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Semana 1: O que é Ciência?

Qual a ciências com ênfase nos conteúdos de


imagem que temos da Ciência? Por que biologia;
ensinar Ciências da Natureza? - Os professores das séries iniciais ainda não
conseguem articular os conhecimentos das
Texto-base: Por que e para que ensinar diferentes áreas do saber, o que gera a
ciências para crianças/Juliana Pinto fragmentação dos conteúdos, uma vez que
Viecheneski e Marcia Carletto cada disciplina é trabalhada em sala de aula
Introdução: separadamente, sem conexões;
- Democratizar o acesso aos - Constatação de que os professores das
conhecimentos tornou-se primordial para séries iniciais ainda não conseguem
que os sujeitos possam compreender articular os conhecimentos das diferentes
melhor o mundo, realizar escolhas áreas do saber, o que gera a fragmentação
conscientes e intervir responsavelmente no dos conteúdos;
meio em que vivem; - Outro aspecto que afeta diretamente o
- O ensino de ciências é fundamental para processo de ensino e aprendizagem são as
despertar nos estudantes o interesse pelas concepções e crenças dos professores;
carreiras científicas e assim ampliar a - O trabalho docente nas séries iniciais não
possibilidade do país contar com profissionais se reduz ao ensino de conceitos. Os
capazes de produzir conhecimentos científicos autores entendem que mesmo os professores
e tecnológicos, que poderão contribuir para o que não possuem um domínio aprofundado
desenvolvimento econômico e social da dos conceitos científicos, são capazes de
nação; contribuir para o processo de formação de
- Muitos professores têm dificuldades em conceitos dos alunos;
promover um ambiente desafiador, propício à - O papel dos professores dos anos iniciais
investigação e à construção de está em promover atividades investigativas
conhecimentos em ciências; que suscitam o interesse dos alunos, que
- Há professores que acreditam que os estimulem sua criatividade, sua capacidade de
alunos dos anos iniciais não têm condições de observar, testar, comparar, questionar, que
compreender os conhecimentos científicos. favoreça a ampliação de seus conhecimentos
Outros, apesar de reconhecerem a prévios, preparando as crianças para níveis
importância da ciência, não a contemplam em posteriores da aprendizagem conceitual.
sala de aula porque se sentem inseguros para
discutir e realizar um trabalho sistemático com Por que ensinar ciências desde o início da
as crianças. escolarização?
O Ensino de Ciências nos Anos Iniciais: - Promover um ensino de ciências de
Alguns Problemas Evidenciados qualidade nas escolas é assegurar o futuro
- Características da Etapa Inicial no ensino do país;
de Ciências: - Um dos motivos se refere ao fato de que um
a) No ensino inicial possui um professor bom desenvolvimento econômico e social
polivalente, de quem geralmente se espera o está diretamente ligado ao investimento
domínio de áreas diversas do conhecimento, realizado em educação;
como português, matemática, ciências, - Países que pouco investem em educação
história, artes, etc.; científica e tecnológica e não geram
b) O autor verificou que frente à carência de conhecimento ficam mais sujeitos à exclusão,
conhecimentos, o livro didático acaba desemprego, maior índice de criminalidade,
ganhando lugar de destaque na prática dos menor receita fiscal e inferiores condições de
professores; vida;
c) Além de servirem como fonte de pesquisa - Ter acesso à educação científica e
para os docentes aprendem mais sobre o tecnológica, desde a infância, é um direito de
conteúdo científico, os livros didáticos todos, que corresponde ao direito e ao dever
também servem como “fonte de sugestões” de se posicionar, tomar decisões e intervir
sobre como ensinar o conteúdo em questão, responsavelmente no meio social (
interferindo desse modo, nas estratégias de - Alfabetização científica corresponde a um
ensino empregadas em sala de aula; processo a ser desenvolvido ao longo de toda
- Os autores evidenciaram nas escolas, entre a vida, por meio de sujeitos e contextos
outros aspectos, a falta de atividades diversos, sendo, contudo, essencial a sua
experimentais nas práticas de sala de aula, sistematização no contexto escolar desde os
dificuldades dos professores em relação aos primeiros anos de escolaridade;
conteúdos de física (situação associada ao - As ciências contribuem para o
processo de formação docente) e ensino de desenvolvimento intelectual das crianças, pois
“[...] está relacionada à qualidade de todas as cultura, a cultura científica, que lhes
aprendizagens, contribuindo para desenvolver possibilitará ver e compreender o mundo com
competências e habilidades que favorecem a maior criticidade e com conhecimentos para
construção do conhecimento em outras áreas; discernir, julgar e fazer escolhas conscientes
- Garantir o direito à educação desde os em seu cotidiano, com vistas a uma melhor
anos iniciais é investir na ampliação dos qualidade de vida;
conhecimentos, da cultura e da possibilidade - Atitudes e valores se constroem desde
da população compreender e participar cedo e quando a escola proporciona
efetivamente na sociedade em que vive. momentos para debates, questionamentos,
reflexões, exposição e confronto de ideias,
Para quê ensinar ciências? abre a oportunidade de ensinar valores
- A educação científica tem oscilado entre essenciais ao exercício da cidadania, como
dois objetivos: a formação de cientistas e a respeito pelas diferentes ideias, tolerância,
formação para o exercício da cidadania; cooperação, respeito à diversidade, às regras
- Apesar do reconhecimento da importância combinadas em grupo, capacidade de se
e do valor da ciência, os jovens demonstram comunicar, de ouvir e esperar sua vez para se
pouco interesse pelas carreiras científicas; expressar, responsabilidade, senso crítico e
- Segundo o autor, o projeto ROSE “[...] traz inclusão social;
claras evidências de que o ensino de - O conhecimento é a peça chave para a
ciências carece de mudanças e colabora cidadania e para a construção de uma
com a intenção de redefinir as prioridades sociedade mais humana e sustentável.
brasileiras para seu aprimoramento”;
- O modo como a escola conduz o Texto-base: Educação em Ciências na
processo de ensino e aprendizagem, pode escola democrática e as relações
estimular o espírito investigativo do estudante, étnico-raciais/Bárbara Carine Soares
despertando nele o encantamento pela Pinheiro
ciência, ou, ao contrário, pode inibir o Introdução
exercício da curiosidade do aluno, fazendo - É muito comum em nosso país, jovens
com que esta se perca à medida que progride em geral terem acesso à história da
para outras séries; população africana no mundo apenas a
- O desafio dos docentes está em propiciar partir do tráfico de seres humanos
um ensino que estimule os estudantes, que escravizados;
aguce e reforce a sua curiosidade, o gosto - Pessoas não nascem escravas, elas são
pela participação e o desejo de aprender; escravizadas;
- No âmbito dos anos iniciais, a educação em - A racionalidade europeia efetivou a
ciências não se preocupa em formar o leitura oficial da história da humanidade
“futuro cidadão”. Trata sim de formar levando em conta somente a experiência
sujeitos que já são cidadãos e já atuam no do continente e universalizando reflexões
meio social, mas que instrumentalizados pelos alheias às múltiplas possibilidades do
conhecimentos adquiridos na escola terão conhecer.
condições de intervir na realidade de modo
mais consciente e responsável; Metodologia
- Os alunos precisam entender que os - A revisão bibliográfica consistiu em uma
cientistas não são “gênios malucos” ou análise no acervo de publicações correntes
pessoas que possuem “poderes especiais” na referida área de estudo, a fim de
(REIS et al., 2006) e sim que a ciência e a buscar respostas ou um maior
tecnologia são produzidas por um grupo de conhecimento sobre a temática das relações
pessoas comuns e desse modo, as suas étnico-raciais e sua articulação com a
atividades são condicionadas por crenças, educação em ciências;
interesses econômicos, políticos e sociais;
- O objetivo da escola, ao lado da promoção Decolonialidade
do conhecimento, “[...] precisa ser direcionado - A noção de decolonialidade parte da
para sua apropriação crítica pelos alunos, de premissa da negação da colonialidade, o
modo que efetivamente se incorpore no pressuposto é que deixamos de ser
universo das representações sociais e se colônia de Portugal em 1822, mas os
constitua como cultura”. padrões de colonialidade permanecem
fortes em nossa vida cotidiana até os dias
Considerações Finais de hoje;
- O ensino de ciências pode contribuir para - Focamos nossa existência chamando a
que os alunos sejam inseridos em uma nova Europa de “o velho mundo” (mesmo
sabendo que a humanidade surgiu na da ação técnica e científica de pessoas
África); quando viajamos para a Europa escravizadas;
dizemos que vamos ao berço das civilizações - Foi associada à imagem de sujeitos
(mesmo sabendo que no mundo existem sociais aceitos e hegemônicos. Assim
civilizações anteriores), propagamos a noção sendo, todos que estavam fora desses
de que a universidade surge na Europa em padrões, mas que buscavam se vincular
Bolonha (uma fácil busca no Google nos ao processo de desenvolvimento do
revela que a primeira universidade do mundo conhecimento científico, eram rechaçados,
é a universidade de Al-Karaouine em Fes inferiorizados e silenciados;
no Marrocos, Leste africano), etc.; - O conhecimento médico cirúrgico
- De acordo com Fanon (2008) a antigo e tradicional na África, também
colonialidade, que é articulada à construção operava os olhos removendo as cataratas.
do conceito de raça, se manifesta em três Essa técnica foi encontrada no Mali e no
dimensões, a saber: a colonialidade do Egito, bem como há cerca de 4.600 anos,
ser, do saber e do poder; neste último país mencionado, já se fazia a
- A colonialidade do ser parte da cirurgia para a retirada dos tumores cerebrais
modulação da existência dos indivíduos. A e, recentemente, foram encontradas
colonialidade do ser é a dimensão ontológica estruturas ósseas nas escavações das
da colonialidade que se afirma na violência da pirâmides de Gizé, que revelaram
negação do Outro (Carneiro, 2005); possíveis cirurgias cranianas e ortopédicas
- Para Fanon (2008), o negro é uma em trabalhadores das pirâmides;
construção do branco. A branquitude europeia - Precisamos superar este estado de racismo
em um dos variados mitos da modernidade institucional e colonialidade epistêmica que
inventou a noção de raças, criando graus coloca corpos e mentes brancas em um
hierárquicos entre estas e, inclusive, lugar de brilhantismo intelectual e reduz
retirando a humanidade desse Outro pessoas negras e de outras etnias a
forjado no caldeirão colonial moderno; condições subalternas, de ausência de
- Na colonialidade do poder, a raça inteligência acadêmica e de propensão,
superior, constituída de homens brancos, unilateral, a trabalhos braçais.
cristãos, europeus, têm direito à dominação e
as demais raças inferiores são subjugadas; Considerações Finais
- A colonialidade do saber, por sua vez, - Precisamos resgatar a dignidade e a real
impõe o saber europeu como marco humanidade de pessoas negras por meio da
referencial de conhecimento verdadeiro e socialização de uma autoimagem positiva na
avançado frente a todos os outros tipos juventude deste país;
de conhecimento que são tomados como - Pessoas negras, assim como todos os
inferiores, desconsiderando assim a seres humanos, podem alcançar seus
existência de outras racionalidades e formas objetivos, pois de fato todos somos
de conhecer e interpretar o mundo; humanos e igualmente potenciais. Contudo,
- Colonialidade cosmogônica marcada pela nada adianta essa constatação estar apenas
separação entre indivíduos e natureza, o que no campo discursivo reforçado por uma
remete a um afastamento da natureza e a ciência genética que higieniza esta
desvinculação afetiva e existencial em abordagem na atualidade, mas que num
relação a esta. Esta dicotomização propicia passado próximo foi responsável por reduzir
uma disponibilização da natureza para essa humanidade com relação a pessoas
sua descontrolada e irracional exploração. negras, atribuindo-as geneticamente
características sociais de modo
Descolonizando saberes científicos patologizado.
- As representações de cientistas
reproduzidas em manuais de ciências em
geral é a de homens cis, heterossexuais e
brancos. Em outros termos, sendo a ciência
um espaço de poder a representação de
seu desenvolvimento;
- Durante séculos nesse país, pessoas
negras foram as principais cientistas e
técnicas porque conseguiram manter um
modo de produção, cujos detalhes técnicos
eram por eles pensados e executados. A
sociedade brasileira herdou a riqueza oriunda
Videoaula 1: O que é Ciência? Qual a a) Definição
imagem que temos dela?
Objetivos principais desta disciplina

b) O problema

- A resolução de um problema é algo comum


dentro da ciência.
c) Métodos científicos

- A ciência não é algo isolado das demais


áreas da sociedade.

O que é ciência?

- Temos diversas formas de fazer ciência;


- Método indutivo: Este método aquele que
por indução chegamos a alguma solução;
- Método hipotético-dedutivo: Aquele que
envolve a hipótese e a sua real aplicação.

- A ciência nos ajuda a emitir opiniões com


bons fundamentos.
d) Coerência global
a) Nível de interesse das pessoas pelo
estudo de ciência e tecnologia

- Toda vez que um conhecimento científico


tenta fazer uma explicação ela é generalista e
isto pode fazer com que ela gere novos
problemas e perguntas. - Com essa pesquisa temos a visão de que a
ciência não está distante da vida das pessoas
e) Ciência é um processo social e que elas se interessam muito por este
assunto.
b) A ciência traz mais beneficios ou
maleficios para a sociedade

Que imagem temos da Ciência?

- Conforme os anos vão passando as pessoas


de uma maneira geral vão criando uma
percepção melhor acerca dos estudos de
ciências;
- O brasileiro tem uma visão muito boa da
ciência e tecnologia.
Como é a aparência de um cientista? Discussão da professora Bárbara sobre a
representação do que seja um cientista…

- Como professores precisamos problematizar


e desmistificar esse tipo de cientista que a
sociedade já carrega.

- Geralmente as pessoas carregam uma


imagem já preconcebida das características
que um cientista carregam um home, hétero - Com o ensino de ciências e as
sexual e cis. desmistificações saindo da cabeça da criança
ela começará a fazer as representações sobre
os cientistas de uma outra forma, enxergando
assim que todos podemos fazer ciência.

Videoaula 2: Por que ensinar ciências?


Por que ensinar e aprender Ciências?

- Acima temos a representação que as


crianças fazem de um cientista, como se fosse
um sujeito que não ligasse para a própria
aparência e fosse maluco.

a) Ciências da Natureza
- As ciências da natureza é uma construção c) Desenvolvimento das destrezas
didática que foi utilizada para organizar experimentais
diversas áreas dentro do currículo e dentro
das ciências da natureza temos as
supracitadas.

Algumas considerações sobre ensinar


Ciências

- As crianças gostam muito do fazer científico,


as crianças desenvolvem inúmeras outras
características;
- As crianças vão começando a criar hipóteses
e há uma série de formas de desenvolver isto.

- Artigo que será bastante utilizado nesta d) Desenvolvimento de atitudes e valores


disciplina. científicos
a) Aprendizagem de conceitos e a
construção de modelos

- A criança com a ciência começa a


desenvolver o pensamento crítico, opiniões
embasadas, tomar decisões;
- Quando aprendemos ciências vamos - A ciência irá desenvolver na criança também
começar a criar modelos que vão explicando a afetividade já que muitos começaram a
os fenômenos à nossa volta e esses conceitos trabalhar em equipe, desenvolvendo-se assim
vão se ampliando cada vez mais; o espírito colaborativo.
- Acima temos um modelo atômico.
e) A imagem da ciência
b) Desenvolvimento de destrezas
cognitivas e raciocínio científico

- Vou ensinar ciências para desconstruir a


- A ciência nos ajuda a compreender os visão que a criança tem acerca da ciência;
fenômenos naturais de uma outra forma; - Introduzir que a ciência tem um aspecto
- Passamos a compreender também como as transitório, ou seja, quanto mais as pesquisas
hipóteses são feitas, como elas mudam e etc. vão avançando outras teorias são criadas e
hipóteses levantadas;
- Há também diversas formas de explicar e b) Vygotsky
comunicar o conhecimento científico.
Como os alunos aprendem?

a) Piaget

- Aprender é um processo social;


- A construção do conhecimento é feita
- Ele é um biólogo, ele traz as fases de coletivamente;
desenvolvimento das crianças; - O conhecimento se firma a partir de
- Ele traz também a ideia de que o ferramentas e uma delas é a linguagem;
conhecimento passa a ser construído a partir - A ZDP é a distância entre aquilo que você
de um problema; sabe (desenvolvimento real) e aquilo que você
- Aqui o aluno é o protagonista e através do pode aprender (desenvolvimento potencial)
problema ele vai realizar este protagonismo; com a ajuda do outro, neste caso o professor.
- O aluno sempre tem um conhecimento
prévio e por isso não deve ser ignorado;
- O educando precisa tomar consciência sobre
o seu processo de aprendizagem;
- Além disso, ter a consciência de que o erro
ensina e por isso faz parte do processo de
aprendizagem.

Semana 2: Perspectivas do ensino de


Ciências da Natureza
Texto-base: Ensino de Ciências/Silvia
Frateschi Trivelato e Rosana Louro Ferreira
Silva
Capítulo 1: A Ciência no Ensino
Fundamental
- O que é ciência? - Ciência abrange três campos:
a) Procura explicações sistemáticas para os
fatos provenientes de observações e de
experimentos;
b) Necessita que a interpretação dos fatos
seja confirmada, aceita por outros cientistas;
c) É um processo social;
- O que é possível inferir sobre os objetivos
- A partir do século XVII, com Francis
da ciências como disciplina:
Bacon, o método científico foi organizado.
a) Neutralidade que os “campos” da Ciência
Ele chamou essa maneira de entender a
são apresentados;
Ciência de Ciência Empírica ou Empirismo
b) Outro ponto que se dá a futura escolha da
(aqui o conhecimento encontra-se fora de nós,
profissão, destacando aquelas relacionadas
é exterior e deve ser buscado sem influência
diretamente ao conhecimento científico.
de ideias preconcebidas. O papel do cientista
Formar cientistas era um dos principais
aqui é extrair da natureza os conhecimentos
objetivos do ensino de Ciências daquela
que ali já estão previamente definidos);
época.
- Ciência Empírica recebe diversas críticas,
- Na segunda metade do século passado, o
entre elas:
modelo desenvolvimentista adotado, com
a) Não admite que o cientista seja influenciado
base na industrialização acelerada, gerou
pelas suas ideias prévias;
sérios problemas sociais e ambientais. E
b) Não permite nem admite a criatividade do
esses problemas começaram a aparecer nos
cientista;
currículos de Ciências, saúde e meio
c) Não considera o cientista parte de um
ambiente;
contexto social, cultural e histórico;
- A partir dos anos 1980, a tendência
d) Não explica como é possível uma teoria ser
conhecida como “Ciência, Tecnologia,
substituída por outra ao longo da história.
Sociedade” (CTS) passou a ser incorporada
- Método Hipotético-Dedutivo: Preconiza o
ao ensino de Ciências
levantamento de conclusões plausíveis em
- Evolução da situação mundial e do ensino de
que, se as hipóteses forem verdadeiras,
Ciências:
haverá consequências específicas. Esse
processo é chamado Dedução;
- Teoria: É um conjunto de conhecimentos
mais amplos
- Paradigmas: São as realizações científicas
reconhecidas universalmente que, durante
certo tempo, fornecem modelos de problemas
e soluções para uma comunidade de
cientistas.

Breve histórico do ensino de Ciências


- O ensino de Ciências, é recente no Ensino
Fundamental;
- Até 1961 (promulgação da LDB),
ministravam-se aulas de Ciências apenas nas
duas últimas séries do antigo curso ginasial;
- A partir de 1971, com a Lei n° 5.692,
- Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, são
ciências passou a ter caráter obrigatório nas
propostos os seguintes objetivos para o
oito séries do Primeiro Grau (atual Ensino
ensino de Ciências no nível fundamental II:
Fundamental);
- O que ocorreu no ensino de Ciências no
decorrer de sua história sofreu influências do
que estava acontecendo na sociedade;
- Krasilchik (2000), segundo essa autora,
diversos movimentos paralelos de renovação
do ensino foram convergindo para uma
análise de um ensino com uma concepção de
Ciência como “produto” para uma concepção
de Ciência como “processo”;
- Ciências tem passado por inúmeras
transformações;
- Carvalho (1998): O Ensino somente se
- Sendo um documento nacional, realiza e merece este nome se for eficaz e
especificidades regionais não estão fizer o aluno aprender. O trabalho do
contempladas e caberá ao professor esse professor, portanto, deve direcionar-se
papel; totalmente para a aprendizagem dos alunos;
- Um dos principais objetivos do ensino de O ensino e a aprendizagem devem ser vistos
Ciências é preparar o cidadão para pensar como uma unidade.
sobre questões que exigem um - Fase pré-escolar, as crianças geralmente
posicionamento e que são muitas vezes têm uma relação prazerosa com os
conflituosas. conhecimentos relacionados aos fenômenos
da natureza e da sociedade;
A construção do conhecimento científico - A relação prazerosa com o conhecimento
na escola muitas vezes vai se perdendo. Uma das
- O debate que se opõem as visões tarefas do professor do Ensino
empiristas e não empiristas de Ciência Fundamental é evitar que isso aconteça,
também ocorre no ensino. Bastos (1998), proporcionando atividades que propiciem um
descreve essa diferença: aprendizado prazeroso e com significado;
- O uso de estratégias de ensino
diferenciadas nas aulas de Ciências tende a
maximizar as aprendizagens de estudantes
em diferentes contextos e conteúdos.

Videoaula 3: Histórico do ensino de


Ciências e as tendências pedagógicas

- Considerando uma perspectiva não empirista


de ensino, os conhecimentos correspondem a
construções da mente humana e não a
descrições objetivas da realidade concreta;
- Conflito cognitivo: A produção de
conhecimentos na Ciência é estimulada por
situações conflituosas. O conflito cognitivo, ou
seja, faz com que o indivíduo perceba a
inadequação de suas hipóteses em relação
aos novos problemas. O conflito é um
importante estímulo à aprendizagem
conhecida como mudança conceitual;
- Mortimer (2000) defende que os indivíduos
não abandonam concepções anteriores e
constroem perfis conceituais, em que um
conceito novo passa a coexistir com o -
anterior;
- Tópicos importantes em relação ao processo
de ensino e aprendizagem em Ciência:
Histórico do Ensino de Ciências na escola

- Quando veio a primeira LDB 1961 não


existia a obrigatoriedade do ensino de
- Será que eram aulas puramente expositivas ciências nas escolas nos anos iniciais, apenas
ou sera que era levado a fazer algum tipo de nos finais, apenas 10 anos depois que se
investigação tornou obrigatório o ensino de ciências nos
oito anos do ensino fundamental.

Evolução da situação mundial e do ensino


de Ciências

- Este quadro mostra alguns fatos que


aconteceram no mundo e que afetaram
diretamente o ensino de ciências;
- Apresenta os objetivos de se ensinar
ciências, a concepção de Ciências, as
instituições promotoras da reforma sobre a
- Ou as aulas de ciências tinham um caráter ciência e as modalidades didáticas que se
mais profissionalizante ou elas ocorriam no faziam e eram recomendadas;
lado externo da escola. - As mudanças ocorrem de forma paulatina,
portanto, não conseguimos sentí-las
abruptamente e sim muitos anos depois.
- Percebemos na virada dos anos 90 uma
forte adoção das tecnologias na educação.
Marandino, 2010 c) Abordagens Multiculturais

- A ciência vai se modificando com o passar


do tempo, assim como a sociedade vai se
alterando.

Quais suas tendências para o ensino de


Ciências? - Mostra que temos que ter respeito às
diferentes manifestações culturais, pois todos
os povos podem contribuir para o
conhecimento científico e histórico, como, por
exemplo, os indígenas sempre nomeiam as
constelações.

d) Abordagens CTSA

As abordagens possíveis para o ensino de


ciências
a) Abordagens cognitivas

- São abordagens relacionadas à ciência,


tecnologia e ambiente;
- Fazemos a relação da ciência no ambiente,
por exemplo, o que um extintor de incêndio
tem que apaga o fogo;
- Piaget e Vygotsky entendem a linguagem
- Além de abordar temas e questões éticas
como mediadora na construção do
que estão extremamente ligados a vida
conhecimento;
cotidiana.
- Para eles, a ciência faz parte da cultura.
e) Abordagens TICs
b) Abordagem baseada na história e
filosofia das ciências

- Abordagens de tecnologia da informação e


- Traz uma visão mais crítica da ciência, comunicação;
tirando uma visão ingênua da ciência e como - A ideia de que para aprender ciência é
estas e exercem muito impacto na sociedade. preciso se fazer o uso das tecnologias.
10 pontos que o professor deve fazer ao
ensinar Ciências

1) Desenvolver a autonomia dos alunos


- É importante que nós conheçamos e
colocamos nossos pontos críticos sobre cada
uma delas, fazendo o uso das que mais vai
lhe fazer sentido no dia a dia da sala de aula.

Videoaula 4: O papel do professor nas


aulas de Ciências da Natureza

- O professor vai estimular a criança a pensar


por elas mesmas, através da mediação do
professor.

2) Estimular a cooperação e troca de ideias


entre os alunos

Referências no Ensino de Ciências (Livros)

- Aqui o professor entende que ele tem um


papel importante na estimulação da
cooperação e na troca de ideias entre os
alunos que são os cientistas, claro que
sempre de maneira respeitosa e fazer com
que ele entenda que todos ajudam na
construção do conhecimento e que essa troca
- Livro da professora Ana Maria de Carvalho, de ideia ajuda na organização do
com proposições práticas e sugestões de pensamento.
experimentos;
- O outro livro é Nélio Bizzo, traz reflexões 3) Trabalhar com o erro a favor da
sobre o ensino de ciências de maneira geral aprendizagem
para o Ensino Fundamental.
- O aluno deve errar e não podemos - A gente precisa entender que não somos o
considerar isto como um momento ruim, mas google para responder tudo que os alunos
sim isso é uma oportunidade para que fazem e temos que ter noção que isso não é
possamos dar subsídios para que o aluno nenhum demérito.
entenda que ele está pensando errado e que
existem formas melhores para solucionar 7) Relacionar o conhecimento científico
aquelas questões. com diversos contextos

4) Refletir sobre sua própria prática

- Estimular os conhecimentos cientificos com


a vida cotidiana, por exemplo, buscar na vida
cotidiana dos alunos extrair uma série de
- É importante que durante a aula façamos conhecimentos científicos importantes para os
registros e faça que estes momentos de aula alunos.
seja o de reflexão também sobre a forma de
condução daquele momento e claro 8) Planejar atividades que promovam a
compartilhar isto com os seus colegas, pois progressão conceitual
uma boa escola não se faz sozinho, mas em
conjunto.

5) Conhecer as pesquisas em ensino de


Ciências

- O professor planeja as coisas para que cada


vez que os alunos passem na escola ele
adquira conceitos que avance cada vez mais
em seus conhecimentos, estimulando cada
- Conhecer as pesquisas que já foram
vez mais os educandos para que eles
realizadas, além de frequentar eventos sobre
progridem e avancem.
a temática de Ciência, como os congressos, e
simpósios, etc;
9) Utilizar terminologias corretas
- Estes eventos são importantíssimos para a
formação do professor.

6) Compreender que nosso conhecimento


é limitado

- Fazer uso de conceitos científicos, ao


decorrer das aulas é bacana que o professor
saia de uma terminologia mais simples para
uma mais conceitualmente aceita e
consagrada;
- Além é claro de estimular bem o vocabulário - Eixos Estruturantes da Alfabetização
dos alunos. Científica, pois são eles que nos servem de
apoio na idealização, planejamento e análise
10) Avaliar para promover a aprendizagem de propostas de ensino que almejam a AC:
1° Compreensão básica de termos,
conhecimentos e conceitos cientificos
fundamentais;
2° Compreensão da natureza da ciência e dos
fatores éticos e políticos que circundam sua
prática;
3° Entendimento das relações existentes entre
ciência, tecnologia, sociedade e
meio-ambiente.

- Atuar com a avaliação formativa, ou seja, na A Alfabetização Científica e o Ensino


ciência não devemos avaliar para rankear os Fundamental
alunos, para ver quem sabe mais ou menos - Diversos outros autores, expressam a
dos alunos, mas aqui é para que o aluno veja necessidade de a escola permitir aos alunos
o que ele já sabe e no que deve melhorar para compreenderem e saberem sobre Ciências,
aprender aquilo que ele não saiba ainda. suas tecnologias e as relações das duas
com a sociedade como condição para
Semana 3: A alfabetização científica e as preparar cidadãos para o mundo atual;
relações entre ciência, tecnologia, - É preciso também proporcionar
sociedade e meio ambiente oportunidades para que os alunos
Texto-base: Almejando a alfabetização tenham um entendimento público da
científica no Ensino Fundamental: a ciência, ou seja, que sejam capazes de
proposição e a procura de indicadores do receber informações sobre temas
processo/Lúcia Helena Sasseron e Anna relacionados à ciência, à tecnologia e aos
Maria Pessoa de Carvalho modos como estes empreendimentos se
O termo “Alfabetização Científica” relacionam com a sociedade e com o
- Defina o ensino de Ciências preocupado meio-ambiente;
com a formação cidadã dos alunos para - É necessário iniciar o processo de
ação e atuação em sociedade; Alfabetização Científica desde as
- Os autores brasileiros que usam a primeiras séries da escolarização,
expressão “Letramento Científico” justificam permitindo que os alunos trabalhem
sua escolha apoiando-se no significado do ativamente no processo de construção
termo defendido por duasgrandes do conhecimento e debate de idéias que
pesquisadores da Lingüística: Angela afligem sua realidade.
- Kleiman e Magda Soares. Soares
(1998) define o conceito como o “resultado Argumentação em Sala de Aula:
da ação de ensinar ou aprender a ler e Construindo e Expressando as Relações
escrever: estado ou condição que adquire CTSA
um grupo social ou um indivíduo como - Entendemos a argumentação como todo
conseqüência de ter-se apropriado da escrita”; e qualquer discurso em que aluno e
- Kleiman (1995) comenta sobre a professor apresentam suas opiniões em
complexidade do conceito, mas adota sua aula, descrevendo idéias, apresentando
definição como sendo o “conjunto de hipóteses e evidências, justificando ações ou
práticas sociais que usam a escrita conclusões a que tenham chegado,
enquanto sistema simbólico e enquanto explicando resultados alcançados;
tecnologia, em contextos específicos - A argumentação se apresentará mais ou
para objetivos específicos” (p.19). menos estruturada a depender do momento
em que ocorre dentro de uma discussão ou
A ideia de Alfabetização Científica (AC) de uma seqüência didática como um todo;
- A idéia de Alfabetização Científica ainda - Será a argumentação o meio pelo qual
se mostra controversa em torno de sua poderemos encontrar evidências
definição e, para este trabalho, lembramos concretas de como os alunos se
dos pensamentos de Fourez (1994) quando posicionam e como pensam nas
ele menciona a “alfabetização científica e relações que envolvem CTSA em sala de
tecnológica” como a promoção de uma cultura aula;
científica e tecnológica;
- Há dois vieses que precisam ser quaisquer das Ciências quando se dá a
igualmente considerados durante a análise busca por relações entre o que se vê do
dos argumentos em sala de aula: um problema investigado e as construções
deles é aquele que se refere à estrutura mentais que levem ao entendimento dele;
do argumento e o outro diz respeito à sua - Arranjamos os indicadores em três
qualidade; grupos. Cada um destes grupos representa
- Toulmin (2006) mostra-nos um padrão de um bloco de ações que são colocadas
argumento composto por cinco elementos: prática quando há um problema a ser
os dados, as conclusões, as resolvido:
justificativas, o conhecimento anterior e 1° Grupo: relaciona-se especificamente ao
os qualificadores, que podem tanto dar trabalho com os dados obtidos em uma
ênfase à afirmação proposta como investigação. Incorpora, então, as ações
apresentar refutação a ela; desempenhadas nas tarefas de organizar,
- Diversas fontes e formas de ações ´para se classificar e seriar estes dados:
fazer ciência (estrutura do argumento): 1.1. A seriação de informações é um
indicador que não necessariamente prevê
uma ordem a ser estabelecida, mas pode
ser um rol de dados, uma lista de dados
trabalhados. Deve surgir quando se almeja
o estabelecimento de bases para a ação;
1.2. A organização de informações ocorre
nos momentos em que se discute sobre o
modo como um trabalho foi realizado. Este
indicador pode ser vislumbrado quando se
busca mostrar um arranjo para
informações novas ou já elencadas
- O outro viés para a análise dos argumentos anteriormente. Por isso, este indicador pode
em sala de aula refere-se à qualidade do surgir tanto no início da proposição de um
argumento e um bom exemplo é o estudo de tema quanto na retomada de uma questão;
Driver e Newton (1997) que, tendo como 1.3. A classificação de informações ocorre
base o padrão de argumento de Toulmin, quando se busca conferir hierarquia às
propõe níveis hierárquicos para a informações obtidas. Constitui-se em um
argumentação: os argumentos momento de ordenação dos elementos com
classificados no nível 0 são aqueles que se os quais se está trabalhando procurando uma
dão quando há afirmações isoladas sem relação entre eles.
justificativa, ou quando há afirmações que 2° Grupo: engloba dimensões relacionadas à
competem sem justificativas. Argumentos estruturação do pensamento que molda as
do nível 1 são as afirmações isoladas afirmações feitas e as falas promulgadas
com justificativa. Afirmações que competem durante as aulas de Ciências; demonstram
havendo justificativas são do nível 2. No ainda formas de organizar o pensamento
nível 3 aparecem as afirmações que indispensáveis quando se tem por
competem com justificativas e qualificadores premissa a construção de uma idéia lógica
e as afirmações que competem com e objetiva para as relações que regulam o
justificativas e trazendo refutadores. O último comportamento dos fenômenos naturais. São
nível de argumentação é o nível 4 e aparece dois os indicadores deste grupo:
quando se faz julgamentos integrando 2.1. O raciocínio lógico compreende o modo
diferentes argumentos. como as idéias são desenvolvidas e
apresentadas e está diretamente
Indicadores de Alfabetização Científica relacionada à forma como o pensamento é
a) O que são Indicadores da Alfabetização exposto;
Científica? 2.2. E o raciocínio proporcional que, como
- Nossos indicadores têm a função de nos o raciocínio lógico, dá conta de mostrar
mostrar algumas destrezas que devem ser como se estrutura o pensamento, e
trabalhadas quando se deseja colocar a refere-se também à maneira como variáveis
AC em processo de construção entre têm relações entre si, ilustrando a
os alunos. Estes indicadores são algumas interdependência que pode existir entre elas.
competências próprias das ciências e do fazer 3° Grupo: os indicadores ligados mais
científico: competências comuns diretamente à procura do entendimento da
desenvolvidas e utilizadas para a resolução, situação analisada. Devem surgir em etapas
discussão e divulgação de problemas em finais das discussões, pois caracterizam-se
por serem o trabalho com as variáveis - Voltamos nossa atenção para o modo
envolvidas no fenômeno e a busca por como os alunos argumentam em sala
relações capazes de descreverem as de aula e quais as características
situações para aquele contexto e outros expressas nestas argumentações que nos
semelhantes. Fazem parte deste grupo os trazem indícios de como este processo está
seguintes indicadores da AC: ocorrendo;
3.1. O levantamento de hipóteses aponta - São perguntas retóricas, mas não é por
instantes em que são alçadas suposições isso que deixam de ser essenciais para o
acerca de certo tema. Este levantamento bom encaminhamento da discussão: para
de hipóteses pode surgir tanto da forma respondê-las, os alunos precisam examinar a
de uma afirmação como sendo uma tabela com os dados; e, com isso, ela
pergunta (atitude muito usada entre os proporcionou que os alunos tivessem que
cientistas quando se defrontam com um utilizar ao menos um dos indicadores da AC: a
problema); organização de informações;
3.2. O teste de hipóteses concerne nas - Eis então o mérito das questões da
etapas em que se coloca à prova as professora neste primeiro momento: com
suposições anteriormente levantadas. Pode estas perguntas, ela levou os alunos a
ocorrer tanto diante da manipulação direta de realizarem uma leitura minuciosa dos
objetos quanto no nível das idéias, quando o dados alocados na tabela, pois não
teste é feito por meio de atividades de bastava olhar somente para um determinado
pensamento baseadas em conhecimentos quadro, era necessário também confrontar o
anteriores; número de indivíduos de uma espécie com
3.3. A justificativa aparece quando em uma outra e o número de indivíduos em cada
afirmação qualquer proferida lança mão de rodada. Deste modo, a professora promove
uma garantia para o que é proposto; isso oportunidades para que os alunos
faz com que a afirmação ganhe aval, construam consciência da dinâmica entre
tornando mais segura; as populações e como a mudança em cada
3.4. O indicador da previsão é explicitado uma delas poderia representar alterações nas
quando se afirma uma ação e/ou outras duas;
fenômeno que sucede associado a certos - Importante papel do professor no
acontecimentos. comando das discussões e da necessidade
3.5. A explicação surge quando se busca de intervir, de maneira sutil, mas precisa,
relacionar informações e hipóteses já na tentativa de auxiliar no enriquecimento
levantadas. Normalmente a explicação do vocabulário apropriado dos alunos.
sucede uma justificativa para o problema, mas
é possível encontrar explicações que não se Considerações Finais
recebem estas garantias. Mostram-se, pois, - As discussões levaram os alunos a
explicações ainda em fase de construção usarem as habilidades próprias do
que certamente receberão maior “fazer científico”, que aqui denominamos de
autenticidade ao longo das discussões. indicadores da Alfabetização Científica. Esse
fato nos demonstra que os alunos
Nossa Proposta de Ensino participantes dessas discussões estão em
- Propomos então sequências processo de se alfabetizarem cientificamente
interdisciplinares no ensino de Ciências e, portanto, as aulas aqui analisadas foram
que objetivem introduzir os alunos no capazes de inseri-los em discussões próprias
universo das Ciências, tendo, pois, como das Ciências;
prerrogativa gerar possibilidades aos - O fato de a seqüência didática ter
estudantes para que eles se envolvam com como foco central investigações girando
problemas e questões relacionados a em torno de temas próximos do interesse dos
fenômenos naturais. Com problemas alunos deste nível de ensino tenha sido a
investigativos e questões reflexivas, motivação para que eles se envolvessem
esperamos que os alunos teçam hipóteses e com as discussões em sala de aula e,
planos que auxiliem na resolução, bem assim, terminassem por trabalhar de
como discutam sobre as idéias levantadas maneira conjunta e coordenada os
e outras questões controvérsias que possam assuntos que englobam não só as
surgir. Ciências Naturais, mas também a
Sociedade, as Tecnologias e o
A Análise de Alguns Episódios de Ensino Meio-Ambiente, percebendo e
em Busca dos Indicadores AC argumentando sobre o modo como estas
entidades se relacionam.
Videoaula 5: O que é alfabetização compreender coisas do cotidiano, por
científica? exemplo, o que é célula, o que é matéria, etc.;
- São pequenas terminologias que ajudam os
alunos a entender. E os conceitos mais
fundamentais são: Energia, Matéria e
Transformação.

2° Eixo: Compreensão da natureza da


ciência e dos fatores éticos e políticos que
circundam sua prática

Alfabetização

- A ciência tem o componente social bastante


importante, ou seja, a sociedade transforma e
é transformada pela ciência;
- Temos que dar para o aluno algumas
condições para que ele venha a compreender
o caráter humano da ciência.
- Ideia de Paulo Freire sobre o ato de
alfabetizar, sendo essa ação mais que uma 3° Eixo: Entendimento das relações
leitura mecânica; existentes entre ciência, tecnologia,
- No processo de alfabetização vamos sociedade e meio-ambiente
adquirindo algumas características da língua
que vai muito além de só repetir fonemas.

Alfabetização Científica (Eixos


Estruturantes 3)

- Ele ajuda a reconhecer que a ciência e a


tecnologia está na vida do sujeito;
- Vai dar a ideia de como a cidadania e
sustentabilidade se dão a partir de
conhecimentos de conceitos cientificos.
1° Eixo: Compreensão básica de termos, Indicadores de Alfabetização Científica
conhecimentos e conceitos científicos (AC)
fundamentais

- Esse eixo trata de conceitos importantes da


área da ciencia e que eles ajudam a
Exemplo dos indicadores na prática de
sala de aula

- Esses trechos mostram como o aluno vai


desenvolvendo os indicadores de
alfabetização científica no decorrer da aula e
como é importante o papel do professor neste
processo como o mediador.

Videoaula 6: Qual a relação entre


- Existem alguns indicadores que mostram se Alfabetização Científica e os avanços da
o processo de alfabetização está ocorrendo Ciência Tecnológica
ou não dentro da sala de aula;
- A pesquisa na área de conhecimentos
científicos, também é ciência;
- Indicadores:
a) Seriação da informação, podemos
trabalhar este indicador com o uso de listas
com os alunos, aonde eles farão um
determinado levantamento de dados, por
exemplo, quais objetos emitem calor em sua
casa;
b) Organização da informação, se refere ao
ato de explicação que as crianças utilizam
para organizar essas informações, ao modo Habilidades Desejadas na Alfabetização
que elas utilizam, a técnica; Científica no CTSA
c) Classificação da informação, é quando as
crianças começam a enxergar a hierarquia
que existem entre uma informação e outra,
por exemplo, o reino animal e vegetal, seres
vertebrados e invertebrados;
d) Raciocínio Lógico, explicação no slide;
e) Raciocínio proporcional, explicação no
slide;
- Indicadores que tem mais haver com o
processo de investigação de um determinado
problema:
f) Levantamento de hipóteses, explicação
no slide;
g) Teste de hipóteses, explicação no slide;
h) Justificativa, explicação no slide;
i) Previsão, explicação no slide;
j) Explicação, explicação no slide.
Habilidade 1: Utiliza os conceitos Habilidade 3: Reconhece também os
científicos e é capaz de integrar valores, e limites da utilidade das ciências e das
sabe fazer por tomar decisões tecnologias para o progresso do bem-estar
responsáveis no dia a dia humano

- Um sujeito capaz de integrar valores aos - O aluno sabe discutir o uso dos agro
conhecimentos científicos é um conceito defensivos, por exemplo. Ele sabe o lado bom
alfabetizado, por exemplo, não adianta um e ruim de seu uso.
sujeito saber o que é biodiversidade, mas não
saber os valores intrínsecos a essa Habilidade 4: Conhece os principais
biodiversidade, por exemplo, os valores conceitos, hipóteses e teorias científicas e
estéticos, etc. é capaz de aplicá-los

Habilidade 2: Compreender que a


sociedade exerce controle sobre as
ciências e as tecnologias, bem como as
ciências e as tecnologias refletem a
sociedade

- O aluno é capaz de aplicar os


conhecimentos científicos do ponto de vista
instrumental (saber falar sobre) e cultural
(quando o indivíduo faz a relação das
implicações que uma determinada teoria tem).

Habilidade 5: Aprecia as ciências e as


tecnologias pela estimulação intelectual
que elas suscitam

- Quando o estudante é capaz de entender


que a ciência é uma demanda da sociedade,
por exemplo quando a sociedade diz que - O aluno reconhece e gosta de falar sobre
precisa de uma lousa digital e a ciência se ciência, pois o mesmo reconhece que isso
debruça sobre o assunto; leva ele a um estímulo grande e a um outro
- O mapa acima diz respeito de pesquisa patamar do pensar.
sobre célula tronco e o aluno alfabetizado
cientificamente precisa se perguntar o porquê
dessa relação e porque existem países que
aprovam esse tipo de pesquisa e outros não,
etc.
Habilidade 6: Compreende que a produção Habilidade 9: Compreende as aplicações
dos saberes científicos depende, ao das tecnologias e as decisões implicadas
mesmo tempo, de processos de pesquisas nestas utilizações
e de conceitos teóricos

- Existem aplicações dessas tecnologias


- Compreender que a ciência possui um produzidas pela ciência e que existem
processo e que existem critérios, não implicações, ou seja, não basta saber como
acreditando, portanto, que os cientista tem funciona, é fundamental saber as
uma opinião própria, sem fundamentação. consequências positivas ou não.
Habilidade 7: Faz a distinção entre os Habilidade 10: Possua suficientes saber e
resultados científicos e a opinião pessoal experiência para apreciar o valor da
pesquisa e do desenvolvimento
tecnológico

- Saber distinguir que os conhecimentos


científicos são uma coisa e as opiniões
próprias são outra coisa.
- Os alunos precisam entender que a pesquisa
Habilidade 8: Reconhece a origem da científica tem o valor cultural para alguns
ciência e compreende que o saber povos, mas ao mesmo tempo o educando
científico é provisório, e sujeito a sabe se posicionar sobre esses valores.
mudanças a depender do acúmulo de
resultados Habilidade 11: Extraia da formação
científica uma visão de mundo mais rica e
interessante

- O saber científico é provisório, ou seja, - O indivíduo conhece e usa o conhecimento


conforme a ciência avança, as coisas vão se científico para ampliar sua visão de mundo.
modificando.
estudantes aproximem-se de forma cada vez
metodicamente rigorosa do objeto
cognoscível.
Habilidade 12: Conheça as fontes válidas - É preciso saber quais informações são
de informação científica e tecnológica e relevantes para responder a questão dada e
recorra a elas quando diante de situações quais podem ser desprezadas;
de tomada de decisões - Lemke (2003) nos alerta que: Nenhum
conceito científico representa uma
realidade preexistente absoluta; cada
conceito científico oferece um meio de
interpretação de nossa experiência no mundo
[...]. Cada conceito científico é um elemento
em um sistema de sinais, e também é uma
fusão ou integração de elementos simultâneos
e conjuntos em vários diferentes sistemas de
sinais;
- Tradicionalmente, os cursos de Ciências
- O sujeito conhece as fontes de informações são voltados para o acúmulo de
que são realmente válidas para um trabalho informações, muitas vezes consideradas
científico e que não são todos os sites que uma realidade preexistente absoluta
podem ser utilizados para este fim. descoberta pelos cientistas. Essa prática
dificulta a compreensão por parte dos alunos
Habilidade 13: Uma certa compreensão da sobre o papel que diferentes linguagens
maneira como as ciências e as tecnologias representam na construção dos conceitos
foram produzidas ao longo da história científicos;
- Para Paulo Freire, a educação não deve
visar a ruptura com a curiosidade ingênua,
fundada na vivência cotidiana, em prol dos
conhecimentos formais, mas sim sua
superação;
- Uma vez que a Ciência envolve um
processo de construção social de
conhecimento, isto significa que os termos, os
modelos e modos de ver o mundo aprovados
pelos cientistas são produtos humanos;
- É preciso que os estudantes tenham
oportunidades de contemplá-la como uma
- O indivíduo tenha uma compreensão de forma específica de ver o mundo que os
como os conhecimentos científicos foram cerca, assim como experimentar o uso de
produzidos ao longo da história, que são suas ferramentas para interagir com este
construídos com o tempo e pela sociedade mundo;
como um todo. - É preciso criar condições favoráveis ao
envolvimento dos estudantes no
Semana 4: O ensino por ivestigação: questionamento daquilo que parece natural e
aspectos teóricos corriqueiro em sua vivência diária;
Texto-base: Ensino de Ciências por - A curiosidade ingênua seja
Investigação: condições para problematizada, aproximando-se cada vez
implementação em sala de aula/Anna Maria mais de uma curiosidade epistemológica.
Pessoa de Carvalho (Org.) Essa transição não acontece de forma
Capítulo 2: Problematização no Ensino de abrupta, mas envolve um processo de instigar
Ciências os educandos, trazer questões científicas para
- Autores com veias científicas: que com maior investigação, criar si- tuações-problema cujas
ou menor conhecimento das sínteses soluções envolvam um olhar científico sobre a
científicas e suas implicações produzem obras realidade;
utilizando tal conhecimento, tanto como fonte - Bachelard (1184-1962), cientista que, entre
inspiradora, como guia outros feitos, se dedicou à questão do ensino
metodológico/filosófico; – aprendizagem de Ciências, destacava que o
- Problematizar é superar o olhar fundado no conhecimento científico se origina da busca
senso comum. O que envolve, segundo Paulo de solução para problemas;
Freire, criticar a curiosidade ingênua por meio
da possibilidade de condições para que os
- Compreender cientificamente envolve fenômeno estudado, mas, como afirmado no
buscar responder questões que não são parágrafo anterior, é essa riqueza de detalhes
dadas a priori, mas formuladas a partir de que, quando comparada às descrições dos
conhecimentos, valores, práticas e lingua- demais colegas, vai possibilitar a identificação
gens específicas; das variáveis relevantes para a solução do
- Para que estudantes possam conhecer problema;
novas questões e formas de pensar, é preciso - É preciso que haja espaço para que todos
que tenham oportunidades de errar, não passem por esse processo de
atendo-se apenas a tentativas desprovidas de transformação da forma de descrever o
reflexão, mas, avaliando suas ações e formas fenômeno;
de interpretação que levam a erros e acertos. - O esforço dos alunos em buscar uma
explicação para o fenômeno estudado e a
A construção discursiva do problema na necessidade de transformação na forma de
interação professor-aluno – o exemplo de descrever o que foi vencido, destacando os
uma atividade de conhecimento físico atributos dos entes envolvidos relacionados
- Problematizar é formular problemas com a solução do problema;
diferentes daqueles que os alunos estão - A professora procura respeitar o tempo
acostumados a elaborar, de forma a de fala das crianças (turno 69) e estabelecer
proporcionar oportunidades para que novos relações entre as diferentes afirmações, assim
conhecimentos sejam construídos; como complementá-las.
- Não basta ao professor apresentar um - Os conceitos são empregados
enunciado bem elaborado. É preciso que a espontaneamente pelos alunos na busca de
situação-problema seja entendida como tal uma explicação para o problema, porém não
também pelo estudante; há uma especificação detalhada de seus
- Esse processo, como discutido significados, que por não terem sido
anteriormente, envolve não somente a estudados antes da discussão costumam
aplicação de ferramentas prontas, mas a diferir dos considerados na Física
inserção dos estudantes em um universo - Quando a professora muda o tipo de
novo, o que depende muito das intervenções questão, passando de uma requisição de
do professor; como os alunos resolveram para o porquê das
- Situações-problema podem ser apresen- soluções apresentadas, espera-se que esses
tadas aos estudantes de diversas formas, caminhem para a elaboração de uma
desde problemas experimentais, com ações explicação causal. Nesse momento, tem-se a
diretas dos estudantes sobre materiais ou na expectativa de que a forma de descrever o
forma de demonstrações investigativas, até fenômeno seja menos carregada de detalhes
problemas envolvendo outros recursos, como sobre quem fez e como fez, mas atenha-se
o trabalho com figuras ou textos; mais às variáveis envolvidas e as relações
- Em um primeiro momento, as crianças entre elas.
resolvem um problema prático, cuja solução é - A problematização compreende um
desconhecida. A resolução desse problema processo de aproximações sucessivas a
envolve ações sobre objetos para conhecê-los determinado fenômeno.
e para obter os efeitos desejados;
Considerações finais
O problema da pressão - A Ciência apresenta linguagem própria e
- A atividade realizada nessa aula foi uma forma particular de ver o mundo,
baseada na observação da variação do construída e validada socialmente, é preciso
alcance de um jato em função da altura de que situações que possibilitem ao estudante
uma coluna de água. Para tanto, os alunos familiarizar-se com suas práticas sejam
receberam o aparato experimental; criadas e, portanto, a problematização deve
- Depois da solução do problema experimental ser entendida como um processo de en-
proposto, a professora inicia uma fase de volvimento dos estudantes na identificação
reflexão sobre o procedimento e solicita aos de novas questões
alunos que exponham como resolveram o - A entrada no mundo da Ciência dá-se por
problema; meio das interações estabelecidas no plano
- É fundamental o compartilhamento de sociocultural da sala de aula, guiadas por um
experiências e, quanto mais alunos representante experiente daquela cultura e,
descreverem suas tentativas, mais rica será a portanto, grande atenção deve ser dada ao
discussão espaço para a participação dos alunos e às
- Nem todos os detalhes mencionados são intervenções da professora;
relevantes para a explicação física do
Capítulo 3: Interações discursivas e b) Interações discursivas:
investigação em sala de aula: o papel do - ́ Por meio do debate entre os pares que,
professor muitas vezes, os conhecimentos científicos
- Diretrizes nacionais e internacionais são organizados;
apontam, a necessidade de que o ensino das - O objetivo da atividade precisa, portanto,
Ciências considere o crescente impacto das estar muito claro para o professor, de modo
evoluções científicas e tecnológicas e que ele faça perguntas, proponha problemas e
abordem em sala de aula temas mais pró- questione comentários e informações trazidos
ximos à realidade dos estudantes; pelos estudantes tendo como intuito o trabalho
- Hoje, não apenas a cultura escolar influencia investigativo com o tema da aula;
a abordagem de conteúdos, mas também, e - Boas perguntas dependem tanto do
sobretudo, a cultura daqueles que estão na conhecimento sobre o tema abordado quanto
sala de aula influencia a cultura escolar e a da atenção ao que os alunos dizem: muitas
abordagem de conteúdos. das infor- mações trazidas por eles precisam
- Quando falamos em aulas de Ciências, ser exploradas, seja colocando-as em evi-
atingir tais objetivos necessita do dência, seja confrontando a ideia exposta, ou
planejamento e da implementação de um mesmo solicitando o aprofunda- mento do que
ensino capaz de fazer os alunos com- já foi dito.
preenderem os conhecimentos científicos à
sua volta, os adventos tecnológicos e saber c) Divulgação de ideias:
tomar decisões sobre questões ligadas às - A divulgação pode ocorrer por meio de
consequências que as ciências e as interações verbais e orais entre as pessoas,
tecnologias implicam para a sua vida, da mas também pode acontecer de modos
sociedade e para o meio ambiente; diferentes. Seja por meio de artigos escritos
- A alfabetização científica como um ou de apresentações orais, a divulgação do
processo em constante desenvolvimento; um que é realizado tem importância no âmbito
processo que permite aos alunos discutir das Ciências;
temas das Ciências e o modo como estes - As Ciências partem da premissa de que o
estão presentes e influenciam sua vida e a da conhecimento não é estático e novas
sociedade, além de poder trazer interpretações podem ser dadas a uma
consequências ao meio ambiente. proposta anterior, tornando-a mais completa;
- Aos alunos, a elaboração de um registro
Um olhar sobre estas características da gráfico pode servir para organizar dados,
comunidade científica sintetizar informações ou apresentar aos
- Características da comunidade científica: demais colegas o que foi realizado. Ao
a) Investigação: professor, as funções anteriores ajudam no
- Esta sim é uma pesquisa, uma busca, mas, encaminhamento das discussões e avaliação
como muitas das experiências que temos em delas.
nossa vida, o mais importante da investigação - Mas vale lembrar que, em muitos casos, os
não é seu fim, mas o caminho trilhado registros dos alunos do Ensino Fundamental
- Toda investigação científica envolve um I podem aparecer na forma híbrida de
problema, o trabalho com dados, informações desenho e texto ou apenas um ou outro.
e conhecimentos já existentes, o Assim como os gestos aliados ao discurso
levantamento e o teste de hipóteses, o oral, o desenho deve ser encarado como mais
reconhecimento de variáveis e o controle uma linguagem que os alunos utilizam para
destas, o estabelecimento de relações entre fazer-se entender.
as informações e a construção de uma
explicação; E a alfabetização científica?
- Não importa a forma de atividade que venha - A alfabetização científica é, atualmente, um
a aparecer: o essencial é que haja um dos parâmetros para o ensino das Ciências;
problema a ser resolvido; e as condições - Alfabetizar cientificamente os alunos
para resolvê-lo são muito importantes, significa oferecer condições para que
havendo necessidade de se atentar para que possam tomar decisões conscientes sobre
se façam presentes; problemas de sua vida e da sociedade
- Em uma investigação, diversas interações relacionados a conhecimentos científicos;
ocorrem simultaneamente: interações entre - Devemos estar atentos a habilidades que
pessoas, interações entre pessoas e podem ser agrupadas em 3 blocos:
conhecimentos prévios, interações entre chamamos esse conjunto Eixos
pessoas e objetos Estruturantes da Alfabetização Científica,
pois, a nosso ver, esses três eixos são
capazes de fornecer bases suficientes e ne- feitas durante uma investigação, podendo ser
cessárias a serem consideradas no momento comunicada também tanto oral como
da elaboração e do planejamento de graficamente.
propostas de aulas que visem à alfabetização
científica: A argumentação em sala de aula
1°) O primeiro eixo estruturante refere-se à - A sala de aula é um ambiente complexo
compreensão básica de termos, em que diferentes pessoas, com diferentes
conhecimentos e conceitos científicos experiências de vida, encontram-se para
fundamentais e diz respeito à possibilidade debater sobre temas de diversas áreas de
de trabalhar com os alunos a construção de conhecimento humano.
conhecimentos científicos necessários para - A compreensão do mundo natural,
que seja possível aplicá-los em situações informações provenientes de experiências
diversas e de modo apropriado em seu dia a servem de rica fonte de dados para estudos a
dia. serem realizados em sala de aula. Para que a
2°) O segundo eixo preocupa-se com a argumentação de fato ocorra em sala de aula,
compreensão da natureza das ciências e o professor precisa promover a investigação
dos fatores éticos e políticos que por meio de problemas a serem resolvidos;
circundam sua prática. Está associado à - A existência de duas grandes esferas da
ideia de ciência como um corpo de atuação dos professores necessárias para o
conhecimentos em constante transformação; desenvolvimento da argumentação em sala de
3°) O terceiro eixo estruturante da AC aula: os propósitos pedagógicos e
compreende o entendimento das relações epistemológicos:
existentes entre ciência, tecnologia, a) Propósitos e ações pedagógicas do
sociedade e meio ambiente. Neste caso, o professor para promover argumentação:
que chama a atenção é a identificação das
relações entre essas esferas e, portanto, da
consideração de que a solução imediata para
um problema em uma dessas áreas pode
representar, mais tarde, o aparecimento de
outro problema associado.

O que há de comum entre estes tópicos?


- Ainda que cada modo de fazer científico a.1) Planejamento da aula:
exposto anteriormente tenha algumas
similaridades entre elas, principalmente, no
que diz respeito à maneira como ocorrem.
Todas elas estão relacionadas a ações
realizadas para a proposição de noções sobre
temas das Ciências e estão ligadas ao
surgimento de um processo de importância a.2) Organização para a atividade:
para a construção e explicitação de ideias: a
argumentação.
- Entendemos a argumentação como todo e
qualquer processo por meio do qual a análise
de dados, evidências e variáveis permite o
estabelecimento de uma afirmação que
relaciona uma alegação e uma conclusão
- Promover a argumentação em sala de
aula permite que os alunos tenham contato
tanto com os conteúdos científicos como com a.3) Ações disciplinares:
o fazer Ciência e as relações que esses
saberes têm com a sociedade e o meio
ambiente;
- Estabelecer argumentação em sala de
aula seria uma forma de aproximar os
estudantes das características do fazer
científico anteriormente listadas. Isso porque,
ao utilizar ações e estratégias próprias das
Ciências, a construção do argumento deve
estar em curso e ser resultado das análises
a.4) Motivação: Exemplos da sala de aula
a) Exemplo 1: Atividade experimental:
Selecionou-se uma aula cujo tema em
investigação são as sombras. Trata-se de uma
atividade que permite a discussão sobre a
tridimensionalidade do cone de sombra e,
portanto, importante para que sejam
discutidos fenômenos ligados à ausência de
luz como os eclipses ou a noite.

b) Exemplo 2: Leitura de texto: A aula


- Os propósitos pedagógicos referem-se ao selecionada para ilustrar nossa proposta
desenvolvimento de ações em sala de aula integra uma sequência de ensino em que os
que contribuem para o desenvolvimento no alunos investigam condições para a flutuação
espaço e tempo de uma aula. de corpos na água. Eles já haviam realizado
uma atividade experimental em que era
b) Propósitos e ações epistemológicas do preciso construir um barquinho que, colocado
professor para promover argumentação: na água, pudesse carregar o maior nú- mero
de pecinhas sem afundar (Carvalho et al.,
1998); e também haviam feito uma atividade
de comparação entre imagens de diversas
embarcações com o objetivo de explicitar
semelhanças e diferenças entre elas.

Considerações finais
- Podemos dizer que as interações
encontradas contribuem para o objetivo de
b.1) Retomada de ideias:
alfabetizar cientificamente os alunos, pois
houve oportunidade de discutir conteúdos
científicos, trabalhar aspectos do fazer
científico e debater sobre as inter- relações
b.2) Proposição de um problema: entre conhecimentos científicos, tecnológicos,
sociedade e ambiente.

Videoaula 7: O que é o ensino por


b.3) Teste de ideias:
investigação?

b.4) Delimitação de condições:

b.5) Reconhecimento de variáveis:

b.6) Correlação de variáveis: -

b.7) Avaliação de ideias:

O ensino por investigação não é novo


- No século XX toma notoriedade por conta
de alguns autores, mas essas discussões
se prendem mais em um ensino para a elite
e em cursos de nível superior.

Significados diferentes

- Temos inúmeras formas de se falar sobre


ensino por investigação.

Coisas relacionadas com o ensino por


investigação (senso comum)
- O ensino por investigação quer
simplesmente incutir nos alunos conceitos
científicos, mas trazer problemas para os
alunos destrinchar;
- Levantar e testar hipóteses faz parte do
ensino por investigação;
- Este ensino trabalha com a identificação das
variáveis e as relações entre elas, por
exemplo, jogar um carrinho de uma dada
altura e comparar a velocidade que ele irá
- Não precisamos ter práticas experimentais atingir e o seu tamanho;
para se fazer ensino por investigação, além - Elaboração de explicações para as coisas,
disso não se quer formar cientistas com ele, registros das ideais obtidas e sua defesa;
existem inúmeros métodos para se trabalhar - Em uma aula investigativa é fundamental
com o ensino por investigação como já vimos. que o aluno externalise seus pensamentos;
- O ensino por investigação não quer trazer - Com o ensino investigativo queremos
coisas novas. aproximar os alunos da realidade de um
cientista.

Características do Ensino por Investigação

Elementos do Ensino por Investigação


Esquema - As crianças vão buscar mais informação
sobre o problema, faz levantamentos de
hipoteses.

c) Investigação:

- Há quatro grandes elementos no ensino


investigativo, sendo que a discussão está
envolvida em todos eles.

a) Orientação:
- Nela a criança já conhece bem o problema e
faz a testagem das hipóteses levantadas
anteriormente.
- Aqui a criança faz mais planejamento.

d) Conclusão

- É nessa hora que o professor começa a ver


- Aqui o professor irá introduzir o aluno no a diferença entre aquilo que foi proposto no
tópico que será trabalhado, posso trazer começo pelos alunos e o que elas concluíram
aqui alguma teoria, fazem observações e a partir de suas pesquisas;
traz algum desafio que deverá ser - Aqui os alunos vão deixar os conceitos mais
respondido ao longo da aula. complexos e mais bem elaborados em sua
- Acima temos uma sugestão de vídeo que explicação.
mostra alunos sendo apresentados a um
problema investigativo. e) Discussão:

b) Conceitualização:

- Essa fase está em todo o processo, pois as


crianças vão discutir entre elas e entre o
professor;
- A opinião dos meus colegas irá influenciar a
forma como eu resolvo um problema e e
levantar outras hipóteses.
Videoaula 8: Como deve ser a mediação do Por que é importante argumentar nas aulas
professor? de ciências?

- A gente aprende melhor, faz o cérebro


pensar mais, faz utilizar o raciocínio científico,
Interações Discursivas desenvolve atitudes e valores, pois quando
criamos um argumento criamos as
possibilidades de aquele argumento ser
destruído;
- Construímos uma visão sobre ciência menos
ingênua, já que as pessoas têm a visão de
que a ciência é neutra e está fora da
sociedade.

Propósitos e ações para promover


argumentação

- Relações aluno-aluno e aluno professor.

a) Argumentar:

- Há dois tipos de ação que o professor pode


tomar para promover a argumentação sendo:
ações pedagógicas (aqui o professor pensa o
espaço que será dado um tipo de conteúdo,
se ele é adequado, se tem todas as
ferramentas, quanto tempo vou levar, etc.) e
as ações epistemológicas (está relacionada às
- Essa habilidade deve ser desenvolvida
ações feitas pelo professor para que os alunos
desde que a criança seja pequena, essa é
construam mais argumentos).
uma ferramenta importante em todos os
aspectos da vida;
a) Propósitos e ações pedagógicas:
- Argumentar é emitir uma opinião e conclusão
a partir de dados fundamentados de fontes
legítimas;
- A argumentação é influenciada de diversas
formas cultural e ideológica.
- Aqui entra o planejamento das aulas;
- A organização da atividade em si, ou seja,
como será executada a tarefa proposta;
- Ações disciplinares são os combinados que
são feitos com os alunos para que o professor
possa dar uma boa aula para os alunos, por
exemplo, apresentar aos alunos o que espero
deles e o que quero que eles me entreguem;
- A motivação dos alunos também importa,
administrar as falas e a participação dos
alunos.

b) Propósitos e ações epistemológicas:


- Krasilchik (2008) – que não considera as
demonstrações como atividades práticas por
não envolverem, diretamente, os alunos na
obtenção dos dados – e as de Barreto Filho
- Retomadas das ideias nucleares com os
(2001 apud ANDRADE; MASSABNI, 2011),
alunos, aqui o professor irá pedir para os
que incluem até procedimentos de leitura e de
alunos dizerem aquilo que eles já sabem
escrita como atividades práticas, desde que
sobre determinado assunto;
objetivem a obtenção de informações por
- Propor problemas aos aluno, auxiliam elas
parte dos alunos.
na construção de sua argumentação;
- Cabe aos professores elaborarem
- Testagem de ideias é essencial, aqui os
estratégias metodológicas que favoreçam
alunos vão testar suas hipóteses através de
uma maior interatividade entre os objetos
quais estratégias pode ser adotada;
de estudo e os alunos, assim como entre
- Delimitar condições, por exemplo, apresentar
aluno-aluno e aluno-professor, o que podemos
aos alunos os materiais que serão utilizados e
chamar de interatividade social – social on.
como isso será usado na resolução daquele
problema;
Concepções de aulas práticas e tipos de
- Reconhecimento de variáveis, criar um
interatividade que propiciam
experimentos para as crianças para que elas
- Campos e Nigro (1999), numa tentativa de
compreendam como cada um das variáveis
diferenciar as modalidades de atividades
podem ajudá-las a resolver um problema, por
práticas, categorizam-nas em: (i)
exemplo, no plantio de uma planta, temos a
demonstrações práticas; (ii) experimentos
luz que irá influenciar, etc.;
ilustrativos; (iii) experimentos descritivos, e (iv)
- Correlação entre as variáveis, ou seja, quais
experimentos investigativos – os quais
as relações que temos entre uma variável e
denominei, neste artigo, de atividades práticas
outra e como isso irá nos ajudar na resolução
investigativas, ou, simplesmente, atividades
do problema;
investigativas.
- Avaliação das ideias levantadas, aqui o
aluno fará as justificativas e as refutações das
Demonstrações Práticas
ideias que ela levantou, por exemplo, quando
- As demonstrações práticas são atividades
penso diferente de um amigo, aqui o erro deve
realizadas pelo professor, às quais o aluno
ser positivado, este é o momento rico da aula.
assiste sem poder intervir, possibilitando a
este maior contato com fenômenos já
conhecidos, mesmo que ele não tenha se
Semana 5: O ensino por investigação: a
dado conta deles;
experimentação nas aulas de Ciências da
- Nesse sentido, a interatividade entre os
Natureza
alunos e os fenômenos/objetos é muito
Texto-base: Atividades práticas e o
reduzida, não havendo interatividade física
ensino-aprendizagem de ciências: mitos,
direta (hands on). Entretanto, estas práticas
tendências e distorções/Fernanda Bassoli
podem proporcionar interatividade emocional
Introdução:
(hearts on), sobretudo quando se trata de
- Entre professores e pesquisadores, uma
recursos atrativos, como, por exemplo,
unanimidade acerca da importância da
reações químicas do tipo “show de ciência”.
realização de atividades práticas no
Vale ressaltar que nenhum dos tipos de
processo de ensino-aprendizagem das
interatividade garante a interatividade
ciências naturais;
intellectual (minds on), embora esta possa ser
- A quase inexistência de aulas práticas nas
favorecida pelas demais;
turmas acompanhadas. De modo que, quando
- Caberá ao professor problematizar as
presentes, as atividades práticas
demonstrações práticas de modo a
objetivavam a demonstração de conteúdos
propiciar o engajamento intelectual dos
teóricos e comprovação de teorias;
alunos com os objetos e fenômenos
- Andrade e Massabni (2011), de base
apresentados.
piagetiana, que compreende as atividades
práticas como:
- A partir das colocações acima, é importante
Experimentos ilustrativos distinguir o “ensino por investigação” das
- São atividades que os alunos podem realizar “atividades práticas investigativas”. O
por si mesmos e que cumprem as mesmas primeiro é uma perspectiva de ensino
finalidades das demonstrações práticas, baseada na problematização, elaboração de
possibilitando um maior contato com hipóteses e teste de hipóteses, seja por meio
fenômenos já conhecidos; da pesquisa, seja por meio da
- A interatividade emocional é igualmente experimentação, podendo, portanto, envolver
particular, de modo que, para alguns alunos, ou não atividades experimentais. As
um determinado experimento pode ser atividades práticas investigativas situam-se
extremamente emocionante, não tendo, para no contexto do ensino por investigação,
outros, nenhum significado emocional ou compartilhando os mesmos objetivos.
afetivo. Entretanto, baseiam-se, imprescindivelmente,
na experimentação.
Experimentos descritivos
- São atividades que o aluno realiza, não Atividades práticas no ensino de
sendo, obrigatoriamente, dirigidas o tempo ciência(s): de que ciência estamos
todo pelo professor, favorecendo, com isso, o falando?
contato direto do aluno com coisas ou - A primeira reforma curricular, ocorrida
fenômenos que precisa apurar, sejam ou não entre as décadas de 1950 e 1970, foi
comuns no seu dia a dia (CAMPOS; NIGRO, motivada pelo lançamento do satélite Sputnik
1999); pela antiga União Soviética. O objetivo do
- Aproxima-se das atividades investigativas acordo de reforma curricular era produzir
descritas a seguir. No entanto, não implicam a programas que levassem os estudantes a
realização de testes de hipóteses. “pensarem como cientistas”, estimulando-os a
seguir carreiras científicas;
Experimentos investigativos - Segundo Trópia (2011), a investigação
- Os experimentos investigativos, ou científica presente nestes programas
atividades práticas investigativas, são aqueles apresentava uma concepção de ciência
que exigem grande participação do aluno neutra, afastada da sociedade, em que o
durante sua execução. Diferem-se das outras objetivo fundamental do ensino de ciências
atividades por envolverem, obrigatoriamente, era a vivência do método científico, sob a
discussão de ideias, elaboração de hipóteses égide de um modelo de desenvolvimento em
explicativas e experimentos para testá-las que mais ciência e mais tecnologia geram
(CAMPOS; NIGRO, 1999). Nesse sentido, mais riqueza e bem-estar social
este tipo de atividade estimula, ao máximo, a - Baseados em Deboer (2006), os autores
interatividade intelectual, física e social, citam três fases do ensino por
contribuindo, sobremaneira, para a formação investigação:
de conceitos; (i) Descoberta ou abordagem heurística, na
- Segundo Zompero e Laburu (2011, p. 68): qual os estudantes teriam de explorar o
“A perspectiva do ensino com base na mundo natural: A concepção de ciência que
investigação possibilita o aprimoramento norteia a “descoberta” é a de uma ciência
do raciocínio e das habilidades cognitivas indutiva e empírica. Esta perspectiva de
dos alunos, e também a cooperação entre ensino reflete uma visão “deformada” da
eles, além de possibilitar que ciência, desconsiderando o papel da teoria
compreendam a natureza do trabalho como norteadora da observação
científico”; (CHALMERS, 1993). Esta perspectiva do
- Concepções consideradas equivocadas ensino por investigação também se baseia em
acerca do ensino por investigação: uma perspectiva distorcida da ciência, sobre
(i) o ensino por investigação envolve, valorizando-se o “método científico”.
necessariamente, atividades práticas ou (ii) verificação, na qual os alunos teriam de
experimentais; confirmar fatos ou princípios científicos
(ii) envolve atividades bastante “abertas”, em por meio da utilização do laboratório, e
que os estudantes têm autonomia para (iii) ensino por investigação.
escolher questões, determinar procedimentos - A segunda reforma na educação científica
de investigação e de análise de dados; nos Estados Unidos e no Reino Unido teve
(iii) todos os conteúdos deveriam ser início na década de 1980, e persiste até hoje
desenvolvidos por meio de uma abordagem como parte de movimentos nacionais,
investigativa; denominados de “Ciência para Todos”;
- Estes movimentos têm em comum o
objetivo de promover a alfabetização
científica da população, a fim de que os
cidadãos possam participar da agenda
econômica e democrática em uma sociedade
globalizada;
- As possibilidades de aprendizagem
proporcionadas pelas atividades práticas
dependem de como estas são propostas e
desenvolvidas com os alunos (ANDRADE;
MASSABNI, 2011), podendo servir a uma
ampla gama de concepções sobre
ensino-aprendizagem e, também, sobre a
ciência.

Superando a visão deformada da ciência…


- Implica se (re)pensar não só as atividades
práticas na educação científica, mas,
sobretudo, o currículo de ciências, de forma
a favorecer a construção de conhecimentos
científicos (da ciência e sobre a ciência);
- Os parâmetros curriculares nacionais
para o ensino de ciências no Brasil, têm
enfatizado a importância de se desenvolver Mito 2: A realização de atividades práticas
não só os conhecimentos “conceituais” já garante a motivação dos alunos
referidos, mas, também, os conhecimentos - De acordo com Galiazzi e Gonçalves
“procedimentais” e “atitudinais”. (2004), alguns estudos sobre experimentação
afirmam que os professores a consideram
Desmistificando as atividades práticas no importante porque motiva intrinsecamente os
Ensino de Ciências alunos. Cabe, entretanto, problematizar essa
- Os três grandes mitos que se fazem asserção – assim como o fazem os referidos
presentes no cotidiano escolar acerca das autores, visto que os mesmos estudos
atividades práticas: revelam que isso pouco ocorre durante as
Mito 1: O caminho para aprender ciência e aulas experimentais.
seus métodos é o “aprender fazendo” ou o
“descobrir aprendendo”: Esta crença Mito 3: É indispensável um laboratório de
baseia-se em uma visão amplamente ciências para a realização de atividades
difundida entre os professores de que o práticas.
trabalho experimental ensina os estudantes - Nesta direção, destacam-se as ações
sobre o que é a ciência e a sua metodologia. colaborativas entre espaços não formais e
Segundo este autor, o trabalho experimental, formais, que vêm contribuindo tanto com o
tal como é conduzido em muitas escolas, é de empréstimo de materiais e “kits”, como na
concepção pobre, confusa e não produtiva, de formação de professores (BASSOLI, 2013);
modo que os professores o utilizam sem uma - De acordo com Zompero e Laburu (2011), a
adequada reflexão, mantendo o mito de que perspectiva indutivista foi uma justificativa
ele é a solução para os problemas de para o surgimento de práticas na educação
aprendizagem. científica que envolviam a utilização do
- Aspectos a incluir no currículo de laboratório, as quais receberam apoio do
ciências para favorecer a construção de cientista e filósofo positivista, do século XIX,
conhecimentos científicos: Herbert Spencer. Segundo esses autores, a
utilização do laboratório, na concepção do
filósofo, poderia promover a melhor
compreensão dos fenômenos naturais,
partindo do pressuposto de que a observação
do mundo e as atividades de laboratório
fornecem informações claras e precisas sobre
a natureza, que não se encontram nos livros.

Considerações finais: por uma maior


aproximação ao cotidiano escolar
- Embora as professoras de ciências Exemplos de atividades práticas
investigadas em sua pesquisa valorizassem
as atividades práticas, raramente as
utilizavam, em função de diversas razões
como: insegurança, falta de apoio e
infraestrutura da escola, sentindo-se, portanto,
angustiadas por não conseguirem
desenvolvê-las;
- Destaco a importância de se discutirem as
atividades práticas em contextos reais,
onde se conflitam as deficiências formativas
dos professores e dos alunos com a falta de
“infraestrutura”, tanto das escolas, como dos
professores, dos alunos e de suas famílias; - Acima listado temos diversos exemplos de
- Promover atividades práticas é um ato de atividades práticas, que são realizadas
heroísmo em que conseguir realizar naquelas aulas que fogem do tradicional.
atividades práticas investigativas,
aproximando a sala de aula do contexto de Tipos de Experimentação
produção do conhecimento científico, é a) Experimentação
superar, definitivamente, os inúmeros entraves
que impedem a melhoria da qualidade da
educação no Brasil.

Videoaula 9: O ensino por investigação: a


experimentação

- Nem todo tipo de atividade de experimento é


realizado pelo aluno;
- O experimento pode ser realizado uma só
vez para que os alunos vejam e observem o
resultado.

b) Experimentos com protocolos fechados

O que são atividades práticas?

- Esses experimentos descrevo cada passo o


que o aluno deve fazer e peço apenas para o
aluno registrar o resultado;
- Na experiência é preciso ter uma atuação do - Aqui o aluno vai ganhando mais autonomia
aluno com a manipulação de objetos. para realizar a atividade.
c) Experimentos com protocolos Vantagens dos experimentos
semiabertos investigativos

- As crianças quando estão envolvidas nestes


debates e investigação traz o espaço de
- Aqui o aluno tem o problema, o teste da reflexão dos alunos para a sala de aula e
hipótese, mas não tem os dados para chegar estimula também sua melhor argumentação.
a uma conclusão, Temos um exemplo, a
entrevista aonde as crianças foram atrás dos Como trabalhar na perspectiva
dados para chegar a solução. investigativa?
1° Passo: Apresentar um problema
d) Experimentos abertos

- As crianças participam e realizam os - As crianças precisam compreender qual o


experimentos e suas etapas de maneira mais problema que ela irá solucionar;
autônoma. - Este é um convite que fazemos aos alunos;
- Nesta fase podemos fazer questionamentos
Experimentos investigativos investigativos para ver o que a criança já
sabe.

2° Passo: Agir sobre objetos

- Esse tipo de atividade possui requisitos


obrigatórios e tem por objetivo.

- Aqui as crianças vão trabalhar com objetos e


manipulação de coisas que vão ajudar os
alunos a entenderem melhor o problema, por
exemplo, fazer a maquete de um escorpião.
3° Passo: Tentar resolver o problema O que é a Leitura?

- Construção de gráficos, textos, tabelas e


levantamento de dados.
- Quando as crianças estão lendo um texto
4° Passo: Reflexões acerca daquilo que foi para você pode ser fácil e isso pode não ser
estudado e feito na aula compreendido por elas, além disso a
interpretação que elas têm de um texto pode
ser diferente daquela que você quer transmitir;
- A leitura não envolve somente o
conhecimento da língua, mas também através
da cultura e do conhecimento que você possui
para compreender determinado texto.

Por que ler?


Mitos sobre a experimentação

- O ato de ler pode ter inúmeras finalidades,


por exemplo, para me informar, ler a bula de
um remédio, para estudar, para comprar, etc;
- Não necessariamente a investigação irá - Nas aulas de ciências posso trazer livros que
trabalhar com problemas sempre abertos; falam sobre a ecologia brasileira, de sua fauna
- Nem sempre o ato de fazer, irá fazer com de sua flora e isso não necessariamente
que a criança aprenda, às vezes ela não precisa acontecer com a utilização de textos
consegue explicar absolutamente nada complexos.
daquilo que ela fez.
A leitura nas aulas de ciências
Videoaula 10: O ensino por investigação: a a) Textos jornalísticos
leitura e escrita nas aulas de Ciências

- Posso trazer textos para a aula de ciências


que tenho a forma de um texto jornalístico
(como na imagem), esse é um recurso
bastante interessante, pois traz um paralelo
entre as informações que estão no cotidiano e) Textos de gráficos
da criança e unir com as aulas de ciência, um
exemplo de texto, é a grande população de
escorpiões de uma cidade.

b) Textos que faz paralelos entre imagens e


sua representação

- Aqui mostramos para as crianças como os


dados devem ser olhados e interpretados para
se chegar a um resultado mais preciso;
- São utilizados para apresentar dados.

f) As falas das crianças nas aulas de ciências


- Acima temos uma imagem de um morcego e
sua representação em um texto científico
através de um desenho com imagem.

c) Textos próximos da internet

- Por meio destas falas consigo compreender


o contexto social da criança e como ajudar ela
e desenvolver a fala;
- Quando deixo os alunos falarem dou a
oportunidade dos outros alunos e ela
perceberem como elas compreendem o
assunto.
- Páginas de redes sociais que podem ser
utilizadas para o estudo da ciência.
Como desenvolver a escrita nas aulas de
ciências
d) Textos que trazem ciclos
a) Listas

- Com estes textos consigo compreender - Posso começar a trabalhar com as crianças
como os ciclos são realizados, como se lê e estes tipos de textos para elas começarem a
identifica este tipo de texto. se desenvolver neste quesito e ir criando uma
melhor argumentação.
b) Textos com preenchimentos de lacuna Níveis de complexidades de compreensão
da criança

-
- Aqui se mostra que no final da atividade por
c) Textos que trabalhem mais a investigação o nível de conhecimento da
argumentação da criança criança realmente vai aumentando e se
complexando mais.

Semana 6: O planejamento das aulas: as


sequências didáticas investigativas
Texto-base: Base Nacional Comum
Curricular/MEC
4.3. A área de Ciências da Natureza
- Ao longo do Ensino Fundamental, a área de
Ciências da Natureza tem um compromisso
com o desenvolvimento do letramento
- Este é um tipo de texto mais complexo, científico, que envolve a capacidade de
aonde as crianças sai das simples listas e compreender e interpretar o mundo (natural,
começa a argumentar de uma forma mais social e tecnológico), mas também de
complexa. transformá-lo com base nos aportes teóricos e
processuais das ciências;
Representação dos primeiros textos que as - Apreender ciência não é a finalidade última
crianças vão produzindo do letramento, mas, sim, o desenvolvimento
da capacidade de atuação no e sobre o
mundo, importante ao exercício pleno da
cidadania;
- Assegurar aos alunos do Ensino
Fundamental o acesso à diversidade de
conhecimentos científicos produzidos ao
longo da história, bem como a aproximação
gradativa aos principais processos, práticas
e procedimentos da investigação científica;
- Organizar as situações de aprendizagem
- Percebemos a evolução no texto das partindo de questões que sejam
crianças e quanto mais ela vai se desafiadoras e, reconhecendo a diversidade
aprofundando na temática que está estudando cultural, estimulem o interesse e a curiosidade
o texto vai apresentando mais elementos e as científica dos alunos e possibilitem definir
palavras vão tendo uma variedade maior. problemas, levantar, analisar e representar
resultados; comunicar conclusões e propor
intervenções;
- O processo investigativo deve ser
entendido como elemento central na formação
dos estudantes, em um sentido mais amplo, e
cujo desenvolvimento deve ser atrelado a
situações didáticas planejadas ao longo de
toda a educação básica, de modo a
possibilitar aos alunos revisitar de forma
reflexiva seus conhecimentos e sua
compreensão acerca do mundo em que
vivem;
- O ensino de Ciências deve promover transformações, fontes e tipos de energia
situações nas quais os alunos possam: utilizados na vida em geral, na perspectiva de
construir conhecimento sobre a natureza da
matéria e os diferentes usos da energia.
Valorizam-se, nessa fase, os elementos mais
concretos e os ambientes que os cercam
(casa, escola e bairro), oferecendo aos alunos
a oportunidade de interação, compreensão e
ação no seu entorno.;
b) A unidade temática Vida e evolução
propõe o estudo de questões relacionadas
aos seres vivos (incluindo os seres humanos),
suas características e necessidades, e a vida
como fenômeno natural e social, os elementos
essenciais à sua manutenção e à
compreensão dos processos evolutivos que
geram a diversidade de formas de vida no
planeta.
c) Na unidade temática Terra e Universo,
busca-se a compreensão de características da
Terra, do Sol, da Lua e de outros corpos
celestes – suas dimensões, composição,
localizações, movimentos e forças que atuam
entre eles. Ampliam-se experiências de
observação do céu, do planeta Terra,
particularmente das zonas habitadas pelo ser
- Competências específicas para o ensino humano e demais seres vivos, bem como de
de Ciências da Natureza no Ensino observação dos principais fenômenos
Fundamental: celestes.
- Impossível pensar em uma educação
científica contemporânea sem reconhecer
os múltiplos papéis da tecnologia no
desenvolvimento da sociedade humana;
- As unidades temáticas estão estruturadas
em um conjunto de habilidades cuja
complexidade cresce progressivamente ao
longo dos anos. Essas habilidades mobilizam
conhecimentos conceituais, linguagens e
alguns dos principais processos, práticas e
procedimentos de investigação envolvidos na
dinâmica da construção de conhecimentos na
ciência.

4.3.1.1. Ciências no Ensino Fundamental -


Anos Iniciais: Unidades temáticas, objetos de
conhecimento e habilidades
- Antes de iniciar sua vida escolar, as crianças
já convivem com fenômenos, transformações
e aparatos tecnológicos em seu dia a dia.
Além disso, na Educação Infantil, como
proposto na BNCC, elas têm a oportunidade
de explorar ambientes e fenômenos e também
4.3.1, Ciências a relação com seu próprio corpo e bem-estar,
- As aprendizagens essenciais a ser em todos os campos de experiências;
asseguradas neste componente curricular - Não basta que os conhecimentos científicos
foram organizadas em três unidades sejam apresentados aos alunos. É preciso
temáticas que se repetem ao longo de todo o oferecer oportunidades para que eles, de fato,
Ensino Fundamental: envolvem-se em processos de aprendizagem
a) A unidade temática Matéria e energia nos quais possam vivenciar momentos de
contempla o estudo de materiais e suas investigação que lhes possibilitem exercitar e
ampliar sua curiosidade, aperfeiçoar sua um indivíduo. Conforme esta pesquisadora “as
capacidade de observação, de raciocínio interações discursivas críticas são processos
lógico e de criação, desenvolver posturas sociais de produção de conhecimento”
mais colaborativas e sistematizar suas (Longino, 2002, p.129);
primeiras explicações sobre o mundo natural e - Para isso, usa o conceito de prática
tecnológico, e sobre seu corpo, sua saúde e apresentado por MacIntyre: “qualquer forma
seu bem-estar, tendo como referência os coerente e complexa socialmente
conhecimentos, as linguagens e os estabelecida de atividade humana cooperativa
procedimentos próprios das Ciências da através da qual produtos internos para esta
Natureza. forma de atividade são efetuados na tentativa
de alcançar padrões de excelência que são
4.3.1.2. Ciências no Ensino Fundamental - apropriados e característicos dessa forma de
Anos Finais: Unidades temáticas, objetos atividade” (1981, citado em Longino, 1990,
de conhecimento e habilidades pp.17–18);
- É importante motivá-los com desafios cada - Longino (1990) faz questão de frisar que
vez mais abrangentes, o que permite que os modificações no modo de entender a
questionamentos apresentados a eles, assim prática científica teriam que ser realizadas;
como os que eles próprios formulam, sejam - Devemos aceitar que diferentes
mais complexos e contextualizados. concepções de conhecimento podem se
desenvolver no contexto de diferentes
Texto-base: Ensino de Ciências por práticas ou supor que há algum subconjunto
Investigação e o Desenvolvimento de de práticas pertencente a todas as práticas de
Práticas: Uma Mirada para a Base Nacional produção de conhecimento” (p.19).
Comum Curricular/Lúcia Helena Sasseron
A sala de aula e as práticas As práticas e o ensino de ciências
- Há mais a se ensinar do que aquilo que o - Não é recente a ideia de que o ensino das
professor é capaz de apresentar e reproduzir disciplinas deva ocorrer por meio de um papel
em quadros, esquemas, slides e lousas e há ativo dos estudantes. As primeiras menções
mais a se aprender do que aquilo que os a esta proposta encontra respaldo nos ideais
alunos registram em suas memórias, em seus de John Dewey (1971) e no destaque que
cadernos e reconhecem como dúvidas no oferece à relação entre ensino e práticas
instante em que tomam contato com o novo cotidianas assim como ao papel de interações
tema; sociais nos processos de construção de
- Para Young (2007), estas disciplinas conhecimento;
escolares precisam evidenciar suas fronteiras - O desenvolvimento das práticas em sala de
e delimitá-las também na relação com aula, as práticas têm características diversas
conhecimentos trazidos pelos estudantes e que, segundo Kelly (2008), são “um conjunto
oriundos da experiência cotidiana; sendo padronizado de ações, normalmente
papel da escola o desenvolvimento intelectual realizadas pelos membros de um grupo
dos estudantes por meio das suas disciplinas; baseadas em objetivos e expectativas comuns
- Chervel (1990), uma disciplina é “um modo e de acordo com valores, ferramentas e
de disciplinar o espírito, quer dizer de lhe dar significados culturais” (p.99). Dois principais
os métodos e as regras para abordar os tipos têm sido tratados de modo mais detido
diferentes domínios do pensamento, do nas pesquisas da área: as práticas científicas
conhecimento e da arte” (1990, p.180). e as práticas epistêmicas;
- As práticas científicas representam ações
Ciências e práticas direcionadas à resolução de problemas,
- Um estudo pioneiro para a discussão da enquanto as práticas epistêmicas associam-se
atividade científica como uma atividade a aspectos metacognitivos da construção de
social encontra rudimentos nos resultados entendimento e de ideias sobre fenômenos e
obtidos por Latour e Woolgar (1986) a partir situações em investigação
das análises das observações realizadas pelo
primeiro pesquisador quando de sua estadia O desenvolvimento de práticas: o papel do
de aproximadamente um ano em um ensino por investigação
laboratório voltado aos estudos de - Consideramos que o ensino por
neuroendocrinologia; investigação é uma abordagem didática
- Longino (1990, 2002) ressalta o papel da (Sasseron, 2015, Solino, 2017), pois não está
comunicação das ideias em ciências, associado a estratégias específicas, mas às
alegando que a comunicação é uma ações e às práticas realizadas pelo professor
característica de uma comunidade e não de quando da proposição dessas estratégias e
tarefas aos estudantes, sendo essencial o objetos de conhecimento e as habilidades.
estabelecimento de liberdade intelectual aos São cinco as área de conhecimento do Ensino
alunos para a investigação de um problema Fundamental na BNCC e nove os
(Carvalho, 2013); componentes curriculares: Linguagens,
- O ensino por investigação esteve associado composta pelos componentes Língua
à ideia de hands on, o que revela ênfase no Portuguesa, Arte, Educação Física e Língua
cumprimento de etapas de um roteiro Inglesa; Matemática, componente curricular
descritivo de ações para a conclusão de uma Matemática; Ciências da Natureza,
atividade. Em outras palavras, o ensino componente curricular Ciências; Ciências
baseava-se, essencialmente, no Humanas, componentes curriculares História
desenvolvimento de conhecimento de e Geografia; e Ensino Religioso, componente
processos; curricular Ensino Religioso.
- Segundo Osborne (2016), estes três tipos
de conhecimento, quando considerados e As Ciências da Natureza na BNCC
trabalhados de modo conectado, podem - O letramento científico é destacado como
contribuir para o desenvolvimento do compromisso da área para o Ensino
raciocínio científico: conhecimento de Fundamental. Também é mencionado que o
processos, conhecimento conceitual e ensino das ciências deva ocorrer na
conhecimento epistêmico. articulação com outros campos de saber e
que “precisa assegurar aos alunos do Ensino
A Base Nacional Comum Curricular: Fundamental o acesso à diversidade de
fundamentos e estrutura conhecimentos científicos produzidos ao longo
- A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da história, bem como a aproximação
é apresentada como sendo um “conjunto gradativa aos principais processos, práticas e
orgânico e progressivo de aprendizagens procedimentos da investigação científica;
essenciais que todos os alunos devem - A BNCC afirma que o ensino de Ciências da
desenvolver ao longo das etapas e Natureza deve ocorrer por meio da promoção
modalidades da Educação Básica” (MEC, de situações investigativas em sala de aula
2017,p. 7, ênfase no original); em que sejam abordadas quatro
- Currículos como complementares à modalidades de ação: definição de
BNCC, entendendo que as decisões tomadas problemas; levantamento, análise e
para a concretização do currículo é “que vão representação; comunicação; e intervenção.
adequar as proposições da BNCC à realidade De modo mais detalhado, o texto nos informa
local, considerando a autonomia dos sistemas como se caracterizaria cada modalidade de
ou das redes de ensino e das instituições ação:
escolares, como também o contexto e as a) Definição de problemas: (1) observar o
características dos alunos” (MEC, 2017, p.16); mundo a sua volta e fazer perguntas; (2)
- A BNCC apresenta as etapas da Educação analisar demandas, delinear problemas e
Básica, sob as quais tratará no texto, e como planejar investigações; (3) propor hipóteses;
elas estão estruturadas: b) Levantamento, análise e representação:
a) Para a etapa da Educação Infantil, o (4) planejar e realizar atividades de campo
documento apresenta os direitos de (experimentos, observações, leituras, visitas,
aprendizagem e desenvolvimento e os ambientes virtuais etc.); (5) desenvolver e
campos de experiências. Para cada um dos utilizar ferramentas, inclusive digitais, para
três grupos de faixas etárias – 0 a 1 ano e 6 coleta, análise e representação de dados
meses; 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses; (imagens, esquemas, tabelas, gráficos,
e 4 anos a 5 anos e 11 meses – são descritos quadros, diagramas, mapas, modelos,
os objetivos de aprendizagem e representações de sistemas, fluxogramas,
desenvolvimento. Além disso, são mapas conceituais, simulações, aplicativos
anunciadas, para o final da Educação Infantil, etc.); (6) avaliar informação (validade,
as sínteses das aprendizagens que se espera coerência e adequação ao problema
que sejam atingidas para cada campo de formulado); (7) elaborar explicações e/ou
experiência; e modelos; (8) associar explicações e/ou
b) Para a etapa do Ensino Fundamental, a modelos à evolução histórica dos
BNCC apresenta as áreas de conhecimento e conhecimentos científicos envolvidos; (9)
os componentes curriculares de cada área. selecionar e construir argumentos com base
Para cada um e todos eles há competências em evidências, modelos e/ou conhecimentos
específicas listadas. Para cada componente científicos; (10) aprimorar seus saberes e
curricular, e para cada ano escolar, são incorporar, gradualmente, e de modo
apresentadas as unidades temáticas, os significativo, o conhecimento científico; (11)
desenvolver soluções para problemas - O professor deverá inserir outras ações e
cotidianos usando diferentes ferramentas, estratégias para o desenvolvimento de tais
inclusive digitais; habilidades, podendo, inclusive, trabalhá-las
c) Comunicação: (12) organizar e/ou de modo conectado entre si e com as
extrapolar conclusões; (13) relatar habilidades descritas para os outros
informações de forma oral, escrita ou componentes curriculares;
multimodal; (14) apresentar, de forma - As práticas científicas aparecem com
sistemática, dados e resultados de maior frequência se comparadas às práticas
investigações; (15) participar de discussões epistêmicas;
de caráter científico com colegas, professores, - O processo de avaliação é central e
familiares e comunidade em geral; (16) crítico para o desenvolvimento das
considerar contra argumentos para rever ciências e, portanto, seria esperado que
processos investigativos e conclusões; e tivesse mais destaque, a fim de que pudesse
d) Intervenção: (17) implementar soluções e ser constantemente realizado por professor e
avaliar sua eficácia para resolver problemas alunos em suas interações com os temas das
cotidianos; (18) desenvolver ações de ciências em sala de aula;
intervenção para melhorar a qualidade de vida - A ideia de experimentar e relatar pode
individual, coletiva e socioambiental. (MEC, promover autonomia dos estudantes no
2017, p.321) desenvolvimento das investigações por meio
do trabalho com novas informações (PC1) e a
As práticas científicas e epistêmicas na comunicação das ideias aos colegas (PE2).
BNCC: um olhar para as habilidades
listadas para os anos iniciais do Ensino Considerações finais
Fundamental - A própria BNCC, em seu texto introdutório,
faz questão de afirmar que o currículo deve
ser complementar às ideias expostas no
documento. Nesse sentido, a análise aqui feita
pode servir de subsídio para a avaliação e
consideração de quais elementos do ensino
de Ciências da Natureza precisam receber
atenção nos momentos em que a proposta
curricular começa a se transformar em
planejamento, em atividades e em aulas;
- O trabalho contínuo e conjunto com as
práticas científicas e as práticas epistêmicas
possibilita que elementos da atividade
científica sejam desenvolvidos em sala de
aula, em especial a investigação e a
divulgação das ideias.

Videoaula 11: A BNCC e o ensino de


Ciências da Natureza

O que é a BNCC?
- É um documento extremamente importante e
que se deve conhecer com bastante - Aqui temos os objetivos de aprendizagem;
profundidade; - As crianças precisam enxergar os
- Ele traz as competências e as habilidades fenômenos estudados em seu dia a dia, que
que devem ser ensinadas na Educação podem ser vistos na natureza, por exemplo,
Básica; as árvores têm folhas e essas folhas são
- O documento irá nortear a construção do diferentes em cada uma das árvores e porque
curriculo que por sua vez deve ser feito na isso ocorre?;
escola. - A criança pode fazer uso das ilustrações
para representar aquilo que elas veem.
Organização da BNCC
Ensino Fundamental

- Na educação infantil: Discutimos os direitos


de aprendizagem e desenvolvimento e os
campos de experiências;
- Áreas de conhecimento são os conteúdos
clássicos que devem ser ensinados no ensino
fundamental e médio.

Campos de Experiências

- Temos no ensino fundamental ressaltado


pela BNCC: o letramento científico, o
desenvolvimento da capacidade de atuação
no e sobre o mundo, importante ao exercício
pleno da cidadania, diversidade de
conhecimentos científicos, processos, práticas
e procedimentos da investigação;
- Os campos do saber devem estar expressos
dentro da proposta da base;
- Além disso propor questões desafiadoras,
diversidade cultural, definir problemas,
levantar, analisar e representar resultados,
comunicar conclusões e propor intervenções

Definir problemas, segundo a BNCC

Divisão da disciplina de Ciências na BNCC


- Sempre a disciplina de Ciências estará
dividida em unidade temática (são grandes
eixos organizadores), objetos do
conhecimento (o que vamos ensinar) e
habilidades (o que queremos com este
- São princípios por investigação que são ensino) na BNCC.
apresentados pela BNCC. - Exemplos:

Levantar, analisar e representar resultados,


segundo a BNCC

Comunicar Conclusões, segundo a BNCC

Propor intervenções, segundo a BNCC

Videoaula 12: Avaliação e o ensino de


Ciências da Natureza
Tipos de Avaliação
- Ela ocorre ao longo do processo, não
a) Avaliação Diagnóstica
ocorrendo em um momento específico do ciclo
de aprendizagem;
- É uma avaliação a favor da aprendizagem e
não do rankeamento do aluno.

Alguns tipos de avaliação utilizado no


aspecto de investigação científica
a) Fazendo levantamento de concepções
prévias que o aluno já traz

- Averiguar os processos de aprendizagem do


aluno, preferencialmente no início do ano
letivo ou de alguma atividade;
- É possível prever com ela algumas
dificuldades que vamos ter com determinado
aluno e também podemos com ela contribuir
com a revisão dos conteúdos.
- Fazemos algumas perguntas aos alunos
para mapear aquilo que ele já sabe.

b) Avaliação Somativa
b) Compartilhar os objetivos das atividades
com os alunos

- É uma avaliação muito comum, com um


caráter classificatório.
- Durante a avaliação é necessários mostrar
c) Avaliação Formativa aos alunos aquilo que se espera dele, neste
exemplo temos alguns combinados com os
alunos para que as aulas prossigam de uma
forma fluida e para que atinja os objetivos da O texto como elemento de avaliação dos
aula. educandos

c) Compartilhando a avaliação com o aluno

- Nesta atividade os alunos devem analisar os


crânios dos animais e associar os dentes com
as características destes animais.
- Aqui a professora dá os critérios da
avaliação formativa do aluno, inclusive devem
existir critérios;
- Existe espaço tanto para a avaliação do
aluno, quanto a do professor, às vezes os
alunos têm uma visão distorcida de seu
desenvolvimento e a avaliação vai servir
exatamente para saber a onde o aluno e o
professor se localiza.

d) Feedbacks

Semana 7: Dimensões curriculares do


ensino de Ciências da Natureza
Texto-base: Sequências didáticas
investigativas e argumentação no ensino
de ecologia
Introdução
- Ecologia. Entendida como a ciência que
estuda as relações dos seres vivos entre si e
- Os feedbacks são importantes para valorizar destes com o meio;
o aluno e para ele saber aquilo que está - Ideias para a construção de uma
fazendo de correto e melhorar aquilo que ele sequência didática:
ainda não sabe, as dificuldades que ele ainda 1ª apresenta o que entendemos por sequência
carrega; didática e como essa compreensão organiza e
- Um bom feedback é composto pela estrutura de modo mais amplo as atividades
apresentação daquelas atividades ou critérios que são propostas;
que os alunos não foram tão bem assim. 2ª todas tenham como foco a ecologia,
entendida na sua complexidade e
e) Avaliação formativa deve ser contínua e considerando suas interfaces com outras
deve ocorrer por alguns meios áreas de conhecimento;
3ª estruturar nosso trabalho de construção de
Sequências Didáticas Investigativas (SDIs) a
importância de alinhá-las com as propostas de
uma alfabetização científica que promova a
educação libertadora, de modo a auxiliar a
formação de cidadão crítico, capaz de
compreender a ecologia e utilizar seus
conhecimentos na sua vida;
4ª o desenvolvimento de argumentos
fundamentados em conceitos científicos pode
ser indicador da aprendizagem da ecologia.
Portanto, as sequências procuram
desenvolver situações nas quais os alunos
expressem seus argumentos, sejam eles na
forma escrita ou falada;
5ª concepção de sequência didática
investigativa que temos em nosso grupo de
pesquisa, uma vez que essa é uma
abordagem de grande importância para
garantir a participação efetiva dos alunos
durante as aulas.
- São raras as situações nas quais os alunos - Essa organização auxilia na escolha de
podem compreender como a ecologia produz momentos da aula que poderão compor os
conhecimento e quais são seus objetos e suas futuros dados para as análises. A
metodologias; identificação dessa estrutura auxilia o
- Sasseron e Carvalho (2011) quando professor a organizar sua aula, a propor
descrevem quais seriam os eixos tarefas e a produzir transformações nas
estruturantes da alfabetização científica na sequências, promovendo a autoria na
educação básica: construção da aula.
1) compreensão básica de termos,
conhecimentos e conceitos científicos A abordagem investigativa
fundamentais; - Ao longo do desenvolvimento da SDI, são
2) compreensão da natureza das ciências e propostas atividades de sistematização por
dos fatores éticos e políticos que circundam meio do material de apoio. Muitas vezes,
sua prática; e durante as atividades, o professor retoma
3) entendimento das relações existentes entre assuntos importantes e traz novas perguntas
ciência, tecnologia, sociedade e meio para serem resolvidas;
ambiente. - A professora estimula o raciocínio lógico e
dá espaço para dúvidas e conversas entre os
O que são Sequências Didáticas alunos para explicar um fenômeno. Essa
Investigativas? prática, além de estabelecer uma participação
- Sequências didáticas podem ser efetiva do aluno, pode auxiliá-lo a
consideradas como um conjunto de compreender que, na produção do
atividades ordenadas, estruturadas e conhecimento científico, a livre circulação de
articuladas para a realização de certos ideias é fundamental para o avanço da
objetivos educacionais, que têm um princípio ciência;
e um fim conhecidos tanto pelos professores
como pelos alunos (ZABALA, 1998); A Ecologia de todos os dias
- As sequências didáticas também podem - A ecologia tinha diferentes abordagens
ser vistas como "certo número de aulas dentro de sala de aula. As principais
planejadas e analisadas previamente com a abordagens eram as de ecologia natural, na
finalidade de observar situações de qual o foco de estudo eram os ecossistemas e
aprendizagem, envolvendo os conceitos seu funcionamento; ecologia humana/social,
previstos na pesquisa didática" (PAIS, 2002, entendida como uma ciência que estuda a
p. 102); evolução cultural frente às pressões
- No trecho a seguir, a sequência didática ambientais, passando pela sociobiologia, a
investigativa trata de um problema no qual etnobiologia e por estudos sobre demografia e
os alunos devem decidir qual é o componente epidemiologia; conservacionismo, que é
do fator biótico que determina a quantidade de visto pela autora como uma ecologia mais
duas espécies vegetais em dois locais prática, um conjunto de ideias e estratégias
diferentes. No fim dessa atividade, há um voltadas para a luta em favor da conservação
conjunto de informações sistematizadas na e da preservação da natureza; e, por fim, a
forma de um texto explicativo e uma frase que abordagem chamada de ecologismo, que é
o aluno deve preencher com palavras entendida como um projeto político de
adequadas à hipótese que foi levantada. Essa transformação social, calcado em princípios
frase é um dos fechamentos que será ecológicos e no ideal de uma sociedade
retomado em outro momento da sequência comunitária e não opressiva;
didática investigativa. - Os livros enfatizam o efeito que uma
interação ecológica tem para o indivíduo,
dando pouca ou nenhuma importância para o
efeito dessa interação em outros níveis de - A alfabetização científica caracteriza-se
organização, como, por exemplo, para a como um processo no qual os alunos podem
população, a comunidade ou o ecossistema; compreender como os cientistas veem, falam
- Mesmo com a abordagem da ecologia e explicam os fenômenos naturais;
natural sendo predominante na maior parte - Não se trata de formar “cientistas” na escola,
dos livros didáticos, os alunos não estão mas, sim, de promover acesso a uma forma
próximos da prática investigativa que de produção de conhecimento;
caracteriza as SDIs que propomos; - As sequências didáticas oferecem materiais
- Relação de temas das SDI e os conceitos de apoio que possibilitam a construção de
trabalhados: justificativas pertencentes ao campo do
conhecimento ecológico.
- O aluno em seu processo de construção de
conhecimento apresenta fases em que se
apropria de discursos alheios. Sendo assim,
no processo de alfabetização científica, é
importante que o discurso do professor e o
material utilizado em sala de aula estejam
conectados, uma vez que os alunos
reproduzem tanto o que é considerado
cientificamente aceito, mas também termos e
ideias equivocadas;
- Ele é um mediador de todas essas
produções presentes na sequência. Segundo
Sutton (2003), o professor de ciências deve
ser entendido também como professor de
linguagem, uma vez que ensina os alunos a
compreenderem e reproduzirem o modo como
os cientistas falam e escrevem sobre o mundo
que os cerca.
b) Compreensão da natureza das ciências
e dos fatores éticos e políticos que
- Muitos professores expressaram a queixa circundam sua prática, construímos nossas
de que as ações de pesquisa no interior da atividades sob a perspectiva do ensino por
sala de aula não deixavam produtos claros investigação, priorizando a resolução de
para serem utilizados posteriormente. problemas científicos com o objetivo de
promover situações argumentativas e
As Sequências Didáticas e a Alfabetização explicativas;
Científica - O ensino por investigação caracteriza-se
- A alfabetização científica caracteriza-se pela proposição de um problema cuja
como um processo no qual os alunos podem resolução exige o diálogo e permita a
compreender como os cientistas veem, falam liberdade intelectual dos estudantes,
e explicam os fenômenos naturais; levando-os ao desenvolvimento de interações
- Não se trata de formar “cientistas” na e práticas discursivas importantes do fazer
escola, mas, sim, de promover acesso a uma científico, como: descrições, explicações,
forma de produção de conhecimento. Nessa argumentações, generalizações, entre outras
perspectiva, o acesso a essa cultura promove (CARVALHO, 2013);
a inserção do indivíduo na lógica e na prática - Segundo Jiménez-Aleixandre e Puig
científicas e lhe proporciona a chance de (2010), um problema autêntico é aquele que
entender o mundo sob o ponto de vista da não tem uma resposta óbvia, implicando uma
ciência; situação contextualizada que o aluno
- Sasseron e Carvalho (2011), as autoras reconhece como interessante, e o processo
apresentam os eixos estruturantes da de solução é tão importante quanto a própria
alfabetização científica: resolução do problema;
a) compreensão básica de termos, - O princípio da exclusão competitiva, ou
conhecimentos e conceitos científicos princípio de Gause, era o principal conceito a
fundamentais, não há necessidade de ser ensinado. Segundo ele, duas espécies
memorização das terminologias, e a qualquer que disputam os mesmos recursos tendem a
momento os alunos podem consultar as competir até que uma delas possa ser
definições ou perguntar ao professor qual é o eliminada do local onde há o recurso;
melhor uso dos termos.
c) entendimento das relações existentes - Desse modo, o argumento, segundo o
entre ciência, tecnologia, sociedade e meio padrão de Toulmin (2006), conteria os
ambiente, e, é contemplado por meio de seguintes elementos:
várias características das sequências. a) Dado ou informações factuais que se
Entendemos que a participação ativa do aluno invocam para validar a afirmação;
nas aulas permite que as ideias circulem b) Conclusão, que é a tese estabelecida;
livremente e que sejam passíveis de c) Garantias, que são proposições que
contestações ou concordâncias. Nessa autorizam as relações entre os dados e a
condição os problemas são discutidos, e conclusão.
formas diferentes de resolvê-los são d) Apoios, que são os conhecimentos formais
propostas, assim, novos problemas vão que asseguram as garantias;
surgindo; e) Qualificadores modais, que são
- Temas como a biodiversidade também têm elementos que dão suporte às conclusões,
sido propícios para a construção de tornando-as mais fortes;
sequências didáticas em sala de aula ou f) Refutadores, que consistem nas
espaços não formais de ensino. circunstâncias ou nas condições para as quais
as garantias não se aplicam.
A argumentação nas sequências didáticas - O refutador é outro elemento que indica a
investigativas aprendizagem, uma vez que ele é construído
- O desenvolvimento de habilidades somente no momento em que temos ciência
argumentativas em aulas de ciências é uma das limitações do argumento que produzimos;
necessidade premente apontada e defendida - Erduran (2006): “Predição-
por vários pesquisadores; -Observação-Explicação” ou “Teorias
- A produção de argumentos em sala de Concorrentes”. Esses modelos promovem a
aula oferece uma forma de entendermos avaliação de diferentes explicações para um
como é a apropriação do conhecimento mesmo fenômeno e estimulam a
científico e ajuda-nos a identificar quais são as argumentação com base em evidências;
dificuldades que os alunos apresentam na -No modelo de
produção do texto escrito; Predição-Observação-Explicação, a
- Ao exercitar suas habilidades primeira etapa é o levantamento de hipóteses
argumentativas, os alunos aprendem como é – Explicações temporárias para o problema /
a estrutura de um argumento e podem fenômeno em questão. Em seguida, as
utilizá-la para a construção de opiniões mais hipóteses explicativas são testadas e
bem-fundamentadas; avaliadas com base em dados (observações),
- Ao apresentarem seus argumentos, os e, finalmente, os alunos devem construir, por
alunos podem expressar como utilizam um meio da argumentação, um modelo explicativo
determinado conceito científico para final capaz de resolver o problema;
justificar uma opinião. Dessa forma, temos um - No modelo de Teorias Concorrentes, além
indicador claro da aprendizagem do aluno.; do problema, são fornecidos aos alunos um
- A argumentação, segundo conjunto de dados e dois ou mais modelos
Jiménez-Aleixandre e Diaz (2003), consiste explicativos para o fenômeno. Nesse tipo de
em avaliar enunciados teóricos por meio de atividade, os alunos devem simplesmente
dados empíricos ou provenientes de outras decidir qual modelo consideram o mais
fontes, relacionando dados e conclusões; correto, justificando suas escolhas por meio
- Os argumentos considerados válidos da argumentação;
seriam aqueles que utilizam o conhecimento - Todas as sequências didáticas
científico como base para estabelecer as pressupõem a autonomia dos educadores
relações entre os dados e as conclusões; para adequar as atividades às especificidades
- Toulmin (2006). Para o autor, a estrutura dos contextos nos quais atuam.
do argumento é comparada a um organismo
que consiste em unidades anatômicas e As características das sequências
fisiológicas. A unidade mais bruta seria a didáticas investigativas
“anatômica”, composta por seus “órgãos”, e - Características principais das sequências
apresentaria os elementos componentes do didáticas do grupo LINCE:
argumento. Já a unidade mais fina, o nível
“fisiológico” de funcionamento do organismo,
seria aquela na qual residem as sentenças
individuais ou a lógica de cada frase;
Infantil as crianças não conseguem entender o
relógio;
- O ensino por investigação vai além do
ensinar conceitos, muitos professores
acreditam que se nós utilizamos o ensino por
investigação vamos diminuir a quantidade de
conceitos que as crianças vão aprender;

Videoaula 14: Possibilidades do ensino por


investigação
- Uma das maiores dificuldades é a
resistência dos alunos, pois os mesmos
estavam acostumados a atividade meramente
mecânica (o ato de copiar da lousa), enquanto
na investigação eles precisam pensar mais;
- A curiosidade é o que vai incentivar mais
os alunos. No começo ele terá certas
resistências, mas depois não vão querer outra
abordagem de ensino;
- É importante também a gestão apoiar os
professores;
- Na Educação Infantil, temos uma
resistência menor, pois os alunos já são
curiosos por causa de suas idades, a maior
dificuldades está em encaixar esse tipo de
aula no planejamento;
- O ensino por investigação também é um
espaço para alfabetização e o ensino da
Videoaula 13: Planejamento de sequências matemática para o aluno;
didáticas investigativas - A própria abordagem por investigação
- A escolha do problema está atrelado ao estimula o aluno a desenvolver a
currículo trabalhado na escola, na Educação argumentação, podemos introduzir perguntas
Infantil podemos trazer coisas do cotidiano da para estimular os alunos a desenvolver esta
criança, por exemplo, quantos tipos de folhas argumentação;
temos no Jardim da escola. Já no Ensino - Conseguimos deixar que os próprios
Fundamental, o professor pode investigar o alunos cheguem a conclusão e a resposta
universo do aluno e desenvolver ideias final do problema;
baseadas neste universo; - É uma falsa ideia que a atividade por
- Na perspectiva investigativa as crianças investigação exige necessariamente a
participam e devem fazer essa participação, utilização do laboratório, porém isso não é
claro que o professor deve sempre mediar verdade. O laboratório pode ser o próprio
isso seja com os combinados para evitar espaço escolar (jardim, sala de aula, etc.),
atitudes desrespeitosas com o outro, seja para existem problemas de lápis e papel.
que todos participem; Entretanto, o professor deve lutar pelo espaço
- O ensino por investigação possuem do laboratório;
teorias, dentre elas a interacionista, onde no - Não existe outra instituição na esfera civil
ensino por investigação necessariamente que leve a gente a compreender o que é
devem participar e interagir, isso é essencial, Ciências, senão o espaço escolar;
pode-se colocar os alunos em U, ou mesmo - Ninguém começa a ser professor em uma
em grupos de cinco ou dupla de integrantes; quarta-feira a tarde, segundo Paulo Freire;
- Existem níveis de abertura para o ensino - O professor deve ter consciência de que
por investigação e o professor deve mediar ele é um ser inacabado e que SEMPRE
este tempo para que ele consiga contemplar o estará em construção.
que está no currículo e o ensino por
investigação, diferentemente, na Educação
Infantil aonde o professor tem uma liberdade
maior para se trabalhar com investigação;
- Devemos usar outras ferramentas para a
marcação do tempo para a criança, além do
relógio já que, por exemplo, na Educação

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