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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIO-ORGANIZACIONAIS – CCSO


TECNOLOGIA EM PROCESSOS GERENCIAIS

Trabalho de Conclusão de Curso

Qualidade de Vida no Trabalho: o que publicamos durante a pandemia de


COVID-19?

Matheus Silva de Mattos

Pelotas, 2022
Matheus Silva de Mattos

Qualidade de Vida no Trabalho: o que publicamos durante a pandemia de


COVID-19?

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Centro de Ciências Socio-Organizacionais
da Universidade Federal de Pelotas, como
requisito parcial à obtenção do título de
Tecnólogo em Processos Gerenciais.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Francielle


Molon da Silva

Pelotas, 2022
Universidade Federal de Pelotas / Sistema de Bibliotecas
Catalogação na Publicação

M435q Mattos, Matheus Silva de


MatQualidade de vida no trabalho : o que publicamos
durante a pandemia de Covid-19? / Matheus Silva de
Mattos ; Francielle Molon da Silva, orientadora. — Pelotas,
2022.
Mat58 f.

MatTrabalho de Conclusão de Curso (Tecnólogo em


Processos Gerenciais) — Centro de Ciências Socio-
Organizacionais, Universidade Federal de Pelotas, 2022.

Mat1. Qualidade de vida no trabalho. 2. Pandemia. 3.


Revisão sistemática. I. Silva, Francielle Molon da, orient. II.
Título.
CDD : 658.4

Elaborada por Simone Godinho Maisonave CRB: 10/1733


Matheus Silva de Mattos

Qualidade de Vida no trabalho: o que publicamos durante a pandemia de


COVID-19?

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado, como requisito parcial à obtenção do


título de Tecnólogo em Processos Gerenciais, Centro de Ciências
Socio-Organizacionais, Universidade Federal de Pelotas.

Data da Defesa: 01 de dezembro de 2022

Banca Examinadora:

Profª. Drª. Francielle Molon da Silva (Orientadora)


Doutora em Recursos Humanos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Profª. Drª. Isabel Teresinha Dutra Soares (Convidada)


Doutora em Administração pela Universidade Federal de Santa Maria

Prof. Dr. João Carlos Centurion Rodrigues Cabral (Convidado)


Doutor em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Resumo
MATTOS, Matheus Silva de. Qualidade de Vida no trabalho: o que publicamos
durante a pandemia de COVID-19? Trabalho de Conclusão de Curso – Graduação
em Processos Gerenciais, Centro de Ciências Socio-Organizacionais, Universidade
Federal de Pelotas, Pelotas, 2022.

Este estudo é uma revisão sistemática da literatura científica sobre qualidade de


vida no trabalho, considerando o período pandêmico da COVID-19. A qualidade de
vida no trabalho (QVT) é um tema central na administração de recursos humanos
que necessita ser constantemente estudado e construído devido à sua natureza
subjetiva e mutável. O objetivo geral deste estudo foi revisar sistematicamente a
literatura científica publicada entre fevereiro/2020 e outubro/2022 sobre qualidade de
vida no trabalho e disponível na base Scielo.br. Foram localizados 11 estudos que se
enquadraram nos parâmetros de inclusão desta revisão. Todos os estudos
investigaram o trabalho dentro setor de serviços, principalmente na área pública,
com destaque para a saúde e a educação. A maioria dos estudos se concentrou na
abordagem da QVT de forma ampla e em investigações relacionadas às dimensões
condições de trabalho e estresse no trabalho. A principal contribuição foi a
evidenciação da importância da temática em gestão de pessoas e de qual forma
deve ser abordada diante de sua complexidade. Como sugestões para novos
estudos foram apontadas as dimensões flexibilização das modalidades de trabalho e
jornadas de trabalho alternativas, diante de sua relevância ao tema e de sua baixa
incidência nos estudos revisados.

Palavras-chave: Qualidade de Vida no Trabalho; Pandemia; Revisão Sistemática.


Abstract
MATTOS, Matheus Silva de. Qualidade de Vida no trabalho: o que publicamos
durante a pandemia de COVID-19? Trabalho de Conclusão de Curso – Graduação
em Processos Gerenciais, Centro de Ciências Socio-Organizacionais, Universidade
Federal de Pelotas, Pelotas, 2022.

This study is a systematic review of the scientific literature on quality of work life,
considering the COVID-19 pandemic period. Quality of work life (QWL) is a central
theme in human resources management that needs to be constantly studied and built
due to its subjective and changeable nature. The general objective of this study was
to systematically review the scientific literature published between February/2020
and October/2022 on quality of work life and available on the Scielo.br database.
Eleven studies that met the inclusion parameters of this review were located. All
studies investigated work within the service sector, mainly in the public area, with
emphasis on health and education. Most studies focused on a broad approach to
QWL and on investigations related to the dimensions of working conditions and work-
related stress. The main contribution was the evidence of the importance of the
theme in human resources management and how it should be addressed in view of
its complexity. As suggestions for further studies, the dimensions of work models and
flexible working hours were pointed out, given their relevance to the theme and their
low incidence in the reviewed studies.

Key-words: quality of work life, pandemic, work, systematic review, bibliometric


review
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Infográfico do protocolo de pesquisa................................................... 25
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Lista dos estudos da amostra, local de publicação e área do
conhecimento da publicação............................................................... 26
Tabela 2 A amostra enumerada, instituição de origem, tipo de instituição........ 27
Tabela 3 A amostra enumerada, áreas de cada estudo, tipo de trabalho
estudado e setor da economia............................................................ 28
SUMÁRIO
1. Introdução........................................................................................................ 9
2. O ambiente de trabalho no Brasil e a qualidade de vida no trabalho.............. 10
3. O ano de 2020 e a pandemia do novo Coronavírus........................................ 19
4. A qualidade de vida no trabalho a partir do contexto de crise de saúde
pública.................................................................................................................. 20
5. Procedimentos metodológicos e seleção de estudos para análise................. 23
6. Apresentação e análise dos dados
6.1 Apresentação dos dados.............................................................................. 26
6.2 Análise dos estudos e discussão................................................................... 29
7. Considerações finais........................................................................................ 52
Referências.......................................................................................................... 53
1. Introdução
A realização deste estudo foi motivada pela importância de quantificar e
compreender quais foram as contribuições e os avanços na produção científica
sobre a qualidade de vida no trabalho após o início da pandemia do novo
Coronavírus (SARS-CoV-2 / COVID-19) em 2020. A base de conhecimento
selecionada foi a Scielo.br devido à sua relevância na divulgação científica no Brasil.
Destaca-se que não se buscou estudar a relação e o impacto diretos desta
pandemia e suas decorrências sobre o tema indicado – apenas utilizou-se deste
evento histórico como ponto de referência para o corte vertical no período de
publicações selecionado para a revisão.
Não obstante, é relevante salientar que, após o início desta pandemia,
ocorreram bruscas mudanças na organização do trabalho devido às ações e
medidas adotadas pelos governos no enfrentamento desta crise sanitária. Conforme
alertado pelo diretor-geral da Organização Mundial da Sáude (OMS), esta pandemia
não se tratava apenas de uma crise que afetaria a saúde pública – se tratava de
uma crise que afetaria todos os setores – e que as nações teriam encontrar o
equilíbrio entre a proteção da saúde e a minimização das perturbações econômicas
e sociais, de maneira que garantisse o respeito aos direitos humanos
(ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2021, p.7). No Brasil, durante
este processo de enfrentamento, além das medidas sanitárias diretas, também
foram adotadas várias medidas de distanciamento social por meio de atos públicos;
estas decisões governamentais estabeleceram regras para realização de eventos,
para o desenvolvimento das atividades de educação e, principalmente, definiram
regras para a circulação de pessoas de forma geral, incluindo as atividades de
trabalho (AQUINO et al, 2020, p.24).
Logo, considerando estas mudanças e intercorrências, é possível apontá-las
como principal motivação da escolha deste período específico para este estudo. Em
adição, estas alterações justificam a própria realização deste estudo, uma vez que,
diante de um cenário de múltiplas alterações nas dinâmicas do trabalho, é válido e
relevante verificar se o conhecimento científico está compatível com a realidade e
com as tendências.
Diante desse contexto, apresenta-se como objetivo geral deste estudo realizar
uma revisão sistemática da literatura científica sobre a qualidade de vida no trabalho
publicada entre fevereiro de 2020 e outubro de 2022 e disponível na base Scielo.br.
Por meio desta ação pretendeu-se dimensionar e compreender quais foram as
contribuições científicas que ocorreram neste período sobre a temática apontada.
Este objetivo geral foi dividido em processos específicos. O primeiro processo
trata de identificar quais pesquisas sobre qualidade de vida no trabalho foram
publicadas na base Scielo.br entre fevereiro/2020 e outubro/2022. O segundo
processo consiste em estruturar estes estudos de acordo com as datas de
publicação, tipos, objetivos e as abordagens teóricas predominantemente utilizadas.
O terceiro processo serve para conhecer a distribuição dos resultados e das
conclusões. O quarto e último processo é a síntese desse conhecimento, a partir da
qual será possível identificar quais foram as contribuições científicas sobre qualidade
de vida no trabalho dentro dos parâmetros selecionados e propor possibilidades de
ampliação do conhecimento.
Em síntese, este estudo buscou conhecer qual foi a produção de
conhecimento científico recente no campo da qualidade de vida no trabalho para que
seja possível compreender se este conhecimento é compatível com as múltiplas
dimensões práticas do trabalho e com as transformações sócio-econômicas
relacionadas ao trabalho no Brasil.
Este estudo serve para estruturar este conhecimento de maneira concisa que
permitirá orientar pesquisadores, estudantes, profissionais e todas as pessoas
interessadas no tema sobre a produção já concretizada. Além disso, tem como
finalidade identificar as carências e quais as possibilidades de temas para futuros
estudos na área. Ou seja, serve para guiar e orientar a produção das futuras
pesquisas sobre qualidade de vida no trabalho no Brasil.
2. O ambiente de trabalho no Brasil e a qualidade de vida no trabalho
Para realizar uma discussão relacionada ao trabalho e suas temáticas é
fundamental elucidar e descrever brevemente em que estado está o ambiente
econômico a ser estudado. No Brasil, entre 2003 até 2015 – devido ao governo
federal em exercício, estiveram presentes fortes características do sistema de
Capitalismo de Estado na economia brasileira (COSTA, 2013, p. 64).
Neste sistema, o governo tem papel ativo no delineamento e regulação das
atividades do setor privado – para buscar garantir que estas cumpram suas funções
sociais para atender aos interesses coletivos (COSTA, 2013, p. 12). Como
consequência, a pobreza foi amplamente reduzida e a classe média aumentou –
também se entende que tenha surgido um novo tipo de classe média (SINGER,
2015, p.8 e p.11). Ou seja, ocorreu distribuição de renda sem que a concentração de
renda fosse eliminada porque, naturalmente, o sistema se manteve capitalista
(SINGER, 2015, p.11 e p.13).
A partir de 2016, com a mudança no governo federal, a presença regulatória e
a participação do governo nas atividades privadas tiveram redução significativa.
Assim, a iniciativa privada passou a ter mais liberdade para alinhar e limitar suas
atividades com seus próprios interesses. Ou seja, o Capitalismo Neoliberal retornou
a ser forte e presente. Desta maneira, a concentração de renda acelerou e a
distribuição de renda foi negativamente afetada – a classe média foi reduzida e
perdeu poder aquisitivo – e a pobreza aumentou (SOUZA e HOFF, 2019, p.11).
Com destaque nesta tendência neoliberal, é importante citar a Reforma
Trabalhista de 2017, positivada por meio da Lei n°13.467 de 13 de julho de 2017
(BRASIL, 2017). Por meio desta lei, as regras do trabalho passaram por drásticas
mudanças em relação à contribuição sindical, regime de descanso, jornada de
trabalho, demissão, rescisões, férias, banco de horas, insalubridade para grávidas,
transporte, custas processuais, regimes de trabalho intermitente, terceirização e
poder de negociação do trabalhado etc. Além disso, esta lei positivou a modalidade
de teletrabalho que ainda não estava prevista na legislação trabalhista brasileira.
Este breve e amplo panorama serve para esclarecer que vários fatores e
regras que influenciam diretamente o trabalho estiveram em constante oscilação.
Por vários anos, o ambiente econômico no Brasil apresentou prosperidade e
desenvolvimento; contudo, o país enfrentou diversas situações econômicas críticas
antes de sequer ter atingido considerável estabilidade (BIANCARELLI, 2014).
Logo, o estudo da qualidade de vida no trabalho torna-se uma tarefa
complexa e desafiadora porque requer múltiplas abordagens e constantes
atualizações de posicionamentos para permitir que o conhecimento produzido seja
abrangente e compatível com as constantes mudanças que afetam as relações de
trabalho em um ambiente invariavelmente dinâmico (SAUER e RODRIGUEZ, 2014;
VERMA e MONGA, 2015).
Proporcional à complexidade desta área de estudo são os benefícios efetivos
que são viabilizados a partir do conhecimento gerado, sejam estes benefícios diretos
ou indiretos, e estes benefícios alcançam todos os tipos de trabalhadores e
organizações, e a sociedade em geral, porque a qualidade de vida está intimamente
ligada com a felicidade, com a realização pessoal e com o sentido de viver – e a
qualidade de vida no trabalho pode ser vista como uma extensão da qualidade de
vida em si (NOVIANTE, WUNGU E PURBA, 2020; VENTEGODT et al, 2007).
A qualidade de vida e a qualidade de vida no trabalho são fatores essenciais
na predição da felicidade de trabalhadores (SAHNI, 2019) e que a felicidade é
considerada o objetivo definitivo para as pessoas (MICHALOS, 2006, apud SAHNI,
2019).
A discussão sobre qualidade de vida no trabalho ocorre desde a década de
1950 e na década de 1970 foi inserida na área organizacional (FERREIRA, 2012
apud SAUER e RODRIGUEZ, 2014). Neste contexto organizacional, embora a
importância dedicada à qualidade de vida no trabalho tenha crescido nos últimos
anos, as raízes deste conceito são bastante antigas: a origem da qualidade de vida
no trabalho surgiu na busca em melhorar o equilíbrio entre a vida e o trabalho dos
funcionários (VERMA e MONGA, 2015).
Ou seja, a qualidade de vida no trabalho está invariavelmente ligada à
qualidade de vida (SAUER e RODRIGUEZ, 2014). Segundo Fleck (2000 apud
SAUER e RODRIGUEZ, 2014), o construto de qualidade de vida é amplo porque
está diretamente relacionado à subjetividade humana e à percepção que as pessoas
têm sobre suas vidas. Considerando estas relações, é fundamental destacar que
existe dificuldade na parametrização do conceito de qualidade de vida no trabalho
porque se trata de um construto subjetivo, complexo e multidimensional; além disso,
qualidade de vida no trabalho é um tema ainda em construção que é abordado em
vários campos do conhecimento como a medicina, a psicologia, a sociologia, a
administração e a economia (SAUER e RODRIGUEZ, 2014).
Ainda no contexto organizacional, Richard e Loy definiram a qualidade de vida
no trabalho como “o grau em que os membros de uma organização de trabalho são
capazes de satisfazer necessidades pessoais importantes por meio de suas
experiências na organização” (apud VERMA e MONGA, 2015). Para Robbins, se
trata de “um processo pelo qual uma organização responde às necessidades dos
funcionários por meio do desenvolvimento de mecanismos que permitem que
co-participem plenamente das decisões que delineiam suas vidas no trabalho”
(1989, apud VERMA e MONGA, 2015).
A qualidade de vida no trabalho é definida por Nadler e Lawler como:
um modo de pensar sobre as pessoas, o trabalho e as organizações; seus
elementos distintos são (I) um interesse sobre o impacto do trabalho sobre
as pessoas bem como sobre a efetividade da organização e (II) a ideia de
participatividade nas tomadas de decisão e na resolução de problemas
organizacionais (NADLER e LAWLER,1983 apud VERMA e MONGA, 2015).
Para Benium, a definição é a seguinte:
a qualidade de vida no trabalho é baseada numa abordagem geral e em
uma abordagem organizacional; a abordagem geral inclui os fatores que
afetam o bem-estar físico, social, econômico, psicológico e cultural dos
trabalhadores enquanto que a abordagem organizacional se refere à
estruturação e à operação das organizações em conformidade com o valor
de uma sociedade democrática (BENIUM, 1984 apud VERMA e MONGA,
2015).
A partir destas definições se entende que a qualidade de vida no trabalho
envolve o cuidado com as necessidades dos funcionários e configura uma proteção
à satisfação com o trabalho; promove cooperação dos funcionários em relação aos
objetivos de uma organização ao aperfeiçoar sua eficiência e efetividade laboral
(VERMA e MONGA, 2015).
A partir de uma perspectiva mais ampla, na qual o trabalho é visto de forma
genérica, não necessariamente dentro de um contexto organizacional, Hackman e
Oldham (1970, apud SAUER e RODRIGUEZ, p.100, 2014) conceituaram qualidade
de vida no trabalho como “o grau de bem-estar do indivíduo em relação aos
diferentes aspectos do trabalho”.
Salienta-se que este tema é amplo e complexo. Por esta razão, este estudo
se concentrou em apresentar os conceitos de forma abrangente por meio da
exploração das dimensões que englobam a qualidade de vida no trabalho.
Destaca-se que são estes conceitos que norteiam as pesquisas em geral e que
foram utilizados para guiar esta revisão em si.
As seguintes dimensões (domínios ou fatores) que englobam as variáveis da
qualidade de vida no trabalho foram obtidas a partir do estudo Understanding Quality
of Work Life in Contemporary World (compreendendo a qualidade de vida no
trabalho no mundo contemporâneo, em tradução livre) dos autores Verma e Monga
publicado em 2015 e estão organizadas e elencadas a seguir com tradução e
adaptação realizadas pelo autor desta revisão.
Este primeiro grupo de 6 dimensões foi traduzido e adaptado a partir do
estudo citado no parágrafo anterior e contém as dimensões que a organização de
pesquisa Quality of Working Life (QoWL) utiliza em seus estudos; esta organização
dedica esforços a várias pesquisas relacionadas à qualidade de vida no trabalho
(QoWL, 2007 e 2013, apud VERMA e MONGA, 2015):
A dimensão da Satisfação carreira/emprego envolve as variáveis
relacionadas ao contentamento pessoal dos trabalhadores com o emprego e com as
perspectivas de trabalho. Na dimensão Condições de trabalho estão as variáveis
relacionadas à satisfação dos trabalhadores com as condições sob as quais
trabalham. Na dimensão Controle no trabalho estão as variáveis que envolvem a
percepção que os trabalhadores têm de envolvimento nas decisões que os afetam
no ambiente de trabalho. A Interface trabalho-casa corresponde à dimensão que
tratadas variáveis de percepção dos trabalhadores em relação ao suporte e à
facilitação que recebem das organizações para que possam lidar com as demandas
fora do trabalho. A dimensão do Bem estar geral aborda as variáveis relacionadas à
saúde física e mental. Por fim, Estresse no trabalho, esta dimensão envolve as
variáveis que estudam o grau em que os trabalhadores percebem as pressões e
exigências laborais como aceitáveis e não excessivas ou estressantes.
Neste segundo grupo estão descritas as 8 dimensões da qualidade de vida no
trabalho propostas por Walton em 1975 sob as quais muitos pesquisadores
conduziram seus estudos (VERMA e MONGA, 2015): compensação adequada e
justa; oportunidade imediata para usar e desenvolver as capacidades
humanas;oportunidades de futuro para crescimento constante e
segurança;integração social no ambiente de trabalho; constitucionalidade ou “estado
de direito” nas organizações de trabalho; trabalho e espaço geral da vida; e
relevância social da vida de trabalho.
A compensação adequada e justa trata da necessidade de que a
remuneração seja justa e equitativa aos esforços e contribuições dos trabalhadores
e que os salários devem ser suficientes para suprir as suas necessidades básicas.
Condições de trabalho seguras e salubres: considera o pressuposto que é um dever
do empregador garantir aos trabalhadores de uma organização um ambiente de
trabalho seguro, de modo que a segurança e a saúde sejam preservadas e
protegidas. (VERMA e MONGA, 2015).
A oportunidade imediata para usar e desenvolver as capacidades humanas
considera o desenvolvimento do capital humano como um dever do empregador por
meio da aplicação adequada da força de trabalho e da promoção de amplas
oportunidades de crescimento. Já, as oportunidades de futuro para crescimento
constante e segurança abordam as possibilidades de plano de carreira e de
desenvolvimento de carreiras nas organizações como forma de oportunizar
crescimento e o desenvolvimento de habilidades. (VERMA e MONGA, 2015).
A integração social no ambiente de trabalho promove atividades sociais
integradoras, como confraternizações, reuniões recreativas etc., com a finalidade de
gerar integração entre os trabalhadores e desenvolver o senso de comprometimento
organizacional. A constitucionalidade ou “estado de direito” nas organizações de
trabalho diz respeito a existência de regras e enquadramentos que protejam os
direitos dos funcionários tendo em vista benefícios mútuos – para empregados e
empregadores.(VERMA e MONGA, 2015).
O trabalho e o espaço geral da vida refere-se a quando os funcionários
precisam ser considerados partes importantes da organização; os benefícios como
flexibilidade do horário de trabalho, regras para licenças etc. devem ser estruturados
de forma que os trabalhadores não sofram pressão ao buscar o equilíbrio da vida
pessoal e da vida de trabalho. Já a relevância social da vida de trabalho considera
que todos os funcionários deveriam conseguir relacionar a vida de trabalho com a
vida pessoal. Ou seja, que todos consigam demonstrar comprometimento perante a
organização porque o trabalho traz gratificação pessoal. (VERMA e MONGA, 2015).
Este próximo grupo contém a descrição resumida das 11 questões amplas em
qualidade de vida no trabalho que foram sugeridas por Klott, Mundick e Schuster
(1985 apud VERMA e MONGA, 2015): remuneração e estabilidade empregatícia:
uma boa remuneração ainda é uma questão dominante entre os fatores de
satisfação funcional; a estabilidade pode ser possível por meio do aprimoramento
das condições de desenvolvimento de recursos humanos; estresse ocupacional: o
estresse é determinado pela natureza do trabalho, suas condições e pelos horários
de trabalho, por pausas no cronograma de trabalho; as características capacidades
dos trabalhadores e suas devem coincidir com os requisitos da função; o estresse
afeta negativamente a produtividade funcional; programas organizacionais de saúde:
estes programas promovem a educação dos funcionários sobre problemas de
saúde, como preveni-los e como melhor a saúde em geral. Quando bem
implantados, esses programas reduzem o absenteísmo, a rotatividade e todas as
consequências que problemas de saúde dos funcionários trazem para as
organizações.
Seguindo ainda, Klott, Mundick e Schuster (1985 apud VERMA e MONGA,
2015) pontuam: cronogramas de trabalho alternativos: são as formas alternativas de
exercer as atividades. Seja por meio de teletrabalho, de horários flexíveis, escalas,
redução da carga horária semanal, trabalho em meio turno, horários que permitam
tempo livre para lazer etc.. Gestão participativa e controle no ambiente de trabalho:
os sindicatos de classe e os trabalhadores acreditam que a qualidade de vida no
trabalho é melhor quando os funcionários têm voz ativa na gestão e nos processos
de tomada de decisões que os afetam dentro das organizações. Reconhecimento:
valorizar o funcionário como um ser humano e não apenas a mão-de-obra aumenta
a qualidade de vida no trabalho. Esta valorização compreende o reconhecer e
gratificar os trabalhadores pelas suas contribuições. Envolve propiciar qualidade do
ambiente de trabalho, permitir a participação na gestão, prestigiar internamente,
conceder premiações e bônus por méritos de trabalho. Relacionamento amigável
entre o trabalhador e supervisores: a qualidade de vida no trabalho é positivamente
afetada quando os trabalhadores e seus supervisores têm relações harmoniosas.
Isto ocorre porque os trabalhadores percebem a relação de trabalho como uma
relação pessoal com sentido de pertencimento e de conquista. Espaço para queixas
e diálogo: há senso de justiça para os trabalhadores quando existe espaço dentro de
uma organização para que possam apresentar suas insatisfações e queixas – e
suas opiniões – em vez de ter os problemas resolvidos de forma arbitrária e vertical.
Ainda nessas contribuições, Klott, Mundick e Schuster (1985 apud VERMA e
MONGA, 2015) seguem: adequação de recursos: é fundamental que sejam
fornecidos todos os recursos para que os trabalhadores possam cumprir suas
obrigações de trabalho. Caso isso não ocorra, a frustração e insatisfação geradas
reduzem a qualidade de vida no trabalho. Senioridade e mérito nas promoções: as
políticas de promoção e ascensão profissional devem ser justas e transparentes
para que afetem positivamente a qualidade de vida no trabalho.Regime de trabalho
permanente: quando os trabalhadores atuam sob regimes temporários ou sem
vínculo empregatício sólido e garantido, ocorre sensação de insegurança. O oposto,
o vínculo permanente, eleva a segurança percebida e aumenta a qualidade de vida
no trabalho.
A seguir, estão listadas as áreas de interesse em qualidade de vida no
trabalho que foram elencadas pela Organização Internacional do Trabalho (apud
VERMA e MONGA, 2015): horário de trabalho e acordos sobre o regime de trabalho;
organização do trabalho e conteúdo do trabalho; o impacto de novas tecnologias nas
condições de trabalho; condições de trabalho para mulheres, para trabalhadores
jovens, para trabalhadores mais velhos e para outras categorias especiais;serviços e
estrutura de bem-estar ligados ao trabalho; e participação do chão de fábrica na
melhoria das condições de trabalho.
Em relação aos tipos de atividades relacionadas à qualidade de vida no
trabalho, Nadler e Lawler (1984, apud VERMA e MONGA, 2015) apontaram as
quatro seguintes: resolução de problemas participativa, reestruturação do trabalho,
sistemas de gratificação inovadores e aprimoramento do ambiente de trabalho.
Por fim, Davis e Newstrom (1993, apud VERMA e MONGA, 2015) percebem
as atividades relacionadas à qualidade de vida no trabalho de forma mais ampla e
geral, conforme segue: comunicações abertas, sistemas de gratificação equitativos,
preocupação com a segurança empregatícia, participação na criação das funções,
desenvolvimento das habilidades dos funcionários, a redução do estresse
ocupacional e o desenvolvimento de relações de gestão do trabalho mais
cooperativas.
Preliminarmente, antes de apresentar a relevância prática do tema, cabe
destacar e descrever os cinco seguintes fatores específicos que contribuíram para
que o conceito de qualidade de vida no trabalho ganhasse interesse e destaque para
as organizações (VERMA e MONGA, 2015), estes fatores servem como plano de
fundo para compreender os desafios relacionados à qualidade de vida no trabalho.
O primeiro fator é a globalização, que trouxe a internacionalização dos
negócios e a expansão destes para além das fronteiras, e tornou as equipes de
trabalho mistas, com diferenças culturais e nos estilos de trabalho. Desta forma,
proporcionar satisfação na vida de trabalho tornou-se mais desafiador e apresenta
importância no sentido de manter a eficiência de funcionários de diversas culturas.
(VERMA e MONGA, 2015).
Além da globalização, aponta-se o aumento da concorrência como um grande
fator: o dinamismo no ambiente de trabalho criado pelo aumento na concorrência
traz conflitos na vida profissional, estresse no trabalho e na vida pessoal dos
funcionários. Neste cenário é fundamental que sejam adotadas boas práticas na
gestão de recursos humanos para reter os melhores talentos e ter vantagem
competitiva. (VERMA e MONGA, 2015).
Outra questão que é presente são as mudanças tecnológicas: as rápidas
mudanças tecnológicas estão tornando as tecnologias existentes e os recursos
humanos desatualizados, surgindo assim a necessidade de estratégias de recursos
humanos para seu desenvolvimento e crescimento com o ambiente em mudança.
Tais mudanças também trazem estresse e competição para os quais são
necessárias estratégias de enfrentamento. (VERMA e MONGA, 2015).
O aumento do número de mulheres na força de trabalho é outro fator de
destaque: a quantidade de mulheres na força de trabalho está aumentando dia a dia
e elas estão mostrando uma presença significativa no ambiente de trabalho. Isso
levou a muitos desafios para os funcionários de recursos humanos, pois muitas
políticas e regras precisam ser formuladas tendo em mente os requisitos da força de
trabalho feminina. (VERMA e MONGA, 2015).
Outro fator em crescente destaque é a diversidade na força de trabalho, que
pode estar relacionada à idade, às identidades de gênero, de cultura, de religião
etc., este fator criou um grande desafio na gestão da força de trabalho. Diferentes
pessoas têm diferenças de valores e crenças, portanto, proporcionar satisfação no
trabalho a todos – especialmente sob o mesmo teto – é um desafio para a gestão de
recursos humanos. (VERMA e MONGA, 2015).
A seguir, são apresentados os principais benefícios e a importância que a
qualidade de vida no trabalho tem para as organizações, para os trabalhadores e
para o mundo do trabalho em geral. Ou seja, será explorado como ocorre a
aplicação deste conhecimento de forma prática e por qual motivo este tema surgiu e
permanece em crescente interesse.
Segundo Verma e Monga (2015) a aplicação do conceito de qualidade de vida
no trabalho gera equilíbrio para os trabalhadores, em suas vidas pessoais e
profissionais, o que melhora o desempenho e os resultados para os negócios;
abaixo estão elencados os principais pontos diretamente relacionados que expõe a
importância deste tema, de acordo com estes autores:
● A satisfação funcional: corresponde à presença de condições de trabalho
favoráveis e de benefícios aos trabalhadores, algo que gera satisfação e
promove a felicidade. Assim, os funcionários sentem contentamento em suas
atividades de trabalho, o que reduz o desejo de mudar ou deixar os empregos.
● A produtividade: quanto melhor a qualidade de vida no trabalho, tanto melhor
será o desempenho dos funcionários – tanto em volume de entregas quanto na
qualidade do comportamento, resultando em aumento da produtividade. Desta
forma, os custos em estratégias de qualidade de vida no trabalho são
investimentos, porque retornam em produtividade.
● A rotatividade: a qualidade de vida no trabalho e a rotatividade estão
inversamente relacionadas. Ou seja, o aumento na primeira gera redução da
segunda. A taxa de retenção de talentos é maior quando existe satisfação com o
ambiente de trabalho, com as suas condições e benefícios.
● O comprometimento organizacional: a qualidade de vida e o comprometimento
organizacional têm relação positiva – quanto melhor for a primeira, mais alto será
o apego psicológico à organização – este apego emocional cria um vínculo que
tende a manter os trabalhadores comprometidos e ligados à organização.
● A qualidade de vida: uma vez que a vida no trabalho é uma das faces da vida
total de um indivíduo – com grande peso e relevância geral - quanto melhor for a
qualidade de vida no trabalho, tanto melhor será a sua qualidade de vida global.
A indisciplina prevalece quando existe insatisfação, estresse e frustração. Assim,
a boa qualidade de vida no trabalho se estende à qualidade de vida global,
elevando a disciplina nos trabalhadores.
A partir destes conceitos apresentados, verifica-se que os fatores gerais mais
relevantes estão relacionados à remuneração, às condições de trabalho, às relações
humanas no trabalho, ao equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, ao papel do
trabalho na realização pessoal e à segurança básica à vida que o trabalho
proporciona.
Diante destas concepções, cabe destacar que os trabalhadores – assim como
todos os seres humanos – possuem múltiplas necessidades. Estas necessidades
podem ser divididas entre: fisiológicas, de segurança, pertencimento, estima e
autorrealização (MASLOW apud CAVALCANTI et al, 2019). Logo, a qualidade de
vida no trabalho está intimamente ligada às necessidades humanas e, segundo
Lester (apud CAVALCANTI et al, 2019) a saúde mental está positivamente
relacionada com a satisfação destas necessidades.
Sendo assim, a qualidade de vida no trabalho pode ser entendida como um
pré-requisito para a saúde mental dos trabalhadores. Retomando o período histórico
deste estudo, a crise sanitária gerada pela pandemia, é possível associar o agravo
da saúde mental da população com as instabilidades em várias dimensões da
qualidade de vida no trabalho.
3. O ano de 2020 e pandemia do novo Coronavírus
No dia 11 de março de 2020, quanto a Organização Mundial da Saúde (OMS)
declarou o estado de pandemia mundial devido ao novo Coronavírus (SARS-CoV-2)
causador da doença predominantemente respiratória COVID-19 (LIU et al, 2020,
apud QUINTELA et al, 2021, p.1 e WHO, 2022).
Enquanto isso, no Brasil, desde 6 de fevereiro de 2020 havia sido
estabelecida situação de emergência de saúde pública pelo mesmo motivo (BRASIL,
2020). O enfrentamento desta crise global sem precedentes trouxe inúmeros
desafios generalizados e conflitos em cadeia para toda a sociedade (van GELDER
et al, 2020, LI et al, 2020, e FERNANDES, 2020, apud MAISON et al, 2021, p. 2).
Múltiplas respostas foram adotadas neste enfrentamento com o objetivo de
conter o avanço das transmissões deste vírus; essas respostas foram apresentadas
por meio de diversos protocolos de biossegurança nas esferas federais, estaduais,
municipais e pela iniciativa privada – todos estes protocolos tinham uma estratégia
em comum: reduzir a curva de contaminação. Nas estratégias destes protocolos,
uma das principais táticas adotadas foi o distanciamento social (CNS, 2020).
Como consequência deste distanciamento, as atividades econômicas foram
abruptamente afetadas por várias ações e restrições - aponta-se o fechamento do
comércio e serviços considerados não-essenciais como exemplo notável – que
gerou efeitos críticos na economia (QUINTELA et al, 2021, p.1). Contudo, a situação
financeira do país não estava robusta a ponto de possuir condições de interromper
as atividades econômicas sem comprometer a renda dos trabalhadores e
empresários – logo, não houve consenso amplo sobre essas decisões porque o
efeito sobre a população não foi homogêneo (COSTA, 2020; WERNECK e
CARVALHO, 2020). Outro exemplo notável da tática do distanciamento social
aplicado no campo do trabalho foi a adoção massiva e generalizada do teletrabalho
nas atividades compatíveis com esta modalidade (AQUINO et al, 2020).
4. A qualidade de vida no trabalho a partir do contexto de crise de saúde
pública
A pandemia acelerou mudanças que estavam latentes e agravou
desigualdades relacionadas ao trabalho (NG et al, 2021, p.18). De acordo com
Werneck e Carvalho (2020, p.3), a pandemia chegou ao Brasil quando a população
se encontrava em situação vulnerável devido às altas taxas de desemprego e aos
cortes nas políticas sociais. Além disso, estes autores destacam a falta de consenso
no enfrentamento à pandemia. Outros fatores importantes no contexto brasileiro,
presente desde antes do início na crise sanitária, foram os cortes e restrições em
investimentos em saúde pública e em pesquisas (COSTA, 2020). Ou seja, pôde ser
verificado que as múltiplas dimensões que afetam a vida em geral e a qualidade de
vida no trabalho foram alteradas devido à crise sanitária.
De acordo com uma pesquisa realizada em 2020, alguns dos maiores fatores
de sofrimento para as pessoas foram: a limitação de contato humano e socialização
causada pela necessidade de isolamento social, as restrições em circulação e
viagem, a necessidade realizar mudanças no estilo de vida, o tédio e a monotonia e
a incerteza em relação ao futuro (MAISON et al, 2021).
Outro fator relevante ocorreu devido à intensificação do trabalho,
especialmente nos serviços de saúde e nas atividades essenciais que não foram
suspensas. Quando ocorre intensificação do trabalho, as práticas de promoção de
qualidade de vida no trabalho – quando existem – perdem seu efeito – ou seja, é
inviável obter verdadeira qualidade de vida no trabalho quando existe intensificação
das atividades com objetivo real de aumentar a produtividade (TAVARES, 2017).
A adoção massiva do teletrabalho, que é uma prática que já existia, mas que
foi disseminada durante a pandemia, tem múltiplos efeitos. Um destes efeitos é
negativo para a qualidade de vida no trabalho: a sobreposição do trabalho e da vida
pessoal. Um dos motivos desta situação é o fato da utilização de tecnologias de
comunicação fora do expediente gerar conflitos na conciliação do trabalho e da vida
pessoal (BOSWELL e OLSON-BUCHANAN, 2007, apud Tavares, 2017).
Devido às adaptações que foram adotadas para que as empresas
mantivessem suas operações diante da crise sanitária gerada pela pandemia, as
formas de trabalho foram afetadas e este fator impactou a experiência de trabalho.
Destaca-se que, nesta crise, as organizações mudaram e adaptaram a forma como
fazem negócios (ANCILLO, NÚÑEZ e GAVRILA, 2020). Ou seja, os trabalhadores
são essenciais na realização dos negócios e, quando estes mudam, o trabalho é
afetado.
Por fim, cabe destacar que existem vários tipos de trabalhadores:
assalariados formais, informais, profissionais liberais, empresários, autônomos,
freelancers, trabalhadores eventuais, voluntários, empregados domésticos,
estagiários, trabalhadores informais, desempregados, desocupados etc. (IBGE,
2022; TÔRRES, 2016). Considerando estas diferenças, salienta-se que a qualidade
de vida no trabalho – ainda que tenha o mesmo objetivo - requer uma abordagem
adaptada à realidade de cada tipo de trabalhador.
Esta revisão permite verificar se o conhecimento produzido é compatível com
as diversas abordagens do tema, para os variados tipos de trabalhadores,
especialmente devido às mudanças recentes, sejam elas na legislação ou na forma
de funcionamento dos negócios.
5. Procedimentos metodológicos e seleção de estudos para análise
Este estudo teve origem em uma questão pontual e específica: “qual foi o
conhecimento produzido sobre qualidade de vida no trabalho após o início da
pandemia do novo Coronavírus?”. Ou seja, trata-se de um objetivo específico em
relação à temática e ao período histórico. Logo, requer procedimentos sistemáticos
para ser concretizado. Por esta razão, optou-se por realizar uma revisão sistemática
para alcançar este objetivo.
Existem dois tipos de artigos de revisão literatura: revisões narrativas e
revisões sistemáticas (ROTHER, 2007). As revisões de literatura são:
estudos que analisam a produção bibliográfica em determinada área
temática, dentro de um recorte de tempo, fornecendo uma visão geral ou um
relatório do estado da arte sobre um tópico específico, evidenciando novas
idéias, métodos, subtemas que têm recebido maior ou menor ênfase na
literatura selecionada (NORONHA e FERREIRA, 2000 apud MOREIRA,
2004).
As diferenças entre estes os tipos de revisão são encontradas principalmente
na forma em que cada estudo é realizado. Ambos os tipos de revisão têm valor
científico e promovem a construção do conhecimento. Contudo, têm funções
distintas – especialmente em relação ao tipo de objetivo de uma pesquisa. Ou seja,
é necessário adequar o tipo de revisão de acordo com o objetivo (DONATO e
DONATO, 2019; ROTHER, 2007).
As revisões narrativas são adequadas para questões de estudo amplas,
podem ser feitas sem atender à necessidade de especificar a base de dados
utilizada como fonte nem os critérios aplicados para seleção de estudos e, com
destaque, apresentam sínteses qualitativas e possibilidade de viés teórico tanto no
processo de seleção dos estudos quanto, principalmente, na síntese do conteúdo
(COOK, 1997 apud ROTHER, 2007). Ou seja, em uma revisão narrativa não é
necessário apresentar os critérios e procedimentos utilizados na seleção e síntese
do conhecimento. Portanto, uma revisão narrativa costuma não ser replicável.
Uma revisão sistemática de literatura é uma metodologia de investigação com
planejamento e critérios que tem por finalidade responder a uma questão pontual por
meio de métodos pré-estabelecidos, explícitos e sistemáticos; por meio destes
métodos é realizada a localização e seleção de estudos para que, a partir dos quais,
possa ser realizada a análise que fundamentará a resposta à questão que é o
objetivo de pesquisa (CASTRO, 2006 apud ROTHER, 2007). Desta forma, em uma
revisão sistemática é necessário apresentar os critérios e procedimentos utilizados
na seleção e síntese do conhecimento. Portanto, uma revisão sistemática é
replicável.
O processo de seleção dos estudos foi realizado por meio de uma busca na
base Scielo.br. Logo, o primeiro passo foi acessar o site da base:www.scielo.br. Em
seguida, foram inseridos os seguintes termos nos campos de busca: “qualidade de
vida no trabalho”, “quality of working life”, “quality of worklife”, “QVT”, “QWL” e
“QoWL” – cada termo foi inserido em um campo individual e estes campos foram
separados pelo operador “or” para garantir inclusão das diversas formas de menção
ao tema nas línguas portuguesa e inglesa. A busca preliminar foi realizada com
estes termos e em todos os índices (ano de publicação, autor, financiador, periódico,
resumo, título); o filtro de busca pré-ativado “Coleções: Brasil” foi mantido.Esta
busca preliminar obteve 97 resultados.
Em seguida, foram aplicados os seguintes filtros adicionais: “ano de
publicação: 2020; 2021; 2022”. Após a aplicação destes filtros, a busca final retornou
12 resultados. Não foi necessário estipular critérios de exclusão de estudos porque
todos os 12 resultados atenderam às necessidades deste estudo. Após, estes 12
estudos foram organizados em uma planilha para análise prévia. Neste processo,
verificou-se que um dos estudos constava em duplicidade. Por fim, foi obtida uma
amostra com 11 estudos para análise com a seguinte distribuição: 9 (nove)
pesquisas, 1 (uma) revisão sistemática e 1 (uma) resenha de livro.Na imagem a
seguir (Figura 1) é possível visualizar o processo de seleção de estudos em um
infográfico.
Uma vez que a amostra contém 11 estudos, optou-se por priorizar a análise
qualitativa focal destes estudos, destacando os seus objetivos específicos e,
sequencialmente, apresentando os seus resultados em conjunto com a interpretação
destes a partir do referencial teórico que foi desenvolvido previamente. Portanto a
análise foi realizada em dois momentos: (i) apresentação das meta informações,
apontando uma análise descritiva dos dados encontrados; (ii) análise dos estudos e
discussão, sendo apresentado um artigo de cada vez.
6. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
6.1 Apresentação dos Dados
Em relação às metainformações dos estudos da amostra, foram elaboradas
tabelas para facilitar a compreensão geral. A partir da Tabela 1 é possível verificar o
canal de disseminação do conhecimento - verifica-se que 82% dos estudos provêm
de publicações da área da saúde e 18% da área da administração.
ÁREA DO
N° TÍTULO DO ESTUDO LOCAL DE PUBLICAÇÃO
CONHEC.
Qualidade de vida no trabalho numa central de Revista Brasileira de Enfermagem
1 materiais e esterilização 2020, Volume 73 Nº 2
SAÚDE/ENFERMAGEM

Qualidade de vida no trabalho: concepções das Estudos de Psicologia (Campinas)


2 universidades federais brasileiras 2020, Volume 37
SAÚDE/PSICOLOGIA

Relações entre Burnout, Traços de Personalidade


Psico-USF Set 2020, Volume 25 Nº
3 e Variáveis Sociodemográficas em Trabalhadores
3
SAÚDE/PSICOLOGIA
Brasileiros
Qualidade de Vida no Trabalho e nível de estresse Saúde em Debate Set 2020, Volume
4 dos profissionais da atenção primária 44 Nº 126
SAÚDE

Aposentadoria e planejamento para vida


Revista Brasileira de Geriatria e
5 pós-trabalho: um estudo com servidores de um
Gerontologia 2021, Volume 24 Nº 1
SAÚDE/MEDICINA
Instituto Federal de Educação
Qualidade de vida no trabalho em diferentes áreas Ciência & Saúde Coletiva Abr 2021,
6 de atuação profissional em um hospital Volume 26 Nº 4
SAÚDE

Quality of life of Family Health Strategy Sao Paulo Medical Journal Ago
7 professionals: a systematic review 2021, Volume 139 Nº 4
SAÚDE/MEDICINA

RELEVÂNCIA DO TRABALHO E DA QUALIDADE Revista de Administração de


8 DE VIDA NO TRABALHO PARA A SOCIEDADE Empresas 2022, Volume 62 Nº 2
ADMINISTRAÇÃO

Scale to assess quality of working life in university RAM. Revista de Administração


9 environment by using item response theory Mackenzie 2022, Volume 23 Nº 3
ADMINISTRAÇÃO

Mal-Estar e Bem-Estar no Trabalho:


Psicologia: Teoria e Pesquisa 2020,
10 Representações de Trabalhadores de Empresa
Volume 36
SAÚDE/PSICOLOGIA
Pública Brasileira
First facts on the distribution of personal protective
equipment during the coronavirus pandemic and
11 facts revealed by medical entities in Brazil: a
Sao Paulo Medical Journal 2022 SAÚDE/MEDICINA
cross-sectional study
Tabela 1: lista de estudos da amostra, título, local de publicação e área do conhecimento da
publicação. Elaborado pelo autor, em 2022.
A Tabela 2 mostra a distribuição dos 11 estudos de acordo com as instituições
cujos pesquisadores responsáveis têm vínculo – que permite identificar a origem dos
estudos. Alguns estudos foram feitos em parcerias entre pesquisadores vinculados a
instituições diferentes – por este motivo existem 19 instituições. Deste total de 19
instituições, as instituições públicas representam 84,2%, as instituições privadas
correspondem a 10,5% e as filantrópicas representam 5,3% do total.
N° Estudo Instituição Tipo de Inst.
1 Universidade Federal do Maranhão Pública
2 Universidade Federal de Minas Gerais Pública
2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte Pública
3 Universidade Estácio de Sá Privada
3 Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Filantrópica
3 Universidade Federal do Rio de Janeiro Pública
Universidade Federal da Integração
4 Pública
Latino-Americana – Unila.
Instituto Federal de Educação, Ciência e
5 Pública
Tecnologia do Tocantins – IFTO
5 Universidade Católica de Brasília – UCB Privada
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares,
6 Pública
Maternidade Escola Januário Cicco, em Natal/RN
7 Universidade Estadual de Campinas Pública
7 Universidade Federal de Uberlândia Pública
7 Universidade Estadual da Paraíba Pública
8 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Pública
9 Universidade Federal de Santa Catarina Pública
9 Universidade Federal de Santa Maria Pública
10 Universidade de Brasília Pública
Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico –
11 Pública
HCTP – de Santa Catarina
11 Universidade do Porto, Portugal Pública
Tabela 2: estudos da amostra numerados, instituição de origem, tipo de instituição. Elaborado
pelo autor, em 2022.

A Tabela 2 também permite perceber que 82% dos estudos (9 estudos)


tiveram origem exclusivamente em instituições públicas e que 18% dos estudos (2
estudos) tiveram origem em parcerias entre instituições públicas e instituições
privadas ou filantrópicas. Ou seja, nenhuma instituição não-pública deu origem, de
forma exclusiva, a algum destes estudos. Ou seja, em todos os estudos esteve
presente uma instituição pública.
A Tabela 3 contém a caracterização dos estudos por área, natureza do
trabalho estudado, setor da economia e principal dimensão da QVT abordada. Ou
seja, mostra o quê foi estudado. Todos os estudos – 100% – trabalharam com o
setor de serviços. Dos 11 estudos, 82% (9) apenas trataram do setor público e 18%
(2) trataram do setor público e privado. Nenhum dos estudos – 0% – tratou apenas
do setor privado. Das áreas estudadas, a maioria dos estudos, 45% (5 estudos),
abordaram a saúde. Em seguida, 36% abordaram o ensino/educação (4 estudos).
Em minoria, 9% trataram da área da tecnologia (1 estudo). Por fim, 9% (1 estudo)
tratou de áreas variadas – 16 áreas no total – sendo este o único estudo que incluiu
o serviço privado (em conjunto com o serviço público) no objeto de estudo.

N° do
Área estudada Tipo de Trabalho Setor Dimensão QVT
estudo
Condições de
1 Saúde Público Serviços
trabalho
2 Ensino / Educação Público Serviços Geral
Estresse no
3 16 áreas variadas Público e Privado Serviços
trabalho
Estresse no
4 Saúde Público Serviços
trabalho
5 Ensino / Educação Público Serviços Bem estar geral
Condições de
6 Saúde Público Serviços
trabalho
7 Saúde Público Serviços Geral
8 Ensino / Educação Público Serviços Geral
9 Ensino / Educação Público Serviços Geral
10 Tecnologia Público Serviços Geral
Condições de
11 Saúde Público e Privado Serviços
trabalho
Tabela 3: amostra enumerada, áreas de cada estudo, tipo de trabalho estudado e setor da
economia. Elaborado pelo autor, em 2022.

A Tabela 3 também permite identificar as dimensões (domínios ou fatores) da


qualidade de vida no trabalho que cada estudo abordou. A maioria, 45,5% dos
estudos (5), abordou a temática de forma geral, ampla, para caracterização do tema
ou realizou investigações iniciais sobre a própria presença e para delineamento da
temática. Isto demonstra que este tema está em construção e sua própria presença
ainda requer confirmação. Os outros estudos, com abordagem mais específica sobre
o tema, se concentraram em duas dimensões: em 27,3% (3) dos estudos o foco foi
as “condições de trabalho” e em 18,2% dos estudos (2) investigou-se o “estresse no
trabalho”. Por fim, em 9,1% dos estudos (1), realizou-se uma abordagem
diferenciada e projetiva, na qual a qualidade de vida no trabalho foi estudada como
instrumento de planejamento utilizado para preservar a qualidade de vida no futuro
(aposentadoria), considerando os reflexos do trabalho para o momento da vida onde
já não mais se trabalha.

6.2 Análise dos estudos e discussão


O Estudo 1 sobre Qualidade de vida no trabalho numa central de materiais e
esterilização foi publicado na Revista Brasileira de Enfermagem – REBEn – em 2020
(V.73, N.2). O estudo foi submetido em 20/10/2018 e foi aprovado em 20/03/2019.
Trata-se de uma pesquisa exploratória-descritiva qualitativa que foi realizada por
Rego et al (2020) – todos os pesquisadores responsáveis pelo estudo são
vinculados à Universidade Federal do Maranhão.A área estudada foi a saúde e a
principal dimensão da qualidade de vida no trabalho abordada foi “Condições de
trabalho”.
O objetivo desta pesquisa foi avaliar a qualidade de vida dos profissionais de
enfermagem que atuam em uma central de materiais e esterilização (CME). A
amostra foi composta por 82 trabalhadores sendo estes 15 enfermeiros e 67
técnicos de enfermagem. A maioria dos participantes era do sexo feminino, casados,
na faixa etária de 31-40 anos; e 47,6% tinham de 6-10 anos de profissão e 82,9%
referiram tempo de serviço em CME de 1-5 anos.
Verificou-se que os domínios (fatores) de qualidade de vida mais afetados nas
atividades laborais dos participantes foram os seguintes: Dor, Vitalidade, Estado
Geral de Saúde e Aspectos Sociais. O estudo evidenciou a necessidade que
reestruturar a dinâmica de trabalho em CME sob a perspectiva de melhorar a
qualidade de vida dos profissionais.
Neste primeiro estudo, no qual a maioria dos participantes ainda tinha pouco
tempo na atividade laboral estudada e se encontravam na primeira década da
carreira, é marcante o impacto negativo generalizado que as condições de trabalho
tiveram em quase todas as áreas da qualidade de vida dos participantes.
A conclusão dos autores está em sintonia com a literatura em relação à
necessidade de reestruturação da dinâmica de trabalho diante de múltiplas áreas
negativamente afetadas. Ou seja, verificou-se que a estrutura é a origem dos
problemas. Desta forma, ações pontuais não teriam potencial sucesso na promoção
da qualidade de vida no trabalho. Além disso, com base nas dimensões gerais da
qualidade de vida no trabalho, é possível inferir que exista alta rotatividade quando
se pondera o impacto negativo generalizado e o tempo de serviço da maioria dos
participantes, situação que ratifica a necessidade de reestruturação da dinâmica de
trabalho para reduzir a rotatividade – como objetivo de melhorar a qualidade de vida
e, por consequência, a produtividade.
A principal contribuição deste estudo foi evidenciar que a Dor e a Vitalidade
foram os Domínios (fatores) de qualidade de vida no trabalho mais prejudicados e
configuram um alerta sobre a necessidade de analisar as condições e o ambiente de
trabalho. Ainda neste sentido, o estudo fundamentou a importância da reflexão sobre
a qualidade de vida dos profissionais da enfermagem por parte das equipes em si,
da comunidade acadêmica e dos usuários dos serviços de saúde. Por fim, o estudo
forneceu subsídios para o aperfeiçoamento da gestão nesta área.
O estudo 2, cujo título é: Qualidade de vida no trabalho: concepções das
universidades federais brasileiras, foi publicado no periódico Estudos de Psicologia
(Campinas) em 2020 (V.37). O estudo foi submetido em 07/08/2019 e foi aprovado
em 08/04/2020. Trata-se de uma pesquisa documental realizada em 2017 por
Borges (Universidade Federal de Minas Gerais), Barros (Universidade Federal do
Rio Grande do Norte) e Magalhães (Universidade Federal de Minas Gerais). Foram
exploradas as páginas de internet de 60 instituições federais de ensino superior em
busca de menções diretas e indiretas da qualidade de vida no trabalho dos seus
trabalhadores. A área estudada foi o ensino público superior e a principal dimensão
da qualidade de vida no trabalho abordada foi a própria existência de QVT no
contexto de gestão de pessoas.
O objetivo do estudo foi “identificar as concepções e práticas de qualidade de
vida no trabalho das universidades federais segundo os documentos de informações
públicas disponibilizados nas páginas Web pelas próprias universidades federais”.
Os autores apontaram as contínuas mudanças que têm ocorrido nas instituições e
seus efeitos na vida dos trabalhadores como o motivo para realização deste
estudo.Neste sentido, indicaram que o modo de pensar sobre a qualidade de vida no
trabalho dos servidores públicos pode fornecer subsídios para o aperfeiçoamento da
gestão de recursos humanos nestas instituições. A amostra foi composta por 60
instituições.
Os pesquisadores realizaram uma pesquisa documental nas páginas de
internet das universidades federais buscando as conceituações sobre QVT. Esta
pesquisa seguiu os seguintes 12 passos, conforme elencado pelos autores: (1)
localização (durante o primeiro semestre de 2017) da lista de universidades federais
(60 instituições) no site do Ministério da Educação do Brasil; (2) localização das
páginas Web de cada instituição; (3) leitura preliminar destas páginas, buscando
menções diretas e indiretas à QVT de seus trabalhadores, localizando e explorando
a página do departamento da instituição especializada em gestão de pessoas, a
estrutura do departamento e como as informações sobre a gestão da qualidade de
vida está vinculada a outras ações; (4) coleta de informações e criação de registros
para cada universidade; (5) reflexões sobre o material coletado, pensando em como
desenvolver a análise; (6) releitura das páginas da Web, complementando as
informações já cadastradas; (7) introdução de registros no banco de dados do
software Qualitative Data Analysis Miner; (8) categorização, por nós mesmos, das
concepções de QVT adotadas por cada UF; (9) produção de tabelas de frequências;
(10) discussão (por nós mesmos) de seus significados e reajuste das
categorizações; (11) introdução da variável sobre o período de funcionamento da UF
(desde a sua fundação); e (12) a elaboração de tabelas.
Os resultados obtidos constataram a presença de quatro concepções,
conjunto de crenças e práticas sobre qualidade de vida no trabalho que são
predominantes nas universidades federais: sistêmica e preventiva (33,3%),
assistencialista (30,0%), visão de senso comum (13,3%) e sistêmica (3,3%). Em
20,0% dos casos não foi possível compreender concepção alguma. Os autores
caracterizaram cada concepção de acordo com as evidências encontradas conforme
está descrito abaixo.
A concepção de senso comum compreende instituições que abordam a
qualidade de vida no trabalho como forma de designar a realização de atividades
pontuais e específicas – que são isoladas e não têm articulação com a estrutura
geral. São ações que servem para atender uma pequena parte dos trabalhadores.
Esta concepção se senso comum também foi considerada para as instituições que
disponibilizam terapias alternativas – que não têm garantia de resultado – e que são
pouco aceitas como técnicas científico-profissionais.
A concepção assistencialista foi atribuída às instituições com departamento
especializado e destacado em suas páginas e inserido na estrutura institucional,
vinculado a outro órgão superior (pró-reitoria, superintendência de gestão de
pessoas ou administração de recursos humanos). Contudo, as propostas têm
caráter assistencial e não preventivo ou antecipatório; apenas indicam ações de
apoio, assistência e compensação e não há políticas claramente definidas e
estruturadas.
A concepção sistêmica foi identificada nas instituições que apresentam dados
sofisticados em relação à qualidade de vida no trabalho. Estes dados são inseridos
de forma articulada com as demais ações da área de gestão de pessoas, o que
demonstra que existe consciência nestas instituições que a qualidade de vida no
trabalho é construída de forma estrutural dentro de toda a organização, ainda que,
por motivos de separação e organização, a responsabilidade institucional sobre a
temática seja vinculada a um componente administrativo específico.
Por fim, a concepção sistêmica e preventiva, que engloba as características
da concepção anterior e inclui a promoção de saúde de forma ampla, por meio de
políticas públicas de saúde que promovem, monitoram e assistem – com estrutura
definida e atribuições de atribuições a cada departamento.
Os autores destacam que, na maioria das concepções e conjuntos de crenças
e práticas, as considerações sobre atribuições assistenciais são predominantes, mas
as preventivas que abrangem as condições de trabalho estão de alguma forma
presentes, pelo menos como proposição.
A principal contribuição desta pesquisa foi evidenciar que o desenvolvimento
da gestão de pessoas com valorização da qualidade de vida no trabalho nas
universidades federais ainda é um processo em construção. Por um lado, os
resultados mostram tendências de implementação de abordagens estruturais e
sistêmicas, com caráter preventivo na promoção da saúde. Por outro lado, ainda
existem muitas ações fragmentadas e/ou sem articulação com a estrutura das
instituições.
As instituições federais estudadas têm origens e construções distintas e foi
possível perceber que estes fatores podem contribuir para a discrepância na
abordagem na qualidade de vida no trabalho que cada instituição desenvolve – ou
deixa de desenvolver. Ou seja, ainda é notável a necessidade de aperfeiçoamento
da gestão de pessoas nas universidades federais no sentido de integrar a promoção
da qualidade de vida no trabalho à estrutura de funcionamento geral.
O estudo 3 com o título: “Relações entre Burnout, Traços de Personalidade e
Variáveis Sociodemográficas em Trabalhadores Brasileiros” publicado na revista
Psico-USF em 2020 (V.25, N.3). O estudo foi recebido em 31/07/2018 e foi aprovado
em 22/07/2019. Trata-se de uma pesquisa realizada por meio do método
correlacional feita por Costa (Universidade Estácio de Sá), Borsa (Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro) e Damásio (Universidade Federal do Rio
de Janeiro). A área estudada foi diversificada, dentro do setor de serviços, com
profissionais da saúde, educação, serviços administrativos, segurança, bancários e
atendimento ao público. Todas as dimensões de qualidade de vida podem ser
aplicadas a este trabalho que é amplo, devido ao objetivo do estudo. Sendo assim,
será considerada como principal dimensão o “estresse no trabalho”, por ser a
dimensão mais associada à Síndrome Burnout.
O objetivo da pesquisa foi investigar as relações entre variáveis
sociodemográficas e traços de personalidade no desfecho da síndrome, segundo o
modelo dos Cinco Grandes Fatores da personalidade humana (Extroversão,
Abertura à experiência, Socialização, Conscienciosidade e Neuroticismo). Foram
aplicados os seguintes questionários: sócio-demográfico, Inventário de Burnout no
Trabalho e Marcadores Reduzidos de Personalidade, em plataforma on-line. A
pesquisa foi realizada em 343 profissionais brasileiros do setor de serviços (75,50%
mulheres, n = 259) atuantes nas áreas da saúde, educação, serviços
administrativos, segurança, bancária e atendimento ao público (telemarketing, call
centers) – com participantes de todo o Brasil.
Os resultados não apontam para relações estatisticamente significativas entre
as variáveis sociodemográficas e o Burnout. Os traços de personalidade
desempenharam relação preditiva mais relevante com os três fatores do Burnout,
sendo o Neuroticismo o traço com maior potencial preditor.
A partir do referencial teórico, é possível identificar a natureza individual na
qualidade de vida no trabalho. Ou seja, os fatores internos dos indivíduos têm papel
ativo – controle interno – na qualidade de vida no trabalho. Diante disso, é possível
apontar que a principal contribuição deste estudo foi evidenciar a subjetividade
individual como fator crucial na gestão da qualidade de vida no trabalho. Ou seja, os
fatores externos, que são tangíveis e que podem ser controlados pelas
organizações, devem ser administrados em conjunto com os fatores internos dos
indivíduos, sendo necessário conhecer e reconhecer o perfil de cada trabalhador.
O estudo 4 foi publicado na revista Saúde em Debate em 2020 (V.44, N.126)
sob o título Qualidade de Vida no Trabalho e nível de estresse dos profissionais da
atenção primária. O trabalho foi recebido em 26/12/2019 e foi aprovado em
14/05/2020. Trata-se de um estudo transversal conduzido com profissionais da
Atenção Primária à Saúde (APS) do distrito sanitário leste de Foz do Iguaçu (PR), no
período de março a dezembro de 2018. O estudo foi realizado por Lima, Gomes e
Barbosa (todos vinculados à Universidade Federal da Integração Latino-Americana –
Unila). A área estudada foi a saúde e a dimensão de qualidade de vida principal
abordada foi o “estresse no trabalho”.
O objetivo do estudo foi avaliar a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e o
nível de estresse de trabalhadores da Atenção Primária à Saúde (APS) em uma
cidade de tríplice fronteira. Para este fim, foi conduzido um estudo transversal com
profissionais da APS do distrito sanitário leste de Foz do Iguaçu (PR) no período de
março a dezembro de 2018. Existem 6 Unidades Básicas de Saúde (UBS), sendo 03
no modelo tradicional e 03 na modalidade de Saúde da Família, contando com 09
equipes de saúde e 01 Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica
(Nasf-AB).
A amostra foi composta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem,
auxiliares de enfermagem, agentes comunitários de saúde, dentistas, auxiliares de
saúde bucal, farmacêuticos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, assistentes
sociais, recepcionistas, gerentes de UBS e auxiliares de serviços gerais. Somente
profissionais atuantes há pelo menos um ano foram incluídos; foram excluídos
aqueles que estavam afastados das funções, em férias ou que não aceitaram
participar.
Nesta amostra foram aplicados três instrumentos para a investigação
proposta: questionário sociodemográfico, ocupacional e hábitos de vida, o
Questionário de Qualidade de Vida no Trabalho versão abreviada denominado
Quality of Working Life Questionnaire (QWLQ-bref) e a Escala de Estresse
Percebido com 13 itens (Perceived Stress Scale – PSS 13). Os autores destacaram
que, durante a análise dos dados, buscou-se identificar as variáveis que poderiam
estar relacionadas à QVT e aos níveis de estresse percebido dos profissionais
atuantes nas UBS em modelos explicativos.
Os resultados obtidos no estudo indicaram que a qualidade de vida no
trabalho é satisfatória e que os níveis de estresse entre os participantes são médios.
Também foi verificado que a satisfação com o trabalho está associada à qualidade
de vida global e ao nível de estresse dos trabalhadores da APS. Outras variáveis,
como a cor da pele e o sexo, estão associadas aos domínios pessoal e profissional
da QVT, respectivamente.
A partir da teoria revisada, este estudo permitiu perceber de forma prática os
efeitos positivos da satisfação com o trabalho, seja como preditor positivo da
qualidade de vida ou como fator protetor ao estresse do trabalho. Além disso, fatores
e características individuais foram destacados como pontos de diferenciação entre
os trabalhadores, em especial ao fato de homens e brancos apresentarem escores
superiores no domínio pessoal e profissional, situação que destaca a importância da
diversidade e da valorização feminina ao elaborar programas voltados à qualidade
de vida no trabalho.
O estudo evidenciou que a satisfação com o trabalho é um fator importante na
determinação da melhor qualidade de vida no trabalho e do domínio psicológico,
além de configurar uma proteção contra o estresse. Também foi demonstrado que a
melhor qualidade de vida no trabalho é mais provável em pessoas do sexo
masculino (domínio profissional) e de pele branca (domínio pessoal). Os autores
destacaram que estes resultados devem ser considerados pelos serviços de saúde e
na formulação de políticas públicas na abordagem à saúde do trabalhador,
especificamente na APS, sendo estas as principais contribuições deste estudo.
O estudo 5 foi publicado na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia em
2021 (V.24, N.1) sob o título “Aposentadoria e planejamento para vida pós-trabalho:
um estudo com servidores de um Instituto Federal de Educação”. O trabalho foi
recebido em 02/08/2022 e foi aprovado em 24/02/2021. Trata-se de um estudo
exploratório, de natureza quantitativa, de corte transversal, que foi desenvolvido por
meio do estudo de campo. Participaram deste estudo, de forma voluntária,
servidores técnicos administrativos e docentes do quadro efetivo e ativo do Instituto
Federal do Tocantins (IFTO), Brasil.O estudo foi conduzido por Carneiro (Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins – IFTO), Alves
(Universidade Católica de Brasília – UCB) e da Silva (Universidade Católica de
Brasília – UCB). A área estudada foi o ensino público e a dimensão da qualidade de
vida predominante foi o “bem estar geral”.
O objetivo deste estudo foi investigar fatores associados à construção de
projeto de vida pós-trabalho em servidores do Instituto Federal do Tocantins e
verificar temas de interesse para elaboração de um Programa de Preparação para a
Aposentadoria. Para este fim, foi conduzido um estudo exploratório e quantitativo, de
corte transversal, por meio de estudo de campo. A amostra foi composta por
servidores técnicos administrativos e docentes do quadro efetivo e ativo do Instituto
Federal do Tocantins (IFTO) que participaram de forma voluntária. Foram incluídos
servidores que se aposentariam em 5, 10 e 15 anos, que apresentavam aptidão
funcional e que estavam disponíveis para responder aos questionários de pesquisa.
Os resultados evidenciaram que existe alta preocupação com a aposentadoria
nos participantes que é crescente ao aproximarem-se desta fase de suas vidas de
trabalho; 40,4% destes participantes estavam entre 50 e 55 anos e 64,9% se
aposentariam em até 15 anos, e apontaram muita ou muitíssima preocupação com a
aposentadoria. Este resultado corrobora a literatura atual considerando as
mudanças previdenciárias na esfera federal, que comprometeu direitos considerados
garantidos.
Os autores destacaram que os resultados obtidos se mostram favoráveis no
contexto de transição do trabalho para a aposentadoria, uma vez que trabalhadores
que possuem uma boa qualidade de vida no trabalho dispõem de condições
satisfatórias para planejar a vida pós aposentadoria, investindo em domínios que
fazem sentido ao seu curso e história de vida.
Este trabalho demonstrou de forma pontual e específica a influência constante
da qualidade de vida no trabalho na qualidade de vida geral com ênfase nas
perspectivas da vida pessoal na aposentadoria. Além de destacar a influência nos
fatores bem-estar e satisfação pessoal. Desta forma, a gestão da qualidade de vida
no trabalho deve ser vista de forma que considere o presente e o futuro dos
trabalhadores com, por exemplo, a utilização de programas de preparação para a
aposentadoria.
A principal contribuição deste estudo foi a abordagem diferenciada e projetiva
que foi aplicada, na qual a qualidade de vida no trabalho foi estudada como
instrumento de planejamento utilizado para preservar a qualidade de vida no futuro
(aposentadoria), considerando os reflexos do trabalho para o momento da vida onde
já não mais se trabalha. Além de possibilitar aos sujeitos investigados uma reflexão
e um entendimento sobre fatores importantes relacionados à aposentadoria, este
estudo evidenciou as inquietações da população investigada e propôs estratégias
para lidar com os desafios dessa temática, em especial quando se considera as
alterações na legislação previdenciária brasileira, que tornaram as possibilidades de
aposentadoria mais incertas, impactando ainda mais a população idosa.
O estudo 6 foi publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva em 2021 (V.26,
N.4) sob o título Qualidade de vida no trabalho em diferentes áreas de atuação
profissional em um hospital; esta revista é editada pela Associação Brasileira de
Saúde Coletiva (Abrasco). O estudo foi recebido em 11/07/2018 e foi aprovado em
05/06/2019. Trata-se de um estudo transversal realizado com os trabalhadores da
Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, na cidade de Natal-RN, Brasil, entre fevereiro e dezembro de 2016. Esta
pesquisa foi conduzida por Camargo et al (todos vinculados à Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares, Maternidade Escola Januário Cicco, em Natal/RN). A área
estudada foi a saúde e a dimensão da qualidade de vida predominante foi
“condições de trabalho”.
O objetivo do estudo foi comparar as condições de Qualidade de Vida no
Trabalho (QVT) de três diferentes áreas de atuação profissional. A amostra deste
estudo transversal foi composta por servidores e empregados públicos com pelo
menos dois meses de serviço no hospital; amostra do tipo probabilística e
estratificada por área de atuação profissional. As três áreas foram: área
administrativa, área assistencial e área médica – que é a divisão usada no hospital
para questões relativas a funcionários. A amostra estabelecida foi de 172
trabalhadores, sendo 28 da área administrativa, 106 da assistencial e 38 da médica.
Na coleta de dados, além de um questionário socioeconômico, foi aplicado o
Inventário de Avaliação de Qualidade de Vida no Trabalho, instrumento de
diagnóstico e monitoramento de QVT dentro de organizações corporativas que
permite um eficaz mapeamento da percepção dos respondentes e a identificação de
indicadores comportamentais, epidemiológicos e perceptivos de QVT.
Os resultados obtidos apontaram distinções nas áreas estudadas. Em relação
ao sexo dos participantes, a área administrativa apresenta equilíbrio enquanto nas
áreas assistencial e médica, a predominância é feminina. Enquanto que a maioria
dos entrevistados se encontra na faixa etária de 20 a 39 anos e possui
pós-graduação e o tempo de serviço, devido à contração recente, é inferior a 3 anos
para a maioria.
Um fator importante verificado neste estudo foi o fato de 54% dos
trabalhadores da área assistencial e 87% da área médica possuir outro vínculo
empregatício, algo que configura um fator que está fora do controle da gestão de
pessoas do hospital e que, não obstante, afeta a qualidade de vida dos
trabalhadores e reflete nas suas atividades no hospital. Ainda neste sentido, 11%
dos trabalhadores da área administrativa trabalham mais de 40 horas semanais
enquanto que, nas áreas assistencial e médica, este nível é acima de 50% e acima
de 80%, respectivamente.
Os autores apontaram que as percepções de QVT são discrepantes entre as
três áreas estudadas, destacando que os dois fatores que apresentaram maiores
diferenças foram Condições de Trabalho, com 36,4%, e Reconhecimento e
Crescimento Profissional, com 35,7% dos itens com diferença significativa entre as
áreas. Os resultados também mostraram que em uma instituição hospitalar
trabalhadores da área assistencial apresentam QVT inferior àqueles das áreas
administrativa e médica. Enquanto que a área administrativa também evidencia QVT
inferior à área médica.
A partir do referencial teórico, neste estudo foi evidenciado que as dimensões
da qualidade de vida no trabalho, dentro de uma mesma organização – neste caso,
um hospital – apresentam alto grau de diferença a partir da natureza de cada posto
de trabalho e das características individuais de cada trabalhador. Nesta situação, as
a gestão de pessoas requer uma visão inclusiva considerando que já existem
percepções diferenciadas para cada área.
A predominância do sexo feminino em duas áreas operacionais do hospital
evidencia que participação feminina é crescente na força de trabalho e aponta a
necessidade de ponderar esta característica na gestão de pessoas. Com destaque,
a existência de vínculo profissional fora do ambiente de trabalho do hospital pode
ser visto como um desafio para a gestão de pessoas. Por exemplo, um eventual
programa de qualidade de vida no trabalho poderá ser comprometido porque os
participantes têm outros vínculos de trabalho.
A principal contribuição deste estudo foi evidenciar as diferenças na
percepção de QVT dentro de uma organização com áreas profissionais distintas,
comprovando que o planejamento eficiente de QVT necessita atender demandas
setorizadas e para que o objetivo de promoção de saúde seja atingido. Algo que
ainda não é visto como relevante na literatura revisada, segundo os autores.
Por fim, este estudo forneceu subsídios para eventuais diagnósticos de
planejamento de programas de QVT, comprovando a diferenciação entre grupos
com atuações profissionais distintas, ainda que num mesmo contexto. Esta pesquisa
sugere ser benéfico ponderar as ações em função das necessidades dos diferentes
conjuntos de trabalhadores. Ou seja, considerar as diferenças de cada grupo ao
planejar intervenções ou reestruturações seria uma forma segura de elevar a QVT
de forma democrática e promover a saúde a todos.
O estudo 7 foi publicado no Sao Paulo Medical Journal (2021, V. 139, N. 4)
sob o título “Quality of life of Family Health Strategy professionals: a systematic
review” (Qualidade de vida de profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF)
em língua portuguesa)”. O estudo foi recebido em 11/01/2021 e foi aprovado em
09/02/2021. Trata-se de uma revisão sistemática feita por Balabem et al
(Universidade Estadual de Campinas, Universidade Federal de Uberlândia e
Universidade Estadual da Paraíba). A área estudada foi a saúde e a qualidade de
vida foi abordada de forma ampla por se tratar de uma revisão sistemática.
O objetivo desta revisão sistemática foi identificar os níveis de qualidade de
vida, em cada uma de suas dimensões, dos trabalhadores da Estratégia Saúde da
Família e foi realizada de acordo com o método PRISMA (Preferred Reporting Items
for Systematic Reviews and Meta-Analyses) e com o Manual da Síntese de
Evidências do Instituto Joanna Briggs.
O objetivo foi responder à seguinte questão de pesquisa: “Quais são os níveis
de qualidade de vida dos profissionais que atuam na Estratégia Saúde da Família?”
Os autores apontam que esta questão foi baseada na estratégia “População,
Variável e Desfecho”, em que a população incluída no estudo foi composta por
profissionais da atenção primária; a variável foi o trabalho na Estratégia Saúde da
Família e o desfecho foi a qualidade de vida, considerando suas diferentes
dimensões.
Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos estudos foram que
fossem apenas estudos observacionais transversais desenvolvidos no Brasil, com
questionários de qualidade de vida aplicados aos profissionais que atuam na
Estratégia Saúde da Família. Foram exploradas 10 bases de dados. A amostra final
foi composta por 5 estudos.
Os estudos incluídos utilizaram principalmente os instrumentos desenvolvidos
pela Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100 e WHOQOL-bref). Os autores
constataram que os profissionais com nível superior e os agentes comunitários de
saúde foram afetados de forma diferenciada em relação aos domínios da qualidade
de vida. A maioria dos estudos que utilizaram o WHOQOL-bref para investigar a
qualidade de vida dos agentes comunitários de saúde mostrou que a dimensão
ambiental foi a mais afetada enquanto que os estudos que utilizaram o
WHOQOL-100, que também incluíram médicos e enfermeiros, indicaram que a
dimensão física foi a mais afetada para estes profissionais.
A partir do referencial teórico, é possível apontar a necessidade de
reestruturação do modelo de trabalho para os agentes comunitários de saúde,
considerando o impacto na dimensão física e que a dimensão ambiental pode gerar
uma situação conflitante, porque a região de trabalho é o próprio local de trabalho e,
quanto existe percepção de insegurança, hostilidade e exposição à violência por
parte dos agentes de saúde, a qualidade de vida é impactada negativamente. Uma
ação a considerar neste cenário seria o suporte à segurança das equipes e a
adequação dos perfis dos agentes à cada realidade social, além da carga horária de
trabalho.
As principais contribuições deste estudo foram evidenciar que os domínios da
qualidade de vida são afetados de forma diferente entre os profissionais da atenção
primária que atuam nas equipes de saúde da família. Enquanto médicos e
enfermeiros são mais afetados no domínio físico, os agentes comunitários de saúde
são afetados no domínio ambiental. Esta situação evidencia que ações voltadas à
qualidade de vida dos profissionais de saúde da família não podem ser
padronizadas, mas as particularidades de cada categoria profissional devem ser
consideradas.
Outra contribuição foi demonstrar que a região de abrangência da equipe de
saúde da família tem grande influência na qualidade de vida dos agentes
comunitários de saúde. Esta situação se apresenta como um desafio na promoção
da qualidade de vida para essa categoria profissional uma vez que a própria região é
o local de trabalho dos agentes comunitários de saúde mas também é o principal
fator responsável por interferir em sua qualidade de vida.
O estudo 8 é uma resenha que foi publicada em 2022 na Revista de
Administração de Empresas (V.62, N.1) sob o título “RELEVÂNCIA DO TRABALHO
E DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO PARA A SOCIEDADE”. Trata-se de
uma resenha elaborada por Calvosa (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)
do livro “Qualidade de vida no trabalho: Um modelo sistêmico.” de Ana Alice Vilas
Boas e Estelle M. Morin (Minas Gerais: Editora UFLA, 2021. 196 p.). A área de foco
da obra estudada foi o ensino superior no serviço público federal e a qualidade de
vida foi abordada de forma ampla – sobre a sua estrutura em si.
Nesta resenha, o autor fez um panorama geral sobre o trabalho e sobre a
QVT, discorreu brevemente sobre as autoras da obra, contextualizou a temática e
apresentou, apresentou a obra em si e suas características e discorreu sobre o
conteúdo, de acordo com cada capítulo. Por fim, desenvolveu uma análise crítica a
respeito da obra. O livro contém uma pesquisa realizada pelas autoras com
docentes de instituições de ensino superior (IES) federais brasileiras no qual as
autoras estudaram o trabalho docente no contexto da Administração Pública.
Inicialmente, o autor apontou as transformações no mundo do trabalho e a
relevância do tema QVT no mundo atual, considerando a importância do trabalho
como fator constituinte para o ser humano. Neste sentido, foi dado destaque à
importância de promover a QVT e os benefícios para os trabalhadores e nos
resultados e entregas funcionais.
Na obra resenhada, foi dado destaque ao Modelo Sistêmico de Análise da
QVT, esse modelo parte do pressuposto de que QVT varia de indivíduo para
indivíduo e de ambiente para ambiente. A área estudada, a docência, foi
caracterizada como uma profissão com contornos peculiares, que se diferencia das
demais atividades de trabalho devido à complexidade, ao desgaste físico e
emocional que estão presentes na rotina. Esta característica foi apontada pelas
autoras para justificar a amostra selecionada, que foi investigada a partir do modelo
sistêmico.
Os perfis pessoais e profissionais dos docentes foram debatidos na obra
porque estas questões são fundamentais para representar as características do
trabalho e as diferenças individuais, algo fundamental para entender a QVT no
contexto do Modelo Sistêmico. No contexto estudado pelas autoras, foi percebido
que o trabalho docente está em processo de precarização, motivado pela exigência
de produtividade, pelo excesso de atividades administrativas desempenhadas pelos
docentes e pelas condições precárias de trabalho em muitas IES brasileiras. O autor
da resenha destacou que esse debate é oportuno de ser apresentado no momento.
Em relação aos indicadores de QVT dos docentes brasileiros e suas
correlações, a obra resenhada apresenta correlação positiva moderada entre os
indicadores “Equilíbrio Vida-trabalho” e “Bem-estar Psicológico”. Foram apontadas
correlações positivas fortes entre “Reconhecimento” e “Retidão Moral” e entre
“Reconhecimento” e “Relações com os Colegas e Superiores”. Segundo o autor,
esse apontamento indica que o reconhecimento profissional aumentará os níveis de
retidão moral e será benéfico nos relacionamentos de trabalho, pelo menos nas 17
IES estudadas pelas autoras. Uma questão relevante que o autor apontou na obra
resenhada foi a possibilidade de diferenças de percepção de docentes dos gêneros
masculino e feminino sobre os indicadores de QVT.
A partir do referencial teórico, a obra resenhada traz a QVT a partir do Modelo
Sistêmico, como estrutura, e destaca as peculiaridades da docência no ensino
superior, que é entendida como uma área de trabalho complexa, permeada por
pessoas com altos níveis de diversidade, por questões legais e burocráticas,
determinantes sociais e que se encontra em processo de precarização. Ou seja,
pode ser vista como uma micro sociedade, com dimensões e relações específicas
sobre qualidade de vida no trabalho. Da mesma forma, requer uma visão específica
nas ações e programas que visem promover a QVT.
O autor destacou que a obra estudada lhe proporcionou inspiração em
compreender que a promoção da QVT é uma tarefa que requer planejamento,
avaliação e o uso de estratégias individuais e coletivas no ambiente de trabalho.
Destacou que os esforços dedicados à temática são um investimento na saúde do
colaborador, que previnem doenças e sofrimentos, promovendo satisfação,
contentamento e o devido equilíbrio vida-trabalho. Por fim, o autor apontou que o
estudo e a análise da QVT têm se mostrado componentes fundamentais em favor
das organizações, permitindo gerar propósitos na vida laboral dos seus
colaboradores.
O estudo 9 foi publicado na Revista de Administração Mackenzie em 2022
(V.23, N.3) sob o título “Escala para avaliar a qualidade de vida no trabalho em
ambiente universitário pela teoria de resposta ao item”. O estudo foi recebido em
25/03/2021 e foi aprovado em 07/12/2021. Trata-se de um estudo exploratório com
abordagem qualitativa e quantitativa realizado por Ledic et al (Universidade Federal
de Santa Catarina e Universidade Federal de Santa Maria). A área estudada foi o
ensino público superior e a qualidade de vida foi abordada como tema amplo por se
tratar de um estudo para validação de uma escala.
O objetivo do estudo foi validar a escala de qualidade de vida no trabalho
(QVT) proposta por Ferreira (2011) por meio da utilização da teoria de resposta ao
item (TRI) e do conhecimento de especialistas para ser aplicada em instituições de
ensino superior (IES). Os pesquisadores utilizaram a TRI em dados que haviam
previamente sido analisados por meio da Teoria Clássica dos Testes (TCT), com
aplicação de 56 itens sobre o inventário de QVT proposto por Ferreira (2009).
Responderam ao questionário 474 funcionários de uma IES do Brasil.
A escala foi validada por meio da TRI. Segundo os autores, foi confirmada a
consistência interna do instrumento e a alta confiabilidade da escala. Foi confirmado
que o instrumento é eficaz para avaliar todos os itens, validando a escala para o uso
em qualquer IES para avaliação de QVT.
A partir da literatura sobre QVT explorada nesta revisão, foi verificada a
complexidade da temática e além das peculiaridades dos IES. A partir disso, a
escala validada é uma ferramenta essencial para a realização de diagnóstico e para
planejamento de intervenção, considerando a necessidade de mensurar cada
dimensão da QVT como pré-requisito para a gestão.
A principal contribuição deste estudo foi validar a escala para mensurar QVT
em instituições de ensino superior; a validação foi possível por meio da Teoria de
Resposta ao Item – TRI. Os autores afirmam que a escala pode ser aplicada em
qualquer IES. A partir desta validação, os autores fundamentaram e evidenciaram
que o uso do instrumento é eficaz na gestão de recursos humanos em relação à
QVT que, por sua vez, permite que as decisões na área tenham subsídios científicos
e possam ser monitoradas por sua eficiência.
Além disso, os recursos e os programas de intervenção administrativos que
venham a ser realizados, ainda que não tenham foco específico na temática, podem
ter seus efeitos avaliados utilizando o monitoramento da QVT. Ou seja, a escala é
uma ferramenta para gestão de recursos humanos que serve para fundamentar a
tomada de decisão e para monitorar os efeitos em QVT da gestão em geral.
O estudo 10 foi publicado na Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa em 2020
(V. 36) sob o título “Mal-Estar e Bem-Estar no Trabalho: Representações de
Trabalhadores de Empresa Pública Brasileira”. O estudo foi recebido em 01/10/2017
e foi aprovado em 30/04/2018. Trata-se de uma pesquisa empírica qualitativa,
caracterizada como um estudo de caso, conduzido por Pacheco e Ferreira
(Universidade de Brasília). A área estudada foi serviço público federal (tecnologia) e
a qualidade de vida foi abordada de forma ampla e subjetiva, como tema em si.
O objetivo desta pesquisa foi identificar os núcleos temáticos das
representações de bem-estar e mal-estar no trabalho de empregados de uma
empresa pública brasileira da área da tecnologia. Para este fim, foi realizado um
estudo de caso, empírico e qualitativo. A pesquisa contou com 5833 participantes –
47,2% da força de trabalho da empresa. Esta alta adesão reflete a ação de
conscientização sobre a importância da pesquisa que os pesquisadores
promoveram junto à equipe de gestão do programa de QVT da empresa, que
garantiu a participação dos trabalhadores no estudo. Foi aplicado o Questionário de
Avaliação de Qualidade de Vida no Trabalho.
Os pesquisadores identificaram os temas centrais que estruturaram o discurso
dos participantes sobre as fontes de bem-estar e mal-estar no trabalho com o
software Alceste. Os principais termos e frases produzidos nas falas foram
agrupados em tabelas para facilitar a compreensão de cada tema central. Em
relação às fontes de mal-estar, foram identificados sete eixos temáticos. Em relação
às fontes de bem-estar, seis eixos temáticos foram identificados.
Os sete eixos de mal-estar e os respectivos percentuais de discurso
produzidos foram: organização burocrática do trabalho (25%); condições
inadequadas de trabalho e deslocamento estressante (21%); relações conflituosas e
tratamento desigual (15%); rebaixamento do mérito técnico (13%); falta de
valorização e reconhecimento pela sociedade (10%); injustiça e iniquidade (9%); e
falta de perspectiva de crescimento profissional (7%).
Os seis eixos de bem-estar e os respectivos percentuais de discurso
produzidos foram: importância e significado do trabalho (24%); relações laborais
harmoniosas (22%); relevância social do trabalho e oportunidade de
desenvolvimento de competências (19%); estabilidade e benefícios (14%); faz o que
gosta no trabalho (13%); e condições de trabalho confortáveis (8%).
Os eixos temáticos elencados a partir da análise dos dados permitiram
padronizar os fatores de qualidade de vida no trabalho baseados em evidências.
Considerando que as dimensões de QVT costumam ser amplas e genéricas, este
estudo forneceu fatores específicos e intimamente vinculados à empresa estudada,
algo fundamental para a gestão de recursos humanos abordar a temática de forma
singular de acordo com as especificidades de cada empresa, seus setores e suas
pessoas.
Os autores apontaram dois fatores limitantes neste estudo: primeiro, a
insuficiência de estudos sobre bem-estar e mal-estar no trabalho restringiu a
possibilidade de comparação dos resultados obtidos com a literatura; segundo, foi
percebida falta de padronização e consenso na literatura revisada em relação aos
construtos, algo que comprometeu profundamente a discussão teórica.
A principal contribuição deste estudo foi a elucidação e a organização de
diversos aspectos centrais para a gestão dos recursos humanos da empresa, por
meio dos quais é possível guiar estratégias para promoção da QVT do trabalho e
mitigar os fatores de mal-estar. Em relação às contribuições amplas, os autores
destacaram que os achados fornecem subsídios para a reflexão sobre as relações
de bem-estar e mal-estar no trabalho.
O estudo 11 foi publicado no Sao Paulo Medical Journal em 2022 sob o título
“First fact s on the distribution of personal protective equipment during the
coronavirus pandemic and facts revealed by medical entities in Brazil: a
cross-sectional study” (Primeiros fatos sobre a distribuição de equipamentos de
proteção individual durante a pandemia de coronavírus e os fatos revelados por
entidades médicas no Brasil: um estudo transversal, em língua portuguesa). O
estudo foi recebido em 23/12/2021 e foi aprovado em 03/06/2022. Trata-se de uma
investigação transversal feita por Maluf e Nunes (Hospital de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico – HCTP – de Santa Catarina e Universidade do Porto, Portugal). A área
estudada foi a saúde e a dimensão da qualidade de vida predominante foi
“condições de trabalho”.
O objetivo desta investigação foi comprovar por meio de fatos que houve
falhas na distribuição de EPI’s aos profissionais médicos brasileiros no período
compreendido entre 1º de fevereiro e 30 de setembro de 2020. Para este fim, os
pesquisadores identificaram todas as entidades que representam a classe de
profissionais médicos brasileiros. Uma vez identificadas estas entidades, o passo
seguinte consistiu em acompanhar diariamente, sem exceções, entre 01/02/2020 e
30/09/2020, todos os fatos e notícias disponíveis nas páginas de internet de todas as
entidades que disponibilizavam tal recurso de divulgação. Os pesquisadores
buscaram por reclamações de médicos brasileiros a respeito da falta de distribuição
de EPI’s essenciais na luta contra a COVID-19.
O trabalho de investigação foi realizado com coleta de dados de todos os 26
estados, do Distrito Federal e de sub-regiões. Os dados foram obtidos das páginas
de internet de todas as principais entidades de representação da categoria médica,
incluindo o Conselho Federal de Medicina e as respectivas 27 páginas regionais e a
Associação Médica Brasileira e as 27 páginas de cada unidade federativa. Além das
duas federações sindicais, foram coletados dados da Federação Nacional dos
Médicos (FENAM), que engloba sindicatos destes 16 estados: Amazonas (AM),
Bahia (BA), Distrito Federal/Capital (DF), Espírito Santo (ES), Goiás (GO), Maranhão
(MA), Minas Gerais (MG), Mato Grosso do Sul (MS), Paraná (PR), Piauí (PI), Rio de
Janeiro (RJ), Rio Grande do Norte (RN), Rio Grande do Sul (RS), Sergipe (SE).
Também foram obtidos dados de 5 outros sindicatos sub-regionais que
abrigam as regiões de Juiz de Fora e Zona da Mata/MG, Niterói, São Gonçalo e
Região/RJ, Norte do Paraná e Santos, São Vicente, Cubatão, Guarujá e Praia
Grande/SP. Adicionalmente, foi avaliada a página da Federação Médica Brasileira –
FMB – que une os seguintes estados: Acre (AC), Alagoas (AL), Mato Grosso (MT),
Pará (PA), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Santa Catarina (SC), e Tocantins (TO).
Foram analisadas também as páginas de mais 3 sub-regiões: Anápolis, Campinas e
região e Sul de Santa Catarina).
Os resultados evidenciaram que ocorreu falha na distribuição de EPI’s aos
profissionais médicos do Brasil por um período razoável diante das mais de 3900
reclamações médicas que foram identificadas na investigação. Foi constatado que
em 8 estados as respectivas páginas da AMB disponibilizaram links específicos para
o registro de reclamações referentes à falta de EPI’s. A AMB foi a única entidade a
fornecer acesso público ao número de reclamações sobre a falta de EPI’s, com
detalhamento por estado. A página no CFM disponibilizou o link direto para
reclamação. Contudo, as informações e estatísticas não estavam acessíveis ao
público – sequer aos profissionais médicos.
Foi constatado, também, que nos estados de AM, GO, MG, PR, RS e MT os
profissionais médicos solicitam judicialmente a distribuição de EPI; um pré-requisito
para tal reclamação de falta de EPI’s era ser credenciado como médico na AMB,
CFM e outros. Por fim, os pesquisadores realizaram consulta às notícias de modo a
dar suporte na verificação e para complementar a coleta de dados.
Este estudo tem destaque nesta revisão por 3 motivos: (A) envolve variáveis
diretas do tema Qualidade de Vida no Trabalho, (B) realiza investigação em todo o
Brasil e (C) define o período de coleta de dados no início da pandemia de COVID-19
no Brasil. A falta de EPI’s configura múltiplas ameaças à qualidade de vida no
trabalho em geral e, destaca-se o grave comprometimento ao fator adequação de
recursos nas condições de trabalho, elevando o estresse e o risco à vida, por se
tratar de uma situação ilegal. Nesta situação, os profissionais médicos tiveram a
situação de trabalho agravada ao lidar com uma crise que, por si só, já apresenta
seus desafios. Com destaque, a atividade laboral em si foi comprometida e o risco
sanitário foi elevado à vida pessoal e ao ambiente familiar. Esta situação forçou
vários profissionais a interromperem o contato com a família e o contato social em
geral, algo que compromete ainda mais a qualidade de vida, considerando a
necessidade social humana. Em resumo, a situação afetou todas as principais
dimensões de qualidade de vida no trabalho dos profissionais da saúde.
Considerações Finais
Esta revisão obteve sucesso em atender ao objetivo proposto. Foi possível
localizar e revisar as publicações sobre qualidade de vida no trabalho entre
fevereiro/2020 e outubro/2022 na base Scielo.br. Onze estudos foram localizados
com publicação neste período. Os serviços de saúde pública e de educação foram o
objeto mais estudado, as instituições públicas foram as principais responsáveis pelo
conhecimento e as publicações da área da saúde foram o principal meio de
disseminação deste conhecimento.
Constatou-se que 82% dos estudos foram disseminados por meio de
publicações na área da saúde e 18% na área da administração. Verificou-se que as
instituições públicas são responsáveis exclusivamente pela maioria dos estudos,
82%, os 18% restantes tiveram origem em parcerias entre pesquisadores de
instituições públicas e privadas ou filantrópicas.
Constatou-se que 100% dos estudos investigaram a qualidade de vida no
trabalho no setor de serviços: 82% na área pública e 18% na área privada e pública.
Nenhuma investigação teve como objeto somente a área privada. A saúde foi a área
mais estudada, com 45%, seguida do ensino/educação com 36%, tecnologia com
9% e áreas variadas com 9%. A temática da qualidade de vida no trabalho foi
abordada de forma ampla por 45,5% dos estudos e em 54,5% de forma específica
em 3 dimensões: “condições do trabalho” com 27,3%, “estresse no trabalho” com
18,2% e “bem estar geral” com 9,1%.
A principal colaboração dos estudos revisados foi a evidenciação sobre a
forma que a gestão de recursos humanos deve abordar a qualidade de vida no
trabalho. O tema precisa ser abordado de forma estrutural e permanente, precisa
fazer parte da constituição da organização, em um modelo sistêmico e preventivo,
dentro da gestão estratégica. Além disso, não pode ser uma política genérica e
estática, é imperativo que a individualidade humana, a interação dos grupos e as
características de cada posto de trabalho e as mudanças sociais sejam ponderadas
e adaptadas para fundamentar a abordagem da qualidade de vida no trabalho.
Foi identificado que a temática ainda está em construção e em fase inicial de
investigação em grande parte dos estudos – apesar de não ser um assunto jovem
ainda requer diferenciação e delineamento epistemológico para que o conhecimento
gerado seja singular e específico. Também foi possível verificar que valorizar a
qualidade de vida no trabalho é um investimento em recursos humanos com retorno
e resultado para todos aqueles envolvidos nas organizações e no trabalho.
Uma das limitações deste estudo foi a utilização de apenas uma base de para
coleta de dados e o fato da temática ter sido abordada de forma ampla na maioria
dos estudos. Como sugestão para futuros estudos, indica-se maior diversificação
das áreas pesquisadas e dos setores da economia, além da construção do
conhecimento sobre qualidade de vida no trabalho no setor privado. Sugere-se que
sejam promovidas mais parcerias de pesquisa entre instituições públicas e privadas
com a finalidade de gerar conhecimento científico no setor privado.
Das dimensões da temática que podem ser exploradas em novas pesquisas,
sugere-se a flexibilização voluntária da jornada de trabalho e seus efeitos na
qualidade de vida e na produtividade. Por exemplo, a utilização de jornada semanal
de 4 dias, da jornada diária de 6 horas e de modalidades híbridas e voluntárias de
trabalho presencial e teletrabalho.

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