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Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação

A MÍDIA COMO “PODER MODERADOR”: UMA


PERSPECTIVA COMPARADA

Afonso de Albuquerque (UFF)


Versão Preliminar para Debate

Resumo:
O texto se propõe a discutir o modelo brasileiro da mídia como um “Poder
Moderador” sob um prisma comparativo, tendo em vista os três sistemas
político/midiáticos propostos por Daniel Hallin e Paolo Mancini em seu livro
Comparing Media Systems: os modelos Liberal, Corporativista Democrático e
Pluralista Polarizado. Em particular, discute o conceito de paralelismo político e
sua aplicabilidade como instrumento para uma tal comparação.

Em um texto anterior (Albuquerque, 2005), sustentei que, ao fim do regime militar, em


1985, as organizações jornalísticas brasileiras passaram a reivindicar o exercício de um
papel político mais destacado na vida política brasileira, como fiadoras últimas do bom
funcionamento da democracia e das instituições políticas brasileiras. Com base em uma
perspectiva focada na dimensão da cultura política, argumentei que elas sustentavam esta
demanda com base em uma versão muito particular do modelo americano do “Quarto
Poder”, calcada na tradição brasileira do Poder Moderador. Neste artigo, volto ao tema,
mas o faço sob um prisma diferente. Trata-se de considerar o modelo no qual a mídia
reivindica um lugar de “Poder Moderador” tendo em vista as características específicas do
sistema político-midiático brasileiro, isto é do modo como os meios de comunicação se
inserem na vida política do país.
Tal como no outro texto, a análise aqui desenvolvida é de natureza comparativa. A
extensão da comparação, contudo, foi consideravelmente ampliada. Naquele texto, a
comparação dizia respeito ao modelo de jornalismo americano e sua adaptação pelos
jornalistas brasileiros. No presente texto, a comparação tem por base os modelos de
sistemas político-midiáticos propostos por Daniel Hallin e Paolo Mancini em seu livro
Comparing Media Systems, o mais ambicioso e completo estudo comparativo disponível
acerca dos meios de comunicação e suas interfaces com a política. Em particular, o foco

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deste texto recairá com maior ênfase sobre uma das quatro dimensões de análise
comparativa propostas pelos autores: o conceito de paralelismo mídia/política.
O texto se divide em três partes. A primeira apresenta o esquema de três modelos de
sistemas político-midiáticos propostos por Hallin e Mancini, tendo em vista a sua
aplicabilidade ao caso brasileiro. A segunda tem por objeto o conceito de paralelismo
mídia/política. A terceira, enfim, considera o modelo brasileiro em que a mídia reivindica
um papel de “Poder Moderador” a partir de uma perspectiva comparativa com os três
modelos propostos por Hallin e Mancini.

O Esquema dos Três Modelos e o Sistema Midiático Brasileiro


A publicação do livro Comparing Media Systems, em 2004, representou um enorme
salto qualitativo para os estudos comparados sobre a mídia. Até então, estes estudos
estavam restritos a comparações pontuais acerca da mídia e seu modo de organização em
um número bastante limitado de países (Hallin & Mancini, 1984; Köcher, 1986, Chalaby,
1996) 1. O foco do livro recai sobre os países da Europa Ocidental e da América do Norte
(Estados Unidos e Canadá). Os dados destes países são analisados com base em quatro
conjuntos de variáveis: 1) o nível de desenvolvimento dos mercados de mídia nestes países;
2) o grau de paralelismo entre os sistemas midiáticos e políticos; 3) o nível de
profissionalismo no jornalismo; 4) o nível e a natureza da intervenção do Estado junto aos
meios de comunicação.

1
Naturalmente, não se pode esquecer do livro pioneiro Siebert, Peterson e Schramm, Four Theories
of the Press. Publicado pela primeira vez em 1956, o livro prometia correlacionar “as diferentes
formas que a imprensa assume em diferentes países” com “as estruturas sociais e políticas nas quais
ela funciona” (1963/56: 1). Contudo, não obstante seus objetivos declarados, o livro não se constitui
como exemplo efetivo de estudos comparativos. Ao invés de analisarem exemplos concretos de
formas de organização dos meios de comunicação, os autores identificaram genericamente quatro
grandes teorias acerca da imprensa: as teorias autoritárias, libertárias, da responsabilidade social e
comunista soviética. Além disso, o livro é marcado por um forte viés etnocêntrico em favor dos
Estados Unidos (“teoria da responsabilidade social”) e contra a União Soviética (“teoria comunista
soviética”). Isto se explica, em boa medida, pelo contexto ideológico fortemente carregado em que
o livro foi escrito, caracterizado pela Guerra Fria e tributário da Cruzada pela Imprensa Livre que
setores da imprensa e do governo dos Estados Unidos lideraram entre 1948 e 1952 (Blanchard,
1986). Assim, o livro se estrutura em torno de uma dicotomia básica entre meios de comunicação
privados e controlados pelo Estado. Para os autores do livro, é somente na ausência de controle pelo
Estado que os meios poderão ser livres para servir ao público; do contrário, eles serão usados para
manipulá-lo (Nerone, 1995: 25).

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Com base nestes critérios, os autores identificam três modelos de sistemas


midiáticos: o modelo Liberal, o modelo Democrático Corporativista e o modelo Pluralista
Polarizado. O modelo Liberal predominaria nos países anglofônicos dos dois lados do
Atlântico (Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Irlanda), o modelo Democrático
Corporativista nos países da Europa Central e Setentrional e o modelo Pluralista Polarizado
nos países da Europa Meridional (países mediterrâneos). Em linhas gerais, o modelo
Democrático Corporativista se caracteriza por uma alta circulação de jornais,
desenvolvimento precoce de uma imprensa de massa, pluralismo externo, profissionalismo
forte com auto-regulamentação e uma tradição de intervenção do Estado em defesa da
liberdade de imprensa e um forte serviço público de transmissão por rádio e televisão
(broadcasting). O modelo Pluralista Polarizado, por outro lado, se caracterizaria por uma
baixa taxa de circulação de jornais, sendo estes dirigidos principalmente para um público de
elite, um alto nível de paralelismo político, com pluralismo externo, um baixo índice de
profissionalização, com instrumentalização da mídia para fins políticos e uma forte tradição
de intervenção do Estado no sistema midiático. Finalmente, o modelo Liberal se
caracterizaria por uma taxa intermediária de circulação, com o desenvolvimento precoce de
uma imprensa de massa, a imprensa teria uma tradição fundamentalmente comercial,
orientada para a informação e caracterizada pelo pluralismo interno, um alto grau de
profissionalização, sem que exista contudo uma auto-regulamentação institucionalizada e
um sistema midiático dominado pela lógica do mercado (ainda que, no caso do Reino
Unido e da Irlanda persista um sistema de transmissão de rádio e televisão com forte
presença pública).
Como regra geral, os modelos propostos pelos autores parecem bastante sólidos,
elegantes no seu desenho teórico e capazes de sintetizar, com precisão, um grande volume
de dados disponíveis sobre a relação entre os meios de comunicação e as formas de
organização política nos países analisados. Em boa medida, este resultado parece se dever à
escolha de um corpus relativamente limitado e homogêneo. Como reconhecem os autores,
“ao América do Norte e da Europa Ocidental, estamos lidando com sistemas que têm níveis
de desenvolvimento econômico relativamente comparáveis e uma cultura e história política
que têm muito em comum” (2004: 6). Acertadamente, os autores consideram que este
estreitamento do foco tem como resultado um ganho de precisão na análise.

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Por outro lado, os autores manifestam a esperança de que os três modelos


desenvolvidos para dar conta deste corpus possam servir de base para a construção de
outros modelos de análise, em escala global. A base desta expectativa é a suposição de que
“os modelos que prevalecem na Europa Ocidental e na América do Norte tendem a ser os
modelos dominantes globalmente” (2004: 6). De fato, os autores sugerem que o modelo
Liberal ganhou impacto mundial com o processo de globalização, o modelo Democrático
Corporativista poderia explicar alguns traços da mídia nos países da Europa Oriental, bem
como de alguns países do Extremo Oriente, e que o modelo Pluralista Polarizado poderia
explicar aspectos relevantes dos sistemas midiáticos da Europa Oriental e da União
Soviética, da América Latina, do Oriente Médio e da região do Mediterrâneo, da África e
da maior parte da Ásia (2004: 306).
A questão, portanto, é saber em que medida os modelos propostos pelos autores
para dar conta da realidade dos países da América do Norte e da Europa Ocidental podem
ser produtivamente utilizados na análise dos sistemas midiáticos de outros países e, de
modo particular, ao caso brasileiro 2. Em um texto de 2002, Hallin e Papathanassopoulos
sugeriram que os sistemas midiáticos de três países da América Latina (Brasil, México e
Colômbia) apresentavam muitos traços em comum com os quatro países da Europa
Meridional (Itália, Grécia, Portugal e Espanha) que Hallin e Mancini viriam caracterizar
como os exemplos mais puros do modelo Pluralista Polarizado na Europa Ocidental: 1)
baixos níveis de circulação de jornais; 2) uma tradição de reportagem em defesa de causas
(advocacy reporting); 3) a instrumentalização da mídia privada; 4) a politização da
radiodifusão (broadcasting) pública e da regulamentação da radiodifusão; 5) o
desenvolvimento limitado do jornalismo como uma profissão. O texto enfoca, em
particular, na influência do clientelismo como fator explicador das características dos

2
A busca de uma resposta para esta questão motivou o seminário Comparing Media Systems
Beyond Western World, que ocorreu em Perugia em março de 2007 e contou com a presença de
Daniel Hallin, Paolo Mancini, Elena Vartanova (Moscow State University), Mine Gencel Bek
(Ankara University), Miklos Suksod (Central European University, Budapest), Sahar Khamis
(Qatar University, Doha), Boguslawa Dobek-Ostrowska (University of Wroclav), Yoram Peri (Tel
Aviv University), Myung-Jin Park (Seoul National University), Dennis Redmont (Center for the
United States and Europe at the Brookings Institution), além do autor deste artigo. Uma parcela
considerável dos presentes demonstrou dúvidas quanto à possibiilidade das categorias propostas por
Hallin e Mancini darem conta de aspectos importantes do sistema midiático dos seus países. Dentre
os que aplicaram as categorias de modo mais estrito, a maioria identificou traços semelhantes entre
os sistemas midiáticos dos países que analisavam e o modelo Pluralista Polarizado.

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sistemas midiáticos dos sete países. De fato, nos países latino-americanos os traços
clientelísticos assumiriam formas ainda mais extremas do que nos países da Europa
Meridional. Mais recentemente, Azevedo não hesitou em classificar o sistema político
midiático brasileiro como Mediterrâneo ou Pluralista Polarizado (2006: 89).
Tal sugestão não é isenta de problemas, contudo. Para começar, é preciso alguma
cautela com relação à generalização do conceito de “Pluralismo Polarizado”. Os autores
tomam o conceito emprestado do livro Parties and Party Systems, de Giovanni Sartori, e o
usam em contraposição a um outro conceito do mesmo autor “Pluralismo Moderado”.
Porém os dois conceitos estão longe de dar conta do quadro teórico proposto por Sartori,
entendido como um todo. De fato, a principal oposição apresentada por este autor se refere
aos sistemas partidários competitivos e não-competitivos. Sartori identifica três tipos de
sistemas partidários não competitivos – sistemas sem partido, sistemas unipartidários e
sistemas com um partido hegemônico – e quatro tipos de sistemas competitivos – sistemas
bipartidários, pluralistas moderados, pluralistas polarizados e atomizados. A ênfase na
oposição entre sistemas pluralistas moderados e pluralistas polarizados faz sentido em face
da natureza do corpus da investigação (embora países como o Reino Unido e
principalmente os Estados Unidos poderiam ser mais adequadamente descritos como
bipartiários do que como pluralistas). Além disso, Sartori reserva a categoria “Pluralismo
Polarizado” para dar conta de situações bastante específicas que tiveram lugar em um
conjunto bastante limitado de países (1976: 131-173), em contraste com a sugestão de
Hallin e Mancini que o “Modelo Pluralista Polarizado” teria aplicabilidade quase universal
como ferramenta analítica. É preciso cuidado para evitar uma definição meramente
negativa do Modelo Pluralista Polarizado em relação aos outros dois. De certa forma, isto
ocorre no artigo de Hallin e Papathanassopoulos mencionado acima. Com exceção de um
item – tradição de jornalismo de causas – todos os demais parecem definidos de modo
negativo em relação à realidade dos demais países da União Européia 3.
3
Outro exemplo de categoria analítica definida em termos fundamentalmente negativos em relação
a uma “regra” é o conceito de “democracias da terceira onda”, criado por Samuel Huntington para
descrever as democracias criadas depois de 1978, as quais são, em última análise, descritas em
termos negativos – democracias menos institucionalizadas – em comparação com as democracias
anteriores. De acordo com Mainwaring e Zoco, por exemplo, a data da criação das democracias é
muito mais importante como fator de explicação da volatilidade eleitoral do que a sua idade: “a
maioria das democracias pós 1978 tem uma volatilidade eleitoral muito maior do que as
democracias dos países industriais avançados, e elas não estão se tornando mais estáveis com o

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Criticar um uso demasiadamente amplo do conceito de “Pluralismo Polarizado” não


é o mesmo, porém, que dizer que ele não se aplica à realidade brasileira. Para tal, é
importante considerar os quatro conjuntos de variáveis propostos por Hallin e Mancini,
para verificar se as características do sistema midiático brasileiro se assemelham àquelas
que os autores identificaram nos países da Europa Meridional. Com relação ao primeiro
deles – o nível de desenvolvimento dos mercados de mídia – há semelhanças significativas:
a taxa de circulação dos jornais é baixa, os jornais se dirigem predominantemente a um
publico de elite, o desenvolvimento da imprensa foi tardio e a televisão tem um peso
desproporcionalmente importante no panorama midiático. É importante ter em vista,
porém, que estas características se definem negativamente em relação a um modelo de
grande desenvolvimento da mídia impressa – caracterizado por um desenvolvimento
prematuro da imprensa, altas taxas de circulação e popularização dos jornais – que encontra
nos países da Europa Central e Setentrional o seu modelo mais completo. Isso demonstra
que ambos – o sistema midiático brasileiro e o “Pluralista Polarizado” – estão distantes dos
demais modelos identificados pelos autores neste conjunto de critérios, mas não é um forte
indicador de que eles são semelhantes.
O “paralelismo político” constitui o segundo critério de avaliação proposto por
Hallin e Mancini. O conceito de paralelismo político, tal como definido por eles, apresenta
alguns problemas aos quais retornarei na parte seguinte deste artigo. Por ora é suficiente
dizer que ele se refere a um alto grau de proximidade entre os meios de comunicação e as
forças políticas de um determinado país, no que diz respeito ao conteúdo veiculado pelos
meios, as suas conexões organizacionais, a sua audiência e a atitude dos seus jornalistas.
Deste ponto de vista, o sistema midiático dos países mediterrâneos analisados em
Comparing Media Systems apresenta um alto grau de paralelismo político, mas não o
brasileiro. Embora os meios de comunicação brasileiros freqüentemente desempenhem um
papel consideravelmente ativo diante das questões políticas que se apresentam – não
somente apontando problemas, mas explicitamente patrocinando vias de solução
particulares para eles – eles o fazem com uma atitude catch-all – isto é, na qualidade de

passar do tempo”. (2007: 172). Comparações deste tipo tendem a patrocinar um forte viés
etnocêntrico, na medida em que naturalizam os sistemas ditos mais “avançados” e tratam os demais
como exemplos desviantes de uma norma fundamental.

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representantes por excelência dos anseios da população brasileira – antes que como porta-
vozes de um ponto de vista particular.
Com relação ao terceiro critério, o profissionalismo, as diferenças entre os sistemas
midiáticos dos países mediterrâneos e do Brasil são igualmente marcantes. Diferentemente
do que aconteceu naqueles países, o jornalismo brasileiro sofreu uma significativa
influência do modelo de jornalismo americano a partir dos anos 1950, e adotou uma
retórica que associava o profissionalismo à busca imparcial dos “fatos”. Isso não significa,
contudo, que o jornalismo brasileiro simplesmente “adotou” o modelo americano. Na
verdade, ele promoveu uma adaptação criativa de alguns aspectos deste, de modo a
concilia-los com a realidade do país (Albuquerque, 2005). Alguns aspectos deste processo
merecem ser destacados. Para começar, cabe destacar o papel importante que os jornalistas
comunistas desempenharam no processo de modernização do jornalismo brasileiro, entre as
décadas de 1950 e 1970, mesmo em jornais conservadores, arautos da bandeira do anti-
comunismo; e o mais surpreendente é que o fizeram com o conhecimento e a tolerância por
parte dos donos desses jornais. Ao que parece, teve lugar no período uma curiosa simbiose
de interesses entre agentes cujas posições políticas eram diametralmente opostas. O
profissionalismo pode ter funcionado assim, como linguagem de compromisso e
negociação entre agentes que, por razões táticas, tinham interesses comuns, não obstante
suas agendas inteiramente distintas (Albuquerque e Silva, 2007). A evolução do
profissionalismo no Brasil conheceu um novo capítulo a partir do decreto-lei 972 de 1969,
que estabeleceu a obrigatoriedade do diploma para o exercício profissional do jornalismo.
Produto da Junta Militar que governou o Brasil durante dois meses naquele ano, e
formulado nos termos do Ato Institucional no 5, o decreto provavelmente tinha como
objetivo diminuir a influência dos comunistas nos jornais, incentivando a formação de
profissionais mais “técnicos” e menos “políticos”. Novamente, uma curiosa simbiose teve
lugar. Independentemente das intenções dos seus formuladores, os sindicatos de jornalistas
do país prontamente apoiaram a legislação, motivados por interesses corporativistas.
Valendo-se de uma retórica esquerdista, eles reivindicaram lutar pela dignidade da
profissão e alegaram que o fim da obrigação interessava apenas aos patrões, na medida em
que permitiria a eles contratar jornalistas menos qualificados e pagar menos a eles (Silva,
2007). Nas condições em que se deu, a associação da identidade de jornalista à posse do

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diploma específico levou a um alargamento excessivo da definição do que é jornalismo,


que por sua vez levou ao enfraquecimento do consenso ético em torno dos objetivos da
profissão. Como bem o define Adghirni:
“A condição profissional, portanto, é determinada pela formação acadêmica, e
não pelo perfil do emprego. Desta forma, uma pessoa formada em jornalismo
pela universidade será sempre jornalista, ainda que exerça outra profissão”.
(2004: 142)

Poder-se-ia dizer que o modelo de profissionalismo adotado pelo jornalismo


brasileiro se caracterizou por um desenvolvimento incompleto, frustrado, de uma ética do
serviço público, e que isto o aproxima dos países mediterrâneos analisados por Hallin e
Mancini. Embora não seja incorreta, tal afirmação simplifica bastante a situação.
Novamente, ela aproxima o sistema midiático brasileiro do da Europa Meridional a partir
de uma definição negativa – da diferença de ambos em relação aos modelos Liberal e
Democrático Corporativista – mas passa por cima das consideráveis diferenças históricas
que caracterizaram o desenvolvimento do profissionalismo nos dois contextos.
O último critério é, provavelmente, aquele em que se pode identificar as maiores
diferenças entre os sistemas midiáticos brasileiro e mediterrâneo. O ponto a se destacar aqui
é o fato de o sistema brasileiro de rádio e televisão ter se desenvolvido fundamentalmente
com base em empresas privadas, ao contrário do que ocorreu nos países mediterrâneos,
cujos sistemas de rádio e televisão se desenvolveram inicialmente sob o patrocínio
exclusivo do Estado. Por esta razão, as transformações que se verificaram em todo o mundo
no ambiente do rádio e da televisão tiveram um impacto significativamente menor no Brasil
que nos países europeus.
As limitações do modelo “Pluralista Polarizado” para dar conta das características
do sistema midiático brasileiro são, portanto, bastante evidentes. Entendê-lo sob uma
perspectiva comparativa exige operações mais complexas do que simplesmente encaixá-lo
em uma dos três grandes modelos propostos por Hallin e Mancini. O sistema midiático
brasileiro não pode ser explicado como um exemplo de algum destes modelos em particular
ou como uma combinação das características de dois ou de todos eles; ele possui
características próprias, irredutíveis aos modelos apresentados em Comparing Media

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Systems. Como lidar com estas características e, ainda assim, preservar um prisma
comparativo com os modelos apresentados por Hallin e Mancini? Acredito que a crítica do
conceito de “paralelismo político” tal como adotado pelos autores pode apresentar um
caminho interessante para lidar com esta questão.

Paralelismo Político: o Conceito e sua Crítica


O conceito de paralelismo político, tal como utilizado por Hallin e Mancini, tem sua
origem no conceito de paralelismo partido-imprensa, proposto por Colin Seymour-Ure.
Este último é definido da seguinte maneira: “As mesmas forças sociais que se expressam
em um partido ou nos partidos de um sistema político, tendem a se expressar também
através da imprensa” (1974: 159). A fim de medir o nível de paralelismo entre imprensa e
partidos políticos, Seymour-Ure propõe quatro critérios, baseados em características dos
partidos políticos: 1) organização, isto é, “a propriedade e a administração do jornal” (1974:
160); 2) a lealdade do jornal aos objetivos do partido; 3) o nível de superposição entre o
conjunto de leitores do jornal e da base de apoio do partido; 4) a razão entre o número de
jornais e de partidos políticos.
Passados trinta anos, Hallin e Mancini argumentam que uma correspondência tão
direta entre os meios de comunicação e os partidos políticos tornou-se pouco usual e, por
esta razão, sugerem uma definição mais abrangente para o termo “paralelismo político”,
que se refere à associação dos meios de comunicação “não com partidos particulares, mas
com tendências políticas gerais” (2004: 27). Embora provavelmente mais compatível com a
realidade contemporânea, a definição apresenta um problema teórico não desprezível: até
que ponto o termo “paralelismo” ainda é adequado para dar conta de um tal tipo de
associação? Afinal, o termo “paralelismo” pressupõe uma associação ponto-a-ponto, de tal
modo que a uma posição específica em um campo corresponde outra, no outro campo, e
não uma “tendência geral”.
O problema que Hallin e Mancini identificam no modo como Seymour-Ure define o
conceito de “paralelismo político” é concreto, mas a solução que eles apresentam para ele é
insuficiente. De fato, acredito que o conceito de paralelismo político não deve ser tratado
como uma variável em si mesmo, mas sim como uma circunstância muito particular, que
resulta de uma combinação específica de duas variáveis. Ele se refere não somente a

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características do sistema midiático (que reproduz as clivagens do sistema político), mas


também a características do sistema político (que deve possuir clivagens claras o suficiente
para o sistema midiático possa reproduzi-las). Se Hallin e Mancini não valorizaram
suficientemente esta segunda dimensão em Comparing Media Systems isto certamente
acontece porque ela é pouco relevante na sua amostra, em face da homogeneidade dos
países que a compõem: ela é desproporcionalmente constituída por países europeus e
parlamentaristas, nos quais os partidos políticos desempenharam historicamente um papel
muito importante4.
O sistema de governo em vigor no país é, provavelmente, um elemento importante
da equação. A separação de poderes que caracteriza os países de sistema presidencialista
tem conseqüências importantes tanto no modo como o governo é exercido, quanto no papel
que os partidos políticos desempenham nele. Dado que o governo se estrutura em torno da
figura do presidente, o papel que os partidos desempenham nele é consideravelmente
menor do que nos países parlamentaristas (Linz, 2002). O personalismo, recorrentemente
apontado como um vício característico da vida política dos países latino-americanos (por
exemplo, Sartori, 1976; Mainwaring, 2001) é em boa medida estimulado pelo sistema
presidencialista, não apenas nestes países como nos Estados Unidos – ou o fenômeno da
política centrada no candidato (Waltenberg, 1985) não é uma forma de personalismo?
Contudo, como bem observa Samuels (2002), raramente as lições observadas nos Estados
Unidos sobre o modo como o presidencialismo afeta o funcionamento do governo têm sido
aplicadas aos países latino-americanos. A bem da verdade, é preciso reconhecer que a
importância do sistema de governo foi reconhecida pelos próprios Hallin e Mancini (1984)
em seu pioneiro estudo comparativo sobre a relação entre mídia e política nos Estados
Unidos e na Itália. Se em Comparing Media Systems o tema foi relegado a um segundo
plano, isto se deve provavelmente à sub-representação do presidencialismo na amostra do
livro.
A separação de poderes também afeta a maneira como os meios de comunicação
lidam com o governo. Referindo-se aos Estados Unidos, Cook (1998) observa que eles
desempenham um papel muito importante como mediadores na relação que os três poderes
4
A amostra analisada em Comparing Media Systems é constituída por 18 países, dos quais 16 da
Europa Ocidental e dois norte-americanos. Exceto pelos Estados Unidos e pela França (que tem um
sistema semi-presidencialista) todos compartilham um sistema de governo parlamentarista.

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estabelecem uns com os outros. Para ele, os meios de comunicação não são apenas uma
instituição política, mas uma instituição do governo, visto que eles permitem aos três
poderes se comunicarem uns com os outros e com o público. Porém, o exercício deste
poder não deve ser confundido com tomar partido em favor deste ou daquele agente (ou
poder). Ao contrário, é na medida em que negam exercer este poder, e reivindicam apenas
prover informação objetiva para o público que eles são percebidos como uma instituição
central para a democracia. No Brasil, ao fim do regime militar, os meios de comunicação
também passaram a cobrar para si um papel como mediadores da relação que os três
poderes estabelecem entre si, mas o fizeram de modo muito mais ativo do que seus
congêneres americanos. Mais do que simplesmente servir como canal de comunicação entre
os poderes (e destes com os cidadãos), eles reivindicaram o papel de árbitros dos conflitos
que se estabelecem entre as instituições políticas e de intérpretes privilegiados do interesse
nacional. Dito de outro modo, os meios de comunicação brasileiros patrocinaram uma
leitura muito particular da retórica americana do “Quarto Poder”, baseada na tradição do
“Poder Moderador” (Albuquerque 2005). Este ponto será aprofundado adiante.
Em linhas gerais, pode-se dizer que o conceito de “paralelismo político”, tal como
definido por Hallin e Mancini parece pouco adequado para servir de a um esforço
comparativo mais abrangente acerca das relações que se estabelecem entre os sistemas
político e midiático, visto que ele se concentra exclusivamente nas características deste
último e tem pouco a dizer sobre o modo como a conformação das instituições políticas
afeta o processo. Em particular, ele acrescenta pouco ao entendimento das características de
um sistema político-midiático como o brasileiro, no qual os meios de comunicação
reivindicam exercer ativamente um papel político, mas não o faz como porta-voz de
perspectivas políticas particulares; ao contrário, eles adotam uma estratégia catch-all e
reivindicam representar os interesses da nação como um todo. Para fazê-lo, é necessário um
novo quadro conceitual, que articule características do sistema político e do sistema
midiático. Os rudimentos de um tal quadro conceitual serão apresentados a seguir.

O Modelo do “Poder Moderador” em um Prisma Comparativo


Nas duas partes anteriores sugeri que: 1) os traços fundamentais do sistema político-
midiático brasileiro não podem ser adequadamente descritos com base em nenhum dos três

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modelos apresentados por Hallin e Mancini, nem como um mero resultado de uma
combinação entre eles; 2) a formulação do conceito de “paralelismo político” de que se
valem os autores não é ampla o suficiente para dar conta das diferentes maneiras pelas
quais as instituições políticas se organizam nos diversos países e no modo como elas afetam
o governo e o papel que os partidos políticos desempenham nele. Nesta parte, apresento o
esboço de um modelo comparativo capaz de relacionar o sistema midiático brasileiro aos
três modelos propostos pelos autores.
O modelo articula duas variáveis: a primeira diz respeito ao grau de estruturação do
sistema partidário, tendo em vista o grau de influência que as clivagens partidárias exercem
junto ao governo e à vida política como um todo; a segunda se refere ao grau de
intervenção dos meios de comunicação nos assuntos políticos. Da combinação entre eles
resultam quatro situações típicas (ver figura 1):

1) Sistema Partidário Fortemente Estruturado; Mídia Politicamente Ativa – Esta


combinação corresponde à situação descrita como “Paralelismo Político”. O sistema
político se caracteriza por clivagens bem definidas entre os partidos políticos, as quais são
fielmente reproduzidas pelos meios de comunicação. Deste modo, os meios de
comunicação se apresentam como instrumentos de intervenção na política, a serviço dos
partidos políticos (ou facções). Em linhas gerais, esta situação corresponde ao modelo que
Hallin e Mancini denominam “Pluralista Polarizado”;

2) Sistema Partidário Fortemente Estruturado; Mídia Politicamente Passiva – Esta


combinação se refere a uma situação na qual o sistema político-partidário apresenta
clivagens bem definidas, em torno das quais se organiza a vida política nacional. Contudo,
essas clivagens não se traduzem em uma forte polarização na disputa política; ao longo do
tempo, as forças políticas rivais desenvolveram interesses comuns, ou pelo menos um
acordo tácito em torno de um conjunto de princípios fundamentais 5. Nos termos de Sartori,

5
Katz e Mair se valem do conceito de “partido-cartel” para descrever a situação na qual a política se
torna cada vez mais uma atividade auto-referenciada, uma profissão em si mesma, e os partidos
políticos se percebem antes como agentes do Estado antes que como representantes da sociedade
civil. Segundo eles, “na medida em que os políticos buscam carreiras de longo prazo, eles tendem a
considerar seus oponentes políticos como colegas profissionais, que são motivados pelo mesmo
desejo de estabilidade no emprego, que enfrentam os mesmos tipos de pressões que eles próprios, e

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desenvolveu-se aqui uma forma de “Pluralismo Moderado”. Os meios de comunicação


refletem esta situação e, não obstante freqüentemente apresentem vínculos políticos
perceptíveis, não atuam primariamente como instrumentos de ação política. O caráter
partidário da cobertura jornalística é temperado por uma forte cultura profissional, que
valoriza o compromisso dos jornalistas com um ideal de serviço público. Em linhas gerais,
tais características correspondem ao modelo que Hallin e Mancini denominam
“Corporativista Democrático”.

3) Sistema Partidário Fracamente Estruturado; Mídia Politicamente Passiva – Esta


combinação se refere a um sistema no qual as clivagens ideológicas entre os principais
partidos políticos são pouco nítidas. É provável que o sistema presidencialista favoreça um
tal perfil, mas questões relacionadas à lógica da disputa eleitoral – a busca da ampliação da
base de eleitores potenciais – também podem contribuir para isto, estimulando a formação
de partidos catch-all (Kirchheimer, 1969), que fazem da sua baixa definição ideológica um
fator de maior competitividade. Do mesmo modo, os meios de comunicação rejeitam
compromissos ideológicos explícitos, exceto, naturalmente, com o conjunto de valores
situados na “esfera de consenso” (Hallin, 1994), e caracteriza o seu papel como dizendo
respeito a um papel fundamentalmente informativo, antes que de intervenção na realidade.
Tal posição atende a demandas de um ethos profissional, mas também ao interesse
comercial das empresas jornalísticas de atingir o maior público possível, e se configura na
doutrina da objetividade jornalística (Schudson, 1978; Schudson, 2002). No seu conjunto,
estas características correspondem ao modelo que Hallin e Mancini denominam “Liberal’, e
têm nos Estados Unidos o seu melhor exemplo;

4) Sistema Partidário Fracamente Estruturado; Mídia Politicamente Ativa – Aqui


também o sistema partidário é pouco estruturado, com reduzido impacto sobre o governo e
a organização política da sociedade. Diferentemente do que ocorre na situação anterior,
contudo, esta característica se articula com uma desconfiança generalizada quanto à
maturidade e o bom funcionamento das instituições políticas, e a percepção de que é

com quem eles terão que negociar por muito tempo. A estabilidade se torna mais importante do que
o triunfo; a política se torna antes um emprego do que uma vocação” (1995: 23).

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imperativo agir para modificá-las ou, pelo menos, corrigir o seu funcionamento. Dado que
os partidos são pouco enraizados na sociedade, outros agentes tendem a reivindicar este
papel. Uma solução clássica aponta para o fortalecimento do poder executivo, seja por uma
via carismática – a aposta na personalidade extraordinária do líder como solução para
superar os impasses das instituições políticas – ou institucional – através da criação de
mecanismos que, em nome da governabilidade, permitam a ele atuar com a maior
autonomia possível em relação aos demais poderes. Outra via de solução aponta para o
ideal de um agente especializado na tarefa de vigiar e corrigir as ações dos demais. No
Brasil, este ideal freqüentemente se estruturou em torno de um formato muito particular de
“Quarto Poder”, cujo modelo primordial foi o “Poder Moderador” do período imperial. É
neste contexto que se pode entender o caráter politicamente ativo da mídia: desde o final do
regime militar, os meios de comunicação têm chamado para si a responsabilidade de
desempenhar este papel. Tal como ocorre no modelo do Pluralismo Polarizado, a mídia
percebe o seu papel político como sendo eminentemente ativo; diferentemente dele, porém,
ela exerce este papel de maneira autônoma em relação aos partidos políticos.

Figura 1: Modelos de interação entre mídia e política


Meios de Comunicação

- Ativos + Ativos
+ Claras Corporativismo Pluralismo
Clivagens Democrático Polarizado
“Poder
Partidárias
Liberal Moderador”
- Claras

Nunca é demais insistir sobre os limites deste esquema. Trata-se antes de mais nada
de um rascunho, cujo objetivo fundamental é inserir o sistema político-midiático brasileiro
aos três modelos desenvolvidos por Hallin e Mancini em Comparing Media Systems.
Evidentemente, o esquema não tem aplicabilidade universal. Ele se refere apenas a países
que possuem sistemas políticos competitivos e um ambiente favorável ao desenvolvimento
de considerável um grau de liberdade de expressão por parte dos meios de comunicação.

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Do mesmo modo, é recomendável uma boa dose de cautela no uso do termo “Poder
Moderador” para designar este modelo, dado que se trata de um termo profundamente
vinculado à história brasileira e, como tal, potencialmente problemático no que se refere a
uma aplicação mais abrangente. O uso deste termo é, portanto, provisório e poderá ser
proveitosamente substituído por um equivalente que venha a se comprovar como tendo
aplicabilidade mais ampla. O ponto importante a se destacar é aquilo que o termo designa:
uma situação na qual os meios de comunicação reivindicam um papel político ativo que,
contudo, não se confunde com as posições expressas pelos partidos ou forças
representativas da vida política mas, ao contrário, reivindica um lugar transcendental, de
representante do interesse nacional como um todo, e árbitro maior das disputas que se
estabelecem entre as instituições e os agentes políticos.

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