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PRU769 _ Representações do espaço:

Disputas Cartográficas

CRACOLÂNDIA
e o ativismo cartográfico

Albert Milles de Souza. Carolinne Paulino Arruda. Karine Dias de Jesus


CONTEXTUALIZAÇÃO
Região central de São Paulo

A partir da década de 1990

População de aproximadamente
2 mil pessoas;

Região histórica, provida de


infraestrutura e equipamentos
culturais;

Alvo de planos e políticas desde


sua consolidação na área urbana
Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2023/03/06/cracolandia-no-centro-de-sp-vira-bairro-no-google-maps.ghtml>

“A chamada Cracolândia já passou por pelo menos 31


pontos de três bairros da região central de São Paulo:
Santa Ifigênia, Luz e o próprio Campos Elíseos...”
usuários
AGENTES ENVOLVIDOS coletivos movimentos sociais
Cracolândia como uma rede de fluxos Instituições ONGs
(MARINO, 2022)
moradores comerciantes locais
a) um território geograficamente Grupos de pesquisa
demarcado de concentração desses
Outros ?
fluxos;

b) um grupo de pessoas em situação de


vulnerabilidade socioeconômica e em
condições de drogadição; DISPUTAS
c) um laboratório de uso da força policial Tentativa de “retomada” pelo Estado e setor
amparada pela narrativa da guerra as imobiliário através da promoção de projetos
drogas. de revitalização.
CARTOGRAFIA
enquanto ferramenta

Proposta do Fórum Mundaréu da Luz e Observatório de Remoções _ Busca por alternativas


Planejamento insurgente, pesquisa-ação e ativismo cartográfico
Propostas práticas e ações de redução de danos
Abordagem intersetorial e interdisciplinar
CARTOGRAFIA
enquanto ferramenta

ARTIGO _ Cartografia como ferramenta de denúncia e planejamento insurgente:


experiências na Cracolândia, São Paulo, Brasil

“(...) apresenta-se uma experiência de fortalecimento das resistências e (re)existências


em territórios populares” p. 3

uso da cartografia social (1) denunciar e dar visibilidade às sistemáticas violações de direitos
humanos na região
e
(2)subsidiar propostas coletivas para a elaboração e pré-figuração
de uma experiência de planejamento insurgente
CARTOGRAFIA
enquanto ferramenta
Premissas:

Compreensão do ato de mapear como um


processo educacional e político.

Valorização das leituras territoriais do espaço vivido e


das camadas invisíveis nas representações
cartográficas institucionais.

Construção colaborativa junto aos sujeitos da


região.
CARTOGRAFIA
como ferramenta de denúncia

Mapas das violências e violações:


Identificação da relação direta entre instrumentos e planos urbanísticos
empreendidos na região e as ações de violência e violação de direitos.

Resultado:

Produção de uma cartografia interativa e periodizada das ocorrências de violências e


violações a partir de 2005.
CARTOGRAFIA
como ferramenta de denúncia

Mapas das violências e violações:


Primeiro período (2005/2008): projeto de revitalização, “Nova Luz” “Operação
Limpa Cracolândia” violência para dispersão do fluxo.
“...Fluxos concentrados na Sala São Paulo/Estação Júlio Prestes. Remoções e
brutalidade policial concentrada na área do projeto “Nova Luz”.

Segundo período (2009/2012): operação sufoco violência policial.

Impedir a fixação/concentração das pessoas num só ponto.

“...A violência policial e a internação compulsória acompanham o fluxo


(concentração na Rua Helvética/Estação Júlio Prestes).”
2009-2012

2005-2008
CARTOGRAFIA
como ferramenta de denúncia

Mapas das violências e violações:


Terceiro período (2013/2016): emergencia de experiências alternativas

Demolições e remoções:
construção de equipamentos culturais para
revitalizar a região.

Quarto período (2017): violações: violências e remoções, .

Expansão destas ações para novas áreas.


2013-2016

2017
CARTOGRAFIA
e o planejamento insurgente

Planejamento insurgente:

Ruptura teórico-espistemológica e prático-política.


“Do planejador ao planejamento...”

“Processo de participação social democrático nos


moldes das teorias colaborativa e comunicacional do
planejamento...”
É uma “intersecção entre (1) fazer a cidade acontecer, (2) ocupar a cidade, e (3)
reivindicar direitos”...
CARTOGRAFIA
e o planejamento insurgente

Metodologias e ferramentas cartográficas


objetivando:
Reconhecer os sonhos e desejos da população local para o território;
Identificar o acúmulo de conhecimentos e práticas existente.

Como?

Através da Cartografia do “fluxo” da Cracolândia (lugares de maior presença e circulação).

Utilização de diferentes dispositivos, abordagens e métodos cartográficos:


- Geodésia de tubos de PVC com mapa da região impresso, canetas e ícones adesivos;
- Rádio Mundaréu;
- Realização de um Slam.
CARTOGRAFIA
e o planejamento insurgente
Curiosidades:

Alta participação das crianças no mapeamento coletivo: “os ícones que mais chamaram a atenção das
crianças e estamparam a cartografia foram os que tinham relação com a polícia”; encarado como elemento
de insegurança.”
CARTOGRAFIA Cartografias dos artistas, pesquisadores,
e o planejamento insurgente profissionais atuantes no território...

Dispositivos utilizados: linha do tempo, mapa e painéis;


Linha do tempo: retomou as intervenções estatais desde 1990
(equipamentos culturais, projetos urbanísticos, operações policiais,
demolições, coletivos atuantes, programas humanitários).

Os painéis tinham como objetivo levantar práticas sociais,


protagonizadas pelas insurgências, que transformam o
território e transgridem a ordem..

Mapeamento utilizado: o mesmo do que na intervenção realizada


no fluxo da cracolândia, mas com outras análises.

Constatação: esforço histórico de retirada daquela população da região, mas


paralelamente presença de lutas e insurgências em diferentes campos,
especialmente cultura, redução de danos e moradia..
CARTOGRAFIA Cartografias dos artistas, pesquisadores,
e o planejamento insurgente profissionais atuantes no território...
CARTOGRAFIA Cartografias dos artistas, pesquisadores,
e o planejamento insurgente profissionais atuantes no território...
CARTOGRAFIA
e o planejamento insurgente

Seus reflexos:

território em disputa” desde a década de 1990 : (i) intervenções estatais centrada


principalmente na construção de equipamentos culturais âncora, projetos
urbanísticos, operações policiais e demolições; (ii) instrumentos e programas para a
garantia de direitos; (iii) disputas institucionais travadas na tentativa de frear
intervenções estatais; e coletivos e movimentos sociais atuantes no território...”

“Geometrias de poder”.
CARTOGRAFIA DA CRACOLÂNDIA
limites e possibilidades

Desafios e limites da experiência:

A alta mobilidade dos “fluxos”: um desafio de contagem.


Impossibilidade de representação de todas as violações presentes nesse território.
Dificuldade de integração das pessoas do “fluxo” aos dispositivos cartográficos.
dificuldade de absorção de leituras mais complexas do território e proposição
de alternativas a partir da experiência dos drogadictos.
Estigma territorial da cracolândia enquanto fator limitante de adesão dos
moradores e comerciantes às intervenções/ações realizadas pelo Fórum no
epicentro do “fluxo”.
CARTOGRAFIA DA CRACOLÂNDIA
limites e possibilidades

Potencias da experiência::
Visilibização e denuncia de violações.
Antecipação das relações de dominação.
“o mapeamento dos planos de intervenção urbanística na região da cracolândia
projetam um horizonte revitalizado do qual esses sujeitos subalternizados não
fazem parte, sejam eles drogadictos ou moradores/comerciantes da região”.
Articulação entre os diferentes atores e temáticas abordadas.
Território enquanto eixo de pesquisa e ação.
possibilidade deonstrução coletiva de ações insurgentes sobre e para a cidade.
REFERÊNCIAS:
MARINO, ALUÍZIO ; LINS, Regina ; ROLNIK, Raquel ; Villela, Felipe ; ANZEI, Talita . Cartografia como
ferramenta de denúncia e planejamento insurgente: experiências na Cracolândia, São Paulo, Brasil.
In: 2º Seminário Internacional Urbanismo Biopolítico: Urbanismo Neoliberal e Resistências
Biopotentes, 2018, Belo Horizonte.

https://outraspalavras.net/cidadesemtranse/por-uma-cartografia-social-da-cracolandia/

https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2521341

http://www.labcidade.fau.usp.br/acoes-violentas-do-poder-publico-multiplicam-cracolandias-
pelo-centro-de-sao-paulo/ https://www.instagram.com/dolhonaquebrada/

https://labcidadefau.carto.com/builder/e4276b70-601a-11e7-a793-0e98b61680bf/embed

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2023/03/06/cracolandia-no-centro-de-sp-vira-bairro-
no-google-maps.ghtml

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