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corpo-cidade a experiência errática como exercício corpográfico: Universidade Federal de Juiz de Fora | Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Trabalho de Conclusão de Curso II. Aluna: Vitoria Vargas Lima

proposições na área central de juiz de fora


Orientador: Carlos Eduardo Ribeiro Silveira
Juiz de Fora, Julho de 2023

INTRODUÇAO A partir de uma revisão histórica e homogeneização e a apaziguação dos espaços públicos, “O estudo das corpografias urbanas, utilizando o próprio como um relevante fator de análise e compreensão do espaço METODOLOGIA A partir do corpo atento [ativo], errante O critério de formulação dos percursos foi dado pela própria
bibliográfica da ocupação antrópica, compreendemos promovendo um falso consenso urbano que tende a podar corpo enquanto resistência, principalmente através das urbano. e lento, foram traçados percursos [trajetos] pela cidade experiência corporal da atenção, ou seja, a partir do corpo
que a cidade moderna, de molde urbanístico funcional e a experiência corporal e política dos cidadãos. errâncias, nos sugere o que poderia vir a ser um antídoto à É importante salientar que a corpografia se estabelece como de Juiz de Fora. Essa exploração corpográfica teve como em movimento [de onde quer que o pesquisador esteja],
segregacionista, aliada às tecnologias de deslocamento É nesta problemática que o trabalho se cria: para espetacularização: um urbanismo 'incorporado'.” (JACQUES, uma cartografia cujo objeto cartografado não se distingue de aliado o corpo vívido, que se transporta através do traço [do a busca do estado corporal atento errante [de percepções
e produção, modificou crucialmente a relação do corpo- compreender tanto as consequências, quanto possíveis 2008) sua representação (BRITTO, 2013); estas ações podem ser percurso, do movimento do corpo, da tinta], compreendido aguçadas e alienado à ideia de tempo cronológico] ditou
indivíduo para com o corpo-urbano. desvios à desencarnação dos espaços. Nesta perspectiva Ainda, pela prática das errâncias, o viés da experiência “cartografadas, mapeadas, representadas ou ilustradas [...] como um fenótipo estendido do corpo [através da caneta sua duração [início, pausa e fim], tendo a região central
O afastamento da dimensão corporal na cidade crítica à descorporificação urbana, foram utilizadas as corporal acusa o que o “projeto urbano exclui, pois mostram mas não precisam ser representadas para se tornarem visíveis’’. > braço-mão-dedo-movimento-papel], para a criação como uma zona de força magnética.
contemporânea está diretamente relacionado ao errâncias como reafirmação da experiência corporal e da tudo o que escapa ao projeto tradicional, explicitando as A própria movimentação corporal do sujeito que experienciou do caderno de bordo. Os registros foram feitos tanto Compreende-se, também, o fator limitador das condições
processo vigente de espetacularização. Performado pelo alteridade nas cidades. A partir do percurso; do espaço micro práticas cotidianas do espaço vivido, as apropriações a cidade, por si só, já faz com que suas corpografias sejam durante [in loco], quanto depois da ação, numa repetição de variação dos padrões de composição das corpografias
desempenho do capital, a dinâmica da cidade-espetáculo sentido "por baixo"; da experiência vívida do corpo no diversas do espaço urbano” (BRITTO, JACQUES, 2008, p.80), reveladas, permitindo a compreensão do espaço urbano a sistemática de percepção, percurso, descrição, croqui formuladas ao pensar a cidade de estudo como extensão
reúne uma série de fatores que combinam a expulsão dos espaço urbano; da memória afetiva; da pele sensorial; da e eleva a percepção da cidade para além da imagem rasa do partir do estudo desses padrões de ação. (BRITTO, JACQUES, e memória, que proporcionaram uma análise crítica de fenitípica do corpo pesquisador [nativo].
corpos, como a gentrificação e a arquitetura hostil, com a percepção: com o corpo ativo, atento. espetáculo. A dinâmica do corpo na cidade se mostra, então, 2008) padões de ação notados.
CADERNO
CARTOGRAFIAS produzidas a partir da sobreposição de mapas oficiais e percursos corpografados durante o
DE BORDO
trabalho. 1. Mapa de eixos importantes da cidade + percepção de movimentação humana (pedestres).
percurso 1
2. Sobreposição do Anexo 4 - Lei de Uso e Ocupação do Solo (foco nas áreas de Zoneamento Autorizado (ZA) para
> 30/03
Praças e Parques, unidade territorial 1) + observação corpocartografada de espaços públicos com caráter de praças rua são
e parques abertos, sem grades + rastreio dos percursos desenvolvidos e indicações de instalação. Mapa fonte: base mateus,
cartográfica municipal de juiz de fora (2019). av itamar
franco, rua
alto movimento de pessoas batista de
oliveira,
rua floriano
peixoto, av
baixo movimento de pessoas francisco
bernardino,
praças públicas/espaço de ócio
rua da
preferência pedestre/só a pé
bahia, bairro
eixos importantes > avenidas
eixos importantes > conexão (rua) poço rico,
rio paraibu
na linha do trem rua espírito
santo, bairro
grambery, av
rio branco
percurso 2
> 26/04
av rio branco,
rua moraes e
castro, bairro
ri
o são mateus,
pa
ra
ib
av itamar
un
a franco,
rua santo
antônio,
rua espírito
santo, praça
do cruzeiro,
bairro
paineiras,
av olegário
rio LOCUS DO CONFLITO. mapa psicogeográfico dos percursos no espaço público/ corpografia ilustrada. traço, caminho, percepções, registro.
pa maciel
percurso 3
ra
ib

a Junto às análises do plano cartográfico oficial da cidade, o levantamento corpo-cartográfico e a revisão do caderno de bordo > 04/05
un

(percepções, anotações, memórias, croquis) enfatizaram atividades, desejos e comportamentos repetidos em diferentes rua são
espaços de caráter público da região urbana estudada. Os elementos, então, foram categorizados e exemplificados pelo mateus, rua
traço (do caminho, no corpo, para o papel) do desenho, que realçaram estes padrões de ação e podem vir a contribuir para chanceler
oswaldo
a construção coletiva do espaço público. aranha, av
rio branco,
APROPRIAÇÕES E USO > parque
halfed,
DIVERSIDADE ESPACIAL rua santo
em espaços públicos voltados à esfera do corpo, que antônio,
rua osvaldo
reúnem diferentes atividades, idades, e formas de cruz, rua
apropriação do indivíduo ou grupo. Nestes espaços tiradentes,
criam-se a esfera do liso, cujo espaço se transforma av olegário
a partir das diferentes atividades ali desenvolvidas maciel
e de todo seu potencial de troca - que rompe de percurso 4
barreiras. O caráter lúdico e de descanço conversa > 11/05
com a forma física do espaço proposto, com usos praça
diversos de materiais (paginação, acessibilidade, jarbas lery,
av itamar
mobiliário), funcionalidades e proposições ao franco, av
cidadão. mobiliário: para atividade física, bancos, rio branco,
instalações de afeto, encontro e descanço. rua são joão,
jogo: apropriação lúdica de criação leva ao galeria, rua
desenvolvimento criativo, cultural e social. serviços marechal
deodoro,
incentivo econômico e de uso [comida, bebida, etc] av getúlio
arborização sol, sombra, temperatura e atmosfera. vargas, rua
batista de

0 100 200 500 1000 2000 3000m


escala gráfica norte /\
CONEXÃO COM A RUA > MOVIMENTO > PEDESTRE, PESSOA, PASSANTE oliveira, rua
fonseca
hermes
fim
percurso > início
percurso > pausa
percurso > fim
NÓ / ENCONTRO
árvore
percurso > 1° contato errante
percurso > caminho traçado sombra QUINA CANTO POSTE
ZA - Praças e Parques - com respiro
grade, cercas, ou outro uso grade
ZA - Praças e Parques - aberto,
atmosfera pública e de praça
Praças e Parques não listados no
ZA que desempenham a função

escada
ocupação
arquibancada
c./b calçada
gente chama gente. grade, cerca praça ou parque? estacionamento
e propriedade cercada? escadas/conexão com a rua fora do gradio,
possibilidade de descanso ou encontro, espera fora do fluxo de passantes,
formação de grupo e acomodação nos degraus tipo arquibancada. serviços
apropriação do espaço público (calçada) e movimento de potencial clientes.
a. respiro/elementos naturais árvores, grama, vento, vazio. (aqui: falta de
b. nó indivíduos tendem a criar fluxos
espaços para pessoas, potencial de apropriação e transformação pública).
a./c. b./d. e procurar espaços de unidade fixos TRIANGULAÇÃO > AÇÃO proposição e troca entre uma ou
(postes, placas, bancas, canteiros, mais unidades [pessoa, espaço, instalação ou atividade], que afeta o corpo-
b. LUGAR DE SENTAR árvores) para se juntar e ocupar. indivíduo e o corpo-urbano. arte, cultura, conversa, memória, atenção;

d/c f.
canteiros soleiras quinas são alvos diretos
da apropriação do espaço na busca do
COMPONENTES NATURAIS > SOL ÁRVORE SOMBRA VENTO ÁGUA
momento de pausa. bancos e proposições
que dão a liberdade para o corpo se
sombra
apropriar do espaço e conceber sua
estadia; aparecem como necessidade de
b/d/e ação básica para a construção do espaço
público. As condições que acompanham
árvore

(iluminação, temperatura, tamanho e


sombra

formato) indicam, também, a intensidade


b/d/e de uso do ambiente proposto. destaque
e/c b. > pontos de ônibus e espera, praças,
parques, calçadões e pequenos respiros
urbanos (afastamentos e nós).

CALÇADA/RUA e a interação da esfera


privada com a rua, seja em forma de
espera serviços, ou no incentivo da manifestação
passeio cultural (eventos, apoio, comunicação).
canteiro cafés, restaurantes, bares; música, dança,
transporte arte > triangulação no seu cerne.

INDICAÇÕES DE PROPOSTA E CONTRIBUIÇÕES LÚDICAS /


INSTALAÇÕES PARA CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO
INSTALAÇÃO MULTI-USO a fim criar um ambiente propício para diferentes atividades como sentar, deitar,
descansar, esperar, brincar, conversar, encontrar. A ideia é poder trabalhar diferentes níveis de superfícies, criando
uma estrutura multi-uso que possibilite ali o maior número de apropriações corporais dos cidadãos. Pedaço de sombra,
pedaço de banco, pedaço de sol, ora mesa, ora arquibancada; cobertura, escada, escalada. Partindo do ponto pré
existente de bancos cimentícios alocados separadamente por vários metros nas praças da cidade, a instalação tem
a intenção de criar uma unidade visual-perceptiva de incentivo ao uso (tanto já existente, mesmo que sem suporte, INSTALAÇÕES EM
quanto novos).
PEQUENA ESCALA a fim
de oficializar e incentivar usos
analizados já existentes na
cidade, espaços de encontro,
espera e ócio. A aplicação pode
ser feita em espaços destinados
a pedestres, como calçadões, f.
largos afastamentos e praças
públicas, com a introdução de
pequenas mesas e bancos junto ARBORIZAÇÃO é um forte criador de relações na cidade; as pessoas gostam de sentar de baixo delas, relaxar, se
a peças de caráter nodal, como conectar com outras prioridades e desenvolverem afetos. Além da relação de temperatura - sua sombra proporciona
postes de iluminação. um ambiente mais fresco e confortável, a atmosfera criada pelo ambiente natural é incontestável.

a.

c.

d.

e.

INTERVENÇÕES ARTÍSTICAS de paginação e proposição lúdica


a fim de transformar o banal e cotidiano, como uma caminhada rotineira,
pelo jogo e propor, ali, uma reteritorização do afeto. Traços que indiquem um
novo caminho, uma nova forma de atravessar o espaçoV, ou tragam a tona memórias
- como uma simples amarelinha. ”0 principal antídoto contra o espetáculo seria seu oposto: a participação
ativa dos indivíduos em todos os campos da vida social, principalmente no da cultura [...] meio urbano como
terreno de ação, de produção de novas formas de intervenção e de luta contra monotonia, ou ausência de
b. e. paixão, da vida cotidiana moderna”. JACQUES, 2003, p. 13

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