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O SACRIFÍCIO DE JESUS NA CRUZ

Vocês, porém, não são controlados pela natureza humana, mas pelo Espírito, se de fato o Espírito de Deus
habita em vocês. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, a ele não pertence. Uma vez que Cristo habita em
vocês, embora o corpo morra por causa do pecado, o Espírito lhes dá vida porque vocês foram declarados
justos diante de Deus. E, se o Espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vocês, o Deus
que ressuscitou Cristo Jesus dos mortos dará vida a seu corpo mortal, por meio desse mesmo Espírito que
habita em vocês(Rm 8:9-11).

Antes de chegarmos no Espírito Santo precisamos primeiro passar pela Cruz, no sacrifício de Cristo. Precisamos
entender a gravidade do pecado para compreendermos o sacrifício de Jesus na cruz em sua totalidade, pois uma má
compreensão dele resulta em um fé fraca. Mas onde está a gravidade do pecado? A gravidade do pecado está em
quem Deus é, Paul Washer diz: O evangelho não começa com o homem, mas com o que Deus realmente é, pois
é aí que reside o problema. Se Deus não fosse quem é, então o pecado não seria o problema que é. O pecado
é o que é justamente porque Deus não é apenas amor, mas também santidade e justiça. Nesse sentido, o pecar
não está tão relacionado à quantidade de pecado que eu tenho, mas contra quem eu estou cometendo, pois Deus é
infinitamente Santo, estamos ferindo a santidade de Deus ao percarmos. As Escrituras afirmam que o salário do
pecado é a morte(Rm 6.23), vocês estavam mortos por causa de sua desobediência e de seus muitos pecados,
nos quais costumavam viver, como o resto do mundo, obedecendo ao comandante dos poderes do mundo
invisível. Ele é o espírito que opera no coração dos que se recusam a obedecer. Todos nós vivíamos desse
modo, seguindo os desejos ardentes e as inclinações de nossa natureza humana. Éramos, por natureza,
merecedores da ira, como os demais(Ef 2.1-3).

Paulo deixa claro algo: Éramos, por natureza, MERECEDORES da ira. O que isso quer dizer? Que nós andávamos
em pecado, regidos pelos principados e potestades que operam no mundo, sem esperança. Mas logo em seguida
Paulo começa a expor o plano de salvação estendido a todos nós: Mas Deus é tão rico em misericórdia e nos
amou tanto que, embora estivéssemos mortos por causa de nossos pecados, ele nos deu vida juntamente
com Cristo. É pela graça que vocês são salvos! Pois ele nos ressuscitou com Cristo e nos fez sentar com ele
nos domínios celestiais, porque agora estamos em Cristo Jesus(Ef 2.4-6).

E isso é grandioso, pois as Escrituras em Provérbios 17:15 diz: O que justifica o perverso e o que condena o justo
abomináveis são para o SENHOR, tanto um como o outro. Diante desse versículo temos a seguinte indagação,
como Deus pode ser Justo e, ao mesmo tempo, o Justificador de homens pecadores?

Paul Washer declara: Se Deus é justo – e Ele certamente é -, Ele não pode nos perdoar sem se tornar perverso.
E a pergunta que fica é, por que Jesus morreu? E a resposta nós não sabemos dar ou talvez a damos de maneira
rasa, sem saber o total valor do que foi o sacrifício de Jesus. Sendo assim, como pode Deus justificar um homem
perverso e continuar sendo justo? A resposta está em Romanos 3.25, PROPICIAÇÃO. Uma propiciação é um
sacrifício feito no lugar da parte culpada, que justifica, ou satisfaz a justiça de Deus, e faz com que seja possível para
Deus perdoar homens pecadores. Por isso Jesus, embora sendo Deus, não considerou que ser igual a Deus
fosse algo a que devesse se apegar. Em vez disso, esvaziou a si mesmo; assumiu a posição de escravo e
nasceu como ser humano. Quando veio em forma humana, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte
de cruz(Fp 2.6-8).

Agora, após a morte de Cristo, a justiça foi saciada, e Sua ira e santo ódio contra o pecado foram apaziguados, de
modo que Deus possa livremente perdoar. E somente o próprio Deus poderia suportar a Sua própria ira, somente Ele
era digno, sem pecado e ao mesmo tempo, assumida a natureza humana, se fez maldição por nós. As Escrituras
declaram: Cristo nos resgatou da maldição da lei(Gl 3.10-13). Ele se tornou maldição por nós, para nos reconciliar
com o Pai novamente. Jesus não apenas morreu, mas quando o poder do Espírito Santo o ressuscitou dos
mortos, foi demonstrado que ele era o Filho de Deus. Ele é Jesus Cristo, nosso Senhor(Rm 1.4).

Portanto, a fé vem por ouvir, isto é, por ouvir as boas-novas a respeito de Cristo(Rm 10.17).

Isso é o Evangelho, essa é maneira pela qual somos salvos: pela fé em Jesus Cristo. Mas até mesmo para crermos
nele nós carecemos do Espírito Santo, pois as Escrituras declaram: Somente o Espírito dá vida. A natureza
humana não realiza coisa alguma(Jo 6.63).

Após sermos regenerados pelo Espírito Santo de Deus e crermos em Jesus, somos justificados. Após a justificação,
pela fé no sacrifício de Cristo, entramos no processo de santificação. O processo de santificação ocorre durante
nossa peregrinação na terra, e o foco é nos conformar à imagem do filho de Deus, mas não é totalidade, pois isso
será consumado quando Cristo retornar e então seremos glorificados.
Importante pontuar que em todos os três processos o Espírito Santo está inserido, pois nós só conseguimos crer
depois que somos iluminados por Ele, então pela fé somos justificados. Durante o processo de santificação, quem
nos habilita e nos ajuda a perseverar também é o Espírito. Já em relação à glorificação, ele é o penhor da
consumação da nossa salvação, pois Jesus o deixou conosco como garantia de que um dia irá retornar.

ESPÍRITO SANTO, O DEUS QUE REVELA DEUS

Somente o Espírito Santo pode transmitir ao espírito humano o conhecimento do Santo – A. W. Tozer

Após o novo nascimento, por meio do Espírito, nós conseguimos discernir e entender as coisas espirituais:

Mas foi a nós que Deus revelou estas coisas por seu Espírito. Pois o Espírito sonda todas as coisas, até os
segredos mais profundos de Deus. Pois quem conhece os pensamentos de uma pessoa, senão o próprio
espírito dela? Da mesma forma, ninguém conhece os pensamentos de Deus, senão o Espírito de Deus. E nós
recebemos o Espírito de Deus, e não o espírito deste mundo, para que conheçamos as coisas maravilhosas
que Deus nos tem dado gratuitamente. Quando lhes dizemos isso, não empregamos palavras vindas da
sabedoria humana, mas palavras que nos foram ensinadas pelo Espírito, explicando verdades espirituais a
pessoas espirituais. Mas o homem natural não aceita as verdades do Espírito de Deus. Elas lhe parecem
loucura, e ele não consegue entendê-las, pois apenas quem é espiritual consegue avaliar corretamente o que
diz o Espírito. Quem é espiritual pode avaliar todas as coisas, mas ele próprio não pode ser avaliado por
outros. Pois, “Quem conhece os pensamentos do Senhor? Quem sabe o suficiente para instruí-lo?”. Mas nós
temos a mente de Cristo.

Diante disso, vamos voltar para o momento onde Jesus está para ser crucificado e passa a falar abertamente com
seus discípulos sobre sua morte e ressurreição. Precisamos voltar em João 14 ao 16 para entendermos quem é o
Espírito Santo e a sua missão ao ser enviado. Ele é o nosso Paráclito, Ajudador, Consolador, Aquele que nos faz
lembrar dos ensinamentos de Jesus. E ao longo do caminho para Seu sacrifício, Jesus fala aos discípulos sobre a
vinda do Espírito Santo da Promessa sobre eles, fazendo deles Sua habitação a partir desse momento(Lc 24.49, Jo
20.22; At 1.8 e At 2.1-4). O Espírito Santo não é uma coisa, um poder ou uma força, mas Ele é uma pessoa(Rm
8.27; Is 63.30; Ef 4.30; 1Co 2.10; 1Co 12.11), Jesus deixa isso claro em João 14:17, onde lemos que o Espírito
Santo “habita com vocês agora e depois estará em vocês”.

“Muitos cristãos de hoje parecem ter experimentado três estágios: condenação, salvação, e estagnação. A
primeira infância é uma coisa encantadora; mas essa infância de forma permanente é deplorável. O coração
paterno do apóstolo Paulo ansiava que os discípulos nascidos do Espírito chegassem à maturidade. Ele
lamenta a condição infantil dos cristãos de Corinto (1Co. 3). Em Efésios 4.12, ele almeja pelo
“aperfeiçoamento dos santos”, para que eles se movam ao status de “homem perfeito, à medida da estatura
completa de Cristo” (vs. 13). Um pouco mais adiante, ele geme para que eles sejam liberados da infância
espiritual – “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados ao redor por todo o vento de
doutrina” (Ef. 4.14). Os tais são facilmente enganados e ludibriados por pastores astuciosos. A preocupação
de Paulo é que esses que professam o nome de Cristo cresçam rapidamente, não porque eles seriam um
embaraço para Paulo, mas ao contrário, para que possam receber sua “herança entre os que são santificados
pela fé em mim” (Atos 26.18). Não, isso não era um desejo para salvar as aparências da parte de Paulo. Ele
almejava que aqueles crentes tivessem o direito à herança que lhes pertencia. Uma criança não pode herdar
riquezas; ela as desperdiçaria. Da mesma forma, também, um filho imaturo de Deus não pode reivindicar seus
direitos enquanto ainda é infante (Gl. 4.1-2). Joias não são brinquedos. “Dons do Espírito” não são joguetes.
Nem são escritórios para serem usados como charmes pessoais para suportar egos.” – Leonard Ravenhill

Assim como Paulo, o escritor aos Hebreus apela ao crescimento espiritual da Igreja, e por não possuírem
fundamento suficiente, eles não estavam prontos para absorverem o que ele tinha a ensiná-los em sua totalidade. E
no final do capítulo 5 e início do capítulo 6 ele os incentiva a seguir em frente, buscando a maturidade no
entendimento. Analogamente, a Igreja de hoje clama por um avivamento, e PRECISA dele, mas ignora alguém
imprescindível para que ele aconteça: O Espírito Santo. É cada vez mais notório o quanto nós temos negligenciado o
Espírito Santo, nós temos tentando fazer tudo da nossa maneira, esquecendo que o Espírito de Deus habita em
nós(se é que habita de verdade) e quer nos direcionar ao lugar de total comunhão e dependência do Senhor, então
teremos uma vida verdadeiramente avivada.

Sendo assim, todos nós precisamos desenvolver um relacionamento com Ele a fim de que venhamos ser iluminados
à respeito das verdades de Deus. Na verdade, Jonathan Edwards discorre no 1º capítulo do seu livro, Pecadores nas
mãos de um Deus irado, sobre a nossa dependência humana em Deus para a salvação, demonstrando de maneira
clara a atuação de Deus em nós, nos possibilitando à fé no Cristo e a permanência Nele por meio do Espírito Santo.
É de Deus que os redimidos de fato recebem toda a sua verdadeira excelência, sabedoria e santidade; e é por
dois modos, a saber, segundo o Espírito Santo, por quem essas coisas são diretamente realizadas, são de
Deus, procedem Dele e são enviadas por Ele; e como o próprio Espírito Santo é Deus, por cuja operação e
habitação do conhecimento das coisas divinas e uma disposição santa, bem como toda a graça, são
conferidas e sustentadas. Somos dependentes do Espírito Santo, pois é por causa dele que estamos em
Cristo Jesus; é o Espírito Santo de Deus que nos faz ter fé Nele, pela qual o recebemos e nos aproximamos
Dele. – Jonathan Edwards

Além disso, no livro “A genuína experiência espiritual” Jonathan Edwards procura diferenciar as experiências
genuínas das que não são, visto que ele estava em meio a um grande despertamento nos EUA(Séc. XVIII) e muitos
abraçavam o extremismo e rejeitavam qualquer tipo de experiência gerada pelo Espírito Santo. Outrossim, Edwards
defende fundamento pelas escrituras (Ef 1.17-19) a necessidade do Espírito Santo para que sejamos iluminados e
compreendamos as coisas espirituais.

GUIADOS PELO ESPÍRITO

Paulo está abordando em Romanos 8.1-4 acerca da vida no Espírito, e nos primeiros versículos ele afirma que já não
há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus. Pois em Cristo Jesus a lei do Espírito que dá
vida os libertou da lei do pecado, que leva à morte. A lei não era capaz de nos salvar por causa da fraqueza de
nossa natureza humana, por isso Deus fez o que a lei era incapaz de fazer ao enviar seu Filho na semelhança
de nossa natureza humana pecaminosa e apresentá-lo como sacrifício por nosso pecado. Com isso, declarou
o fim do domínio do pecado sobre nós, de modo que nós, que agora não seguimos mais nossa natureza
humana, mas sim o Espírito, possamos cumprir as justas exigências da lei.

Em seguida, nos versículos de 5 a 8, Paulo contrasta a vida de quem é dominado pela natureza humana daquele que
é dominado pelo Espírito:

Aqueles que são dominados pela natureza humana pensam em coisas da natureza humana, mas os que são
controlados pelo Espírito pensam em coisas que agradam o Espírito. Portanto, permitir que a natureza
humana controle a mente resulta em morte, mas permitir que o Espírito controle a mente resulta em vida e
paz. Pois a mentalidade da natureza humana é sempre inimiga de Deus. Nunca obedeceu às leis de Deus, e
nunca obedecerá. Por isso aqueles que ainda estão sob o domínio de sua natureza humana não podem
agradar a Deus.

Até que ele chega no versículo 9 que diz:

Vocês, porém, não são controlados pela natureza humana, mas pelo Espírito, se de fato o Espírito de Deus
habita em vocês.

A partir daqui vamos começar a refletir um pouco sobre andar no Espírito, pois Paulo está apresentando uma
condição nesse versículo, SE o Espírito habita em vocês, logo vocês não são controlados pela natureza humana.

Nós estamos em guerra, existe uma guerra invisível que ocorre o tempo todo e as vezes nós não percebemos. É a
guerra entre a mentalidade do Reino de Deus versus a mentalidade do mundo caído. Em Efésios 2 Paulo aborda
sobre a nossa condição antes de sermos salvos, estávamos mortos por causa da nossa desobediência e de nossos
muitos pecados e obedecíamos ao comandante dos poderes do mundo invisível. Mas por causa da misericórdia e do
amor de Deus, embora estivéssemos mortos por causa de nosso pecados, ele nos deu vida juntamente com Cristo. E
Paulo declara no versículo 6: Pois ele nos ressuscitou com Cristo e nos fez sentar com ele nos domínios
celestiais, porque agora estamos em Cristo Jesus. Sendo assim, Paulo continua discorrendo sobre os benefícios
e consequências do sacrifício de Jesus, como abordei já anteriormente, agora somos templo do Espírito Santo(1Co
6.19). Até que Paulo chega no capítulo 3 e declara o seguinte: O plano de Deus era mostrar a todos os
governantes e autoridades nos domínios celestiais, por meio da igreja, as muitas formas da sabedoria divina.
Esse era seu propósito eterno, que ele realizou por meio de Cristo Jesus, nosso Senhor. Diante disso, nós
vemos que existe uma CLARA diferenciação daqueles que andam no Espírito dos que não andam.

Frequentadores de igreja por todo o país dizem que o Espírito Santo habita neles. Garantem que Deus lhes
concedeu uma capacidade sobrenatural de seguir Cristo, abandonar o pecado e servir à igreja. Os cristão
falam que nasceram de novo e dizem que antes estavam mortos, mas agora nasceram para uma nova vida.
Nós endurecemos o coração para essas palavras, mas elas são muito poderosas e possuem forte significado.
No entanto quando as pessoas de fora da igreja não conseguem ver a diferença em nossa maneira de viver,
começa a questionar nossa integridade, nossa sanidade ou, ainda pior, nosso Deus. Quem pode culpá-las por
isso? – Francis Chan
Temos ou não temos o Espírito Santo? De fato estamos andando no Espírito? Se não, como andar? O que eu preciso
fazer para isso? São questões que nos vem à mente diante dessa realidade, nós afirmamos que nascemos de novo,
falamos que temos o Espírito Santo, mas muita das vezes nosso estilo de vida não condiz com alguém que nasceu
de novo, nossa vida não confirma a verdade que o Espírito Santo habita em nós.

Muita dessa nossa dificuldade se passa por não compreendermos algo simples: O Espírito Santo não é uma coisa,
um poder ou uma força, mas Ele é uma pessoa(Rm 8.27; Is 63.30; Ef 4.30; 1Co 2.10; 1Co 12.11), Jesus deixa isso
claro em João 14:17, onde lemos que o Espírito Santo “habita com vocês agora e depois estará em vocês”. Logo,
precisamos desenvolver um relacionamento com Ele.

Andar no Espírito requer renovação de mente(Rm 12.2) e essa renovação de mente não é algo estático, mas
constante. Nós somos incentivados a crescer no conhecimento do Senhor, mediante a revelação de quem Ele É, por
meio do Espírito(2Co 3.17,18). Revistam-se da nova natureza e sejam renovados à medida que aprendem a
conhecer seu Criador e se tornam semelhantes a ele(Cl 3.10). Os que são guiados pelo Espírito de Deus são
filhos de Deus. Pois vocês não receberam um espírito que os torne, de novo, escravos medrosos, mas sim o
Espírito de Deus, que os adotou como seus próprios filhos. Agora nós o chamamos “Aba, Pai”, pois o seu
Espírito confirma a nosso espírito que somos filhos de Deus(Rm 8.15,16). Essa uma verdade, mas por que
continuar crescendo em renovação de mente? A resposta está me 1João 3.2,3: Amados, já somos filhos de Deus,
mas ele ainda não nos mostrou o que seremos quando Cristo vier. Sabemos, porém, que seremos
semelhantes a ele, pois o veremos como ele realmente é. E todos que têm essa esperança se manterão puros,
como ele é puro.

Como eu disse anteriormente, existe uma guerra maior descrita por Paulo em Efésios 6, em que os principados e
potestades, dominadores deste mundo, atuam nas regiões celestiais através de forças espirituais malignas para
reger(e regem) a mentalidade do mundo, pois padrão de pensamento modula padrão de comportamento. Nesse
sentido, não existe surpresa nisso, pois Cristo mesmo disse que o mundo jaz no maligno(1Jo 5.19). O real problema
é que a Igreja, que foi chamada para tornar conhecida a multiforme sabedoria de Deus aos principados e
potestades(Ef 3.10), tem se dobrado à sabedoria do mundo.

Deus quer que ouçamos seu Espírito todos os dias, e mesmo ao longo do dia, à medida que surgem as
dificuldades e os momentos de tensão, em meio às pressões do mundo. Precisamos de reduzir o Espírito
Santo, Ele não é alguém que recorremos apenas quando precisamos de uma porção extra de poder para a
nossa vida. – Francis Chan

Nós precisamos desesperadamente do Espírito Santo, o simples fato de cremos é porque Ele agiu em nós, mas para
sairmos desse estado de estagnação espiritual, nós também necessitamos Dele. Precisamos deixar que Ele controle
nossas vontades e nos conduza a cruz.

O chamado de Jesus é para o discipulado:

Então Jesus disse a seus discípulos: “Se alguém quer ser meu seguidor, negue a si mesmo, tome sua cruz e
siga-me. Se tentar se apegar à sua vida, a perderá. Mas, se abrir mão de sua vida por minha causa, a
encontrará. Que vantagem há em ganhar o mundo inteiro, mas perder a vida? E o que daria o homem em
troca de sua vida? Pois o Filho do Homem virá com seus anjos na glória de seu Pai e julgará cada pessoa de
acordo com suas ações. Eu lhes digo a verdade: alguns que estão aqui neste momento não morrerão antes
de ver o Filho do Homem vindo em seu reino!”(Mt 16.24-28).

Eis aí a separação da multidão e os discípulos. Jesus estava trilhando o caminho para cruz, onde não teria glória,
mas seria humilhado e esmagado pelo próprio Deus(Is 53). Sendo assim, Ele impõe uma condição para a multidão:
morram para vocês mesmos e então poderão me seguir, pois esse é o meu caminho(Fp 2.5-11), só assim
serão meus discípulos.

É para esse lugar, para esse estilo de vida que o Espírito Santo quer no conduzir, vida de cruz.

A cruz possui duas naturezas, a substitutiva(obra expiatória de Cristo) e identificacional(o chamado de Cristo ao
discipulado). Em sua carta a igreja em Filipos, Paulo diz que considerava tudo como perca, a fim de poder ganhar a
Cristo e nele ser encontrado. Ele diz que o seu desejo era experimentar o grande poder que O ressuscitou. E com
isso ele estava disposto a sofrer com Cristo, participando da morte dEle, para alcançar a ressurreição dos mortos(Fp
3.8-11). Paulo entendeu claramente o chamado de Jesus ao discipulado e estava convicto que sem a vida de cruz
não era possível obter a tão desejada ressurreição. Em contrapartida, ele aborda como era a vida daqueles que
haviam se apropriado dos benefícios da natureza substitutiva da cruz mas rejeitavam a identificacional , que faz
alusão a renúncia e sofrimento. Eis a diferença dos que são filhos de Deus e possuem o Espírito dos que não
possuem, os chamados INIMIGOS da cruz:
Irmãos, sejam meus imitadores e aprendam com aqueles que seguem nosso exemplo. Pois, como lhes disse
muitas vezes, e o digo novamente com lágrimas nos olhos, há muitos cuja conduta mostra que são, na
verdade, inimigos da cruz de Cristo. Estão rumando para a destruição. O deus deles é seu próprio apetite.
Vangloriam-se de coisas vergonhosas e pensam apenas na vida terrena(Fp 3.17-19).

Os inimigos da cruz estão presentes também nos nossos dias, eles querem o perdão de Deus, eles querem se
apropriar das promessas de Deus em Jesus, mas não querem renunciar o seu eu(Ego) e viver em santidade, Deus
me ama e é isso que importa, eles dizem. E é verdade que Deus nos ama, o amor dEle por nós foi evidenciado no
sacrifício de Jesus na cruz. Mas esse mesmo Homem que veio para salvar o mundo, voltará para julgá-lo(At
17.30,31). Em vista disso, Pedro diz:

Portanto, amados, enquanto esperam que essas coisas aconteçam, esforcem-se para levar uma vida pacífica,
pura e sem culpa aos olhos de Deus(2Pe 3.14).

A VIDA NO ESPÍRITO SE OPÕE AO ESTILO DE VIDA CAÍDO

Na primeira vinda de Jesus o reino de Deus foi manifestado a nós(Lc 17.21) e a nossa forma de viver, que outrora
era como de mortos(Ef 2.5), passou a ser moldada pela realidade desse reino que habita em nós nos vivificando com
Cristo(Ef 2.5). Após a morte, ressurreição e ascensão de Jesus aos céus as Escrituras declaram que agora nós
temos a mente Cristo(1Co 2.16) e que estamos assentados em regiões celestiais em Cristo(Ef 2.6). Paulo escreve
em Colossenses 3 sobre a nossa união com Cristo e diz que todos que ressuscitaram com Ele, devem buscar as
coisas do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.

Nesse sentido, o que Paulo está querendo dizer é que devemos viver de acordo com a realidade do reino de Deus
manifestada por Jesus Cristo. Sabendo que o reino de Deus é paz, justiça e alegria no Espírito(Rm 14.17), o que nos
é exigido é o abandono da velha natureza e suas práticas, revestindo-nos da nova natureza através do constante
conhecimento do nosso Senhor Jesus Cristo(2Co 3.16-18). Na oração do Pai nosso Jesus diz: venha o teu reino;
faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu(Mt 6.10).

Sendo assim, Jesus expõe um dos fundamentos do reino de Deus que é a submissão à vontade do Senhor. Para
aqueles que são do reino importa que apenas UMA vontade seja feita, A DO SENHOR. E como fazer a vontade do
Senhor? Obedecendo os seus mandamentos. E quem nos habilita a obedecer aos mandamentos do Senhor? O Seu
Espírito.

Em oposição a isso, nós temos a nossa carne guerreando contra o Espírito e Paulo descreve isso muito bem em
Romanos 7.14-25. Mas precisamos agir, não podemos ser dominados pela nossa velha natureza, temos que deixar
o Espírito guiar a nossa vida a fim de que não venhamos satisfazer os anseios da nossa natureza humana(Gl
5.16). É impossível viver no poder do Espírito Santo e do pecado ao mesmo tempo. Como eu abordei no início sobre
o pecado e a sua gravidade, fica claro que ele faz oposição total a tudo o que é do Espírito. Eles são
mutuamente excludente e totalmente contrários. Isso não significa que, se você peca, não tem o Espírito
Santo ou não é um seguidor de Cristo. Não significa que, quando peca, está deixando de ser submisso à
autoridade e à presença do Espírito Santo em sua vida. – Francis Chan

Diante dos nossos pecados(agora acidentes de percurso), os principados e potestades surgem para nos acusar e
condenar, mas as escrituras declaram:

Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Se, contudo, alguém pecar, temos um
advogado que defende nossa causa diante do Pai: Jesus Cristo, aquele que é justo. Ele mesmo é o sacrifício
para o perdão de nossos pecados, e não apenas de nossos pecados, mas dos pecados de todo o mundo(1Jo
2.1,2).

A resposta está em Colossenses 2.13-15. Sim nós, outrora vivíamos sob o poder do pecado, mas agora em Cristo,
não mais, agora vivemos pelo poder do Espírito, pois na cruz Deus estava cancelando o registro de acusações
contra nós, removendo-o e pregando-o nela. Desse modo, Ele desarmou os governantes e as autoridades
espirituais e os envergonhou publicamente ao vencê-los na cruz. Nós agora fomos justificados pela fé no
sacrifício do cordeiro de Deus, não confiamos na nossa própria justiça, nós confiamos no Seu sacrifício perfeito em
nosso lugar.

O Espírito Santo é o Paráclito de Cristo, como o Senhor Jesus é o nosso. Mas, enquanto que o Espírito Santo
pleiteia a causa de Cristo perante o mundo hostil, Cristo pleiteia a nossa causa contra o nosso “acusador” e
junto ao Pai, que ama e perdoa seus filhos – John Stott

Visto, portanto, que temos um grande Sumo Sacerdote que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-
nos firmemente àquilo em que cremos. Nosso Sumo Sacerdote entende nossas fraquezas, pois enfrentou as
mesmas tentações que nós, mas nunca pecou. Assim, aproximemo-nos com toda confiança do trono da
graça, onde receberemos misericórdia e encontraremos graça para nos ajudar quando for preciso(Hb 4.14-
16).

Diante das obras da carne descritas em Gálatas 5.19-21 precisamos nos lembrar da recomendação de Pedro em sua
carta:

Portanto, preparem sua mente para a ação e exercitem o autocontrole. Depositem toda a sua esperança na
graça que receberão quando Jesus Cristo for revelado. Sejam filhos obedientes. Não voltem ao seu antigo
modo de viver, quando satisfaziam os próprios desejos e viviam na ignorância. Agora, porém, sejam santos
em tudo que fizerem, como é santo aquele que os chamou. Pois as Escrituras dizem: “Sejam santos, porque
eu sou santo”. Lembrem-se de que o Pai celestial, a quem vocês oram, não mostra favorecimento. Ele os
julgará de acordo com suas ações. Por isso, vivam com temor durante seu tempo como residentes na terra.
Pois vocês sabem que o resgate para salvá-los do estilo de vida vazio que herdaram de seus antepassados
não foi pago com simples ouro ou prata, que perdem seu valor, 19mas com o sangue precioso de Cristo, o
Cordeiro de Deus, sem pecado nem mancha(1Pe 1.13-19).

Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da
alma(Hb 10.39). Precisamos perseverar e é por isso que Deus nos deixou o seu Espírito(Ef 1.17-20 e Jo 14;16).

O CARÁTER DE CRISTO EM NÓS E OS DONS

Visto que Deus os escolheu para ser seu povo santo e amado, revistam-se de compaixão, bondade,
humildade, mansidão e paciência. Sejam compreensivos uns com os outros e perdoem quem os ofender.
Lembrem-se de que o Senhor os perdoou, de modo que vocês também devem perdoar. Acima de tudo,
revistam-se do amor que une todos nós em perfeita harmonia. Permitam que a paz de Cristo governe o seu
coração, pois, como membros do mesmo corpo, vocês são chamados a viver em paz. E sejam sempre
agradecidos(Cl 3.12-15).

Em Mateus 7.21-27 Jesus deixa claro que os dons não são garantia de salvação, mas o que revela se alguém é/está
sendo salvo são os frutos que sua vida gera. Deus quer gerar em nós, através do Seu Espírito, o caráter de Cristo. O
plano de Deus era esse, mostrar a todos os governantes e autoridades nos domínios celestiais, por meio da
igreja, as muitas formas da sabedoria divina(Ef 3.10). Ou seja, Deus quer uma Igreja que vá na contramão do
mundo, manifestando os valores e princípios do reino de Deus.

Fomos chamados para fazer boas obras. E isso tem a vê com uma fé prática, uma árvore boa produz frutos bons(Lc
6.43-45). O que Jesus estava dizendo com isso é que aqueles que possuem uma genuína fé nEle a evidenciariam
por meio de suas ações. Tiago foi bem prático no capítulo 2 de sua carta, se eu digo que tenho fé mas não manifesto
como a digo que tenho, eu não a tenho. Logo, onde existe uma genuína fé em Cristo não há espaço para o
Antinomianismo e nem pro Legalismo, pois apesar de nós não sermos justificados pelas nossas obras, a verdadeira
fé na obra de Jesus na cruz, o que de fato nos justifica diante de Deus, nos condiciona a viver de maneira santa e
piedosa.

O Espírito Santo trabalha para glorificar Cristo(Jo 16.14), mas há muitas pessoas que enfatizam a ação do
Espírito para atrair atenção sobre elas mesmas. Os dons são imprescindíveis para o Corpo de Cristo, mas o ponto
principal dos dons é a motivação por trás da minha busca por eles. Pois, em 1Co 12 Paulo aborda sobre os dons e
deixa claro que a manifestação deles é dada pelo Espírito, visando um fim proveitoso, que está diretamente
relacionado com a edificação da Igreja.

Em 1Rs 18 os profetas de Baal, diante da busca de Elias a Deus, não o exaltaram, mas clamaram: “O Senhor é
Deus! O Senhor é Deus! O Senhor é Deus! Eles ficaram espantados com o poder de Deus. Sabiam que aquela
experiência não poderia ter sido manipulada por Elias. Eles viram o poder de Deus. Precisamos de uma total
dependência do Espírito Santo para que as pessoas não saiam falando mais sobre nós do que sobre o poder de
Deus. Esse princípio se aplica também sobre como vivemos nossa vida. As pessoas precisam ver a transformação
pela qual passamos e reagir dizendo: “O Senhor é Deus!”. Nós precisamos orar para que Deus nos encha do seu
Espírito, não apenas para manifestarmos os dons, mas para sermos conformados à imagem de Cristo. Nós
precisamos ser uma igreja gloriosa, direcionada pelo Espírito, um povo manso e humilde, quebrantado, dependente,
fraco, mas poderoso em Deus.
O Espírito Santo habita em NÓS, algo tem que mudar, nós não podemos continuar da mesma maneira que estamos.
O problema é que nós não estamos nos importando com o Espírito que ressuscitou Cristo dentre os mortos habitar
em nós e ainda assim permanecermos os mesmos, nós nos acostumamos a agir da nossa maneira, a fazer as coisas
da nossa maneira. Entretanto, o Senhor tem nos chamado para esse lugar de dependência Dele, de renovação de
mente por meio do seu Espírito Santo(Ef 4.23,24).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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