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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

HEITOR KOERICH DA SILVEIRA

LUCAS GUIMARÃES OLIVEIRA

CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS LEED, AQUA E EDGE APLICÁVEIS A EDIFÍCIOS


RESIDENCIAIS:

COMPARATIVO EM ESTUDO DE CASO

Palhoça

2019
HEITOR KOERICH DA SILVEIRA

LUCAS GUIMARÃES OLIVEIRA

CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS LEED, AQUA E EDGE APLICÁVEIS A EDIFÍCIOS


RESIDENCIAIS:

COMPARATIVO EM ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia Civil
da Universidade do Sul de Santa Catarina
como requisito parcial à obtenção do título
de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof Norma Beatriz Camisão Schwinden, Esp.

Palhoça

2019
“Revolucionário é todo aquele que quer mudar o mundo e tem a coragem
de começar por si mesmo” (SÉRGIO VAZ, 2011).
RESUMO

Este trabalho objetivou o entendimento e elaboração das principais


características e critérios para a certificação ambiental de uma edificação já em fase
de execução, para isso conceituou-se temas como sustentabilidade e construções
sustentáveis. Os critérios para certificação e obtenção dos selos de qualidade
ambiental, LEED, AQUA, EDGE, foram analisados e aplicados a estrutura e projetos
já existentes, e quando não fora atingida as pontuações necessárias, indicou-se uma
possível melhoria para que então se fosse adequado para uma possível obtenção do
selo. Como resultado, constatou-se ser possível a obtenção do selo LEED, e a
obtenção dos selos AQUA e EDGE, se melhorias fossem aplicadas a edificação. Os
custos para certificação foram levantados juntos aos certificadores.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Certificações Ambientais. Construção Sustentável.


LEED. AQUA. EDGE.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Sistemas de classificação do selo LEED internacional ............................ 27

Figura 2 - Categorias LEED no Brasil ....................................................................... 29

Figura 3 - As oito dimensões macro do LEED .......................................................... 31

Figura 4 - Classificações de desempenho ................................................................ 31

Figura 5 - Checklist para a execução de uma construção nova (BD + C) ................ 32

Figura 6 - Cronologia do selo no Brasil ..................................................................... 35

Figura 7 - Desempenho x práticas ............................................................................ 36

Figura 8 - Abrangência geral do AQUA-HQE ............................................................ 37

Figura 9 - Etapas de execução e processo de certificação ....................................... 42

Figura 10 - Fluxograma ............................................................................................. 43

Figura 11 - Mapa das localidades capacitadas por EDGE ........................................ 45

Figura 12 - Ilustração dos critérios EDGE ................................................................. 47

Figura 13 - Cabos de protensão ................................................................................ 52

Figura 14 - Escoras metálicas ................................................................................... 53

Figura 15 - Redução do número de pilares e vigas .................................................. 53

Figura 16 - custo inicial AQUA .................................................................................. 67

Figura 17- Relatório EDGE ....................................................................................... 83

Figura 18 - Relatório ideal EDGE .............................................................................. 91


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Temas chave para a construção sustentável .......................................... 22

Quadro 2 - Critérios de avaliação LEED ................................................................... 29

Quadro 3 - Categorias e sub categorias de concessão ............................................ 40

Quadro 4 - Vantagens protensão .............................................................................. 51

Quadro 5 - Memorial de cálculo do aproveitamento pluvial ...................................... 54

Quadro 6 - Economias obtidas por software ............................................................. 60

Quadro 7 - Melhorias LEED-AQUA ........................................................................... 62

Quadro 8 - Sugestões LEED-AQUA ......................................................................... 62

Quadro 9 - Economia obtida no cenário ideal ........................................................... 65

Quadro 10 - Valor base para certificação LEED ....................................................... 66

Quadro 11 - Custo inicial EDGE ................................................................................ 67

Quadro 12 - Pontuação completa LEED ................................................................... 76

Quadro 13 - Pontuação AQUA completa .................................................................. 77


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Número de certificações por estado ........................................................ 26

Gráfico 2 - Pontuação LEED ..................................................................................... 56

Gráfico 3 - Pontos por categoria ............................................................................... 56

Gráfico 4 - Pontuação AQUA .................................................................................... 57

Gráfico 5 - Pontuação por categoria processo AQUA ............................................... 58

Gráfico 6 - Necessário X Obtido EDGE .................................................................... 59

Gráfico 7 - Pontos aprimorados ................................................................................ 65


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12

1.1 JUSTIFICATIVA................................................................................................. 12

1.2 OBJETIVOS....................................................................................................... 13

1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................ 13

1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................... 13

1.3 RELEVÂNCIA CIENTÍFICA E SOCIAL DO ESTUDO ....................................... 14

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................................................... 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 16

2.1 SUSTENTABILIDADE ....................................................................................... 16

2.1.1 Conceito ......................................................................................................... 16

2.1.2 Histórico ......................................................................................................... 17

2.1.2.1 Histórico nas empresas ................................................................................ 18

2.2 CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS .................................................................. 19

2.2.1 Conceito ......................................................................................................... 19

2.2.2 Histórico ......................................................................................................... 20

2.3 CERTIFICAÇÕES.............................................................................................. 20

2.3.1 CONCEITO ..................................................................................................... 21

2.3.2 CERTIFICAÇÕES APLICADAS NO BRASIL ................................................ 25

2.3.3 LEED ............................................................................................................... 25

2.3.3.1 LEED no Brasil ............................................................................................. 26

2.3.3.2 Sistemas de classificação ............................................................................. 27

2.3.3.2.1 BD + C (Design de prédios e construções): ............................................... 27

2.3.3.2.2 O + M (operação de prédios e manutenção): ............................................ 28

2.3.3.2.3 ID + C (design de interiores e construções): .............................................. 28

2.3.3.2.4 HOMES (casa): .......................................................................................... 28


2.3.3.2.5 ND (bairros): ............................................................................................... 28

2.3.3.3 Dimensões analisadas pelo LEED ............................................................... 29

2.3.3.4 Checklists ..................................................................................................... 32

2.3.4 Certificação AQUA - HQE ............................................................................. 34

2.3.4.1 Histórico no Brasil ......................................................................................... 34

2.3.4.2 Classificação (tipologia) ................................................................................ 35

2.3.4.3 Critérios para concessão .............................................................................. 39

2.3.5 Certificação EDGE ........................................................................................ 44

2.3.5.1 Histórico e abrangência ................................................................................ 45

2.3.5.2 Processos ..................................................................................................... 46

2.3.5.2.1 Software ..................................................................................................... 46

2.3.5.2.2 Critérios do padrão EDGE.......................................................................... 46

3 ESTUDO DE CASO ............................................................................................. 49

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 49

3.2 OBJETO DE ESTUDO ...................................................................................... 50

3.2.1 Características da edificação ....................................................................... 50

3.2.1.1 Características construtivas e arquitetônicas ............................................... 50

3.2.1.2 Características sustentáveis adotadas na concepção do projeto................. 54

3.3 APLICAÇÃO DOS SELOS DE QUALIDADE..................................................... 55

3.3.1 LEED ............................................................................................................... 55

3.3.2 AQUA .............................................................................................................. 57

3.3.3 EDGE .............................................................................................................. 59

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO ......... 61

4.1 PONTOS PASSÍVEIS DE MELHORIA LEED E AQUA ..................................... 62

4.2 PONTOS PASSÍVEIS DE MELHORIA EDGE ................................................... 64

4.3 ANÁLISE DE CUSTOS PARA CERTIFICAR .................................................... 66


4.3.1 Custos LEED.................................................................................................. 66

4.3.2 Custos AQUA................................................................................................. 67

4.3.3 Custos EDGE ................................................................................................. 67

4.4 ANÁLISE FINAL DE CUSTOS .......................................................................... 68

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 69

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 71

APÊNDICES.............................................................................................................. 75

APÊNDICE A - QUADRO DE PONTUAÇÃO LEED ................................................ 76

APÊNDICE B - QUADRO DE PONTUAÇÃO AQUA ............................................... 77

APÊNDICE C - RELATÓRIO EDGE ......................................................................... 83

APÊNDICE D - RELATÓRIO EDGE IDEAL ............................................................. 91


12

1 INTRODUÇÃO

Este estudo tem como tema a comparação de 3 certificações ambientais


de qualidade para projetos de engenharia civil em edifícios residenciais de alto padrão
de construção.
A procura de uma certificação visa adequar o empreendimento aos anseios
modernos de sustentabilidade a ainda aufere ao mesmo a qualidade intrínseca
construtiva advinda das certificações.
O objeto de análise foi um projeto já desenvolvido nos moldes tradicionais,
quando em sua concepção a utilização de certificações como, LEED, AQUA e EDGE
não foram levadas em consideração.
Visando então a ideia de aprimorar os conceitos de construção sustentável
e eficiente, optou-se pela busca da eficiência energética e adequação ao cenário
político-ambiental. Dessa maneira foi possível vislumbrar a obtenção de um dos selos
de certificação de qualidade supracitados.

1.1 JUSTIFICATIVA

O aumento do volume de construções nas cidades, a crescente densidade


demográfica dos centros urbanos e as preocupações com o meio ambiente e os
recursos naturais vem fazendo com que os consumidores busquem alternativas
sustentáveis e mais eficientes.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano,
reunida em Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972 com os chefes de Estado,
reconhecida como um marco nas tentativas de melhorar as relações do homem com
o meio ambiente, declarou que “os países em desenvolvimento devem dirigir seus
esforços para o desenvolvimento, tendo presente suas prioridades e a necessidade
de salvaguardar e melhorar o meio ambiente.”. Bem como, coloca, em seu Princípio
3, que “Deve-se manter, e sempre que possível, restaurar ou melhorar a capacidade
da terra em produzir recursos vitais renováveis.”(BRASIL, 1972)
Por isso, como forma de atender às crescentes demandas por eficiência
energética e de desempenho das edificações do mercado, buscou-se a aplicação de
uma certificação sustentável para o projeto em estudo.
13

Para um projeto ser considerado sustentável, o mesmo deve ser pensado


como um todo desde a sua concepção. Para isso, deve-se analisar o contexto em que
está inserido, os métodos de construção, a destinação dos rejeitos provenientes da
obra, dentre outros fatores influenciadores.
Construir de forma eficiente e sustentável é essencial para preservar os
recursos naturais e o meio ambiente. A obtenção de um selo de qualidade visa validar
esses preceitos e surge como um referencial para as construtoras e seus clientes.
Neste passo, conforme Bekmezci (2015), é visto que hoje, os consumidores
conscientes, preferem empresas que são responsivas e responsáveis pelo ambiente
natural e social, além de buscar as economias proporcionadas por este tipo de
edificação.
Assim é que desta forma este trabalho vem tentar equacionar a seguinte
problemática: Qual a certificação melhor se encaixa com o projeto já em estado de
execução? Para tal, foi feita uma análise comparativa das certificações LEED, AQUA
e EDGE e foram elencados os principais pontos positivos e negativos de cada uma
delas.

1.2 OBJETIVOS

A seguir estão apresentados os principais objetivos do estudo realizado,


apontando um objetivo geral e elencando nos objetivos específicos os meios pelos
quais será atingido.

1.2.1 Objetivo geral

Analisar as principais certificações presentes no mercado (LEED, AQUA,


EDGE) a partir do comparativo das suas características para identificar por meio de
um estudo de caso qual alternativa se adequa melhor a um residencial multifamiliar
de alto padrão.

1.2.2 Objetivos específicos

Para atender os objetivos gerais foram designados como objetivos


específicos:
14

a) Realizar um comparativo entre LEED, AQUA e EDGE;


b) Traçar um paralelo do custo necessário para implementação de cada
uma das certificações analisadas;
c) Identificar pontos a serem otimizados de cada uma das certificações
estudadas.

1.3 RELEVÂNCIA CIENTÍFICA E SOCIAL DO ESTUDO

Este estudo visa identificar qual rotulagem dentre as mais conhecidas do


mercado é a mais viável para aplicar em um empreendimento residencial de alto
padrão de forma a validar os preceitos de sustentabilidade.

Em todos os países, os processos de criação de tecnologias alternativas,


atualizando as tradicionais, e selecionando e adaptando as tecnologias
importadas devem estar em harmonia com as preocupações ambientais. A
maioria das pesquisas tecnológicas realizadas por organizações comerciais
são dedicadas a inovações de produtos e processos que tenham valor de
mercado. Tecnologias que são necessárias produzem "bens sociais", como
a melhoria da qualidade do ar ou aumento da vida útil do produto, ou que os
problemas resolvem-se normalmente fora do cálculo de custos das empresas
individuais, tais como os custos externos da poluição ou eliminação de
resíduos (BRUNDTLAND, 1987, p. 54).

Nos conceitos de Aligleri (2011) apud Leite (2014), a sustentabilidade no


meio empresarial ocorre por intermédio de práticas de gestões sustentáveis e estão
compreendidas em elementos como análise de fornecedores, avaliação de
alternativas de produtos sustentáveis, preocupação com a mão de obra infantil,
respeito aos direitos humanos, redução do uso de recursos naturais dentre outros.
Portanto, a sustentabilidade empresarial gera lucro aos acionistas
enquanto protege o meio ambiente em que está inserida e melhora a vida das pessoas
(SAVITZ; WEBER, 2007)
15

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho está estruturado em capítulos para facilitar a sua


compreensão, que serão apresentados da seguinte forma:

O capitulo um traz a introdução, que compreende a apresentação do tema


da pesquisa, a justificativa, os objetivos de e a estrutura do trabalho.

O capitulo dois apresenta a revisão da literatura sobre rotulagem


ambiental para edifícios residenciais.

No capítulo três é apresentada a metodologia do estudo de caso

O capítulo quatro expõe os resultados e discussões do estudo de caso.

O capítulo cinco elucida qual a conclusão obtida com o desenvolvimento


do presente trabalho, seguido pelas devidas referências bibliográficas.
16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo traz um panorama sobre a sustentabilidade, as construções


sustentáveis e as principais certificações aplicadas no Brasil. Em cada tópico, buscou-
se conceituar os itens abordados, expor seu histórico no mundo e traçar um paralelo
com o histórico no Brasil.

2.1 SUSTENTABILIDADE

2.1.1 Conceito

O termo sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, são palavras de


forte presença em diversos setores da economia mundial, todavia, seus conceitos
diferem-se.
Na visão de Montes (2005), a sustentabilidade é uma preocupação que se
faz presente na maioria dos países, contudo, apesar das inúmeras reuniões que são
marcadas entre eles, por questões políticas e jogos de interesse, a chegada a um
denominador comum é difícil. No entanto, a sustentabilidade faz parte de diversos
processos, desde a geração da matéria prima, a produção, o produto final e até a sua
utilização. Em vista da utilização de recursos naturais, no entendimento de Montes
(2005), os recursos naturais são finitos, e o consumo desenfreado de tais matérias
primas, pode ocasionar danos irreparáveis a natureza, independente de qual seja a
finalidade da utilização desses recursos.
Na década de 1980, a ONU definiu o conceito de desenvolvimento
sustentável como o desenvolvimento que atende às necessidades do presente, de
forma a não prejudicar o suprimento das necessidades de gerações futuras.
A palavra sustentabilidade não deve ser analisada como um fator único. Na
verdade, o seu conceito apoia-se em 3 pilares: Econômico, social e ambiental.
(BRUNDTLAND COMMISION,1987). Portando, sustentabilidade e desenvolvimento
sustentável são conceitos intrínsecos e dependentes.
Para Bakhoum e Brown (2012), a sustentabilidade deve ser composta
ainda por um quarto pilar: A dimensão tecnológica. Este serve como base para todos
os outros 3 e funciona como fator facilitador para atingir todas as esferas sustentáveis
de forma mais eficaz.
17

Corroborando com as ideias supracitadas, Mourão e Pedro (2012),


destacam ainda que o conceito de sustentabilidade é uma resposta preventiva, uma
vez que, essa poderia causar o colapso do modelo da civilização dominante. O
pensamento seria voltado para precaução e atuação de forma mais conservadora,
levantando interrogações sobre os modos de produção e de consumo operados nos
dias atuais.

2.1.2 Histórico

Em meados do século XX, a humanidade passava por grandes mudanças.


Em um cenário pós-segunda guerra mundial, criou-se um ambiente traumático e de
incertezas. O capitalismo ganhava força e com ele começou um grande movimento
de ordem econômica e industrial. É neste contexto que surge pela primeira vez uma
preocupação com o meio ambiente e a forma como o ser humano o utiliza. O princípio
de sustentabilidade nasce em meio a globalização como uma forma de limitar e
orientar o processo civilizatório da humanidade (LEEF; 2005, p.16).
A larga expansão econômica criou um paradigma produtivo e de consumo
que não pode ser perpetuado (LIRA; FRAXE, 2014). O risco da poluição nuclear,
aliado a acontecimentos históricos amplamente divulgados pela mídia, como os
efeitos do DDT (pesticida), fomentaram a busca por alternativas ecologicamente
viáveis e alimentaram as preocupações com o futuro da humanidade. (LIRA; FRAXE,
2014). .
De acordo com Leef (2005, p.16), a consciência ambiental surgiu nos anos
60, a partir da primavera silenciosa de Rachel Carson e foi amplamente difundida na
conferência de Estocolmo da ONU em 1972. Após as parametrizações estabelecidas,
o desenvolvimento humano ganha um novo rumo, orientado por valores sociais e
ambientais que visam a posterioridade O reflexo desse movimento é a consciência
ecológica que existe hoje e se faz cada vez mais presente na sociedade.
18

2.1.2.1 Histórico nas empresas

A sustentabilidade nas empresas não parte de um ideal ecológico. Ela


provém de uma necessidade criada pelo mercado consumidor e primeiramente não
desenvolve os 3 pilares básicos para alcançar a definição sustentável. Este termo
aparece como uma forma de melhorar a imagem do setor empresarial, porém a sua
propagação gera reflexos positivos na sociedade e estabelece um novo patamar de
exigências, como afirma Costa (2005, apud ARRUDA; QUELHAS, 2010, pg. 55):

“Na década de 1990 houve um significativo aumento no número de empresas


em busca de uma melhoria de imagem através de investimentos em ações
sociais com recursos privados, e que, a despeito do seu significado político
ou das reais mudanças produzidas, esta solidariedade empresarial tem se
mostrado como uma nova fórmula organizacional para a produção do bem
comum, apesar das críticas apresentadas por opositores desse modelo em
relação ao papel essencial das empresas.”

Com a crescente demanda por produtos mais eficientes e sustentáveis, as


empresas tendem a se adequar para atender as exigências desse novo nicho de
mercado. Arruda e Quelhas (2010) apontam que a sustentabilidade está no topo das
prioridades de grandes corporações e suas lideranças buscam valores
socioambientais mais justos, de forma que a gestão responsável fique ancorada por
instrumentos e princípios de governança corporativa.
Este movimento impulsionado pela economia de livre mercado direciona as
empresas e seus produtos para um avanço econômico, social, ecológico, e as
aproxima cada vez mais do conceito fundamental de sustentabilidade.
19

2.2 CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS

2.2.1 Conceito

É sabido que elaborar um projeto de cunho sustentável, visa reduzir o


impacto ambiental e social, desde a elaboração do escopo do projeto, onde já nas
primeiras ideias é pensado em práticas que possam vir a suprir as necessidades do
tempo presente sem afetar as necessidades das gerações futuras.

“A construção sustentável surgiu a partir de uma gênese rústica e era


associada a uma cultura com estilos de vida e uma filosofia de “aperto de
cintos”. Entretanto no século XXI ela deixa de representar um movimento
sociopolítico contra cultural e passa a ser considerada uma invenção de alto
desempenho, fazendo tanto sentido quanto as máquinas, os
eletrodomésticos e o desenho industrial (KEELER; BURKE, 2010, p. 51-52)”.

No entendimento de Mourão e Pedro (2012), o habitat humano construído


e com pensamento na sustentabilidade, era pensado com base nas comunidade rurais
isoladas além de organizado por comunidades autônomas, o que possibilitava a
gerência dos recursos dentro do mesmo ambiente, ou seja, um mundo não
globalizado. Seguindo ainda por esse ponto de vista, os autores relatam que o mundo
globalizado com informação e comunicação, foi libertário, onde os recursos não são
mais geridos localmente, e encontra na habitação urbana um terreno de intervenção
fértil, onde as relações podem ser reorganizadas.
Na afirmação de Duarte (2011), a construção sustentável, trata-se de uma
integração entre as diversas áreas da construção não contemplando apenas as
engenharias e arquitetura, mas incitando o envolvimento das demais ciências, como
socioeconômica e cultural, pontua ainda a necessidade de uma radical integração
entre essas ciências.
20

2.2.2 Histórico

O histórico das construções sustentáveis, não tem seu início com apenas
um evento ou um marco histórico, mas sim da convergência de vários deles, e esta
enraizado nos primórdios da humanidade, onde o homem entendia a necessidade do
cuidado com o meio ambiente, pois já tinha a consciência de que sua sobrevivência
estava ligada diretamente aos recursos naturais que estavam disponíveis, todavia, a
exploração dos recursos até o seu esgotamento também data dos primórdios, onde
comunidades muitas vezes eram extintas por exaurir todas as fontes de sobrevivência
naquele local. (KEELER; VAIDYA, 2018)
Santo (2010) relata a década de 70 como sendo a data em que as
questões dos direitos humanos e a preservação do meio ambiente passam a ser vistas
com um olhar de preocupação, aborda ainda que nesse período passa-se a ter
consciência da limitação dos recursos, sendo assim prioritário atitudes que venham a
prevenir o esgotamento desses recursos.
Nessa dinâmica, Santo(2010) aborda a ECO-92, realizada durante a
Conferência das Nações Unidas, na cidade do Rio de Janeiro em 1992, alega que o
intuito era de continuar no desenvolvimento de princípios de cunho nacional e
internacional no âmbito do desenvolvimento sustentável, sendo então elaborado o
documento AGENDA 21, documento esse que busca propor que cada país, levante
sua problemática no aspecto sustentável, mas também olhe para a questão de forma
global e passem a buscar soluções de modo cooperativo para os problemas
socioambientais. Para corroborar com a ideia, a AGENDA 21 Local foi criada para
atingir uma escala regional, todavia, sua base é fundamentada no documento inicial.

2.3 CERTIFICAÇÕES

Como este capítulo discorre sobre o tema das certificações ambientais


existentes no mundo e as mais utilizadas no Brasil, foi analisado o conceito central
dos selos LEED, AQUA e EDGE, uma vez que estes são os mais utilizados no Brasil,
as suas características específicas bem como a aplicabilidade no mercado brasileiro
e considerando fatores econômicos, geográficos e regionais.
21

2.3.1 CONCEITO

O tema sustentabilidade é amplamente debatido e possui forte influência


na escolha de um imóvel, visto que os clientes preferem produtos mais eficientes e
ecológicos. Nesse contexto as certificações ambientais surgem como uma forma de
validar esses preceitos e garantir que os requisitos básicos de desenvolvimento
sustentável sejam respeitados. Os sistemas de certificações para edificações
“capturam tendências para informar os agentes de decisão, orientar o
desenvolvimento e o monitoramento de políticas e estratégias, e facilitar o relato das
medidas adotadas para a implementação do desenvolvimento sustentável” (SILVA,
2006 apud LACERDA, 2016, p.47).
A crescente demanda sustentável fez com que surgissem diversos tipos de
certificações de edificações das mais variadas nacionalidades e instituições. De
acordo com Ebert, Eibg e Hauser (2011) existem mais de 600 certificações no
mercado e a seguir estão listadas algumas das principais em determinados países:

• Austrália: NABERS, Green Star


• Bélgica: BREEAM Belga
• Brasil: LEED, AQUA e BREEAM
• China: GBAS, Three Star, HK-BEAM (Hong Kong)
• Alemanha: DGNB, BNB, TÜV Süd score
• Finlândia: Promise
• França: HQE, Escale; BREEAM Francês
• Reino Unido: BREEAM
• Hong Kong: HK-BREEAM
• Índia: LEED, TGBRS Índia
• Itália: Protocolo Itaca
• Japão: CASBEE
• Canadá: LEED, Green Globes (Green Leaf)
• México: LEED, SICES
• Holanda: BREEAM Holandês
• Nova Zelândia: Green Star NZ
22

Diante de tantas opções disponíveis no mercado faz-se necessário


compreender o método de análise de cada uma e os principais indicadores que as
compõem.
Para Silva (2008), uma importante iniciativa para a determinação de
indicadores essenciais para a construção foi proposta pela associação CIRIA
(Construction Industry Research and Information Association), que determinou
indicadores estratégicos e operacionais dispostos no quadro 1.

Quadro 1 - Temas chave para a construção sustentável

(continua)

Temas Econômicos Subtemas

Aumento de Melhoria de produtividade Padrão de crescimento


produtividade e lucro consistente

Satisfação do cliente Minimização de defeitos Tempo


Melhoria no projeto para conclusão mais curto e previsível
(produto oferecido)
Projetos de menor custo, com maior previsibilidade de
custos

Monitoramento e
relato de desempenho Relato da empresa Benchmarking de desempenho
x metas

Temas Ambientais Subtemas

Mitigação e gestão de poluição nos canteiros


Evitar poluição
Planejamento de transporte

Criação de habitat e melhoria ambiental Otimização de


Proteção e melhoria
sítios contaminados (brownfields) Projeto e construção
da biodiversidade
ambientalmente responsáveis

Melhoria de eficiência Projeto para custos ao longo do ciclo de vida Uso de


energética materiais locais com baixa energia incorporada

Minimização e gestão de resíduos, Reuso de estruturas


Uso eficiente de existentes Projeto e construção seca Conservação de
recursos água, Uso de produtos reciclados ou de fontes
sustentáveis

Quadro 1 – Temas chave para a construção sustentável


23

(conclusão)
Temas Sociais Subtemas

Provisão de treinamento efetivo e avaliações de


funcionários Igualdade de termos e condições Provisão
de oportunidades iguais a todos Saúde, segurança e
Respeito à equipe de
funcionários provisão de ambiente de trabalho adequado

Manutenção da moral e da satisfação dos funcionários


Participação na tomada de decisões

Minimização de perturbação local Construção de canais


Relacionamento com efetivos de comunicação Contribuição para a economia
comunidades locais local

Entrega de edifícios e estruturas que melhorem o ambiente


local

Construção de relacionamento de longo prazo com


clientes

Construção de relacionamento de longo prazo com


Estabelecimento de fornecedores Cidadania corporativa Entrega de edifícios
parcerias e estruturas que aumentem a satisfação, o bem-estar e o
valor para clientes e usuários

Contribuição para o desenvolvimento sustentável


globalmente

Fonte: Adaptado pelos autores de SILVA (2008)


24

“Dentro dos temas e subtemas, há indicadores estratégicos e indicadores


operacionais. Os indicadores estratégicos medem os sistemas e processos
internos da empresa, para melhorar seu desempenho, sendo, por natureza,
genéricos e relevantes para a maior parte das empresas de construção. A
informação necessária está normalmente disponível em âmbito corporativo e
requer menor esforço de compilação. Já os indicadores operacionais medem
o desempenho da empresa na produção e entrega de construções mais
sustentáveis. O desempenho da empresa em projetos individuais pode ser
agregado para indicar o desempenho global da empresa quanto a um item
específico.” (SILVA, 2008, p.55)

É importante ressaltar que os indicadores de certificações da construção


civil nem sempre abordam os pilares social e econômico da sustentabilidade, uma vez
que são voltados para empreendimentos pontuais e únicos. Na visão de (COLE;
TODD; JOHN, 2001 apud SILVA, 2008) isso pode ser explicado por quê estes fatores
estão mais atrelados a problemas da sociedade e são dificilmente relacionados a
organizações e edifícios. Isso pode ser aceito em alguns países desenvolvidos onde
as questões sociais e econômicas já não representam um grande problema. Porém
em um país como o Brasil, onde estes fatores são tão marcantes, é necessário
atentar-se a estes pontos na escolha de uma certificação.
Percebe-se que hoje há uma grande procura por adequação das
construtoras em relação ao meio ambiente. Isso ocorre por que muitas delas já
perceberam que a aplicação de estratégias sustentáveis é o único caminho para
garantir um desenvolvimento em longo prazo (GRUNBERG, MEDEIROS E
TAVARES,2014 apud SCHNEIDER,2018).
Ao escolher uma certificação deve-se atentar aos princípios básicos que a
compõe e se estes estão de acordo com as necessidades locais do empreendimento.
Conclui-se que a obtenção de uma certificação funciona como uma garantia que o
edifício em questão segue todos os indicadores estabelecidos por aquela instituição e
promove uma aproximação com o cliente, servindo como um importante instrumento
de venda.
25

2.3.2 CERTIFICAÇÕES APLICADAS NO BRASIL

As certificações ambientais no Brasil estão em um processo de crescimento


e aceitação. Há atores que apontam a dificuldade de mensurar o investimento com os
retornos econômicos e há aqueles que visam apenas usar estas ferramentas como
um instrumento de marketing. Porém existem aqueles que enxergam nas certificações
uma oportunidade de melhoria dos processos produtivos e vislumbram uma geração
de valor a longo prazo para a empresa e para a sociedade. (LACERDA,2016).
Apesar de o processo de aplicação das certificações no Brasil ser
incipiente, existem alguns selos que se destacam no mercado nacional. Segundo
Lacerda (2016) são estes:

• AQUA
• LEED
• PROCEL EDIFICA
• BREAM
• DNGB

Dentre as certificações citadas acima, apenas o PROCEL EDIFICA da


ELETROBRAS é de origem brasileira (LACERDA, 2016). Existe ainda o selo EDGE
do Banco Mundial que surge como uma alternativa mais acessível financeiramente
frente aos tradicionais selos estabelecidos no mercado.

2.3.3 LEED

O sistema de certificação Leadership in Energy and Environmental Design


(LEED ) foi criado pela United States Green Building Council (USGBC) no ano de
1998 e surgiu a partir da constatação da necessidade de se avaliar o nível da
sustentabilidade das construções (HERNANDES; DUARTE, 2007). Na definição da
USGBC o LEED “é uma ferramenta de construção verde que contempla o ciclo de
vida completo do edifício reconhecendo as melhores estratégias construtivas
disponíveis”. É apontada como a certificação mais conhecida e presente no mercado
internacional (BATISTA JUNIOR; ROMANEL, 2013, apud SCHNEIDER, 2018).
26

2.3.3.1 LEED no Brasil

Este selo apresentou um grande crescimento no mercado nacional. Com


base nos dados da GBC Brasil (2018) ate a presente data (outubro de 2018) foram
registrados no programa 1.327 empreendimentos das mais diversas categorias
(prédios residenciais, comerciais, escolas, indústrias, centros de distribuição,
complexos esportivos...). O estado de São Paulo é dominante em volume de
certificações no país, são 712 empreendimentos que representam 53,7% do total de
selos emitidos. O Rio de Janeiro vem em segundo lugar com 221 certificados (16,7%)
e Santa Catarina aparece com apenas 25 (1,9%). O gráfico 1 demonstra esta
concentração.
Alguns dos 25 empreendimentos certificados destacam-se na região
Grande Florianópolis, como o Atrium Offices situado no passeio pedra branca na
cidade de Palhoça, a creche Machado de Assis situada em Florianópolis e o Primavera
Office Garden em Florianópolis que utilizou o LEED como sistema norteador no
processo de projeto (TRIANA, 2006 apud HERNANDES; DUARTE, 2007).
Gráfico 1 - Número de certificações por estado

Nº de certificações
SP 712
RJ 221
PR 89
MG 48
RS 45
DF 42
PE 30
BA 28
SC 25
CE 25
AM 14
PA 8
GO 6
RN 5
PB 4
ES 4
AL 4
MS 3
AC 3
SE 2
RO 2
PI 2
MT 2
0 100 200 300 400 500 600 700 800

Fonte: Adaptado pelos autores de GBC Brasil (2018). Disponível em:


http://www.gbcbrasil.org.br/graficos-empreendimentos.php acesso: 29/10/2018.
27

2.3.3.2 Sistemas de classificação

O sistema LEED busca de forma coerente e coesa englobar todos os tipos


de certificações que desejam obter a certificação. A versão mais atual 4.0 lançada no
final de 2013 subdivide-se em 5 categorias principais, representadas na Figura 1, com
subgrupos de diferentes tipos de construção, conforme a USGBC(2018):

Figura 1 - Sistemas de classificação do selo LEED internacional

Fonte: USGBC (2018). Disponível em: <http://leed.usgbc.org/leed.html> acesso: 28 de agosto de 2018

2.3.3.2.1 BD + C (Design de prédios e construções):

Esta categoria destina-se a concepção de novos edifícios e engloba os


setores de projeto (como elétrico, hidro sanitário e preventivo contra incêndio),
escolas, comercio em geral, data centers, galpões e centros de distribuição, hospitais,
centros de saúde, residências multi e unifamiliares.
28

2.3.3.2.2 O + M (operação de prédios e manutenção):

Destinada a empreendimentos já existentes, essa categoria visa atingir


edificações que procuram por adequação ao mercado e mira o mesmo publico da
anterior.

2.3.3.2.3 ID + C (design de interiores e construções):

Categoria destina a áreas especificas do interior de edificações, com o


objetivo de tornar os espaços de convívio mais eficientes e agradáveis. Destinada
principalmente a estabelecimentos comerciais e hospitais.

2.3.3.2.4 HOMES (casa):

Destinado a residências e residências multifamiliares de médio porte.

2.3.3.2.5 ND (bairros):

Certificação destinada a bairros inteiros.

No Brasil, conforme o GBC Brasil (2009) estão presentes as categorias BD


+ C, ID +C, O + M e ND, conforme mostra a seguir a figura 2.
29

Figura 2 - Categorias LEED no Brasil

Fonte: GBC Brasil, 2018.

2.3.3.3 Dimensões analisadas pelo LEED

Para obter a certificação LEED, os edifícios precisam alcançar metas pré-


estabelecidas. Conforme a GBC Brasil (2018) o critério de avaliação para a versão 4
(V4), leva em consideração oito dimensões macro citadas no quadro 2 seguir; cada
uma delas possui praticas obrigatórias que refletem em uma pontuação.

Quadro 2 - Critérios de avaliação LEED

(Continua)

Visa preservar o ecossistema no qual a


ESPAÇO SUSTENTÁVEL
edificação está inserida e analisa
problemas modernos dos centros
urbanos, como as ilhas de calor.

Deve ser levada em consideração na


escolha da localização do terreno,
LOCALIZAÇÃO E TRANSPORTE procurando minimizar o uso dos
veículos automotivos e estimular o
transporte público, com o objetivo de
reduzir a emissão de carbono causada
pelos veículos
30

Quadro 2 - Critérios de avaliação LEED

(Conclusão)

EFICIÊNCIA NO USO DA ÁGUA


Fomenta o uso racional da água através de
inovações com foco na redução de consumo,
tratamento e reuso.

Visa Promover a eficiência energética em


edificações e utiliza técnicas como medições,
ENERGIA E ATMOSFERA simulações energéticas, comissionamento
energético e incentiva o uso de
equipamentos mais eficientes.

Analisa os materiais utilizados na obra e visa


reduzir os impactos desde a produção ate a
MATERIAIS E RECURSOS aplicação final dos mesmos. Busca
parâmetros como a origem, reciclagem,
distancia da fabrica ate o destino, volume de
rejeito produzido e descarte.

Promove o conforto das áreas internas das


QUALIDADE AMBIENTAL edificações mesmo com alta concentração
INTERNA de pessoas. Foca em itens essenciais, como
circulação de ar, iluminação natural, conforto
térmico e materiais com baixa emissão de
compostos orgânicos voláteis.
Esta categoria não define pré-requisitos,
contudo estimula a criação de mecanismos
INOVAÇÃO DE PROCESSOS
de desempenho exemplar e estimula a
inovação, além de render pontos como forma
de incentivo.

Analisa a esfera local de cada região de


CRÉDITOS DE PRIORIDADE
acordo com as necessidades ambientais,
REGIONAL
econômicas e sociais. São disponibilizados
quatro pontos para a categoria.
Fonte: Adaptado pelos autores de GBC Brasil (2009). Disponível em: www.gbcbrasil.org.br, acesso em:
30 de outubro de 2018.
31

Para a próxima versão (V4.1), a USGB pretende ainda acrescentar uma nona
dimensão, a Integração dos processos que deve ser considerada desde a concepção
do projeto, com a escolha dos profissionais e o relacionamento conjunto que
proporciona a identificação de oportunidades e a busca pela eficiência global da
edificação. A figura 3 demonstra as dimensões atualmente vigentes.

Figura 3 - As oito dimensões macro do LEED

Fonte: USGBC (2018).

“O nível da certificação é definido, conforme a quantidade de pontos


adquiridos, podendo variar de 40 pontos, nível certificado a 110 pontos, nível
Platinum.” GBC BRASIL (2018), como demonstra a figura seguinte:

Figura 4 - Classificações de desempenho

Fonte: USGBC (2009).


32

2.3.3.4 Checklists

O processo de obtenção da certificação LEED consiste no cumprimento de


uma série de checklists, como exemplificado na figura 5.
Segundo Silva et al. (2008) o selo possui “uma estrutura simples - a ponto
de ser, por isso, criticada, o LEED é um meio termo entre critérios puramente
prescritivos e a especificação de desempenho, e toma por referência princípios
ambientais e de uso de energia consolidados em normas e recomendações de
organismos de terceira parte com credibilidade reconhecida.
Para Roméro e Reis (2012) a exportação do LEED para outros países
acontece de forma errada, visto que não ocorre uma adaptação das variáveis locais,
fator que influencia nas tomadas de decisões e consequentemente no desempenho
dos empreendimentos.

Figura 5 - Checklist para a execução de uma construção nova (BD + C)

(continua)
33

Figura 5 - Checklist para a execução de uma construção nova (BD + C)


(Conclusão)

Fonte: Adaptado pelos autores de USGBC (2009)


34

2.3.4 Certificação AQUA - HQE

A certificação Alta Qualidade ambiental (AQUA) é advinda do método


francês NF Bâtiments Tertiaires – Démarche mais conhecida como Haute Qualité
Environnementale (HQE) e foi adaptada no Brasil pela fundação Vanzolini (AULICINO,
2008). Em 2013, a Cerway (marca coletiva simples registrada no INPI) foi determinada
como o órgão responsável pela certificação mundial HQE, é o que explica a Fundação
Vanzolini (2015a):

“Em 2013 os organismos de certificação residencial-QUALITEL e não-


residencial-CERTIVEA se juntam para criar a Rede Internacional de
certificação HQE™, uma unificação de critérios e indicadores para todo o
mundo, que cria uma identidade de marca única global, cujo órgão certificador
passa a ser a Cerway, sempre fundamentado nas premissas da certificação
HQE francesa.”

Portanto, a cerway se faz presente no Brasil por meio da Fundação


Vanzolini, uma vez que esta é a entidade responsável pelos certificados do sistema
HQE nacional.

2.3.4.1 Histórico no Brasil

De acordo com a Fundação Vanzolini (2015a) o selo AQUA, trata-se de


uma certificação elaborada visando a construção sustentável, e sua criação é baseada
a partir da certificação francesa Démarche - Haute Qualité Environnementale (HQE)
de forma a respeitar os moldes tradicionais de sua origem e unir características
nacionais, como o clima, cultura e normas técnicas. Segundo Aulicino (2008) “o AQUA
é o primeiro método brasileiro de certificação ambiental de edifícios a ser lançado para
o setor da construção civil.”
No Brasil, a aplicação é feita exclusivamente pela Fundação Vanzolini, essa
que foi criada há 40 anos por professores do Departamento de Engenharia de
Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, não possui fins
lucrativos e tem por objetivo o desenvolvimento e a disseminação de conhecimentos
científicos e tecnológicos das áreas de engenharia de produção, administração e
gestão de produção. FUNDAÇÃO VANZOLINI (2015a).
35

A figura 6 a seguir relata o histórico da Fundação Vanzolini e demonstra o


momento de criação do processo AQUA que culminou com a consolidação do AQUA-
HQE.

Figura 6 - Cronologia do selo no Brasil

Fonte: VANZOLINI, 2018

2.3.4.2 Classificação (tipologia)

O método de avaliação francês surge com a proposta de reduzir o impacto


causado tanto por novos edifícios como pela adequação de edifícios antigos,
buscando equilíbrio com o meio em que está inserido e a qualidade dos ambientes
internos, de forma a promover o conforto e saúde dos usuários (AULICINO, 2008).
Como caracteriza a Fundação Vanzolini (2015c), as exigências trazidas
pelo processo de certificação para um Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE),
objetivam o planejamento, assim como a operacionalização e controle de todas as
etapas do seu desenvolvimento, dessa maneira é possível estabelecer um padrão de
desempenho que se traduz em um perfil de Qualidade Ambiental do Edifício (QAE).
O empreendedor, além de estabelecer um bom sistema de gestão
específico, deve realizar avaliações QAE em pelo menos três fases (construção nova
36

e renovações), e essas subdivididas em, pré-projeto, projeto e execução, evidencia


ainda que na fase de pré-projeto da Operação de Uso e fases Operação e uso
periódicas, que seriam os edifícios já em operação e uso.
A avaliação da Qualidade Ambiental do Edifício possui 14 categorias de
preocupação ambiental e são realizadas para todo edifício, e recebem as
classificações em três níveis, sendo eles: Base, Boas Práticas e Melhores Práticas, e
esses níveis andam em conformidade com o perfil que fora estabelecido pelo
empreendedor na fase pré-projeto.
Para que um empreendimento seja certificado AQUA-HQE, estabelece-se
um perfil de desempenho mínimo com três categorias no nível Melhores Práticas,
quatro categorias no nível Boas Práticas, e sete categorias no nível Base, afirmando
serem esses os pré-requisitos para o empreendedor (FUNDADAÇÃO VANZOLINI,
2015 a). Como pode ser observado a seguir na imagem 8.
A Fundação salienta ainda que as evidências para gestão e desempenho,
são submetidas no final de cada uma das fases.

Figura 7 - Desempenho x práticas

Fonte: Fundação Vanzolini (2015d).


37

O selo AQUA é de grande abrangência e alcança os mais diversos tipos de


empreendimentos (separados em setores). Além disso, ainda classifica por atividades
cobertas e por zona geográfica. Com o intuito de tipificar essa gama de diferentes
setores aqui se apresenta a figura 9.

Figura 8 - Abrangência geral do AQUA-HQE

(Continua)
38

Figura 9 - Abrangência geral do AQUA-HQE


(Continua)
39

Figura 9 - Abrangência geral do AQUA-HQE


(Conclusão)

Fonte: FUNDAÇÃO VANZOLINI; CERWAY (2014)

2.3.4.3 Critérios para concessão

De acordo com a Fundação Vanzolini (2015d), a certificação se dará após


as auditorias e emissões dos certificados que por sua vez necessitam estar de acordo
e atendendo aos critérios dos Referenciais de Certificação, isso, em comunhão com
a tipologia do empreendimento que visa a certificação ambiental de qualidade.
A Fundação ainda explicita que para que ocorra o início do processo de
certificação, desde a concepção inicial do projeto, esse esteja comprometido com o
desenvolvimento sustentável, pois é necessário que o empreendedor possua um
sistema de gerenciamento do empreendimento (SGE), além do atendimento das 14
categorias estabelecidas para qualidade ambiental do empreendimento
(representadas no quadro 3 em sequência).
40

Quadro 3 - Categorias e sub categorias de concessão

MEIO AMBIENTE
1 - Relação do edifício com seu entorno
2 - Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos
3 - Canteiro de obras com baixo impacto ambiental

ENERGIA
4 - Gestão da energia
5 - Gestão da água
6 - Gestão dos resíduos de uso e operação do edifício
7 - Gestão da manutenção - Permanência do desempenho ambiental

CONFORTO
8 - Conforto hidrotérmico
9 - Conforto acústico
10 - Conforto visual
11 - Conforto olfativo

SAÚDE
12 - Condições sanitárias dos ambientes
13 - Qualidade do ar
14 - Qualidade da água

Fonte: Adaptada pelos autores de AULICINO (2008)

“Cada uma das 14 categorias do AQUA-HQE pode ser classificada no nível


BASE, BOAS PRÁTICAS ou MELHORES PRÁTICAS, e cabe ao
empreendedor definir quais categorias atingirão a classificação máxima,
intermediária ou mínima, dependendo do contexto e de sua estratégia de
sustentabilidade. Para um empreendimento ser certificado AQUA-HQE, o
empreendedor deve ter um perfil mínimo de desempenho com 3 categorias
no nível MELHORES PRÁTICAS, 4 categorias no nível BOAS PRÁTICAS e
7 categorias no nível BASE’’. FUNDAÇÃO VANZOLINI (2015d)

À concessão da certificação AQUA-HQE pela Fundação Vanzolini, são


realizadas três auditorias aplicadas de forma presencial no decorrer do
empreendimento, nesse processo realiza-se a constatação dos critérios primários, os
de sustentabilidade.
Conforme o relatório da entidade certificadora, as auditorias são realizadas
por pessoas físicas formadas e capacitadas com a qualificação voltada para a área
em questão, e remuneradas pela instituição, e assim realiza-se a missão de auditoria,
que tem por seu objetivo garantir a independência do processo, limitando o auditor a
não ter parte no projeto e não podendo assessorar ou prover treino ao empreendedor
41

solicitante da certificação. O auditor, durante sua visita, emite um relatório um


provisório da missão, onde faz menção de pontos fortes e outros que carecem de
maior atenção por parte do empreendedor e gestores do empreendimento, e desvios
com referenciais nos parâmetros da certificação, é feito ainda no caso de
posicionamentos negativos o acompanhamento por parte do auditor o
acompanhamento e ações corretivas quando necessário, e por fim o relatório definitivo
da auditoria.
Segundo o relatório da Fundação Vanzolini, CERWAY(2014), os com a
apreciação dos relatórios elaborados pelos auditório, decisões como favorável,
comunicado de decisão, onde a decisão final pode ser prorrogada pela Fundação
Vanzolini, mediante a análise do dossiê e desfavorável, nesse caso negativo, o
relatório elucida que pode tratar-se de uma advertência, de uma suspensão, ou de
uma retirada, após passar por todos os conselhos pertinentes a análise do processo
de inadimplência com as questões para certificação, não havendo conformidade ou
correção dos problemas levantados, a certificação ficará suspensa ou retirada.
A Fundação Vanzolini (2015) aponta que na fase de Pré-Projeto, define-se
o perfil de desempenho das 14 categorias após a elaboração do pré-projeto, em
conjunto com o SGE e a respectiva avaliação das 14 categorias de desempenho pelo
solicitante da certificação, em conformidade com as auditorias da Fundação Vanzolini,
realizadas ao final da etapa de pré-projeto, sendo passível de sanções já nesta etapa.
Ainda conforme estabelece a certificadora e os padrões AQUA-HQE, a
Fase de Projetos se dá após a elaboração dos projetos, e o atendimento de todos os
critérios do perfil de desempenho e avaliação das 14 categorias de desempenho por
parte do empreendedor, e após a passagem pelo crivo das auditorias da Fundação
Vanzolini.
Complementa que a Fase de Execução, após a entrega da obra,
empreendedor e empreendimento devem estar em conformidade com as 14
categorias, e ter atuado de modo que em todo o seu processo tenha correspondido
aos critérios do perfil de desempenho para o qual projetado, e obter assim o parecer
favorável dos auditores..
Para facilitar a sua compreensão, as fases dos empreendimentos
(residenciais e comerciais) foram relacionadas com as etapas da obtenção da
certificação na figura 9 e elaboradas detalhadamente em forma de fluxograma na
figura 10.
42

Figura 9 - Etapas de execução e processo de certificação

Fonte: FUNDAÇÃO VANZOLINI; CERWAY (2014)


43

Figura 10 - Fluxograma

Fonte: FUNDAÇÃO VANZOLINI, CERWAY (2014)


44

2.3.5 Certificação EDGE

O Excellence in Design for Greater Efficiencies (EDGE) criado pelo


International Finance Corporation (IFC), é um sistema de certificação de construção
verde que tem o objetivo de realizar obras residenciais e comerciais mais eficientes
no quesito recursos, estando presente em mais de 140 países. (IFC, 2018)
Ainda de acordo com a IFC (2018), a certificação EDGE apresenta como
missão, o desenvolvimento de um ambiente construtivo seguro, saudável, inclusivo,
inteligente, produtivo, eficiente, viável, sustentável, responsável e resiliente. Buscando
a transformação do mercado para esta geração, o grupo de certificação EDGE em
2018 afirma que “uma construção por vez, estamos mudando o mundo”.
Nas próximas décadas, a partir das informações contidas nas pesquisas e
descrições do EDGE, pode-se dizer que a velocidade acelerada do crescimento vai
afetar a economia e também o estilo de vida das pessoas que vivem no mercado
emergente. Existe um alerta de crescimento populacional explícito e como
consequência disto, quanto mais pessoas, mais construções. Um exemplo deste fator,
conforme afirma o USGBC (2018) é a China que possui a expectativa de acrescentar
ao seu território nos próximos 10 anos, o equivalente a todos os prédios existentes na
América Latina, que corresponde a cerca de 250 milhões de residências.
Do ponto de vista das considerações feitas pelo IFC (2018), a rápida
urbanização pode ameaçar a infraestrutura, acarretando em um conjunto de questões
problemáticas como a escassez de energia e água, o acúmulo de resíduos,
desequilíbrio da qualidade do ar, entre outros sérios desafios ambientais. De acordo
com a IFC (2018), no cenário atual, as edificações consomem 35% da energia global,
5% da água mundial, e produzem 15% da emissão de gases do efeito estufa, sendo
assim fundamentado o fato de que contribuem diretamente para as complicações
apresentadas.
Como parte da solução para as consequências revisadas estarão as
construções verdes, norteadas pelo conceito EDGE, nas quais os problemas
associados à urbanização podem ser abordados por edificações melhores, com alta
performance e desempenho (IFC,2018). Complementado ainda como um
investimento que providencia um futuro mais sustentável, auxiliando na redução do
impacto ambiental.
45

2.3.5.1 Histórico e abrangência

Na visão ampla global, o EDGE está presente em 167 países e territórios,


com aproximadamente 41.000 projetos comerciais certificados, abrangendo 605
milhões de metros quadrados. Também possui mais de 1.5 milhões de unidades
residenciais registradas e certificadas. (IFC, 2018)
Destaca o USGBC (2018) que o EDGE tem auxiliado a capacitar
construções verdes em 125 mercados emergentes, criando assim um portfólio de
empreendimentos sustentáveis no mundo inteiro, como se pode observar na imagem
12.

Figura 11 - Mapa das localidades capacitadas por EDGE

Fonte: USGBC, 2016.


No Brasil, o EDGE possui um crescente potencial, devido à posição atual
do mercado da construção civil no país e por ser um bom fator estimulante que envolve
a questão de sustentabilidade. Observa-se que o Brasil está incluso nas referências
de base do software que visa otimizar de forma mais eficiente os recursos idealizados
para o projeto e desmistificar, no sentido de tornar mais simples a construção
sustentável.
A consistência do programa está em um software que roda na web, regido
por uma norma, essa deverá estar adequada pelas normas do país de aplicação, e
um sistema de certificação de sustentabilidade, atuando de forma gratuita e permitindo
46

a avaliação de um projeto de construção, possibilitando o uso desta nova ferramenta


de certificação de construções mais sustentáveis, incrementando ainda mais o
mercado da construção e engenharia civil.

2.3.5.2 Processos

A certificação pode ser aplicada tanto para novas construções, quanto para
obras já existentes e reformas significativas. Engloba empreendimentos de variadas
configurações como, casas, apartamentos, condomínios, shopping centers,
supermercados, galpões, indústrias leves, hotéis, escritórios, hospitais, clínicas,
instalações escolares, entre muitos outros.
O EDGE é formado por três componentes, primeiro a participação de um
software, segundo os critérios de um novo padrão global sustentável e terceiro, um
sistema de certificação.

2.3.5.2.1 Software

Utilizando-se da base gratuita do software disponível no site


edgebuildings.com, equipes de design e colaboradores de projetos podem
rapidamente avaliar e comparar estimativas de custos, com foco em reduções no uso
de água, energia e também de consumo de energia e materiais no processo de
construção, criando assim um portfólio de informações e meios relevantes, para
mostrar a viabilidade de um negócio de maneira sustentável, apresentando as
medidas mais eficientes e economicamente viáveis, que podem ser aplicadas em
cada situação. WORLD BANK GROUP (2018)
Destaca-se que existem múltiplas variáveis que podem influenciar a
implementação de projetos sustentáveis, dentre elas a localização e o ambiente onde
está situada a obra em questão, levando em consideração as condições climáticas,
categoria e atributos do empreendimento e custos.

2.3.5.2.2 Critérios do padrão EDGE

Para que a certificação seja denominada, existem critérios que devem ser
seguidos. De acordo com a regulação, os projetos devem apresentar 20% de
47

economia do consumo de energia previsto, junto com 20% de redução do consumo


de água previsto e mais 20% de redução de energia consumida nos processos
associados a construção, tendo em relação uma base referencial local, como pode
ser observado na figura 13.

Figura 12 - Ilustração dos critérios EDGE

Fonte: USGBC, 2016.

Existem múltiplos processos para que estas reduções sejam comprovadas,


desde a utilização do software para manipular as medidas sustentáveis possíveis,
passando por validações e revisões de documentos que fundamentem estas medidas,
até a implementação dos projetos desenvolvidos e então, somente após realizada a
construção, é feita a verificação dos projetos realmente instalados.
Posterior a autenticação de todos os processos, a certificadora Green
Business Certification Inc. (GBCI) fornece o efetivo certificado EDGE.
Uma vez que o projeto alcançar ou até mesmo ultrapassar as demandas
dos critérios, pode ser classificado com o certificado EDGE. Por ser um diferencial,
este atributo tem como consequência os benefícios de maior atratividade aos
compradores, redução do risco por parte dos investidores, redução nos custos de
utilização, além do reconhecimento da marca e/ou empreendedor uma vez que
demonstra responsabilidade ambiental e social.
48

O capítulo abordou os três selos de certificação ambiental LEED, AQUA-


HQE e EDGE respectivamente, para empreendimentos da construção civil. Resgatou-
se para cada selo o seu respectivo histórico, conceito e critérios para sua concessão
e traçou-se um paralelo entre o conceito e histórico de sustentabilidade e construção
sustentável, que são base para cada selo.
Com base nas informações analisadas de cada certificação, foi possível
salientar que não são apenas os custos que influenciam na escolha do selo, mas sim
os fatores componentes de cada um deles. Ao buscar um selo, deve-se atentar aos 3
pilares básicos da sustentabilidade e resguardar o cumprimento dos mesmos de forma
a garantir o desenvolvimento sustentável. Para isso, a questão da regionalidade é
muito importante e deve ser um fator determinante na escolha, uma vez que as
características de cada local apresentam suas particularidades e o empreendimento
deve vir a agregar este ambiente, como forma de melhorar a vida das pessoas.
49

3 ESTUDO DE CASO

O presente estudo de caso visou buscar um selo de qualidade ambiental


para um edifício de alto padrão já em estado de execução. Para tal, foram analisadas
as principais características da edificação de forma a avaliar o nível de
sustentabilidade do projeto como um todo. Estas características foram então
submetidas ao processo de seleção de cada uma das certificações estudadas no
referencial teórico (LEED, AQUA, EDGE) a fim de identificar qual delas enquadra-se
de forma mais coerente com o objeto de estudo. Por fim, foi estimado o custo para
aplicação de cada certificação de modo a viabilizar ou não a obtenção do selo
ambiental.

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A coleta e análise de dados deste trabalho se deram através do método de


pesquisa exploratória, que na concepção de Gratton e Jones (2010), ocorre quando
se tem pouco ou nenhum conhecimento sobre o assunto abordado. “Este tipo de
pesquisa procura pistas sobre o fenômeno, busca trazer familiaridade com os
conceitos apropriados e procura padrões ou ideias surgindo de dados sem influência
de conceitos ou explicações preestabelecidas.” (GRATTON; JONES, 2010, tradução
nossa).
A metodologia abordada foi um estudo de caso que no entendimento de
Meirinhos e Osório, é muito vantajoso no sentido de sua aplicação a vida humana e
em contextos contemporâneos reais.

“Neste sentido, o estudo de caso rege-se dentro da lógica que guia as


sucessivas etapas de recolha, análise e interpretação da informação dos
métodos qualitativos, com a particularidade de que o propósito da
investigação é o estudo intensivo de um ou poucos casos” (LATORRE et al.,
2003, apud MEIRINHOS;OSÓRIO, 2010, p.52)

Esta metodologia foi aplicada a fim de expor as três certificações estudadas


e avaliar suas características de forma profunda, com o objetivo de testar sua
viabilidade na edificação em análise e identificar qual rótulo (LEED, AQUA ou EDGE)
compactua melhor com as características do empreendimento estudado.
50

Para realização da pesquisa bibliográfica e desenvolvimento do trabalho


foram utilizados artigos físicos e virtuais de revistas e periódicos, livros, publicações
acadêmicas e materiais disponíveis em plataformas virtuais.

3.2 OBJETO DE ESTUDO

A edificação escolhida para aplicação do estudo de caso foi um residencial


multifamiliar de alto padrão localizado no bairro Jurerê internacional em Florianópolis.
O empreendimento está sobre 3 lotes de 450m2 de área, totalizando
1350m2, destes, 1305m2 foram utilizados devido ao desconto do atingimento viário
previsto pela prefeitura municipal de Florianópolis. Vale ressaltar que o projeto, desde
sua concepção não explorava a possibilidade de obter nenhuma certificação, diante
disso, as técnicas construtivas empregadas visavam maior eficiência cronológica e
financeira deixando em segundo plano em seu escopo técnicas de construção
sustentáveis.

3.2.1 Características da edificação

Trata-se de um bloco de alvenaria composto por subsolo garagem, 1º


pavimento térreo, 2º pavimento de apartamentos, 3º pavimento de apartamentos
garden, 4º, 5º e 6º pavimentos tipo e 7º pavimento (cobertura) lazer. Este último é
constituído de áreas comuns do condomínio com salão de festas, churrasqueira,
piscina, jardins e deck externo. Cada pavimento de apartamentos apresenta 5
unidades autônomas individualizadas, totalizando 35 apartamentos divididos em
diferentes plantas com 1 dormitório e uma suíte, 2 suítes e 3 suítes. Cada apartamento
conta ainda com um número pré-estabelecido de vagas e hobby box de forma a
totalizar 6.108,59m2 de área real global construída.

3.2.1.1 Características construtivas e arquitetônicas

O projeto estrutural fez uso de cabos de protensão pós-tracionados não


aderentes nas lajes (figura 13). Este método construtivo proporciona economia de
materiais e agilidade na construção, uma vez que foi utilizada apenas uma forma na
51

obra objeto de estudo e o tempo de desforma observado foi inferior ao do concreto


armado convencional. Algumas das vantagens deste método observadas in loco
foram listadas no quadro 4.

Quadro 4 - Vantagens protensão

VANTAGEM DESCRIÇÃO

Estruturas esbeltas O sistema de protensão por cabos


permite reduzir a área de seção das
estruturas.

Redução do número de pilares e vigas Proporciona o aumento das áreas


internas do edifício e permite projetos
arquitetônicos mais versáteis (figura 15).

Economia de materiais Foi necessário a utilização de apenas


uma fôrma, visto que ao protender os
cabos os mesmos atuam na tensão de
projeto e a desforma é mais rápida.

Alívio estrutural Peças mais esbeltas representam menor


volume de aço e de concreto, reduzindo
consideravelmente o peso da estrutura e
a utilização de materiais.

Controle de fissuração O concreto empregado na estrutura


protendida é de alta resistência
(>=35MPa), além disso ainda existe o
controle fissuração que proporciona a
diminuição de infiltrações e resulta no
aumento da durabilidade estrutural.

Fonte: Dos autores, 2019


52

Além do sistema de protensão, destaca-se o uso de escoras metálicas nas


lajes (figura 14). Este método reduz consideravelmente o uso de madeira na obra e
proporciona grande segurança e agilidade na montagem e fixação das fôrmas.
Quanto às características arquitetônicas destaca-se o fato de os
apartamentos estarem distribuídos nas faces leste e oeste, de forma a receber
respectivamente o sol da manhã e do final de tarde. A área de lazer no ático também
é beneficiada por essa posição.
Ressalta-se que o uso de protensão permitiu a utilização de esquadrias
piso ao teto nos apartamentos. Este sistema proporciona maior passagem de luz para
os ambientes e promove conforto térmico.

Figura 13 - Cabos de protensão

Fonte: Dos autores, 2019


53

Figura 14 - Escoras metálicas

Fonte: Dos autores, 2019

Figura 15 - Redução do número de pilares e vigas

Fonte: Dos autores, 2019


54

3.2.1.2 Características sustentáveis adotadas na concepção do projeto

Foi previsto no edifício um sistema de captação de água da chuva para


utilização em áreas comuns do condomínio, como irrigação de jardim e lavação de
calçadas e garagens. A captação ocorre através do telhado da área de lazer. O
reservatório de água pluvial tem capacidade de 6.200L e fica localizado no pavimento
ático, desta forma o sistema funciona por gravidade e proporciona a pressão
necessária sem o auxilio de bombas de recalque. O memorial de cálculo do
aproveitamento de águas pluviais foi apresentado no quadro 5.

Quadro 5 - Memorial de cálculo do aproveitamento pluvial

PARÂMETROS DADOS / CÁLCULOS


Área de captação adotada 130,00m2

Demanda diária necessária Área de uso aproximada = 180,00m2


Demanda diária = 96L/dia
Precipitação média anual adotada 1.500mm
Coeficiente de perdas = 0,8
Volume de água aproveitada =
13,423m3/mês ou 447,78L/dia
Comparativo entre demanda e Demanda = 96L/dia
captação Captação = 447,78L/dia
Saldo positivo = 351,78L/dia
Reservatório Foi adotado um reservatório com
6.200L garantindo 64,59 dias de
demanda
Expectativa de economia 96L/dia x 30 = 2.880L/mês
2.880 x12 = 34,5m3/ano
Fonte: Dos autores, 2019

Os corredores e áreas de acesso aos apartamentos são equipados com


sensores de presença, fato que promove economia energética, uma vez que as luzes
são acionadas apenas quando há circulação de pessoas.
55

3.3 APLICAÇÃO DOS SELOS DE QUALIDADE

Este capítulo visou relacionar as características da edificação do objeto de


estudo com os pontos essenciais de cada certificação a fim de demonstrar se o
empreendimento apresenta ou não a nota mínima para obtenção dos selos.

3.3.1 LEED

O método de aplicação do selo LEED baseou-se no guia fornecido pela


USGBC, onde são dispostas diversas categorias com critérios mínimos e os pontos
possíveis de cada uma. Para o empreendimento analisado foi escolhida a categoria
BD + C: Construções novas e grandes reformas, que visa certificar novas edificações
como exposto no item 2.3.3.2.1 deste estudo. A base do selo foi apresentada na figura
5.
Todos os critérios de avaliação foram examinados individualmente e
elaborou-se uma justificativa para cada item em questão. O gráfico 2 demonstra a
pontuação atingida (conquistada), a não atingida e o que pode ser melhorado na
edificação de forma geral. O gráfico 3 discrimina de forma mais incisiva a pontuação
concebida a cada categoria e explicita os pontos críticos. O quadro 12 completo com
as informações encontra-se disponível no apêndice A. As pontuações Atingida, não
atingida, possível, foram separadas entre as cores Verde para quando atingida a
pontuação ou critério base de categoria, amarela para possível de ser atingida vide
melhorias na edificação, e Laranja quando não atingido o critério.

Como é possível observar nos gráficos 2 e 3, o empreendimento obteve 50


pontos e não apenas atende os requisitos mínimos necessários para obtenção da
certificação como também se enquadra na categoria prata.
56

Gráfico 2 - Pontuação LEED

Fonte: Dos autores, 2019.

Gráfico 3 - Pontos por categoria

Fonte: Dos autores, 2019.


57

3.3.2 AQUA

O método de aplicação do selo AQUA, baseou-se no Referencial de


Avaliação da Qualidade Ambiental de Edifícios Residenciais em Construção,
elaborado pela Cerway e adequado a realidade brasileira pela Fundação Vanzolini.
São dispostas 14 categorias de preocupação ambiental conforme quadro 3, com 51
subitens que avaliam as categorias para classificar como: Base (B), Boas Práticas
(BP) e Melhores Práticas (MP), desempenho este calibrado como máximo constatado
nas operações de Alta Qualidade Ambiental.
Novamente todos os critérios são analisados individualmente com suas
respectivas justificativas e fundamentadas nos projetos arquitetônicos e demais
disciplinas complementares, como os estudos para os desenvolvimentos dos
mesmos, do local onde a edificação estará posicionada, da análise dos fornecedores
já utilizados e compras futuras. O gráfico 4 demonstra o nível de pontuação obtido
com a aplicação do método de certificação no objeto de estudo e o gráfico 5 explicita
o percentual por categoria e classifica como atingidos, pontos a melhorar e não
atingidos, marcados respectivamente com as cores Verde, Amarela, Laranja. O
quadro com a descriminação e justificativas das 14 categorias encontra-se no
apêndice B desse documento.

Gráfico 4 - Pontuação AQUA

Fonte: Dos autores, 2019.


58

Gráfico 5 - Pontuação por categoria processo AQUA

Fonte: Dos autores, 2019.

Observa-se no gráfico 4 que o edifício cumpriu os requisitos mínimos


necessários para obtenção da certificação AQUA demonstrados na figura 7 (3
categorias no nível melhores práticas e 4 boas práticas) e estaria apto a receber o
selo, porém o empreendimento não respeita o item 4.3 do anexo B, que torna
mandatória a aplicação de uma fonte de energia renovável (térmica solar).
59

3.3.3 EDGE

A análise do processo EDGE ocorreu por meio da submissão dos dados e


características dos projetos da edificação no software disponibilizado pela própria
certificadora. O selo é dividido em 3 categorias: Eficiência energética, uso de água e
aplicação de materiais com baixa emissão de poluentes. Dentro de cada uma delas é
possível selecionar os materiais que compõe o projeto, bem como as quantidades
utilizadas e sua composição. A partir dessas informações, a ferramenta calcula
automaticamente o percentual de economia em cada uma das categorias e apresenta
em forma de gráficos, tabelas e relatórios o resultado final obtido do projeto. Com base
nesses dados foi elaborado o gráfico 6, que relaciona a pontuação necessária para a
certificação com a obtida. O Quadro de número 6 quantifica dados como a energia e
água economizadas, potencial energético acumulado nos materiais e redução da
emissão anual de gás carbônico. O relatório completo encontra-se no apêndice C
deste documento.

Gráfico 6 - Necessário X Obtido EDGE

Fonte: Adaptado pelos autores de IFC (2019).


60

Quadro 6 - Economias obtidas por software

Fonte: Adaptado pelos autores de IFC (2019).

Como citado no item 2.3.5.2.2 o EDGE requer um mínimo de 20% de


economia para cada categoria em questão. Foi observado que o item eficiência dos
materiais não atingiu a pontuação necessária para certificação. Apesar da diferença
irrisória de 0,7%, o software não permite a certificação do edifício e demanda
mudanças para que o selo seja emitido.
61

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO

Para início da análise e discussão dos resultados, é necessário ressaltar


que o objeto de estudo, quando em seu escopo de projeto, não tinha como objetivo a
certificação de nenhum selo tratado nesse trabalho.

Por se tratar de uma edificação atual, localizada em bairro planejado e


sendo a empresa construtora rigorosa com seus processos e normas vigentes, tornou-
se possível a certificação do selo LEED na categoria SILVER, a segunda entre as 4
possíveis.

Como objeto de análise, buscou-se apontar os critérios passiveis de


melhorias, ou seja, os de categoria Amarela nos gráficos e tabelas supracitados, e
sugerir adequações para alcançar a certificação AQUA e EDGE, e melhora na posição
do selo já alcançado, levando em conta as limitações da edificação quando já em
execução.

É de extrema importância ressaltar que para a certificação AQUA, faz-se


necessário levar em conta o sistema de gestão do edifício (SGE), o que obriga o
construtor já na fase de pré-projeto, elaborar a documentação e levantar as
necessidades e objetivos visando essa certificação de forma a colocar no horizonte
de projeto a hierarquia almejada para as 14 categorias.

Há uma série de semelhanças (como as categorias e dimensões


analisadas) entre os selos, afinal todos buscam melhor performance ambiental. Entre
o LEED e o AQUA, é possível correlacionar com maior facilidade os pontos em
comum, o que nos permite novamente traçar um paralelo entre eles, e assim já
solucionar e indicar melhorias que se aplicam aos dois.

Constatou-se que o selo LEED poderia ser aplicado diretamente na


construção na forma como ela se encontrava sem nenhuma alteração adicional, mas
em virtude dos altos custos relacionados a mesma, apontou-se o EDGE como
alternativa ideal, afirmação elucidada no item 4.4.
62

4.1 PONTOS PASSÍVEIS DE MELHORIA LEED E AQUA

Quadro 7 - Melhorias LEED-AQUA

Fonte: Dos autores, 2019

Quadro 8 - Sugestões LEED-AQUA

(Continua)

CATEGORIAS OBJETIVO SUGESTÃO

TRANSPORTE Minimizar impactos Espera em cada vaga


incômodos do transporte para tomada de carro
elétrico

ÁGUA Limpeza das tubulações Prever desinfecção e


limpeza das tubulações
antes da entrega

Redução do uso de água Sugere-se reutilização de


águas cinzas (Economia
aumenta de 30% para
45%)
63

Quadro 8 – Sugestões LEED-AQUA

(Continua)
64

Quadro 8 – Sugestões LEED-AQUA

(Conclusão)

Fonte: Dos autores, 2019

4.2 PONTOS PASSÍVEIS DE MELHORIA EDGE

A forma de pontuação da certificação EDGE permite fazer simulações com


diferentes cenários para a edificação estudada via software. Isso viabilizou a
elaboração de um relatório ideal apresentado no anexo D. As principais alterações por
categoria foram:

• Economia energética: Inclusão de painéis fotovoltaicos que supram 15% do


consumo total da edificação, aplicado ao condomínio.

• Eficiência de água: Reutilização de águas cinzas


65

• Eficiência dos materiais: Realizar a troca de alvenaria de blocos cerâmicos


queimados por blocos de concreto celular além da troca das esquadrias de alumínio
por esquadrias de PVC.

Com a aplicação destas melhorias foi possível não apenas certificar o


edifício como também melhorar consideravelmente os parâmetros do selo. O gráfico
7 demonstra o resultado obtido e com os valores propostos o quadro 9 quantifica a
economia apresentada em face das alterações adotadas.

Gráfico 7 - Pontos aprimorados

Fonte: Dos autores, 2019

Quadro 9 - Economia obtida no cenário ideal

Fonte: Adaptado pelos autores de IFC (2019).


66

4.3 ANÁLISE DE CUSTOS PARA CERTIFICAR

Os custos na construção civil, certamente entram como um dos fatores de


maior análise em projetos e sua redução é um dos objetivos mais almejado pela maior
parte dos construtores. A aplicação de uma certificação traz custos e por uma questão
cultural ainda não tem grande força comercial, todavia, as medidas para alcançar as
certificações podem trazer economias a longo prazo.
Este item abordou de forma sucinta os custos básicos para obtenção de
cada certificação. É importante destacar que estes são os valores inicias e não
incluem os gastos com as vistorias e acompanhamento dos fiscais. Salienta-se ainda
que por sigilo profissional não serão nomeados os certificadores/fiscais.

4.3.1 Custos LEED

O quadro 10 expõe as taxas e as referências de cálculo impostas pela


USGBC para obtenção da certificação LEED na categoria BD + C. Os valores foram
apresentados em dólares americanos.

Quadro 10 - Valor base para certificação LEED

Fonte: Adaptado pelos autores de USGBC (2019).


67

4.3.2 Custos AQUA

O site da fundação Vanzolini disponibiliza uma estimativa inicial de custo


baseada na metragem total da edificação. Como a figura 16 aponta, este valor não
inclui despesas específicas que são apresentados individualmente conforme
solicitação.

Figura 16 - custo inicial AQUA

Fonte: Fundação Vanzolini (2015).

4.3.3 Custos EDGE

Para estimar os custos da certificação EDGE foi necessário inserir os


dados de projeto, escolher um órgão certificador (neste caso a GBCI) e por fim
realizar um requerimento junto ao site da própria certificadora. O valor base foi
referente a taxa mínima de área e pode ser vislumbrado em dólares no quadro 11.

Quadro 11 - Custo inicial EDGE

Fonte: Adaptado pelos autores de EDGE (2019).


68

4.4 ANÁLISE FINAL DE CUSTOS

Com os dados expostos neste capítulo fica claro que a certificação LEED é
a mais dispendiosa. O AQUA também demanda um custo relativamente alto, uma vez
que exige toda uma análise pré-projeto, projeto, execução e uso da marca. Além disso,
é necessário introduzir um sistema de painéis fotovoltaicos para adequar o
empreendimento ao processo AQUA, fato que gera mais custos ao incorporador. Em
contrapartida, o selo EDGE apresentou melhor custo benefício e pode ser facilmente
obtido com alguns ajustes internos e que não exigem grande investimento.
69

5 CONCLUSÃO

Para o desenvolvimento deste trabalho, foi tomado como ponto de partida


a escolha de um tema que fosse atual e ao mesmo tempo de gosto pessoal da dupla
para sua respectiva elaboração, foi colocado como objetivo para a resolução da
problemática, se seria possível a certificação ambiental em edifício já em fase de
execução.

No decorrer desse trabalho, foi possível aprofundar os conhecimentos


acerca de sustentabilidade e construção sustentável, assim como o conceito e o
histórico além de sua importância social. A partir desse entendimento, foi tomado o
conhecimento sobre selos de certificações ambientais aplicados a construção civil e
seus respectivos conceitos.

Para tal fim, uma série de artigos e documentos dos certificadores foram
colocados sob análise, para que assim fosse elaborado um comparativo entre as
certificações e sua aplicabilidade em um projeto que nasceu sem a intenção de
certificação no Brasil. No decorrer do estudo de caso, foi possível constatar as
dificuldades e simples melhorias que podem ser realizadas em fase de projeto e
também na fase de execução para minimizar o impacto ambiental e social causado
pela construção civil, o que está diretamente ligado a importância da certificação em
uma edificação. Ao analisar os critérios para a certificação, em todos os selos fica
constatado e evidente que o ideal é iniciar os processos de certificação na fase de
elaboração dos projetos, o que torna mais simples e menos custoso a aplicação de
qualquer certificação. Vale ressaltar que mesmo sendo pensado em fase inicial, a
certificação é uma cadeia de processos que demandam um rigoroso
acompanhamento por parte do construtor e não garantem efetivamente uma
economia de energia e água, visto que os usuários representam um fator muito
importante no tocante a sustentabilidade e eficiência do empreendimento.

Os selos de certificação, em especial o AQUA, colocam sob análise não


apenas o projeto, mas também o operacional da construtora, o que pode impactar no
custo, dessa forma quando houver o interesse de qualquer certificação é
recomendado sempre realizar estudos prévios e vistorias pré-projeto para adequar o
empreendimento as necessidades locais e agregar valor ao ambiente no qual este
está inserido. Ao final das análises e discussões, concluímos que foi possível cumprir
70

o objetivo desse trabalho, ao determinar que o selo de mais fácil acesso para uma
obra já em andamento é o selo EDGE, e em detrimento das dificuldades encontradas
para levantar analiticamente os custos, sugere-se um estudo ou trabalho que tenha
esse ponto como objeto de análise.
71

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Acesso em: 20 abr. 2019.
75

APÊNDICES
76

APÊNDICE A - QUADRO DE PONTUAÇÃO LEED

Quadro 12 - Pontuação completa LEED

Fonte: Adaptado pelos autores de USGBC (2009)


77

APÊNDICE B - QUADRO DE PONTUAÇÃO AQUA

Quadro 13 - Pontuação AQUA completa

(Continua)
78

Quadro 13 – Pontuação AQUA completa

(Continua)
79

Quadro 13 - Pontuação AQUA completa

(Continua)
80

Quadro 13 - Pontuação AQUA completa

(Continua)
81

Quadro 13 - Pontuação AQUA completa

(Continua)
82

Quadro 13 - Pontuação AQUA completa

(Conclusão)

Fonte: Adaptado de FUNDAÇÃO VANZOLINI, CERWAY (2014).


83

APÊNDICE C - RELATÓRIO EDGE

Figura 17- Relatório EDGE

(Continua)
84

Figura 17 - Relatório EDGE

(Continua)
85

Figura 17 - Relatório EDGE

(Continua)
86

Figura 17 - Relatório EDGE

(Continua)
87

Figura 17 - Relatório EDGE

(Continua)
88

Figura 17 - Relatório EDGE

(Continua)
89

Figura 17 - Relatório EDGE

(Continua)
90

Figura 17 - Relatório EDGE

(Conclusão)

Fonte: IFC (2019).


91

APÊNDICE D - RELATÓRIO EDGE IDEAL

Figura 18 - Relatório ideal EDGE

(Continua)
92

Figura 18 - Relatório ideal EDGE

(Continua)
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Figura 18 - Relatório ideal EDGE

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Figura 18 - Relatório ideal EDGE

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Figura 18 - Relatório ideal EDGE

(Conclusão)

Fonte: IFC (2019).

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