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CRIANDO LÍDERES
EFICAZES PARA SURFAR AS ONDAS
DA INCERTEZA E COMPLEXIDADE
SUMÁRIO
A Estratégia é Adaptar-se
e é Preciso Adaptar a Estratégia.................. 03
Contratação de Pessoas:
Uma Via de Duas Mãos................................ 23
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O ECOSSISTEMA DE NEGÓCIOS ESTÁ MUDANDO
AS REGRAS DA ESTRATÉGIA
O que mudou é que a maioria das empresas de crescimento mais rápido hoje -
da Amazon e Google, a Alibaba e Tencent, Uber e WeWork - está se posicionando
explicitamente como atores do ecossistema, como hubs nas redes de clientes,
fornecedores e produtores de serviços complementares. Observadores e
reguladores do setor estão observando esse fenômeno com interesse e
preocupação. Eles querem entender se essas empresas desenvolveram uma nova
maneira de compe r que pode desafiar a visão convencional de como as empresas
criam e capturam valor.
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Como você constrói um fosso? Uma abordagem é posicionar seus negócios com
habilidade, encontrando um setor com altas barreiras de entrada e depois
diferenciar seu produto para manter os clientes conectados. A outra abordagem é
focar em seus recursos e capacidades subjacentes e inves r nesses a vos raros,
valiosos e di ceis de imitar pelos concorrentes.
Essa mudança de fossos para catracas pode ser di cil de entender. Para a
maioria dos estrategistas de negócio, é uma segunda natureza proteger seus a vos
existentes e manter a concorrência sob controle. Mas um orquestrador pure-play
fica feliz em se abrir para a concorrência e compar lhar sua propriedade intelectual,
desde que isso mantenha o ecossistema em crescimento. Seu obje vo é maximizar o
número de pessoas que passam pela catraca, em vez de aumentar a altura da cerca
ou a largura do fosso.
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Para ajudar os estrategistas a entender como colocar em prá ca essa lógica da
catraca, eis aqui alguns conselhos sobre o que considerar:
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deliberadamente abre mão de algumas oportunidades de ganhar dinheiro em curto
prazo em busca de crescimento em longo prazo. Desde o início de 2018, seus
negócios de comércio eletrônico de terceiros haviam crescido mais que o dobro do
tamanho da Amazon - e conseguiram isso com uma equipe de apenas 66 mil pessoas,
em comparação com 550 mil na Amazon – de acordo com o próximo livro de Peter
Williamson e Arnoud de Meyer.
Os desafios
Para complicar ainda mais as coisas, a divisão entre o mundo dos fossos e das
catracas não é absoluta. Por exemplo, a Amazon não está apenas construindo um
ecossistema; ela também está operando no mundo sico da logís ca e do varejo. O
Alibaba está explicitamente pressionando sua estratégia de ecossistema, ao mesmo
tempo em que constrói uma forte capacidade proprietária em inteligência ar ficial.
O Google tem suas próprias ofertas de smartphones juntamente com seus negócios
como buscador e de compar lhamento de vídeo.
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As regras da estratégia compe va não estão ficando mais simples. Contudo, um
bom primeiro passo para navegar entre elas é entender que a lógica tradicional da
estratégia baseada em fosso não funciona bem em um mundo de plataformas e
ecossistemas. Ao olhar novamente para o modo como os orquestradores de
ecossistemas operam e, em par cular, para sua obsessão em aumentar o fluxo de
tráfego através de suas catracas, observa-se que os estrategistas de setores
estabelecidos estarão melhor posicionados para compe r com eles.
JOEY WIDER
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UM MUNDO CHAMADO
FUTURO
Ao olhar o mundo atual que habitamos, pessoal e profissional, há um senso comum que
a capacidade de liderar é algo que vai além do tulo ou crachá. Um talento que pode
ser desenvolvido e que pode como o som, ser construído, amplificado e potencializado.
Porém a observação do co diano mostra muitas vezes líderes apenas com foco
em es mular ações referenciadas nos padrões de comportamentos e
conhecimentos já existentes no ambiente organizacional. Será isto suficiente para
superar a capacidade de desenvolver o negócio em um mundo cada vez mais
complexo, disrup vo e exponencial?
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Quantos ainda se recusam a ir além e entrar em algo que não pertence à sua
zona de conforto; a reconhecer que a questão não é dominada; a sair da sua certeza;
a ampliar o rol de variáveis além das conhecidas, para decidir; a ter pessoas que
pensam diferente na equipe; a ter pessoas que contestam e ques onam.
E será que estarão prontos para enfrentar as incertezas, o imprevisível, o novo? Este
é o desafio a ser vencido por cada profissional no ambiente organizacional e de vida. Ou
seja, começa com cada indivíduo envolvido no processo de fazer as coisas acontecerem.
Fazer acontecer é uma arte, um novo mind set. Covey, em seu livro Os 7 hábitos
das pessoas altamente eficazes, dizia que se es ver com o mapa errado nas mãos,
não adianta aumentar a velocidade ou mesmo a energia aplicada, pois isto somente
vai levar para mais longe do obje vo definido. E aqui mapa errado significa o
processo pelo qual se estabelece esta jornada. Envolvendo desde conhecer os
princípios que promovem uma execução consistente até a dinâmica de como definir
uma meta com maestria necessária para fazer a estratégia se realizar, definir
a tudes no dia a dia numa cadência funcional e acima de tudo como acompanhar
para o resultado efe vamente acontecer.
E tudo isto para não dar razão a Ram Charan, autor do livro Execução, que diz
que 70% da baixa qualidade da implementação da estratégia se deve à pobre
execução. E não devido à falta de visão ou à outra razão maior.
Se nada, o seu futuro será mais do que desafiante, se é que vai exis r.
Mas se está atento, pode responder que se não está ainda fazendo, vai fazer
imediatamente as ações necessárias a responder de forma proa va esta questão. E
acima de tudo vai executá-la.
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E tudo começa onde? Na liderança preparada para momentos como este que
todos estão vivendo. É bem provável que não vá exis r um novo normal. As pessoas
e organizações vão descobrir rapidamente que necessitam fazer algo que promova
desenvolvimento, e o novo sustentável é a evolução con nua. De pessoas e de orga-
nizações. Mas, em qual a velocidade, qual o tamanho, qual a dimensão? Talvez
ninguém ainda possa ir além de uma especulação.
Quer construir uma organização eficaz, também ser feliz, seja um líder que cons-
trói um legado e que realiza o potencial de si e das pessoas. Para isto desenvolva-se,
estude, prepare-se. Execute fazendo acontecer. Assim o futuro te espera.
Minha pergunta:
Como você está se preparando para o futuro que está a sua frente e para se
tornar o liberador de talento num mundo que espera que você faça acontecer?
MARCELO MASINI
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LIDERANÇA
TRANSFORMACIONAL
Em cada contexto organizacional é possível observar os comportamentos que estão
sendo cul vados e fortalecidos, sejam saudáveis ou tóxicos, principalmente em
processos de mudanças, transformações e gestão cultural. E quando o processo de
DHO - Desenvolvimento Humano e Organizacional é criado e direcionado em
conexão com o propósito do negócio, está ficando cada vez mais evidente e vital a
necessidade de preparar a liderança para que se posicionem e se manifestem como
Agentes Transformacionais e, assim façam contribuições genuínas e efe vas, ao
mesmo tempo que criam a longevidade para os negócios.
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Estes são os 5 movimentos ascendentes, integra vos e inclusivos na trilha de
aprendizagem dos Agentes Transformacionais e os impactos para o negócio:
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Quais são as contribuições essenciais da Liderança Transformacional para
o negócio?
CHRISTIE FERREIRA
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CULTURA
ORGANIZACIONAL
ASSUMINDO O PAPEL DE GESTOR DA CULTURA
ORGANIZACIONAL
Você já ouviu a frase “cada canto tem seu canto”? Assim é a sociedade em que
vivemos. Basta mudarmos de cidade e logo descobrimos que algumas coisas de uma
não fazem sen do na outra, e se esta mudança envolve alteração de país, a questão
eleva o nível de complexidade. Portanto, é consenso afirmar que cada lugar tem a
sua própria cultura. Sendo que a cultura de uma cidade pode ser definida como um
conjunto de valores, crenças, mitos, ritos, histórias e símbolos compar lhados pela
maioria de seus habitantes.
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Resumidamente, a cultura organizacional orienta a adaptação externa e
integração interna.
Ela “tranquiliza” as pessoas sobre como agir no dia a dia e orienta os líderes
sobre que comportamentos seus membros devem ter para garan r a
sobrevivência e o desenvolvimento da ins tuição. O líder deve perceber os sinais e
entre os seus papéis está o de “preparar a organização e as equipes para um futuro
que ainda não chegou”.
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Então, o GRANDE desafio é fazer permanentemente o diagnós co da Cultura
Organizacional e propor alterações sempre que necessárias.
Embora seja algo fácil de falar, temos outros fatores que não favorecem a gestão
da cultura, dentre elas:
Considerando que a iden ficação dos valores é importan ssima nesta jornada,
temos uma orientação de Richard Barre , segundo o qual a iden ficação dos valores
culturais envolve a iden ficação de alguns valores, tais como:
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Qual o percentual de subcultura e contracultura dentro da organização?
Como isto tem afetado os resultados da empresa?
Estas perguntas têm como grande obje vo ins gar o leitor a estudar cultura
organizacional e se instrumentalizar para exercer o papel de Gestor da Cultura
Organizacional e, assim, contribuir para a sustentabilidade da empresa, felicidade de
todos e u lização dos potenciais humanos no dia a dia.
CLÁUDIO QUEIROZ
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CONTRATAÇÃO DE PESSOAS:
UMA VIA DE DUAS MÃOS
Você já ouviu a seguinte frase? “As pessoas são o maior diferencial compe vo de
uma organização”. Pois bem, a contratação de pessoal é o primeiro passo para que
essa frase se traduza em uma verdade.
Um processo sele vo bem conduzido fará toda a diferença, tanto para quem
contrata como para quem é contratado. Se você nunca esteve do lado da mesa de
quem contrata, provavelmente, já esteve do outro lado. Procure refle r sobre suas
úl mas experiências: falta de feedback após o término do processo, entrevistador
despreparado, processos muito extensos, dentre outras coisas. Se você já fez
contratações pode ter se deixado levar por uma impressão errônea. Não seria incomum
que a seguinte frase vesse passado pela sua cabeça: “como pude errar tanto!”
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VOCÊ VAI CONTRATAR: E AGORA?
A resposta dada pelo gato para Alice é também adequada para quem vai fazer uma
contratação. O primeiro passo é definir o perfil desejado, tarefa negligenciada por
muitos gestores e que gera dividendos em termos de economia de tempo e eficácia
do processo. Por isso, é preciso inves r tempo para pensar, cuidadosamente, no
perfil desejado.
Outros pontos a serem considerados são as situações crí cas passíveis de serem
vivenciadas, principais desafios do cargo e caracterís cas de clientes internos e
externos. A análise deve levar em consideração o que realmente é necessário para a
posição e que poderá determinar um desempenho dentro do esperado ou um
desempenho superior. As respostas a essas perguntas permi rão a iden ficação das
competências essenciais para que um profissional seja bem sucedido na função
em questão.
Uma vez definido o perfil desejado, deve-se preparar um roteiro com perguntas
foco para as competências iden ficadas. Mas cuidado! Existem perguntas que não
trazem as informações necessárias para uma decisão asser va acerca da contratação.
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A única maneira de se avaliar a qualidade da experiência de um candidato é pela
análise das situações que ele já vivenciou. Lembre-se que o currículo aceita tudo e
pode não retratar o que, de fato, é aquele profissional.
Numa definição bem simples, competência não é aquilo que a pessoa alega
conhecer, mas sim sua capacidade de colocar o conhecimento em prá ca.
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A ARTE DA PERGUNTA: EVITANDO
O “EFEITO CINDERELA”
Para não cair na armadilha do candidato de fachada, o entrevistador deve fazer
perguntas planejadas para avaliar competências. Essas perguntas apresentam
algumas caracterís cas básicas:
Mo vam relatos ou narra vas de comportamento, uma vez que são diretas e
pedem que o candidato descreva ações que ele empreendeu em situações
específicas. Exemplo:
Evitam que o candidato responda baseado no que apenas viu, leu ou ouviu.
Uma pergunta do po “Com que nível de segurança você trabalha?” pode levar o
candidato a falar sobre todos os conceitos de segurança que ele já viu ou ouviu falar,
sem necessariamente representar a experiência dele neste sen do.
Não conduzem o candidato à “resposta certa”, uma vez que não insinuam a
resposta desejada pela forma como são formuladas. Certas perguntas contaminam a
resposta do candidato, não revelando seu comportamento verdadeiro, mas sim
aquele que ele julga que lhe dará melhores condições para ser escolhido. Exemplo:
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esclarecimentos: “o que o levou a agir dessa forma?”; “o que você fez nessa
situação?” ; “o que aconteceu depois?”; “qual foi o resultado final desse trabalho?”,
“O que você aprendeu com essa situação?”.
Para uma entrevista ser bem sucedida, se faz necessário, além do roteiro, que o
entrevistador invista um tempo para se preparar. O entrevistador deve:
TÉCNICA OU INTUIÇÃO?
A melhor equação é a somatória das duas coisas. A intuição por si só pode fazer com
que o entrevistador caia na armadilha de fazer uma inferência a par r de uma
informação ou impressão parcial. Por outro lado, a técnica sozinha pode limitar a
captura de sinais relevantes, tais como manifestações não-verbais do candidato
(expressões, gestos, postura na cadeira etc.).
A intuição é uma percepção que ainda não chegou ao nosso lado racional, mas
que pode sinalizar ao entrevistador a necessidade de buscar mais informações
(dados e fatos) sobre o ponto que está sendo analisado e, para que isso seja possível,
a técnica é a sua grande aliada.
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Ressaltamos algumas dicas básicas para que um profissional aumente seu
repertório como entrevistador e lembramos: para um gestor de pessoas é um
diferencial compe vo saber fazer uma boa avaliação de candidato.
E você, candidato? Tem dúvidas de como elaborar um bom currículo e qual postura
é adequada ao passar por um processo sele vo? Então aguarde o próximo ar go!
IZABELA MIOTO
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GESTÃO DE TALENTOS
PARA O SÉCULO 21
Segue um excelente ar go sobre liderança com foco na gestão de pessoas talentosas
para o século 21. Entendo que a leitura desse ar go traz reflexões importantes,
dentro da escola americana de liderança, sobre o papel do líder e como obter sucesso
no seu desafio da gestão.
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É hora de uma abordagem fundamentalmente nova à gestão de talentos -
abordagem que leve em conta a grande incerteza hoje enfrentada por empresas. Por
sorte, o mundo empresarial já tem um modelo desses - modelo burilado há décadas
para prever e sa sfazer a demanda em cenários de incerteza: a gestão da cadeia de
suprimento. Ao tomar emprestado lições da pesquisa em operações e cadeia de
suprimento, a empresa pode criar um modelo de gestão de talentos mais condizente
com a realidade atual. Antes de entrar em detalhes, porém, vejamos o contexto no
qual a gestão de talentos evoluiu nas úl mas décadas e sua situação hoje.
A formação interna dos quadros era a norma na década de 1950. Toda prá ca de
desenvolvimento de gerentes que soa como novidade hoje já era lugar-comum
então: do coaching de execu vos ao feedback de 360 graus, passando pelo rodízio
de funções e programas para gente de alto potencial.
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promessa implícita da Unilever de não demi r significava que seria preciso achar um
lugar para esse pessoal em outras filiais internacionais ou pagar para que saíssem.
A boa no cia é que a maioria das empresas hoje encara o desafio pra camente
do zero, pois, em se tratando de gestão de talentos, conta com muito pouco. Um
estudo recente revela, por exemplo, que dois terços das empresas nos EUA não
contam com nenhum po de planejamento da força de trabalho. A má no cia é que
as empresas vêm sendo orientadas a voltar a prá cas da década de 1950 e a criar
planos de sucessão que tentam definir a evolução de uma carreira no longo prazo -
ainda que o cenário estável de negócios e o pipeline de talentos que permi ram o
surgimento de tais prá cas já não existam. Nada disso dará certo. Abordagens
tradicionais ao planejamento da sucessão prevêem um processo de
desenvolvimento de vários anos - período durante o qual estratégias, organogramas
e equipes gestoras certamente sofrerão mudanças e no qual o sucessor cul vado
pode muito bem deixar a empresa.
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Quando surge uma vaga importante, a empresa não rara conclui que candidatos
iden ficados pelo plano de sucessão já não cumprem os requisitos do posto e busca
outra pessoa lá fora. Um desfecho desses é pior, sob vários aspectos, do que a
ausência de um plano. Primeiro, os candidatos se sentem traídos - um plano de
sucessão traz uma promessa implícita.
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certamente venderão, pois a compe ção é nula e a demanda amplamente previsível.
Da década de 1980 para cá foram adotados e con nuamente aprimorados processos
de produção just-in- me e outras inovações na cadeia de suprimento que permitem
a empresas prever mudanças na demanda e adaptar produtos com precisão e
rapidez cada vez maiores.
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excesso de talentos, era rela vamente fácil colocar alguns na reserva - como peças
armazenadas num depósito - até que surgisse uma oportunidade. Pode soar absurdo
sugerir que a empresa man nha o equivalente a um almoxarifado de capital humano -
isso, porém, era extremamente comum na era do homem organizacional.
Princípio 1 Princípio 3
Produzir e comprar para controlar o risco Elevar o retorno sobre o inves mento na
Já que manter uma grande reserva de formação do pessoal
talentos sai caro, a empresa deve formar Uma maneira de melhorar o retorno é
menos gente do que calcula que irá convencer o funcionário a dividir os
precisar e prever contratação caso custos do desenvolvimento. Isso significa
faltem profissionais. Já que certas vagas pedir que par cipe de projetos forma -
podem ser mais fáceis de preencher com vos em caráter voluntário. Outra saída é
gente de fora do que outras, é preciso manter o vínculo com ex-funcionários na
calcular bem onde inves r a preciosa esperança de que um dia retornem,
verba de desenvolvimento: a gestão de trazendo de volta seu inves mento na
talentos é um inves mento, não um qualificação deles.
gasto compulsório.
Princípio 2 Princípio 4
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Hoje, um grande banco de talentos é um estoque caro de manter. Além disso, é
um estoque que pode deixar a empresa.
Execu vos ambiciosos não querem, e não precisam, ficar no banco de reserva.
Pior ainda: estudos da consultoria Watson Wya mostram que aqueles que
receberam treinamento há pouco são os mais propensos a debandar, pois vão atrás
de oportunidades para aproveitar melhor a capacitação recém-adquirida.
Formar o pessoal da própria empresa, quando possível, ainda faz sen do, pois é
mais barato e causa menos distúrbios.
Mas trazer gente de fora pode ser mais rápido e condizente. Logo, uma
abordagem ó ma seria uma combinação de ambas. O desafio é descobrir que peso
dar a cada uma.
Em seguida, repetem o processo com dis ntas premissas para ter uma ideia da
solidez das projeções de talentos. É comum os execu vos ajustarem seus planos
comerciais se as exigências correlatas de talentos forem grandes demais.
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Na prá ca, porém, isso raramente acontece. E, ao contrário do que ocorria na
década de 1950, o risco de errar para mais é maior do que o de errar para menos
agora que é tão fácil trocar de empresa. Se errarmos para menos, sempre é possível
buscar gente no mercado para preencher a lacuna. Assim como a incerteza quanto à
qualificação do candidato, o custo por contratação será maior - mas tal custo é muito
inferior aos custos de retenção. Logo, dado o custo elevado de errar para mais, o
ideal será formar menos de 100 programadores e trabalhar com a expecta va de
que haverá um déficit, que cobriremos contratando gente no mercado. Se julgarmos
que a es ma va de 100 é razoavelmente correta, talvez decidamos formar 90
internamente - só para ter certeza de não exagerar a demanda real - e deixemos para
contratar outros dez no mercado.
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Numa mesma empresa, as respostas a essas questões podem variar,
dependendo da área funcional e do cargo. Preencher postos de escalão inferior com
gente de fora, por exemplo, pode ser fácil e custar pouco, pois a qualificação exigida
é facilmente ob da, tornando rela vamente modesto o custo de subes mar a
demanda. Já para postos que exigem qualificação maior o custo desse erro é bem
maior - a empresa tem de arcar com a busca no mercado, com um salário maior e,
talvez ainda, com custos correlatos de integração do novo profissional e absorção de
riscos, entre eles o de a pessoa não se ajustar à empresa.
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Um outro jeito de rar proveito de projeções mais curtas, mais responsivas, seria
dividir um longo programa de treinamento em blocos, cada qual com projeções
próprias. Um bom jeito de começar seria com programas internos de
desenvolvimento em áreas específicas, que certas empresas ainda possuem. Em
geral, esses programas abordam temas comuns, como gestão geral ou habilidades
interpessoais, e, ainda, disciplinas específicas de certas funções. Nada impede que o
pessoal, seja qual for seu departamento, seja subme do ao treinamento geral junto
e só então se especialize. O que até então era um programa funcional de três anos
poderia virar dois cursos de 18 meses. Depois que todos concluíssem o curso inicial,
a organização voltaria a projetar a demanda em cada área funcional e, com base nos
dados, alocaria os candidatos.
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Embora o ajuste nem sempre seja perfeito, essas empresas constatam que
um pouco de treinamento just-in- me e coaching pode ajudar a preencher
quaisquer lacunas.
Uma maneira de o trabalhador dividir esses custos seria par cipar de projetos de
aprendizado em caráter voluntário - ou seja, além do trabalho normal. Par ndo do
princípio de que o candidato esteja mais ou menos dando a contribuição pica em
sua a vidade regular e que seu salário não tenha subido, o que estaria fazendo, na
prá ca, é par cipar de projetos de desenvolvimento de graça, inves mento nada
pequeno de sua parte. A empresa americana PNC Financial Services é uma de várias
que hoje oferecem a funcionários promissores a oportunidade de par cipar, em
caráter voluntário, de projetos feitos com a equipe de liderança, às vezes
restringindo sua par cipação a projetos fora de sua atual área funcional. A pessoa
ganha acesso a dirigentes da empresa, amplia sua experiência e faz bons contatos
profissionais, o que sem dúvida será de u lidade mais tarde. Mas paga por isso - com
seu precioso tempo.
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empresas nos EUA pedem ao funcionário prestes a passar por treinamento ou
experiências forma vas que assine um contrato especificando que, se deixar a
empresa antes de certo prazo, terá de reembolsá-la pelo custo do treinamento.
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modelo do grande enxadrista e optando por um painel interno que permita ao
pessoal se candidatar com mais facilidade a vagas na empresa e, assim, mudar de
emprego sem deixar a organização. A Dow Chemical, por exemplo, derrubou seu índice
de rota vidade pela metade ao difundir suas vagas num painel interno.
A decisão final sobre a alocação de recursos é tomada por um sócio sênior que
tenta levar em conta as preferências de ambos os lados, mas ao mesmo tempo
destacar cada funcionário ao projeto que mais contribua para desenvolver sua
capacitação. A Bear, Stearns criou um grupo de mediação que ajuda a resolver
disputas internas entre gerentes quando um funcionário quer trocar de posto dentro
da firma.
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Esses desejos, não raro conflitantes, não são contemplados por prá cas de
desenvolvimento já em uso. A linguagem e a estrutura do modelo do homem da
organização persistem, ainda que poucas empresas estejam de fato as u lizando;
simplesmente não há alterna vas. A linguagem vem da engenharia e tem raízes na
tese de que o planejamento pode levar à certeza - noção ultrapassada. Só que, para
que um paradigma possa ser derrubado, é preciso haver uma alterna va que venha
descrever de maneira melhor os novos desafios. Se a linguagem do an go paradigma
era dominada pela engenharia e pelo planejamento, a linguagem do novo esquema,
do talento-on-demand, é movida pelo mercado e por ferramentas baseadas em
operações - instrumentos mais adequados aos desafios da incerteza. O novo
esquema permite à empresa administrar suas necessidades de talentos e recuperar
o inves mento na formação de pessoal, equilibrar os interesses de empregados e
empregadores e aumentar o nível de qualificação na sociedade.
MARCOS MARTÃO
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LIDERANÇA
HUMANIZADA
Os índices de engajamento, já está provado, impactam diretamente a produ vidade e o
crescimento das organizações, mas suas médias históricas - sem desconsiderar honrosas
exceções - são insuficientes para o po de resultado sustentável a que elas aspiram.
Essa é, por sinal, uma ideia facilmente implementável com a ajuda de um bom
teste de perfil psicológico e igualmente fácil de provar-se ineficaz.
• Maturidade
• Visão Integral
• Compreensão do impacto do fator Humano
• Prá cas estabelecidas para o desenvolvimento das pessoas
• Um novo paradigma sobre o capitalismo
Inves guemos cada um desses elementos para que minha proposição se esclareça:
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Maturidade
O doutor Robert Kegan, professor da Universidade de Harvard e autor de livros
premiados, como Imunidade à Mudança, passou anos de sua vida pesquisando os
fatores de eficácia da liderança organizacional em um mundo caó co, antes de
concluir que as expecta vas que recaem sobre os líderes agora requerem algo mais
do que mudança de comportamento, ou a simples aquisição de habilidades
específicas, ou ainda o domínio de algum conhecimento em par cular.
Elas criam demandas que recaem sobre as nossas mentes, sobre o modo como nós
interpretamos a realidade, sobre o grau da complexidade de nossas consciências.
Na trilha das pesquisas dos grandes psicólogos da cognição como Piaget e Gardner,
Kegan dis ngue diversos níveis de maturidade da consciência, desde o nascimento de
uma criança até a plenitude de sua vida adulta, demonstrando que a maioria de nós tem
dificuldade para ultrapassar o nível que ele denomina Mente Socializada.
Kegan mapeou outros dois níveis no con nuum da maturidade para além da
Mente Socializada: a Mente Autoral e a Mente Autotransformadora - esta úl ma
representando a rara capacidade inspiradora e integradora dos grandes líderes da
Humanidade, de um Lincoln ou de um Mandela.
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Tudo isso graças à autorreflexão, autorregulação e autocrí ca - em suma, ao
autoconhecimento.
Em qual dos quatro estágios você acredita estar vivendo atualmente? O nível
pluralista equivale à Mente Autoral de Kegan, e o Mundicêntrico equivale à Mente
Autotransformadora.
Visão Integral
O desenvolvimento da Mente Autoral é fruto de um extenso processo de
autoconhecimento do indivíduo que vai, paula na ou abruptamente, atravessando
novas e mais abrangentes experiências emocionais, cogni vas e espirituais.
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No passado, as imagens de uma mandala ou as formas arquitetônicas de uma
catedral assumiam, metaforicamente, o papel desses modelos, mas hoje podemos
nos beneficiar de estruturas lógicas, como é o caso da Matriz Integral, criada e
difundida pelo filósofo estadunidense Ken Wilber.
Um líder com visão integral atribui igual valor aos quatro quadrantes da matriz,
e trabalha para promover a saúde em todos eles.
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Dão-lhes alto grau de autonomia na escolha de tarefas, métodos, equipes, lugar e
horário para se desincumbirem de suas responsabilidades;
Estudos indicam que 27% dos brasileiros estão engajados no trabalho, ou seja,
emocionalmente conectados à profissão e concentrados em gerar resultados para as
empresas todos os dias.
• O estresse crônico a ngiu 45% dos presidentes e CEOs brasileiros, 39% dos
diretores e 50% dos profissionais em cargos de gerência.
É por isso que tenho insis do que Líderes precisam passar por um profundo
processo de autoconhecimento, mas também necessitam conhecer mais sobre seres
humanos, precisam estudar Psicologia, Neurociência e até mesmo Antropologia,
Sociologia e Filosofia.
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Por enquanto, a maioria entende muito mais de negócios do que de pessoas, e passa
mais tempo tratando daquilo que conhece. Essa é uma das razões de tanto sofrimento
refle do nos números do burnout.
A Liderança Humanizada é uma missão quase impossível para líderes imaturos atuando
em organizações mal estruturadas. Eles criam ambientes compara vos, ameaçadores,
emocionalmente frios e vazios de propósito, tudo aquilo que os neurocien stas explicam
que conduzirá as pessoas, mais cedo ou mais tarde, ao estresse crônico.
Tais ações possibilitam às pessoas brilharem, dentro ou fora da organização, pois faz parte
da aventura do desenvolvimento humano que elas mudem, progridam, sigam suas
aspirações, sen ndo-se gratas, certamente, mas nunca presas às plataformas que as
lançaram para a grandeza.
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Sei que a imagem de uma Liderança Humanizada, de acordo com a apresentação
que realizei neste ar go, não se encaixa na moldura do capitalismo contemporâneo.
A verdade é que estamos em uma encruzilhada na evolução humana e social.
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