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1.1. Introdução
Assim, vários autores, como por exemplo, Kutluca e Mercan (2022) e Pereira,
Rodrigues e Vieira (2020) e entidades científicas como por exemplo a National Science
Teachers Association (NSTA) (2014), advogam a pertinência de promover a educação
científica desde cedo, devendo-se estabelecer uma sólida base para a literacia científica
de crianças e jovens, de modo a que sejam cidadãos ativos e participativos, tomando
parte nas soluções dos problemas da sociedade de modo crítico e informado,
considerando-a, por isso, uma prioridade nas sociedades modernas.
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1.2. A promoção da educação científica na educação de infância
Vários autores (como, por exemplo, Anastasiou, Kostaras, Kytitsis & Kostaras,
2015; Areljung, Ottander & Due, 2017; Barenthien, Lindner, Ziegler & Steffensky, 2020;
Kutluca & Mercan, 2022; Ravanis, 2017; Trundle & Saçkes, 2021) consideram que, nos
últimos vinte e cinco anos, a pesquisa em educação científica da primeira infância tem
sido fortemente incrementada, tendo-se constituído como um campo de pesquisa e
implementação educacional, representando a ciência uma dimensão importante na
educação de crianças pequenas (Barenthien, Lindner, Ziegler & Steffensky, 2020).
Vários investigadores, como por exemplo, Eshach e Fried, 2005; French, 2004;
Larimore, 2020; Trundle, 2015, têm defendido a exploração de temas das ciências
desde cedo, indicando que a literatura tem sugerido que as crianças têm a capacidade
de aprender ciências (Kutluca & Mercan, 2022; National Research Council [NRC] 2007;
NSTA, 2014; Nayfeld, Brenneman & Gelman, 2011).
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Considerando a sociedade atual e atendendo a que as suas inovações
tecnológicas determinam uma maior necessidade de especialistas em áreas da Ciência,
Tecnologia, Engenharia, Matemática (STEM), é fulcral um maior investimento nestas
áreas de formação desde cedo. Atendendo aos dados da UNESCO (2019) de que as
mulheres não optam pelas disciplinas STEM, e que representam menos de um terço de
empregos ligados à pesquisa, leva-nos a pensar na pertinência de investir na educação
científica nas primeiras idades de modo a contribuir também para a diminuição deste
fosso.
Deste modo, Rippon argumenta que a educação nas primeiras idades oferece
oportunidades eficazes para neutralizar o desenvolvimento de conjuntos negativos de
crenças sobre quem pode e quem não pode fazer ciência e porquê.
Para além destas, outras razões têm sido apontadas para incluir as ciências na
aprendizagem de crianças pequenas. Por exemplo, Larimore (2020) apresenta um
conjunto de razões para isso. Desde logo, pode facilitar aprendizagens posteriores e
apoiar o desenvolvimento de outras áreas de desenvolvimento. Com efeito, ao
desenvolver o conteúdo de ciências, criam-se experiências de aprendizagem, que, para
além das próprias aprendizagens, proporcionam oportunidades de aprendizagem em
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outras áreas de conteúdo, como por exemplo em linguagem, ao descrever fenómenos,
explicar ideias, argumentar, pesquisar informações em textos. A autora refere, ainda,
que as crianças têm o direito de compreender o mundo ao seu redor, expondo
argumentos que se prendem com a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos
das Crianças que no seu art.º 13.º salvaguarda que a criança tem o direito de “[...] obter
informações, dar a conhecer ideias e informações, sem considerações de fronteiras”
(2019, p. 13).