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Nossos

bichos
Guia dos animais da região
de Pelotas e Rio Grande-RS
Expediente
Produção Revisão técnica
Departamento Nacional de Fernanda de Oliveira Rosa
Infraestrutura de Transportes Bárbara Bonnet
Nilton Ceccon
Execução
STE – Serviços Técnicos de Engenharia S.A. Textos
Angélica Freitas
Coordenação
Aline Freitas Figueiredo Pimenta (DNIT) Projeto gráfico e ilustrações
Vladimir Casa (DNIT) Odyr
Adriano Panazzolo (STE)
Organização Diagramação e finalização
Renata Aires de Freitas Nativu Design
Camila Garcez Marroni
Sônia Huckembeck Revisão de texto
Bitisa Mascarenhas
Pesquisa
Felipe Castro Bonow
Gustavo Machado Wallwitz
Fernanda de Oliveira Rosa
Sônia Huckembeck
Michele Buffon Camargo
Nossos
bichos
Guia dos animais da região
de Pelotas e Rio Grande-RS

USEB 2014
Agradecimentos
Este livro não poderia ter
sido publicado sem a inestimável
colaboração das pessoas e
organizações mencionadas abaixo.
A todos o nosso muito obrigado.
Equipe STE: Andrews Duarte, Cindy
Coimbra, Guillermo Dávila Orozco,
Rodrigo Souza Torres, Elizabeth
Sampaio, Cauê Canabarro, Isaías
Insaurriaga, Solano Ferreira, Ana Paula
Kringel, Juliana Cunha, Juliana Martins,
Sharon Paiva, Andrea Mello, Rafael
Schuler, Adriano Neves, Débora Sartori,
Léo Arsego e Ravella Machado.
Colaboradores: Marcelo Dias de
Mattos Burns, Gustavo Fonseca,
Matheus Vieira Volcan, Débora Argou
Marques, Daniel Loebmann, Carlos
Benhur Kasper, Rafael Antunes Dias,
Sergio Néglia Bavaresco, Glayson Ariel
Bencke, Guilherme Bittencourt / Projeto
Capturando vida, João da Luz, Clarissa
Alves da Rosa, Tatiane Noviski-Fornel,
Fabio Dutra, Kleisson Sousa e Jaílton
Fernandes (USEB).
Proprietários e funcionários das áreas
onde o monitoramento de fauna é
realizado.
Sumário
Apresentação 9
Peixes Anuais 10
Anfíbios 16
Répteis 32
Aves 54
Mamíferos 78
Caro(a) leitor(a), A equipe decidiu apresentar
neste livro algumas das grandes
O livro que tens em mãos
estrelas do projeto. São mamíferos,
é resultado do Programa de
aves, répteis, anfíbios e peixes anuais,
Monitoramento de Fauna da
alguns ainda abundantes, outros já
BR-116/392, uma rodovia que
ameaçados
atravessa a a região sul do Rio
de extinção.
Grande do Sul e que está sendo
duplicada para melhorar o tráfego de Acreditamos que o
veículos até o Porto de conhecimento sobre a fauna da região
Rio Grande, um dos mais seja importante para a valorização e a
importantes do Brasil. preservação desses animais.
O objetivo do programa é Boa leitura!
monitorar a população de animais
existentes na área e propor medidas Aline Freitas
para sua segurança durante a Coordenadora Geral de Meio Ambiente
realização das obras. DNIT
Peixes Anuais
Família Rivulidae
Peixes Anuais Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Estes habitantes de banhados e enchem novamente o local. Eles vão


poças d’água são conhecidos como dar origem a um grande número
peixes anuais, pois no espaço de um de filhotes, formando uma nova
ano ou menos ocorre todo o seu população de peixes.
ciclo de vida: eles nascem, crescem, Os peixes anuais alimentam-se
se reproduzem e morrem. de pequenos crustáceos e de larvas
Para entender como isso é de insetos.
possível, temos que pensar em como Por serem bonitos, são muito
funciona um banhado. apreciados pelos aquaristas.
Nos meses quentes, a água vai
evaporando e toda a população de
peixes morre. Porém, antes de o
verão chegar, estes animais já vão
ter depositado seus ovos no lodo do Cynopoecilus
fundo do banhado.
Os ovos vão continuar lá,
melanotaenia
bem guardados, até a chegada
Conhecido popularmente
dos meses frios, quando as chuvas
como combatente-gaúcho,
este peixe anual chega a 5
centímetros de comprimento.
Também é encontrado no
Uruguai. Vive em charcos
temporários, em banhados
como o do Pontal da Barra
(Pelotas), e na Estação
Ecológica do Taim.

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Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Peixes Anuais

As principais ameaças à sua


sobrevivência são as atividades que
modificam o seu habitat, como a
agricultura e drenagem e canalização
das áreas alagadas.
Todas as espécies apresentadas
neste livro pertencem à família dos
Rivulídeos e são consideradas em
risco de extinção.

Austrolebias
nigrofasciatus
Chamam a atenção as
listras negras verticais do macho
desta espécie, que existe apenas
no Rio Grande do Sul. Quando
adulto, atinge 4,3 centímetros
de comprimento. A maior
população está no Pontal
da Barra, em Pelotas, local
ameaçado pela construção civil.
Também é achado na região
entre os municípios de Pelotas e
Capão do Leão, e em Jaguarão.

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Peixes Anuais Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Austrolebias
wolterstorff i
É o maior dos peixes
anuais de nossa região:
chega aos 10 centímetros de
comprimento. Mas é menos
abundante que as demais
espécies. Os machos são mais
coloridos e maiores que as
fêmeas.

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Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Peixes Anuais

Austrolebias cf. Austrolebias


jaegari minuano
Espécie típica do município Chega a ter 4,6 centímetros
de Pelotas. É encontrada com de comprimento quando
frequência em banhados às adulto. Pode ser encontrado
margens da bacia do arroio nas planícies costeiras do sul
Santa Bárbara. Atinge 3 da Lagoa dos Patos, entre a
centímetros de comprimento. Vila de Quinta e Rio Grande. O
O nome jaegari é uma nome minuano vem de uma
homenagem ao fotógrafo tribo indígena que vivia no Rio
Norberto Henrique Jaegar, que Grande do Sul.
foi conhecido por sua dedicação
à conservação da natureza.

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Anfíbios
Anfí bios Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

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Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Anfí bios

Os Anfíbios possuem esse ocorrem na Amazônia brasileira) e


nome por serem animais capazes Gymnophiona (não possuem patas.
de viver em dois ambientes São as cobras-cegas ou cecílias,
diferentes, um aquático e outro com 33 espécies). As cecílias são
terrestre. Na fase exclusivamente vivíparas: geram filhotes com
aquática, quando ainda são larvas aparência de adultos. Os anfíbios
(os girinos), podem alimentar-se mais conhecidos de todos nós são
de algas, como também podem ser os anuros. Destes, os sapos são mais
detritívoros, filtradores, carnívoros terrícolas, têm pele bastante rugosa,
ou onívoros. Já os juvenis e focinho achatado e pernas curtas,
adultos são predadores. A pele o que lhes confere um hábito mais
dos anfíbios é permeável e através “caminhador” do que “saltador”. As
dela ocorrem as trocas gasosas rãs apresentam a pele pouco rugosa
com o ambiente. Por isso, eles ou lisa, focinho mais pontudo, patas
são considerados bioindicadores, traseiras longas e se locomovem por
ou seja, indicadores sensíveis aos saltos. Já as pererecas têm hábito
fatores ambientais. No mundo “escalador”, pois apresentam discos
existem 7302 anfíbios, sendo o adesivos na ponta dos dígitos. Têm
Brasil o país com maior riqueza patas traseiras compridas e delgadas,
de espécies (1046 espécies). focinho achatado e pele lisa e sem
Dividimos o grupo em três ordens, glândulas.
para facilitar a classificação: Anura
(sapos, rãs e pererecas, com 988
espécies), Caudata (salamandras Fernanda de Oliveira Rosa
e tritões, com cinco espécies;

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Anfí bios Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

20
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Anfí bios

Na natureza, as cores servem


de alerta: quanto mais colorido,
mais perigoso. “Não mexa comigo,
Sapinho- sou venenoso”, este sapinho parece
de-barriga- dizer. “Ou pelo menos posso fingir
que sou venenoso!” A cor vermelha
vermelha da barriga, das patas e de uma faixa
sobre o dorso deste pequeno anfíbio
Nome científico sinaliza perigo para os demais bichos.
Melanophryniscus dorsalis Por isso mesmo, a primeira coisa que
Alimentação ele faz quando se sente ameaçado
formigas, cupins é dar um jeito de mostrar a barriga
e as patas. Também se faz de morto
Reprodução
(uma estratégia conhecida como
setembro a abril
tanatose) para que os predadores
Ocorrência/Distribuição desistam de comê-lo. Porém, quem
região costeira do sul do mais complica a vida do sapinho-
Brasil, sendo a Ilha dos de-barriga-vermelha é mesmo o ser
Marinheiros o limite sul dessa humano. A espécie está ameaçada
distribuição
de extinção, em grande parte
Habitat porque as construções na região
banhados, campos alagadiços costeira e as grandes plantações já
e formações dunares modificaram muito o seu habitat. Na
Tamanho nossa região, o sapinho-de-barriga-
macho 2,0-2,5 cm; fêmea vermelha já foi encontrado na Ilha
2,4-2,7 cm dos Marinheiros.

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Alguém já viu um desses
sapos no jardim? Ou sob a luz
de um poste, à noite, à espera de
alguma mosquinha distraída? Além
de pequenos insetos, este animal
que vive nos campos e à beira de
banhados come aranhas e moluscos.
Apesar de ser terrestre, gosta de
entrar n’água, desde que o lugar seja
raso e que não haja predadores para
Sapinho-de-jardim abocanhá-lo. Se houver umas plantas
aquáticas por lá, melhor, pois assim
Nome científico
Rhinella dorbignyi as fêmeas podem pôr seus cordões
gelatinosos cheios de ovinhos.
Alimentação Quando se vê ameaçado, sua reação
crustáceos, aracnídeos, é tentar fugir, claro. Um de seus
insetos possíveis predadores é a cobra-verde.
Reprodução Mas, por exemplo, se um cachorro
agosto a março tentar mordê-lo, pode furar as
Ocorrência/Distribuição glândulas que se localizam atrás dos
Rio Grande do Sul, leste e seus olhos. E essas glândulas contêm
sul do Uruguai; La Pampa e veneno. Mas só o suficiente para
Buenos Aires (Argentina) deixar o cão atordoado enquanto o
sapo foge. Croc, croc!
Habitat
pradarias e banhados
Tamanho
1-7 cm

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Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Anfí bios

Tem a pele rugosa, tem nome


de sapo, mas é uma rã. Bem forte,
Sapinho-da-terra possui patas curtas e robustas
que servem para cavar as tocas
Nome científico onde se esconde. Ficar escondida
Odontophrynus americanus é muito bom, mas em algum
Alimentação momento ela vai precisar sair para
crustáceos, aracnídeos, procurar comida. O que acontece
insetos, moluscos, anelídeos se encontrar um predador? Uma
Reprodução estratégia de defesa é encher de
setembro a fevereiro ar os pulmões e ficar que nem um
balão. Inflada assim, vai parecer
Ocorrência/Distribuição impossível de abocanhar. Mas existe
sul e sudeste do Brasil,
um predador que consegue localizá-
Uruguai, norte da Argentina e
la em qualquer lugar e mordê-la
sul do Paraguai e Bolívia
mesmo quando está cheia de ar.
Habitat É a serpente boipeva, que possui
áreas abertas
um dente especial para furar rãs. A
Tamanho dieta da rã sapinho-da-terra é bem
macho 4,1- 4,8 cm; fêmea variada: insetos, aranhas, tatuzinhos
4,5-5,3 cm da terra... Ela pode ser encontrada
em vários ambientes, como charcos
temporários, banhados, no campo e
até mesmo na cidade.

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Anfí bios Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Com essa cor dourada e as


pintinhas sobre o dorso, não é uma
Pererequinha- beleza a pererequinha-do-brejo? E
do-brejo parece quase transparente. O nome
dá duas pistas sobre o animal. A
Nome científico primeira tem a ver com o tamanho:
Dendropsophus sanborni trata-se da menor perereca da
região. A segunda nos informa sobre
Alimentação o seu habitat: os brejos, açudes,
insetos, aracnídeos
poças d’água, as plantações de arroz.
Reprodução Ela também gosta de ficar entre
setembro a fevereiro as folhagens dos gravatás, onde se
Ocorrência/Distribuição protege dos predadores. Os machos
sul e sudeste do Brasil, cantam para atrair as fêmeas, à noite,
Uruguai e leste da Argentina enquanto ficam apoiados sobre a
Habitat vegetação baixa. Seu canto é curto,
áreas abertas estridente e trinado. Na disputa
por território, podem entrar em
Tamanho
macho 1,5-1,9 cm; fêmea confronto. Esta espécie alimenta-se
1,7-2,1 cm de insetos pequenos, como formigas.

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Se houvesse um concurso de
Miss Simpatia entre as pererecas,
esta seria uma forte candidata a
vencedora. Parece estar sempre
sorrindo. E o seu canto é dos
mais agradáveis: lembra o som de
pequenos sinos. São sempre os
Perereca-do- machos a cantar. E eles capricham
banhado na cantoria: tudo para chamar a
atenção das fêmeas. A perereca-do-
Nome científico banhado pode ser encontrada em
Hypsiboas pulchellus charcos e campos, mas também é
comum deparar com alguma dentro
Alimentação
insetos, aracnídeos, de casa. Ela vem até as residências
crustáceos procurando moscas, mosquitos,
aranhas, cascudinhos... Consegue
Reprodução subir em árvores e paredes, e não cai,
o ano todo, exceto no pois possui uns discos adesivos na
inverno
ponta dos dedos. Ela também gosta
Ocorrência/Distribuição de ficar em cima da vegetação dos
sul do Brasil, Uruguai e região banhados e nos gravatás, a salvo
oriental da Argentina dos predadores (aves como o anu-
Habitat branco e algumas serpentes, por
campos e açudes exemplo). Seu dorso é bem verde ou
Tamanho castanho, com manchas escuras.
macho 3,3-4,1 cm; fêmea 3,8-
4,7 cm

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Anfí bios Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Ela gosta mesmo é de boiar.


Esta mocinha da foto está num de
seus lugares favoritos no mundo:
em cima das plantas do banhado.
Para se alimentar, a paciência é
importante. Esta aqui é do tipo que
senta e espera a janta passar. Com
sorte, logo vai aparecer um insetinho
aquático ou um girino. E, bem, se
outra rã cruzar o seu caminho, ela
Rã-boiadora que se cuide, pois poderá virar jantar.
Os dedos das patas posteriores,
Nome científico unidos por uma membrana (uma
Pseudis minuta pele muito fina), são prova de
Alimentação que estar na água é uma parte
insetos, aracnídeos, importante da vida desta rã. É como
crustáceos, outros anfíbios, se ela calçasse pés-de-pato. Por tudo
moluscos isso, também é conhecida como rã-
Reprodução d’água. Seu canto é forte. A cobra-
meses quentes verde é o seu principal predador
na região.
Ocorrência/Distribuição
região pampiana do Rio
Grande do Sul e Uruguai
Habitat
corpos d’água permanentes
Tamanho
2,0-5,0 cm

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Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Anfí bios

Talvez tenha entrado pelo ralo,


talvez tenha chegado à procura de
Perereca-de- bichinhos para comer. O fato é que
esta perereca é frequentemente
banheiro encontrada em banheiros. Daí
o nome popular. Mas, claro, seu
Nome científico
habitat natural é fora das casas. Ela
Scinax fuscovarius
vive em lagoas, banhados e açudes.
Alimentação É mais ativa durante o crepúsculo
insetos, aracnídeos e à noite. Durante o dia, costuma
Reprodução ficar escondida debaixo de plantas
primavera e verão e folhas. Como é uma perereca,
Ocorrência/Distribuição possui discos adesivos nos dedos
sul e sudeste do Brasil e e consegue subir em arbustos.
regiões leste da Argentina, Quando se sente ameaçada, se faz
Paraguai e Bolívia de morta. Esse efeito, já sabemos,
é conhecido como tanatose. E isso
Habitat
áreas abertas funciona, pois muitos predadores
não comem bichos que encontram
Tamanho já mortos. Na nossa região, um dos
macho 3,7-4,7 cm; fêmea
seus predadores mais conhecidos é a
4,2-4,8 cm
serpente boipeva.

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Anfí bios Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Se você ouviu o seu canto


alguma vez, é provável que não o
tenha esquecido. Parece o choro
de uma criança. Ou o miado de um
gato. Ou o motor de um carro de
Fórmula 1. Lembrou agora? Talvez já
a tenha escutado perto de valetas e
banhados. Essa rã se adapta muito
bem a áreas urbanizadas, inclusive
àquelas consideradas muito poluídas.
Rã-chorona Também habita charcos temporários
e banhados, lugares onde possa
Nome científico ter um pouco d’água. Costuma se
Physalaemus gracilis esconder sob restos de materiais
de construção e escombros. Para
Alimentação
aracnídeos, insetos, impressionar os predadores, exibe
crustáceos uma manchinha na base da coxa,
que mais parece um grande olho.
Reprodução
Daí seus oponentes pensam que ela
primavera e verão
é um bicho muito maior e desistem
Ocorrência/Distribuição de caçá-la... A rã-chorona come
Uruguai, sul do Brasil e colêmbolos (animais muito, mas
Misiones (Argentina) muito pequenos, parecidos com
Habitat insetos), formigas e ácaros aquáticos.
áreas abertas, campos Entre os seus predadores está a
Tamanho cobra-verde.
macho 2,6-3,1 cm;
fêmea 2,9-3,3 cm

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Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Anfí bios

Esta rãzinha, ou melhor,


rãzona, é um bicho muito especial.
Rã-manteiga Em primeiro lugar, porque é a
maior rã da nossa região. Se tiver
Nome científico uma régua por perto, confira: os
Leptodactylus latrans machos chegam a 14 centímetros
de comprimento, e as fêmeas,
Alimentação
insetos, anelídeos, crustáceos, a 12 centímetros. Grande, não?
aranhas, outros anfíbios, Outro dado interessante é o seu
moluscos cuidado materno. A mãe protege
Reprodução os girinos durante várias semanas.
entre dezembro e março Valente, ela salta na direção de
quem ousar chegar perto dos seus
Ocorrência/Distribuição
bebês (geralmente, aves e serpentes
América do Sul a leste dos
Andes, sul do Brasil, Uruguai, tentam fazer isso). O lagarto teiú é
Paraguai e Argentina um dos principais predadores das
rãs adultas. A rã-manteiga ganhou
Habitat esse nome porque sua pele é muito
áreas abertas, açudes, pequenas
escorregadia. É difícil de agarrá-la.
lagoas, ou áreas inundadas
Para identificá-la, outra pista: tem
Tamanho uma grande mancha na parte de
macho 9,0-14,0 cm; fêmea cima da cabeça, entre os olhos. A
8,0-12,0 cm este tipo de mancha se dá o nome
de ocelo.

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Outra rã com nome de sapo.
Esta é bem diferente das que vimos
até agora, não parece? Não chamam
a atenção o formato oval do corpo
e as duas cores bem distintas? E
o focinho pontudo? Repare como
a cabeça é triangular e pequena
em relação ao corpo. Na parte de
trás da cabeça existe uma prega de
pele quase imperceptível, que serve
Sapinho-oval para cobrir seus olhos quando vai
buscar alimento nos cupinzeiros e
Nome científico formigueiros. Agora já sabemos quais
Elachistocleis bicolor são suas comidas favoritas, certo?
A rã sapinho-oval gosta de cavar
Alimentação
insetos, aranhas, gastrópodes tocas no solo para se proteger dentro
delas. Esta rã também infla o corpo
Reprodução quando depara com os predadores
outubro a fevereiro (o jacaré-do-papo-amarelo, por
Ocorrência/Distribuição exemplo). Outra curiosidade sobre este
sul do Brasil, Argentina, bicho: seu canto parece o som de um
Bolívia, Paraguai e Uruguai pequeno apito.
Habitat
campos abertos
Tamanho
macho 2,0-3,5 cm; fêmea
2,5-5,0 cm

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Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Anfí bios

Parece uma serpente, mas

Cecí lia não é. O bicho dessa foto é uma


cecília. Ainda bem que o nome
Nome científico popular é fácil, porque o científico
Chthonerpeton indistinctum é complexo: Chthonerpeton
indistinctum. Como dá para
Alimentação perceber na imagem, a cecília tem
artrópodes, outros anfíbios,
a pele lisa e molhada. Isso é porque
crustáceos
ela vive enterrada no lodo de áreas
Reprodução
primavera e começo do verão úmidas, como os charcos. Por viver
tanto tempo sob a terra, seus olhos
Ocorrência/Distribuição não funcionam muito bem. Ela se
bacia do rio Paraná na
orienta por meio de uma estrutura
Argentina, e na zona costeira
sensorial que existe em sua cabeça.
do Uruguai e sul do Brasil
A cecília tem dentes em forma de
Habitat
uma pequena serra e os utiliza para
zonas alagadas e áreas
úmidas comer insetos, larvas e pequenos
Tamanho anfíbios. Seus predadores naturais
10,0-45,0 cm são as serpentes aquáticas. Ao
contrário da maioria dos anfíbios,
que são ovíparos (põem ovos), as
cecílias são vivíparas, ou seja, os
filhotes se desenvolvem no ventre
da mãe.

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Répteis
Répteis Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

34
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Répteis

Atualmente existem 10.038 glândulas mucosas, revestida por


espécies de répteis no mundo, escamas de origem epidérmica
representados por quatro ordens: que se renovam periodicamente (é
Crocodylia (jacarés e crocodilos), quando ocorre a muda; exemplos:
Sphenodontia (tuataras), Squamata serpentes e lagartos) ou por placas
(serpentes, lagartos e anfisbenas) e ósseas de origem dérmica (exemplo:
Testudines (quelônios: tartarugas, tartarugas). Certos répteis estão
cágados e jabotis). No Brasil são 744 entre os animais mais temidos e
espécies, pertencentes aos seguintes odiados pelas pessoas – em geral, as
grupos: crocodilianos (6 espécies), serpentes, devido à periculosidade
quelônios (36), anfisbenas (68), de determinadas espécies; mas
lagartos (248) e serpentes (386). Os os venenos de algumas delas
répteis são animais ectotérmicos (sua podem apresentar grande potencial
temperatura corporal varia de acordo medicinal a ser explorado, como é o
com a temperatura do ambiente caso do anti-hipertensivo Captopril,
onde vivem). Isso quer dizer que isolado do veneno da jararaca
se aquecem quando está calor, e (Bothrops jararaca).
quando está frio a temperatura do
corpo diminui, podendo entrar no
estado chamado de sono hibernal. Gustavo Machado Wallwitz
A pele dos répteis é seca, sem

35
Répteis Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

36
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Répteis

É um quelônio: um réptil que


possui carapaça. Vive na água
doce. Ele tem a cabeça grande,
o pescoço curto e a carapaça

Cágado-de- achatada. Possui duas barbichas


curtas na parte inferior da cabeça,
barbilhão daí seu nome popular: cágado-de-
barbilhão ou cágado-de-barbelas.
Nome científico Engana-se quem pensa que as
Phrynops hilarii barbichas são apenas um enfeite.
Elas servem para atrair comida. O
Alimentação cágado-de-barbilhão movimenta-
insetos, moluscos, anfíbios, aves,
as suavemente dentro d’água, para
peixes e pequenos mamíferos
lá e para cá, para lá e para cá... E
Reprodução logo vêm os peixinhos, pensando
ocorre entre agosto e fevereiro que elas são minhocas deliciosas.
Nhac! Encontramos este quelônio
Ocorrência/Distribuição em águas correntes, como rios
nordeste da Argentina, sul do e arroios, de preferência com
Paraguai, Uruguai e sul do Brasil plantas aquáticas, onde ele possa
Habitat se esconder de predadores. Seus
rios, arroios, lagoas e banhados ovos são procurados por animais
como o mão-pelada, especialmente
Tamanho no outono e no inverno, quando
40 cm (comprimento de a comida fica escassa e há menos
carapaça)
frutos e sementes na região. Estes
cágados são diurnos e podem ser
vistos tomando banhos de sol em
troncos sobre a água. Longevos,
vivem até 40 anos.

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Répteis Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Encontrada com frequência

Tigre-d’água tomando sol nas canaletas dos


centros urbanos, esta tartaruga é
o réptil mais abundante na nossa
Nome científico região. Na natureza, habita rios,
Trachemys dorbigni
açudes, lagos e banhados. Não
Alimentação é raro ser pescada por engano e
caracóis de água doce, artrópodes, pode acabar morrendo por causa
pequenos peixes, aves dos ferimentos com o anzol. É
Reprodução difícil retirá-lo de sua boca, pois a
posturas em outubro e eclosões tartaruga costuma retrair a cabeça
(nascimentos) no início de janeiro para dentro da carapaça quando se
sente em perigo. Se capturada, fica
Ocorrência/Distribuição bastante agressiva e pode morder.
sul do Brasil, Argentina e Uruguai
Quando adulta, seu maior predador
Habitat é o jacaré-do-papo amarelo. Já
rios, lagos, lagoas, açudes, os maiores predadores de seus
banhados ovos e filhotes são lagartos, aves e
Tamanho mamíferos como o mão-pelada e
27 cm (comprimento de carapaça) o gambá. Dizem que a tigre-d’água
tem esse nome por causa das faixas
em sua cabeça, pescoço e patas, que
lembrariam as listras de um tigre.
Pode viver até 30 anos.

38
Este bicho veio de longe:
chegou ao nosso país de carona
em navios que traziam os escravos
da África. Adaptou-se rapidamente
na nossa região e se dá muito bem
no meio urbano. Prova disso é que
podemos vê-la passeando pelas
paredes e janelas das casas, à noite,
Lagartixa-das- espreitando suas presas, que podem
ser aranhas, escorpiões, baratas,
casas grilos, gafanhotos... A lagartixa ajuda
no controle dessas pragas, portanto
Nome científico não deve ser eliminada. Aves,
Hemidactylus mabouia aranhas grandes e os seres humanos
Alimentação que a exterminam equivocadamente
artrópodes; grilos, aranhas, são os seus maiores predadores.
mariposas, formigas, moscas, A lagartixa-das-casas tem dois
baratas e mosquitos superpoderes para confundir os
Reprodução predadores: um é o mimetismo,
o ano todo o poder de mudar de cor de
acordo com o ambiente. O outro
Ocorrência/Distribuição é a habilidade de perder a cauda
espécie exótica no Brasil, oriunda quando se encontra em perigo. Já
da África
solta do corpo, a cauda continua se
Habitat remexendo no chão. Enquanto os
associada a moradias humanas predadores se entretêm com isso,
Tamanho a lagartixa foge. Mais tarde o rabo
13 cm crescerá novamente, claro.

39
Répteis Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Antes de mais nada, precisamos


esclarecer que a cobra-de-vidro
Cobra-de-vidro não é uma serpente. É um lagarto
ápode, quer dizer, um lagarto
Nome científico sem pés. Há muito tempo esse
Ophiodes aff. striatus bicho provavelmente teve quatro
patas, mas agora só apresenta dois
Alimentação
minúsculos filamentos pontudos
insetos
perto da cloaca, que são vestígios
Reprodução de suas patas traseiras. É a evolução.
de outubro a janeiro Na hora de escapar dos predadores,
Ocorrência/Distribuição conta com um importante efeito
sul do Brasil, sudeste do Paraguai, especial: solta a cauda, que fica se
nordeste da Argentina e Uruguai debatendo no chão. Enquanto os
inimigos são atraídos pelo rabinho
Habitat
campos abertos em movimento, ela foge. Mais tarde,
a cauda voltará a crescer. A cobra-
Tamanho
podem atingir 40 cm de-vidro tem língua bífida, que utiliza
para sentir cheiros e se orientar no
mundo. O nome popular vem de
seu aspecto brilhante. Parece ser de
vidro, principalmente se observada
sob a luz do sol.

40
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Répteis

Dá chicotadas vigorosas com a


cauda quando se sente em perigo e
Teiú sua mordida consegue esmigalhar
dedos humanos. Estamos falando
Nome científico do teiú, o maior lagarto da América
Salvator merianae do Sul, que chega a um metro e
meio de comprimento. Apesar de
Alimentação
anfíbios, caracóis, peixes, répteis, ser bastante agressivo na natureza,
aves adultas, ninhegos, roedores pode ficar dócil quando criado em
e frutas cativeiro e é adotado como bicho
de estimação. Este animal habita
Reprodução
paisagens diversas: campos, matas
postura em novembro e
e áreas rochosas. Como se adapta à
nascimentos em janeiro
convivência com os seres humanos,
Ocorrência/Distribuição também frequenta as imediações
Brasil, Uruguai, Paraguai e das casas. Gosta de tomar sol nas
Argentina estradas e por isso muitas vezes
Habitat acaba sendo atropelado. À noite,
campos junto a cursos d’água, o teiú ocupa tocas cavadas por ele
áreas rochosas e matas mesmo ou por outros animais. Come
Tamanho de tudo: frutos, caracóis, peixes e até
125 cm mel silvestre.

41
Apesar do nome e da aparência,
este bicho não é uma serpente. É
uma anfisbena. Essa palavra vem do
grego e quer dizer “dos dois lados”.
Suas extremidades não parecem
iguais? Por isso, a anfisbena também
é conhecida como “cobra de duas
cabeças”. Mas cabeça, mesmo, ela
Cobra-cega só tem uma. A segunda cabeça é na
verdade a cauda; apenas parece uma
Nome científico cabeça, por ser arredondada e curta.
Amphisbaena trachura O nome cobra-cega nos dá uma
Alimentação ideia de sua visão escassa, resultado
insetos de milhões de anos debaixo da
Reprodução terra, na escuridão. Quando não
posturas em novembro e está cavando túneis pelo subsolo,
dezembro e eclosões em janeiro pode ser encontrada sob folhas,
e fevereiro troncos e entulhos. Para compensar
a visão ruim, orienta-se pelo olfato:
Ocorrência/Distribuição sua língua bífida (partida em duas)
de São Paulo ao Rio Grande do
capta partículas de odor, pelas quais
Sul, norte da Argentina, Paraguai
se guia. A cobra-cega alimenta-se
e Uruguai
de insetos. Por sua vez, é um dos
Habitat lanches favoritos dos zorrilhos,
jardins e áreas arenosas gambás, furões e aves de rapina.
Tamanho Quanto à reprodução, ela é ovípara e
28 cm põe apenas dois ou três ovos por vez.

42
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Répteis

Seu nome científico, Boiruna


maculata, nos informa sobre suas
Muçurana preferências alimentares: vem do
tupi-guarani e significa serpente
Nome científico preta que come outras serpentes.
Boiruna maculata Chamamos de ofiófagas as serpentes
que têm esse hábito alimentar. Mas
Alimentação
outras serpentes, peixes, anfíbios, se um sapinho atravessar o caminho
lagartos, aves e roedores da muçurana, ela não o recusará.
Forte e musculosa, ela aperta bem
Reprodução
a presa e nela injeta peçonha.
põe ovos (desova ou postura)
O veneno a imobiliza e a torna
em novembro
mais fácil de digerir. Antigamente,
Ocorrência/Distribuição acreditava-se que a muçurana bebia
centro-oeste, sudeste e sul do leite, tanto de vaca quanto humano.
Brasil, além de Paraguai, Bolívia, Dizia-se que ela colocava a ponta do
Uruguai e Argentina rabo na boca dos bebês para que eles
Habitat não chorassem, enquanto mamava
pradarias, áreas pedregosas, no no seio da mãe, tranquilamente.
entorno de corpos d’água Ou então que se enrolava numa
Tamanho pata da vaca e bebia o leite direto
pode chegar a 2,3 m nas tetas. Por isso, era conhecida
como cobra-mamadeira. Mas isso
não passa de uma lenda, pois a boca
e a língua das serpentes não são
próprias para mamar.

43
Répteis Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Serpente dócil, que dificilmente


morde. Conhecida também como
Cobra-verde cobra-capim, por sua coloração
similar à da vegetação, ou cobra-
Nome científico do-lixo, pois é encontrada com
Erythrolamprus poecilogyrus frequência em entulhos perto das
sublineatus casas e debaixo de pedras e troncos.
Alimentação A cobra-verde costuma viver
peixes, anfíbios e pequenos perto de rios, banhados, açudes
roedores e arroios. Come sapinhos, peixes,
Reprodução lagartos pequenos, roedores e até
postura entre outubro e insetos. Apesar de ser chamada
dezembro; nascimentos em de cobra-verde, pode apresentar
janeiro e fevereiro. Em algumas outras cores: cinza, marrom, preto
localidades do Brasil: ciclo e amarelo, e também tons pardos.
reprodutivo contínuo Sua atividade é noturna e diurna
e ela se desenvolve durante o ano
Ocorrência/Distribuição
todo, inclusive nos meses frios do
desde Porto Alegre no Brasil
até o Centro da Argentina, e inverno. Seus predadores costumam
Uruguai ser outras serpentes, aves de
rapina e mamíferos como o furão
Habitat e o gambá. Ela também expele um
cursos d’água, banhados, açudes, líquido fedorento pela cloaca para se
arroios, rios defender deles.
Tamanho
90 cm

44
Cobra-d’água
Nome científico
Helicops infrataeniatus
É uma habitante de arroios,
Alimentação lagos e açudes, sendo também
anfíbios, peixes, pequenos encontrada em centros urbanos,
crustáceos
dentro de valetas e canaletas. Esta
Reprodução serpente aquática é mal-humorada
entre primavera e verão; e morde para valer quando alguém
nascimento entre o final da tenta agarrá-la. Mas não tem
primavera até começo do outono peçonha. Uma de suas estratégias
Ocorrência/Distribuição para afugentar os predadores é
Mato Grosso do Sul, São Paulo, soltar um líquido bem fedorento
Paraná, Santa Catarina e Rio pela cloaca, o buraco por onde saem
Grande do Sul; Argentina, Uruguai as fezes e a urina. Suas comidas
e Paraguai favoritas são peixes e anfíbios.
Adultos e girinos são igualmente
Habitat apreciados. Às vezes alguém pesca
lagos, riachos e outros cursos
uma cobra-d’água sem querer. Nesse
d’água
caso, o melhor é devolver o bicho
Tamanho à água, com cuidado. As cobras-
alcançam até 1 m
d’água chegam a ter um metro
de comprimento quando adultas.
Não põem ovos, e podem ter até
29 filhotes por vez. Sua atividade é
diurna e noturna.

45
Se pudesse falar, talvez a
Oxyrhopus rhombifer rhombifer
nos dissesse: “Sei, sou parecida com
aquela outra serpente, mas vocês
têm mesmo que me chamar de falsa-
coral? Vejam meu ventre claro, meus
olhos pequenos... Quanta diferença!”
Dócil, a falsa-coral costuma fugir
quando é descoberta. É encontrada
Falsa-coral tirando sonecas debaixo de pedras
ou troncos caídos, e já foi flagrada
Nome científico até debaixo de fezes de vaca.
Oxyrhopus rhombifer rhombifer Come anfíbios, lagartos, aves e
Alimentação mamíferos pequenos, matando-os
anfíbios, lagartos e pequenas aves por constrição e injetando peçonha.
e mamíferos Expele um líquido fedorento pela
Reprodução cloaca para afastar predadores como
nascimento de fevereiro a março a coruja-buraqueira e o mão-pelada.
A falsa-coral tem porte médio,
Ocorrência/Distribuição chegando aos 90 centímetros de
Bahia, Minas Gerais, Rio comprimento.
de Janeiro e sul do Brasil.
Argentina, Paraguai e Uruguai
Habitat
áreas abertas e florestas

Tamanho
90 cm

46
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Répteis

Seu nome popular vem do


tupi-guarani e significa “serpente
Boipeva achatada”. Isso é porque a boipeva
achata o corpo contra o chão
Nome científico quando encontra um predador.
Xenodon merremii Assim, ela vai parecer maior e mais
assustadora. Também se faz de
Alimentação
anfíbios malvada: escancara bem a boca
e dá botes violentos no agressor.
Reprodução Mas não é peçonhenta (venenosa)
ano todo. No Rio Grande do Sul como a cruzeira, serpente com a
observaram-se fêmeas ovadas de qual é confundida por apresentarem
outubro a abril no corpo desenhos parecidos,
Ocorrência/Distribuição semelhantes a ferraduras. Seus
das Guianas do sul do Brasil, alimentos preferidos são anfíbios
Bolívia, Paraguai, Argentina e como o sapinho-da-terra e a
Uruguai perereca-de-banheiro, que, para se
Habitat defenderem, enchem os pulmões
campos, formações florestais e de ar, praticamente dobrando de
corpos d’água tamanho. Mas isso não os salva
Tamanho da boipeva, pois ela tem dentes
1,45 m especiais no fundo da sua boca para
furar sapinhos inflados.

47
Répteis Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Esta é uma espécie arborícola,


ou seja, que vive em árvores. Sabe
Cobra-cipó se camuflar muito bem nos galhos.
Os bichos mais distraídos podem
Nome científico
pensar que ela é realmente um
Philodryas olfersii
cipó. Mas essa serpente não fica a
Alimentação vida toda nas alturas. Ela desce para
anfíbios, lagartos, aves e roedores caçar pequenos vertebrados, lagartos
Reprodução e anfíbios. Mata suas presas por
verão constrição, quer dizer, aperta-as até
sufocá-las. Também pode engolir
Ocorrência/Distribuição
a presa viva, após injetar peçonha
América do Sul a leste dos Andes,
desde as Guianas até o Uruguai (veneno). A cobra-cipó costuma ser
agressiva, dar botes e morder. Seu
Habitat veneno pode ser perigoso para os
matas e seu entorno seres humanos. Mas é difícil que ela
Tamanho consiga envenenar alguém, pois seus
atingem até 1,8 m dentes ficam lá no fundo da boca.
Predadores principais: aves de rapina,
mamíferos e até mesmo outras
serpentes. Como a boipeva, ela se
achata contra o solo para parecer
maior e intimidar os oponentes. Tem
porte médio, chegando a 1,8 metro
de comprimento.

48
Recebeu esse nome porque
seria tão veloz quanto um cavalo
parelheiro, ou seja, um cavalo
de corrida. Bem, pelo menos
alguém sempre vai contar uma
boa história de perseguição pelos
Parelheira campos envolvendo uma parelheira.
Considerada agressiva, esta serpente
Nome científico pode correr para se defender, sim.
Philodryas patagoniensis Mas não persegue ninguém por
muito tempo, nem por distâncias
Alimentação longas, pois a verdade é que se
anfíbios, peixes, lagartos, cansa rápido. Morde, mas só quando
serpentes, roedores, aves, se sente ameaçada. E se finge de
marsupiais e invertebrados; pode morta para que os predadores não a
cometer canibalismo incluam no cardápio do dia. Entre os
Reprodução principais predadores estão as aves
desovas entre novembro e de rapina, como os gaviões, outras
janeiro; nascimentos entre serpentes e alguns mamíferos. A
janeiro e março parelheira é ofiófaga: come outras
serpentes, inclusive da mesma
Ocorrência/Distribuição espécie. Pequenos vertebrados
desde o nordeste até o sul fazem parte da sua alimentação.
do Brasil; Bolívia, Paraguai, Pode ser avistada com frequência
Argentina e Uruguai em campos abertos, durante o
Habitat dia. É ovípara, e às vezes pode pôr
campos, arbustos seus ovos em formigueiros. Isso
porque eles possuem as condições
Tamanho ideais para chocar os ovos, como
1,6 m temperatura, abrigo e segurança.

49
Répteis Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Ganhou o nome de cruzeira


por causa de um desenho em
Cruzeira forma de cruz na parte de cima
da sua cabeça. Mas nem sempre
Nome científico conseguimos ver esse sinal, o que
Bothrops alternatus torna a sua identificação uma
tarefa difícil. Uma dica é verificar
Alimentação se a serpente apresenta, ao longo
pequenos mamíferos, anfíbios,
do corpo, desenhos em forma de
lagartos, serpentes e aves
ferradura com um contorno branco
Reprodução nítido. Mas cuidado: junto com a
nascimentos de fevereiro a maio jararaca-pintada, a cruzeira é uma
Ocorrência/Distribuição
de Brasília e sul de Goiás ao
Rio Grande do Sul; Uruguai,
Paraguai e Norte da Argentina
Habitat
florestas, campos e áreas de
banhado
Tamanho
podem atingir 1,70 m

50
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Répteis

das espécies mais peçonhentas da serpente agressiva, mas raramente


nossa região. As duas pertencem vai perseguir um oponente. Não há
ao gênero Bothrops, responsável vantagem em atacar um alvo grande,
por mais de 80% dos acidentes com pois é pequena a chance de que
serpentes no Rio Grande do Sul. O este vire uma refeição. Além disso,
veneno provoca muita dor, inchaço, depois a cruzeira terá de produzir
hemorragia e até mesmo necrose, mais veneno para caçar suas presas
que é quando um pedaço do corpo favoritas, como preás e ratos. As
morre. Às vezes, é preciso amputar cruzeiras gostam de lugares com
a parte que recebeu a picada. capim alto e de ambientes úmidos,
Outras vezes, o acidente pode como os banhados.
levar à morte. Consideram-na uma

51
Répteis Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Quando ameaçada, a jararaca-


pintada fica muito agressiva. Enrola
rapidamente o corpo, deixando a
Jararaca-pintada cabeça levantada, com o pescoço
em forma de “S”. Ao mesmo tempo,
Nome científico bate a extremidade da cauda contra
Bothrops pubescens o solo. Está pronta para o bote.
Alimentação Intimida qualquer um, não? É uma
anfíbios, lagartos, aves, pequenos serpente peçonhenta, e uma picada
mamíferos, serpentes e centopeias pode causar muita dor, hemorragia
e necrose: se a vítima não receber
Reprodução tratamento adequado, pode perder
nascimento ocorre em março o membro atingido e até morrer. A
e abril peçonha da jararaca-pintada serve
Ocorrência/Distribuição para imobilizar suas presas. Sua dieta
região central e sul do Rio é variada e inclui sapos, rãs, lagartos,
Grande do sul e no Uruguai pequenos mamíferos e aves. Mas
o veneno da jararaca tem um uso
Habitat
campos, matas, cursos d’água medicinal. É utilizado na fabricação
e juncais de remédios para o coração e para
o tratamento da pressão alta. Esta
Tamanho habitante dos campos, serras e
90 cm matas tem hábitos crepusculares e
noturnos. Chega a 90 centímetros de
comprimento.

52
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Répteis

Pode chegar a 3 metros de


Jacaré-do- comprimento. É o único jacaré da
papo-amarelo nossa região. Às vezes um deles
aparece na Lagoa dos Patos, mas
Nome científico o fato é tão raro que vira notícia.
Caiman latirostris Se os banhistas ficam apavorados,
o jacaré fica mais assustado ainda.
Alimentação O bicho é arredio. A aparição pode
caracóis de água doce, peixes,
acontecer na época das enchentes,
anuros, ofídios, aves e pequenos
mamíferos quando o animal é deslocado de rios
e banhados no meio dos camalotes
Reprodução
(grandes formações de aguapés e
postura dos ovos ocorre entre
outras plantas aquáticas). Em sua
dezembro e janeiro
dieta constam caracóis, insetos,
Ocorrência/Distribuição caranguejos, anfíbios, répteis, aves,
litoral do Rio Grande do Norte pequenos mamíferos e até mesmo
ao Rio Grande do Sul, oeste animais mortos. Infelizmente, o
e sudoeste do Brasil, Bolívia,
jacaré-de-papo-amarelo está na mira
Paraguai, Argentina e Uruguai
dos caçadores por causa de sua pele
Habitat e carne.
arroios, banhados, lagoas,
canais e estuários
Tamanho
até 3 metros

53
Aves
Aves Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

56
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Aves

As aves são animais vertebrados manifestações sonoras variam de


e tetrápodes, endotérmicos e simples chamadas até complexos
ovíparos, cobertos de penas, de e harmoniosos cantos. Suas penas,
membros anteriores transformados característica mais distintiva, variam
em asas (ou “remos”) e membros em formas e cores. No Brasil,
posteriores usados para locomoção existem aproximadamente 1900
bipedial. Possuem ossos leves, espécies de aves, sendo que no Rio
muitos deles ocos (pneumáticos), Grande do Sul mais de 640 espécies
porém extremamente duros. Aves já foram documentadas. A perda
que perderam a capacidade de de seu habitat natural e a captura
voo, como os pinguins e as emas, ilegal de indivíduos na natureza
possuem ossos compactos e são as principais ameaças a esse
pesados. São dotados de excelente grupo. Conhecer e entender os seus
visão e audição. Muitos casais processos ecológicos é de grande
não possuem dimorfismo sexual, importância para a sua conservação,
sendo os machos e as fêmeas assim como respeitar seu espaço e
iguais ou muito semelhantes. São seu direito à vida.
animais observados e admirados no
mundo todo, encontrados nos mais
variados ambientes: matas, campos, Felipe Castro Bonow
montanhas, praias e cidades. Suas

57
Aves Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Muita gente se emociona


ao avistar um Amblyramphus
holosericeus pela primeira vez. É
Cardeal-do- impossível não admirar o vermelho

banhado vivo de sua cabeça, o bico escuro,


o corpo de um negro intenso, as
Nome científico coxas como se fossem bombachas
Amblyramphus holosericeus alaranjadas. Seu nome científico vem
do grego e significa “bico fino todo
Alimentação de seda”. O nome popular faz alusão
besouros, aranhas, grilos,
aos cardeais, religiosos católicos
gafanhotos, lagartas e larvas,
que se vestem de vermelho. Esta
além de sementes, grãos e
frutas ave raramente anda em bando. É
mais comum vê-la sozinha ou com
Reprodução o par, e às vezes com filhotes. Pode
ninho fechado com entrada ser encontrada em banhados de
lateral, consistente, trançando juncos, onde constrói o seu ninho.
linhas de palha e fixando-as Para caçar insetos, adota a técnica
nos juncos de bicar a vegetação do solo feito
Ocorrência/Distribuição um pica-pau. Depois, ainda com o
da Argentina a Bolívia, bico, separa o capim em busca das
Paraguai, Uruguai, sul do Rio aranhas, gafanhotos, larvas e grilos
Grande do Sul e Mato Grosso que possa ter atingido.
Habitat
banhados de juncos
Tamanho
23 cm

58
Esta ave é alvo de caçadores e a
destruição dos banhados é um fator
de risco para a espécie. Apesar disso,
ainda não se encontra ameaçada
de extinção na nossa região. Não
Marreca-pardinha costuma formar grandes bandos,
preferindo andar em pares ou em
Nome científico pequenos grupos. Chama a atenção
Anas flavirostris na marreca-pardinha o costume
de construir sua casa em cima dos
Alimentação enormes ninhos das caturritas, no
grãos, sementes e matéria animal
alto das árvores, às vezes a até vinte
Reprodução metros do chão. Seu habitat são os
o ninho pode ser uma simples banhados, pois ela precisa de águas
depressão no solo, escondido rasas para se alimentar. Sua técnica
na vegetação, relativamente é a seguinte: ela mergulha o bico
longe da água na água e retira um pouco de terra.
Ocorrência/Distribuição Essa terra vai escorrendo com o
da Terra do Fogo ao Rio líquido ao passar por umas estruturas
Grande do Sul e, pelos Andes, serrilhadas existentes no seu bico. O
até a Venezuela que resta na boca são os pequenos
Habitat moluscos do banhado, que ela por
grandes lagos de águas abertas, fim comerá. A marreca-pardinha
estuários de rios e em açudes e alimenta-se também de pasto, grãos
lagoas interioranas e sementes.
Tamanho
41 cm

59
Aves Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Quando encontramos o ninho


de um cochicho, uma pergunta é
Cochicho inevitável: como uma pequena ave
pode fazer uma casa tão grande e
Nome científico tão resistente ao vento e à chuva?
Anumbius annumbi Em sua construção, este animal
Alimentação emprega materiais diversos e
insetos coloridos: gravetos, pedaços de
sacolas plásticas, arame, tampas de
Reprodução
canetas esferográficas. Aliás, por
o ninho, de forma cilíndrica, é
construído em árvores isoladas causa desses pedaços de arame e
utilizando-se de gravetos outros objetos metálicos, os ninhos
já provocaram vários acidentes nas
Ocorrência/Distribuição redes elétricas rurais do estado. Essas
ocorre de Goiás, Minas
peculiares construções contam com
Gerais e Rio de Janeiro ao
mais de uma entrada, possivelmente
Rio Grande do Sul, Uruguai,
para confundir predadores e facilitar
Paraguai e Argentina
a fuga no caso de um ataque.
Habitat Quando o cochicho abandona o
terrenos abertos, matagais e seu ninho, este é frequentemente
campos com árvores esparsas ocupado por outras aves. O cochicho
tem a cauda com ponta branca,
Tamanho
20 cm em forma de leque, a qual balança
violentamente quando se sente
ameaçado. Gosta de tomar banhos
de terra.

60
Garça-branca-
grande
Nome científico
Ardea alba
Alimentação
É uma ave extremamente peixes e sapos
elegante. Durante o período de Reprodução
reprodução, ela ostenta plumas ninho grande, feito de
especiais, longas, muito glamurosas, gravetos, geralmente sobre
conhecidas como “egretas”. árvores e arbustos
Justamente por causa dessas penas é Ocorrência/Distribuição
que o animal já foi alvo de caçadores. todo o Brasil
As egretas eram muito cobiçadas
pelos fabricantes de chapéus para Habitat
beira de lagos, campos alagados,
mulheres. Uma cena bonita de se ver
rios e banhados
é a reunião de centenas de garças-
brancas-grandes. Elas organizam-se Tamanho
em grandes colônias na época de 90 cm
sua reprodução. As garças gostam
de comer peixes e, quando estão
no meio urbano, têm uma técnica
infalível para capturá-los. Na ponta
do bico, seguram pedaços de pão,
que funcionam como iscas.
Aves Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Freirinha
Nome científico
Arundinicola leucocephala
Alimentação
insetos Seu nome científico,
Reprodução Arundinicola leucocephala, vem
o ninho tem formato de bola; do latim e significa “morador de
a postura consta de 2 a 4 ovos cabeça branca dos juncos”. Esta ave
de cor branco-amarelada com pode ser vista em arbustos perto de
pequenas pintas vermelhas áreas úmidas, como os banhados.
É insetívora. Já que muitos insetos
Ocorrência/Distribuição
ocorre das Guianas e Colômbia depositam suas larvas na água do
à Bolívia, todas as regiões do banhado, a freirinha tem comida
Brasil até o Paraguai abundante. Ela é conhecida por
sua habilidade de capturá-los em
Habitat pleno voo. Quando constrói o ninho,
brejos, banhados, margens de
utiliza plumas de outros pássaros
rios e lagos
para forrá-lo. Seus filhotes nascem
Tamanho com penas amarelas que imitam a
14 cm cor de uma lagarta venenosa, o que
desencoraja a ação de predadores.
Entre eles se encontram os gaviões,
as corujas, as serpentes e os gambás.

62
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Aves

Com plumagem parda e rajada,


o socó-boi-baio consegue se
camuflar muito bem na vegetação
densa das áreas alagadas. Lá,
Socó-boi-baio costuma ficar imóvel. Segundo o
americano William Belton, que foi
Nome científico um grande observador das aves
Botaurus pinnatus do Rio Grande do Sul, o socó-boi-
Alimentação baio até imita o movimento dos
peixes, anfíbios, e pequenos juncos ao vento. Se alguém tentar se
roedores aproximar dele, alçará um voo curto,
Reprodução mas suficiente para se afastar do
o casal constrói seu ninho em local. É uma ave arisca, dificilmente
campos, juncais e arrozais avistada em áreas urbanas. Costuma
caçar – anfíbios, pequenos roedores,
Ocorrência/Distribuição peixes – no crepúsculo. Tem o bico
em todo o Brasil, também do
robusto. É uma ave de grande porte,
México à Argentina
da ordem Pelecaniformes, a mesma
Habitat dos pelicanos e das garças.
banhados rasos e áreas alagadas
com capim alto ou junco
Tamanho
55 cm

63
Aves Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Tem o corpo negro e o bico

Maçarico-de- longo, de cor amarela ou alaranjada.


É comumente avistado em bandos,
cara-pelada ou voando numa formação que lembra
a letra V. Esses deslocamentos se
Chapéu-velho dão no início da manhã e no fim
da tarde. Quando o dia começa, o
Nome científico grupo vai até áreas de banhados
Phimosus infuscatus para se alimentar. As aves procuram
comida com o bico, na água rasa,
Alimentação
vegetais e pequenos caminhando lentamente. No fim da
invertebrados tarde, retornam aos campos, onde
dormem, empoleiradas em árvores.
Reprodução Os bandos podem chegar a ter
nidifica em juncais. Os ovos são centenas de indivíduos. Na época de
azulados e a incubação varia de reprodução, contudo, separam-se do
23 a 24 dias grupo: o casal se isola para cuidar
Ocorrência/Distribuição dos filhotes. É uma espécie muito
do centro do Brasil para baixo abundante em nossa região.
Habitat
brejos, margens de rios,
banhados e campos
recentemente arados
Tamanho
40 cm

64
De nome científico Guira
guira – “guira” era como os índios
guaranis o chamavam –, este pássaro
é conhecido popularmente como
rabo-de-palha ou alma-de-gato. É
sociável e tolera a presença humana.
Por isso, pode ser avistado perto de
áreas urbanas, em bandos de cinco
Anu-branco a trinta indivíduos. Bom caçador,
Nome científico alimenta-se de presas que poderiam
Guira guira até ser consideradas grandes
demais para o seu bico: sapos,
Alimentação lagartixas, lagartas, camundongos.
insetos, aranhas e pequenos Também come aranhas, besouros
vertebrados e gafanhotos. Como parece uma
Reprodução ave de rapina, é temido por outros
constrói ninhos individuais ou pássaros. Para se esquentar, à noite,
coletivos; os filhotes deixam o costumam ficar bem juntinhos, um
ninho antes de poder voar
do lado do outro, formando uma
Ocorrência/Distribuição fileira. Os anus-brancos gostam
do sudeste do Amapá e do de tomar banho de sol, e também
estuário amazônico à Bolívia, de areia. Como voam baixo e de
Argentina e Uruguai forma lenta, são frequentemente
Habitat atropelados nas rodovias.
campos, capoeiras, pomares e
vegetação na beira da estrada
Tamanho
38 cm
Aves Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Gavião-caboclo
Nome científico
Heterospizias meridionalis
Alimentação
pequenos mamíferos, aves, Com seu porte imponente, o
cobras, lagartos, rãs, sapos e gavião-caboclo é facilmente visto
grandes insetos nos campos do sul do estado,
planando à procura de presas ou
Reprodução
pousado em postes de luz. Tem o
de julho a novembro. Faz ninho
hábito de seguir incêndios, razão
a pouca altura, sobre árvores
pela qual também é conhecido
baixas ou palmeiras
como gavião-fumaça. Quando avista
Ocorrência/Distribuição fumaça no campo, segue em sua
quase todo o Brasil, e do direção e adianta-se ao fogo para
Panamá à Argentina poder caçar os animais que estejam
Habitat fugindo das chamas. Pode, também,
campos e pastagens procurar carcaças de bichos mortos
pelo incêndio. Voa alto e aproveita
Tamanho
55 cm correntes de ar quente para planar.
Consegue passar presas para outros
gaviões em pleno voo. Territorialista
na caça, afugenta outras aves que
tentem buscar alimento em sua área.
É abundante em nossa região.

66
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Aves

Este pássaro gosta de comer


frutas. Também se nutre de flores
de eucalipto e laranjeira, e de folhas
de mamão e chuchu. E consegue Sanhaçu-
capturar cupins em pleno voo. Por
tudo isso, pode ser avistado com
papa-laranja
frequência em pomares, parques, Nome científico
jardins e outras áreas abertas Pipraeidea bonariensis
com árvores. É considerado ativo
e barulhento. O macho tem um Alimentação
alimenta-se principalmente de
colorido muito vivo: a cabeça é de
frutos
um azul-cerúleo vibrante, o corpo é
amarelo, o dorso é negro. Tem asas Reprodução
azuis rajadas de preto e o rabo azul. o ninho se assemelha a uma
Já a fêmea apresenta tons marrom- taça. Cada ninhada geralmente
esverdeados. consta de 2 a 4 ovos, tendo de
2 a 3 ninhadas por temporada
Ocorrência/Distribuição
sul de São Paulo à Argentina e
Paraguai, e do Chile ao Equador,
seguindo os Andes
Habitat
pomares, jardins, parques, áreas
abertas com árvores. Matas de
galeria e capões
Tamanho
18 cm

67
Polícia-inglesa-
do-sul
Nome científico
Sturnella superciliaris
Alimentação
alimenta-se de larvas, insetos
e sementes O macho desta espécie tem o
Reprodução peito vermelho-vivo, contrastando
nidifica no chão, principalmente com o corpo e as asas negras, e uma
nos campos em moitas de faixa branca na altura dos olhos. A
capim, pondo de 4 a 5 ovos fêmea é diferente: tem coloração
marrom clara e pode apresentar
Ocorrência/Distribuição
plumagem rosa no peito. O canto
da Argentina ao Peru, e em quase
do polícia-inglesa-do-sul é agudo
todo o Brasil extra-amazônico
e chiado. Esse pássaro pode ser
Habitat encontrado nas proximidades de
áreas úmidas e palustres, campos plantações de arroz, trigo e sorgo,
e plantações de cereais cereais que procura no solo para
Tamanho se alimentar. A dieta também inclui
17 cm larvas e insetos. Constrói seu ninho
em forma de cesta, nas moitas de
capim. Em nossa região, também é
conhecido como sangue-de-boi.

68
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Aves

Como o nome já diz, este


pássaro habita os brejos. Mas ele
também é encontrado em várzeas
Chopim-do-brejo e em campos nas proximidades de
banhados. Alimenta-se de grãos
Nome científico e sementes que descobre nessas
Pseudoleistes guirahuro regiões e nas roças de milho e
soja. O chopim-do-brejo pode ser
Alimentação
alimenta-se de grãos e sementes avistado em bandos pequenos,
andando pelos campos à procura
Reprodução de comida. Escolhe as árvores dos
seu ninho é feito em árvores capões para construir seus ninhos,
fechadas, com o formato de
que são em forma de cesta, com
uma cesta aberta. A fêmea põe
bastante barro para cobrir o fundo.
2 ou 3 ovos que são incubados
durante 15 dias Tem um canto alto e estridente. Os
integrantes dos bandos costumam
Ocorrência/Distribuição cantar juntos, em pleno voo,
sul do Mato Grosso, Goiás, quando o grupo está se mudando
Distrito Federal, São Paulo,
para outro local.
Paraná, Santa Catarina, Rio
Grande do Sul, Rio de Janeiro
e Minas Gerais
Habitat
brejos, várzea, campos
ondulados perto de áreas com
banhados
Tamanho
24 cm

69
Colhereiro
Nome científico
Platalea ajaja
Alimentação
insetos, crustáceos e
pequenos vertebrados
Reprodução
Por causa da sua coloração nidifica em colônias e constrói
rosada, que se intensifica nos o ninho com gravetos e talos
períodos de reprodução, ele costuma secos de gramíneas em árvores;
ser confundido com o flamingo, uma postura de 2 a 3 ovos que são
ave muito maior. Recebe o nome incubados por cerca de 22 dias
de colhereiro por causa do seu bico, Ocorrência/Distribuição
que tem a extremidade em forma de dos Estados Unidos à Argentina, e
colher. Usa-o para procurar alimento, grande parte do Brasil
e vai peneirando a água para Habitat
encontrar peixes, anfíbios, camarões banhados, campos alagados,
e moluscos. Habita os banhados arrozais, açudes e reservatórios
e outros lugares onde exista água.
Tamanho
Durante a época reprodutiva, 55 cm
costuma cortejar o par com batidas
de bico e até lhe oferece galhinhos de
presente. É um animal gregário: vive
em bandos. Comunica-se por meio
de grasnados. Pode viver até 15 anos.

70
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Aves

Uma ave especializada

Mergulhão em mergulhos. Pode ficar até


40 segundos debaixo d’água
quando está caçando. Ao se
Nome científico sentir ameaçado, afunda como se
Podilymbus podiceps fosse uma pedra. Constrói ninhos
flutuantes, com junco e capim, e
Alimentação
ancora-os na vegetação das lagoas
vegetação aquática, peixes
e lagos que habita. Costuma caçar
Reprodução os peixes e batê-los na superfície da
ninho flutuante, feito de capim água para parti-los e assim poder
e juncos, fica ancorado na alimentar os filhotes. É arisco e
vegetação aquática. Põe de 4 a silencioso. Tem o bico curto, como
6 ovos pequenos
o de uma galinha, e bastante grosso.
Ocorrência/Distribuição Voar não é o seu forte. O mergulhão
da América do Norte ao Chile, pode ser visto em grande parte do
Argentina e Brasil oriental continente americano. É o único
Habitat representante vivo do gênero
açudes, banhados, lagos e Podilymbus, depois da extinção do
reservatórios com vegetação mergulhão-de-atitlán, que habitava
aquática flutuante a Guatemala.
Tamanho
30 cm

71
Aves Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Chamam a atenção nesta ave


os detalhes em azul e vermelho
Saracura-do- do bico. Seu corpo é negro; as
pernas são longas e de um marrom
banhado avermelhado. Dizem que a saracura-
do-banhado é mais ouvida do que
Nome científico vista, pois costuma passar os dias
Pardirallus sanguinolentus
escondida nos brejos. À noite, sai
Alimentação para se alimentar. Come minhocas,
capim e brotos, insetos, insetos e grãos. Apesar de poder voar,
crustáceos e pequenos raramente o faz. É uma ave pequena e
vertebrados desajeitada. Seu canto é composto de
Reprodução fortes apitos. Constrói o ninho sobre
nidifica sobre o capim, taboas a vegetação à beira d’água. Principal
ou sobre a vegetação à beira ameaça: a destruição do seu habitat.
d’água. Choca de 4 a 6 ovos
Ocorrência/Distribuição
ocorre nos estados do Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, Paraná, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, São Paulo e Sergipe
Habitat
brejos e banhados com bastante
vegetação
Tamanho
32 cm

72
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Aves

Pica-pau-do-
campo
Nome científico
Colaptes campestris
Alimentação
insetos, principalmente formigas
e cupins
Reprodução Este pássaro é diferente dos
ninhos elaborados, construídos demais pica-paus da região, pois
a cada período reprodutivo. Põe se alimenta mais no chão do que
de 4 a 5 ovos brancos, límpidos
nas árvores. Come principalmente
e brilhantes. Macho e fêmea
formigas e cupins. Tem uma
fazem a incubação
maneira infalível de capturar
Ocorrência/Distribuição insetos: sua saliva funciona como
desde o nordeste do Brasil ao uma cola que deixa a sua língua
Uruguai, também no Paraguai, extremamente pegajosa. Se um
na Bolívia e Argentina inseto encostar nela, pronto, já virou
Habitat almoço. É fácil de identificar o pica-
campos e cerrados pau-do-campo: os lados da cabeça
Tamanho e o pescoço são amarelos, e o alto
32 cm da cabeça e o peito são negros. Tem
uma voz forte e grita para marcar
território e para se comunicar com o
grupo. Vive em campos e cerrados.

73
Aves Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Seu nome científico, Himantopus


melanurus, vem do latim e quer
Pernilongo dizer pássaro de pernas longas e
cauda preta. É uma ave elegante
Nome científico e vistosa. Tem o bico longo e as
Himantopus melanurus pernas compridas e avermelhadas.
Seu habitat são as lagoas, praias,
Alimentação banhados e arrozais. Come insetos
insetos
aquáticos e invertebrados, como os
Reprodução pequenos moluscos que encontra no
nidifica em colônias. Deposita barro. Para achar a comida, varre a
seus ovos em depressões de superfície da água com o bico semi-
terrenos secos, chocando ovos aberto. É frequentemente visto em
de cor ocre, manchados de bandos e tem o costume de fazer
preto e castanho
ninhos em colônias. Escolhe terrenos
Ocorrência/Distribuição secos para depositar seus ovos.
está presente em todo o Brasil,
com exceção do norte da
Amazônia. Também ocorre no
sul do Peru, Bolívia, Argentina,
Paraguai, Chile e Uruguai
Habitat
campos alagados, banhados,
lagos e açudes, arrozais, praias
fluviais e marítimas
Tamanho
38 cm

74
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Aves

Presença constante nos campos


gaúchos, o quero-quero também
Quero-quero é conhecido como sentinela
dos pampas por ser uma ave
Nome científico extremamente alerta, que avisa,
Vanellus chilensis com um grito estridente, quando
algum intruso aparece em sua área.
Alimentação É considerado briguento, pois tenta
invertebrados aquáticos e
afugentar outras espécies. Quando
pequenos peixes, artrópodes e
se sente ameaçado, o macho
moluscos terrestres
não hesita em dar rasantes até
Reprodução mesmo em pessoas. Dizem que as
nidifica em áreas abertas, em capivaras sabem interpretar o grito
cavidade esgravatada no solo
do quero-quero: quando significa
Ocorrência/Distribuição perigo, elas ficam atentas. O quero-
ocorre em todo o Brasil quero também vive em banhados,
Habitat organizando-se em pequenos
banhados e pastagens ou grandes grupos. Pode habitar
áreas urbanas, sendo avistado em
Tamanho
37 cm aeroportos, em campos de futebol e
nos topos de edifícios. Para buscar
alimento, mexe na lama com as
patas e captura pequenos peixes e
invertebrados aquáticos com o bico.
Entre os seus predadores estão o
gavião-caboclo e o caracará.

75
Aves Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Também conhecido como


carcará. O nome vem do som que
Caracará a ave faz, e foi dado pelos índios
que aqui viviam. Pertence à família
Nome científico Falconidae, ou seja, é parente dos
Caracara plancus falcões. Podemos reconhecê-lo
com facilidade, pois ele parece ter
Alimentação
um chapéu preto sobre a cabeça.
come tanto animais mortos
como vivos (sapos, pequenos Seu bico é curvo. O caracará come
roedores) de tudo: animais vivos, carcaças,
até mesmo lixo doméstico. Uma
Reprodução curiosidade sobre essa espécie
constrói um ninho com galhos é que os indivíduos se limpam
em bainhas de folhas de mutuamente à procura de parasitas.
palmeiras ou em outras árvores Dizem que essa ação, além de ser
Ocorrência/Distribuição higiênica, contribui para o bom
ocorre da Argentina até o sul convívio do bando.
dos Estados Unidos e em todo
o Brasil
Habitat
regiões abertas
Tamanho
56 cm

76
Coruja-
buraqueira
Nome científico
Athene cunicularia
Alimentação
sapos, pequenos roedores e
insetos
Reprodução
Tem hábitos diurnos, à
em média de 6 a 11 ovos.
diferença da maioria das corujas,
Enquanto a fêmea bota os
ovos, o macho providencia a ativas no crepúsculo e à noite.
alimentação e a proteção para Como o nome indica, esta ave
os futuros filhotes escava buracos na areia para fazer
os seus ninhos, mas não é incomum
Ocorrência/Distribuição
ocorre do Canadá à Terra que utilize estruturas já prontas,
do Fogo e em quase todo o como cupinzeiros e buracos de tatu.
Brasil, com exceção da bacia Habita áreas campestres e pode ser
Amazônica avistada também em praias. Para
afugentar os predadores, os filhotes
Habitat
vive em campos, restingas fazem ruídos que imitam chocalhos.
e praias A coruja-buraqueira é um animal
muito alerta e não hesita em dar
Tamanho
23 cm rasantes naqueles que se atrevem a
chegar perto dos seus ninhos.
Mamíferos
Mamíferos Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

80
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Mamíferos

O termo MAMÍFERO deriva animais extremamente adaptáveis,


do latim e significa conduzir a que podem viver em diversos
mama. As espécies que compõem tipos de ambientes (terra, água e
a Classe Mammalia (dos mamíferos) ar) e ter hábitos variados (diurno,
possuem como caracteres crepuscular e noturno). Atualmente
especiais e exclusivos a presença os mamíferos compreendem
de glândulas mamárias e pelos 5416 espécies, organizadas em 29
que recobrem a pele. São animais ordens. No Brasil são conhecidos
cordados pertencentes ao grupo dos 701 mamíferos nativos e, destes, 175
vertebrados, com origem descrita ocorrem no Rio Grande do Sul. Os
para o Triássico, há cerca de 220 roedores e morcegos representam
milhões de anos. Todos derivam o maior número, seguido dos
de um mesmo grupo ancestral cetáceos e carnívoros. Muitas destas
chamado Cinodontes. Pelo fato espécies encontram-se enquadradas
de os mamíferos primitivos terem em algum nível de ameaça, global,
evoluído como espécies noturnas, nacional ou estadual, tendo como
os sentidos como audição, olfato causas principais a perda de habitat
e visão são bem desenvolvidos, para a expansão agrícola ou urbana,
principalmente nos silvestres. a caça e a introdução de espécies
Outro aspecto interessante é a sua exóticas invasoras.
dentição, que durante a evolução
ou desenvolveu-se ou atrofiou-se,
possibilitando uma variada gama de Michele Buffon Camargo
dietas, de carnívora a insetívora. São

81
A Austrália fica bem longe daqui,
mas sabia que existe um parente
do canguru na nossa região? É o
gambá-de-orelha-branca. Ele é
menor que o parente australiano:
quando adulto, fica do tamanho de

Gambá-de- um gato doméstico. Possui polegares


opositores, como os humanos. São
orelha-branca uma baita ajuda na hora de colher
alimentos e de subir em árvores. O
Nome científico gambá-de-orelha-branca parece não
Didelphis albiventris se intimidar com a presença humana
Alimentação e até vai morar nos telhados e sótãos
ratos, aves e seus filhotes, das casas. Seus predadores são
ovos, répteis e frutos onças, pumas, serpentes, gaviões...
Quando em perigo, pode se fazer
Reprodução
de morto (pratica a tanatose). Isso é
de setembro a maio
muito útil porque muitos predadores
Ocorrência/Distribuição não se interessam por animais
todo o estado do Rio Grande mortos. Mais um fato curioso:
do Sul às vezes, come alguma frutinha
Habitat fermentada e acaba ficando bêbado.
generalista, podendo viver Uic!
próximo a ocupações humanas
Tamanho
CC1: 30-89 cm e CR2: 29-43 cm
1
Comprimento do corpo
2
Comprimento do rabo

82
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Mamíferos

Foi por causa do gosto de sua


Tatu-galinha carne que este animal ganhou o
nome popular de tatu-galinha.
Nome científico Sim, a espécie continua na mira
Dasypus novemcinctus de caçadores, embora a caça seja
ilegal. Geralmente associamos
Alimentação
os tatus à terra, mas este é um
raízes, tubérculos, insetos e
excelente nadador. Atravessar rios
outros invertebrados
não é nenhum problema para ele.
Reprodução Apesar das patas curtas e dos oito
fêmea pode reter óvulos quilos que chega a pesar quando
fecundados por longo tempo; adulto, pode correr rapidamente em
4 filhotes, todos do mesmo sexo
pequenas distâncias. Mais algumas
Ocorrência/Distribuição curiosidades sobre o tatu-galinha:
todo o estado do Rio Grande suas ninhadas são todas do mesmo
do Sul sexo. Ele é parente próximo dos
Habitat tamanduás e dos bichos-preguiça,
bosques e savanas arborícolas que também são da ordem
Tamanho Xenarthra. Suas comidas favoritas são
CC: 39-57 cm e CR: 29-45 cm formigas, cupins, tubérculos e raízes.

83
De corpo robusto, pescoço
curto e cabeça grande, à primeira
vista o preá parece até uma capivara
em miniatura. Assim como o maior
roedor da Terra, este bichinho vive
em grupos (pequenos, de cinco a
dez animais) e emite ruídos fortes
quando se encontra em perigo.
Gosta de ficar em lugares onde o
pasto é alto, pois se sente protegido
Preá dos predadores, mas prefere se
alimentar onde o pasto é mais
Nome científico baixo. Nas idas e vindas dos ninhos
Cavia aperea até as fontes de comida, acaba
Alimentação construindo uma série complexa de
vegetação rasteira caminhos pela vegetação. Nutre-se
exclusivamente de sementes, raízes e
Reprodução
tubérculos. A lista de seus predadores
gestação de aproximadamente
é extensa: aves de rapina, serpentes,
dois meses; de 1 a 5 filhotes.
Várias proles durante o ano canídeos, felinos selvagens, e até
mesmo cães e gatos domésticos.
Ocorrência/Distribuição O preá é visto com frequência à
por todo o estado do Rio
margem de estradas. Ah, sim: é
Grande do Sul
parente do porquinho-da-índia.
Habitat
campo e borda de banhados
Tamanho
CC: 14-30 cm e CR: zero

84
Eis o maior roedor da Terra:

Capivara a capivara! Ela pode pesar até 80


quilos. Geralmente é avistada em
Nome científico grupos à beira de rios e banhados.
Hydrochoerus hydrochaeris Não é que odeie a solidão: os bandos
são uma estratégia de sobrevivência.
Alimentação Se alguma capivara vê um predador,
herbívora; vegetação aquática
começa a emitir ruídos muito fortes
e palustre
para alertar o restante do bando. Daí,
Reprodução todas se atiram n’água. Tchibum! E as
maior frequência na primavera e capivaras se dão muito bem dentro
verão; de 2 a 7 filhotes d’água, pois possuem membranas
Ocorrência/Distribuição entre os dedos que facilitam a
todo o estado do Rio Grande natação. Principais ameaças: a caça,
do Sul e os atropelamentos nas rodovias.
Habitat Os jacarés também são predadores.
áreas úmidas, banhados, Mas esses enormes roedores contam
matas de galeria com amigos de outras espécies. São
Tamanho as aves que vêm limpar sua pelagem
CC: 107-134 cm e CR: 1-2 cm em busca de parasitas, dos quais
fazem gostosas refeições.

85
Mamíferos Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

Este habitante dos banhados


cuida muito bem da sua pelagem.
Ratão-do-banhado Para deixar o pelo brilhante e
Nome científico impermeável, esfrega com as patas
Myocastor coypus o canto da boca, de onde sai uma
substância gordurosa. Depois,
Alimentação espalha pacientemente esse produto
herbívora; vegetais frescos de beleza sobre o corpo. Tem
Reprodução bigodes compridos, conhecidos
durante todo o ano; de 2 a como vibrissas, que funcionam
13 filhotes como sensores e ajudam-no, por
Ocorrência/Distribuição exemplo, a localizar alimentos. O
todo o estado do Rio Grande ratão-do-banhado gosta de comer
do Sul vegetais verdes e pode devorar até
25% do seu peso em verdurinhas
Habitat
banhados, preferencialmente por dia. Vive em bandos e mergulha
água lêntica rapidamente na água quando se
Tamanho sente em perigo. Seus predadores
CC: 43-64 cm e CR: 25-43 cm são jacarés, aves de rapina e
mamíferos carnívoros. Também é
muito visado pelos caçadores por
causa de sua pele.

86
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Mamíferos

É uma espécie exótica na nossa


região. Como o nome diz, ela veio da
Europa. Adaptou-se muito bem aqui,
pois encontrou bastante alimento e
muita área livre por onde correr e ter
filhotes. A lebre-europeia é diferente
do coelho: além do corpo maior,
tem orelhas mais longas e mais
levantadas. Apesar de ter muitas
crias ao longo da vida, esta lebre não
Lebre-europeia apresenta hábitos familiares. Vive
solitária. Gosta de comer gramíneas,
Nome científico sementes, hortaliças e cereais.
Lepus europaeus Seus predadores são carnívoros
Alimentação de médio e grande porte, como
herbívora; gramíneas, sementes gatos silvestres, e também aves de
rapina, como as corujas. Consegue
Reprodução
atingir altas velocidades ao escapar.
ao longo de todo o ano (até 4
vezes ao ano); de 1 a 8 filhotes Também é muito boa em fazer
mimetismo, ou seja, em se confundir
Ocorrência/Distribuição
com a paisagem. Às vezes é
todo o estado do Rio Grande
impossível achar uma lebre no meio
do Sul
da vegetação dos campos.
Habitat
pradarias, campo aberto
Tamanho
CC: 60-70 cm e CR: 7-11 cm

87
Mamíferos Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS

A pequena mancha branca


acima dos olhos, as orelhas bem
Veado-virá grandes e os chifres simples são
Nome científico três características desta espécie. O
Mazama gouazoubira veado-virá não costuma se intimidar
com a presença de pessoas e por
Alimentação isso pode ser visto em áreas bastante
vegetação rasteira modificadas pelo ser humano,
Reprodução como plantações de milho e soja,
entre março e junho; apenas e em zonas de reflorestamento de
1 filhote pinus e eucalipto. Apesar de ser
Ocorrência/Distribuição abundante no Rio Grande do Sul,
todo o estado do Rio Grande não está livre de perigos: a caça,
do Sul que é ilegal, poderá acabar com
a população de veados-virá em
Habitat
região serrana, planícies algumas regiões. Outra ameaça são
os atropelamentos. Para escapar dos
Tamanho
CC: 82-125 cm e CR: 8-15 cm predadores, o veado-virá consegue
atravessar rios a nado. É um animal
solitário e dá a luz a apenas um
filhote por vez.

88
É o felino selvagem mais
comum da América do Sul. Tem o
tamanho de um gato doméstico
e pode pesar de dois a seis quilos.
Solitário, terrestre e noturno,
este bicho costuma ser bastante
desconfiado. É um excelente caçador,
Gato-do- como todos os felinos. Suas presas

mato-grande favoritas são pequenos roedores e


lagartos, lebres, aves, sapos, peixes e
Nome científico insetos. Pode atravessar rios mesmo
Leopardus geoffroyi com correnteza forte, pois ele nada
muito bem. No Brasil, o gato-do-
Alimentação mato-grande só existe na metade
carnívora; pequenos roedores sul do nosso estado. Seu nome
e aves
científico, Leopardus geoffroyi, é
Reprodução uma homenagem ao zoologista e
uma vez ao ano; de 1 a 4 filhotes naturalista francês Étienne Geoffroy
Ocorrência/Distribuição Saint-Hilaire, que esteve na América
no Brasil ocorre somente no do Sul no século XIX, e foi o primeiro
Rio Grande do Sul, no Bioma a identificar esse gato como uma
Pampa espécie distinta.
Habitat
formações florestais, campos
e bordas de banhados
Tamanho
CC: 42-66 cm e CR: 24-36 cm

89
É parente do graxaim-do-
campo, das raposas e até mesmo
dos cachorros domésticos: todos
pertencem à família Canidae. Tem
corpo mais robusto, as orelhas
menores e o focinho mais curto
do que o graxaim-do-campo.
Pode pesar até nove quilos. É, por
vezes, necrófago: come os filhotes
Graxaim-do-mato de ovelhas que nascem mortos.
Nome científico Por isso, acaba sendo caçado
Cerdocyon thous pelos produtores rurais, pois estes
acham que o graxaim os matou.
Alimentação Assim como o graxaim-do-campo,
onívora e oportunista; frutos,
este animal é um dos principais
pequenos roedores e aves
dispersores do butiazeiro, porque
Reprodução come os frutos e depois expele as
entre janeiro e março; de 3 a sementes com as fezes. São bichos
6 filhotes extremamente curiosos e podem
Ocorrência/Distribuição se aproximar de acampamentos
todo o estado do Rio Grande em busca de comida. A caça e os
do Sul atropelamentos são as principais
Habitat ameaças à sua sobrevivência. É
campos e pradarias, sítios, monogâmico: vive sempre com o
pastagens mesmo par. Territorial, demarca sua
Tamanho área com urina e fezes.
CC: 54-77 cm e CR: 22-41 cm

90
Também chamado de zorro
gris por causa de sua pelagem
acinzentada. É menor do que o
graxaim-do-mato: mede cerca
de um metro de altura e pesa de
quatro a seis quilos. Este animal se
adapta muito bem aos ambientes
Graxaim-do- modificados pelos humanos. Como é

campo bastante curioso, pode se aproximar


de casas e acampamentos. A dieta
Nome científico do graxaim-do-campo é onívora:
Lycalopex gymnocercus inclui pequenos mamíferos, aves,
anfíbios, insetos e até mesmo
Alimentação animais mortos. Ele também se
onívora; grande variedade de alimenta de frutos, e com isso acaba
alimentos
ajudando a disseminar, por meio
Reprodução de suas fezes, sementes de árvores
geralmente ocorre na primavera; como o butiazeiro. Tem hábitos
de 1 a 5 filhotes crepusculares e noturnos, e passa os
Ocorrência/Distribuição dias dentro de tocas ou em ocos de
todo o estado do Rio Grande árvores. Quando se sente ameaçado,
do Sul também pode se fingir de morto,
Habitat escapando assim dos predadores que
pastagens pampianas, preferem carne fresca.
ambientes abertos, pradarias
Tamanho
CC: 44-72 cm e CR: 25-41 cm

91
Mão-pelada
Nome científico
Procyon cancrivorus
Alimentação
onívora; artrópodes,
moluscos, peixes, anfíbios
Reprodução
de maio a julho; de 2 a 7 Habitat
filhotes bosques, áreas abertas, cercadas
Ocorrência/Distribuição com corpos d’água
todo o estado do Rio Grande Tamanho
do Sul CC: 55-87 cm e CR: 26-42 cm

O que mais chama a atenção que possível, prefere mergulhar os


neste bicho é a faixa negra que alimentos n’água antes de comê-
ele tem na altura dos olhos. Não los. O mão-pelada também pode se
parece a máscara de um bandido de aproximar de acampamentos em
histórias em quadrinhos? O mão- busca de uma refeição. Geralmente
pelada ganhou esse apelido porque é visto perto de estradas e de
suas mãos são lisas, e as palmas, sem banhados. Ágil nas escaladas, passa
pêlos. Seu tato é muito desenvolvido, o dia em cima das árvores. Seus
o que o ajuda a encontrar comida principais inimigos são mesmo os
dentro d’água. Em sua dieta estão seres humanos: existem muitos
caranguejos, moluscos e anfíbios, registros de atropelamentos.
além de frutos e insetos. Sempre

92
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Mamíferos

Tem fama de ser fedorento, mas


esse odor desagradável associado ao
zorrilho faz parte de sua estratégia
de defesa. Ele solta esse cheiro
forte quando se sente acuado pelos
seus oponentes, que podem ser
tanto grandes carnívoros quanto
cães domésticos. O zorrilho tem
visão e audição muito limitadas. Só
consegue enxergar seus inimigos
Zorrilho quando estão muito perto. Mas ele
também é um predador: talvez seja
Nome científico o principal consumidor dos ovos da
Conepatus chinga tartaruga conhecida popularmente
Alimentação como tigre-d’água (divide o posto
insetos e ovos de tartaruga com gaviões e lagartos). Além
disso, come serpentes, filhotes de
Reprodução
uma vez ao ano; de 2 a 5 aves e insetos. Entre as maiores
filhotes ameaças à existência dos zorrilhos
estão os veículos e as estradas.
Ocorrência/Distribuição
Atropelamentos são frequentes.
todo o estado do Rio Grande
do Sul
Habitat
ambientes abertos, pradarias,
savanas arbóreas
Tamanho
CC: 28-50 cm e CR: 18-40 cm

93
Furão
Nome científico
Galictis cuja
Alimentação
carnívora; pequenos
roedores, aves
Reprodução
geralmente primavera ou início Habitat
do verão; de 2 a 5 filhotes campos abertos geralmente
Ocorrência/Distribuição próximos de água, florestas
todo o estado do Rio Grande Tamanho
do Sul CC: 27-52 cm e CR: 13-19 cm

O nosso furão, de nome na natureza. À noite, costuma se


científico Galictis cuja, é parente abrigar em tocas feitas em troncos.
de um bichinho de estimação Seus predadores são as aves de
muito popular, principalmente rapina e os grandes carnívoros,
na América do Norte: o furão- mas a espécie não está ameaçada
doméstico (ferret, em inglês). de extinção. Extremamente ágil,
É difícil vê-lo em seu habitat, muitas vezes consegue escapar em
apesar dos seus hábitos diurnos e grande velocidade. Mas não é só em
campestres, pois ele gosta de ficar terra firme que este bicho dá show:
escondido. Também prefere andar também é considerado um excelente
sozinho, mas às vezes podemos nadador.
avistar uma mãe e seus filhotes

94
Guia dos animais da região de Pelotas e Rio Grande-RS Mamíferos

Seu nome científico é Lontra

Lontra longicaudis, o que nos dá uma pista


sobre o tamanho de sua cauda. Além
de longa, é musculosa, e serve como
Nome científico remo quando ela está nadando. As
Lontra longicaudis membranas existentes entre seus
Alimentação dedos ajudam na natação. A lontra
carnívora; peixes fica tão à vontade dentro d’água
Reprodução que pode comer e nadar de costas
geralmente na primavera; em ao mesmo tempo. Seus alimentos
algumas regiões pode ser todo o favoritos são peixes, moluscos,
ano; de 1 a 5 filhotes aves e pequenos mamíferos. Tem
Ocorrência/Distribuição bigodes longos (conhecidos como
todo o estado do Rio Grande vibrissas) que agem como sensores
do Sul na hora de encontrar comida. É um
bicho solitário e gosta de se refugiar
Habitat
banhados, rios, açudes, em buracos e tocas nos barrancos.
arroios, canais Para deslizar até a água, constrói
caminhos que parecem uns tobogãs.
Tamanho
CC: 50-79 cm e CR: 37-57 cm Principais ameaças: caçadores, que
cobiçam sua pele. A construção de
barragens e a redução das matas
ciliares também põem sua vida em
perigo. Felizmente, não está mais
ameaçada de extinção.

95
Lista de espécies Répteis
cágado-de-barbilhão (Phrynops hilarii)
Peixes Anuais tigre-d’água (Trachemys dorbigni)
Família Rivulidae lagartixa-das-casas (Hemidactylus
Cynopoecilus melanotaenia mabouia)
Austrolebias nigrofasciatus cobra-de-vidro (Ophiodes aff. striatus)
Austrolebias wolterstorffi teiú (Salvator merianae)
Austrolebias cf. jaegari cobra-cega (Amphisbaena trachura)
Austrolebias minuano muçurana (Boiruna maculata)
cobra-verde (Erythrolamprus
Anfíbios
poecilogyrus sublineatus)
sapinho-de-barriga-vermelha cobra-d’água (Helicops infrataeniatus)
(Melanophryniscus dorsalis) falsa-coral (Oxyrhopus rhombifer
sapinho-de-jardim (Rhinella dorbignyi) rhombifer)
sapinho-da-terra (Odontophrynus cobra-cipó (Philodryas olfersii)
americanus) parelheira (Philodryas patagoniensis)
pererequinha-do-brejo boipeva (Xenodon merremii)
(Dendropsophus sanborni) cruzeira (Bothrops alternatus)
perereca-do-banhado (Hypsiboas jararaca-pintada (Bothrops pubescens)
pulchellus) jacaré-do-papo-amarelo (Caiman
rã-boiadora (Pseudis minuta) latirostris)
perereca-de-banheiro (Scinax
fuscovarius) Aves
rã-chorona (Physalaemus gracilis) cardeal-do-banhado (Amblyramphus
rã-manteiga (Leptodactylus latrans) holosericeus)
sapinho-oval (Elachistocleis bicolor) marreca-pardinha (Anas flavirostris)
cecília (Chthonerpeton indistinctum) cochicho (Anumbius annumbi)

96
garça-branca-grande (Ardea alba) Mamíferos
freirinha (Arundinicola leucocephala) gambá-de-orelha-branca (Didelphis
socó-boi-baio (Botaurus pinnatus) albiventris)
maçarico-de-cara-pelada ou chapéu- tatu-galinha (Dasypus novemcinctus)
velho (Phimosus infuscatus) preá (Cavia aperea)
anu-branco (Guira guira) capivara (Hydrochoerus hydrochaeris)
gavião-caboclo (Heterospizias ratão-do-banhado (Myocastor coypus)
meridionalis) lebre-europeia (Lepus europaeus)
sanhaçu-papa-laranja (Pipraeidea veado-virá (Mazama gouazoubira)
bonariensis) gato-do-mato-grande (Leopardus
polícia-inglesa-do-sul (Sturnella geoffroyi)
superciliaris) graxaim-do-mato (Cerdocyon thous)
chopim-do-brejo (Pseudoleistes graxaim-do-campo (Lycalopex
guirahuro) gymnocercus)
colhereiro (Platalea ajaja) mão-pelada (Procyon cancrivorus)
mergulhão (Podilymbus podiceps) zorrilho (Conepatus chinga)
saracura-do-banhado (Pardirallus furão (Galictis cuja)
sanguinolentus) lontra (Lontra longicaudis)
pica-pau-do-campo (Colaptes
campestris)
pernilongo (Himantopus melanurus)
quero-quero (Vanellus chilensis)
caracará (Caracara plancus)
coruja-buraqueira (Athene cunicularia)

97
Créditos fotográficos Rafael Antunes Dias
zorrilho (Conepatus chinga)
Débora Argou Marques
muçurana (Boiruna maculata) Sergio Néglia Bavaresco
parelheira (Philodryas patagoniensis) furão (Galictis cuja)
cobra-d’água (Helicops infrataeniatus) lontra (Lontra longicaudis)
cecília (Chthonerpeton indistinctum)
cobra-cega (Amphisbaena trachura) Glayson Ariel Bencke
cobra-verde (Erythrolamprus tatu-galinha (Dasypus novemcinctus)
poecilogyrus sublineatus)
falsa-coral (Oxyrhopus rhombifer Gustavo Fonseca /Rastro
rhombifer) graxaim-do-campo (Lycalopex
gymnocercus)
Daniel Loebmann
lagartixa-das-casas (Hemidactylus Guilherme Bittencourt /Projeto
mabouia) Capturando vida
jacaré-do-papo-amarelo (Caiman gambá-de-orelha-branca (Didelphis
latirostris) albiventris)
sapinho-de-barriga-vermelha
(Melanophryniscus dorsalis) João da Luz/Rastro
graxaim-do-mato (Cerdocyon thous)
Matheus Volcan/Instituto Pró-Pampa lebre-europeia (Lepus europaeus)
Peixes Anuais
Cynopoecilus melanotaenia Clarissa Alves
Austrolebias nigrofasciatus mão-pelada (Procyon cancrivorus)
Austrolebias wolterstorffi
Felipe Castro Bonow
Austrolebias cf. jaegari
Austrolebias minuano marreca-pardinha (Anas flavirostris)
cochicho (Anumbius annumbi)
Carlos Benhur Kasper freirinha (Arundinicola leucocephala)
veado-virá (Mazama gouazoubira) socó-boi-baio (Botaurus pinnatus)

98
maçarico-de-cara-pelada ou chapéu- cágado-de-barbilhão (Phrynops hilarii)
velho (Phimosus infuscatus)
anu-branco (Guira guira) Solano Vasconcelos Ferreira
gavião-caboclo (Heterospizias ratão-do-banhado (Myocastor coypus)
meridionalis) colhereiro (Platalea ajaja)
sanhaçu-papa-laranja (Pipraeidea quero-quero (Vanellus chilensis)
bonariensis) coruja-buraqueira (Athene cunicularia)
polícia-inglesa-do-sul (Sturnella caracará (Caracara plancus)
superciliaris) cruzeira (Bothrops alternatus)
chopim-do-brejo (Pseudoleistes teiú (Salvator merianae)
guirahuro) tigre-d’água (Trachemys dorbigni)
mergulhão (Podilymbus podiceps)
saracura-do-banhado (Pardirallus Gustavo Machado Wallwitz
sanguinolentus) cobra-cipó (Philodryas olfersii)
pica-pau-do-campo (Colaptes boipeva (Xenodon merremii)
campestris) cardeal-do-banhado (Amblyramphus
pernilongo (Himantopus melanurus) holosericeus)
garça-branca-grande (Ardea alba) cobra-de-vidro (Ophiodes striatus)
jararaca-pintada (Bothrops pubescens)
Sônia Huckembeck
sapinho-de-jardim (Rhinella dorbignyi) Fernanda de Oliveira Rosa
pererequinha-do-brejo (Dendropsophus sapinho-da-terra (Odontophrynus
sanborni) americanus)
perereca-do-banhado (Hypsiboas
pulchellus) Michele Buffon Camargo
rã-boiadora (Pseudis minuta) capivara (Hydrochoerus hydrochaeris)
perereca-de-banheiro (Scinax
fuscovarius) Tatiane Noviski-Fornel
rã-chorona (Physalaemus gracilis) preá (Cavia aperea)
rã-manteiga (Leptodactylus latrans)
sapinho-oval (Elachistocleis bicolor)

99
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