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1. INTRODUÇÃO
Como profissional da área ambiental, com formação acadêmica como Tecnólogo
em Gestão Ambiental e pós graduado na área de urbanismo, mais especificamente na
Gestão Estratégica do Território Urbano, entusiasta pela educação como meio de dotar
as pessoas com os atributos necessários para mudar sua consciência e desta forma
promover as mudanças que o mundo necessita, e ainda como servidor público na cidade
de Campo Bom, Rio Grande do Sul, que atua na área ambiental do município motivou-
me a investigar como um centro especializado em educação ambiental, com sua
estrutura física e pedagógica, implementa as políticas públicas municipais voltadas a
esse tema? Esta problemática norteou este trabalho que, por meio de um estudo de
caso, busca conhecer as políticas públicas e as práticas relacionadas à Educação
Ambiental adotadas no município, por meio do Centro Municipal de Educação Ambiental
Nestor Weiler (CEMEA).
Este estudo teve como objetivo geral analisar como legislações municipais,
estaduais e federais voltadas à educação ambiental são implementadas através das
práticas realizadas por um centro especializado para este tema. Faz ainda uma análise
das ações realizadas pelo centro.
Pretende-se, como objetivos específicos, apresentar: as legislações referentes ao
tema; a estrutura organizacional deste centro especializado; a infraestrutura física e seus
espaços pedagógicos; algumas das abordagens didáticas utilizadas pelos profissionais
da educação que atuam no CEMEA e as políticas públicas implementadas que balizam
o ensino da Educação Ambiental que objetivam a construção de uma consciência crítica
e construtiva no ensino da Educação Ambiental dos alunos da rede municipal de ensino
da cidade de Campo Bom.
Justifica-se este estudo pela relevância do tema, especialmente em um momento
da história em que o mundo passa por uma crise sanitária e social com reflexos diretos
na economia, no comportamento e na forma de viver das pessoas e na sua relação com
o meio ambiente. Espera-se, com esta pesquisa, despertar a atenção e deixar uma
contribuição sobre a importância da educação ambiental na vida das pessoas e sua
relação com as mudanças que se fazem necessárias a fim de que tenhamos um mundo
melhor para as futuras gerações.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 O ambiente, o meio ambiente e a natureza
As discussões acerca das temáticas ambientais e dos assuntos relacionados com
a natureza têm crescido consideravelmente nas últimas décadas, tanto nos meios de
comunicação quanto em revistas e periódicos especializados. Na maioria dos casos,
percebe-se uma manifestação de consenso de que o ambiente, o meio ambiente ou a
natureza é uma entidade com a qual o homem se conecta, no qual está introduzido e
que deve ser preservada para que as futuras gerações mantenham condições saudáveis
de sobrevivência, (RIBEIRO e CAVASSAN, 2013). Seus conceitos, embora não sendo
sinônimos, de forma generalizada e ampla são considerados, de forma equivocada,
como expressões com sentido semelhante.
No mesmo tempo em que a atenção e os cuidados ambientais se tornam mais
constantes e que as discussões atingem uma quantidade maior de pessoas, culturas e
opiniões, temos também propriedades diversas de conceitos e, ocasionalmente, de
forma equivocada, uma igualização de significados, (RIBEIRO e CAVASSAN, 2013). Os
autores citados salientam ainda que se os fóruns de debates relacionados aos temas
ambientais e ecológicos estão se tornando cada vez maiores e ampliados e que a
utilização adequada de vocábulos como ambiente, meio ambiente e natureza, não tem
sido discutido na mesma intensidade, desta forma, para os que se dedicam ao estudo
dos assuntos relacionados aos temas ambientais e ecológicos, bem como dos seus
conceitos, salienta-se a necessidade da utilização dos termos ambiente, meio ambiente
e natureza e defende-se a ideia do emprego correto dos seus significados.
Neste mesmo sentido, quando se trata de um estudo relacionado a Educação
Ambiental, é importante que se faça uma breve discussão acerca dos termos ambiente,
meio ambiente e natureza a fim de que haja uma compreensão daquilo a que se propõe
o referido trabalho.
De modo prático e objetivo, Ribeiro e Cavassan (2013) consideram que ambiente
é um ente verdadeiro e possível de ser percebido. Trata-se de uma realidade oferecida
ao conhecimento e sujeito de pensamento, mas que dele independe. Composta por
componentes que podem não estar de modo direto e imediato em atuação com um
organismo, ou seja, aquilo que está em nosso entorno independente da relação que
exerce ou que é exercido.
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Schoenberger (2015), citando Milaré, considera ambiente como sendo o espaço
ou lugar que rodeia todos os seres vivos e as coisas, ou seja, o local em que o homem
está introduzido, interagindo e recebendo as influências deste meio.
Na percepção compreendida por Ribeiro e Cavassan (2013), Meio Ambiente é a
natureza idealizada pela mente humana, ou seja, à realidade apreendida, àquilo a que
estamos cientes por meio da nossa própria cognição. Pode ser interpretado como o que
da natureza é conhecido pelo conjunto coletivo, o que se encontra na perspectiva
compreensiva do indivíduo. Faz referência ao agrupamento dos meios ambientes
considerados pelo homem e é concebido de ocorrências que podemos caracterizar e
que são possíveis de reagir com um organismo, mas que ainda não foram convidados a
fazer.
Já para Santos e Imbernon (2014), Meio Ambiente é o espaço, associando à vida
urbana à antroposfera, que é a parte da biosfera onde o homem vive e interage com a
natureza. Do ponto de vista socioambiental, o meio ambiente é compreendido pelo
relacionamento formado pelo homem e pela natureza, em contínua interatividade, ou
seja, o homem como ser participante e transformador de seu meio.
Para Lima e Oliveira (2011), a natureza pode ser compreendida como sendo tudo
aquilo que tem característica natural e que não apresenta intervenção antrópica, ou seja,
que não apresenta modificação pela ação humana. Dessa forma, entende-se que a
natureza é o ambiente orgânico, puro, tal qual organizado no princípio.
Castro (2019), considera difícil criar limites para um conceito único e objetivo
sobre natureza, por entender que a forma como uma pessoa ou grupo de pessoas
entende a natureza tem relação direta com seu comportamento no mundo em que vive.
Citando Merleau-Ponty, Castro (2019) justifica que “Para a maior parte de nós, a
[Natureza] é apenas um ser vago e distante, sufocado pelas cidades, pelas ruas, pelas
casas, e, sobretudo pela presença dos outros homens”. Neste pensamento o autor
considera a urbanização provocada pela necessidade do homem como sendo a causa
do distanciamento do próprio ser humano com aquela natureza primitiva.
Já no entendimento de Ribeiro e Cavassan (2013), a Natureza são os
componentes que abraçam ou rodeiam um gênero ou sujeito em particular, que são
significativos para ele e que entram em convivência verdadeira e positiva. Tem a
característica de ser um espaço definido pelas atividades do próprio sujeito, determinado
em função de propriedades morfológicas, fisiológicas e as funções dos seres, sendo
uma propriedade específica dos seres vivos. Trata-se dos fenômenos que entram
efetivamente em conexão e convívio com um organismo particular, que são imediatos,
operacionalmente diretos e pertinentes.
Com isso, relacionando o gênero humano não só por fazer parte, mas por ser
protagonista no contexto referente ao ambiente em que está inserido, ao meio ambiente
a que faz parte e atua de forma direta e à natureza da qual necessita para sua
sobrevivência, importante se faz a educação ambiental, que é um processo de
reconhecimento de valores e conceitos, que tem por finalidade básica a promoção das
capacidades e práticas, transformando os comportamentos humanos para melhor
compreender, respeitar e preservar a relação ao meio em que está inserido.
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formação de um entendimento ecológico que procura conhecer a natureza e a
coletividade como condição e fatores intimamente associados que não podem mais ser
pensadas de forma apartada, individual ou emancipada (SORRENTINO, 2005).
De acordo com Carta de Belgrado de 1975, os objetivos da Educação Ambiental
são: mudar atitudes, desenvolver a capacidade de avaliação, motivar para a
participação, formar a consciência ecológica, adquirir conhecimento científico e técnico
(eco-alfabetização, gestão ambiental, qualidade ambiental, responsabilidade
socioambiental, etc.) e adquirir e desenvolver aptidões. A Carta de Belgrado é um
documento elaborado ao final do encontro realizado em Belgrado, antiga Iugoslávia, no
ano de 1975, promovido pela UNESCO - Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura, conhecido como Encontro de Belgrado, este documento
continua sendo um marco conceitual no tratamento das questões ambientais, (MEC,
2021).
Ainda de acordo com a Carta de Belgrado, o principal destinatário da Educação
Ambiental é o público em geral. Neste contexto global, as principais categorias de
público são o setor da educação formal, que é constituída por alunos da educação
básica e superior, professores e demais profissionais da educação durante sua
formação e atualização e ainda o setor da educação não formal, composta por jovens e
adultos, tanto individual como coletivamente, de todos os segmentos da população, tais
como famílias, trabalhadores, administradores e todos aqueles que dispõem de poder
nas áreas ambientais ou não.
A ONU – Organização das Nações Unidas realizou em 1972, em Estocolmo, na
Suécia, a Primeira Conferência Mundial de Meio Ambiente. Uma das resoluções
importantes tiradas desta conferência foi a de que se deve educar o cidadão para a
solução dos problemas ambientais,
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Esse procedimento iniciado em Tbilisi tem ajudado a promover a Educação
Ambiental de forma a criar uma interação e um comprometimento amplo das pessoas
em todos os graus e classes.
Loureiro (2006) pontua que as diretrizes definidas foram consensualmente
adotadas pelos países participantes de tal conferência, inclusive o Brasil, e permanecem
válidas até hoje em defesa de uma abordagem emancipatória.
No entanto, o que mais chama a atenção foi um evento, ocorrido um ano antes de
Tbilisi, pouco mencionado por autores que retomam a história da Educação Ambiental.
Esse evento chamou-se de Taller Subregional de Educación Ambiental para Educación
Secundaria1, realizado em Chosica, Peru, em 1976. Esse evento apresentou uma das
mais complexas abordagens em Educação Ambiental, “evidenciando a necessidade de
transformação das sociedades tal como estão estruturadas e a associação entre o social
e o natural strictu sensu”. (LOUREIRO, 2006, p. 70). Além disso, este evento afirmou a
necessidade de a Educação Ambiental ser participativa, permanente, interdisciplinar,
construída a partir da realidade cotidiana, com implicações sobre o formato curricular no
ensino formal.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento,
também conhecida como Eco-92, realizada na cidade do Rio de Janeiro em 1992, partiu
do documento feito em Tbilisi, para elaborar a Educação Ambiental na Agenda 21,
recontextualizando e ampliando as propostas expostas.
Em junho de 2012, também na cidade do Rio de Janeiro, foi re alizada a
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, assim
conhecida porque marcou os vinte anos de realização da Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e contribuiu para definir a
agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. O objetivo desta
Conferência foi a renovação do compromisso político com o desenvolvimento
sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das
decisões adotadas pelos principais países participantes sobre o assunto e do tratamento
de temas novos e emergentes.
Brügger (1999) considera que a Educação Ambiental está associada ao modo
como a sociedade compreende a natureza, o que inclui também as relações dos
homens com seus pares, ou seja, numa sociedade meramente capitalista, a natureza é
vista como meio de exploração de suas fontes e enriquecimento, descartando-se a total
dependência do ser humano em relação ao meio ambiente, assunto este que se torna
extremamente urgente, uma vez que a degradação ambiental é exercida ao longo de
todos os tempos, porém, somente na época atual seus efeitos, resultados e impactos
negativos vêm tomando grandes proporções.
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desenvolvidas em grandes centros comerciais, de lazer ou em locais especialmente
construídos para este fim.
Somados a isso, vivemos nestes tempos de pandemia e isolamento social, onde
muitas atividades profissionais e principalmente escolares são desenvolvidas a partir de
casa e também com o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs),
tornando, mais uma vez, as crianças afastadas das atividades e do contato direto com a
natureza e com o ambiente externo a sua volta.
Lev Vygotski (2010) afirma que o aprendizado significativo se estabelece como
um elemento de relacionamento entre a criança e o seu entorno e não como um
episódio de relação entre duas unidades já existentes e diferentes. Conforme o autor,
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O indicativo mostrado pelo relatório citado mostra uma evolução no ensino da
Educação Ambiental entre os anos de 2001 até 2004 entre as escolas de ensino
fundamental.
Informações sobre alguns aspectos da EA, presentes neste relatório, mostram
que o relacionamento com a comunidade era realizado em apenas 8% do total de
escolas; a queima de lixo era feita em 36% das escolas em 2001 e em 41% em 2004.
Neste relatório também foi elaborado um índice com a função de organizar uma escala
entre “os municípios mais providos de escolas em condições favoráveis para
trabalharem com Educação Ambiental” (TRAJBER; MENDONÇA, 2006, p. 13).
As informações obtidas nos censos escolares de 2001-2004 e a análise dos seus
resultados foram importantes pois representaram importante avanço na verificação das
políticas públicas no Ministério da Educação. A partir desses parâmetros quantitativos,
novas questões foram propostas: que EA é praticada nas escolas?; quais são as
práticas pedagógicas utilizadas pelas escolas para inserir a EA?; quais mudanças estão
ocorrendo no cotidiano escolar em decorrência dessa inserção?; há um impacto
significativo dessas práticas na comunidade?
Para responder a essas perguntas, foi criado o projeto “O que fazem as escolas
que dizem que fazem educação ambiental?” uma iniciativa da Coordenação-Geral de
Educação Ambiental do Ministério da Educação e Cultura (CGEA/MEC), em parceria
com o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedades (IETS) e com as Universidades
Federais do Mato Grosso do Sul (UFMS), do Rio de Janeiro (UFRJ), do Rio Grande
(FURG), do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Pará (UFPA), com o objetivo de conhecer
como a escola praticava a EA, (TRAJBER; MENDONÇA, 2006).
Os resultados desta pesquisa foram conhecidos em 2006 na 29ª Reunião da
ANPEd - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. Nesse
momento, o resultado obtido deveria ser essencial para a etapa seguinte do projeto. A
partir daí, ao projeto caberia:
O plano do MEC atribui duas prioridades neste processo: a escola, como espaço
de construção permanente da EA, e a diversidade de agentes comprometidos nas ações
responsáveis pela implementação da EA nas escolas. Desta forma, os gestores da
PNEA admitem que esta deve introduzir-se nas políticas públicas formuladas pelo MEC
com base nas quatro ações apontadas problematicamente como estruturantes:
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Conferência Nacional de Meio Ambiente, Formação Continuada de Professores,
Coletivos Jovens e Rede de Educação para a Diversidade.
Em 2007, a CGEA anunciou, sem resultados, a chamada de uma consulta pública
para elaborar uma proposta de diretrizes curriculares para a EA, mas, até meados de
2010, nada havia sido manifestado. As manifestações da CGEA em fóruns deliberativos
da educação, como conselhos e conferências nacionais parece ser incipiente e não
possibilita que os membros da gestão escolar sejam ouvidos na perspectiva das
carências de inclusão e integração da EA nas escolas.
Desta forma, a fim de compreender as consequências deste plano adotado pelo
MEC, pode-se afirmar que a EA em relação à escola converte-se em um componente
que se move paralelamente à educação instituída. Não consegue, dessa forma, integrar-
se como alguma coisa que a produza e a qualifique de acordo com as exigências de
materialização de uma escola pública democrática e capaz de contribuir na promoção de
processos que superem os vínculos sociais destrutivos característicos à sociedade
capitalista (ROIZ, 2009).
No Rio Grande do Sul, a Lei nº 11.730, de 09 de janeiro de 2002, dispõe sobre a
Educação Ambiental, institui a Política Estadual de Educação Ambiental, cria o
Programa Estadual de Educação Ambiental, e complementa a Lei Federal n° 9.795, de
27 de abril de 1999, no âmbito do estado. Já a Lei nº 13.597, de 30 de dezembro de
2010 deu nova redação e traz uma atualização para a Lei 11.730/2002. Ainda no âmbito
estadual, instituído pelo Decreto n° 43.957, de 08 de agosto de 2005, o Órgão Gestor da
Política Estadual de Educação Ambiental, tem, entre suas competências, a coordenação
da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Rio Grande do Sul (CIEA/RS)
que visa a elaboração e implementação do Plano Estadual de Educação Ambiental
(PlanEA) e objetiva, entre outras coisas, acompanhar e avaliar a definição e
implementação das diretrizes da Política Estadual de Educação Ambiental e da Política
Nacional de Educação Ambiental.
Por iniciativa da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema),
foi instituída pelo Decreto n° 55.885 de 17 de maio de 2021 o Programa de Educação
Ambiental Colaborativo (PEAC), que tem como objetivo a formação de agentes
socioambientais que contribuam para a mudança de valores e de comportamento da
população quanto ao meio ambiente. Este programa é coordenado em parceria com a
Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e conta com um Comitê Gestor
Multidisciplinar composto por nove secretarias estaduais, e três federações, a saber:
Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – FIERGS, Federação da
Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul – FARSUL e Federação do Comércio de
Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul – Fecomércio/RS. Este programa
busca incluir a Educação ambiental nos ensinos formal e não formal, trabalhando nos
eixos educação socioambiental, biodiversidade, recursos hídricos e saneamento.
Os objetivos específicos do PEAC visam implementar a educação ambiental
como uma prática contínua e permanente, e tem como uma de suas metas a inclusão
deste tema nos currículos escolares. Tem como públicos-alvo os professores, alunos e
funcionários da rede pública, bem como profissionais da área ambiental, das esferas
municipal e estadual, surge também como um instrumento para a efetiva implantação
das Políticas Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e do Plano Estadual de
Educação Ambiental (PEEA).
Ainda com relação a legislação, no recorte municipal de Campo Bom, a Rede de
Educação Ambiental é apresentada como uma Política Pública do Plano Municipal de
Educação (PME). Quanto às estratégias de educação relacionadas à Educação
Ambiental, a Lei Municipal nº 4.355 de 16 de junho de 2015, que aprovou o PME para os
próximos dez anos compreendidos entre 2015 e 2025, no seu Anexo I diz que as
estratégias para a implementação da META 21 são:
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● Manter e garantir Rede de Educação Ambiental no Município, com, no mínimo,
um representante por Unidade Escolar.
● Assegurar formação, em Educação Ambiental, para os profissionais da Educação
que atuem nesta área, através de capacitação certificada pelo Município.
● Garantir a manutenção do Centro Municipal de Educação Ambiental Nestor
Weiler, de acordo com a Lei Municipal nº 3.704/2011.
● Garantir a manutenção de espaços e equipamentos de Educação Ambiental, em
regime de colaboração com a União Federal, o Estado do Rio Grande do Sul.
● Manter e garantir a existência de profissionais da Educação que realizem projetos
de Educação Ambiental na Rede Municipal de Ensino.
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depósito para materiais e uma sala administrativa. A área externa é composta por
diversos espaços construídos, em sua maioria, pelos próprios alunos das escolas
municipais da rede pública, que participam de atividades de contra turno, sob a
supervisão dos professores do centro e também de suas escolas. A área externa do
CEMEA pode ser utilizada como ferramenta pedagógica para a inserção de práticas
agrícolas urbanas e sustentáveis no âmbito social, cultural, econômico e ambiental
capacitando os alunos, pais e comunidade de forma prática a utilizarem tais ferramentas
em suas práticas diárias.
O CEMEA também desenvolve atividades diversas de Educação Ambiental
direcionadas à formação de professores da rede municipal de ensino, por meio de
oficinas e rodas de conversa, com o objetivo de auxiliar os professores designados das
escolas a adquirirem o conhecimento necessário para auxiliar a sua comunidade
escolar.
Outras ações desenvolvidas pelo CEMEA, com o objetivo de levar um pouco do
Centro para as escolas públicas do município são a Assessoria do Pátio e as
Intervenções nos Pátios, onde os profissionais do Centro vão até as escolas da rede, a
convite dessas instituições, assessorar a direção, a coordenação e os professores
responsáveis na concepção, execução e/ou adequação dos espaços externos das
escolas, como meio de levar a escola ao encontro da natureza e, desta forma,
proporcionar o desemparedamento dos alunos nas atividades relacionadas à Educação
Ambiental.
Estas ações do CEMEA vão ao encontro com o que pondera a educadora Léa
Tiriba, em artigo intitulado “Crianças da Natureza: vivências, saberes e pertencimento”,
onde afirma que:
é por meio de bons encontros com a natureza, seus seres e seus processos que
potencializamos a capacidade das pessoas, das crianças, de afetar e serem por
eles afetados, o que significa que a biofilia age por meio de vivências
significativas nos contextos socioecológicos, (TIRIBA, 2019, p. 9).
Desta forma, entende-se que a convivência dos alunos com a natureza e com o
ambiente ao seu redor é um meio eficiente de estimular e intensificar a relação do
ensino e aprendizagem no que se refere às práticas socioambientais, estimulado pela
Educação Ambiental.
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potencializar.(...) Faz-se necessário ampliar a concepção de que o aprendizado
só ocorre dentro dos espaços escolares, especialmente na sala de aula, e
valorizar todo e qualquer espaço da escola, interno ou ao ar livre, assim como os
espaços extramuros. Tudo é potencialmente educativo e, portanto, sujeito a
acolher a intencionalidade pedagógica, (BARROS, 2018, p.30)
Quer seja trazendo a natureza para dentro da sala de aula ou levando os alunos
para aulas práticas didáticas de educação ambiental, no pátio ou mesmo fora dos muros
escolares para que eles vivam experiências de relacionamento direto com o que está
sendo ensinado.
A escola precisa ser aquele local de aprendizado em que, desde a Educação
Infantil, a importância da Educação Ambiental como meio que reconecta homem e
natureza, deve ser considerada. Se faz necessário uma educação ambiental
estabelecida na ética do cuidado, atenta à diversidade de culturas e da biodiversidade,
(TIRIBA, 2010).
Dentre os programas e as ações desenvolvidas pelo CEMEA, podemos destacar
as atividades de contra turno escolar que objetiva a formação de monitores ecológicos,
que são aqueles alunos multiplicadores de conhecimentos, vivências e práticas
sustentáveis, relacionadas à separação correta dos resíduos sólidos urbanos, execução
de hortas, jardins, canteiros e pátios. Outra atividade que merece ser mencionada é a
formação e assessoria à Rede Municipal de Educação Ambiental, voltada à formação
continuada dos profissionais da educação para atuarem com projetos de EA nas escolas
e nos diferentes setores da comunidade e multiplicar os conhecimentos para as
comunidades do município.
Para exemplificar na prática, no CEMEA são realizadas ações que vão desde a
confecção de hortas e pomares, cultivo, cuidados, colheita, produção dos alimentos ali
cultivados, separação correta dos resíduos destes alimentos e compostagem da fração
orgânica, fechando assim um ciclo de ensino e aprendizagem acerca deste assunto
específico. Além das hortas convencionais, no centro há também o cultivo empregando
a técnica chamada agrofloresta, que é um sistema de cultivo que imita o que a natureza
realiza normalmente, com o solo sempre coberto pela vegetação, várias plantas juntas,
umas ajudando as outras e mais próximo a um cultivo sem intervenções.
No CEMEA é possível buscar saberes de forma prática sobre a vegetação ou
animais, por meio de trilhas na mata que se encontra na sua área, sobre a grande
importância das águas, pois no seu entorno se encontra o Arroio Schmidt e ainda sobre
os cuidados que devemos ter com o solo, a água e o ar. Estes conhecimentos são
compartilhados de acordo com cada faixa etária, seja para os alunos da Educação
Infantil, passando pelo Ensino Fundamental e Médio e ainda para o público adulto que
também faz parte da população atendida pelo centro.
Estas atividades de formação ocorrem mensalmente e buscam fazer o
mapeamento de práticas de educação ambiental nas escolas da rede a partir do
assessoramento do Projeto Ecoeducação. Estas práticas de educação realizadas no
CEMEA busca ainda planejar e executar as atividades de assessoria aos pátios
escolares, bem como os projetos de Alfabetização Científica.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
“… pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida como
um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma
unidade social. Visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma
determinada situação que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando
descobrir o que há nela de mais essencial e característico. O pesquisador não
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pretende intervir sobre o objeto a ser estudado, mas revelá-lo tal como ele o
percebe.”(FONSECA, apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009.)
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justiça social, aos direitos humanos, à saúde, ao trabalho, ao consumo, à pluralidade
étnica, racial, de gênero, de diversidade sexual e à superação do racismo e de todas as
formas de discriminação e injustiça social. É um espaço que incentiva a pesquisa e a
apropriação de instrumentos pedagógicos e metodológicos que aprimorem a prática
discente e docente e a cidadania ambiental.
Todas as áreas e espaços deste centro foram pensados e criados para
oportunizar o contato dos seus alunos, professores/alunos e comunidade/alunos com a
natureza, permitindo-lhes desenvolver uma consciência crítica acerca dos saberes e um
aprendizado significativo. As prioridades definidas pelo CEMEA são empenhar-se na
obtenção de um espaço educador sustentável que esteja de acordo com o marco legal e
com as legislações definidas para este tema, de acordo com a Resolução nº 2 de 15 de
junho de 2012 do Conselho Nacional de Educação, que estabelece as Diretrizes
Nacionais para a Educação Ambiental.
Uma das ações realizadas pelo CEMEA é a formação de disseminadores da
Educação Ambiental através das escolas da rede de ensino. Desta forma a Rede de
Educação Ambiental, do município de Campo Bom, se apresenta, aliada à necessidade
de formação de sujeitos críticos e atuantes. A Rede está presente no Plano Municipal de
Educação (PME), elaborado com vigência de 10 anos, conforme Lei Municipal nº
4.355/2015. Esta ação faz parte da Meta 21, “manter e garantir Rede de Educação
Ambiental no Município, com, no mínimo, um representante por Unidade Escolar”. Esta
proposta que abrange mais de 40 escolas, contempla todo o território municipal, em
suas mais diversas constituições sociais e culturais.
Esta Rede de Educação Ambiental é composta por um professor representante
de cada uma das redes, municipal, estadual e particular de ensino e tem como objetivo
principal a promoção da Educação Ambiental na sua escola e em linha geral de como
ela acontece. As reuniões desta rede acontecem sempre na primeira segunda-feira de
cada mês. Nestes encontros com os professores a pauta é sempre algum assunto
relacionado as questões ambientais. A ideia é que cada representante socialize com
seus colegas, em suas escolas, as informações obtidas nos encontros da Rede de
Educação Ambiental.
Nas ações propostas pelo CEMEA são cumpridas ainda as prioridades sugeridas
pela Lei Federal 9.795/1999, que instituiu o Plano Nacional de Educação Ambiental, pois
o próprio centro é uma escola formalizada pela Lei Municipal 3.704/2011. As atividades
por ele propostas tem o objetivo de fazer das escolas das redes um espaço de
construção permanente da Educação Ambiental e ainda promover a diversidade de
agentes comprometidos nas ações responsáveis pela implementação da Educação
Ambiental nas escolas e na comunidade.
No contexto da legislação estadual voltada para a educação ambiental, com a
publicação do Decreto Estadual nº 55.885/2021, que instituiu o Programa de Educação
Ambiental Colaborativa, percebe-se que as atividades propostas pelo CEMEA
convergem justamente para apoiar e cumprir com o objetivo deste programa estadual,
que é a formação de agentes socioambientais que contribuam para a mudança de
valores e de comportamento da população quanto ao meio ambiente. O CEMEA,
anualmente capacita e forma agentes ambientais com a missão de disseminar
conhecimentos e práticas.
Todas as ações praticadas pelo CEMEA remetem à busca por uma consciência
sustentável e de integração com a natureza, mesmo as mais corriqueiras, exemplo disso
são a própria merenda servida tanto para os alunos quanto para quem estiver em
visitação ao local por qualquer motivo. Em um dos dias que estive no centro para coleta
de informações me foi oferecido, pela servente responsável pela cozinha, chá de ervas
produzidas naquele espaço e como acompanhamento, biscoitos de laranja feitas a partir
das laranjas cultivadas e colhidas do pomar existente no local e assadas em fogão
ecológico, produzido por alunos.
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Da mesma forma, todos os espaços do centro, tanto os internos como os
externos estão preparados para ensinar e aproximar o público externo do contato direto
com a natureza e desta forma despertar a preocupação individual e coletiva para as
questões ambientais. Importante salientar também que todas as atividades ali praticadas
estão relacionados com a realidade vivida pelos alunos e pela comunidade.
Diante disso, percebemos que o CEMEA procura buscar na história o
cumprimento de suas responsabilidades, como sugere uma das principais resoluções
tiradas daquela longínqua 1ª Conferência Mundial do Meio Ambiente, promovido pela
ONU, em 1972, na cidade de Estocolmo, que é educar o cidadão para a solução dos
problemas ambientais.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Ao final dessa pesquisa, meu sentimento é que ela não se encerra por aqui, sinto
que há espaço para ampliar os estudos, especialmente no que se refere à percepção
dos professores e alunos quanto às práticas pedagógicas utilizadas pelo CEMEA.
6. REFERÊNCIAS
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IBGE, Anuário Estatístico do Brasil, 1961.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico. Rio de
Janeiro: IBGE, 2010.
IBGE. Censo Demográfico 2010 – Características da População e dos Domicílios,
Resultados do Universo. Rio de Janeiro 2011. Disponível em:
<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/93/cd_2010_caracteristicas_popul
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https://www.scielo.br/j/cp/a/kJbkFbyJtmCrfTmfHxktgnt/?lang=pt&format=pdf>. Acesso
em 03 de abril de 2021.
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