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Tecnologias

• Rodrigo de Lacerda Carelli


disruptivas • Doutor em Sociologia – IESP/UERJ
• Mestre em Sociologia e Direito – UFF
ea • Professor Direito do Trabalho e do PPGD – UFRJ

Proteção do • Procurador do Trabalho no Rio de Janeiro

trabalho
Humano
Origem da Uber
A ideia já existia e
estava em prática
Mas o que
• Garrett Camp encontra Travis Kalanick
foi • Garrett: aquisição de carros, aluguéis de
realmente garagens, contratação de motoristas
empregados
disruptivo? • Pulo do gato número 1: Kalanick: sem carros,
sem garagens e sem empregados. Motoristas
não profissionais com seus próprios carros.
• Pulo do gato número 2: capital de risco para
peitar a realização de um negócio sabidamente
ilegal
Plataformas digitais,
aplicativos, sites etc.
Trabalhador
digital?
Regulação como tecnologia social

A organização
e regulação do Máquina como controle dos trabalhadores

trabalho no
centro, não a Lei dos pobres de 1795, na Inglaterra – o direito
de viver. Abolição em 1834. Karl Polanyi, A
tecnologia Grande Transformação
Abolição das Corporações de Ofício, França,
1791
Algoritmo e o trabalho
Algoritmo é o conjunto de instruções
baseadas em inteligência artificial inscritas
em uma plataforma digital para obtenção de
um determinado resultado

Para o mundo do trabalho o algoritmo


é gerente, capataz e regulamento de
empresa ao mesmo tempo.
Terceirização

Processo de hiperterceirização
Retórica da
plataforma como
tecnologia de
desresponsabilização
Operadores
logísticos/franqueados
Intermediadores/agenciadores
de mão de obra
Trabalho sob demanda, podendo haver recusa das
ofertas – trabalho avulso e trabalho intermitente
Pagamento por peça ou tarefa – desde antes da
revolução industrial

Há alguma Não cumprimento de jornada fixa – art. 62 da CLT

novidade? Subordinação algorítmica – art. 6º, parágrafo único,


CLT
Subordinação por programação – teletrabalho e
metas
Ausência de exclusividade – não é requisito legal
Decisões judiciais do Século XXI
• Corte de Justiça da Comunidade Europeia – Uber como empresa de
transporte
• Corte de Cassação - França – sistema de geolocalização – vigilância. Poder
de direção e controle da execução prestação do trabalho – subordinação.
Ordens e instruções, controlar a execução e sancionar as faltas.
• Corte Superior do Trabalho - Alemanha – subordinação algorítimica e
gamificação
• Tribunal Supremo - Espanha – ausência de critério organizativo próprio e
de infraestrutura para o negócio. Moto e celular como meios acessórios e
complementares. Meio de produção: programa informático.
Geolocalização. Decisões comerciais tomadas pela empresa. Mudança na
lei e algoritmo.
• Divisão de Apelação – Suprema Corte de Nova Iorque – Estados
Unidos - “controla o acesso dos motoristas aos seus consumidores,
calcula e recebe o preço das corridas e determina a taxa dos
motoristas”. “Uber também controla o veículo utilizado, proíbe
certos comportamentos dos motoristas e usa o seu sistema de
pontuação para incentivar e promover motoristas a se
comportarem em um modo que mantém ‘um ambiente positivo’ e
‘uma atmosfera divertida no carro’. “
• Bélgica - o fato de estar livre para dar sequência ou não a uma
oferta de trabalho, podendo negá-la, não impede o
reconhecimento de vínculo de emprego, uma vez que a partir do
momento que o trabalhador aceita o trabalho, o empregador pode
dispor de sua mão de obra conforme as disposições do contrato.
• Uruguai – Recomendação 198 OIT. Integração do
motorista à organização empresarial, instruções e
controle da empresa. Trabalhador fornece as
ferramentas. Algoritmo como suporte do modelo
comercial que somente ela conhece e domina.
• Austrália – Análise multifatorial
• Holanda – Ação coletiva ajuizada pela Federação dos
sindicatos. Algoritmo Frank da Deliveroo. Bonus com
capacidade de influenciar comportamento. Liberdade
de horário não é incompatível com a relação de
emprego.
• Reino Unido – Sistema de avaliação como pura
ferramenta interna para gerenciar performance
e uma base para tomada de decisões finais –
Clássica forma de subordinação característica da
relação de emprego.
• Itália – Trabalhadores hetero-organizados.
Algoritmo da plataforma como meio em planejar
e gerenciar fluxos do negócio, criando ranking de
trabalhadores. Cegueira deliberada criadora de
discriminação.
Uberização como escolha política – médicos,
advogados, manicures, peões de obra,
motoristas de caminhão e ajudantes
Esvaziamento subjetivo do direito do trabalho.

Qual Brasil? E a Constituição esvaziada e negada?

Qual Brasil no Século XXI?


Obrigado!

• http://trab21.blog
• rodrigolcarelli@gmail.com

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