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1 INTRODUÇÃO

O início de qualquer programa de melhoria ou de mudanças culturais na

organização deve se dar, de preferência, através do planejamento estratégico da organização,

ou seja, a partir da visão da empresa ou do planejamento em longo prazo, deveriam ser

desdobrados os objetivos, metas, programas e atividades. Nenhum programa deveria nascer

dissociado do negócio da organização, pois, não agregaria qualquer tipo de valor para as

partes interessadas, conforme é comprovado por empresas que lançaram programas apenas

por modismo ou achar que haviam encontrado a solução para todos os seus males.

É valido ressaltar que não se deve encarar a gestão ambiental isoladamente, mais

incluí-la no ambiente da gestão dos negócios, pois ela convive no mesmo ambiente de gestão

pela qualidade total (GQT). Ao implementar, o sistema de gestão ISO 14001, em uma

organização é possível estabelecer um sistema que busca a melhoria contínua dos resultados

da empresa, sendo possível alavancar a gestão pela qualidade total.

A melhoria dos resultados deve ser buscada permanentemente. Isto irá requerer

treinamento da equipe e a construção de um ambiente que favoreça a criatividade e a

iniciativa para todos os níveis funcionais. Para empresas em que a ampliação do sistema de

gestão visando atender os requisitos na norma ISO 14001 seja relevante à ampliação do

sistema deve ser feita em sintonia com o sistema de gestão pela qualidade total adotado pela

organização.

O modelo previsto na norma ISO 14001 abrange a empresa, a comunidade

vizinha, os fornecedores que possam causar impacto ambiental e, de certa forma, os clientes

da empresa, ou seja, busca a satisfação de todas as partes interessadas; é valido ressaltar que o

sistema de gestão deve trazer resultados para empresa, caso contrário ele não serve ao

propósito o qual se destina.


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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A ISO 14001

Como a legislação ambiental é diferente nos diversos países e regiões, surgiu à

necessidade de uma linguagem comum para expressar a conformidade com a gestão

ambiental, ou seja, a norma ISO 14001, aprovada em sua versão final no Rio de Janeiro, em

1996, numa reunião mundial do comitê técnico TC-207 da ISO – comitê responsável pelos

assuntos relacionados ao meio ambiente.

A ISO 14001 visa basicamente à garantia de que existe instalado na organização

um sistema de gestão que considera a melhoria contínua do meio ambiente como diretiva

básica.

As metas de melhoria devem ser fixadas levando-se em consideração a satisfação

das necessidades de todas as partes interessadas do negócio da organização, sendo elas a

empresa, a comunidade vizinha, os fornecedores, clientes.

Entre os benefícios da certificação ambiental ISO 14001, pode ser citado os

seguintes:

 Pode evitar as auditorias ambientais públicas previstas em leis estaduais;

 Harmoniza a gestão ambiental dentro do sistema de gestão das empresas;

 Promove o desenvolvimento sustentável;

 Quebra possíveis barreiras técnicas às exportações;

 Fornece vantagens mercadológicas em relação à concorrência, a ser explorada

por marketing;

 Promove a melhoria de processos e a racionalização do consumo de matéria-

prima;
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 Promove a diminuição do consumo de energias;

Entre os fatores que impulsionam a certificação das empresas estão:

 Crescimento da consciência ambiental;

 Pressões de agências financiadoras;

 Pressões de clientes e seguradoras;

 Modernização e sofisticação do processo produtivo.

Em uma pesquisa realizada pela Price-Waterhause junto a 500 grandes empresas

já certificadas pela ISO 9000, o resultado quanto ao interesse pela certificação ambiental foi o

seguinte:

 43,1% das empresas responderam que pretendiam obter a certificação ISO

14001;

 45,1% das empresas responderam que o assunto estava em estudo;

 11,8% das empresas responderam que não se interessavam pelo assunto.

2.1.1 Implementação da ISO 14001

Para se proceder à implementação do sistema de gestão de modo a obter a

conformidade com a ISO 14001, é fundamental o estabelecimento de um comitê de alto nível

para o acompanhamento do progresso dos trabalhos, trabalhando nos processos

administrativos e produtivos existentes, realizando um mapeamento e análise crítica e ir

modificando ou completando os processos, de modo a atender os requisitos da gestão

ambiental.

Se a organização já possuir a certificação ISO 9000, recomenda-se que esta repita

a abordagem, optando por nomear como responsável a pessoa que liderou a certificação da
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ISO 9000, pois existe muita sinergia entre as normas e o desafio é semelhante. A grande

maioria das empresas brasileiras que obteve a certificação ISO 14001 após a certificação ISO

9000 utilizou a mesma estrutura e o mesmo responsável.

Entretanto, se a empresa ainda não possui a certificação ISO 9000 e quer a

certificação ambiental, deve selecionar alguém com experiência na organização, que seja

conhecido e respeitado pela grande maioria, que tenha uma visão sistêmica, uma sólida base

teórica de conhecimentos, porém aliada a um pragmatismo ainda maior e que seja orientado

para resultados.

É importante que se estipule um orçamento para a implementação do sistema de

gestão ambiental, de forma a que seja possível controlar os investimentos.

A certificação ambiental não é um atestado de empresa limpa ou de não poluidora;

não se pode corrigir todo o passado em um curto intervalo de tempo, pois, desta forma, a

organização pode ir à falência. Deve-se alocar uma razoável parcela do faturamento do

exercício, que não comprometa a saúde financeira da empresa, para ser destinado à correção

gradual das pendências.

A conformidade com a legislação é indispensável para se obter à certificação

ambiental, porém todos os organismos certificadores aceitam que exista um acordo com o

organismo estadual e/ou municipal de controle ambiental para a correção dos problemas.

2.1.1.1 Metodologia de implementação

1. Reconhecimento do problema – esta fase corresponde a efetuar uma

análise crítica preparatória e descobrir as lacunas existentes entre a situação atual e

os requisitos da ISO 14001.

2. Planejamento das atividades necessárias para cobrir as lacunas existentes.


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3. Desenvolvimento das atividades, através da determinação de autoridades e

responsabilidade para as funções que irão trabalhar no projeto.

4. Verificação do cumprimento das atividades – através das auditorias

internas ambientais.

5. Estabelecimentos de ações corretivas necessárias para corrigir as não-

conformidades porventura encontradas.

A certificação ISO 14001 não é necessariamente cara, depende fundamentalmente

da natureza da organização e dos aspectos ambientais e impactos identificados. Entretanto ela

pode atingir valores proibitivos em curto prazo se o passivo ambiental for grande ou não

houver o atendimento à legislação ambiental, nem viabilidade de vir a atendê-la num prazo

considerado razoável pelo organismo de controle ambiental. A maioria das empresas

brasileiras, no passado não teve preocupação maior com o meio ambiente, demandando agora

um investimento para corrigir os danos causados, porém de maneira geral isto é alcançável a

médio ou longo prazo e os organismos estaduais de controle ambiental costumam aceitar um

plano de ação de melhorias, pois sabem que este plano será monitorado pelo organismo

certificador.

Se a empresa já é certificada pela ISO 9000 e não tem muitos impactos ambientais

significativos e nem pendências com a legislação, pode-se calcular em 12 meses o tempo

necessário para obter a certificação ISO 14001.

2.1.2 O organismo certificador

Na escolha da entidade certificadora, devem ser levados em conta os seguintes

critérios:

 Credibilidade junto ao mercado;


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 Aceitação nos países de destino de exportações (se for o caso);

 Disponibilidade no Brasil (escritório e pessoal habilitado);

 Realização de auditorias conjuntas;

 Preço.

É necessário e importante saber se a entidade certificadora possui escopo para

certificar o negócio em questão, ou seja, se a entidade certificadora possui auditores

capacitados para tal função.

Alguns organismos certificadores que possuem escritório ou representação no

Brasil:

 American Bureau of Shipping (A.B.S.-Q.E)

 Associação Brasileira de Normas Técnicas (A.B.N.T)

 Det Norske Veritas (D.N.V.)

 D.Q.S. do Brasil (D.Q.S)

 Lloyd’s Register of Shipping (L.R.S.)

 Societé Generale de Surveillance (S.G.S.)


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Figura 1. Modelo de certificado ISO 14001 emitido pelo DNV.


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2.1.3 Auditoria de certificação

Na certificação ISO 14001, é recomendável não partir para a auditoria de

certificação sem ter feito antes a pré-auditoria completa, abrangendo todos os requisitos da

norma; na pré-auditoria serão apontadas as não-conformidades.

Após a realização da pré-auditoria, caso a organização não possua nos seus

quadros um profissional com o perfil e experiência em sistema de gestão ambiental, é

recomendável convidar um profissional externo, com experiência no assunto, que possa

ajudar a organização no fechamento das não-conformidades apontadas. Uma vez fechadas

todas as não-conformidades, pode ser marcada a auditoria com o certificador.

O primeiro item que será avaliado na auditoria de certificação será o de avaliação

de aspectos e impactos ambientais, normalmente logo a seguir à reunião de abertura da

certificação e contando com a presença de todos os auditores e dos representantes da

organização que trabalharam na identificação, fundamentalmente por ser o item mais

importante na norma e por todos os demais decorrerem dele.

Outro item avaliado logo no primeiro ou segundo dia de auditoria é a

monitorização e medição, visando dar tempo à organização para corrigir quaisquer desvios

durante o processo de auditoria.

2.1.4 Requisitos definidos na Norma NBR ISO 14001

2.1.4.1. Geral

Sistema de Gestão Ambiental (SGA) – estabelecido e mantido pela organização, e habilita a

mesma a:

 Estabelecer Política Ambiental apropriada para si;


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 Identificar aspectos ambientais para determinar os impactos ambientais

significativos;

 Identificar requisitos legais relevantes;

 Determinar prioridades, objetivos e metas;

 Estabelecer programa para implementar política e atingir objetivos e metas;

 Facilitar o planejamento, controle, monitoramento, ações corretivas, auditoria e

revisão;

 Adaptar o SGA diante de mudanças de circunstâncias

2.1.4.2 Política ambiental

Definir política pela alta administração, ou seja, indivíduo ou grupo com

responsabilidade executiva pela organização, que assegure:

 Seja adequada à natureza, escala e impactos da organização;

 Inclua compromisso com melhoria contínua e de prevenção da poluição;

 Inclua compromisso com conformidade legal. Regulatória e quanto a outros

requisitos a que a organização se subscreve;

 Seja base à formulação de objetivos e metas ambientais;

 Seja documentada, implementada, mantida e comunicada aos empregados;

 Esteja disponível ao público.

2.1.4.3 Planejamento

1)Aspectos Ambientais

Identificar aspectos ambientais de suas atividades, produtos e serviços sobre os

quais possa exercer controle ou influência – e impactos decorrentes – considerando:


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 Emissões atmosféricas e efluentes hídricos;

 Gerenciamento de resíduos e contaminação de solo.

 Uso de matérias-primas e recursos naturais;

 Questões ambientais locais;

 Organizações sem SGA

 Revisão inicial, cobrindo:

- Requisitos legais e regulatórios.

- Aspectos ambientais e significativos.

- Exame de práticas e procedimentos de Gestão Ambiental.

- Feed-back de incidentes e acidentes prévios.

2)Requisitos Legais e regulatórios

Procedimento para identificar requisitos legais e regulatórios aplicáveis,

incluindo:

 Legislação ambiental vigente;

 Normas técnicas e diretrizes não regulatórias aplicáveis;

 Código de prática a que se subscreve;

 Acordos e compromissos com autoridades ambientais.

3) Objetivos e Metas Ambientais

Objetivos e metas documentados em casa função e nível relevante dentro da

organização deve considerar:

 Consistência com requisitos legais e sua política;

 Compromisso com prevenção de poluição;


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 Mensurabilidade;

 Melhor tecnologia disponível, economicamente viável.

4) Programa de Gestão Ambiental

 Programa de atingimento dos objetivos e metas;

 Designação de responsabilidade por nível e função;

 Meios e cronogramas de atingimento de metas;

 Revisão ambiental.

2.1.4.4 Implementação

1) Estrutura e Responsabilidade

 Papéis, responsabilidade, autoridade e recursos humanos, incluindo:

- Definição;

- Documentação;

- Comunicação adequada;

- Representante gerencial da alta administração, com autoridade para assegurar

cumprimento dos requisitos e reportar desempenho do SGA para a alta

administração;

- Comprometimento geral.

2) Treinamento, conscientização e competência

Identificação de necessidades e conscientização dos empregados para:

 Conformidade com a política e demais requisitos;

 Identificação dos impactos de suas atividades;


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 Conhecimento de seu papel e responsabilidade;

 Conhecimento de conseqüências de descumprimentos.

3) Comunicação

 Comunicação interna entra as várias funções e níveis da organização;

 Recebimento, documentação e resposta a comunicações externas de partes

interessadas;

 Comunicação com autoridades.

4) Documentação do SGA

 Descrever os elementos do SGA e sua interação;

 Estabelecer fluxo de documentação;

 Fornecer direção de onde se encontra documentação detalhada.

5) Controle de documentos

 Simples localização e identificação;

 Revistos periodicamente;

 Devem estar disponíveis em versões atuais nas áreas afins;

 Criação, alteração, aprovação só por pessoal autorizado;

6) Controle operacional

Procedimentos para operações com aspectos ambientais relevantes:

 Procedimentos específicos documentados cobrindo situações em que sua

ausência levaria a desvios da política, objetivos e metas;


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 Estabelecimento de requisitos ambientais nos procedimentos;

 Comunicação de procedimentos a prestadores de serviço.

7) Preparação e atendimento a emergências

Procedimentos documentados para:

 Identificar potencial de acidentes e emergências;

 Definir as ações e responsabilidades em emergências;

 Prevenção e mitigação de impactos decorrentes;

2.1.4.5 Verificação e ação corretiva

1) Monitoramento e medição

Procedimentos documentados para:

 Medir e monitorar regularmente os aspectos causadores de impacto

significativo;

 Manter registros dessas informações;

 Calibrar e manter instrumentos de medida;

 Avaliar periodicamente a conformidade legal e regulatória.

2) Não conformidade, ação corretiva e preventiva

Procedimentos para:

 Definir responsabilidades e autoridade para investigar não-conformidades e

iniciar ações preventivas e corretivas;

 Adequar ações corretivas à magnitude do impacto.


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 Registro de mudança de procedimentos oriundas de ações corretivas e

preventivas.

3) Registros

Procedimentos para identificação, manutenção, recuperação e disponibilidade de

registros, incluindo:

 Informações sobre leis e regulamentos ambientais aplicáveis;

 Relatórios de reclamações;

 Registros de treinamentos;

 Informações de processo e produto;

 Registro de inspeção, manutenção e calibração;

 Informações sobre prestadores de serviço;

 Registro de incidentes;

 Registro de impactos ambientais significativos;

 Resultados de auditorias e revisões da gestão.

4) Auditoria do SGA

Programas e procedimentos para auditorias periódicas do SGA, visando:

 Determinar conformidade com a norma;

 Determinar adequação da implementação e manutenção;

 Promover informações para a alta administração;

 Comunicar procedimentos a prestadores de serviço.

Programas e procedimentos devem cobrir:

 As atividades e áreas a serem cobertas;


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 A freqüência e a forma de condução das auditorias;

 As responsabilidades associadas à conduta das auditorias e as competências do

auditor;

 A comunicação das evidencias.

2.1.4.6 Análise crítica pela administração

Procedimentos para revisão documentada do SGA pela alta administração com

vistas a:

 Assegurar propriedade, adequabilidade e efetividade continuada do

sistema;

 Identificar possíveis necessidades de adaptações da política, objetivos e

outros requisitos do SGA.

A análise crítica deve considerar:

 O resultado de auditorias;

 O desempenho no cumprimento dos objetivos e das metas;

 Mudança de cenário, contexto e condições;

 Compromisso do SGA com melhoria contínua;

 As preocupações manifestas das partes interessadas.


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3 CONCLUSÃO

A ISO 14001 visa basicamente à garantia de que existe instalado na organização

um sistema de gestão que considera a melhoria contínua do meio ambiente como diretiva

básica; abrange a empresa, a comunidade vizinha, fornecedores e os clientes da empresa.

Nos dias de hoje, cada vez mais as organizações devem se preocupar em aumentar

sua “eco-eficiência”, ou seja, sua eficiência na utilização de recursos não- renováveis,

matérias-primas, energias, água e uso do solo e do ar. O sistema de gestão da organização é a

base para o estabelecimento de um método de gerenciamento que vise à melhoria contínua

dos resultados e promova o desenvolvimento sustentável.


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REFERÊNCIAS

1. Almeida, J.R.; Mello, C.S.; Cavalcanti, Y.; Gestão Ambiental, planejamento, avaliação,
implantação, operação e verificação, 2ª edição, Editora Thex, Rio de janeiro, 2004.

2. Junior, E.V.; Sistema Integrado de Gestão Ambiental - como implementar a ISO


14000 a partir da ISO 9000 dentro de um ambiente de CGT, 2ª edição, Editora Aquariana,
São Paulo, 1998.

3. Pinto, J.S.; Anholon, R.; Lima, R.; Lima, R.M.; Alves, V.A.; O impacto causado pela
implantação da NBR ISO 14001: Benefícios alcançados ao longo dos anos por uma
empresa brasileira no setor elétrico, Faculdades Integradas Metropolitanas de Campinas.

4. Site Wikipédia, http://pt.wikipedia.org/wiki/ISO_14000, retirado em 19 de novembro de


2008.

5.Site Ambiente Brasil,


http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./gestao/index.html&conteudo=./
gestao/iso.html, retirado em 19 de novembro de 2008
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