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Caso Principal - SimJur Penal 2023.

Em Jijoca de Jericoacoara, uma pequena cidade do interior do nordeste do Brasil, no


estado do Ceará, em meio a uma paisagem típica da Caatinga, sem muita fartura de zonas
verdes, surge uma pequena comunidade de subsistência. Nessa comunidade, ganha força uma
corrente religiosa liderada por um homem carismático e inteligente, chamado Francisco
Salvador, que acumula as atividades de líder religioso e responsável pela produção local.

O “salvadorismo”, como é denominada a corrente, prega a salvação espiritual das almas


dos seguidores para o mundo eterno por meio de uma liturgia de perpétuo esforço e dedicação,
além de um afastamento das impurezas mundanas.

Assim, os seguidores de Francisco Salvador trabalham na Fazenda “São Francisco”,


propriedade da família do líder espiritual, cultivando alimentos e cuidando da manutenção do
local, que se organiza na forma de uma comunidade de subsistência. Segundo a religião local,
para que consigam purificar suas almas, os fiéis devem trabalhar duro e sobreviver apenas com
aquilo que produzem, sem desejar maiores regalias que não fazem parte de seu destino. Eles
trabalham cerca de 12 a 14 horas diárias e recebem uma fração dos alimentos que produzem,
como umbu, caju e mangaba, além de pequenos cômodos em humildes casas em que podem
viver com suas famílias e repousar durante a noite.

A moradia é simples, feita em taipa, com poucos cômodos e sem água encanada,
tratamento de esgoto ou rede elétrica. Além disso, eles possuem três refeições diárias, sem
falta, que variam ao longo do ano conforme o que fora produzido no local naquela estação,
sem, no entanto, grandes variações no cardápio diário.

Os fiéis não são remunerados, monetariamente, pelo seu trabalho. A produção é


destinada à alimentação dos trabalhadores e de suas famílias e todo o excedente é revendido
por Francisco à uma cidade próxima, chamada Cururu, com a qual apenas ele mantém contato,
para custear as manutenções necessárias à propriedade.

Francisco ocupa um casarão na propriedade, que não pode ser acessado pelos demais.
Ele afirma tratar-se de um local destinado às suas próprias meditações, por meio das quais se
conecta com o divino e, com isso, resta capacitado para guiar a comunidade em sua fé.
Após alguns anos trabalhando na propriedade, um dos fiéis, chamado João Velzel, vem
à óbito, subitamente, durante suas atividades de trabalho no cultivo. Com isso, Cláudio Roxo,
amigo próximo de João e igualmente membro da comunidade, revolta-se e passa a questionar
a doutrina de Francisco e seus dogmas.

- A partir daqui, cada documento será liberado para os membros em datas definidas

1) E, por conta disso, Cláudio Roxo decide comparecer à Delegacia Municipal de Jijoca
de Jericoacoara para relatar a ocorrência de possíveis crimes que estariam sendo cometidos por
Francisco Salvador. A Autoridade Policial, dessa forma, lavrou o Boletim de Ocorrência n.
196/2023 (doc. 01) com os fatos narrados por Cláudio.
Data: 03/09

2) Posteriormente, para averiguar o que foi narrado pela testemunha, o Delegado de


Polícia Gustavo Jacó, por meio da Ordem de Serviço n. 7/23 (doc. 02), determinou que agentes
policiais se deslocassem até a fazenda de Francisco Salvador para monitorar as atividades
realizadas pelos trabalhadores, bem como em quais condições as realizavam.
Data: 10/09

3) Após duas semanas realizando as diligências determinadas, as autoridades policiais


elaboraram um relatório com todas as informações encontradas (doc. 03), o que fez com que o
Delegado Gustavo Jacó instaurasse inquérito policial competente para apurar suposta prática
de crimes perpetrados pelo líder religioso (doc. 04), determinando algumas diligências a serem
realizadas.
Data: 15/09

4) Dessa maneira, foi requerida a juntada do laudo pericial (doc. 05) elaborado em
procedimento diverso para averiguar as causas da morte do trabalhador e fiel do
“salvadorismo”, o sr. João Velzel.
Data: 20/09

5) E, ato contínuo, o Delegado Gustavo Jacó determinou a intimação de Cláudio Roxo


para que realizasse o reconhecimento de Francisco Salvador por meio de uma fotografia
presente nos autos (doc. 06), bem como requereu a oitiva de um dos trabalhadores da fazenda
(doc. 07), para que, ao fim das diligências, fosse realizado o interrogatório do líder do
“salvadorismo” (doc. 08)
Data: 25/09

6) Com o fim das investigações, a Autoridade Policial elaborou Relatório Final (doc.
09), indiciando Cláudio Roxo pela prática, em tese, dos crimes de charlatanismo, homicídio e
trabalho análogo à escravidão. Neste momento, abre-se vista ao Ministério Público para que
ofereça denúncia ou promova o arquivamento do inquérito policial.
Data: 30/09

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