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JUAZEIRO DO NORTE, CE
2019
JOSE ISAAC SAMPAIO CRUZ
JUAZEIRO DO NORTE, CE
2019
À toda Região Metropolitana do Cariri
AGRADECIMENTOS
A minha família, principalmente aos meus pais, José Sampaio Cruz e Ângela Gleison
Dantas Sampaio Cruz, pela confiança, incentivo, compreensão, apoio e seus amores
incomensuráveis.
A minha professora e orientadora de pesquisa, Janeide Ferreira, que mesmo antes da
pesquisa contribuiu de inúmeras formas no meu desenvolvimento educacional e profissional,
com seus incentivos e conselhos.
Ao meu professor e orientador da bolsa de estudos, Jefferson Marinho, no qual
participou de forma crucial para meu desenvolvimento enquanto acadêmico. E a todos os
demais professores que contribuíram compartilhando dos seus conhecimentos de forma
espontânea e objetiva.
Aos meus primos e amigos, Markus Wanderson, Cyanne Parente, Alana Almeida,
Roana Gouveia, Sara Nogueira, João Diniz, Camila Alencar, Adailza Mourão e Leide Daiane,
por todo apoio, incentivo, confiança, carinho, paciência, compreensão e por sempre acreditarem
em mim.
A todos que compõe o Laboratório de Inovação e Sustentabilidade (LABIS),
principalmente aos amigos Adelson Lacerda e Lucas Menezes, que me ajudaram de várias
formas e inúmeras vezes nessa jornada acadêmica.
Aos meus colegas e amigos de graduação, no qual foram uma das maiores conquistas
adquiridas durante o período da universidade. E a todos que compõe a Universidade Regional
do Cariri (URCA), que contribuíram diretamente e indiretamente para minha formação
acadêmica.
“A verdadeira felicidade não está em fazer o que
se deseja, mas em amar o que se realizou.”
Winston Churchill
“Dattebayo”
Uzumaki Naruto
RESUMO
’ Minuto
” Segundo
° Grau
ABSOLAR Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica
ANA Agência Nacional de Águas
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
APA Área de Proteção Ambiental
APP Área de Proteção Permanente
C Celsius
CCST Centro de Ciência do Sistema Terrestre
CD Cartografia Digital
CE Ceará
cm Centímetro
CRESESB Centro de Referência para as Energias Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito
GNSS Global Navigation Satellite System
GPS Global Positioning System
GW Gigawatt
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEA International Energy Agency
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
km Quilômetro
km² Quilômetro quadrado
kWh Quilowatt-hora
kWp Quilowatt-pico
LABREN Laboratório de Modelagem e Estudos de Recursos Renováveis de Energia
m² Metro quadrado
MDE Modelo Digital de Elevação
mm Milímetro
MME Ministério de Minas e Energia
MW Megawatt
N Norte
NASA National Aeronautics and Space Administration
NMM Nível Médio dos Mares
O Oeste
PIB Produto Interno Bruto
PV Fotovoltaica
REM Radiação Eletromagnética
RMC Região Metropolitana do Cariri
RMF Região Metropolitana de Fortaleza
S Sul
SIG Sistema de Informação Geográfica
SR Sensoriamento Remoto
SRC Sistemas de Referências de Coordenadas
SRTM Shuttler Radar Topographic Mission
USGS United States Geological Survey
VANT Veículos Aéreos Não Tripulados
Wh Watt-hora
ZEA Zona Especial Ambiental
δ Declinação Solar
θa Ângulo Azimutal Solar
ω Ângulo Horário Solar
𝜃z Ângulo Zenital Solar
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12
1.1. Objetivos ......................................................................................................................... 13
1.1.1. Objetivo Geral................................................................................................................. 13
1.1.2. Objetivos Específicos ...................................................................................................... 13
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 14
2.1. Energia Solar ................................................................................................................... 14
2.2. Radiação Solar ................................................................................................................ 14
2.2.1. Albedo da Superfície ....................................................................................................... 16
2.2.2. Irradiação Direta ............................................................................................................ 17
2.2.3. Irradiação Difusa ............................................................................................................ 19
2.2.4. Irradiação Global Horizontal ......................................................................................... 20
2.2.5. Irradiação no Plano Inclinado........................................................................................ 21
2.3. Energia Solar Fotovoltaica .............................................................................................. 23
2.4. Topografia ....................................................................................................................... 25
2.5. Geotecnologias ................................................................................................................ 27
2.6. Geoprocessamento .......................................................................................................... 28
2.6.1. Sistema de Informações Geográficas .............................................................................. 28
2.6.2. Sensoriamento Remoto .................................................................................................... 29
2.6.3. Georreferenciamento ...................................................................................................... 31
3. ÁREA DE ESTUDO ....................................................................................................... 32
3.1. Climatologia da Região Metropolitana do Cariri ............................................................ 33
4. MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................... 35
4.1. Primeira Etapa: Fundamentação Teórica ........................................................................ 36
4.2. Segunda Etapa: Coleta e Tratamento de dados ............................................................... 36
4.2.1. Dados Georreferenciados ............................................................................................... 36
4.2.2. Irradiações Solares da RMC........................................................................................... 37
4.3. Terceira Etapa: Análise e Comparação ........................................................................... 38
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 39
5.1. Topografia da Região Metropolitana do Cariri ............................................................... 39
5.2. Irradiação Solar ............................................................................................................... 40
5.2.1. Irradiação Direta ............................................................................................................ 41
5.2.2. Irradiação Difusa ............................................................................................................ 42
5.2.3. Irradiação Global Horizontal ......................................................................................... 43
5.2.4. Irradiação no Plano Inclinado........................................................................................ 45
6. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 49
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 51
12
1. INTRODUÇÃO
Desse modo, o Brasil tem tendências aos investimentos em energias renováveis, sendo
assim, levando em consideração que o Norte e Nordeste são as regiões do Brasil com maior
proximidade à Linha do Equador, surgiu o interesse em avaliar a situação das irradiações solares
da RMC, a qual está localizada no Nordeste, mais precisamente ao sul do estado do Ceará, onde
é constituída por nove municípios: Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Jardim, Missão Velha,
Caririaçu, Farias Brito, Nova Olinda e Santana do Cariri.
Entretanto, o potencial das irradiações não é determinado apenas por sua proximidade a
Linha do Equador, devendo-se levar em consideração o bioma, clima e a topografia da área em
questão, sendo essas algumas diretrizes que influenciam no potencial energético. Portanto,
visando um melhor aproveitamento desse meio de geração de energia, o trabalho apresenta
através de técnicas de mapeamentos geoprocessados associados as irradiações solares (sejam
elas diretas, difusas, horizontais e no plano inclinado) a relevância do geoprocessamento.
Considerando que o geoprocessamento permite integrar informações espaciais como:
limites territoriais, pontos de elevações, irradiações, características ambientais e dentre outras,
tornou-se possível analisar as taxas de irradiações solares dos municípios da RMC com as do
país, logo, permitindo determinar os locais que contemplam dessas maiores taxas e por
consequência, obter um maior aproveitamento para a produção da energia solar fotovoltaica,
acarretando em um desenvolvimento regional sustentável.
1.1. Objetivos
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Caracterizada como uma fonte sustentável, a energia solar resultante do calor e da luz
do Sol tem o seu potencial energético explorado através de diversas tecnologias, onde são
divididas nas formas de aquecimento solar, energia heliotérmica, arquitetura solar e energia
solar fotovoltaica. Segundo o Centro de Referência para as Energias Solar e Eólica Sérgio de
Salvo Brito (CRESESB, 2006), o Sol fornece para a atmosfera terrestre cerca de 1,5 x 1018 kWh
de energia por ano, tratando-se de 10.000 vezes o valor do consumo mundial da energia elétrica.
Portanto, uma energia inesgotável que pode suprir da crescente demanda energética mundial.
Conforme a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL, 2005), quase todas as
fontes de energias são formas indiretas da energia solar, sendo elas: Hídrica, Biomassa, Eólica,
Combustíveis Fósseis e Maremotriz. Desse modo em sua totalidade a energia solar corresponde
a uma grande parcela das energias geradas.
Esta energia é classificada pelos métodos de captura, entre elas temos a Direta e Indireta.
A direta é quando necessita apenas de uma etapa para captar a energia solar e transformar em
energia elétrica, ocorre na medida que os efeitos da radiação entram em contato com os
semicondutores (Placas Fotovoltaicas), destacando-se os efeitos fotovoltaicos e termoelétricos,
a indireta necessita de duas ou mais etapas para a captação e conversão para a energia elétrica,
destacando-se a energia heliotérmica (ANEEL, 2005); (PINTO e outros, 2015).
Essa radiação é apresentada de cinco formas distintas, seja ela Direta, Difusa, Global
Horizontal, Global no Plano Inclinado e a Fotossinteticamente Ativa, embora de acordo com
Pereira e outros (2006), a fotossinteticamente ativa não apresenta aplicações diretas para a
energia elétrica, mas tem grande relevância na fotossíntese e para a área do setor de
biocombustíveis. A transição do termo Radiação para Irradiação dar-se após a exposição da
mesma ao sistema Terra-atmosfera.
Sendo assim, a Irradiação Direta é a energia emitida pelo Sol que penetra diretamente
ao solo, sem sofrer qualquer influência, por isso contém a maior potência energética dentre as
cinco. A Irradiação Difusa atinge o solo somente após sofrer espalhamento pela atmosfera
terrestre (perpassando por gases e/ou nuvens), sendo a menor com potencial energético. A
Irradiação Global Horizontal é uma composição por parte da Irradiação Direta e Difusa,
enquanto a Irradiação no Plano Inclinado em suma é a Irradiação Global com uma inclinação à
Linha do Equador mais o Albedo da Superfície. (PINHO e GALDINHO, 2014); (PEREIRA e
outros, 2017); (MENDES e FERNANDES NETO, 2018); (PEREIRA, 2019). É possível
assemelhar de forma mais didática os tipos de irradiações solares na Figura 1.
Fonte: (PINHO e GALDINHO, 2014); (PEREIRA e outros, 2017); (MENDES e FERNANDES NETO, 2018);
(PEREIRA, 2019), adaptado.
Dessa forma, a proporção irradiada está associada a diversos fatores, onde o principal
elemento dissipador da energia solar são as nuvens, as quais são geradas num clico hidrológico
ocasionado pela evaporação d’água e, posteriormente, condensando-se na atmosfera
16
onde exerce uma variação de -180° à +180º, ao decorrer de cada hora a partir do período da
manhã, acrescenta-se +15º aos -180º (PEREIRA e outros, 2017).
Outro ângulo consideravelmente notável para os estudos da irradiação, é conhecido por
Declinação Solar (δ), o qual é formado pela inclinação do plano equatorial da Terra e a linha
de direção Sol-Terra, apresentando variações angulares de -23° 27’ à +23° 27’ ao longo do
período de um ano, deste modo, a angulação torna-se negativa quando a linha de direção Sol-
Terra cruza a superfície no Hemisfério Sul (PEREIRA e outros, 2017).
A Figura 4 demonstra as angulações variando de acordo com a posição do Sol em
relação aos períodos do ano, onde no período conhecido como Equinócio temos o Sol irradiando
com maior potência as regiões localizadas mais próximas à linha do Equador, e os Solstícios
que favorecem um dos hemisférios.
Tratando-se do hemisfério sul, onde está localizado o Brasil, a partir de 20 de março até
21 de julho (sendo o ápice do solstício de inverno) as noites são mais longas que os dias, logo,
temos menos quantidade de irradiação solar, e mais irradiação de setembro a dezembro, com
dias mais longos. A Figura 5 apresenta um mapa temático do Brasil quantificando a Irradiação
Solar Direta Normal que incide de forma perpendicular à superfície, tomando como série
histórica um período de 20 anos, do ano de 1999 a 2018. Percebe-se que persevera durante o
período de estudo uma maior irradiação localizada no Nordeste e com maiores intensidades nos
locais mais distantes aos oceanos.
19
Ademais, nota-se que mesmo o Norte estando localizado mais próximo a linha do
equador não apresenta maiores irradiações, isso se dar em partes ao seu bioma, onde a vegetação
e clima predominante intensificam a geração de nuvens que difundem a irradiação.
A irradiação global horizontal por reproduzir a somatória dos valores diretos e difusos,
apresenta uma variação menor entre a taxa mínima e máxima irradiada, denotando maior
uniformidade com relação aos valores de irradiação solar do país, porém, a maior concentração
da irradiação ainda se encontra no Nordeste brasileiro, com valores de até 6,2 kWh/m².dia. E
em contra partida as menores taxas que se difundiam no Norte do país, passam a se situar ao
sul, com ênfase no estado de Santa Catarina.
(2017), a retratam sendo a taxa de energia total incidente naquela área, sobre um plano inclinado
na latitude do local em relação à superfície terrestre.
A Figura 7 apresenta uma síntese da média anual das taxas de irradiações solares de
acordo com os estudos realizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) no ano
de 2017, através de uma série histórica com mais de 17 anos de dados de satélites.
Observa-se que as irradiações médias por Grande Região seguem um mesmo padrão,
onde a Direta Normal é menor que a Global Horizontal, que por sua vez é menor que no Plano
Inclinado, logo, é possível notar a importância de orientar à inclinação correta para um melhor
aproveitamento das taxas energéticas. Segundo Vargas e outros (2019), no hemisfério sul,
recomenda-se orientar para o norte verdadeiro e incliná-las (placas fotovoltaicas) nessa direção
em um ângulo correspondente à latitude do local, visando um melhor aproveitamento da
captação da energia solar.
A Alemanha que em potencial fotovoltaico tem suas taxas máximas ainda menores que
as mínimas do Brasil, está em quarto lugar de potência acumulada do mundo com 45,4 GW,
enquanto o Brasil contempla apenas de 2,4 GW de potência. De acordo com a ABSOLAR
(2019), mais de 2 GW em usina fotovoltaica estão em operação, onde esse número representa
mais de R$ 10 bilhões em investimentos privados atraídos ao país desde 2014, que viabilizaram
a geração de mais de 50 mil novos empregos, além de que as usinas geram energia elétrica
limpa e renovável, suficiente para suprir um consumo equivalente à necessidade de mais de três
milhões de brasileiros, ademais, há mais de 1,7 GW em novos projetos em fase de
desenvolvimento e construção, com início de operação prevista para até 2022.
2.4. Topografia
2.5. Geotecnologias
2.6. Geoprocessamento
Entende-se por geoprocessamento como um conjunto de técnicas que realizam o
processamento de dados georreferenciados secundários e os transforma em informações
primarias com um rigor técnico-cientifico. Nesse contexto, Pereira (2019) afirma que ao
permitir essas intersecções de dados georreferenciados, é possibilitado a apresentação dessas
informações em gráficos, tabelas e mapas, o tornando de grande utilidade para planejamentos
ambientais, e por consequência disso vários pesquisadores utilizam dessas técnicas de
geoprocessamento para estudos de cunho geográfico e ambiental.
A esse respeito, Sousa (2019, p. 21) complementa:
O Geoprocessamento pode ser entendido como uma tecnologia que abrange um vasto
campo de ferramentas e técnicas de maneira interdisciplinar, com aplicabilidade em
quaisquer áreas de conhecimento. Tornando-o extremamente relevante dentro do
contexto atual em que vivemos, pois, sua utilização é cada vez mais requisitada em
função da necessidade da análise e tratamento de informações espaciais,
imprescindíveis para acompanhar o sistema de globalização, com o sensoriamento
remoto (SR), os sistemas de referências de coordenadas (SRC) e os sistemas de
posicionamento de satélites (GPS).
Dessa maneira, com o desenvolver das tecnologias o geoprocessamento foi utilizado
nas mais diversas áreas, sempre com o intuito de integrar os dados brutos para a geração de
informações direcionadas e mais pertinentes. Portanto, essa técnica vem se mostrando
importante para diversos estudos avaliativos, principalmente com relação a sustentabilidade
ambiental, seja no contexto da desertificação, desmatamento e poluição, além disso, a vasta
aplicabilidade dessa área possibilitou até mesmo para a utilização em questões sociais, como
de segurança pública, podendo ajudar na gestão e analise da criminalidade urbana (PEREIRA
e outros, 2014); (PEREIRA; LOBÃO e OLIVEIRA JUNIOR, 2019); (NASCIMENTO e
OLIVIERA, 2019).
Com a possibilidade de realizar analises espaciais, a tecnologia e os conceitos a respeito
do geoprocessamento vêm adquirindo mais credibilidade a partir das diferentes formas do seu
emprego e com a precisão que pode ser oferecida nos dados avaliados. Essa precisão e acurácia
depende não só da atividade realizada para adquirir os dados georreferenciados, mas também
na forma de como é feito o processamento.
forma de onda e ao mesmo tempo uma forma de energia. Desse modo, o sensoriamento remoto
torna-se uma das principais tecnologias para a obtenção das taxas de radiações solares presentes
na superfície terrestre, e por ser um dos componentes das geotecnologias, é possível associar
os dados obtidos através do SR com um SIG para realização do geoprocessamento e produção
de mapas temáticos.
Diante disso temos o Sol como sendo a mais importante fonte natural de REM utilizada
pelos sensores passivos, assim classificados por necessitarem de energias externas para o seu
devido funcionamento, e por outro lado temos os sensores ativos, que possuem uma fonte de
energia própria seja por meio de ondas de rádios, spot de luz das filmadoras, flash de celulares
etc. (FITZ, 2008). Os sensores passivos detêm de uma grande energia para seu funcionamento
durante o dia, porém, o principal problema enfrentado por eles é permanecer este
funcionamento a noite ou em dias nublados, visto que não possuem de uma REM própria para
contornar a ausência das luzes solares e captar as imagens.
Vale ressaltar a existência doutra forma de classificação dos sensores, que são entre
sensores imageadores e não-imageadores. No qual Fitz (2008), relaciona com o tipo de produto
gerado, logo, os sensores imageadores são aqueles que traduzem as informações por meio de
imagens, semelhante as fotografias (surgindo o conceito das imagens de satélites), e os sensores
não-imageadores são aqueles que proporcionam os dados coletados na forma de gráficos e em
dados digitais diversos.
Os avanços tecnológicos que possibilitaram orbitar os satélites e a realização de missões
espaciais também foram responsáveis para que a ciência do sensoriamento remoto entrasse em
uma expansão exponencial, acoplando um sistema de radar especialmente modificado ao
Endeavour (ônibus espacial), dessa maneira, a National Aeronautics and Space Administration
(NASA) no ano de 2000, liderou a missão Shuttler Radar Topographic Mission (SRTM) com
o escopo de gerar um Modelo Digital de Elevação quase-global, onde foi possível adquirir
dados sobre mais de 80% da superfície terrestre com resoluções de 1 arco segundo,
aproximadamente 30 metros (PINTO, 2012).
Porém, existem também a possibilidade da utilização dos Veículos Aéreos Não
Tripulados (VANT) para áreas menores e que necessitem de uma maior precisão (menor
resolução espacial), como o nome já sugere, são pequenas aeronaves que não necessitam de
uma pessoa para tripular podendo ser controladas remotamente, além disso, os VANT’s
necessariamente contemplam de uma câmera de filmagem para a realização do sensoriamento
remoto. Coelho e outros (2019), realizou um estudo utilizando do VANT Phantom 4 Advanced
onde foi possível adquirir imagens com resoluções espaciais de até 2 cm.
31
2.6.3. Georreferenciamento
De acordo com Rodrigues (2017), com a necessidade de conquistar novas fronteiras de
forma segura, estudou-se métodos para navegar por locais desconhecidos garantindo a
determinação da localização durante todo o trajeto. Sendo assim, desenvolveu-se o GNSS que
fornece pontos de latitude e longitudes, conhecidos como coordenadas geográficas.
Utilizando dessas coordenadas geográficas fornecidas pelo GNSS, foi possível a
idealização e criação do SIG se tratando de um sistema computacional trabalhado em um
número infinito de informações de cunho geográfico, que possibilita o manuseio de dados e
informações georreferenciadas (FITZ, 2008); (SILVA e PEREIRA, 2018).
Ademais, de acordo com Roque e outros (2006), georreferenciar um mapeamento ou
imagem de satélite é tornar suas coordenadas conhecidas em um sistema de referência,
associados a Pontos de Controle que são feições físicas perfeitamente identificáveis tais como:
Interseções de estradas e rios, represas, aeroportos, edifícios proeminentes, topo de montanhas,
dentre outros.
32
3. ÁREA DE ESTUDO
A Região Metropolitana do Cariri está situada no Sul do estado do Ceará, sendo a
segunda maior aglomeração urbana do estado, ficando atrás apenas da Região Metropolitana
de Fortaleza (RMF), composta por nove municípios a RMC é uma das mais importantes do
Nordeste destacando-se por sua riqueza em solo, recursos hídricos, minerais e variedades na
sua agricultura, desenvolvendo atividades comerciais, industriais e serviços dos mais variados
(MASCARENHAS e BARROSO, 2015). A Figura 11 apresenta um mapa de localização da
Região Metropolitana do Cariri e seus eventuais municípios.
Área População
Coordenadas Geográficas Ano de
Nº Municípios Territorial Estimada
Criação
(IBGE, 2018) (IBGE, 2019)
Latitude Longitude
1 Barbalha 7°17'56.10"S 39°18'09.44"O 1846 569,508 km² 59.732
2 Caririaçu 7°02'30.56"S 39°17'07.80"O 1876 623,564 km² 26.965
3 Crato 7°13'50.84"S 39°24'44.35"O 1764 1.176,467 km² 132.123
4 Farias Brito 6°55'34.10"S 39°34'24.10"O 1890 503,622 km² 19.450
5 Jardim 7°35'07.39"S 39°16'45.42"O 1814 552,424 km² 27.174
6 Juazeiro do Norte 7°13'45.02"S 39°18'45.08"O 1911 248,832 km² 274.207
7 Missão Velha 7°14'59.34"S 39°08'25.18"O 1864 645,704 km² 36.442
8 Nova Olinda 7°05'30.49"S 39°40'46.76"O 1957 284,401 km² 15.565
9 Santana do Cariri 7°11'10.67"S 39°44'15.55"O 1885 855,563 km² 17.700
Fonte: IBGE (2009; 2018 e 2019) e Google Earth (2019), adaptado.
Figura 12: Climatologia da chuva média mensal dos municípios da Região Metropolitana do
Cariri no período de 1981 – 2011
4. MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia aplicada foi dividida em três etapas, onde a pesquisa teve caráter
explicativo quanti-qualitativo com a aplicação de um estudo de caso. A princípio o fluxograma
na Figura 13 apresenta as etapas e fases que foram realizadas para concluir o objetivo geral do
trabalho, em seguida essas etapas foram discriminadas e detalhadas em subtítulos.
O fluxograma apresenta pontos característicos de cada etapa realizada, onde foi dividido
entre a parte teórica compondo a primeira etapa e a prática compondo a segunda. A realização
das duas etapas é interdependente, porém para a inicialização da terceira foi necessário a
conclusão das duas primeiras.
36
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura 15: Mapa da Irradiação Solar Anual Direta na Região Metropolitana do Cariri
(Wh/m².dia)
O Brasil por ter dimensões continentais e variados tipos de biomas, apresenta grande
discrepância nas irradiâncias, onde em locais mais úmidos atinge cerca de 1.778 Wh/m².dia e
locais com características ambientais que não dissipam tanto a radiação, alcança até a 6.465
Wh/m².dia, logo, apresenta aproximadamente uma média anualmente de 4,12 kWh/m².dia.
Evidentemente as menores irradiações se propagam no Norte do Brasil, ocasionadas
pelas mudanças climáticas, principalmente em função da Floresta Amazônica, assim como os
índices de irradiação na RMC diminuem gradativamente conforme se aproxima da Chapada do
42
Figura 16: Mapa da Irradiação Solar Anual Difusa na Região Metropolitana do Cariri
(Wh/m².dia)
6,0
5,8
5,6
5,4
5,2
5,0
4,8
4,6
4,4
4,2
Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Barbalha Caririaçu Crato
Farias Brito Jardim Juazeiro do Norte
Missão Velha Nova Olinda Santana do Cariri
A Figura 17, apresenta um mapa com a proporção média anual dessas irradiações
globais horizontais, no qual a RMC está categorizada com quatro cores distintas, enquadrando-
se entre os intervalos de 5.615 a 5.952 Wh/m².dia em uma média anual, logo, de acordo com
essas variações a média anual da RMC seria de aproximadamente 5,78 kWh/m².dia. Entretanto,
ao associar essas irradiações com os dados fornecidos pelo site do CRESESB, no Quadro 02, e
45
calcular a média anual dos 09 municípios, obteve-se um valor de 5,82 kWh/m².dia. Essa
diferença na média é em consequência das áreas escolhidas como parâmetro, visto que, no
município do Crato, por exemplo, em dependência da localidade o mesmo é categorizado com
várias cores. Com o geoprocessamento pode-se avaliar as áreas onde a irradiação é maior e por
consequência, obter maior aproveitamento energético ao evitar esses locais.
Figura 17: Mapa da Irradiação Solar Anual Global Horizontal na Região Metropolitana do
Cariri (Wh/m².dia)
pelo Sol, devido a variação angular ocasionada pelo movimento de translação, desse modo,
originou-se o conceito da Irradiação no Plano Inclinado.
Em virtude disso, o programa SunData v 3.0 fornece as irradiações solares mensais no
Plano Inclinado com inclinações angulares que garantam a maior média anual, conforme o
Quadro 3. Em comparação com o Quadro 2 que apresentava as irradiações globais horizontais,
percebe-se um sutil aumento nas taxas energéticas e que as maiores irradiações estão todas
presentes no mês de setembro.
Nesse caso, constata-se que o município de Jardim continua com a menor irradiação,
no mês de junho, porém a maior irradiação nesse caso passa a ser do Crato no mês de setembro,
com 6,66 kWh/m².dia, o índice de maior irradiação foi menor que o da Global Horizontal,
porém todos os valores médios anuais aumentaram, com Juazeiro do Norte mantendo a maior
média anual da Região Metropolitana do Cariri e Jardim com a mais baixa.
Porém, vale lembrar que mesmo Jardim apresentando o menor valor entre os noves
municípios, o mesmo ainda está muito acima da média anual brasileira. Nesse caso, a média
anual de irradiação na Região Metropolitana do Cariri é de 5,85 kWh/m².dia, com um aumento
de 0,03 kWh/m².dia em relação a Global Horizontal. É possível visualizar melhor o
comportamento dessas taxas energéticas solares mensais da RMC, no Gráfico 2.
47
6,00
5,80
5,60
5,40
5,20
5,00
4,80
4,60
4,40
Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Barbalha Caririaçu Crato
Farias Brito Jardim Juazeiro do Norte
Missão Velha Nova Olinda Santana do Cariri
O município de Jardim é o único que apresenta uma discrepância relevante nos valores
mínimos de irradiação com relação aos demais municípios, isso é melhor explicitado através da
Figura 18, mesmo que o mapa apresente apenas taxas de médias anuais.
Figura 18: Mapa da Irradiação Solar Anual no Plano Inclinado na Região Metropolitana do
Cariri (Wh/m².dia)
6. CONCLUSÃO
utilizar das outras formas de produções energéticas que agridem o meio ambiente, considerando
o desperdício desse grande potencial natural.
Para trabalhos futuros com relação a energia solar fotovoltaica, sugere-se um foco maior
na questão das irradiações globais horizontais e no plano inclinado, visto que as placas não irão
realizar uma segregação na origem das radiações, como também, realizar um estudo mais
aprofundado da climatologia do local para melhor dimensionar a Energia PV.
Além disso, avaliar a viabilidade para uma implementação de uma micro usina solar
fotovoltaica para a região, utilizando de técnicas de geoprocessamentos mais locais, para uma
melhor determinação de inclinação das placas fotovoltaicas e obter maiores taxas energéticas.
Vale salientar que com o georreferenciamento local é possível fornecer coordenadas de
precisões centimétricas e até mesmo milimétricas a depender do equipamento utilizado,
podendo determinar com exatidão o Norte Verdadeiro para posicionar as placas fotovoltaicas
rotacionadas para o Sol, além de obter a latitude daquela área para fazer o ajuste necessário na
inclinação das placas, considerando que com o pequeno ajuste de inclinação de 5º a 7º N, para
abranger toda a área de estudo, foi possível aumentar os valores das taxas de irradiações
incididas no plano inclinado.
Desse modo, com a implementação da usina fotovoltaica a geração de novos empregos
é eminente, além da redução dos custos com energia e a preservação do meio ambiente,
aplicando o conceito de sustentabilidade para desenvolvimento regional e diminuindo a
degradação do planeta. Diante disso, é relevante ressaltar a importância das políticas públicas
para com os incentivos a esse meio de produção energética, considerando a necessidade da
geração de emprego e do desenvolvimento regional.
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