Você está na página 1de 5

ISBN 978-85-459-0773-2

PERCEPÇÃO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA EM UMA TURMA DO 3º ANO DO


ENSINO MÉDIO DE ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE BOA VISTA - RR

Juliana de Sousa Alves1; Mônica Quirina Neto2

Graduada no Curso de Licenciatura em Educação do Campo, Universidade Federal de Roraima - UFRR. Bolsista - supervisora PIBID-Diversidade.
1

odyjs@hotmail.com
2
Graduada no Curso em Licenciatura Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Roraima - UERR. Especialização em Tecnologias e Educação a
Distância pelo Centro Universitário Barão de Mauá, Ribeirão Preto, São Paulo. mnquiqui@yahoo.com.br

RESUMO
O objetivo da presente pesquisa foi identificar a concepção dos alunos de uma escola pública no estado de Roraima,
sobre essa temática. Para atender esse propósito, foi aplicado um questionário, contendo 5 perguntas, onde participaram
21 alunos, dos entrevistados 76% afirmaram que sabem o que é ciência, entretanto, 24% não souberam responder, 80%
dos estudantes consideram a ciência importante para a sua vida, no entanto, 20% desconhecem essa relevância, 95%
não souberam definir o que é divulgação científica, em contrapartida, quando foi solicitado para marcarem as formas de
divulgação científica, os participantes marcaram: 90% para aulas e internet, quanto ás demais formas, obteve-se um
baixo nível de significância. Os dados revelaram que os alunos ainda sentem muitas dificuldades em identificar as
formas de popularização da ciência. Observou-se que os alunos não conheciam a palavra/termo divulgação, que na
percepção destes, através dos dados coletados, não há a proximidade com o referido tema.

PALAVRAS-CHAVE: Ciência; Estudantes; Questionário.

1 INTRODUÇÃO

Os meios de comunicação muitas vezes divulgam a ciência de uma forma superficial, criando
dessa forma uma barreira na concepção de divulgação científica para a sociedade. Conforme
Zamboni (2001), a divulgação da ciência é compreendida no âmbito genérico de forma
descontextualizada de sua origem, impossibilitando o conhecimento para o público leigo. A palavra
divulgação científica é um termo pouco explorado e direcionado para um público leigo. A partir do
momento que o conhecimento científico ultrapassar barreiras ficará imprescindível a sua difusão.
Neste contexto Almeida (2012), discorre quanto à concepção da cultura científica pelas
pessoas em sua totalidade, trazendo esse questionamento para uma linguagem que possa ser
trabalhada na escola em um aspecto estimulador.
O mundo torna-se mais globalizado, as informações chegam de diversas formas e a cada dia
mais veloz, entretanto, nem sempre essas informações chegam à sociedade de uma forma
coerente. Neste contexto, a divulgação científica também não chega de uma forma transparente
para a sociedade. Segundo Germano (2011, p. 287), o “termo proveniente do latim, diffusione é o
ato ou efeito de difundir, disseminar, espalhar, ou propagar alguma coisa. A difusão científica seria,
portanto, a disseminação, ou a propagação da ideia e feitos tecnológicos da ciência para um
conjunto maior da sociedade”.
O Brasil ao longo de sua história passou por grandes percalços devido ao difícil acesso ás
tecnologias, contudo, o conhecimento científico era posto em prática devido a diversas observações
e questionamentos advindos pelo homem no decorrer do seu processo cultural, e por consequência
disso, surgiram alguns estudiosos que dedicaram a sua vida a ciências. Assim, diante destes
acontecimentos, o homem por uma questão de necessidade, explorou diversas áreas do
conhecimento, e assim vem se perpetuando de geração a geração, trazendo benefícios do passado
que são projetados na atualidade. Chassot (2014b, p. 62) reitera, afirmando que “Usualmente
conhecer a Ciência é assunto quase vedado àqueles que não pertencem a essa esotérica
comunidade científica”.
ANAIS X EPCC
UNICESUMAR – Centro Universitário de Maringá
ISBN 978-85-459-0773-2

Portanto, a escola poderá ser um agente ativo neste percurso, Chassot (2003a) reforça que o
ensino de ciências só modificará a vida dos alunos se os professores estimularem esse processo,
neste sentido, os alunos deixarão de serem sujeitos passivos. Para que isto aconteça, será
necessário o uso de uma linguagem atraente, capaz de aproximá-los ao máximo possível da
realidade, transformando os conteúdos em vivência (FIALHO, 2008). O aluno precisa vivenciar em
sala de aula os conteúdos que são inexistentes no seu dia a dia, através de uma linguagem simples,
que facilite a sua compreensão.
Neste trabalho será abordado a ideia que o aluno tem sobre a divulgação científica,
mostrando suas dificuldades quando se trata deste assunto. Desta forma, o objetivo desta pesquisa
foi identificar a concepção dos alunos de uma escola pública no estado de Roraima sobre a
divulgação científica como preceito para a socialização de informações científicas e tecnológicas.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

A presente pesquisa teve como público alvo, alunos do 3º ano do ensino médio de uma
Escola Pública Estadual do Município de Boa Vista do Estado de Roraima, em uma turma da
disciplina de Biologia do 3º ano do ensino médio, onde teve uma amostragem de 21 alunos.
Utilizou-se um questionário metodológico que teve 5 (cinco) questões didáticas, sendo perguntas
abertas e fechadas. Na definição de Hennig (1994) o questionário é considerado um método que
determina uma missão de objetivos específicos para expor perguntas abertas ou fechadas,
ordenadas de forma precisa por um número de pessoas representativo. Estas são ferramentas para
estudar o pensamento do educando através da escrita, constando suas opiniões e conhecimentos
referentes ao assinto proposto no questionário. Neste sentido, o estudo teve duas abordagens, como
resume Santos, Molina e Dias (2007): caracterizou-se com qualitativa por ter participação direta do
pesquisador em verificar os fatores dentro do contexto de estudo, bem como, quantitativa, por tentar
mostrar em quantidades numéricas os eventos ocorridos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O questionário a seguir, considera a fala individual dos alunos, seguindo nos tópicos as
respostas mais relevantes. Dos 21 entrevistados, 76% afirmaram saberem o que é ciência,
entretanto 24% não souberam responder. Quanto aos conceitos dos alunos que afirmaram
conhecer, conforme a fala dos mesmos, as mais importantes foram:

"A ciência é o estudo de tudo aquilo que envolve o conhecimento, significa o estudo, o
saber";
"É o estudo do conhecimento";
"A ciência é um meio que ajuda a sociedade";
"A ciência é tudo que envolve a natureza e as tecnologias";
"É o meio que ajuda a sociedade";
"É o estudo da natureza".

É notável que os alunos possuem uma forma de conhecimento, apesar de ser necessária
uma lapidação nesse processo. Cabe ao professor mediar neste processo, inserindo novos
mecanismos que possam contribuir com a concepção de conceitos e, essencialmente, com o ensino
de ciências. Assim, os alunos terão condições de definir de forma precisa essas interrogações.

ANAIS X EPCC
UNICESUMAR – Centro Universitário de Maringá
ISBN 978-85-459-0773-2

Neste cenário, tentou-se explanar a importância da ciência e os motivos que a pontuam.


Assim, 80% dos estudantes informaram que consideram a ciência importante, no entanto, 20%
desconhecem essa importância. Ao perguntar o motivo pelo qual os alunos consideram, os mesmo
relataram:

"Com ela adquirimos novos conhecimentos";


"Ajuda a conhecer melhor o mundo o qual vivemos";
"Está presente no nosso cotidiano";
"Tecnologia, celular, computador, etc. Tudo tem ciência envolvida, isso é importante
para a nossa vida";
"É dela que provem nossas tecnologias e o conhecimento".

Em contrapartida, 95% não sabem definir o que é divulgação científica, e 5% disseram que
sabem, entretanto, não souberam explicar. De certa forma, pode-se inferir que os alunos sabem o
que é ciência, porém, quando descontextualizamos a palavra ciência para divulgação científica, os
alunos sentem dificuldade de definir esse termo.
Esse termo continua sendo de difícil acesso no universo escolar dos estudantes. Apesar da
grande variedade de significados e formatos de produção, o conhecimento continua distante de um
público maior (BINSFELD; AUTH, 2009).
Para completar, quando foi questionado quanta a importância da divulgação científica, 95%
sentiram dificuldades em responder, todavia 5% admitiram que sim, contudo, não souberam explicar.
A discrepância foi os alunos anteriormente citarem que consideraram a ciência importante para a
sua vida, evidenciando uma contradição. Neste pressuposto, cabe ao professor adequar em suas
práticas pedagógicas novos métodos que possam conceituar e produzir novos conhecimentos nos
discentes quanto ao uso desse vocábulo.
Nesta questão, foram expostas algumas formas de divulgação científica para os alunos
marcarem. As formas de divulgação científicas com maiores probabilidade de respostas foram: as
aulas e a internet 90%, em seguida os jornais, com 71%, e seminários com 62%, demonstrando que
os alunos ainda sentem dificuldades em identificar as formas de divulgação científica, conforme
mostrado no Gráfico 1, que denota que os alunos poderiam marcar os outros exemplos que retratam
esse tema. Nesse contexto, esse Gráfico expõe que, as outras maneiras de promover a ciência,
como: museus 47%, programas de rádio 48%, filmes e jogos 12%, obtiveram uma baixa significância
para os alunos, expondo assim uma grande dificuldade neste tópico.

ANAIS X EPCC
UNICESUMAR – Centro Universitário de Maringá
ISBN 978-85-459-0773-2

100% 90% 90%


80% 71%
62% 57% 57%
60% 47% 48%
40%
20% 5% 5%
0%

Gráfico 1: formas de divulgação científica


Fonte: elaborado pelas autoras.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo revelou pelo método do questionário que os alunos conhecem de uma
forma empírica o conceito ciência. Isso se deve ao fator cultural/escolar, porém, o estudo
demonstrou que ao descontextualizarmos esse termo para divulgação científica, os estudantes não
souberam definir, portanto, é necessário investir em práticas pedagógicas voltadas para o âmbito da
popularização científica na escola, dessa forma a educação básica poderá contribuir de uma forma
significativa com a percepção dos alunos, e por fim, para uma formação científica de qualidade.

REFERÊNCIAS

BINSFELD, S. C.; AUTH, M. A. A presença da divulgação científica no processo de ensino-


aprendizagem do nível médio. In: ENCONTRO NACIONAL EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 7.,
2009. Anais eletrônicos... Florianópolis, 2009. Disponível em:
<http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/1531.pdf>. Acesso em: 1 ago. 2017.

CARVALHO, M. P.; CACHAPUZ, A. F.; GIL-PÉREZ. (Org.). O ensino das ciências como
compromisso científico e social: os caminhos que percorremos. In: ALMEIDA, M. J. Mediação da
pesquisa na interpretação da educação em ciências. São Paulo: Cortez, 2012.

CHASSOT, A. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. 3 ed. Ijuí: Unijuí,
2003a.

CHASSOT, A. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. 6 ed. Ijuí: Unijuí,
2014b.

FIALHO, N. N. Os jogos pedagógicos como ferramenta de ensino. Disponível em:


<http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/293_114.pdf>. Acesso em: 16 jul.
2017.

ANAIS X EPCC
UNICESUMAR – Centro Universitário de Maringá
ISBN 978-85-459-0773-2

GERMANO, M.G. Uma nova ciência para um novo senso comum [online]. Campina Grande:
EDUEPB, 2011. 400p. Disponível em: <http://static.scielo.org/scielobooks/qdy2w/pdf/germano-
9788578791209.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2017.

HENNIG, G. J. Metodologia do Ensino de Ciências. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1994.

MATEUS, W. D.; GONÇALVES, C, B. Discutindo a Divulgação científica: O Discurso e as


Possibilidades de Divulgar Ciência na Internet. Rev. Areté., v. 5, n.9, p.29-43, 2012. Disponível em:
<http://periodicos.uea.edu.br/index.php/arete/article/view/45 >. Acesso em: 10 jul. 2017.

SANTOS, G. R. C. M.; MOLINA, N. L.; DIAS, V. F. Orientações e dicas práticas para trabalhos
acadêmicos. Curitiba: IBEPEX, 2007.

ZAMBONI, L. M. S. Cientistas, jornalistas e a divulgação científica: subjetividade e


heterogeneidade no discurso da divulgação científica. Campinas, SP: Autores associados, 2001.

ANAIS X EPCC
UNICESUMAR – Centro Universitário de Maringá

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

Você também pode gostar