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Música, Inteligência e Personalidade
Música, Inteligência e Personalidade
Música,
inteligência e
personalidade
O comportamento do homem em
função da manipulação cerebral
L
VIDE EDCTORIAL
Música, inteligência e personalidade:
o comportamento do homem em função da manipulação cerebral
Dr. Minh Dung Nghiem
1ª edição - janeiro de 2019- CEDET
Título original: Musique, intelligence et personnalité - Comportement de
l'homme en fonction de l'evolution du cerveau, de la maturation et des manipulations
Copyright © by Editions Godefroy de Bouillon, 199 5
Os direitos desta edição pertencem ao
CEDET - Centro de Desenvolvimento Profissional e Tecnológico
Rua Armando Strazzacappa, 490
CEP: 13087-605 - Campinas, SP
Telefone: (19) 3249-0580
e-mail: livros@cedet.com.br
Editor:
Thomaz Perroni
Editor assistente:
Nelson Dias Corrêa
Tradução:
Felipe Lesage
Revisão de tradução:
Jonathas de Castro
Preparação de texto e diagramação:
Gabriel Hidalgo
Capa:
Bruno Ortega
Conselho Editorial:
Adelice Godoy
César Kyn d'Ávila
Sílvio Grimaldo de Camargo
FICHA CATALOGRÁFICA
Nghiem, Dr. Minh Dung
Música, inteligência e personalidade: o comportamento do homem em função da
manipulação cerebral/ Dr. Minh Dung Nghiem; tradução de Felipe Lesage -
Campinas, SP: Vide Editorial, 2018.
ISBN: 978-85-9507-052-3
1. Educação: Música 2. Psicologia: Processos mentais e inteligência
I. Título II. Autor
CDD 372.87 / 153
fNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO
1. Educação: Música - 372.87
2. Psicologia: Processos mentais e inteligência - 153
CAPÍTULO I
O mecanismo da audição ..................................................... 25
CAPÍTULO II
Estruturação e maturação do cérebro ................................... 31
CAPÍTULO III
A escuta musical e seus afetos.
O início de uma suspeita no meio médico contemporâneo ... 57
1. A música enquanto linguagem ............................... 58
2. A escuta musical e sua patologia oficial .......... ........ 61
CAPÍTULO IV
Estudos sistemáticos do efeito do
som e das músicas no homem ..... .. ..................................... ,.65
1. A música afro .................................................... ..... 69
2. As músicas européias ............................................. 87
CAPÍTULO V
Músicas e civilizações .......................................................... 95
1. Os mecanismos de uma civilização .......................... 99
2. A especificidade da civilização européia ............... 109
CAPÍTULO VI
Histórico da propagação do rock e das músicas afro ........ . 115
1. A cultura moderna, uma operação comercial ........ 115
2. A cultura moderna, uma anticultura ............... ... ..124
3. A cultura, fruto da demagogia ............................. 133
4. O homem moderno,
descendente dos afro-americanos ........................... 135
5. O tam-tam, instrumento moderno de governo .... 137
6. O estado atual da
sensibilidade musical na França ........................... 140
CAPÍTlTLO VII
Conclusão: amar as músicas européias
em prol da continuidade da civilização européia ............... 15 5
1. Teria a história um sentido? ................................. 158
2. O direito - ou dever -
à diferença para a Europa ................................... 174
Eis aqui um livro tão incomum quanto seu autor, o Dr. Minh Dung
Nghicm, cardiologista e pediatra que escolheu a França para fazer
seus estudos e exercer sua arte. Leremos, aqui, uma grande lição
para o sécu lo XXI. Escrevendo ora como médico, ora como
sociólogo, ora como pedagogo, o Dr. Minh Dung Nghiem é
um desses humanistas cujo saber extenso lhe permite julgar,
enquanto moralista, sua época.
Em sua origem, no entanto, seu ponto de vista é bastante pecu-
liar, a saber, a observação, após uma carreira já bem sucedida, das
músicas ditas atuais e seus efeitos sobre a juventude deste tempo.
Como freqüentemente o são as grandes descobertas, esta do doutor
é fortuita, pois sua hipótese é formulada a partir, não da prática
de sua arte, a medicina, mas durante o descanso necessário que
se concedi a ao fim de longas jornadas junto de seus pacientes: a
patinação no gelo. Foram suficientes o espírito observador, a acui-
dade intelectual e a faculdade de exame clínico do doutor para
er igir sua hipótese, que o conduziu ao campo das ciências sociais
e da crítica política no melhor sentido do termo. Engana-se, no
entanto, quem acha que a leitura do Dr. Nghiem nos conduzirá
a um plácido passeio pela república das letras, das ciências e das
ciências humanas. Há uma tese neste livro, a saber, a música e
o cérebro humano. Sabendo o quanto a música depende do cé-
rebro direito, "emocional" - hoje conhecemos hem a teoria dos
dois cérebros graças à magistral ilustração de Lucien Israel - ,
o início da suspeita recai sobretudo sobre o uso que dela se fez
durante o século XX. Dizem-nos que os dois cérebros podem ser
complementares ou antagonistas. É a esta última categoria que
pertencem as músicas dominantes, cujas batidas repetitivas inibem
o cérebro emocional e produzem, segundo Minh Dung Nghiem,
uma regressão mental: "Músicas de massa, músicas democráticas
9
\ll\11 lll \L \LIIIE\I
10
\l(ISIC\. l',TEI.ICÍ-:N CI \ E l'EllSON \Lll)\1)1•:
O/ivier Pichon
Professor universitário associado
Presidente do Movimento por um Ensino Nacional
11
IN'fR()DlJÇAO
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21
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CAPÍTlJLO I
O mecanismo da audição
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27
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28
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CAPÍTlJLC) 11
Estruturação e maturação do cérebro
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33
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39
\11\ll lll \C \\:1111-:11
40
lll'S I( I . I\Tl-:I.ICf:,c1 \ 1,: n :nsu, \1.11)\IJI·:
existem aqueles que falam e os que não falam. Entre aqueles que
falam, distinguem-se ainda aqueles que lêem e escrevem e os ou-
tros. Somente aqueles que sabem manejar a escrita podem atingir a
nobreza dos antigos regimes europeus e asiáticos (nobreza de toga,
mandarinato). E, malgrado as revoluções, os reflexos sociais per-
sistem, porque, ainda em nossos dias, considera-se que a escrita é
o fundamento da verdadeira nobreza, aquela do espírito. Segue-se
disso que o mundo moderno, que só existe graças à ciência, busca
a inspiração intelectual e moral junto aos mestres do pensamento,
diplomados nas letras, perfeitamente incapazes de ler uma obra
de física ou de matemática que se dirigem, também elas, à razão.
Também aqui a Grécia antiga foi esquecida: não foi Platão quem
desaconselhou a filosofia àqueles que não tenham ao menos a for-
mação de geômetras? Aliás, seus concorrentes eram engenheiros,
médicos, enfim, sábios oniscientes.
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\ll.l Sl<:\. I\Tl·:l.ld·: N<:I \ I•'. I•I -: I1so\ \1,11)\1)1•:
43
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44
Ili' S I<:\ . IYI V l.l<:l'.: \( :I \ I·: l'EIISO\ \1.1 1) \DI :
45
e esgrimista emérito, dançarino e erudito omnisciente e poliglota,
nasceu a análise matemática, cujo desenvolvimento, nos séculos
seguintes, fornecerá à ciência os instrumentos indispensáveis do
raciocínio. Essa nova linguagem matemática (coordenadas carte-
sianas, equações etc.), fundada sobre conceitos puramente intelec-
tuais, se tornará a expressão exclusiva da razão! Ela é a emanação
específica do cérebro esquerdo. A partir das obras da Antigüidade,
foi necessária uma dezena de séculos de disputas e anátemas, por
vezes sangrentos, para que a Europa cristã pudesse se abrir à no-
bre via do raciocínio ideal. A adaptação da civilização greco-latina
à religião cristã deu à luz circuitos nervosos cerebrais únicos na
evolução humana e aptos a criar o pensamento científico teórico.
As artes, a moral e a religião (teologia) não escapam a esse
imenso esforço de tudo explicar segundo os princípios e a lógica
de Aristóteles sem infringir as regras da fé católica. E ao estruturar
o cérebro no sentido analítico, tudo concorreu para o predomínio
do hemisfério cerebral esquerdo, logo, do hemicorpo direito. A ci-
vilização européia se tornou, após o século XV, uma civilização de
destros para destros: a história da França se tornou mais lógica,
mais estável. Em nossos tempos, no Ocidente, mais de 95% das
pessoas são destras; essa proporção seria menor entre os primi-
tivos, pois quer-se crer que a civilização fez surgir a "raça" dos
destros, favorecendo primeiramente a palavra, depois o raciocínio,
e inversamente. Infelizmente, foi notado que a assimetria cerebral
existe no homem antes do nascimento e se observa até mesmo em
certos animais. A intenção da Providência se adaptaria bem me-
lhor à matéria do que a função de órgão!
A descoberta da América, os excessos dos defensores da fé e
outros inquisidores semearam a dúvida nos espíritos, como o de
Montaigne, por exemplo. Em todo caso, um milagre se produziu:
deixou-se de crer que o homem fosse o centro do mundo e que
sua razão fosse ilimitada, objetiva, divina. Chegou-se à escanda-
losa audácia de pensar que a causa principal dos erros residia no
raciocínio mesmo, e decidiu-se aprender a observar a natureza.
E esse foi o nascimento da ciência moderna. E o cérebro europeu
se lateralizou ainda mais à esquerda.
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\11 SI<:\. I\TEl.i\J: \CI \ E l'EI\SO\ \l.lll \Ili':
47
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48
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49
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51
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52
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53
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54
Mt'iSI C/\. I.\TFLIU:NCI ·\ E l'EI\S!l :\ -\1 .ID ·\l)I-:
55
C/\PÍTLIL() Ill
A escuta musical e seus afetos.
O início de uma suspeita no meio médico contemporâneo
57
\ll\11 IH\ C \ C IIIE\I
59
\11\111)1:\(; f\C IIIE\I
60
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62
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63
C ,\ PÍTl lL() IV
Estudos sistemáticos do efeito do som e da música no homem
66
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68
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1. A música afro
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70
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71
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72
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73
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76
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77
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78
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84
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85
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86
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2. As músicas européias
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92
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<:APÍTlJL() V
Músicas e civilizações
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109
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CAPÍTlJLC) VI
Histórico da propagação do rock e das músicas afro
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\II\II Ili \L \Lllll-:1I
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Ili° :-; 11 \ . 1\Tl ·'. 1.11 J :\1 :1 \ I·'. l'l ·: 1::-;1 l\ \1.11 J \1 li-:
117
\ll !\ 11 Dl \C \Cllll-:\1
ela não deseja que seu filho aprecie, trará ao mundo, inevitavel-
mente, um roqueiro! A responsabilidade das mídias na prolife-
ração de roqueiros é, portanto, evidente. É a "enroquização" ou
africanização passiva. Eis aí uma poluição a comparar ao tabagis-
mo passivo. E há coisa ainda pior: para conseguir africanizar ain-
da mais seguramente a juventude, criou-se o ardil de acrescentar
tambores nas músicas folclóricas (música cigana, por exemplo) e
clássicas (música barroca, por exemplo) para nominalmente "re-
juvenescê-la", criar uma ponte entre a verdadeira civilização e a
cultura do show-biz (sic). E, é claro, também nas cantigas infantis,
para não esquecer as crianças. Disso resulta que a sensibilidade da
humanidade inteira está africanizada. Como efeito, antes de 1918
somente a música militar era ritmada pelo tambor, como que para
entreter o ritmo e a ferocidade profissionais dos guerreiros. Ora,
em nossos dias, mesmo as danças de salão não podem dispensar a
bateria, enquanto o violino tradicional desaparece.
Segundo nossas pesquisas junto a comerciantes do mercado
musical, o rock chegou à França nos anos 1950. Mas é somente a
partir dos anos 1960, marcando o início da expansão industrial do
pós-guerra, que ele se beneficiou de uma enorme campanha de lan-
çamento pelas "rádios periféricas". O motivo que levou o governo
francês da época a autorizar a importação massiva da música do
show-biz americano não nos é claro. Pensa-se, em geral, que foi
unicamente uma razão financeira, pois o comércio dessa espécie de
produto cultural descartável podia trazer grandes lucros ao partido
político que estivesse no poder. A menor parcela do poder devia
servir de "canal de enriquecimento" quando ninguém mais cria
em Deus, no diabo, em Marx ou em Lenin. Tudo devia servir para
se fazer dinheiro. E, na verdade, desde algum tempo, o que se vê
por toda parte são somente casos político-midiático-financeiros,
graças a um ressurgimento democrático da opinião pública e à
indiscrição das mídias, coisa natural numa democracia.
Após os anos 1975, sem nenhuma razão aparente particular,
torna-se perfeitamente impossível não ser idiotizado pelo tam-tam
afro desde o instante em que se entra num espaço público (lojas,
feiras, pistas de gelo, complexos esportivos etc.), sobretudo quan-
do se trata de um espaço destinado a acolher os "jovens". Chega-se
até mesmo ao ponto de se falar de um "rock francês" com uma
118
\ll.'SIL \ . l'ffELIChCI \ I·: l'l·:I\SO'\ \1 .1ll \Ili :
11 9
regular e continuamente, entrando, assim, no paraíso do "consu-
mismo", para a total felicidade de uma humanidade empanturra-
da até o esôfago e, é claro, dos banqueiros. De que servem beleza,
delicadeza, cultura, civilização e outras futilidades? Basta que a
economia continue circulando, e com altos índices de rendimento.
E depois a massa, cada vez menos laboriosa, nada reclama além de
comida e jogos, e alguns estimulantes somente para "descontrair".
Será o reino do bezerro de ouro sobre um povo de bezerros, o
paraíso terrestre à moda americana.
Esse sonho totalitário da mesma felicidade obrigatória para
todos, que é o pesadelo escatológico das ideologias modernas,
sempre seduziu as intelligentsias, sem dúvida por conta de seu des-
prezo pelo povo real, considerado demasiado medíocre. É surpre-
endente constatar que muitos dos homens de esquerda estão cem-
vencidos de que o povo não quer nem pode se elevar, se enobrecer.
Assim, a igualdade, fim último das aspirações democráticas dos
clones, só será acessível pelo nivelamento por baixo.
120
\11 SI<.\, 1\Tl·:LICl::\CI \ I·: 1'1-:IISO\ \1.1 IJ \Ili·:
121
\ll\ll lll'\C \Cllll-'.\I
122
\l(ISII \ . l ~Tl·: LICl-:\<:I \ F l'l·: IISO\ \l ,IIJ\1)1-:
123
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127
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128
\l(ISIC \ . I\Tl·:1.ICf:\<:1 \ I•: l'l-:1\SO\ \Llll \IJF
129
111\ll lll \L \LIIIEII
Seja como for, trata-se, aí, de meros pecados veniais. Com efeito,
outras pessoas puderam conceber suspeitas mais graves. Assim,
o sr. Paul Yonnet (34 ), sociólogo, ao estudar as ideologias que
assolam a França contemporânea, descobriu que o anti-racismo
130
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Conclusão: amar as músicas européias
em prol da continuidade da civilização européia
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\lli\11 DI \C \CIIIE\I
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157
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li t' S 1( : \. 1\Tl<:LICf:\( :1 \ I•: l'l·: nso\ \ 1,11) \ 1)1·:
163
\11\11 Dl ':\C \CIIIF\I
Não se podia mais refrear a razão, uma vez que ela começou
a destruir o que não lhe convinha nem correspondia a sua lógica,
que é, como se viu, digital e numérica. Ora, tudo aquilo que havia
sido elaborado pelo lobo direito do homem (cujo raciocínio é ana-
lógico, procedendo por imagens e intuição) -dito de outro modo,
todas as artes, inclusive os ritos, os modos, os costumes e mesmo
a ética e a religião, em uma palavra, tudo aquilo que expressava
164
\li'!SI< . \ . I\Tl·: 1.ICl-'. \CI \ I•: l'l·'. I\SO\ \I.IIJ\lli':
165
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1 Provavelmente significa uma pessoa " legal", "da moda" (ing. coo/). A semelhança da
palavra com "collie" (a raça) talvez explique a referência a cães logo a seguir - NE.
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uma via para o enriquecimento. Como os franceses optaram pelo
povo desde 1789, não é natural que os ingleses, oriundos da mesma
cultura, mas representando a nobreza normanda desde 1066,
formem a aristocracia da nova sociedade, na qual toda pessoa de
valor encontrará seu lugar, ganhando melhor do que em sua pátria
de origem? As mídias e todas as instâncias culturais da França
tomam o partido da América, tida como modelo sob todos os pon-
tos de vista, inclusive o das qualidades e vícios, contra a França,
vista como retardatária, ultrapassada, velha. Chega-se ao ponto
de tentar substituir o modo de pensamento latino (determinista)
por aquele dos anglo-saxônicos (impessoal, probabilista e com-
portamental). É por essa razão que a civilização francesa, traída,
demolida, ignorada e desprezada desde seu interior pelos próprios
franceses, perdeu seu poder de assimilação junto aos diversos
povos que são atraídos para seu território, no qual, na falta da Amé-
rica, eles podem se instalar, gozar do assistencialismo, e sonhar com
a América.
Assim é que, há cinco décadas, a mídia e o show-biz nos pregam o
modelo americano. E este, por um "consenso" que vai dos partidos
políticos de direita aos de esquerda, passando pelos tecnocratas,
se instala progressivamente na cabeça dos franceses, e sobretudo
dos menos educados, ignorando, pois, quase tudo a respeito de
sua grande civilização. A sociedade se modifica: o honnête homme,
culto, polido, esportivo e por vezes diletante, cede seu lugar ao
mandarim tecnocrata, pretensamente especialista em tudo, sem
bom gosto, pois sem cultura (é preocupante pensar no "patrimô-
nio" que deixará nossa geração), bruto e sem riqueza de espírito
(pois não tem alma). De esquerda ou de direita, liberal, marxista
consciente ou marxista por imersão, doravante todos terão uma só
religião, a da rentabilidade econômica, dos números. Como a cul-
tura foi desvalorizada pela escola gratuita e obrigatória, a opção
por uma civilização de consumo de massa, à moda americana,
não apresenta mais nenhum problema às consciências. E, para
que se aumente ainda mais a rentabilidade, menor atividade hu-
mana, maximiza-se ainda mais a especialização desmesurada, não
dos circuitos nervosos de cada cérebro, mas da pessoa inteira, de
todo um ser que agora se destina a uma só função na sociedade.
Os intelectuais em série se contentam em estudar a literatura,
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Por outro lado, a ideologia inculcada nas crianças é um sistema
coerente, formado pelos valores morais arbitrários e irracionais
(por exemplo, proibição de se eliminar os fracos, os feios, os
velhos, os enfermos, enfim, aqueles que incomodam; proibição
do canibalismo etc.) tirados do cérebro direito, estruturado pelas
superstições e pela religião. Esses valores morais são completados
pela razão para cobrir ao menos o campo da vida corrente. E essa
parte deduzida pela razão a partir dos hábitos, costumes e direitos
é muito importante na civilização ocidental. O materialismo, sob
todas as suas formas (nazista, comunista, liberal ou burguesa),
tenta, há dois séculos, desenvolvê-la ao máximo, esperando poder
afastar o cristianismo, reduzindo-o ao nível de um bibelô mental
ou de um fetiche filosófico. Infelizmente, o irracional é uma função
irrepreensível do cérebro direito; e a religião, quando destruída, é
automaticamente substituída pelas ideologias (nazismo, marxismo,
globalismo ou freudismo-marxismo) e as superstições, a igreja é
trocada por uma multidão de seitas, os padres, tão detestados, são
substituídos por astrólogos, bruxos, psicanalistas, marabus e outros
adivinhos, como na Antigüidade pagã. Aparentemente, é o pro-
gresso em marcha a ré. Esperamos não ter de voltar ao ponto do
sacrifício humano, se bem que as guerras mundiais, os massacres
planejados dos comunistas e dos nacional-socialistas, os abortos
em massa possam ser considerados como hecatombes oferecidos
às deusas ou moloques razão, modernidade e economia.
No fim das contas, a religião parece ser o menor mal, se compa-
rada a todas essas ideologias "científicas" (sic) e modernas. Guar-
demos, pois, o cristianismo, que contém em sua essência mesma
os direitos humanos, os deveres humanitários e mesmo a noção
de separação entre os dois campos do cérebro humano, a noção
de laicidade. E podemos ver chegar o dia em que a ciência confir-
mará as Escrituras, dando-lhe uma exegese cada vez mais perfeita,
na medida em que o cérebro humano progride em maturidade,
e finalmente os cérebros direito e esquerdo coincidirão. Será o
milagre último.
Em complemento ao cristianismo, todas as artes estruturam o
cérebro direito, da sensibilidade do homem. E uma grande parte
dessa sensibilidade é determinada pela música clássica, que é a
expressão sensorial principal das emoções dos povos europeus,
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modificáveis segundo as necessidades do Estado (nas mãos da fi-
nança). Graças ao fichamento informatizado dos educadores e dos
"educandos" (toda a população) será possível avaliar e retificar
constantemente os comportamentos de toda a humanidade e, por
conseguinte, o pensamento, pelo menos assim se crê. Aqui, John
Dewey concorda com Lenin, Stalin, Mao, Hitler, Pol Pot e outros
benfeitores da humanidade que lhe inventaram os "amanhãs que
cantam" diante dos gulags e dos ossuários.
Felizmente, as ciências humanas, sobre as quais se fundam os
métodos pedagógicos novos, não estão ainda prontas, e se parecem
antes com imposturas ou delírios do que com ciências experimen-
tais. Para se convencer disso, basta ver corno os povos da Europa do
Leste souberam resistir à desinformação e à lavagem cerebral, per-
feitamente "científicas", do poder soviético. E, aliás, a despeito des-
sa enorme manipulação cerebral, controlada com vigilância e zelo
pelas organizações da esquerda freudiano-marxista e seus "idiQtas
úteis" há trinta anos na França, não é de se excluir a hipótese de que
o " país real" 2 acabe por se converter massivamente à direita, e mes-
mo à extrema-direita, em virtude da lei de ação e reação. O que é
certo já em 1998 é que foi criado, não o Homem Novo sonhado pe-
los progressistas, mas hordas de ignorantes e selvagens, que adoram
chafurdar na imundície, apreciam a feiúra física e moral, e pouco se
lixam para a democracia, para os valores da esquerda e para os di-
plomas! Só a comida, o sexo, as drogas e o tam-tam lhes interessam.
2 Expressão em voga no meio conservador francês para aludir a uma França que resiste
em meio a um processo de transformação social insensato - NT.
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Com efeito, seria possível, por um preço muito baixo, por meio
da manipulação genética, fabricar clones em conformidade com o
modelo padrão estabelecido por um comitê de "sábios", e destruir
todo ser desviante. Já se clonam ovelhas, destruímos animais in-
convenientes e deixamos morrer os velhos e doentes excessivamen-
te onerosos. O homem sem alma merece ser tratado como gado.
Foi o que se passou nos campos comunistas e nacional-socialistas.
Ao nivelar as massas, ao agredir o cérebro (desestruturando-o),
buscou-se refrear a maturação do neo-cérebro. Eis um verdadeiro
crime contra a humanidade!
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BIBLIOGRAFIA
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Este livro foi impresso pela Gráfica Daikoku.
O miolo foi feito com papel chambrill avena
80g, e a capa com cartão triplex 250g.