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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS

LUCIANA SURITA DA MOTTA MACEDO

ÁREA DE VIDA, ATIVIDADE, USO DE HABITAT E PADRÕES


HEMATOLÓGICOS DE TAMANDUÁ-BANDEIRA (Myrmecophaga
tridactyla, Linnaeus 1758) NAS SAVANAS PERIURBANAS DE BOA
VISTA, RORAIMA

Boa Vista
2008
LUCIANA SURITA DA MOTTA MACEDO

ÁREA DE VIDA, ATIVIDADE, USO DE HABITAT E PADRÕES


HEMATOLÓGICOS DE TAMANDUÁ-BANDEIRA (Myrmecophaga
tridactyla, Linnaeus 1758) NAS SAVANAS PERIURBANAS DE BOA
VISTA, RORAIMA

Dissertação apresentada como p ré-


requisito para conclusão do Curso de
Mestrado em Recursos Naturais.

Orientador: Prof. Dr. Reinaldo Imbrozio


Barbosa.

Co-orientadora: Profa.Dra. Gardênia de


Holanda Cabral.

Boa Vista
2008
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)

M141a Macedo, Luciana Surita da Motta.


Área de vida, atividade, uso de habitat e padrões hematológicos
de Tamanduá-Bandeira (Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus 1758)
nas savanas periurbana de Boa Vista, Roraima / Luciana Surita da
Motta Macedo. -- Boa Vista, 2008.
85 f. : il.

Orientador: Prof°. Dr. Reinaldo Imbrozio Barbosa.


Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Recursos
Naturais. Universidade Federal de Roraima.

1 – Biologia. 2 – Tamanduá. 3 – Ecologia. 4 – Amazônia. I -


Título. II – Barbosa, Reinaldo Imbrozio.

CDU- 599.312
À todos que acreditam
e lutam pela Amazônia,
À minha família,
Ao colega Pedro Stevam
que partiu cedo demais.
Ao benefício de todos e a
realização da humanidade UNA.
AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais – PRONAT,


Ibama, Prefeitura de Boa Vista, Exército Brasileiro, Inpa, MIRR e Embrapa
que colaboraram para a realização deste trabalho.
A ex-prefeita, amiga e mãe Teresa Jucá pelo incansável trabalho
de excelência na Amazônia, pela sensibilidade e disponibilidade para a
conservação dos Recursos Naturais e por me dar a oportunidade de
alcançar meus sonhos.
A minha família, Ana Paula, Emílio Carlos, Romero, Mariana, Vó
Lela, Baby... Ao meu amor Julián Quitiaquez pelo apoio em todas as
horas, pelo exemplo de nobreza e ética profissional e pessoal.
A excelente equipe: Genivam, Raimundo, Railson, Gilberto, David
Ossa, Juliele Lima, Luis Felipe Gonçalves, Patrícia Velho, Luciano
Ibiapina, Marcelo de Oliveira, Carla Soares, Jean Werick Jackes,
Rogeano Gonçalves, Renata Bocorny, Antonio Camilo, Jair Jaramillo,
Andrezza Mariot, Tacio Raposo, Pedro Henrique. Sem vocês este
trabalho não seria possível. Serei eternamente grata.
Ao amigo e professor Dr. Reinaldo Imbrozio, pela coragem e
confiança.
A pesquisadora Flavia Pinto, pelo conhecimento, determinação e
ética. Você foi fundamental para a realização deste trabalho.
Ao Dr. Guilherme Mourão, Dr. Guilherme Miranda, Dr. José
Fragoso, Dr. Marcos Vital e Dra. Gardênia Cabral. Pela disponibilidade e
confiança no meu trabalho.
Aos meus amigos de mestrado, em especial: Diego, Wolney e
Carmem. Obrigada compreensão nos momentos de dificuldade.
Aos médicos veterinários Paulo Mattos, Keiko Mattos e Ana Maria
Nobrega pelas análises hematológicas.
Aos professores Drs. Erno Tury e Milton Thiago de Melo por me
abrirem os horizontes da nossa honrosa profissão, Medicina Veterinária.
A Deus por proporcionar que todas as incríveis e felizes
coincidências nos trouxessem juntos até aqui.
Lá vem o tamanduá
Ele é tão desengonçado
O seu rabo é uma
bandeira
A bandeira do lavrado
O tamanduá não quer
Que derrube o Caimbé
Que jogue lixo e veneno
Poluindo o Igarapé
O tamanduá só come
cupim e formiga
Mas se é pra defender o
lavrado com você
Ele tem unha comprida
Lá vem o Tamanduá
Mas que bicho
atrapalhado
Procurei sua cabeça
Mas olhei do lado errado
O tamanduá é forte
E ele está do nosso lado
Ta querendo a sua ajuda
Para salvar o lavrado

(Ciro Campos)
RESUMO

Este estudo foi realizado em uma área de savana (02° 51’ N 60° 45’ W)
próxima da cidade de Boa Vista, capital de Roraima. O objetivo geral
foi realizar uma investigação de monitoração de tamanduá-bandeira
(Mymercophaga tridactyla, Linnaeus, 1758) por rádio-telemetria,
subsidiando o desenvolvimento de planos de manejo para a espécie na
Amazônia, e em especial em Roraima. Foi estimada a área de vida,
uso de habitat e seu padrão de atividade. Vinte e um tamanduás-
bandeira (12 fêmeas e 9 machos) foram capturados, dos quais 10
foram equipados com rádio-coletes com transmissor VHF e, seis
indivíduos receberam receptores GPS, entre fevereiro de 2007 e maio
de 2008 em períodos distintos. A área de vida média calculada a partir
das informações obtidas por VHF pelo método do Mínimo Polígono
2
Convexo (MPC) para todos os indivíduos foi de 4,35 ±2,94 km . Pelo
método Kernel Fixo BCV (Biased Cross Validation) foi de 10,89 ± 9,29
2
km e Kernel Fixo LSCV (Least Square Cross Validation) de 3,57 ± 6,2
2
km , ambos para 95% das localizações. A área de vida calculada pelas
localizações obtidas por GPS de acordo com o MPC foi de 2,57 ± 0,1
2 2
km para as fêmeas e 3,13 km para o único macho acompanhando. O
índice de sobreposição das áreas de vida dos indivíduos variou de 0 a
98,9%. Todos os indivíduos sobrepuseram sua área com três ou mais
tamanduás-bandeira. A razão sexual foi 1:1,33 (n = 21). O sistema de
GPS modificado permitiu o monitoramento dos tamanduás-bandeira
por períodos de 17 a 20 dias. O deslocamento diário mínimo de um
tamanduá-bandeira foi de 35 metros e, o máximo, de 5962 metros. Em
geral, os tamanduás-bandeira se deslocam com velocidade inferior a
1,0 km/h, mas podem alcançar 8,63 km/h. A atividade do tamanduá-
bandeira foi noturna para o período analisado, principalmente entre as
21 h e 6 h. Os animais estão (i) ativos (deslocamento e forrageio) nos
horários mais amenos, entre 20°C e 28°C utilizando principalmente
ambientes abertos, e (ii) inativos em horários mais quentes, quase
sempre acima de 28°C quando utilizam os ambientes de vegetação
fechada. Houve coleta de sangue em 19 animais para tentar entender
padrões hematológicos em vida livre. A coleta foi realizada através das
veias safena lateral e /ou femoral. Foi realizado hemograma completo,
com as análises hematológicas demonstrando que a espécie da
localidade estudada em Roraima está próxima da média sugerida pela
literatura científica para outras regiões. Na pesquisa de hematozoários
foi encontrada Dirofilaria immitis em dois indivíduos. Por método de
coloração panótico, Malassezia sp. foi diagnosticada em lâminas de
cerúmen. Todos os indivíduos foram diagnosticados negativos para
Leishmaniose pelo teste de ELISA. O estado clínico geral de todos os
animais foi considerado bom.

Palavras-chaves: Mymercophaga tridactyla, Área de vida, Amazônia.


ABSTRACT

This study was realized on a savanna area (020 51’ N 600 45’ W) close
to Boa Vista city, Roraima's capital. The main objective was to realize
an investigation on monitoring giant anteater (Myrmecophaga tridactyla,
Linnaeus, 1758) by radio-telemetry, helping the development of
management plans for the species in Amazonia, and especially in
Roraima. Were estimated the home range, the used habitat and its
standard activity. Twenty one giant anteaters (12 females and 9 males)
were captured, of which 10 were equipped with radio-collars with VHF
transmissors, and six individuals received GPS receptors, between
February 2007 and May 2008 on distinct periods. The main home range
calculated based on the acquired information by VHF by the Minimum
Convex Polygon (MPC) method for all individuals was 4,35 +2,94 km2.
By the Fixed Kernel BCV (Biased Cross Validation) method, was 10,89
+9,29 km2 and Fixed Kernel LSCV (Least Square Cross Validation) was
3,57 +6,2 km2, both for 95% of the locations. The home range
calculated by the locations obtained by GPS according to MCP was
2,57 +0,1 km2 for the females and 3,13 km2 for the only male followed.
The overlay register of the home ranges of the individuals varied from 0
to 98,9%. All individuals had their home ranges overlaid with three or
more giant anteaters. The sexual reason was 1:1,33 (N= 21). The
modified GPS system allowed monitoring the giant anteaters during
periods of 17 to 20 days. The minimum daily transposition of one giant
anteater was 35 meters and the maximum was 5962 meters. Generally,
the giant anteaters move with a speed inferior to 1,0 km/h, but they can
reach up to 8,63 km/h. The activity of the giant anteater was nocturnal
for the analyzed period, essentially between 21 and 6hs. The animals
are (i) active (dislocating and foraging) on the mild periods, between
200C and 280C using mostly opened environments, and (ii) inactive
during hottest periods, mostly over 280C when they use closed
vegetation environments. There was blood collection in 19 animals to
try to understand the hematological patterns on wild life. The samples
were obtained on the lateral saphena and/ or femoral vein. Was
realized complete blood count, with the hematological analysis
demonstrating that the species from the locality studied in Roraima is
close to the mean parameters suggested by scientific literature for other
regions. On the search for hematozoans was found Dirofilaria immitis in
two individuals. By the Panoptic method, Malassezia sp was diagnosed
on otologic smears. All individuals tested negative for Leishmaniasis by
ELISA test. The general condition of all animals was considered good.

Key-words: Mymercophaga tridactyla, Home range, Amazon.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Mapa do estado de Roraima demonstrando suas principais


fitofisionomias, Unidades de Conservação, Terras Indígenas,
principais rodovias e o município de Boa Vista. No detalhe sua
localização na América do Sul......................................................17

FIGURA 2 – Imagem de Satélite demonstrando a área de estudo na região


periférica do Município de Boa Vista.
Fonte: GOOGLE, 2008..................................................................20

FIGURA 3 – Contenção física de tamanduá-bandeira com auxílio de laço e


cambões na Fazenda Santa Teresa, Boa Vista,
Roraima.........................................................................................22

FIGURA 4 – Tamanduá-bandeira equipado com rádio-colete e marcado com


cortes de pêlo da cauda na Fazenda Santa Teresa, Boa Vista,
Roraima.........................................................................................23

FIGURA 5 – Equipamentos utilizados durante o período de monitoração: (a)


antena direcional tipo H, (b) GPS, (c) rádio-colete com transmissor
VHF e (d) receptor.........................................................................25

FIGURA 6 – Indivíduo de tamanduá-bandeira equipado com rádio-colete e


receptor GPS modificado na Fazenda Santa Teresa, Boa Vista,
Roraima. Foto: David Mauricio Ossa Restrepo.............................26

FIGURA 7 – Coleta de sangue de tamanduá-bandeira através da veia safena


femoral. Foto: José Julián Rodriguez Quitiaquez..........................31

FIGURA 8 – Peso e comprimento de 21 tamanduás-bandeira capturados


durante o período de fevereiro a maio de 2008 na Fazenda Santa
Teresa no município de Boa Vista................................................33
FIGURA 9 – Área de vida de 10 indivíduos de Tamanduá-bandeira utilizando o
método Mínimo Polígono Convexo (MPC) monitorados na região
da Fazenda Santa Teresa no Município de Boa Vista. Imagem
base do satélite Landsat TM de 2004...........................................36

FIGURA 10 – Área de vida de indivíduos de Tamanduá-bandeira utilizando o


método Kernel Fixo BCV (95%) monitorados na região da Fazenda
Santa Teresa no município de Boa Vista. Imagem base do satélite
Landsat TM de 2004......................................................................37

FIGURA 11 – Mapa de classificação da paisagem da Fazenda Santa Teresa, as


linhas negras representam as isolíneas produzidas pelo método do
Kernel LSCV que representam de 55% (primeira linha interna) a
95% (linha externa) da área de vida dos 10 tamanduás-bandeira
monitorados...................................................................................38

FIGURA 12 – Curva de área de vida acumulada dos 10 tamanduás-bandeira


monitorados pelo método do Mínimo Polígono Convexo nas
savanas de Boa Vista de acordo com o número de
localizações...................................................................................43

FIGURA 13 – Área de vida dos tamanduás-bandeira pelo método do Mínimo


Polígono Convexo com VHF e rotas de deslocamento adquiridas
com GPS modificado nos diferentes tipos de habitat na região da
Fazenda Santa Teresa, perímetro urbano de Boa
Vista...............................................................................................45

FIGURA 14 – Área de vida de Tamanduá-bandeira pelo método do MPC com as


respectivas localizações registradas durante o período de fevereiro
de 2007 a maio de 2008 sobrepostos aos diferentes tipos de
habitats..........................................................................................49
FIGURA 15 Concentração da atividade de acordo com o horário e uso de
habitat dos tamanduás-bandeira monitorados pelo GPS
– modificado na região da Fazenda Santa Teresa, Boa Vista.........51

FIGURA 16 – Padrão de atividade por tipo de habitat de Tamanduá-bandeira


monitorados pelo método de rádio-telemetria por VHF em área de
Lavrado na região da Fazenda Santa Teresa no município de Boa
Vista...............................................................................................52

FIGURA 17 – Freqüência de distribuição das atividades pela temperatura


ambiente em dez tamanduás-bandeira monitorados por VHF na
região da Fazenda Santa Teresa no município de Boa Vista.......53

FIGURA 18 – Padrão do horário de atividade dos dez tamanduás-bandeira


monitorados por VHF durante o período de fevereiro de 2007 a
maio de 2008 na região da Fazenda Santa Teresa no município de
Boa Vista.......................................................................................53

FIGURA 19 – Concentração média (e desvio padrão) da atividade por horário de


localização de tamanduá-bandeira obtidas pelo método do GPS
modificado.....................................................................................54

FIGURA 20 Rotas de deslocamento realizadas por quatro tamanduás-bandeira


monitorados por GPS modificado. Vermelho: individuo 2; Preto:
individuo 4; Rosa: individuo 5 e Azul: individuo 8..........................56

FIGURA 21 – Esfregaço sanguíneo corado com panótico rápido onde se observa


microfilária. (setas). Coletado do tamanduá-bandeira número 1
capturado na Fazenda Santa Teresa no município de Boa Vista.
Foto: Dr. Paulo Sérgio Mattos.......................................................57
FIGURA 22 – Lesões encontradas no flanco esquerdo do tamanduá-bandeira 10
encontrado em 18/11/208 na região da Fazenda Santa Teresa,
possível resultado de encontro agonístico com outro tamanduá-
bandeira.........................................................................................63

FIGURA 23 – Local do provável encontro agonístico com atenção ao detalhe


(seta) para defecação como possível marcação territorial na região
da Fazenda Santa Teresa, Boa Vista............................................64

FIGURA 24 – Tamanduá-bandeira encontrado dormindo embaixo de caimbé,


após ser despertado pela equipe..................................................67

FIGURA 25 – Indivíduo 6 encontrado atropelado na rodovia RR 205 próximo a


Fazenda Santa Teresa..................................................................68
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Período de monitoração da população de tamanduás-bandeira


monitorados por rádio-telemetria VHF na região da Fazenda
Santa Teresa no município de Boa Vista..................................34

TABELA 2 – Área de vida por isolínea obtidas pelo método de Kernel Fixo
LSCV para dez indivíduos de tamanduás-bandeira monitorados
na região da Fazenda Santa Teresa no município de Boa
Vista..........................................................................................40

TABELA 3 – Área de vida por isolínea obtidas pelo método de Kernel Fixo
BVC para dez indivíduos de tamanduá-bandeira monitorados
na região da Fazenda Santa Teresa no município de Boa
Vista..........................................................................................40

TABELA 4 – Tamanho da área de vida de tamanduá-bandeira obtidas pelos


métodos de VHF e Kernel Fixo LSCV e BCV na região da
Fazenda Santa Teresa no município de Boa Vista...................41

TABELA 5 – Matriz de sobreposição da área de vida calculada pela


metodologia do Mínimo Polígono Convexo da população de
tamanduás-bandeira estudada no período de fevereiro de 2007
a maio de 2008 na Fazenda Santa Teresa, Boa Vista.............42

TABELA 6 – Área de vida dos tamanduás-bandeira monitorados na Fazenda


Santa Teresa obtidos por GPS modificado e calculados pelo
método do Mínimo Polígono Convexo (MPC)..........................44

TABELA 7 – Disponibilidade de habitats nas áreas de vida obtidas pelo


método do Mínimo Polígono Convexo dos dez tamanduás-
bandeira monitorados por VHF na Fazenda Santa
Teresa.......................................................................................46
TABELA 8 – Uso e disponibilidade de habitats inundáveis dos dez
tamanduás-bandeira monitorados por rádio-telemetria
convencional (VHF) durante o período de fevereiro de 2007 a
maio de 2008 na região da Fazenda Santa Teresa, município
de Boa Vista..............................................................................47

TABELA 9 Tipo de uso de habitat por método de monitoração por VHF dos
10 tamanduás-bandeira monitorados na área periurbana de
Boa Vista...................................................................................48

TABELA 10 – Porcentagem da atividade dos animais monitorados por


VHF...........................................................................................51

TABELA 11 – Resultados obtidos a partir das localizações dos quatros


tamanduás-bandeira monitorados por GPS modificado na
Fazenda Santa Teresa durante o período de fevereiro a maio
de 2008.....................................................................................55

TABELA 12 – Razão sexual de tamanduás-bandeira em diversos


estudos.....................................................................................58

TABELA 13 – Área de vida de tamanduá-bandeira em diferentes


estudos.....................................................................................59

TABELA 14 – Deslocamento de tamanduá-bandeira em diversos estudos


monitorados pelo método de GPS modificado.........................69

TABELA 15 – Comparação dos resultados hematológicos da população


estudada com literatura disponível...........................................70
SUMÁRIO

RESUMO....................................................................................................
ABSTRACT................................................................................................
LISTA DE FIGURAS..................................................................................
LISTA DE TABELAS..................................................................................
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................13
1.1 Características da Espécie.....................................................................13
1.2 Contextualização Ambiental..................................................................16
2 OBJETIVOS................................................... ..........................................19
2.1 Objetivo Geral..........................................................................................19
2.2 Objetivos Específicos.............................................................................19
3 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................20
3.1 Área de estudo........................................................................................20
3.2 Captura de marcação..............................................................................21

3.3 Rádio-telemetria......................................................................................23

3.3.1 Método de rádio-telemetria convencional – VHF .....................................24


3.3.2 Método GPS Modificado...........................................................................25
3.4 Área de Vida............................................................................................26
3.4.1 Método de rádio-telemetria convencional – VHF......................................26
3.4.2 Método GPS modificado...........................................................................28
3.5 Atividade e Uso de Habitat.....................................................................28
3.5.1 Método de rádio-telemetria convencional VHF.........................................29
3.5.2 Método GPS Modificado...........................................................................30
3.6 Deslocamentos e velocidades...............................................................30
3.7 Amostras biológicas...............................................................................30
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................33
4.1 Resultados...............................................................................................33
4.1.1 Área de Vida.............................................................................................34
4.1.1.1 Método de rádio-telemetria convencional – VHF......................................34
4.1.1.2 Método GPS modificado...........................................................................41
4.1.2 Uso de Habitat..........................................................................................44
4.1.2.1 Método rádio-telemetria convencional – VHF...........................................44
4.1.2.2 Método GPS modificado...........................................................................47
4.1.3 Atividade...................................................................................................48
4.1.3.1 Método de rádio-telemetria convencional – VHF......................................48
4.1.3.2 Método do GPS modificado......................................................................54
4.1.4 Amostras Biológicas..................................................................................57
4.2 Discussão................................................................................................58
4.2.1 Área de Vida.............................................................................................59
4.2.2 Atividade e Uso de Habitat........................................................................65
4.2.3 Amostras Biológicas..................................................................................69
5 CONCLUSÕES.........................................................................................72
REFERÊNCIAS........................................................................................74
APÊNDICE ..............................................................................................82
13

1 INTRODUÇÃO

1.1 Características da Espécie

O tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) pertence à família


Myrmecophagidae, Ordem Pilosa, Subordem Vermilingua (GARDNER,
2005). Ocorre em florestas e savanas, desde Belize e Guatemala até o
norte da Argentina (WETZEL, 1985), passando por todo o território
brasileiro. Diferente dos demais representantes da família, ele vive no solo,
utilizando uma variedade de habitats de baixa altitude.
A espécie não possui dimorfismo sexual conspícuo, e apresenta
hábitos solitários excetuando-se as fêmeas com filhotes, que podem
carregá-los nas costas por seis a nove meses. O período de gestação é de
142 a 190 dias, gerando apenas um filhote por vez. O intervalo entre os
nascimentos pode atingir nove meses (EISENBERG; REDFORD, 1999).
O tamanduá-bandeira é um dos mamíferos predadores mais
especializados, se alimentando basicamente de formigas e cupins
(REDFORD, 1985; 1986; MEDRI, 2002; MEDRI; MOURÃO; HARADA,
2003). Para isso, possuem adaptações morfológicas como formato
alongado do crânio, ausência de dentes, focinho e língua extremamente
compridos. Sua língua é viscosa e flexível, podendo chegar a um metro de
comprimento. Além disso, a espécie possui grandes glândulas salivares que
produzem um muco que auxilia na captura das presas (WALKER, 1975).
Aparentemente a dieta dos tamanduás-bandeira está relacionada
com a disponibilidade de formigas e cupins no local, podendo inclusive
variar sua proporção de acordo com a época e local (REDFORD, 1985;
1986; MONTGOMERY, 1985; SHAW; MACHADO-NETO; CARTER, 1987;
DRUMOND, 1992; MEDRI, 2002). Existe variação entre os gêneros de
formigas e cupins predados por tamanduás-bandeira em diversos locais
estudados, mas como consenso podem-se listar como principais os gêneros
de cupins Nasutitermes, Armitermes, Velocitermes, Diversitermes,
Cornitermes, Cortaritermes e de formigas Solenopsis, Camponotus, Azteca
e Crematogaster, Odontomachus (PEREZ, 2006).
14

Apesar de apresentarem visão e audição deficientes, o olfato desses


animais é quarenta vezes mais apurado que o do homem. Sua principal
defesa consiste nas garras dianteiras (SHAW E CARTER, 1980; SHAW et
al., 1985), utilizadas também para abrir formigueiros e cupinzeiros. Não é
um animal agressivo, mas se for ameaçado pode ferir profundamente seu
inimigo (REDFORD, 1994).
O tamanduá-bandeira possui uma capacidade limitada de construir
buracos ou subir em árvores tendo baixa taxa metabólica, sendo
relativamente lento (DRUMOND, 1994). Sua atividade varia de noturna
(LUBIN, 1983) a diurno-noturna (SHAW; CARTER; MACHADO-NETO,
1985; SHAW; MACHADO-NETO; CARTER, 1987).
A maioria das pesquisas feitas com a espécie aborda a dieta
(MONTGOMERY; LUBIN, 1977; REDFORD; DOREA, 1984; REDFORD,
1985; 1986; DRUMOND, 1992), padrões de forrageamento (LUBIN;
MONTGOMERY, 1981; LUBIN, 1983; MONTGOMERY, 1985), morfologia
(ROSSONI; MACHADO; MACHADO, 1981; NAPLE, 1999), energética
(McNAB, 1984; 1985) e parasitologia (DINIZ, COSTA, OLIVEIRA; 1995).
Os estudos de ecologia e área de vida no Brasil foram desenvolvidos
no Parque Nacional (PARNA) da Serra da Canastra (SHAW; MACHADO-
NETO; CARTER, 1987), no PARNA das Emas (MIRANDA, 2004) e no
Pantanal da Nhecolândia (MEDRI; MOURÃO, 2005; CAMILO-ALVES E
MOURÃO, 2007). Elas indicam uma variação na área de vida de 5,7 a 11,9
km2 para o Pantanal e PARNA das Emas, enquanto que no PARNA da
Canastra foi encontrada a média de 2,7 km2 para machos e 3,7 km2 para as
fêmeas.
Um estudo teórico, baseado em fatores bioecológicos, propôs o valor
de 9 km2 para a área de vida dos tamanduás-bandeira (PINTO DA
SILVEIRA, 1969). Em Masaguaral, nos Llanos venezuelanos foi estimada a
área de vida de 25 km2, bem superior à estimativa teórica e às estimativas
dos estudos realizados no Brasil (MONTGOMERY, 1985). O presente
estudo é o primeiro trabalho desenvolvido em área de savana no bioma
Amazônia que aborda essas questões. Não existem dados de tamanho de
área de vida de tamanduás-bandeira em floresta
15

Essas variações podem estar relacionadas a fatores biogeográficos,


interferência antrópica, diferenças no tipo de habitat e disponibilidade de
recursos, que podem refletir diferenças de abundância e comportamento
dos tamanduás-bandeira nestas áreas (MIRANDA, 2004).
Dentre a sua área de ocorrência, é relativamente abundante em
algumas localidades. Entretanto em outras, como em regiões do Uruguai e
Argentina é extremamente raro ou até mesmo já foi extinto. No Brasil
Central nos biomas Cerrado e Pantanal há algumas áreas em que os
tamanduás-bandeira são comuns, como nos PARNAs da Serra da Canastra
e das Emas. Porém, em outras são muito raros e difíceis de serem
observados (MIRANDA, 2004; PÉREZ, 2006).
Dentre os principais fatores que contribuem para o declínio das suas
populações estão a crescente destruição de habitat, o atropelamento e a
caça. Consta como vulnerável na lista de mamíferos ameaçados de
extinção do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis –
IBAMA (MMA, 2003) e na lista da União Internacional para Conservação da
Natureza (IUCN, 2003).
Apesar do constante declínio das populações de tamanduás-bandeira
em muitas regiões do Brasil, no estado de Roraima a espécie é
freqüentemente observada. A variedade de habitats e o (ainda) bom estado
de conservação das savanas são aparentemente fatores diretamente
relacionados com a abundância da espécie no Estado.
Considerando a fragilidade da espécie no Brasil e a falta de
informações sobre a ecologia e a biologia do tamanduá-bandeira na
Amazônia, em especial Roraima, se faz necessário ampliar esse
conhecimento a fim de manter o atual estado de conservação da espécie e
fornecer subsídios para as futuras estratégias de manejo e conservação do
tamanduá tanto no nível estadual como no nacional.
O tamanduá-bandeira é apontado na literatura sobre os aspectos
culturais e tradicionais de Roraima como ícone do estado (SEBRAE, 2004).
Por seu carisma e ampla simpatia que possui junto à população pode ser
utilizada como espécie símbolo (“bandeira”) para a preservação destas
savanas do norte amazônica.
16

1.2 Contextualização Ambiental

O Estado fica situado na parte mais setentrional da Amazônia


brasileira, ocupando uma área de 225.116,1 km2, com relevo e cobertura
vegetal altamente diversificada, apresentando um mosaico de
fitofisionomias, muitas vezes se revezando de forma abrupta (SILVA, 1997),
além de alta diversidade em flora e fauna (RAFAEL et al., 1997) e enorme
abundância em recursos hídricos (figura 1).

Roraima está localizada entre as coordenadas 5º12’ N e 1º24’ S,


ocupa 4,5% da Amazônia Legal, e faz fronteiras internacionais com a
República Bolivariana da Venezuela e com a República Cooperativista da
Guiana, além dos Estados do Amazonas e Pará. Pode ser dividido em três
grandes sistemas ecológicos: florestas, campinas-campinaranas e savanas
ou cerrados (BARBOSA; COSTA e SOUZA; XAUD, 2005; BARBOSA;
MIRANDA, 2005).

Cerca de 17% de sua área é recoberta por savanas, conhecida


popularmente por “Lavrados”. A capital Boa Vista está localizada nesse
domínio fitofisionômico, anteriormente também definido como a formação
dos “Campos de Roraima” ou “Campos do rio Branco” (BRASIL, 1975).

Em Roraima as savanas representam a maior área contínua deste


tipo de vegetação aberta encontrada no bioma Amazônia, se diferenciando
pelo isolamento (disjunção) de fitofisionomias semelhantes encontradas nos
Cerrados do Brasil Central. Sua área aproximada é de 43.000km2, sendo
definida como a ecorregião das “Savanas das Guianas” (CAPOBIANCO,
2001).

Apesar de demonstrarem a mesma aparência e estrutura física


devido à descontinuidade geográfica, as características de solo, relevo,
clima, etc. determinam especificidades ecológicas e florísticas que
distinguem as savanas amazônicas de outras áreas de cerrado no Brasil
(BARBOSA; COSTA e SOUZA; XAUD, 2005; BARBOSA et al., 2007).
17

Figura 1 – Mapa do estado de Roraima demonstrando suas principais


fitofisionomias, Unidades de Conservação, Terras Indígenas, principais
rodovias e o município de Boa Vista. No detalhe sua localização na América
do Sul.

Devido aos diferentes gradientes físicos, bióticos e mosaicos de


vegetação, Roraima pode contribuir muito para o conhecimento da fauna
amazônica (NUNES; BOBADILLA, 1997). As condições biogeográficas,
18

ecológicas e a presença de barreiras como rios, serras ou tipos de


vegetação favorecem a criação e a manutenção de espécies endêmicas ou
de localização restrita (GOMES, 1997).

Na área de estudo, localizada na região Oeste-Sudoeste da capital


Boa Vista encontram-se lagos associado às savanas, brejos e veredas
constituindo importante complexo de manutenção de biodiversidade
faunística e florística e um sistema de nascentes e cabeceiras que
alimentam os grandes rios da área urbana (MENESES; COSTA, 2005).
19

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar a área de vida, o uso do habitat, o padrão de atividade e


hematológico de tamanduá-bandeira em área de Savana no perímetro
periurbano do município de Boa Vista.

2.2 Objetivos Específicos

 Determinar a área de vida da espécie nas savanas de Boa


Vista por rádio-telemetria por meio dos métodos de VHF e GPS.
 Comparar as áreas de vida de tamanduá-bandeira calculadas
pelos métodos de Kernel Fixo e Mínimo Polígono Convexo.
 Avaliar a disponibilidade de habitat na área de vida de cada
tamanduá-bandeira monitorado assim como seu uso.
 Definir o padrão de atividade da espécie de acordo com o
horário e temperatura.
 Determinar a velocidade e a distância de deslocamento da
espécie.
 Estimar os padrões hematológicos para a espécie em vida
livre.
 Verificar o papel do tamanduá-bandeira como reservatório de
Leishmania sp.
20

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

O trabalho foi desenvolvido na região Oeste-Sudoeste de Boa


Vista onde se encontram lagos associado às savanas, brejos e veredas
constituindo importante complexo de manutenção de biodiversidade
faunística e florística e um sistema de nascentes e cabeceiras que
alimentam os grandes rios da área urbana (figura 2). Nessa área se
encontram as cabeceiras das principais bacias hidrográficas da região
urbana: Grande e Caranã (MENESES; COSTA, 2005).

Figura 2 – Imagem de Satélite demonstrando a área de estudo na região


periférica do município de Boa Vista. Fonte: GOOGLE, 2008.

A área ocupa 25,9 km2, apresenta bom estado de conservação e


de acordo com o Plano Diretor Estratégico é destinada para a expansão
urbana (PDE, 2005). Várias fazendas e chácaras margeiam a área de
21

estudo, por onde passam a estrada RR-205 sentido Município de Alto


Alegre e o Anel Viário que une a BR-174 nos sentidos norte e sul.
O solo da região é predominantemente composto por latossolo
amarelo podendo estar associado a plintossolo e gleissosolo nas áreas
alagadas e neossolo flúvico às margens dos rios e igarapés (PDE,2005).
De acordo com a classificação de Köppen o clima é Awi
(equatorial sem estações frias) com temperaturas médias de 27,4°C e
amplitudes térmicas que não ultrapassam 5°C (PDE, 2005). A média da
precipitação durante os anos de 1910 a 2003 do município de Boa Vista
foi de 1612 ±400 mm. O clima pode ser dividido em duas estações, uma
seca e outra chuvosa. Os meses mais chuvosos vão de maio a agosto
(±70% da precipitação anual) e os mais secos de dezembro a março
(±10% da precipitação anual). A umidade relativa do ar fica entre 66 e
82% (BARBOSA, 1997; BARBOSA et al., 2007).
A Fazenda Santa Teresa serviu de base para a pesquisa e está
localizada nas coordenadas geográficas 02°51’ N 60°45’ W (sede).
Todos os indivíduos monitorados foram capturados dentro da área da
referida fazenda.

3.2 Captura e Marcação

Para a captura, os animais eram procurados (a pé ou por veículo


quatro por quatro) seguindo os sinais indiretos (pegadas e/ou fezes) até
a sua visualização. Os animais eram então contidos com o uso de laços,
cambões e puçás (figura 3).
Após a contenção física os animais foram submetidos à
contenção química com o anestésico dissociativo tilatemina-zolazepam
via intramuscular na dose de 2,0 mg/kg (MEDRI, 2002; MEDRI;
MOURÃO, 2005). Para evitar acidentes, as garras dos membros
anteriores dos animais foram contidas com fita adesiva. Durante o
manuseio, foram monitoradas as freqüências cardíaca (FC) e respiratória
(FR), temperatura retal (TR), o estado geral do animal, presença de
ectoparasitas, cicatrizes e outras marcas.
22

Figura 3 – Contenção física de tamanduá-bandeira com auxílio de laço e


cambões na Fazenda Santa Teresa, Boa Vista, Roraima.

Anestesiado, o espécime foi pesado e as medidas morfométricas


aferidas. Com paquímetro e fita métrica foram averiguados o
comprimento rostro-anal e da cauda; assim como o comprimento, largura
e circunferência do crânio, tórax, focinho, orelha, garra e membros
anterior e posterior. A marcação foi realizada por meio de colocação de
brincos de metal numerados individualmente e foram realizados cortes
dos pêlos da cauda para evitar a recaptura. Coletas de sangue foram
realizadas para análises hematológicas. Os animais eram então
equipados com rádio-coletes (figura 4).
Após a manipulação, os tamanduás-bandeira foram mantidos por
cerca de quatro horas dentro de uma caixa de contenção para evitar que
se machucassem e observados até a completa recuperação dos efeitos
da sedação e foram sempre liberados no mesmo local da captura. Os
23

pontos de captura/soltura foram marcados com aparelho GPS (Sistema


de Posicionamento Global).

Figura 4 – Tamanduá-bandeira equipado com rádio-colete e marcado com


cortes de pêlo da cauda na Fazenda Santa Teresa, Boa Vista, Roraima.

3.3 Rádio-telemetria

A técnica da rádio-telemetria utilizada no atual estudo é empregada


desde os anos 50. O termo telemetria refere-se às metodologias que utilizam
o princípio da rádio transmissão para quantificar fenômenos biológicos, à
distância. Os primeiros trabalhos envolvendo a transmissão de dados
biológicos por rádio ocorreram no final da década de 50. A rádio transmissão
depende de quatro unidades básicas: um transmissor, um receptor e duas
antenas, uma para a transmissão e outra para a recepção do sinal
(KENWARD, 1987; PIOVEZAN; ANDRIOLO, 2006).
24

3.3.1 Método de rádio-telemetria convencional – VHF

Dez tamanduás-bandeira adultos de ambos os sexos foram


selecionados para a rádio-telemetria com o uso de um rádio-colete. Os
animais foram monitorados diariamente pelo maior tempo possível, entre
fevereiro de 2007 e maio de 2008, não necessariamente ao mesmo
tempo. Ao longo deste período foram realizadas oito campanhas de 16
dias, porém durante o intervalo entre elas os animais continuavam a ser
monitorados a cada dois ou três dias para que o rádio sinal não fosse
perdido. Durante o período noturno os animais foram monitorados com o
auxilio de binóculos de visão noturna e lanternas.
Os registros foram obtidos seguindo o rádio-sinal captado até a
visualização do animal ou em raras vezes por triangulação, quando a
localização foi marcada com receptor de GPS E-trex Vista CX o qual
apresenta acurácia estimada entre três e cinco metros.
O equipamento utilizado para este trabalho é fabricado pela DIST
INJECT, consistindo de transmissores VHF adaptados a rádio-coletes. As
unidades pesam cerca de 36g cada uma e foram localizados com antena
direcional tipo “H” e receptor YESU VR-500 (figura 5).
A data, horário do encontro, condições climáticas e atividade do
animal eram registrados em cada observação de campo independente se
estavam sendo monitorados por rádio-telemetria. Os comportamentos
específicos (forrageamento, reprodução, e outros) foram registrados
através de fotografias e filmagens quando possível.
Para garantir independência entre as amostras o horário de
monitoração foi definido por sorteio a partir da divisão das 24hs do dia em
oito períodos de três horas, fazendo com que os animais fossem
monitorados em todos os horários por duas vezes a cada campanha de 16
dias. Desta forma foi possível verificar as localizações e a atividade dos
tamanduás-bandeira durante todo o período diário evitando tendência em
obter mais observações em determinado horário.
25

(a) (b)

(d)

(c) (d)

Figura 5 – Equipamentos utilizados durante o período de monitoração: (a)


antena direcional tipo H, (b) GPS, (c) rádio-colete com transmissor VHF e (d)
receptor.

3.3.2 Método GPS Modificado

Seis indivíduos foram também monitorados por GPS modificado, o


qual consiste em um receptor GPS alimentado por um conjunto de 4 pilhas
alcalinas tamanho D acoplado ao rádio-colete com o transmissor VHF
(MOURÃO; MEDRI, 2002). O equipamento foi envolto por resina
odontológica para evitar alagamento. Os tamanduás-bandeira que já
estavam sendo monitorados pelo método do VHF foram selecionados
aleatoriamente para o uso do aparelho GPS (figura 6).
O equipamento GPS foi programado para registrar um ponto a cada
15 minutos. Após o período de 21 dias os animais eram recapturados e
soltos apenas com o equipamento VHF, para que a monitoração com
rádio-telemetria convencional continuasse.
O peso do equipamento total não deve ultrapassar 6% do peso do
animal (BRANDER; COCHRAN, 1971).
26

Figura 6 – Indivíduo de tamanduá-bandeira equipado com rádio-colete


e receptor GPS modificado na Fazenda Santa Teresa, Boa Vista,
Roraima. Foto: David Maurício Ossa Restrepo.

3.4 Área de Vida

3.4.1 Método de rádio-telemetria convencional – VHF

Os dados obtidos durante monitoração foram analisados para obter a


área de vida através do método do Mínimo Polígono Convexo (MPC)
(MOHR, 1947) e pelo método Kernel Fixo (WORTON, 1989; POWELL,
2000). O MPC consiste na ligação dos pontos referentes às localizações
dos animais de modo a formar um polígono sem lados côncavos (MOHR,
1947).
O método de Kernel consiste de um método não-paramétrico para
estimar a probabilidade de densidade de um determinado grupo de pontos
onde se determina o fator de suavização (h) que pode ser variável (Kernel
Adaptativo) ou fixo (WORTON 1989, POWELL, 2000).
27

A fim de comparar dois métodos de Kernel Fixo, foram selecionadas


as opções LSCV (Least Square Cross Validation) e BCV (Biased Cross
Validation). O LSCV calcula automaticamente o fator de suavização,
buscando encontrar o valor de “h” que minimize o MISE (mean integrated
square error), minimizando os erros estimados entre a densidade real e a
densidade estimada pelo método.
Por outro lado o método de BCV busca por valores de “h” que
minimizem o AMISE (asymptotic mean integrated square error). AMISE é
uma amostra maior (n>50) da aproximação do MISE, o que permite uma
indicação mais direta do desempenho dos valores de “h”. Assim como o
LSCV, o BVC minimiza os erros estimados entre a densidade real e a
densidade estimada pelo método (RODGERS; CAR, 1998; RODGERS;
CAR, 2002).
Dentro do método do Kernel Fixo foram definidas várias curvas
(isolíneas) com diferentes porcentagens (55%, 65%, 75%, 85% e 95%) das
localizações obtidas por indivíduo, para facilitar a comparação com outros
estudos (MITCHEL, 2006).
Para os cálculos da área de vida foi utilizado o software Home Range
Tools versão 1.1 (RODGERS; CAR, 2002) para o programa ArcViewtm
versão 9.x (ESRI, 2006).
As áreas de vida de machos e fêmeas foram estatisticamente
comparadas por teste t bicaudal, com α = 0,05 e as áreas de vida
calculadas entre os três métodos (MPC e Kernel Fixo LSCV e BCV) pelo
teste t pareado para verificar se houve diferença significativa entre os
métodos.
Foram definidas as curvas de número de localizações por área
acumulada para estimar se o esforço teria atingido inequivocamente a
assíntota, podendo indicar se as áreas de vida foram subestimadas.
28

3.4.2 Método GPS modificado

Foi utilizado o método do MPC (MOHR, 1947), para o cálculo da área


de vida dos tamanduás-bandeira equipados com o GPS modificado a fim de
obter comparação com outros estudos. De acordo com Rodrigues et al.
(2008) o uso do referido método durante cerca de sete dias pode ser similar
à monitoração com VHF durante seis a 12 meses. Estudos revelam que 10
dias de monitoração intensiva com GPS seriam suficientes para obter a
assíntota em áreas de vida monitoradas diariamente com o método de VHF.
Para selecionar as localizações utilizadas para o calculo do MPC
foram elegidos os pontos através da adaptação da metodologia proposta
por Camilo-Alves e Mourão (2006), na qual se considera o animal ativo
quando a distância entre duas localizações consecutivas são superiores a
30 metros (m) e a permanência em um mesmo ponto é inferior a 10
minutos, porém no presente estudo a distancia considerada entre as duas
localizações foi de dez metros. As demais localizações foram
desconsideradas nesse cálculo.
As informações obtidas pelo GPS modificado que foram utilizadas
para o cálculo da área de vida pelo software Home Range Tools versão 1.1
(RODGERS; CAR, 2002) para o programa ArcViewtm versão 9.x (ESRI,
2006).

3.5 Atividade e Uso de Habitat

Com base em imagens de satélite Quickbird de outubro de 2005


(60x60 panchromatic) e visitas em campo foi possível produzir por
classificação manual, na escala de 1:2.000, um mapa das classes de
fisionomias existentes na área de estudo utilizando o software ArcView 9.x
(ESRI, 2006).
Foram identificados 12 tipos de habitats: buritizal, capoeira, floresta,
ilha de mata, lago, savana gramíneo-lenhosa, savana parque, savana
sazonalmente inundada, buffer de estrada, chácaras, savana parque
29

degradada e área urbana. A classificação da vegetação foi baseada nos


trabalhos de Barbosa, Costa e Souza e Xaud (2005).
Buffer de estrada se refere a uma área de 50 metros de influência
das estradas. A savana parque degradada são áreas de pasto que foram
abandonadas e chácaras são propriedades particulares que apresentam
alguma área aberta e arborização predominantemente composta por acácia
(Acacia mangium Willd.) e manga (Mangifera indica L.). O habitat lago se
refere às nascentes e aos lagos perene e temporário
Os habitats foram divididos em três subclassificações: ambiente
antrópico (buffer de estrada e chácaras), ambiente aberto (lago, savana
gramíneo-lenhosa, savana parque, savana parque degradada e savana
sazonalmente inundada) e ambientes florestais (buritizal, ilha de mata e
floresta).
Esse mapa foi a base para definir a proporção de ocorrência dos
habitats em cada área de vida dos indivíduos monitorados por VHF e GPS.

3.5.1 Método de rádio-telemetria convencional VHF

Os pontos de localização encontrados durante o período de


monitoração foram sobrepostos ao mapa gerado com auxílio da ferramenta
Spatial Join do software ArcView 9.x (ESRI, 2006) permitindo que cada
ponto tivesse seu habitat identificado. Foi também analisado o uso de
habitas inundáveis (buritizal, lago e savana sazonalmente inundada) em
comparação com o tamanho das áreas de vida dos dez tamanduás-
bandeira monitorados por VHF
Durante o período de monitoração do método do VHF foram definidos
dois níveis de atividade: deslocando (animal caminha em direção constante
e sem movimentos de forrageio) e forrageando (o individuo está se
alimentando, com o focinho no ninho de formigas ou cupins ou utilizando a
garra dianteira durante o forrageio) e um de inatividade, quando o indivíduo
estava dormindo.
O período do dia foi classificado em oito partes de três horas,
iniciando as 24:00h e a temperatura ambiente foi dividida a cada 2 graus
30

Celcius (°C), no intervalo aferido, entre 20 e 36°C. Foram calculados os


horários de atividade e inatividade por gráficos de freqüência a partir das
observações gerados pelo programa estatístico R versão 2.6.2 (2008).

3.5.2 Método GPS Modificado

O método do GPS modificado (MOURÃO; MEDRI, 2002) permitiu que


a atividade dos animais fosse classificada adaptando a metodologia
proposta por Camilo-Alves e Mourão (2006) e seguida por Miranda (2004)
conforme citado na seção 3.4.2.
As rotas foram sobrepostas aos mapas gerados permitindo o
conhecimento sobre o uso do habitat. Da mesma maneira que no método do
VHF foram gerados os gráficos de freqüência de acordo com o número de
observações de atividade, habitat e horário.

3.6 Deslocamentos e velocidades

O método do GPS modificado (MOURÃO; MEDRI, 2002) permitiu que


fossem calculados as distâncias percorridas e a velocidade de
deslocamento dos indivíduos durante o período de monitoração.
Foram calculadas as distâncias e velocidades mínima, máxima e
média diárias e totais com auxílio do programa GPS TrackMaker
Professional versão 4.3 . Para o cálculo da média de distância diária
percorrida pelos animais com rádio-colete com GPS, foram desprezadas as
primeiras 24h de monitoração devido ao estresse de captura e anestesia, o
que poderia interferir nos resultados.

3.7 Amostras biológicas

As amostras de sangue foram coletadas das veias safena lateral e/ou


femoral (figura 7). As amostras de sangue total foram analisadas no Museu
31

Integrado de Roraima – MIRR onde foram realizados exames de pesquisa


de hematozoários além de hemogramas completos.
A pesquisa de hematozoários foi realizada em esfregaço sanguíneo
das amostras (SILVEIRA, 1988; SWANGO et al., 1992; HOSKINS, 1993),
corado através da imersão em solução metílica de triarilmetano a 0,1%,
seguido da imersão em solução de xantenos 0,1% e outra em tiazinas a
0,1% (panótico rápido).
Quanto a hematimetria, os estudos da série vermelha foram
realizados através da mensuração quantitativa da hemoglobina, pelo
método da cianometahemoglobina, contagem eritrocitária em câmara de
Neubauer com microscópio óptico, além do microhematócrito e
determinação dos valores absolutos da hemoglobina globular média
(BOROVICZENY, 1964; BROWN, 1976).

Figura 7 – Coleta de sangue de tamanduá-bandeira através da


veia safena femoral. Foto: José Julián Rodriguez Quitiaquez.

Nos estudos da série branca foi realizada a contagem em câmara de


Neubauer e a tipificação leucocitária com a mesma lâmina de esfregaço da
32

pesquisa de hematozoários. Com estes resultados, foram calculadas as


distribuições das classes leucocitárias percentuais e totais (GARCIA-
NAVARRO; PACHALY, 1994). A contagem trombócitária também foi
realizada em câmara de Neubauer .
Foram calculados as médias e desvio padrão a fim de comparar com
a bibliografia científica disponível sobre o assunto.
A Secretaria Municipal de Saúde através do Centro de Controle de
Zoonoses realizou imunodiagnóstico através do teste ELISA (Enzyme
Linked Immuno Sorbent Assay) em todos os indivíduos capturados para
pesquisa de Leishmaniose.
Amostras de cerúmen das orelhas dos indivíduos e raspados de pele
foram analisadas em busca de fungos pelo laboratório médico veterinário
Art Dog1. Após a coleta, foi realizado esfregaço e as amostras foram
coradas em panótico rápido.

1
Laboratório Art Dog. Laboratório de Patologia Clínica Veterinária de responsabilidade
da Dra. Denise Salgado. SHCGN – CLR 714, Bloco F, loja 16. Brasília, DF.
33

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Resultados

Foram realizadas 35 capturas de 21 indivíduos (12 fêmeas e nove


machos) pesando entre 12,5 – 45,0 kg, média de 30,19 ± 7,21 kg (figura 8,
APÊNDICE A). A razão sexual das capturas foi de 1:1,33, equivalendo a
57,14% de fêmeas (N=21).
Dez animais presumivelmente adultos (27 ~ 38,5 kg) foram
selecionados para o uso de rádio coletes, cinco fêmeas e cinco machos
durante período de fevereiro de 2007 a maio de 2008 (tabela 1). Em seis
espécimes foram fixados também o receptor GPS. Os rádio-coletes adaptados
com o receptor GPS modificado pesaram 1,5 kg.

48

42

36

30
Peso (kg)

24

18

12

0
140 160 180 200 220 240
Comprimento Total (cm)

Macho Fêmea

Figura 8 – Peso e comprimento de 21 tamanduás-bandeira


capturados durante o período de fevereiro a maio de 2008 na
Fazenda Santa Teresa no município de Boa Vista.
34

Tabela 1 – Período de monitoração da população de


tamanduás-bandeira monitorados por rádio-telemetria
VHF na região da Fazenda Santa Teresa no município
de Boa Vista.

Indivíduo Peso Kg Sexo Período de Monitoração

Início Término
1 31 F 25/04/2007 01/05/2008
2 31,5 F 30/11/2007 09/05/2008
3 30 F 02/04/2007 19/01/2008
4 32 F 03/04/2007 09/05/2008
5 27 F 09/11/2007 14/04/2008
6 35 M 02/04/2007 05/11/2007
7 29 M 28/02/2008 02/05/2008
8 30,5 M 28/02/2008 09/05/2008
9 37 M 04/05/2007 17/01/2008
10 38,5 M 14/08/2007 18/11/2007

4.1.1 Área de Vida

4.1.1.1 Método de rádio-telemetria convencional – VHF

O tamanho médio da área de vida dos tamanduás-bandeira nas


savanas de Boa Vista utilizando a rádio-telemetria convencional (VHF) pelo
método do MPC foi de 4,35 ±2,94 km2, pelo método de Kernel Fixo (KF)
BVC (95% das localizações) de 10,89 ±9,29 km2, pelo método do Kernel
Fixo LSCV (95%) foi de 3,57 ±6,2 km2 (figura 9, 10 e 11).
Foram definidas curvas com diferentes porcentagens (55%, 65%,
75%, 85% e 95%) das localizações obtidas por indivíduo para os métodos
de LSCV e BCV, a fim de facilitar a comparação com outros estudos (tabela
2 e 3).
Não houve diferença significativa entre as áreas de vida de machos e
fêmeas calculadas tanto método do MPC (t0,05(2)10= 0,5694, p= 0,5848) como
pelos dois métodos de Kernel Fixo (BVC: t0,05(2)10= 0,7961, p= 0,4586;
35

LSCV: t0,05(2)10 = -1,3157, p = 0,2583). A área média de vida pelo método do


MPC foi de 3,8 ±3,19 km2 para os machos e de 4,9 ±2,92 km2 para as
fêmeas. Pelo método do Kernel Fixo BVC (95%) as áreas respectivas foram
de 13,28 ±12,23 e 8,5 ±5,5 km2. Pelo método do Kernel Fixo LSCV (95%) as
áreas de machos foram 6,07 ±8,42 km2 e fêmeas de 1,09 ±0,42 km2 (tabela
4).
As áreas de vida média calculadas entre os métodos MPC e Kernel
Fixo BCV diferiram significativamente pelo teste t pareado (t0,05(2)20= 2,878,
p= 0,01824). Os valores das áreas de vida pelo método do MPC foram
menores que os valores encontrados pelo método do Kernel Fixo BVC
(95%).
Entre os métodos de Kernel Fixo LSCV e BVC houve diferença
significativa (t0,05(2)20= 4,1517, p= 0,002478), já entre os métodos MPC e
Kernel Fixo LSCV as médias de área de vida não diferiram
significativamente (t0,05(2)20= 0,4733, p= 0,6473). O número de localizações
obtidas para cada tamanduá-bandeira variou devido à data de captura e
acessibilidade.
Todos os animais estudados apresentaram sobreposição de área. A
porcentagem de sobreposição das áreas de vida para pares de indivíduos,
calculadas pelo método do MCP, variou de 0 a 99,8% com média de 31%,
área média de sobreposição de 1,19 ±1,25 km2. Entre as fêmeas, a
sobreposição variou de 0 a 99,4%, ou 1,25 ±1,55 km2, entre machos de 0 a
72%, ou 0,96 ±1,29 km2, e entre fêmeas e machos a sobreposição foi de 0 a
99,8%, ou 1,22 ±1,20 km2 (tabela 5).
O indivíduo número 3 (fêmea, 30kg) apresentou sobreposição com
todos os demais tamanduás estudados. Os tamanduás de número 2, 5, 7 e
8 apresentaram sobreposição com seis indivíduos, o tamanduá número 6
teve a área sobreposta por 7 indivíduos e os de número 1 e 9 com cinco
tamanduás-bandeira. Apenas os de número 4 e 10 apresentaram
sobreposição com três tamanduás.
Observando as curvas de área de vida acumulada de acordo com o
número de localizações por VHF, pode-se notar que os tamanduás-bandeira
de número 2 a 5 demonstraram estabilização entre as localizações de
as localizações 60 e 80, mantendo-se então estável (figura 12).

Figura 9 – Área de vida de 10 indivíduos de tamanduá-bandeira utilizando o método Mínimo Polígono Convexo
número 50 e 60, apresentando um pequeno aumento na área de vida entre
36

(MPC) monitorados na região da Fazenda Santa Teresa no município de Boa Vista. Imagem base do satélite
Landsat TM de 2004.
Figura 10 – Área de vida de 10 indivíduos de tamanduá-bandeira utilizando o método Kernel Fixo BCV (95%)
37

monitorados na região da Fazenda Santa Teresa no município de Boa Vista. Imagem base do satélite
Landsat TM de 2004.
38

Figura 11 – Mapa de classificação da paisagem da Fazenda Santa Teresa,


as linhas negras representam as isolíneas produzidas pelo método do
Kernel LSCV que representam de 55% (primeira linha interna) a 95% (linha
externa) da área de vida dos 10 tamanduás-bandeira monitorados.
39

Figura 11 – CONTINUAÇÃO. Mapa de classificação da paisagem da


Fazenda Santa Teresa, as linhas negras representam as isolíneas
produzidas pelo método do Kernel LSCV que representam de 55%
(primeira linha interna) a 95% (linha externa) da área de vida dos 10
tamanduás-bandeira monitorados.
40

Tabela 2 – Área de vida por isolínea obtida pelo o método


de Kernel Fixo LSVC para dez indivíduos de tamanduá-
bandeira monitorados na região da Fazenda Santa Teresa
no município de Boa Vista.

Área de Vida (km2)


Isolínea
Sexo
Indivíduo 55% 65% 75% 85% 95%
1 F 1.19 1,61 2,14 2,90 4,31
2 F 2,11 2,94 3,82 5,05 7,22
3 F 3,74 5,48 7,85 11,43 18,15
4 F 1,63 2,37 3,18 4,38 6,78
5 F 1,77 2,32 3,02 4,11 6,08
6 M 0,43 0,57 0,81 1,12 1,84
7 M 1,50 2,01 2,56 3,50 5,23
8 M 2,15 2,73 3,52 4,77 7,25
9 M 9,25 11,94 15,53 20,66 30,55
10 M 6,40 8,31 10,79 14,53 21,55
Média Total 3,02 4,03 5,32 7,24 10,90
Desvio Padrão ±2,75 ±3,55 ±4,64 ±6,23 ±9,29

Tabela 3 – Área de vida por isolínea obtida pelo o método


de Kernel Fixo BVC para dez indivíduos de tamanduá-
bandeira monitorados na região da Fazenda Santa Teresa
no município de Boa Vista.

Área de Vida (km2)


Sexo Isolínea

Indivíduo 55% 65% 75% 85% 95%


1 F 0,47 0,64 0,84 1,14 1,70
2 F 0,21 0,32 0,47 0,69 1,07
3 F 0,31 0,43 0,58 0,84 1,27
4 F 0,13 0,20 0,29 0,40 0,64
5 F 0,17 0,24 0,35 0,51 0,79
6 M 0,05 0,08 0,10 0,15 0,23
7 M 0,07 0,10 0,14 0,20 0,32
8 M 1,35 1,73 2,22 2,94 4,52
9 M 7,07 8,95 11,24 14,43 20,63
10 M 1,13 1,54 2,21 3,04 4,59
Média Total 1,10 1,42 1,84 2,43 3,58
Desvio Padrão ±2,15 ±2,71 ±3,39 ±4,34 ±6,20
41

Tabela 4 – Tamanho da área de vida de tamanduá-bandeira obtida pelos


métodos de VHF e Kernel Fixo LSCV e BCV na região da Fazenda Santa
Teresa no município de Boa Vista.

Ind. Peso Sexo N. Esforço Área de Vida (km2)


Kg localizações em dias
MPC Kernel Kernel
100% (BVC) (LSCV))
95%
1 31 F 166 191 3,5 4,31 1,7
2 31,5 F 79 92 4,28 7,22 1,07
3 30 F 85 138 9,49 18,15 1,26
4 32 F 171 205 5,57 6,78 0,64
5 27 F 81 85 1,68 6,08 0,79
6 35 M 77 101 1,26 1,84 0,23
7 29 M 53 55 1,88 5,23 0,32
8 30,5 M 50 55 2,31 7,25 4,51
9 37 M 33 61 9,09 30,55 20,63
10 38,5 M 41 67 4,45 21,55 4,58
Total 30,5 5 254 4,9 8,51 1,09
F ±1,98 ±2,92 ± 5,5 ±0,42
Total 34 5 582 3,8 13,28 6,07
M ± 4,12 ±3,19 ±12,23 ±8,42
Total 32,15 10 836 4,35 10,9 3,57
Geral ±3,61 ±2,94 ± 9,3 ±6,2

Os indivíduos de número 1 e 6 estabilizaram a área de vida entre as


localizações número 40 e 60, enquanto os indivíduos 7 e 8 mostram
estabilização entre as localizações 30 e 40, enquanto o indivíduo 7
demonstrou um pequeno aumento entre as localizações 50 e 60. O
indivíduo 9 não estabilizou a curva, podendo indicar uma área de vida
subestimada.

4.1.1.2 Método GPS modificado

Dos seis indivíduos monitorados com GPS modificado, apenas quatro


não apresentaram problema de alagamento e conseqüente perda do sinal.
Os quatro indivíduos monitorados por esse método (MOURÃO; MEDRI,
2002) por períodos de 17 a 20 dias diferença no tamanho de das áreas de vida
42

quando comparadas com o método da rádio-telemetria convencional por VHF


e calculados pelo método do MPC (tabela 6).

Tabela 5 – Matriz de sobreposição da área de vida calculada pela metodologia do


Mínimo Polígono Convexo da população de tamanduás-bandeira estudada no
período de fevereiro de 2007 a maio de 2008 na Fazenda Santa Teresa, Boa Vista.

Indivíduos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Sexo F F F F F M M M M M
1 F 100 0 32,66 0 24,06 2 14,61 9,91 0 0
2 F 0 100 99,47 0 2,13 20,89 18,37 24,28 25,62 0
3 F 12 44,83 100 0,07 12,53 13,22 13,85 19,42 27,64 0,53
4 F 0 0 0,1 100 0 0 0 0 81,46 54,13
5 F 50,12 5,42 70,81 0 100 1,2 18,29 68,35 0 0
6 M 5,58 71,06 99,84 0 1,6 100 57,65 22,32 0,45 0
7 M 27,13 41,73 69,78 0 16,31 8,49 100 31,69 0 0
8 M 44,83 44,92 79,73 0 49,65 2,13 25,81 100 0 0
9 M 0 12,04 28,83 9,92 0 0,06 0 0 100 35,5
10 M 0 0 1,13 7,78 0 0 0 0 72,52 100

Os tamanduás número 5 e 8 apresentaram área de vida maior que a


aferida durante 5 e 3 meses, respectivamente. No entanto os tamanduás 2 e 4
(monitorados por 5 e 13 meses respectivamente) apresentaram área de vida
maior com o método do VHF, apesar da área do tamanduá número 4 incluir
pontos fora da área obtida pelo MPC com VHF (figura 13).
43

Figura 12 – Curva de área de vida acumulada dos 10 tamanduás-bandeira


monitorados pelo método do Mínimo Polígono Convexo nas savanas de Boa
Vista de acordo com o número de localizações.
44

Tabela 6 – Área de vida dos tamanduás-bandeira monitorados na


Fazenda Santa Teresa obtidos por GPS modificado e calculadas pelo
método do Mínimo Polígono Convexo (MPC).

Indivíduo Sexo N. Período Área


Pontos (km2)
MPC
2 F 1229 29/02 a 17/03/2008 2,92
4 F 910 21/03 a 08/04/2008 2,92
5 F 1364 20/03 a 8/04/2008 1,87
8 M 1403 29/02 a 17/03/2008 3,13
Média Desvio 2,57
Padrão ±0,61
Fêmeas
Média Desvio 2,71
Padrão Total ±0,57

4.1.2 Uso de Habitat

Foram diferenciados 12 tipos de habitats entre naturais e


antropizados, os quais foram divididos em três classes: ambiente antrópico
(buffer de estrada de 50m e chácaras), ambientes abertos (lago, savana
gramíneo-lenhosa, savana parque, savana parque degradada e savana
sazonalmente inundada) e ambientes florestais (buritizal, ilha de mata e
floresta).

4.1.2.1 Método rádio-telemetria convencional – VHF

Avaliando a disponibilidade de habitat das áreas de vida dos 10


indivíduos estudados, nota-se que a maioria é composta por elementos
vegetacionais abertos, compondo 76,08% da área, incluindo savanas dos
tipos: gramíneo-lenhosa, parque, parque degradada, sazonalmente
inundada, seguida por buritizais, áreas de chácaras, estradas, lagos,
florestas e ilhas de mata (tabela 7).
45

Figura 13 – Área de vida dos tamanduás-bandeira pelo método do


Mínimo Polígono Convexo com VHF e rotas de deslocamento
adquiridas com o GPS modificado nos diferentes tipos de habitat na
região da Fazenda Santa Teresa, perímetro urbano de Boa Vista.
46

Os tamanduás-bandeira número 3 e 9 com as maiores áreas de vida


(respectivamente 9,49 km2 e 9,09 km2) apresentaram respectivamente
14,94% e 20,02% de área inundável e 16,o9% e 11,43% de localizações
obtidas nesse tipo de ambiente. Apenas os tamanduás-bandeira número 3 e
10 utilizaram as áreas inundáveis de acordo com sua disponibilidade, os
demais indivíduos a subutilizaram, especialmente os indivíduos com as
menores áreas de vida.

Tabela 7 – Disponibilidade de habitats nas áreas de vida obtidas pelo método do


Mínimo Polígono Convexo dos dez tamanduás-bandeira monitorados por VHF na
Fazenda Santa Teresa, Boa Vista.

Indivíduo
Fisionomia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total
em %
Estrada 7,55 4,41 5,17 7,48 8,99 0 2,27 0 5,41 5,34 5,12
Buritizal 0,53 0,18 2,05 26,77 1,27 0,89 25,90 0,55 14,45 0,16 9,71
Capoeira 0 0 0 0 0 0 0 0,17 0 0 0,01
Chácara 9,55 8,45 10,64 0 7,99 0 0 0 5,50 1,64 5,46
Floresta 6,52 0,08 0,30 1,01 3,74 0 1,56 8,03 0,55 1,63 1,58
Ilha de
mata 0,81 0,15 0,50 0,66 0 0,48 0,25 0,32 0,44 0 0,42
Lago 0,01 6,97 3,20 0 0,01 0 0 0 0,62 1,97 1,62
Savana
gramíneo-
lenhosa 4,25 37,76 34,25 33,08 10,23 35,96 40,92 17,95 37,25 27,61 31,41
Savana
Parque 21,55 26,01 24,33 17,72 38,54 40,48 23,40 28,27 19,95 39,41 24,40
Savana
parque
degradada 48,88 0 7,56 11,59 24,60 12,16 0 38,87 10,87 9,81 12,84
Savana
sazonal-
mente
inundada 0,35 15,97 9,69 1,71 4,63 10,03 5,70 5,85 4,95 12,43 6,93
Área
urbana 0 0,03 2,29 0 0 0 0 0 0 0 0,50

Total geral 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

A tabela 9 demonstra a porcentagem do uso de habitat de acordo


com os três níveis de atividade identificados durante a monitoração pelo
método do VHF. Na figura 14 pode-se ver a disponibilidade de habitat em
47

cada área de vida dos indivíduos estudados e a localização dos pontos pelo
método do MPC adquirido por VHF.
Em relação ao uso de habitas inundáveis (buritizal, lago e savana
sazonalmente inundada), os indivíduos 5, 6 e 7 (uma fêmea e dois machos
respectivamente) ocuparam as menores áreas de vida com 1,68, 1,26 e
1,88 km2, e apresentaram de 5,91%, 10,92% e 31,6% de áreas inundáveis.
O tamanduá-bandeira número 7 com a maior área de vida inundável,
apresentou apenas 2,13% das localizações obtidas nesse tipo de ambiente,
indicando que, apesar da alta disponibilidade, foi subutilizado (tabela 8).

Tabela 8 – Uso e disponibilidade de habitats inundáveis dos dez tamanduás-


bandeiras monitorados por rádio-telemetria convencional (VHF) durante o período
de fevereiro de 2007 a maio de 2008 na região da Fazenda Santa Teresa,
município de Boa Vista.

Áreas Inundáveis Localizações Razão de Área de


(%) (%) localizações/ Vida
disponibilidade (km2)
Savana de habitat
Ind. Buritizal Lago sazonalmente Total
inundável
1 0,53 0,01 0,35 0,89 0,62 0,7 3,5
2 0,18 6,97 15,97 23,12 7,5 0,32 4,28
3 2,05 3,2 9,69 14,94 16,09 1,08 9,49
4 26,77 0 1,71 28,47 22,56 0,79 5,57
5 1,27 0,01 4,63 5,91 5 0,85 1,68
6 0,89 0 10,03 10,92 3,85 0,35 1,26
7 25,9 0 5,7 31,6 2,13 0,07 1,88
8 0,55 0 5,85 6,4 4,35 0,68 2,31
9 14,45 0,62 4,95 20,02 11,43 0,57 9,09
10 0,16 1,97 12,43 14,56 17,07 1,17 4,45

4.1.2.2 Método GPS modificado

O uso de habitat dos quatro tamanduás monitorados por GPS foi


avaliado de acordo com a atividade e horário. Para facilitar o entendimento,
os diferentes habitats utilizados por esses indivíduos foram subdivididos nas
mesmas classes utilizadas anteriormente no método de radiotelemetria
48

convencional VHF: antrópico, ambiente aberto e ambiente coberto (figura


16).
Confirma-se a preferência da população estudada por áreas abertas
tanto em atividade como em inatividade. O uso de ambientes florestais
aconteceu em sua maioria durante os períodos mais quentes do dia (9:00h
~ 15:00h). Os ambientes antrópicos foram mais utilizados entre as 18:00h e
21:00h.

Tabela 9 – Tipo de uso de habitat por método de monitoração por VHF dos 10
tamanduás-bandeira monitorados na área periurbana de Boa Vista.

Deslocamento Dormindo Forrageando Total (%)


Habitat (%)
Buffer estrada 4,52 2,43 1,20 2,88
Buritizal 4,52 7,77 4,82 6,48
Chácara 9,05 8,74 9,64 8,93
Floresta 5,03 5,34 1,20 4,76
Ilha de mata 2,51 7,04 1,20 5,04
Lago 0,50 0,00 0,00 0,14
Savana gramíneo lenhosa 17,59 17,48 25,30 18,44
Savana parque 29,65 32,04 40,96 32,42
Savana parque degradada 25,63 17,72 14,46 19,60
Savana sazonalmente inundada 1,01 1,46 1,20 1,30

4.1.3 Atividade

4.1.3.1 Método de rádio-telemetria convencional – VHF

Foram realizadas 657 observações dos dez indivíduos monitorados,


das quais em 379 oportunidades foram encontrados dormindo 195 vezes
em deslocamento em 83 oportunidades foram avistados forrageando (tabela
10). Considerando apenas a atividade, em 70,15% do tempo estava em
deslocamento e em 29,85% forrageando.
49

Figura 14 – Área de vida de tamanduá-bandeira pelo método do MPC com


as respectivas localizações registradas durante o período de fevereiro de
2007 a maio de 2008 sobrepostos aos diferentes tipos de habitats.
50

Figura 14 – CONTINUAÇÃO. Área de vida de tamanduá-bandeira pelo


método do MPC com as respectivas localizações registradas durante o
período de fevereiro de 2007 a maio de 2008 sobrepostos aos diferentes
tipos de habitats.
51

Concentração de Atividade 100%

75%

50%

25%

0%
00-03 03-06 06-09 09-12 12-15 15-18 18-21 21-24

Horário

Ambiente Aberto Antrópico Ambiente Coberto

Figura 15 – Concentração da atividade de acordo com o horário e uso de


habitat dos tamanduás-bandeira monitorados pelo GPS modificado na
região da Fazenda Santa Teresa, Boa Vista.

Tabela 10 – Porcentagem da atividade dos


animais monitorados por VHF.

Atividade Fêmeas Machos Total


( %)
Deslocando 30,46 27,94 29,68
Forrageando 12,36 13,24 12,63
Dormindo 57,17 58,82 57,69

Total geral 100 100 100

Em 71,9% das vezes os tamanduás foram observados em ambiente


abertos, 11,82% em ambiente antrópico e 16,28% em ambiente florestais
(figura 16). Os ambientes abertos foram preferidos para deslocamento
(74,37%), dormir (68,69%) e forragear (81,93%).
52

100%
90%

Concentração da atividade
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
deslocamento dormindo forrageando

Ambiente Aberto Ambiente Antrópico Ambiente Coberto

Figura 16 – Padrão de atividade por tipo de habitat de tamanduá-bandeira


monitorados pelo método de rádio-telemetria por VHF em área de Lavrado
na região da Fazenda Santa Teresa no município de Boa Vista.

A temperatura ambiente aferida durante o período de estudo variou


de 20,6 – 38,8 °C, com média de 29,25 ±3,68°C. Os resultados dos 10
animais estudados pelo método do VHF demonstram que na maioria das
vezes os animais estão ativos (deslocamento e forrageio) nos horários mais
amenos, entre 20°C e 28°C, preferindo dormir em horários mais quentes, a
partir dos 28°C (figura 17).
Analisando a atividade de acordo com o horário pelo método do VHF
foi verificado que os indivíduos apresentam atividade predominantemente
noturna, iniciando em sua maioria a partir das 18:00h e se intensificando
entre as 21:00h e 6:00h (figura 18).
Aparentemente os tamanduás se locomovem até o local de
alimentação mais intensamente entre as 21:00h e 24:00h, forrageando
principalmente entre as 24:00h e 3:00h, e locomovem-se novamente com
maior freqüência entre as 3:00h e 6:00h. A partir das 6:00h tendem a ficar
inativos e entre as 9:00h e 15:00h cerca de 90% dos indivíduos estão
dormindo
53

Figura 17 – Freqüência de distribuição das atividades pela


temperatura ambiente em dez tamanduás-bandeira
monitorados por VHF na região da Fazenda Santa Teresa no
município de Boa Vista

Figura 18 – Padrão do horário de atividade dos dez tamanduás-


bandeira monitorados por VHF durante o período de fevereiro de 2007
a maio de 2008 na região da Fazenda Santa Teresa no município de
Boa Vista
54

4.1.3.2 Método do GPS modificado

Analisando os horários de atividade nos quatro tamanduás


monitorados pelo método do GPS. A atividade encontrada corresponde aos
resultados do VHF. A atividade predominantemente noturna se confirmou
com início a partir das 21:00h, com média de atividade de 62,5% entre as
21:00h e 6:00h. Houve uma continuação de atividade média de 24,2% entre
as 6:00h e 9:00h, caindo para 8,6% entre as 9:00h e 12:00h. Entre 12:00h e
21:00h apenas 4,7% dos indivíduos em média estavam ativos (figura 19).
Pelo método do GPS foi possível ainda identificar as velocidades de
deslocamento e distâncias percorridas. Foram considerados os quatro
tamanduás-bandeira monitorados pelo período de 15 a 18 dias. As primeiras
24 horas foram eliminadas para evitar interferências provenientes do
estresse de captura e anestesia (tabela 11). A atividade foi definida segundo
os critérios de Camilo-Alves e Mourão (2006) para permitir a comparação
com outros estudos.

35

30
Concentração da Atividade (%)

25

20

15

10

0
00-03 03-06 06-09 09-12 12-15 15-18 18-21 21-24
Horário

Figura 19 – Concentração média (e desvio padrão) da atividade por horário


de localizações de tamanduás-bandeira obtidas pelo método do GPS
modificado.
55

Pelo método do GPS foi possível ainda identificar as velocidades de


deslocamento e distâncias percorridas. Foram considerados os quatro
tamanduás-bandeira monitorados pelo período de 15 a 18 dias.
Os GPS foram programados para obter uma localização a cada 15
minutos, no entanto muitas vezes o GPS deixa de captar o sinal devido ao
tempo nublado ou posicionamento do animal sobre o equipamento, o que foi
observado no tamanduá número 4, que apesar de ser monitorado por 18
dias, apenas 518 localizações puderam ser utilizadas para esse cálculo.
O deslocamento mínimo diário dos animais estudados foi de 387,13
metros e o máximo de 6173,31 metros. A velocidade máxima encontrada foi
de 4,79 km/h, mas em geral os indivíduos estudados se deslocaram de
maneira lenta, o que pode ser observado nas velocidades médias.
Na figura 20 observam-se as rotas geradas pelo GPS modificado,
onde o uso preferencial dos indivíduos é de elementos savânicos, evitando
área urbana, no entanto o uso de estradas foi comum a todos os indivíduos
monitorados.

Tabela 11 – Resultados obtidos a partir das localizações dos quatro


tamanduás-bandeira monitorados por GPS modificado na Fazenda Santa
Teresa durante o período de fevereiro a maio de 2008.

Ind. Sexo Dias N de Dist. Dist. Dist. Dist. Vel. Vel. Vel.
local. total média máx. (m) min. (m) média máx. min.
(m) (m) (km/h) (km/h) (km/h)

2 F 18 1015 59505 3719.11 6173.31 1775.60 0.36 4.79 0.01

4 F 15 518 32881 1644.05 2956.98 387.13 0.20 2.42 0.01

5 F 18 1167 43266 2652.93 5726.32 809.97 0.23 2.19 0.01

8 M 18 1144 62185 3454.77 5783.34 1109.30 0.36 2.56 0.01

Média 49459 2867.71 5159.99 1020.50 0.29 2.99 0.01


Desvio
Padrão ±13857 ±933.27 ±1482.04 584.11 ±0.08 ±1.21
56

Figura 20 – Rotas de deslocamento realizadas por quatro tamanduás-


bandeira monitorados por GPS modificado. Vermelho: indivíduo 2; Preto:
indivíduo 4; Rosa: indivíduo 5 e Azul: indivíduo
57

4.1.4 Amostras Biológicas

Foram realizados exames patológico clínicos em 19 indivíduos


capturados. No APÊNDICE B encontra-se a tabela geral dos resultados do
indivíduos analisados com valores máximo, mínimo, média e desvio padrão.
Alguns indivíduos foram analisados por mais de uma vez devido ao elevado
índice de hemólise encontrado nas análises decorrido da própria
característica hematológica da espécie e do tempo de transporte das
amostras até o laboratório do MIRR.
No esfregaço realizado para a pesquisa de hematozoário foi
encontrado microfilária em duas fêmeas de tamanduás-bandeira: as de
número 1 e 12 (figura 21). No entanto não foi identificada qual a espécie.

Figura 21 – Esfregaço sanguíneo corado com panótico


rápido onde se observa microfilária. (setas). Coletado do
tamanduá-bandeira número 1 capturado na Fazenda Santa
Teresa no município de Boa Vista. Foto: Dr. Paulo Sérgio
Mattos.

No exame de cerúmen foi encontrado nas fêmeas de número 3 e 12


a presença do fungo Malassezia sp. Os raspados de pele, para a
observação de fungos, foram negativos para todos os indivíduos.
58

Todos os 21 animais capturados apresentaram resultado negativo


mediante pesquisa por Leishmaniose.

4.2 Discussão

A razão sexual encontrada (1:1,33) no presente estudo apresentou


mais fêmeas do que machos, resultado distinto dos demais encontrados na
literatura (tabela 12). De acordo com Camilo-Alves (2003) os demais
estudos poderiam estar revelando uma tendência de captura de maior
quantidade de machos devido ao período de esforço, uma vez que os
machos aparentemente apresentem atividade mais noturna que as fêmeas.
No atual estudo as capturas ocorreram em horários entre as 3:00h e
10:00h, representando o período noturno e diurno para evitar esse tipo de
problema. No entanto, foram observados que no primeiro ano de captura a
maioria foi de fêmeas e no segundo ano a maioria foi de machos
(APÊNDICE A).

Tabela 12 – Razão sexual de tamanduás-bandeira em diversos estudos.

Pesquisa Local N Bioma Machos Fêmeas Razão


Sexual
Atual Savanas de 21 Amazônia 9 12 1:1,33
Boa Vista.
RR
Miranda PARNA 32 Cerrado 19 13 1,5:1
(2004) Emas, GO
Camilo- Pantanal da 18 Pantanal 12 6 2:1
Alves Nhecolândia,
(2003) MS
Medri Pantanal da 12 Pantanal 9 3 3:1
(2002) Nhecolândia,
MS
Shaw et al. PARNA 29 Cerrado 16 13 1,25:1
(1987) Serra da
Canastra,
MG
Total 112 65 47 1:1,38
59

4.2.1 Área de Vida

O método do Mínimo Polígono Convexo – MPC (MOHR, 1974) é o


mais antigo e comumente utilizado para a estimativa de área de vida e pode
ser comparado com outros estudos. Tem como desvantagens fornecer
somente a área de vida bruta do animal, ignorando todas as localizações do
interior do polígono, sendo altamente sensível aos pontos extremos. O que
pode trazer como resultado a incorporação de áreas que nunca foram
utilizadas pelo animal em questão (HAYNE, 1949; POWELL, 2000).
A área de vida média para todos os indivíduos pelo método do MPC
obtido por VHF foi de 4,35 km2 no presente estudo, diferindo das demais
realizadas em outros locais (tabela 13).
Comparando os valores médios de área de vida dos indivíduos
separados por sexo, a área de vida média de fêmeas e machos, é maior
que as encontradas no PARNA da Serra da Canastra e menor que os
valores encontrados na Venezuela, Pantanal e PARNA das Emas.

Tabela 13 – Área de Vida de tamanduá-bandeira em diferentes estudos.

Pesquisa Local Sexo Área de Vida (km2)


N MPC/ N MPC/
VHF GPS
Atual Savana de M 5 3,79 1 3,13
Boa Vista. RR F 5 4,9 3 2,57
Medri; Mourão Pantanal da M 4 5,7 1 7,3
(2005) Nhecolândia. F 1 11,9 1 9,5
MS
Miranda (2004) PARNA das M 9 10,8 4 0,8
Emas. GO F 3 6,83 2 2,7
Camilo-Alves Pantanal da M 7 5,3
(2003) Nhecolândia. F 3 3,6
MS
Shaw et al. (1987) PARNA Serra M 4 2,74
da Canastra. F 4
MG 3,67
Montgomery; Llanos 1 25
Lubin (1977) venezuelanos

Pinto da Silveira Teórico 9


(1969)
60

Analisando todos os indivíduos estudados pelo método do MPC/VHF


observa-se que há uma grande variação no tamanho da área de vida, de
1,25 a 9,48 km2, respectivamente, um macho e uma fêmea. No entanto, foi
encontrada uma fêmea com área de vida de 1,67 km2 e um macho com a
área de 9,09 km2.
A área de vida média de 2,57 km2 das três fêmeas calculada por
MPC pelo método do GPS foi menor que a encontrada no Pantanal (MEDRI;
MOURÃO, 2005) e muito próxima das encontradas no PARNA das Emas
(2,57 km2) e no estudo no Pantanal em 2003 (CAMILO-ALVES, 2003). A
média do único macho (3,13 km2) foi inferior aos estudos realizados no
Pantanal e superior à área de vida encontrada no PARNA das Emas
(CAMILO-ALVES, 2003; MIRANDA, 2004; MEDRI; MOURÃO, 2005).
As diferenças encontradas no tamanho das áreas de vida nos
diferentes estudos podem estar relacionadas a diferentes tipos de habitat,
temperatura, disponibilidade energética, antropização ou à densidade de
tamanduás-bandeira (LUBIN, 1983; MONTGOMERY, 1985; MIRANDA,
2004, RODRIGUES et al., 2008).
As divergências nas áreas de vida obtidas com os métodos de VHF e
GPS modificado podem ser resultantes da sazonalidade, uma vez que os
indivíduos monitorados por maior período de tempo foram acompanhados
durante os períodos chuvosos e secos ou em sua transição.
A densidade de tamanduás-bandeira encontrada para o Pantanal foi
de 1,3 ind/km2, no PARNA da Serra da Canastra de 0,1 a 2,5 ind/km2, no
PARNA das Emas 0,2 a 0,4 ind/km2. Em Roraima, KREUTZ (2007) obteve a
densidade de tamanduás-bandeira de 0,1 ind/km2 para áreas de savana e
de 2,9 ind/km2 para as áreas de florestas plantadas de acácia.
Assim como a área estudada em Boa Vista, as demais áreas
investigadas no Brasil são predominantemente compostas por vegetação
aberta (savana/cerrado), com duas estações climáticas marcadas por
período chuvoso e seco. Porém apenas em Boa Vista, Pantanal e Llanos
venezuelanos o ambiente apresenta áreas sazonalmente inundadas. As
áreas inundáveis podem influenciar na disponibilidade de alimento.
61

Apenas os indivíduos 3 e 10 utilizaram as áreas inundáveis de acordo


com sua disponibilidade no ambiente, os demais indivíduos a subutilizaram,
especialmente os indivíduos com as menores áreas de vida.
Não existem dados de áreas de vida de tamanduás-bandeira em
áreas de floresta, todos os ambientes pesquisados para a área de vida de
tamanduá-bandeira são savanas naturais ou ambientes antropizados
derivados da savana. Assim, as diferenças nas áreas de vida não parecem
estar relacionadas ao tipo de habitat. Podem estar relacionadas a outros
fatores, como a disponibilidade bioenergética.
Não existem dados sobre a disponibilidade de formigas e cupins para
a área de estudo. O PARNA das Emas possui alta abundância de
cupinzeiros, porém apresentou áreas de vida maiores que as encontradas
no PARNA Serra da Canastra, a presumível alta disponibilidade de
alimentos pode permitir aos tamanduás-bandeira andarem mais em busca
de seus alimentos preferidos (MIRANDA, 2004).
Miranda (2004) sugere que o número razoável de localizações para a
estimativa de uma área de vida confiável é de 40 pontos. No presente
estudo notou-se que todos os indivíduos que chegaram entre 40 e 60
localizações estabilizaram a curva de área de vida acumulada e que a partir
de 80 localizações a curva basicamente se manteve estável. Nesses casos
é importante que a sazonalidade seja considerada, pois os indivíduos que
estabilizaram a curva foram amostrados durante os (ou parte) períodos
chuvosos e de seca. O indivíduo 9 que foi monitorado entre 14/08/2007 e
18/11/2007, período de transição entre chuva e seca não estabilizou a
curva, podendo indicar uma área de vida subestimada.
Os dados de área de vida obtidos por VHF foram calculados pelo
método de Kernel Fixo para permitir comparação com estudos posteriores.
Os dados de GPS modificado não foram utilizados para o cálculo da área de
vida por neste método, pois uma de suas premissas é que as variáveis não
apresentem auto-correlação temporal.
O método de Kernel, estatisticamente mais complexo que o MPC, é
bem conhecido desde os anos 50, no entanto vem sendo utilizado para o
cálculo de área de vida principalmente a partir dos anos 90 (WORTON
1989, POWELL, 2000).
62

Para a análise do Kernel, a decisão mais importante é a escolha do


fator de suavização ou “h” (bandwidth ou smooth factor) que pode se manter
fixo (Kernel Fixo) ou variável (Kernel Adaptativo). O método fixo parece ser
o mais apropriado para o cálculo de área de vida, uma vez que minimiza os
problemas de superestimação dos resultados (POWEL, 2000; JON;
HORNE; GARTON, 2006;).
O LSCV calcula automaticamente o fator de suavização, todavia
algumas vezes não encontra o “h” ideal, gerando áreas de vida com baixos
índices de suavização (undersmoothed). O método de BCV apesar de
pouco utilizado para o cálculo de área de vida pode trazer equilíbrio para
essas situações (RODGERS; CAR, 1998; RODGERS; CAR, 2002).
Todos os resultados encontrados pelo método de Kernel Fixo BCV
para a área de vida foram maiores que os de MPC, com as médias
apresentando diferença significativa quando comparadas entre os dois
métodos.
Considerando que o método de Kernel Fixo é mais conservador que
o Kernel Adaptativo, os demais autores que utilizaram o Adaptativo também
obtiveram maiores valores de área de vida em relação ao cálculo pelo
método do MPC (MEDRI, 2002; MIRANDA, 2004).
Já o método de Kernel Fixo LSCV apresentou áreas de vida menores
que os calculados pelo MPC, exceto pelos tamanduás número 8, 9 e 10 que
apresentaram áreas de vida maiores. No entanto as médias dos métodos
MPC e LSCV foram consideradas pelo teste t pareado como
estatisticamente iguais.
As médias gerais dos métodos LSCV e BVC foram considerados
estatisticamente diferentes, as áreas de vida calculadas por BVC foram
todas maiores que as encontradas pelo método LSCV.
Os resultados dos animais monitorados apontam para uma alta taxa
de sobreposição das áreas de vida entre os indivíduos. No entanto, é
preciso considerar que nem todos os animais na área foram capturados, o
que deve ser levando em consideração.
Foram encontradas taxas de sobreposição de 0 a 99,8% nas savanas
de Boa Vista, a sobreposição entre as fêmeas foi 27,4% maior que entre
63

machos. A menor sobreposição entre machos pode estar relacionada com a


questão de territorialidade.
Encontros agonísticos foram observados no PARNA da Serra da
Canastra, no Pantanal da Nhecolândia e em áreas de plantações artificiais
de acácias em Roraima (SHAW, 1987, ROCHA; MOURÃO, 2006, KREUTZ,
2007 e RODRIGUES et al., 2008).
Durante o atual estudo foram observados encontros agonísticos em
duas oportunidades entre os dois machos que apresentaram maior
sobreposição entre si, os tamanduás de número 9 e 10, chegando a 72%.
Na primeira observação, em 04/05/2007 o indivíduo 9 e 10
apresentaram um encontro agonístico, onde o tamanduá 10 mostrou
vantagem, afugentando seu oponente. Na segunda oportunidade em
18/11/2007 foi encontrado morto o animal de número 9, provavelmente em
decorrência de disputa com individuo 10. Tal suposição se deve o fato de
que os rastros encontrados na área e no corpo do animal conferem com a
ação de indivíduo de tamanduá-bandeira (figura 22 e 23).

Figura 22 – Lesões encontradas no flanco esquerdo do


tamanduá-bandeira 10 encontrado em 18/11/2008 na
64

região da Fazenda Santa Teresa, possível resultado de


encontro agonístico com outro tamanduá-bandeira.

No Pantanal foram encontradas taxas de sobreposição chegando a


91,4%, enquanto que no PARNA das Emas, chegou a 90% entre os pares
de indivíduos. No PARNA da Serra da Canastra as fêmeas (28,8%)
apresentaram mais sobreposição que os machos (3,8%), sugerindo forte
territorialidade (SHAW, 1987).
Essa sobreposição pode se referir a fatores como a disponibilidade
de alimentos, densidade populacional, áreas sazonalmente inundadas e a
antropização próxima da área estudada. Os indivíduos 9 e 10 apresentam
9,09 km2 e 4,45 km2 de área de vida e 20,02% e 14,56% da área é
ocupada por habitats inundáveis respectivamente.

Figura 23 – Local do provável encontro agonístico com


atenção ao detalhe (seta) para defecação como possível
marcação territorial na região da Fazenda Santa Teresa, Boa
Vista.
65

A primeira observação de encontro agonístico pode estar relacionada


com a disputa por fêmeas, pois foi capturada em 25/04/2007, apenas dez
dias antes da observação a fêmea de número 1 com características de cio
(sangramento vaginal).

4.2.2 Atividade e Uso de Habitat

A atividade dos dez tamanduás-bandeira monitorados por VHF foi


composta por 70,15% do tempo em deslocamento e 29,85% em forrageio.
No PARNA das Emas a espécie utilizou 23% do tempo forrageando, no
PARNA da Serra da Canastra 31%, enquanto que na Venezuela, os
indivíduos despenderam 18% do tempo forrageando e 82% se deslocando.
Os tamanduás-bandeira das savanas de Boa Vista apresentaram
atividade predominantemente noturna, com cerca de 60% dos indivíduos
ativos a partir das 18:00h, a atividade então se intensifica entre as 24:00h e
3:00h, quando mais de 90% dos indivíduos estão ativos, sendo observado o
maior pico de forrageamento. Entre 6:00h e 9:00h a maioria dos animais
está inativa. Foram identificadas poucas observações diurnas de atividade.
No PARNA das Emas 20% dos tamanduás-bandeira monitorados
estiveram ativos entre as 8:00h e 24:00h e mais de 50% entre 15:00h e
24:00h, além de alguns picos de atividade matinal. No PARNA da Serra da
Canastra o período de maior atividade encontrado foi no início da estação
seca entre 13:00h e 14:00h e 18:00h e 19:00h.
De acordo com RODRIGUES et al. (2008) os tamanduás geralmente
são ativos durante a noite, podendo apresentar alguma atividade diurna,
porém em determinadas regiões ou períodos podem apresentar maior
atividade diurna. Os hábitos noturnos podem ter sido desenvolvidos devido
a ações antrópicas (SHAW; MACHADO-NETO; CARTER, 1987).
O tamanduá-bandeira apresenta baixas taxa metabólica e
temperatura corporal (33°C) abaixo dos demais mamíferos (McNAB, 1984).
Devido a esse fato a espécie possui certa dificuldade em manter a
temperatura corporal, utilizando mudanças no comportamento e atividade
de acordo com as condições ambientes (RODRIGUES et al., 2008).
66

A temperatura ambiente foi verificada como um fator importante na


definição da atividade da espécie no PARNA das Emas, da Serra da
Canastra e no Pantanal, atuando diretamente com o seu padrão de
atividade. Os tamanduás-bandeira aumentam sua atividade nos horários
mais frescos do dia (DRUMOND, 1994; MIRANDA, 2004; CAMILO-ALVES;
MOURÃO, 2006).
Apenas nas áreas de florestas artificiais de acácia estudadas em
Roraima os tamanduás-bandeira apresentaram atividade maior entre as 7 e
8:00h e entre as 13:00h – 15:00h. Exatamente o oposto observado pelo
presente estudo e demais autores. Todavia é pertinente observar que
ambientes artificiais podem levar a alteração no comportamento natural da
espécie, uma vez que as plantações de florestas artificiais oferecem
condições diferentes, como disponibilidade de alimentos e temperatura
(KREUTZ, 2007)
As observações feitas nas plantações artificiais de acácia de Roraima
também podem estar direcionadas para o período diurno, uma vez que a
população local não foi estudada no período noturno e a maior freqüência
de observação de atividade foi às 7:00h, podendo demonstrar o término da
atividade noturna.
No presente estudo o padrão de atividade observado em relação à
temperatura confirma o observado na literatura especializada, exceto pelo
observado por KREUTZ (2007). Os animais apresentaram cerca de 70% de
atividade durante as temperaturas mais amenas, entre 20 – 26°C e mais de
50% dos indivíduos ficaram inativos após os 28°C, chegando a 99% de
inatividade após 36°C.
A amplitude dos valores máximos e mínimos da temperatura (20,6 ~
38,8°C) encontrada durante o período do estudo foi menor que a encontrada
no PARNA das Emas por Miranda (2004), no Pantanal por Camilo-Alves e
Mourão (2006) e por Medri e Mourão (2005).
Camilo-Alves e Mourão (2006) observaram que o horário de atividade
dos tamanduás-bandeira no Pantanal está correlacionado com a
temperatura média do ambiente. Nos dias mais quentes, com temperaturas
entre 28 – 30°C, os animais apresentaram atividade noturna, até o nascer
do sol. Em dias amenos, com a temperatura média de 25°C estiveram ativos
67

entre o final da tarde, mas inativos antes do nascer do sol. Nos dias mais
frios (15°C) chegaram a apresentar atividade diurna, evitando os horários
mais frios.
Em relação ao uso de habitat, pode-se confirmar tanto no método de
GPS como VHF a preferência por ambientes abertos quando em atividade,
observado também no Pantanal, PARNA das Emas e da Serra da Canastra.
Aparentemente os indivíduos utilizam as áreas cobertas como forma de
evitar as temperaturas mais altas devido a suas características metabólicas.
Ao contrário do observado por Kreutz (2007) em plantações de acácia, os
indivíduos estudados preferiam as savanas para se alimentar e as áreas
cobertas para dormir.
Em campo observou-se que quando inativo em áreas abertas, os
tamanduás buscavam se deitar sob árvores ou arbustos, preferencialmente
as espécies caimbé (Curatella americana L.) e mirixis (Byrsonima
coccolobifolia e B. crassifolia). Em ambiente antrópico buscavam áreas
sombreadas, como acácias e mangueiras, e da mesma forma, os ambiente
florestais eram utilizados preferencialmente nos horários mais quentes do
dia (figura 24).

Figura 24 – Tamanduá-bandeira encontrado dormindo embaixo de


caimbé, após ser despertado pela equipe.
68

Pode-se observar o uso intenso da área de estradas de alguns


indivíduos monitorados por GPS, alguns inclusive a utilizaram mais de uma
vez ao dia, o que explica o alto índice de mortandade observado para a
espécie por atropelamento no Pantanal (FISCHER,1997) e em Roraima
(observação pessoal).
O indivíduo 6 foi encontrado atropelado no dia 15/04/2008 ás
margens da estrada e fora da área de vida estudada durante sete meses
por rádio-telemetria VHF (figura 25). Durante o período de estudo, de
fevereiro de 2007 a maio de 2008, quatro tamanduás-bandeira foram
encontrados atropelados na RR – 215.

Figura 25 – Indivíduo 6 encontrado atropelado na


rodovia RR 205 próximo a Fazenda Santa Teresa.
69

Nas savanas de Boa Vista os tamanduás se moveram, no total, mais


que no PARNA das Emas e Pantanal, no entanto, no presente estudo os
animais foram monitorados por um período maior. O deslocamento médio
diário ficou próximo ao encontrado no Pantanal, e superior ao PARNA das
Emas. Porém a amplitude de deslocamento diário ficou mais próxima do
encontrado no PARNA das Emas (tabela 14).
O peso do rádio-colete junto ao receptor GPS não ultrapassou os 6%
do peso vivo recomendado pela literatura (BRANDER; COCHRAN, 1971). A
relação do peso do equipamento/peso do animal ficou abaixo de 5,5%, uma
vez que o indivíduo mais leve pesou 27 kg (tamanduá 5).

Tabela 14 – Deslocamento de tamanduá-bandeira em diversos estudos


monitorados pelo método de GPS modificado.

Pesquisa Local N Amplitude de Deslocament Deslocament


deslocamento o diário o total (m)
(m) médio (m) ±
Desvio
Padrão
Presente Savanas 4 387,13 – 6173,31 2867,71 ± 197837
de Boa 933,27
Vista, RR
MEDRI, Pantanal, 8 4500 – 8700 5800 51200
MOURÃO, MS
2005
MIRANDA, PARNA 22 165 – 5831 2302 72500
2004 das ±1629
Emas,
GO

4.2.3 Amostras Biológicas

Em análise preliminar aparentemente os animais estão em boas


condições de saúde, pois apresentaram, entre eles, valores compatíveis com
a literatura. Comparando com os padrões de hemogramas de tamanduás-
bandeira de cativeiro realizados por Gillepsie (2003) observa-se que a
maioria dos valores está dentro das variações proposta pelo autor como
referência para a espécie (tabela 15).
70

Para hemoglobina, Volume Globular Médio (VGM) e a Concentração


de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM), o valor máximo encontrado foi
superior, o que pode ser decorrente da variação da dieta entre animais de
vida livre e de cativeiro.
Os leucócitos apresentaram uma variação maior tanto máxima como
mínima e na série dos linfócitos o valor máximo superou a tabela de
referência proposta por Gillespsie (2003). Essas variações podem ser
características da população amostrada, novos estudos são recomendáveis
para uma ampla discussão sobre especificidades da espécie.
A leishmaniose ou calazar é uma zoonose causada por parasitas
unicelulares do gênero Leishmania. Existem três tipos de leishmaniose:
visceral, cutânea, e mucocutânea. Mamíferos selvagens e silvestres são
conhecidos como reservatórios da enfermidade a qual é transmitida por
mosquitos do gênero Lutzomia, que habitam principalmente áreas da
Amazônia (BOTELHO; LINARDI; ENCARNAÇÃO, 1989).

Tabela 15 – Comparação dos resultados hematológicos da população


estudada com a literatura disponível.

Estudo
Resultados Presente Gillespsie,
2003
Min. Max. Min. Max.
Eritrócitos x 106/µl 1,58 3,66 1,65 3,82
Hematócrito % 28 54 25 56,8
Hemoglobina g/dl 8,51 25,51 9 18,8
Volume µ3
Globular Médio 87,21 204,3 109,9 153,7
Concentração de
Hemoglobina %
Corpuscular
Média 21,27 70,14 32,3 37,2
Proteínas g/dl 6 9,00 5,1 7,1
Leucócitos x 103/µl 2,35 13,1 4,6 11,3
Segmentados µl 1521 9652
Linfócitos µl 329 5109 770 4970
Monócitos µl 0 570 80 565
Eosinófilos µl 0 2464 68 1040
Bastonetes µl 47 117 68 100
Basófilos µl 0 432 0 81
Metamielócitos µl 0 0
71

Dentro da família Xenarthra são conhecidos como reservatórios as


preguiças (Bradypus tridactylus e Choloepus didactylus), o tamanduá-mirim
(Tamandua tetradactyla) e o tatu-galinha (Dasipus novemcintus) (COSTA et
al., 2001).
Devido à área de estudo ser próxima a zona urbana da cidade, os
resultados da análise das amostras obtidas na população de tamanduás-
bandeira estudados podem contribuir para o conhecimento sobre a
transmissão da zoonoses em áreas periurbanas Não existem relatos de
positividade para tamanduá-bandeira e na população estudada todas as
amostras foram negativas para Leshimaniose, o que é um ponto positivo em
estratégias de sanidade e educação ambiental já que a espécie é
aparentemente inofensiva na transmissão desta zoonose.
A microfilária sanguínea encontrada nos individuos 1 e 12 não foi
identificada. Portanto, novas pesquisas são necessárias para que o papel
dos tamanduás-bandeira como portador de microfilárias seja esclarecido.
Malasseziose é um achado comum em cães e gatos. São leveduras
integrantes da microbiota cutânea normal de inúmeras espécies.
Apresentam características fisiológicas bem diferenciadas dos outros
fungos. As otites e dermatites devidas à Malassezia sp., principalmente a
espécie M. pachydermatis, estão freqüentemente associadas a quadros de
hipersensibilidade e alterações seborréicas, e sua ação oportunista depende
de fatores predisponentes e perpetuantes do hospedeiro (MACHADO et al.,
2003).
Os indivíduos (3 e 12) que continham de Malassezia sp. no cerúmen
apresentaram bom estado clínico e de saúde. No entanto o individuo 12
(fêmea) apresentou a presença de microfilária sanguínea e malassezia, o
que pode refletir uma baixa imunidade, porém em seu exame hematológico,
apresenta parâmetros dentro dos valores recomendados por Gillepsie
(2003) e próximos da média da população estudada.
72

5 CONCLUSÕES

Informações sobre o tamanduá-bandeira no Bioma Amazônia ainda


são escassas, mas o estudo dessa espécie nas savanas de Boa Vista
(Roraima) ajuda a compreender um pouco mais sobre a ecologia da
espécie, que está sob ameaça de extinção, e gerar subsídios para um plano
de manejo para sua conservação.
O desvio da razão sexual da população, com mais fêmeas que
machos, difere da literatura, no entanto, mais capturas devem ser realizadas
para que se conclua se a população amostrada reflete a realidade das
savanas amazônicas.
Os métodos disponíveis para estimar a área de vida podem levar a
resultados muito diferentes, no entanto, enquanto há discussão sobre o
melhor método a ser empregado, é condizente que os disponíveis sejam
comparados.
De um modo geral, utilizando o método do MPC, pode-se dizer que
as áreas de vida dos tamanduás-bandeira estudados nas savanas de Boa
Vista são maiores que as encontradas no PARNA da Serra da Canastra e
menores que as áreas de vida encontradas para o Pantanal, PARNA das
Emas e nos llanos venezuelanos.
A espécie evita as áreas urbanas, mas é encontrada em ambientes
antrópicos como às margens de estradas e chácaras com plantações
artificiais. Todavia, ficou bastante evidente a preferência da população
estudada por ambientes abertos naturais (savanas), tanto em atividade
como em inatividade.
Os indivíduos apresentaram atividade basicamente noturna, com
algumas poucas observações de atividade durante o período diurno.
Aparentemente o período de atividade está relacionado à temperatura
ambiente. Devido ao seu baixo metabolismo, os indivíduos utilizam os
horários mais amenos para atividade e os horários mais quentes para
dormir.
O método do GPS modificado se mostrou muito eficiente para
informações mais acuradas da atividade e deslocamento da espécie. Em
73

duas semanas os tamanduás-bandeira ocuparam grande parte ou área


superior à encontrada em meses de monitoração por VHF. No entanto, é
recomendável que se leve em consideração a sazonalidade para se obter a
área de vida que melhor reflita a realidade.
O deslocamento médio diário de 2867,71 km dos animais
monitorados por GPS modificado foi compatível ao encontrado no PARNA
da Emas e maior que o encontrado no Pantanal. Novas pesquisas sobre a
disponibilidade de alimentos podem contribuir para esclarecer essas
diferenças.
Em relação às amostras biológicas de sangue e cerúmen, a
população estudada em geral apresentou média dos resultados coerentes
com os padrões de referência demonstrados pela literatura científica. No
entanto, mais pesquisas devem ser realizadas para que se conclua o
padrão hematológico da espécie em vida livre.
Os tamanduás-bandeira estudados apresentaram bom estado clínico
e todos foram sorologicamente negativos para leishmaniose. A presença de
Malassezia sp. pode ser resultante do contato próximo de cães da área
periurbana. Novas pesquisas são necessárias para a identificação da
microfilária sanguínea encontrada em alguns indivíduos.
Apesar da espécie constar na lista de ameaça de extinção, os
tamanduás-bandeira ainda são facilmente observados no município de Boa
Vista, o que deve ser levado em consideração ao aplicar políticas publicas
para o uso do lavrado (savana), visando estratégias coerentes para a
conservação da espécie. Especificamente no lavrado, pelo carisma e
identidade cultural que possui, a espécie pode contribuir para estratégias de
conservação como espécie guarda-chuva.
O vetor de crescimento da cidade previsto no Plano Diretor
Estratégico (PDE, 2005) em direção a área estudada traz preocupação para
com o status de conservação do tamanduá-bandeira. Parques municipais
periurbanos podem ser uma alternativa para a conservação da espécie que
pode ser o símbolo do lavrado.
Proteja o tamanduá-bandeira do lavrado!
74

REFERÊNCIAS

BARBOSA, R.I. Distribuição das chuvas em Roraima. In: BARBOSA, R. I.;


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APÊNDICE - A

Morfometria dos 21 tamanduás-bandeira capturados durante o período de estudo nas savanas de Boa Vista, Roraima. Peso em
kg, demais medidas em cm.
Peso Co Co Co Co Circ Co Co Co Co Co Lar Cir Lar Lar Lar
Data cap Sexo Idade
Ind. kg RoA Tot Cau Cra Tor Foc OD GD MAD MPD Cra Pes FB MAD MPD
1 25/04/2007 F Adulto 31 128 204 76 17 77 24 5 25 39 41 12 36 22 42 43
2 30/11/2007 F Adulto 31.5 141 205 64 15 70 26 5 25 30 39 10 36 13 36 38
3 25/02/2007 F Adulto 30 133 205 72 16 72 25 5 21 38 41 12 39 21 35 35
4 26/02/2007 F Adulto 32 132 210 78 20 80 26 5 21 35 48 12 43 22 34 37
5 21/02/2007 F Adulto 27 131 200 69 13 74 25 5 25 31 40 12 41 12 30 34
6 26/02/2007 M Adulto 35 115 180 65 25 66 25 5 24 27 37 12 40 20 33 35
7 28/02/2008 M Adulto 29 125 193 68 12 71 24.5 4.5 25 31 39 11 37 21 34 35
8 28/02/2008 M Adulto 30.5 125 193 68 12 71 24.5 4.5 25 31 39 11 37 21 34 35
9 04/05/2007 M Adulto 37 140 222 82 14 80 25 5 24 30 44 13 42 23 43 44
10 14/08/2007 M Adulto 38.5 124 201 73 15 72 34 5 21 39 40 11 35 20 39 40
11 21/02/2007 F Jovem 17 114 179 65 13 57 21 5 26 32 37 9 35 17 28 27
12 24/02/2007 F Adulto 34 140 208 68 18 78 26 5 21 32 40 12 45 20 38 40
13 14/08/2007 F Adulto 27 116 185 69 15 72 23 4 24 29 37 10 35 18 34 39
14 11/11/2007 F Jovem 12.5 98 158 60 12 54 21 5 19 25 27 9 27 18 26 24
15 07/01/2008 F Adulto 30 137 206 69 16 62 22 5 26 33 39 10 41 13 32 34
16 03/03/2008 F Subadulto 22 132 197 65 13 64 26 5 25 29 39 11 36 19.5 30.5 38
17 03/03/2008 F Adulto 34 118 181 63 14 55 25 4.5 24 30 36 10 31 18 26 30
18 03/03/2008 M Adulto 31 130 200 70 17 69 26 5 23 31 37 9.5 35 11.5 36 37
19 03/03/2008 M Adulto 36 129 200 71 16 73 28 5 23 30 33 12 34.5 19 37 40
20 04/03/2008 M Adulto 24 115 188 73 16 25 66 5 23 29 38 10.5 36 19 27 31
21 08/03/2008 M Adulto 45 131 203 72 18 70 26 5 25 31 41 12 38 21 40 45
Média Geral 30.19 126.38 196.1 69.52 15.57 67.24 27.10 4.88 23.57 31.52 38.67 11 37.12 18.52 34.02 36.24
APÊNDICE - A

CONTINUAÇÃO - Morfometria dos 21 tamanduás-bandeira capturados durante o período de estudo nas savanas de Boa Vista,
Roraima. Peso em kg, demais medidas em cm.

Desvio Padrão 7.22 10.67 13.93 5.20 3.08 12.21 9.30 0.27 1.94 3.61 4.03 1.15 4.08 3.41 4.93 5.28
Máxima 45 141 222 82 25 80 66 5 26 39 48 13 45 23 43 45
Mínima 12.5 98 158 60 12 25 21 4 19 25 27 9 27 11.5 26 24
Média de Fêmas 27.33 126.67 194.83 68.17 15.17 67.92 24.17 4.88 23.50 31.92 38.67 10.75 37.08 17.79 32.63 34.92
Média de Machos 34 126 197.78 71.33 16.11 66.33 31.00 4.89 23.67 31 38.67 11.33 37.17 19.50 35.89 38

Peso, expresso em kg. Co - Comprimento; Lar – Largura; Circ – Circunferência; Cau – Cauda; Tot – Total; RoA– Rostro-Anal; Cra – Crânio;
Tor – Tórax; Foc – Focinho; OD – Orelha Direita; GD – Garra Direita; MAD – Membro Anterior Direito; MPD – Membro Posterior Direito
APÊNDICE B

Análise hematológica dos tamanduás-bandeira capturados durante o período de estudo nas savanas de Boa Vista, Roraima.
SEG SEG MON MON EOS BAS
Ind. Sexo Erit HT HG VGM CHCM PRO LEU % Abs LIF LINF % Abs EOS Abs BASO Abs
1 F 2.19 28 19.64 127.85 70.14 9.0 5.35
2 F 2.88 40 19.61 138.89 49.03 10.8 72 7776 14 1512 4 432 6 648 4 432
3 F 2.72 40 147.06 7.0 10.55 68 7174 26 2743 1 106 3 336 2 211
4 F 3.44 30 87.21 7.0 5.70 42 2394 41 2337 10 570 7 784 0 0
4 F 1.89 29 10.47 153.44 36.10 7.25 86 6235 12 870 2 145 0 0 0 0
5 F 2.8 40 20.33 142.86 50.83 6.75 52 3510 26 1755 4 270 18 2016 0 0
6 M 2.54 42 165.35 6.0 8.55 38 3249 43 3677 1 86 15 1680 2 171
6 M 2.72 44 21.14 161.76 48.05 7.9 70 5530 12 948 2 158 16 1792 0 0
7 M 1.88 37 17.42 196.81 47.08 12.7 58 7366 18 2286 2 254 22 2464 0 0
8 M 2.07 33 11.19 159.42 33.91 12.7 76 9652 18 2286 2 254 4 448 0 0
9 M 3.54 54 14.28 152.54 26.44 8.0 8.80
10 M 2.81 45 25.51 160.14 56.69 7.5 6.95
12 F 2.65 40 8.51 150.94 21.28 7.0 11.20 50 5600 35 3920 3 336 10 1120 2 224
13 F 3.66 45 23.37 122.95 51.93 7.0 11.40
14 F 2.31 29 12.52 125.54 43.17 9.25 46 4255 42 3885 2 185 6 672 2 185
16 F 1.66 30 13.18 180.72 43.93 8.5 66 5610 18 1530 6 510 10 1120 0 0
17 F 1.86 38 16.33 204.30 42.97 7.05 60 4230 24 1692 6 423 10 1120 0 0
18 M 2.23 43 20.37 192.83 47.37 6.95 78 5421 20 1390 0 0 2 224 0 0
19 M 3.45 40 14.69 115.94 36.73 8.0 13.10 49 6419 39 5109 3 393 7 784 1 131
20 M 1.58 28 11.61 177.22 41.46 5.85 26 1521 70 4095 0 0 2 224 0 0
21 M 2.35 40 14.47 170.21 36.18 2.35 72 1692 14 329 2 47 8 896 2 47
Média 2.55 38 16.18 155.31 41.95 7.2 8.72 59.35 5155 27.76 2374 2.94 245 8.59 960 0.88 82
APÊNDICE B

CONTINUAÇÃO – Análise hematológica dos tamanduás-bandeira capturados durante o período de estudo nas savanas de Boa
Vista, Roraima.

Máx. 3.66 54 25.51 204.30 56.69 8.0 13.10 86 9652 70.00 5109 10.00 570 22.00 2464 4 432
Mín 1.58 28 8.510 87.21 21.28 6.0 2.35 26 1521 12.00 329 0 0 0 0 0 0
Sd 0.62 6.97 4.8 28.65 11.17 0.85 2.8 0.16 2240 0.15 1310 0.025 176.5 0.061 687.7 0.012 124.7
Metamielóciots, Bastonetes, Basófilos e Segmentados, resultado = zero. Eri: Eritrócitos, HT: Hematócrito; VGM”Volume Globular Médio,
CHCM:; PRO: Proteína; LEU: Leucócitos, SEG: Segmentados; ABS: Absoluto; LINF: Linfócitos, MON: Monócitos; EOS: Eosinófilos; BASO:
Basófilos.

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