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“CIÊNCIA: ALIMENTO PARA O CÉREBRO” – UMA PROPOSTA

MULTIDISCIPLINAR DE POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA

Ohana Turcato Macacare, 1


João Victor de Oliveira, 2
Maria Beatriz da Silva Rocha, 3
Luan Vitor Alves de Lima, 4
Ellen Mayara Souza Cruz, 5
João Paulo Ferreira Schoffen 6
Roberta Ekuni 7

RESUMO

Com o tema “Ciência alimentando o Brasil” (2016), o Grupo de Estudos de Neurociência


organizou, em parceria com outros grupos de estudo e pesquisa da Universidade Estadual do
Norte do Paraná e da Universidade Paulista um evento com o objetivo de divulgar ciência. De
caráter multidisciplinar e duração de dois dias, com 53 monitores, atingiu mais de 300 crianças
e adolescentes. Os temas focavam na metáfora da ciência como alimento para o conhecimento.
Conclui-se que o evento contribuiu para popularização da ciência e integrou alunos de diferentes
cursos e diferentes universidades.

Palavras-chave: Divulgação Científica. Extensão. Multidisciplinaridade.

1
Bandeirantes-PR, Brasil, discente de Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).
E-mail: ohanamacacare@gmail.com.

2
Bandeirantes-PR, Brasil, graduado em Agronomia pela Estadual do Norte do Paraná (UENP). E-mail: joaovic-
tordeoliveira@hotmail.com.

3 Piraju-SP, Brasil, graduada em Ciências Biológicas Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). E-mail:
mariabeatriz_sr@hotmail.com.

4 Londrina-PR, Brasil, graduado em Ciências Biológicas Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Me-
strando em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). E-mail: luan_vitorr@
hotmail.com.

5 Bandeirantes-PR, Brasil, discente de Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).
E-mail: ellensouzaq@gmail.com.

6 Bandeirantes-PR, Brasil, Professor Adjunto na Universidade Estadual do Norte do Paraná. Graduado em Biologia
pela Universidade Paranaense (UNIPAR), Mestre e Doutor em Ciências Biológicas (Biologia Celular e Molecular)
pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). E-mail: jpschoffen@uenp.edu.br.

7 Bandeirantes-PR, Brasil, Professora Adjunta na Universidade Estadual do Norte do Paraná. Graduada em Psi-
cologia (UEM), Mestre e Doutora em Ciências pelo departamento de Psicobiologia (UNIFESP). E-mail: rober-
taekuni@uenp.edu.br.

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ABSTRACT

With the theme “Science feeding Brazil” (2016), the Grupo de Estudos em Neurociência organized,
in partnership with other study and research groups of Universidade Estadual do Norte do
Paraná and Universidade Paulista, an event with the objective of disseminating science. It has
a multidisciplinary nature and duration of two days, 53 monitors and it reached more than 300
children and adolescents. The themes focused on the metaphor of science as a food for knowledge.
We concluded that the event contributed to the popularization of science and integrated students
from different courses and different universities.

Keywords: Science popularization. Extension. Multidisciplinarity.

1. INTRODUÇÃO

Notícias com cortes de verbas na ciência assolam o país. Nesse cenário, mais do que
nunca é preciso mostrar para a sociedade a importância da Ciência. Uma forma de fazer isso
é por meio da extensão universitária que é indissociada do tripé Ensino, Pesquisa e Extensão
(FORPROEX, 2012). Assim, as universidades podem promover diversas ações extensionistas
como cursos, eventos, atendimento diverso à população, no qual ambos são beneficiados
(FORPROEX, 2012). Em meio a essas ações extensionistas, temos eventos no estilo “Feira de
Ciências” ou com exposições, na qual é exposta uma temática específica por meio de diversos
estandes interativos. Essas ações podem despertar o interesse das crianças para a ciência
(TOKUHAMA-ESPINOSA, 2013). Isso é importante para que as novas gerações saibam a
importância da mesma para a sociedade. Nesse sentido, esse tipo de evento é relevante para a
popularização da ciência, indo além da divulgação científica, pois pressupõe um diálogo com o
povo (GERMANO; KULESZA, 2007).
Desde 2014, o Programa de Extensão Grupo de Estudos em Neurociência – GEN (EKUNI
et al., 2014) organiza um evento estilo Feira de Ciências focado em atingir principalmente crianças
e adolescentes, além da comunidade em geral. Entretanto, nos dois primeiros anos de execução,
foi um evento exclusivo do GEN. Partindo do pressuposto que há discussão sobre a necessidade
de todos os cursos universitários estarem envolvidos com extensão (FORPROEX, 2012) e que
é dever das universidades integrar disciplinas (interdisciplinaridade) (AUDY; MOROSINI,
2007), propomos um evento de popularização da ciência e integração acadêmica para a Semana
Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) de 2016. O tema proposto pelo Ministério da Ciência
Tecnologia e Inovação foi “Ciência alimentando o Brasil”. Baseado nessa temática, em outubro
de 2016, foi realizado o evento “Ciência: alimento para o cérebro” como uma metáfora, ou seja,
a ciência/conhecimento como um alimento para a população.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

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Divulgação do evento
Para divulgar essa ação, foi criado um evento via Facebook. Folders foram enviados via
redes sociais para as escolas, e a coordenadora do mesmo ligou para as instituições de ensino
da região de Bandeirantes-PR convidando-as para visitar o evento.
Proposta do evento
O evento teve como principal objetivo popularizar a ciência para crianças e adolescentes.
Com base na temática “Ciência alimentando o Brasil”, o Programa de Extensão Grupo de
Estudos em Neurociência (EKUNI et al., 2014) que anteriormente já havia organizado outros
eventos na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em 2014 (Conhecendo o cérebro) (EKUNI
et al., 2016), e proposta semelhante em 2015, propôs unir-se com outros Projetos de Extensão
(Grupo de Estudos em Agroecologia Kaa´pora - GEAK, Centro Mesorregional de Tecnologia e
Excelência do Leite - CMETL), Grupos de Pesquisa da Universidade (Grupo de Pesquisa em
Neuroplasticidade e Produtos Bioativos e Núcleo de Investigação em Tecnologia de Aplicação
de Agroquímicos e Máquinas Agrícolas - NITEC), bem como com outra Faculdade (Curso de
Nutrição da Universidade Paulista), com a finalidade de realizar um evento mais amplo, que
fosse além da Neurociência e tivesse caráter multidisciplinar.
Desse modo, a coordenadora da proposta entrou em contato com coordenadores dos
projetos de extensão, pesquisadores da instituição e de outra faculdade de ensino solicitando
parceria para realização deste evento. Ela explicou como funcionaria e que os parceiros deveriam
preparar atividades para crianças e adolescentes no formato de exposição, estilo feira de ciências,
respeitando a temática da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.
O evento foi realizado no Auditório Thomaz Nicoletti da Universidade Estadual do
Norte do Paraná (UENP/CLM), que foi adaptado para tal . Alunos e professores prepararam
previamente seus estandes com atividades dinâmicas e interativas e se organizaram conforme
disposição da Figura 1. O evento teve duração de dois dias, com horário de funcionamento no
período matutino (das 9:00 às 12:00 horas) e vespertino (das 14:00 às 17:00 horas), sendo que no
segundo dia, como realizado nos dois anos anteriores, foi aberto um horário de funcionamento
especial (das 8:00 às 9:00 horas) para atender a demanda de duas APAES (Associação de Pais
Amigos Excepcionais) (VIEIRA et al., em revisão).
Colocaremos aqui informações suficientes e detalhes por meio de fotografias que permitam
a réplica do evento em outras localidades.

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A Universidade em que foi realizado o evento não possui Museu ou local próprio para a Feira de Ciências.
Entretanto, há um Anfiteatro com duas salas. Em uma das salas, a organização colocou a maioria das cadeiras do
Auditório para que em outra parte, o espaço ficasse livre para circulação e com espaço suficiente para montar os
estandes do evento.

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Figura1 - Esquema representativo da disposição dos estandes no local do evento. (Fonte: os autores).

Estande Conhecendo o Cérebro


Organizado pelo Grupo de Estudos em Neurociência da UENP (EKUNI et al., 2014),
esse estande teve como objetivo divulgar neurociência de forma lúdica e explicar como funciona
o olfato e a gustação. Para isso, o grupo se subdividiu em quatro estandes: a) Neuroanatomia:
explicação sobre as áreas cerebrais com mostra de peças reais e modelo de cérebro da 3B
Scientific®; b) Pinte o cérebro de gesso: atividade lúdica através da qual é mostrado para as crianças
os hemisférios cerebrais em modelos de gesso em que eles poderiam pintar após explicação; c)
Neurônios de massinha: atividade em que se explicou o que é um neurônio e as crianças poderiam
reproduzir essa aprendizagem criando um modelo de neurônio de massinha. Essas duas últimas
atividades tiveram a arte como ferramenta para ensinar neurociência (SILVA et al., 2017); d)
Olfato e gustação: no qual os visitantes ouviam explicação de como esses sentidos funcionam,
mostrando a importância do cérebro para processar os estímulos percebidos. Após essa etapa
eles realizavam dois experimentos: i) tentar identificar os cheiros nos copos descartáveis coberto
por papel alumínio; e ii) identificar o sabor da bala tendo o nariz tapado.
Estande do Segundo Cérebro
Organizado sobre responsabilidade do Grupo de Pesquisa em Neuroplasticidade e
Produtos Bioativos, o presente estande teve como objetivo apresentar o Sistema Nervoso
Entérico (SNE) de uma maneira simples e lúdica. Conhecido como segundo cérebro, o SNE
é formado por neurônios e células gliais (não neurais), que se apresentam dispostos por todo o
trato gastrointestinal, sendo responsável pelo controle neuronal, atuando no processo digestório,
absorção de nutrientes, secreção e motilidade intestinal (HANSEN, 2003).
O estande foi dividido em 5 partes, sendo: i ) Apresentação do sistema digestório:
utilizou-se um modelo anatômico para demonstrar a composição e funções do trato gastrointestinal
e a localização do segundo cérebro; ii) Modelo da medula espinal e inervação extrínseca dos

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intestinos para demonstrar o controle neural do sistema nervoso central e periférico; iii) Modelo
da parede intestinal e inervação intrínseca dos intestinos evidenciando os estratos morfológicos
intestinais e o funcionamento do SNE; iv) Observação dos neurônios entéricos em um monitor e
no microscópio de luz, seguido de curiosidades sobre o segundo cérebro, tais como megacólon,
depressão, constipação, importância da alimentação e divulgação das atividades de pesquisa
desenvolvidas na UENP; v) Teste de conhecimento: uso de modelo didático interativo da parede
intestinal e inervação intrínseca dos intestinos para observar erros e acertos em sua montagem.
Além disso, registro das respostas sobre a pergunta “Você conhecia o segundo cérebro?”.
Estande de Agroecologia - GEAK
Organizado sobre responsabilidade do Projeto de Extensão Grupo de Estudos em
Agroecologia Kaa´pora, o presente estande teve como objetivo: i) mostrar por meio de uma maquete
como seria uma comunidade auto-sustentável, com base nos princípios de permacultura (VEVETO;
LOCKYER, 2008); ii) mostrar também algumas plantas alimentícias não convencionais (PANC)
que podem ser encontradas no Campus e iii) utilizar ervas, como por exemplo a hortelã (Mentha
spicata) para realizar uma dinâmica onde os participantes deveriam sentir o cheiro característico.
Estande de Agronomia – NITEC
Organizado sobre responsabilidade do Núcleo de Investigação em Tecnologia de Aplicação
de Agroquímicos e Máquinas Agrícolas, o presente estande mostrou as fases do processo de
cultivo das plantas de interesse agronômico, focando em três momentos essenciais: plantio,
tratos culturais e colheita.
Primeiramente foi exposta a importância da conservação do solo por meio de um vídeo
exemplificando de forma didática a melhor maneira de cultivo do solo. Nesse foi apresentado
que um solo coberto por restos culturais reduz o risco de erosão, aumentando a proteção do solo
e assim evitando a perda de solo fértil (BEZERRA; CANTALICE, 2006). Para mostrar esse fato,
foi realizada uma demonstração com infiltração da água no solo através de estruturas com solo
em uma caixa composta de cobertura vegetal e outra sem. Os participantes também puderam
visualizar uma exposição de sementes das culturas mais cultivadas na região e identificar os
principais produtos comerciais e de processamento pela indústria derivados das sementes. Já a
mesa dos tratos culturais focou na importância para a sanidade das culturas, tais como o controle
de pragas e doenças (EMBRAPA, 1995). Uma caixa de insetos contendo as principais pragas que
podem comprometer o desenvolvimento das lavouras e de grãos foi exposta, bem como fotos de
algumas doenças com sintomas de prejuízos nas plantas e na produção, o que pode ser evitado
com defensivos agrícolas. Foram apresentadas as classes de toxicidade de diferentes produtos
(IPCS, 2002) e vestimentas necessárias (exposição do manequim com Equipamento de Proteção
Individual) para a aplicação correta dos produtos fitossanitários. Por fim, na temática colheita,
foram apresentados produtos finais do campo (fruto), como espiga de milho, vagem da soja, bem
como fotos dos diferentes tipos de máquinas efetuando a colheita. Alguns produtos estavam com
danos por doenças e pragas para demonstrar como todas as etapas são importantes para chegar
a um produto de qualidade. Os participantes ainda viram alguns alimentos já industrializados,

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derivados de algumas culturas anuais, por exemplo, os salgadinhos derivados do milho “chips”
e trigo. Assim, os visitantes viram que muitos desses produtos possuem essas culturas, ou seja,
a cadeia produtiva que leva os alimentos até a mesa de cada um de alguma maneira.
Estande do Centro Mesorregional de Excelência em Tecnologia do Leite
Sobre responsabilidade do Centro Mesorregional de Excelência em Tecnologia do Leite,
o presente estande teve como objetivo mostrar o processo de produção do queijo e como esse
processo pode ser melhorado. Bem como enfatizou a importância da higiene no preparo do
queijo, visto que Boas Práticas de Produção (BPP) podem influenciar na qualidade do leite e
seus derivados (FAGAN et al., 2005).
Estande da Nutrição
Organizado sob responsabilidade da coordenadora do Curso de Nutrição da Universidade
Paulista – UNIP, o presente estande teve como objetivo: i) mostrar por meio de imagens a
quantidade de açúcar em diversos alimentos; ii) avaliação do índice de massa corporal; e iii)
sentidos: com os olhos vendados, os participantes sentiam o cheiro dos alimentos e tinham que
adivinhar qual era, bem como poderiam provar alguns e tentar reconhecer os sabores.
Análise dos resultados
Para analisar os resultados foi utilizada análise qualitativa por meio do discurso dos
monitores durante e após a execução do evento com característica de observação participante.
Uma análise descritiva foi empregada pelo Estante do Segundo Cérebro.

3. RESULTADOS

Foram necessários 53 monitores para a execução do evento distribuídos em cinco cursos da


Universidade Estadual do Norte do Paraná, sendo 23 acadêmicos do curso de Ciências Biológicas,
12 do Curso de Agronomia, 6 do curso de Medicina Veterinária, 4 do Curso de Sistemas de
Informação e 2 do Curso de Enfermagem. Além da UENP, 2 acadêmicas do Curso de Nutrição
da UNIP e uma monitora participaram do mesmo. No total, 301 pessoas assinaram o livro ata,
ou seja, esse foi o número aproximado de visitantes somados nos dois dias de evento. A maior
parte do público eram crianças e adolescentes que vinham com suas escolas, contudo, tivemos
a adesão de alguns professores, alunos da UENP e comunidade em geral.
Após a finalização do evento, os monitores do GEN (Figura 2) classificaram o evento como
positivo, não apenas para a formação profissional, mas também por sentirem que contribuíram
de alguma forma para despertar o interesse dos visitantes nas temáticas. Houve grande adesão
na participação dos visitantes nas atividades desenvolvidas. Muito dos monitores já haviam
participado como monitores em eventos passados, exclusivos do GEN, e comentaram a importância
do evento de caráter multidisciplinar. Eles puderam conhecer alunos de outros cursos que nunca
conversaram antes, bem como aprender com os outros alunos dentro do próprio evento.

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Figura 2 – Atividades desenvolvidas pelo Grupo de Estudos em Neurociência.

No estande do Segundo Cérebro (Figura 3), os monitores perceberam que os visitantes


ficavam surpresos quando se descobria a presença de neurônios no intestino, pois achavam que
essas células só eram encontradas no cérebro. Além disso, foi notório a desconstrução de um
pré-conceito do intestino, sendo este, na maioria das vezes, visto com um olhar negativo, devido
a sua relação com os excrementos fecais.
A utilização dos recursos metodológicos lúdicos revelou ser de suma importância para
transmissão do conhecimento para o público, abrangendo as diferentes faixas etárias e níveis de
escolarização. Em especial, as crianças se demonstravam mais participativas mediante a sensação
de estar explorando temas da ciência, materiais lúdicos e equipamentos como o microscópio de
luz, assim, facilitando a compreensão do tema abordado.
Com relação ao teste de conhecimento, 84,7% dos visitantes não conheciam o segundo
cérebro, enquanto 15,3% diziam conhecer ou apenas ouvido falar. Na montagem do modelo didático
da parede intestinal e inervação intrínseca dos intestinos foi observado grande aproveitamento
das informações transmitidas pelos monitores do estande, no qual 77% apresentaram acerto na
atividade proposta. Portanto, foi perceptível a conscientização e a desconstrução de pré-conceitos,
visto a importância do segundo cérebro para o funcionamento correto do organismo.

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Figura 3 – Atividades desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisa em Neuroplasticidade e Produtos Bioativos.

Já em relação ao estande do GEAK (Figura 4), mostrou com base na maquete as principais
bases permaculturais, que prega os seguintes princípios: cuidar da terra; cuidar das pessoas e
compartilhar, princípios estes que são essenciais, não apenas quando se fala em permacultura,
mas também na formação social dos participantes do evento, sendo esta uma característica na
identidade de um evento de extensão.

Figura 4 – Atividades desenvolvidas pelo Grupo de Estudos em Agroecologia Kaa´pora.

Em relação à percepção dos visitantes no estande do NITEC (Figura 5), na primeira


parte (plantio), os alunos argumentavam se a palhada não atrapalharia as plantas nascerem.
De maneira bem simples e didática explicou-se quais os motivos da palha não atrapalhar o
nascimento dos vegetais, bem como os benefícios que ela traz na produção sustentável. Na etapa
da dinâmica das sementes, a reação dos visitantes em descobrir como é uma semente de soja e
trigo era surpreendente, pois mesmo tendo contato diário com alimentos derivados, a maioria
desconhecia qual a origem. Na fase dos tratos culturais, a conscientização sobre o uso de produtos
fitossanitários obteve um efeito satisfatório, pois as informações que chegam através das grandes

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mídias mostram a agricultura como maior vilã do meio ambiente, mas nessa fase o que mais
prendeu a atenção foi a caixa de insetos, no qual os visitantes demonstraram maior interesse,
porém algumas crianças evitaram olhar muito. Já na parte da colheita, os alunos ficaram surpresos
com os danos que os frutos podem sofrer quando há alguma interferência ocorrendo na lavoura.
Os monitores também perceberam surpresa nas crianças ao aprenderem que os alimentos são
oriundos do campo e como o processo de cultivo é bem mais complexo do que elas imaginavam.
Após a visita do estande, os visitantes puderam compreender a importante função que agricultura
exerce na sociedade durante toda a sua existência.

Figura 5 – Atividades desenvolvidas pelo Núcleo de Investigação em Tecnologia de Aplicação de Agroquímicos


e Máquinas Agrícolas.

Na Figura 6 vemos a execução do estande do Centro Mesorregional de Tecnologia do


Leite, no qual mostrou as etapas para a fabricação do queijo, um derivado do leite e a importância
da higiene e Boas Práticas de Produção. Os participantes prestaram atenção na explicação dos
monitores e foi possível perceber que estes se mostraram interessados no assunto, pois quando
explicaram sobre “pasteurização” do leite e a importância do processo, muitos faziam perguntas
e comentavam que os fabricantes de queijo que conheciam não utilizavam a pasteurização nas
etapas de fabricação ou, como foi dito por alguns participantes adultos que já haviam fabricado
queijo, que eles próprios não costumavam fazer isso, mas sim, ferver o leite.

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Figura 6 – Atividades desenvolvidas pelo Centro Mesorregional de Excelência em Tecnologia do Leite.

Por fim, no estande da Nutrição (Figura 7), por se tratar de um curso que não tem na
Universidade de origem, vários monitores do evento comentaram que também visitaram esse
estande e gostaram da participação de outra universidade no mesmo. Foram observadas as reações
dos visitantes quando eram vendados e tentavam adivinhar o alimento, bem como a surpresa ao
entender a quantidade de açúcar que há nos alimentos expostos na tabela.

Figura 7 – Atividades desenvolvidas pelo Curso de Nutrição da UNIP.

4. DISCUSSÃO/CONCLUSÃO

Por meio das atividades, no geral, há um consenso da curiosidade dos visitantes e interesse

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deles em aprender por meio de um evento com exposições de diversos estandes. A forma como
o mesmo foi preparado, indissocia o tripé: Ensino, Pesquisa e Extensão (FORPROEX, 2012)
na medida em que buscou ensinar informações de qualidade por meio de atividade extramuros,
que fogem do padrão de uma sala de aula. As atividades se basearam em pesquisas científicas
para preparar o material para expor para a população, e possui caráter extensionista por si só
(evento de extensão).
A análise do discurso dos monitores concorda que ações extensionistas auxiliam no
desenvolvimento de responsabilidade social e na formação dos alunos (RIBEIRO, 2011). Tendo
que a partir de ações extensionistas há uma troca bilateral, onde tanto o extensionista quanto o
público alvo da extensão, após a ação, apresenta uma transformação em sí.
Eventos como esse vão além da divulgação científica no sentido de que popularizam a
ciência, pois além de atingirem públicos que estão longe do meio acadêmico, promovem um
diálogo entre divulgadores e população (GERMANO; KULESZA, 2007). Além disso, podem
despertar interesse dos visitantes nas temáticas expostas (TOKUHAMA-ESPINOSA, 2013), o
que é esperado neste tipo de evento.
Por fim, principalmente pelo discurso dos monitores do GEN, que já haviam participado
do evento previamente, os mesmos relataram a importância do evento de caráter multidisciplinar.
Com esse formato, além dos próprios alunos conhecerem outras pesquisas realizadas dentro da
Universidade, eles puderam entrar em contato com alunos de outros cursos de graduação. Nesse
sentido, o evento também serviu para integração universitária.

5. REFERÊNCIA

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