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PUC-Rio

Alunos: Alvaro Sobral Filho (1721551) e Maria Antônia Figueira de Mello (2120250).

G2 | Direito Internacional Público II

Questão | Bolsonaro pode ser condenado por genocidio na sua atuação durante a crise do Covid
19? O caso chega ao seu gabinete e você, Juiz/Juíza do Tribunal Penal Internacional, precisa decidir
a questão à luz do Estatuto de Roma.

A consagração do crime de genocídio, pelo Estatuto de Roma, deu-se a exatos cinquenta


anos da proclamação, pelas Nações Unidas, da Convenção sobre a Prevenção e a Repressão do Crime
de Genocídio. Trata-se, portanto, de um dos maiores e mais importantes presentes já entregues à
humanidade, pelo cinquentenário da Convenção de 1948.
O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, acompanhando essa evolução do direito
internacional dos direitos humanos e do direito humanitário, definiu o crime de genocídio no seu art.
6º.
Para os efeitos do Estatuto de Roma, entende-se por “genocídio” qualquer um dos atos a
seguir enumerados, praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional,
étnico, racial ou religioso, enquanto tal, a saber:

a. homicídio de membros do grupo;


b. ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo;
c. sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar a
sua destruição física, total ou parcial;
d. imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do
grupo; e
e. transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo.

Ao longo de seu governo, o ex-Presidente realizou as seguintes condutas: (i) desincentivou,


direta e indiretamente, o uso de máscaras e o respeito ao distanciamento social; (ii) atraso na
contratação das empresas produtoras das vacinas, o que resultou na demora quanto ao
fornecimento das vacinas à população, inviabilizando o tratamento de diversas pessoas que vieram a
falecer; (iii) recomendação, não fundamentada clinicamente, de uso de medicamentos (cloroquina)
para tratar o Covid-19; (iv) relativizou, em fala pública à nação brasileira, a gravidade de uma doença
altamente contagiosa, igualando-a a uma gripe normal; (v) indicou, sem evidências médicas, de que a
imunização por rebanho garantiria o combate ao vírus e a cura.
As condutas adotadas por Bolsonaro foram determinantes e contribuíram para a ocorrência
das mortes de vítimas do Covid-19, já que o descumprimento das medidas sanitárias recomendadas
pela OMS e contrariadas pelo ex-Presidente, contribuíram para a proliferação em massa do vírus,
aumentando substancialmente a quantidade de casos de contaminação e reduzindo o acesso às
ferramentas (tratamentos) hábeis de contenção e tratamento do Covid-19.
Nesse sentido, para responsabilização do então representante do poder executivo pelo crime
de genocídio, seria necessário verificar a existência de nexo de causalidade entre as condutas
praticadas por Bolsonaro e o resultado das hipóteses previstas no art. 6º do Estatuto de Roma do
Tribunal Penal Internacional, mais especificamente:

a. homicídio de membros do grupo;


b. ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo;
c. sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar a
sua destruição física, total ou parcial;

Pelas condutas apuradas, é possível concluir que Bolsonaro não pode ser condenado pela
prática de crime de genocídio, na medida em que suas condutas não foram direcionadas a
determinado(s) grupo(s) da sociedade ou membros determinados desses grupos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

https://www.conjur.com.br/wp-content/uploads/2023/09/tribunal-simbolico-condena-bolsonar
o.pdf

https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/1013/R164-10.pdf?sequence=4

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