Desesperado para agradar, Julian fez o que lhe foi dito, recuando ligeiramente para
homem mais velho. A sensação do pênis de Bear enchendo sua boca, o domínio poderoso
irradiando do executor, tudo isso embriagou Julian ainda mais do que o vinho que eles
compartilharam antes.
‒ Bom menino. ‒ Elogiou Bear, apertando ainda mais o cabelo de Julian enquanto
Página 83
Julian sufocou a vontade de vomitar enquanto Bear fodia seu rosto com força
implacável, cada impulso empurrando-o para mais perto da borda de seu próprio
orgasmo. Sua mente corria com pensamentos de se submeter à Bear, de provar ser digno
aos olhos desse mafioso endurecido. Era vertiginoso e estimulante, e Julian não se cansava.
‒ Quase lá. ‒ Bear avisou, sua respiração irregular enquanto ele se aproximava do
liberou sua carga. Julian lutou para não tossir, concentrando-se em engolir até a última
Julian lambeu os lábios, garantindo que não havia perdido uma única gota.
‒ Bom menino. ‒ Bear disse novamente, desta vez com um toque de afeto genuíno
Julian não precisou ouvir duas vezes. Suas mãos se atrapalharam com as calças,
liberando sua ereção dolorida enquanto ele tentava recuperar o fôlego. A memória do pau
de Bear em sua boca, o elogio de Bear ecoando em seus ouvidos... Era demais, e Julian
sabia que não demoraria muito para ele atingir seu próprio clímax.
Os dedos de Julian envolveram sua ereção rígida, acariciando no ritmo das batidas
de seu coração. Bear apareceu acima dele, os olhos fixos nos movimentos frenéticos de
‒ Olhe para você. ‒ Bear falou lentamente, com a voz baixa e sedutora. ‒ Ansiando
por libertação, implorando por permissão. Você está tão desesperado para me agradar,
não é?
que Bear havia estabelecido para ele. O acúmulo implacável o estava deixando louco, mas
cada palavra dura dos lábios de Bear apenas parecia alimentar seu desejo.
Página 84
‒ É uma sensação boa, não é? ‒ Bear continuou, seu olhar nunca desviando do rosto
corado de Julian. ‒ Saber que fui eu quem te colocou nesse estado, que controlo o seu
prazer.
Julian mal conseguia pensar direito, todo o seu mundo se resumia à voz de Bear e
ao fogo correndo em suas veias. ‒ Sim. ‒ Ele engasgou, apertando seu membro com mais
‒ Goze para mim então. ‒ Bear comandou, seu tom ao mesmo tempo severo e
Com um golpe final e trêmulo, Julian explodiu em êxtase, jatos quentes de excitação
branca cobriram seu estômago enquanto ele gritava o nome de Bear. As ondas de prazer o
deixaram fraco e trêmulo, incapaz de fazer qualquer coisa além de cair contra Bear, que o
‒ Bom menino. ‒ Bear sussurrou, seus braços fortes apoiando a forma exausta de
Julian. ‒ Você se saiu tão bem, exatamente como eu sabia que faria.
as roupas, tentando parecer apresentáveis mais uma vez. Ao voltarem para a animada
recepção, com os últimos resquícios de seu encontro secreto escondidos atrás de sorrisos
‒ Já era hora de vocês dois voltarem. ‒ Brincou Ruby, com os olhos brilhando de
profundo enquanto ele tentava manter uma expressão estoica. Julian conteve um sorriso,
Estávamos discutindo a partida de Julian. Está chegando mais cedo do que pensávamos.
Página 85
Julian sentiu uma pontada de tristeza com a menção de ir embora, mas deixou isso
máximo o tempo que nos resta. ‒ Sugeriu ele, tentando manter uma atitude alegre.
voltando para os momentos roubados com Bear. Seu coração doeu ao pensar em deixá-lo
Ele sentiu o peso do olhar de Bear sobre ele enquanto bebiam o champanhe, e sabia
– Ir para casa não é de todo ruim, Julian. – Ruby disse, com seu sorriso travesso
dançando em seu rosto. ‒ Será bom ter um pouco de paz e sossego longe de toda essa
loucura.
Julian forçou um sorriso, concordando com a cabeça. ‒ Você está certa, Ruby. Será
‒ Claro que não. ‒ Julian revirou os olhos de brincadeira. ‒ Mas você sabe o que
quero dizer.
uma mecha de cabelo no dedo. ‒ Ouvi dizer que Londres também pode ser bastante
perigosa.
O coração de Julian deu um pulo, sabendo exatamente onde sua irmã queria chegar
com isso. ‒ É verdade, mas acho que posso me cuidar muito bem.
segurança não faria mal, não é? Talvez alguém como... nosso querido amigo Bear aqui?
recuperou a compostura. ‒ Não acho que isso seja necessário, Ruby. Julian é perfeitamente
Página 86
Ah, meu Deus, Julian pensou. Como poderia um homem ser tão perspicaz, mas tão
denso?
Julian cutucou o pé de Bear com o seu. Bear olhou para ele, claramente perdendo a
dica.
‒ Tem certeza? ‒ Ruby perguntou inocentemente, seus olhos brilhando com malícia.
‒ Quero dizer, ele é meu precioso irmãozinho, afinal. Preciso ter certeza de que ele está
seguro lá.
‒ Ruby, isso é pedir demais a Bear. ‒ Advertiu Julian, embora não pudesse negar a
emoção que o percorreu ao pensar em ter Bear ao seu lado, mesmo depois de partir.
‒ Eu sou a noiva, posso pedir o que quiser. ‒ Ruby riu. ‒ Angelo! Faça-os me
obedecer.
Ela sempre foi uma princesinha mimada. Julian sorriu. Ele não aceitaria de outra
maneira.
Quando Angelo chegou, Ruby não demorou muito para informá-lo sobre o básico,
claro. O olhar de Angelo passou entre Julian e Bear. ‒ A Inglaterra fica muito longe. ‒ Disse
ele, olhando para Bear. ‒ Tem certeza que quer uma missão como essa?
A maneira como Bear olhou para Julian o fez sentir-se quente e dourado do topo da
cabeça até a sola dos pés. ‒ Acho que posso lidar com isso.
Tudo bem. ‒ Ele disse. ‒ Bear, você pode acompanhar Julian de volta à Inglaterra... como
seu guarda-costas. ‒ Ele lançou um olhar aguçado para os dois, o comando tácito claro:
Não me envergonhem.
porque sei que você precisa de algum tempo para se recuperar dos ferimentos, e ficar
longe dos negócios de nossa família por um tempo pode lhe fazer bem.
Página 87
Antes que qualquer discussão pudesse acontecer, uma das damas de honra de Ruby
lá. ‒ Com um último olhar conhecedor para Julian e Bear, ela levou o irmão embora,
A tensão no peito de Julian diminuiu quando ele se virou para Bear, incapaz de
conter a alegria que borbulhava dentro dele. ‒ Bem, parece que, afinal, passaremos mais
‒ Parece que sim. ‒ Admitiu Bear, embora os cantos de sua boca se contraíssem
numa sugestão de sorriso. A música mudou para uma melodia lenta e romântica, e Julian
deu um passo mais perto, colocando corajosamente a mão no ombro largo de Bear.
‒ Concede-me esta dança? ‒ Ele perguntou, sua voz suave, mas provocante.
‒ Nunca pensei que veria o dia em que estaria dançando em um casamento. – Bear
murmurou, mas mesmo assim passou um braço em volta da cintura de Julian, puxando-o
para perto.
descansando confortavelmente contra o peito de Bear. Ele podia sentir a batida constante
do coração de Bear sob sua orelha e fechou os olhos, saboreando o calor e a segurança
‒ Ah, não se preocupe. ‒ Brincou Julian, levantando a cabeça para encontrar o olhar
de Bear. ‒ Com certeza lhe fornecerei um guarda-chuva. E talvez um curso intensivo sobre
etiqueta do chá.
‒ Etiqueta do chá? ‒ Bear zombou, seus olhos girando para o céu como se
Página 88
‒ Absolutamente. ‒ Disse Julian solenemente. ‒ Não se mergulha simplesmente um
valerá a pena.
firme de Bear e no aroma sutil de sua colônia. Por enquanto, todo o resto poderia
FIM
Página 89