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ARQUITETURA E URBANISMO

Certificações Ambientais
CONFORTO AMBIENTAL I
Definições
 O termo certificação ou ato de certificar está diretamente condicionado à
validação da qualidade sejam de produtos ou serviços;
 Os sistemas de certificação na arquitetura e construção civil proporcionam
uma escala para se avaliar a incorporação de estratégias sustentáveis em uma
edificação em comparação com prédios tradicionais;
 Ao comparar as edificações são necessários métodos precisos que permitam
produzir resultados concretos, deste modo os sistemas avaliativos precisam ser
verificáveis, mensuráveis, quantificáveis e tecnicamente consistentes (KEELER,
BURKE, 2010).
Principais benefícios da Certificação em Geral
 Promove o comprometimento com a qualidade;
 Assegurar eficiência e eficácia do produto, serviço ou sistema;
 Introduzir novos produtos e marcas no mercado;
 Fazer frente à concorrência desleal;
 Melhorar a imagem da organização e de seus produtos ou atividades junto aos seus
clientes;
 Assegurar que o produto, serviço ou sistema atende às normas;
 Tornar a organização altamente competitiva com produtos em conformidade às normas
técnicas.
A sustentabilidade como Marketing Comercial
 A sustentabilidade como “Marca”
 Qualidades adquiridas (ou não) pelos serviços e produtos;
 Isenção da responsabilidade Ambiental como preço embutido nos produtos e
serviços.
 Diferencial Aquisitivo para produtos e empreendimentos.
 De acordo a pesquisa da Confederação Nacional da Indústria 68% dos
consumidores brasileiros estariam dispostos a pagar mais por um produto que
não agredisse o meio ambiente (BARBIERI, 2004).
Principais Sistemas de Certificação no Mundo
 Segundo a World Resources Institute existem aproximadamente 340 selos ecológicos
espalhados por 42 países;
 ISO (Organização Internacional para a Padronização): ISO 14001;
 Existem três principais organizações que controlam as ferramentas de avaliação ambiental na
construção:
1. World Green Building Council;
2. Internacional Initiative for Sustainable Building Environment;
3. Sustainable Building Alliance;
 E ainda associações independentes e multinacionais.
Principais Sistemas de Certificação no Mundo
1. BREEAM: Building Research Establishment Environmental Assessment
method (Reino Unido);
 “Código para Habitações Sustentáveis”.
2. Green Star Austrália:
 Ruído, iluminação e proteção do solo durante a construção;
 Ferramenta para cada fase do ciclo de vida da edificação;
 Fatores de ponderação;
As seis etapas do ciclo de vida de um edifício
1. Planejamento Urbanístico: Quantificam-se os Impactos ambientais gerados pelas decisões
urbanísticas;
2. Produto: Quantificam-se os Impactos ambientais gerados pelos processos de produção
dos materiais de construção;
3. Transporte de materiais: Quantificam-se os Impactos gerados pelo transporte de
materiais até o canteiro de obra;
4. Construção: Quantificam-se os Impactos ambientais gerados durante a obra;
5. Uso do Edifício: Quantificam-se os Impactos ambientais gerados durante o uso do edifício,
onde a parte mais importante é o consumo energético e a energia necessária a sua
manutenção;
6. Fim do Ciclo de Uso: Quantificam-se os Impactos ambientais gerados com a demolição e
reutilização do edifício ou partes do mesmo (WASSOUF, 2014).
Certificação AQUA
 Certificação internacional da construção sustentável
desenvolvido a partir da certificação francesa
Démarche HQE (Haute Qualité Environmentale).
 Lançado no Brasil em 2008, e aplicado
exclusivamente pela Fundação Vanzolini.
Seus referenciais técnicos foram desenvolvidos
considerando a cultura, o clima, as normas técnicas e
a regulamentação presentes no Brasil, mas buscando
sempre uma melhoria contínua de seus desempenhos.
Certificação AQUA
Primero, Sistema de Gestão do Empreendimento(SGE), avalia a qualidade ambiental final de sua
construção.
Organiza-se em quatro estruturas:
1. Comprometimento do empreendedor, no qual são descritos os elementos de análise solicitados
para a definição do perfil ambiental do empreendimento e as exigências para formalizar tal
comprometimento;
2. Implementação e funcionamento, no qual são descritas as exigências em termos de organização;
3. Gestão do empreendimento, no qual são descritas as exigências em termos de monitoramento e
análises críticas dos processos, de avaliação da QAE e de correções e ações corretivas;
4. Aprendizagem, onde são descritas as exigências em termos de aprendizagem da experiência e de
balanço do empreendimento.
Certificação AQUA
A segunda é a Qualidade Ambiental do Edifício (QAE), que avalia o
desempenho do empreendimento de acordo com suas características
técnicas e arquitetônicas. se expressa em 3 níveis:

1. Bom: nível correspondendo ao desempenho mínimo aceitável para um


empreendimento de Alta Qualidade Ambiental 7 categorias
2. Superior: nível correspondendo ao das boas práticas; 4 categorias
3. Excelente: nível calibrado em função dos desempenhos máximos constatados em
empreendimentos de Alta Qualidade Ambiental, mas se assegurando que estes
possam ser atingíveis. 3 categorias
Categorias representando os desafios ambientais de um empreendimento novo ou reabilitado.
Certificação AQUA
Avaliação da auditoria, verificar se todos os critérios de sustentabilidade foram atendidos.

1. Fase Pré-Projeto - estabelecimento do Sistema de Gestão do Empreendimento e avaliação


das 14 categorias de desempenho pelo Empreendedor, mediante auditoria da Fundação
Vanzolini.
2. Fase Projeto - após elaboração dos projetos de modo a atender os critérios
correspondentes ao perfil de desempenho programado e avaliação das 14 categorias de
desempenho pelo Empreendedor, mediante auditoria da Fundação Vanzolini.
3. Fase Execução - após a entrega da obra, realizada de modo a atender aos critérios
correspondentes ao perfil de desempenho projetado e avaliação das 14 categorias de
desempenho pelo empreendedor, mediante auditoria da Fundação Vanzolini.
Certificação AQUA
QUEM INFLUENCIA NA CERTIFICAÇÃO?

 Por se tratar de um processo voluntário, a certificação depende substancialmente da iniciativa


e do comprometimento do proprietário do empreendimento. No decorrer das etapas do
processo, outros agentes entram em cena para de fato conduzir à certificação.

 Foi constatado que mais de 90% das exigências têm o envolvimento dos projetistas e
dependem obrigatoriamente deles. 15% delas dependem do construtor e somente 4% do
usuário.
Certificação LEED
LEED (Leadership in Energy and Environmental Design)
 Desenvolvido nos Estados Unidos em 1991 pelo USGBC ( U.S. Green Building Council );
 Implantado no Brasil pela GBC (Green Building Council ) em janeiro de 2008;
 Sistema internacional de certificação e orientação ambiental para edificações, utilizado em 143
países, e possui o intuito de incentivar a transformação dos projetos, obra e operação das
edificações, sempre com foco na sustentabilidade de suas atuações;
 Adesão voluntária;
 Sistema de quantificação de pontos;
Certificação LEED
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
SS - Espaço sustentável - Encoraja estratégias que minimizam o impacto no ecossistema durante
a implantação da edificação e aborda questões fundamentais de grandes centros urbanos, como
redução do uso de automóvel e das ilhas de calor ;
WE – Eficiência do uso da água -Promove inovações para o uso racional da água, com foco na
redução do consumo de água potável e alternativas de tratamento e reuso de águas servidas e
águas da chuva;
EA – Energia e atmosfera - Promove eficiência energética nas edificações por meio de
estratégias simples e inovadoras, como por exemplo simulações energéticas, medições,
comissionamento de sistemas e utilização de equipamentos e sistemas eficientes;
MR – Materiais e recursos - Encoraja o uso de materiais de baixo impacto ambiental
(reciclados, regionais, recicláveis, de reuso, etc.) e reduz a geração de resíduos, além de promover
o descarte consciente, desviando o volume de resíduos gerados dos aterros sanitários;
Certificação LEED
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
EQ – Qualidade ambiental interna -Promove a qualidade ambiental interna do ar, essencial para
ambientes com alta permanência de pessoas, com foco na escolha de materiais com baixa
emissão de compostos orgânicos voláteis, controlabilidade de sistemas, conforto térmico e
priorização de espaços com vista externa e luz natural;
IN – Inovação e processos -Incentiva a busca de conhecimento sobre Green Buildings, assim
como, a criação de medidas projetuais não descritas nas categorias do LEED. Pontos de
desempenho exemplar estão habilitados para esta categoria. ;
RP – Créditos regionais - Incentiva os créditos definidos como prioridade regional para cada
país, de acordo com as diferenças ambientais, sociais e econômicas existentes em cada
local.
Certificação LEED
NÍVEIS DE CERTIFICAÇÃO
Existem quatros níveis de certificação LEED, a quantidade de pontos obtidos por pelo candidato
a certificação irá determinar em qual nível de desempenho ele se encaixa, ou seja, de acordo
com a pontuação recebida, o edifício poderá ser classificado como Certified (certificação
básica), Silver (Prata), Gold (Ouro) e Platinum (Platina).
Certificação LEED
ETAPAS DO PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO:
1. Escolha da tipologia do projeto;
2. Registro de projeto;
3. Transferência de toda a documentação para o LEED online;
4. Processo de revisão do aplicativo;
5. Certificação;
Certificação LEED
Vantagens:
◦ O LEED foi o pioneiro na categoria;
◦ Já conquistou espaço no mercado nacional;
◦ Pode ser usado em vários países, e por isso as multinacionais podem usar o mesmo sistema em todas
as suas filiais
◦ Possibilidade da conversão de um empreendimento que não tenha sido concebido para ser sustentável
Desvantagens:
◦ Ainda pouco adaptado ao Brasil, fazendo com que se dê um peso alto às fontes de energia e pouco
valor a questões trabalhistas e à gestão de resíduos.
◦ Sistema de pontuação com o mesmo peso em todos os créditos sendo possível optar pelos
pontos considerados mais baratos e fáceis de serem alcançados, e que nem sempre são os mais
relevantes do ponto de vista da sustentabilidade.
◦ Não conta com uma versão para edifícios residenciais.
Principais Selos no Brasil
Procel – Procel Edificações
◦ Programa do Governo Federal vinculado ao Ministério das Minas e
Energia, criado em 1985 e executado pela Eletrobras;
◦ O Selo Procel Edificações, estabelecido em novembro de 2014, é um
instrumento de adesão voluntária que tem por objetivo principal
identificar as edificações que apresentem as melhores classificações de
eficiência energética.

Caixa – Casa Azul


◦ Criado em 2009, é uma maneira de avaliar a sustentabilidade de
empreendimentos e projetos habitacionais financiados pela CAIXA,
associando a economia de recursos a práticas sociais.
Selos no brasil
ALGUNS BENEFÍCIOS PARA AS EMPRESAS QUE BUSCAREM AS CERTIFICAÇÕES:
 Redução de taxas de juros na construção (Caixa – Casa Azul);
 Desconto do ISS;
 Isenção/desconto de IPTU durante a obra;
 Isenção/desconto no ITBI.
 Marketing Comercial;
Considerações Finais
“Os críticos veem esses Sistemas como listas de conferência sem um verdadeiro método
acurado de medição.” (KEELER, BURKE,2010);
- Níveis de desempenho mínimos;
- Muitos são deficientes pois são elaborados para uma determinada região;
- A aplicação de valores universais acaba sendo prejudicial;
- Monitoramento de estratégias irrelevantes para o problema geral (Umidade);
- Criação de subconjuntos dentro dos principais sistemas de certificação. Ex:
LEED;
Estudo de Caso
INSTITUTO MAX FEFFER
Ficha Técnica
Local: Pardinho, SP
Início do projeto: 2008 / Conclusão da
obra: 2009
Área do terreno: 6.250 m²
Área construída: 830 m² (térreo) 740 m²
(superior)
Arquitetura, paisagismo e luminotécnica:
Amima Arquitetura, arquiteta Leiko
Motomura
Estrutura e fundações: Natan Jacobsohn
Levetal
Histórico
 Construído em uma praça pública cedida pela Prefeitura Municipal;
 Valoriza a cultura do município e promove a participação e interação da comunidade;
 Abriga atividades como biblioteca, centro de inclusão digital, programação cultural, estímulo à
criação e produção artística e muitos outros.
Para espetáculos, foi construído um palco com auditório aberto e capacidade para 500 pessoas;
 Um ambiente especial também foi planejado para abrigar, futuramente, um Centro de Turismo
Receptivo;
 O Instituto Jatobás tem estimulado a participação das lideranças da população na estruturação
desta programação;
 Recebeu a certificação Leadership in Energy and Environmental Design - LEED, concedida pela
United States Green Building Council. Recebeu ainda uma menção honrosa na 8º Bienal
Internacional de Arquitetura de São Paulo, realizada em 2009.
Principais Características do Projeto de Sustentabilidade
 Ocupação da área do terreno foi limitada a 15%;
 63% da área do terreno foi vegetada com espécies nativas e adaptadas;
 Sistema de reutilização de águas cinzas e águas pluviais;
 Sistema de ventilação natural proporcionando conforto térmico sem a
utilização de ar condicionado;
 79,52% da iluminação é feita por luz natural.
 95% dos espaços com visualização para o meio externo.
Clima do Sítio
Clima quente no verão e temperatura amena no inverno.
Temperatura média 22º.
Latitude: -23,61
Implantação
Pavimento Inferior
Pavimento Superior
Elevação
Conforto Térmico Natural
Sistema de dutos que permite a entrada e saída do ar para o exterior;
Ventilação vertical por diferença de temperatura.
Conforto Térmico Natural
Cobertura de Bambu com amplos beirais em forma de ondas que visa facilitar a movimentação
do ar:
Conforto Térmico Natural
No inverno, o calor retido pelo muro de pedras é liberado nos ambientes
do piso inferior através de dutos que são abertos quando necessário:
Esquema da Troca de Calor
Sistema de ventilação
cruzada, Janelas em lados
opostos da edificação são
operadas pelos usuários
quando houver necessidade
de regular a temperatura
interna do ambiente:
Esquema de Circulação do Vento
Esquema de Circulação do Vento
Conforto Térmico Natural
Janela Dos Dois Lados, Totalmente Com
Redução Do Efeito “Ilha De Calor” : Abertura Manejável:
Conforto Térmico Natural
Na Sala de Leitura há uma abertura no teto por onde ocorre a ventilação vertical por diferença
de temperatura:
Conforto Luminíco Natural
A iluminação artificial utilizada
tem tecnologia de alta eficiência;
sensores de presença nos
banheiros;
A energia solar passiva também
foi utilizada para calefação das
salas de reunião e biblioteca.
Conforto Luminíco Natural
células fotovoltaicas e iluminação com LED’s e iluminação zenital.
Esquema da Cobertura de Bambu
Materiais Utilizados
A cobertura é de bambu, que emprega peças metálicas complementares, apoiada em estrutura
independente de eucalipto (materiais rapidamente renováveis).
 A estrutura do projeto combina concreto nas lajes e alvenaria(com tijolos de demolição nas
aparentes) nos fechamentos.
 Aplicação de colas, seladores, tintas e vernizes com baixo nível de emissão de compostos orgânicos
voláteis, reduzindo a probabilidade de problemas respiratórios.
 Os guarda-corpos reutilizam barras de alumínio de ônibus.
 80%de aço reciclado.
 Telhas de fibras vegetais, pintadas de branco (42%de papelão reciclado em sua composição).
 Caixilhos de madeira de demolição.
 Chapas de ferro estampadas de resíduos industriais nos gradis de fechamento da sala de leitura.
 Lâmpadas LED.
Demais Estratégias Usadas
 Definição de locais de coleta seletiva de resíduos com o objetivo de incentivar a
reciclagem de materiais.
 O bicicletário estimula o uso da bicicleta, incentivando um meio de transporte não
poluente.
 Válvulas de descarga têm acionamento duplo para diminuir o consumo de água.
 Torneiras têm fechamento automático, para reduzir o consumo e evitar o desperdício de
água potável.
 Painel fotovoltaico.

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