Você está na página 1de 23

Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.

ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

SINDROME ALCOÓLICA FETAL :


A AUSÊNCIA DO ESTADO EM PROGRAMAS DE ATENÇÃO E
PREVENÇÃO, ACARRETANDO O AUMENTO DA VIOLÊNCIA E
CRIMINALIDADE. QUESTÕES NORTEADORAS

Alice Sobral1
Amanda Amaral2
INTRODUÇÃO

Várias pesquisas e dados estatísticos apontam o Brasil como um dos maiores


fabricantes de álcool do mundo. Também mencionam o País com um alto índice de
crimes relacionados a drogas de todos os tipos. A questão é conscientizar a população
dos males que afetam a saúde e o bem-estar social, tanto dos usuários quanto da
sociedade, influenciados diretamente por tal problemática, que envolve a Saúde Pública,
a Ordem Econômica e o Poder Judiciário.
Como primeiro passo, deve-se perceber que crianças conviventes em ambiente
familiar de risco social. Pais viciados que consumiram álcool ou outras drogas durante a
gestação e continuam a fazê-lo mesmo depois de a criança nascer, condenam o próprio
filho ao cárcere de uma das mais graves Síndromes já pesquisadas pela ciência – a
Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), além de negarem a este a melhoria e o tratamento de
que tanto necessitam. Nessa teia, as crianças se desenvolvem precariamente, envoltos
por todas as mazelas físicas, emocionais e sociais imagináveis, e sequer lhes é dada a
oportunidade de sair de tal situação. Transformam-se em pequenos monstros sociais, o
que a todo instante se verifica nos noticiários. Se alcançam a maioridade, transformam-
se em criminosos cruéis, psicopatas. Exemplos são diversos.
Segundo (MELONI e LARANJEIRA, 2004), o Brasil é o quarto maior produtor
de destilados do mundo, fabricando um volume de cachaça igual ao que a Escócia

1
Alice Sobral
Bacharel em Direito, Mestrado e Doutorado em Direito;
Professora Titular de Direito Penal na UEA;
Presidente da Comissão de Proteção as Pessoas com Autismo e TDAH da OAB/AM
Presidente da Comissão de Prevenção à Dependência Química da OAB/AM;
Líder do Grupo de Pesquisa em Segurança Pública, Direitos Humanos e Cidadania – CNPQ
Coordenadora do Núcleo de Ciências Criminais da UEA.
2
Amanda Amaral
Acadêmica de Direito pela Universidade do Estado do Amazonas
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

produz de whisky. A diferença reside no fato de que a bebida escocesa é consumida no


mundo todo, enquanto a pinga é quase que totalmente absorvida pelo mercado interno.
Segundo dados do Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime
(UNODC), a dimensão nacional do custo econômico e social nunca foi avaliada com
clareza, mas com base nos escassos dados disponíveis estima-se que chegue a 10% do
Produto Interno Bruto (PIB):

O consumo de bebidas alcoólicas depende de uma complexa interação de


fatores biológicos, culturais e ambientais, em que o resultado, geralmente,
não é a dependência, mesmo para os indivíduos que tiveram problemas com
o álcool em algum momento da vida. Os bebedores com problemas
constituem um subgrupo de usuários de álcool que não têm a doença
alcoolismo, porém devem ser objeto de preocupação das autoridades de
saúde, visto que são causadores de agressões físicas e de acidentes de trânsito
e de trabalho, além de apresentarem uma série de problemas de saúde. O
abusador de álcool apresenta, durante o período de intoxicação aguda,
confusão mental e redução do nível de atenção, além de déficits na maioria
das áreas cognitivas. Imediatamente após esse período, permanecem
alterações na realização de tarefas de reconhecimento espacial e na memória
tardia.
Os consumidores de álcool, mesmo os que não são dependentes da
substância, podem apresentar alterações em diversas funções
neurocognitivas, a depender do volume e da frequência de consumo e das
características individuais. Existe, de fato, um continuum que vai dos
bebedores sociais até os dependentes do álcool, havendo indícios de que
mesmo os bebedores sociais que ingerem mais de 250g de álcool (21 doses)
por semana já apresentam algumas alterações neurocognitivas.
Os alcoolistas, por sua vez, são os indivíduos que apresentam a doença
alcoolismo, agora chamada síndrome de dependência do álcool (SDA),
conforme definição da décima revisão da Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), da
Organização Mundial da Saúde.3

Nas duas décadas entre 1980 e 2000, 2.07 milhões de brasileiros morreram de
causas não naturais. Dentre essas causas, os homicídios lideram as estatísticas. Em
1980, estima-se a ocorrência de 13.910 homicídios. Os homicídios aumentaram para
31.989 em 1990, e alcançaram 45.343 em 2000, mantendo-se seu número estável
próximo aos 50.000 homicídios para o quinquênio 2001-2005.

3
https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/textos-para-discussao/td-
20-regulacao-da-publicidade-das-bebidas-alcoolicas. Regulação da publicidade das bebidas alcoólicas -
Moreira Junior, Sebastião - Publicado: Brasília: Senado Federal, Consultoria Legislativa Data de
publicação : 02/2005. Descrição física: 36 p. Série: (Textos para discussão; 20) Assuntos: Publicidade,
regulação | Bebida alcóolica Responsabilidade: Sebastião Moreira Junior Disponível em:
http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/104. Acesso: 19 nov. 2017.
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

Os jovens do sexo masculino entre as idades de 15 e 29 anos são o grupo mais


afetado da população. Dos homicídios registrados em 2000, mais de 16.000 afetaram
jovens do sexo masculino ‒ 75% das quais vítimas de armas de fogo.
Dos quase 50.000 homicídios registrados a cada ano, correspondendo a uma taxa
de 27 em cada 100 mil pessoas, uma grande proporção está relacionada ao tráfico de
drogas.
Em seu Relatório Mundial sobre a Violência e a Saúde, a Organização Mundial
da Saúde estima que, para cada pessoa assassinada, 20 a 40 são feridas a ponto de
precisarem ser hospitalizadas. O impacto dos homicídios e das lesões corporais sobre o
público é, portanto, impressionante:

Número de assassinatos no Brasil volta a crescer em 2017.


São 155 assassinatos por dia, o que equivalente a seis mortes por hora em
cada estado, e as características das mortes se repetem: ligada ao tráfico de
drogas e tendo como vítimas jovens negros pobres da periferia executados
com armas de fogo.
Por Nocaute em 21 de agosto às 09h 38.
No primeiro semestre de 2017, no Brasil, foram registrados 28,2 mil
homicídios dolosos, lesões corporais seguidas de morte e latrocínios, casos de
roubos seguidos de morte, de acordo com dados da Secretaria de Segurança
Pública, divulgados pelo jornal Estado de S. Paulo. O número de assassinatos
no Brasil aumentou, indicando uma crise na segurança pública.
O índice é 6,79% maior do que no mesmo período do ano passado e indica
que o país pode retornar à casa dos 60 mil casos anuais.4

De acordo com o ex-deputado federal Moroni Torgan, relator da CPI do


narcotráfico, 200 mil pessoas estão diretamente envolvidas com o tráfico de drogas
ilícitas no Brasil, e aproximadamente 10% da força de trabalho do narcotráfico (20 mil)
é composta por crianças e adolescentes, os chamados aviõezinhos’ (QUEIROZ, 2008).5

No ranking das 50 cidades mais violentas do mundo em 2012, que é


organizado de acordo com a quantidade de mortes violentas em proporção
com a quantidade de habitantes de cidades com mais de 300 mil habitantes
está o Brasil. No total são 15 cidades brasileiras, uma a mais que o ano
passado com a entrada de Brasília, o que confere um percentual de 30% das
cidades mais violentas do mundo. [...] Os realizadores da lista não descartam
a possibilidade de que secretarias de cidades marcadas pela violência, como é
o caso do Rio, mascarem seus dados para não serem listadas. Ademais

4
MORAES, Fernando (Blog). Disponível em: <http://www.nocaute.blog.br/brasil/numero-de-
assassinatos-no-brasil-volta-crescer-em-2017.html>. Nocaute • O blog do Fernando Morais. Acesso em:
14/11/2017
5
QUEIROZ, Vinicius Eduardo. A Questão Das Drogas Ilícitas No Brasil. 2008. Disponível em:
<http://tcc.bu.ufsc.br/Economia292028>. Acesso em: 19/11/2017.
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

informam que receberam muitas reclamações de autoridades governamentais


porque a lista mancha o nome de cidades reconhecidamente turísticas. No
entanto insistem que as cifras são oficiais e o ranking não faz outra coisa
senão reconhecer a realidade de sua violência e a incapacidade dos
governantes para contê-la e reduzi-la. Em 6º lugar está Maceió com 801
homicídios para 932.748 habitantes, com 85,88 percentual. Em 10º lugar,
João Pessoa, com 518 homicídios para 723.515 habitantes, 71,59%. Logo em
seguida, com o 11º lugar Manaus, com 945 homicídios para 1.342.846
habitantes, totalizando 70,37 %. Como mencionado, são 15 cidades
brasileiras.6

Em 2017, o Brasil continua entre a lista dos países mais violentos do mundo,
conforme se vê abaixo:
Pelo sexto ano consecutivo o Brasil lidera o ranking do número de cidades
mais violentas do mundo. (É hexa!!! É hexa!!!) 19 delas, duas a menos que o
ano passado, estão localizadas no nosso país, 8 no México, 7 na Venezuela, 4
nos Estados Unidos, 4 também na Colômbia, 3 na África do Sul e 2 em
Honduras. Caracas, a capital venezuelana, registrou 130,35 assassinatos por
cada 100.000 habitantes em 2016 e foi a cidade mais violenta do mundo,
seguida do balneário mexicano de Acapulco e a hondurenha San Pedro Sula,
segundo um relatório divulgado esta semana por uma ONG.7

Do outro lado da moeda, muitas pessoas, por falta de políticas públicas sérias,
desconhecem as consequências maléficas do álcool e de outras drogas em seu
organismo.
Como dito alhures, as gestantes que consomem bebida alcoólica ou outras
drogas passam a seus filhos toda a substância pelo cordão umbilical. Todas as pesquisas
são uníssonas em afirmar que uma criança que sobrevive a estas substâncias e consegue
nascer com vida, fatalmente terá a SAF e conviverá com esta síndrome por toda a vida.

1 SÍNDROME ALCOÓLICA FETAL: UM DESAFIO DA SAÚDE PÚBLICA E DA ORDEM


JURÍDICA

Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) é um conjunto de transtornos físicos, mentais,


neurológicos e comportamentais de origem gestacional, manifestados ao longo da vida,
associados ao consumo de álcool durante a gravidez.

6
Ranking das 50 cidades mais violentas do mundo em 2012 - Metamorfose Digital. Redação em Listas.
Fonte: Seguridad Justicia y Paz. - Disponível em:
<http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=27892#ixzz2ctOggzOV>. Acesso em: 19 nov. 2017.
7
Disponível em: <http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=27892#ixzz2ctOggzOV>. Acesso em: 19
nov. 2017.
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

SAF é o quadro clínico mais frequentemente reconhecido dentre as deficiências


mentais e físicas instaladas na gestação. Não se conhecem níveis seguros de consumo de
álcool durante a gravidez; por esse motivo, especialistas aconselham, à mulher que
esteja gestante ou pretenda engravidar, a abstinência de álcool ou de qualquer outra
droga, lícita ou ilícita.

Os indivíduos com SAF têm um padrão distinto de anomalias faciais e de


deficiência de crescimento, como também, evidências de disfunção do
sistema nervoso central. Além de deficiência intelectual em diversos níveis,
os indivíduos com SAF, DDNRA e DNRA (Desordem do Desenvolvimento
Neural Relacionado ao Álcool e Defeitos de Nascimento Relacionados ao
Álcool) podem também apresentar outros déficits de origem neurológica tais
como habilidades motoras comprometidas e uma pobre coordenação entre a
visão e os movimentos das mãos. Podem também ter um padrão complexo de
problemas de aprendizagem e de comportamento, abrangendo dificuldades de
memorização, atenção e julgamento. São imaturos e se envolvem com muita
facilidade com álcool, drogas e criminalidade.8

Uma pessoa viciada apresenta diversos problemas de ordem física, psicológica e


comportamental perante a sociedade. De início, seu vício prejudica sua vida em família,
causando transtornos de toda ordem. O viciado destrói seus relacionamentos
profissionais e emocionais, podendo chegar a perder o emprego, perde a noção da
realidade e vive uma existência conturbada, de desilusão e solidão. Muitos se voltam
contra o sistema e passam a praticar delitos para custear o próprio vício, chegando até a
matar para conseguir seu desiderato.
Perdem seus empregos, suas casas, seus familiares, suas vidas. Muitos adoecem
física, mental e espiritualmente. Necessitam de tratamento biopsicossocial e espiritual.
Tais consequências geram prejuízos de toda ordem, e o Estado deve arcar com
sua responsabilidade para a restauração da ordem democrática e protetiva.
Ressalte-se que, de acordo com a reforma psiquiátrica, o paciente nessas
circunstâncias deve ser tratado pelos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas
(CAPS), conhecidos por não serem uma instituição que cumpre o papel para o qual
forem criados.
Muitas mulheres ignoram ou não valorizam as consequências do uso e abuso do
álcool e outras substâncias no período da gestação. Além de causar aborto, essas

8
NATIONAL ORGANIZATION ON FETAL ALCOHOL SYNDROME; Disponível em:
<http://www.bengalalegal.com/saf>. Acesso em: 27/10/2016.
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

substâncias podem ocasionar diversos outros males ao ser nascente, males irreversíveis
que afetarão não só a criança em desenvolvimento e sua família, mas toda a sociedade.
O abusador de álcool apresenta, durante o período de intoxicação aguda,
confusão mental e redução do nível de atenção, além de déficits na maioria
das áreas cognitivas. Imediatamente após esse período, permanecem
alterações na realização de tarefas de reconhecimento espacial e na memória
tardia. [...] Os alcoolistas, por sua vez, são os indivíduos que apresentam a
doença alcoolismo, agora chamada síndrome de dependência do álcool
(SDA), conforme definição da décima revisão da Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), da
Organização Mundial da Saúde.9

A partir do nascimento de uma criança com SAF, muitas são as consequências


para ela e toda sua família. Não havendo por parte da gestante o acompanhamento pré-
natal, muitas vezes a criança nasce sem que haja um diagnóstico preciso da síndrome, o
que pode acarretar problemas ainda maiores no futuro. Não apenas para a família, mas
para toda a sociedade.
As características físicas de uma pessoa com SAF podem ser mais evidentes dos
2 aos 10 anos de idade, se comparadas às outras fases da vida. Até os 15 anos, o
processo de maturidade social se assemelha ao nível de uma criança de 6 anos. Após a
puberdade, os problemas de comportamento e emocionais tornam-se mais
pronunciados.
Se a mãe não tiver bebido durante o período em que as feições são definidas, por
volta do 20º dia de gravidez, algumas das características da SAF podem não aparecer no
bebê.
Além das complicações físicas, os bebês com a síndrome nascem com
problemas sérios de déficit de atenção, controle do impulso, do julgamento e da
memória.
Menos de 10% dos indivíduos com SAF conseguem viver e trabalhar
independentemente. Os adultos com SAF têm dificuldade de manter a independência
bem-sucedida. Têm dificuldade de permanecer na escola, manter trabalhos ou sustentar
relacionamentos saudáveis. Sem serviços de atendimento apropriados, esses indivíduos
têm um risco elevado de desenvolver inabilidades secundárias, tais como: problemas
com a lei, abuso de álcool e de outras drogas, e gravidez não desejada.

9
REGULAÇÃO DA PUBLICIDADE DAS BEBIDAS ALCOÓLICAS. Sebastião Moreira Jr. Disponível em:
www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/textos-para-discussao/td-20-
regulacao-da-publicidade-das-bebidas-alcoolicas Brasília, fevereiro/ 2005. Acesso em: 10/01/2018.
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

As crianças e os adultos com SAF podem ser vulneráveis ao abuso físico, sexual
e emocional.
Não existem dados de SAF no Brasil, mas alguns estudos americanos apontam o
fato de que, a cada 1.000 nascimentos, 1 criança nasce com diagnóstico de SAF.
São 12.000 crianças nascidas a cada ano com SAF, e três vezes mais crianças
nascidas com Desenvolvimento Neural Relacionado ao Álcool (DDNRA), Defeitos de
Nascimento Relacionados ao Álcool (DNRA) e Síndrome Alcoólica Fetal (SAF). Esse
número é maior do que a totalidade das crianças nascidas a cada ano com Síndrome de
Down, Fibrose Cística, Espinha Bífida e Síndrome Infantil de Morte Repentina.10
Todavia, a divulgação não é tão simples assim, pois até mesmo os médicos
desconhecem a SAF. Fátima Coutinho informa o fato de que os pediatras, em geral, não
pensam na síndrome em primeiro lugar, quando investigam sintomas nas crianças:

Diagnóstico, seguimento e tratamento


Para as crianças, o diagnóstico e a intervenção precoces diminuem o risco de
incapacidades futuras(2,35). Para as famílias, permite esclarecimentos sobre
os problemas do paciente, levando à elucidação e expectativas mais
apropriadas sobre a criança, aumento do acesso a serviços sociais e de
educação e ao possível subsídio do governo.
No nível da Saúde Pública, o diagnóstico pode aumentar o registro da
incidência e da prevalência, permitindo estudos e o planejamento de serviços
de Saúde, sociais e educacionais.
A padronização de roteiros de diagnóstico é necessária. A não ser para a
SAF, não existem evidências científicas suficientes que definam os critérios
diagnósticos para qualquer condição relacionada ao álcool durante o pré-
natal. Pela complexidade e variação de expressão das alterações, uma equipe
multidisciplinar qualificada, Recém-nascido com peso de nascimento,
perímetro cefálico, comprimento, fissura palpebral e borda vermelha do lábio
superior menores que o 10º percentil para a idade gestacional, nariz
antevertido, filtro nasal liso, implantação baixa dos pavilhões auriculares e
síndrome de abstinência
O diagnóstico da SAF é mais fácil dos 2 aos 11 anos, quando as dismorfias
faciais são mais evidentes e as disfunções típicas do SNC surgem
clinicamente.11

Em 2010, a OMS lançou dez recomendações com medidas de promoção,


prevenção, tratamento, regulação e fiscalização do mercado de bebida alcoólica; não
houve, no entanto, qualquer menção à associação entre o consumo dessa substância e o
período gestacional. Como a SAF requer ações nas três esferas: saúde-prevenção,
atenção curativa, e reabilitação, a não menção explícita da OMS às estratégias de

10
Disponível em: <http://www.bengalalegal.com/saf>. Acesso em: 27/10/2017.
11
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/eins/v8n3/pt_1679-4508-eins-8-3-0368.pdf>. Acesso em: 28/
10/2016.
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

enfrentamento ao mercado e ao uso indevido do álcool torna bastante temeroso o futuro


da sociedade, desconhecedora dos perigos do álcool e outras drogas.
A SAF deveria ser incluída nas agendas públicas de saúde, tanto reprodutiva
quanto de proteção à criança, por ser condição mórbida. O grande número de projetos
de lei que propõem restrições à publicidade do álcool, apresentados nos últimos anos no
Congresso Nacional, reflete a insatisfação da sociedade e dos parlamentares com o
modelo de regulação desta matéria atualmente em vigor no País. Essa insatisfação é
plenamente justificada pela análise das evidências científicas disponíveis. Cabe às
autoridades competentes apropriarem-se desse conjunto de informações para elaborar e
implementar políticas públicas que contribuam para reduzir os danos provocados pela
bebida.12
Ressalta-se a não atuação do Estado na prevenção e erradicação da SAF,
conscientizando a população e, principalmente, as gestantes de que o álcool e outras
drogas são prejudiciais ao desenvolvimento do feto por toda a existência deste.
Considerando ainda que, apesar de a SAF não escolher classe social, grande parte das
pessoas com diagnóstico de SAF pertence a classes financeiras baixas. Percebe=se que,
a partir do não reconhecimento dessa síndrome, a criança muitas vezes se desenvolve
precariamente, sofrendo violações a seus direitos e sendo interpretada como preguiçosa,
burra, “débil mental”, quando em verdade apresenta um dos mais sérios problemas de
saúde pública no Brasil e no mundo.
A partir do seu nascimento, a criança com SAF cresce sem condições de estudar,
em razão do déficit na aprendizagem, e não consegue se relacionar com seus pares nem
perceber as intenções das outras pessoas, sendo facilmente influenciada ‒ ela correrá o
risco de abandonar os estudos e iniciar uma vida desregrada, praticando atos
infracionais, sexo descontrolado e uso de substâncias ilícitas.

Neste instante, é importante chamar a atenção para os problemas secundários


relacionados à SAF, sobretudo nas formas consideradas leves, no que tange
às áreas de educação, justiça e trabalho, além da saúde. De acordo com
relatos de inúmeros trabalhos norte-americanos e de outros países, diversas
situações importantes são identificadas, mostrando o amplo impacto social da
SAF. Por exemplo, situações relacionadas ao déficit de rendimento escolar e
situações de conflito com a lei, desde as situações mais simples até casos de
maior gravidade e impacto jurídico. No ambiente de trabalho, a dificuldade
no desempenho de tarefas simples faz com que as pessoas com SAF

12
Consultoria Legislativa do Senado Federal. Disponível em:
<http://www.conamp.org.br/Estudos/Regula%C3%A7%C3%A3o%20da%20publicidade%20das%20bebi
das%20alco%C3%B3licas.pdf.>. Acesso em: 29/11/2017.
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

representem importante desafio no que se fere a sua auto sustentabilidade,


sobrecarregando a família e o estado e causando um impacto socioeconômico
(LIMA. 2007, p. 72).13

O crescente aumento da violência e da criminalidade são comprovados


estatisticamente no Brasil e em todo o mundo. A participação do menor nos atos
infracionais, envolvido com o crime organizado e, principalmente, com o tráfico de
drogas, tem várias vertentes, e uma delas é a própria SAF.

2 A SÍNDROME ALCOÓLICA FETAL. O AUMENTO DA VIOLÊNCIA E DA


CRIMINALIDADE E O EMPODERAMENTO DA SOCIEDADE PELO
DIREITO COMUNITÁRIO PARTICIPATIVO

Problemas relacionados ao álcool não só afetam o consumidor individual, mas


também toda a comunidade; mesmo pessoas que não bebem são vítimas de violências e
acidentes associados ao uso de bebidas alcoólicas.14 O álcool é conhecido como uma
das causas de acidentes no trânsito, sendo assim um fator para a criminalidade,
tornando-se uma forma indireta de violência, por exemplo.
Diariamente, a imprensa noticia acidentes de trânsito ocasionados por
condutores que consumiram bebidas alcoólicas; sem falar na violência contra a mulher,
a qual quase sempre envolve um companheiro alcoolizado. A vida de um alcoolista é
uma sucessão de crises, pois ele tem de conviver com os efeitos físicos do álcool:
acidentes de trânsito; constrangimentos; isolamento, perdas econômicas sociais; e
principalmente com os danos que causa à sua família, em vários aspectos. O alcoolista
tem suas relações dificultadas com as pessoas em sua volta, principalmente com o
cônjuge e os filhos, podendo ter sua vida familiar afetada. Entretanto, a situação pode ir
além do âmbito familiar, pois a comunicação vai se tornando prejudicada, pode ocorrer
isolamento social e cada vez mais a pessoa evita o diálogo.
Existem casos em que o indivíduo, sob efeito da substância psicoativa, pode fazer
o uso do álcool ou da droga a fim de obter iniciativa para praticar determinado delito;
neste caso, ao adotar tal conduta, o agente usa substâncias psicoativas, assumindo o
risco de cometer o delito. Ou, em outra circunstância, após o demasiado consumo de

13
LIMA, J. M. B. de. Síndrome Alcoólica Fetal: a importância da prevenção. Rio de Janeiro∕RJ:
UFRJ/EEAN, 2007.
14
WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2005. p. 4.
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

álcool, como consequência o indivíduo pratica um delito. O consumo de bebidas


alcoólicas pode ser feito por indivíduo de qualquer classe social. A ingestão de álcool
durante a gravidez, ou seu consumo apenas de forma ocasional, pode causar ao
nascituro, além de sintomas da Síndrome Alcoólica Fetal, pré-disposição ao alcoolismo,
seja hereditária, seja fisiológica, ou ambas.

Segundo recentes estudos realizados no Brasil sobre o perfil do consumo de


álcool, 12,3% da população tem sérios problemas com relação às bebidas
alcoólicas (doenças e distúrbios secundários ao alcoolismo). Embora seja
difícil estimar a população feminina que tenha feito uso do álcool durante a
gravidez, imagina-se que esta ocorrência deva ser significativa, uma vez que
existe uma mulher dependente para cada quatro homens. Deve-se observar,
de outro lado, que a SAF é uma condição clínica de incidência elevada e alta
prevalência, embora subestimada. Segundo dados norte-americanos e
europeus, estima-se que cerca de 10% a 20% das mulheres grávidas façam
uso de bebidas alcoólicas durante a gravidez, de maneira consistente e
preocupante.
Com base em dezenas de estudos realizados nos EUA, na Europa e na
Austrália, somando mais de 80 mil nascimentos, Abel e Sokol (1987)
encontraram taxa de 1,9 caso de SAF para cada 1.000 nascidos vivos.
Considerando grupos populacionais com maior grau de vulnerabilidade
(risco), nas populações indígenas e de negros as taxas de SAF são bem mais
elevadas que na população branca (cerca de 10 a 20 vezes superiores). Entre
mulheres grávidas de menor nível social e econômico, a taxa de incidência da
SAF é relativamente maior que entre aquelas de nível social elevado. Entre
mulheres grávidas classificadas como dependentes, estima-se que a
incidência pode chegar a cerca de 10% dos nascimentos (LIMA, 2007, p. 12).

Para o indivíduo com SAF ou tendência ao álcool, o contanto com esta


substância poderá ser o arranque inicial para um possível caminho que leva a outras
drogas. Assim, demonstra-se grande possibilidade de dependência de álcool para a
futura criança, na adolescência ou na fase adulta.
As consequências para a pessoa com SAF são, por exemplo, a dificuldade de
inserção e permanência na escola, em grupos sociais, no mercado de trabalho, etc. O
autor José Mauro Bráz de Lima menciona:

Na opinião de alguns autores, o álcool seria uma das principais causas de


déficit neurocognitivo nas crianças em idade escolar, caracterizado,
sobretudo, por déficit de atenção e distúrbio de conduta (ansiedade,
resistência a absorver regras sociais, compulsividades, irritabilidade, maior
dependência). As consequências são graves. O baixo rendimento escolar, por
exemplo, causando repetência e exclusão da escola, é um dos fatores
favoráveis para o surgimento de comportamento antissocial, delinquência e
adesão às drogas e ao crime (LIMA, 2007, p. 12).

Diferentes autores abordam esse problema:

A exposição ao álcool no período pré-natal é a causa mais comum de retardo


mental e a principal causa evitável de defeitos do nascimento nos Estados
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

Unidos. A síndrome alcoólica fetal (SAF) é caracterizada por retardo no


crescimento, malformações da face e do corpo e transtornos do sistema
nervoso central. Estima-se que a SAF e outras condições menos severas
relacionadas ao álcool ocorram em quase 1 de cada 100 nascimentos (Sokol,
Delaney-Black e Nordstrom, 2003).
Mesmo o consumo social moderado de bebida alcoólica pode prejudicar o
feto (Sokol et al., 2003), e quanto mais a mãe bebe, maior é o efeito. O
consumo moderado ou excessivo durante a gravidez parece perturbar o
funcionamento neurológico e comportamental do bebê, e isso pode afetar as
primeiras interações sociais com a mãe, que são vitais para o
desenvolvimento afetivo (Nugent, Lester, Greene, Wieczorek-Deering e
Mahony, 1996).
Combinação de anomalias mentais, motoras e do desenvolvimento que afeta
os filhos de algumas mulheres que bebem muito durante a gravidez.
Mulheres que bebem antes e depois que ficam grávidas provavelmente terão
bebês com o crânio e o desenvolvimento do cérebro reduzidos quando
comparados a bebês de mulheres que não bebem ou gestantes que param de
beber (Handmaker et al., 2006).
Os problemas relacionados à SAF podem incluir, na primeira infância,
reduzida capacidade de resposta a estímulos, tempo de reação lento e
diminuição da acuidade visual (nitidez da visão) (Carter et al., 2005; Sokol et
al., 2003) e, durante toda a infância, déficit de atenção, distração, agitação,
hiperatividade, distúrbios de aprendizagem, déficit de memória e transtornos
do humor (Sokol et al., 2003), bem como agressividade e problemas de
comportamento (Sood et al., 2001). A exposição pré-natal ao álcool é um
fator de risco para o desenvolvimento de problemas de alcoolismo e
distúrbios alcoólicos
no adulto jovem (Alati et al., 2006; Baer, Sampson, Barr, Connor e
Streissguth, 2003).
Alguns problemas relacionados à SAF desaparecem após o nascimento;
outros, porém, como o retardo mental, problemas comportamentais e de
aprendizagem e a hiperatividade tendem a persistir.
Enriquecer a educação ou o ambiente geral dessas crianças não contribui
significativamente com seu desenvolvimento cognitivo (Kerns et al., 1997;
Spohr, Willms e Steinhausen, 1993; Streissguth et al., 1991; Strömland e
Hellström, 1996), mas poderá haver menor probabilidade de desenvolver
problemas comportamentais e de saúde mental se forem diagnosticadas logo
no início e forem criadas em ambientes estáveis, onde elas recebam os
cuidados necessários (Streissguth et al., 2004).15

Não apenas a mulher pode se incluir em uma estatística para a criminalidade,


como também o seu futuro filho.
A população carcerária vem crescendo no mundo inteiro, principalmente com o
número de mulheres detentas, conforme o Instituto de Informação Penitenciária
(INFOPEN). No Estado do Paraná, em dezembro de 2005 havia 601 mulheres detentas,
e em dezembro de 2010 o número subiu para 1.635 detentas. Segundo pesquisas de
campo, em estudo do caso concreto, há diferentes participações das detentas no crime,
desde sua participação direta com a venda de entorpecentes, ou indireta, quando o autor
é seu companheiro ou seus filhos. Dentre as presas que praticaram roubo e furto, grande
parte revela que estava sob o efeito de drogas e/ou álcool. Em relação a álcool, drogas e
15
CHIABI, Sandra. Desenvolvimento humano. Disponível em: <http://sandrachiabi.com/wp-
content/uploads/2017/03/desenvolvimento-humano.pdf>. Acesso em: 19/11/2017.
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

criminalidade em mulheres, a partir de vários estudos chegou-se à conclusão de que há


relação entre álcool e violência, apesar de alguns autores argumentarem que
comportamentos violentos são causados por outros fatores, como a personalidade.
(FERRARI, 2011).16 No Fórum Jurídico da OAB/AM para discutir a SAF em mulheres
grávidas, a organizadora do evento, Dra. Alice Sobral ressalta que:
Percebe-se por meio da comunidade científica e jurídica que grande parte dos
adolescentes envolvidos com vários atos infracionais, como o tráfico e o uso
de drogas ilícitas, nasceu com a síndrome alcoólica fetal. “Fazendo uma
digressão vemos que as mães desses menores infratores consumiram álcool
quando estavam grávidas e, por não tratarem a síndrome nos filhos, eles
enveredaram para o mundo do crime” (SOBRAL, 2014).17

O baixo rendimento escolar, por exemplo, causa de repetência e exclusão da


escola, e é um dos fatores favoráveis para o surgimento de comportamento antissocial;
este acarretaria a prevalência de alguns fatores secundários provenientes da SAF
durante a vida das pessoas, como comportamento sexual inapropriado, problemas com a
lei, problemas relacionados ao uso e abuso do álcool e outras drogas, problemas com
emprego; entre outros. (STREISSGUTH, 2001).18
19
Pesquisas indicam que o uso de drogas precede atos infracionais e agrava o
risco de criminalidade; da mesma forma, o uso nocivo crônico do álcool aumenta
significativamente a violência e a prática criminosa (ALMEIDA; PASA; SCHEFFER,
2009).20
Até mesmo a não amamentação é mais comum entre as mulheres que bebem,
bem como a presença de um membro de sua família condenado ou preso. Violência
doméstica, criminalidade familiar, abuso infantil e alcoolismo familiar são as quatro
variáveis que predizem o uso de álcool durante a gestação. Quando se compara um
grupo de adolescentes infratores, constata-se que algumas características do seu
ambiente familiar eram muito importantes, como criminalidade familiar e abuso infantil.
Criminalidade familiar, maus-tratos e alcoolismo familiar, quando presentes, aumentam
a probabilidade de o indivíduo se tornar um alcoólico. Quando todos os indivíduos

16
FERRARI, Geala Gerlane. Álcool, drogas e criminalidade em mulheres. Disponível em: <
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=6857>. Acesso em: 10 nov. 2076.
17
SOBRAL, Alice. Fórum jurídico para discutir Síndrome Alcoólica Fetal em mulheres grávidas. 2014.
Disponível em: <http://semsa.manaus.am.gov.br/wp-content/uploads/2014 /08/Clipping-
Eletr%C3%B4nico-dia-9-de-agosto.pdf> Acesso em: 20 out. 2017.
18
STREISSGUTH, A.P; BARR, H.M; KOGAN. J; BROOKSTEIN, F. L. Final report: understanding
the ocurrance of secondary disabilities in clients with fetal alcohol syndrome (FAS) and fetal alcohol
effects (FAE). Seattle: University of Washington Publication Services. 1996.
19
< http://bvsms.saude.gov.br/bvs/is_digital/is_0208/pdfs/IS28(2)031.pdf> acesso em: 10/10/2016
20
ALMEIDA, R. M. M.; PASA, G. G.; SCHEFFER, M. Álcool e violência em homens e mulheres..
Psicologia: Reflexão e crítica, 2009.
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

dessa amostra são analisados, as duas variáveis que predizem o uso materno de álcool
são criminalidade familiar e maus-tratos (MOMINO, 2005).21
Um importante aspecto da SAF está relacionado com a alteração do
comportamento. Não é de agora que os efeitos secundários causados pela exposição ao
álcool são conhecidos, mas somente nos últimos anos têm sido associados ao
comportamento criminal. No Brasil, a criminalidade praticada por adolescentes é um
fator de preocupação social. Não só é mais frequente encontrar adolescentes, cada vez
mais jovens, envolvidos em atos infracionais, mas também a natureza destes atos têm se
tornado mais violenta (FASE-RS, 2004). Nesse sentido, surge a questão de quanto esse
comportamento antissocial pode estar sendo influenciado pela exposição pré-natal ao
álcool.
Sabe-se que a pessoa com SAF, além de problemas físicos e comportamentais,
apresenta problemas de memória e dificuldades em controlas emoções. As pessoas
nessas condições estão envolvidas com todos os níveis do sistema de justiça criminal.
De acordo com o grupo de advocacia Minnesota Organization on Fetal Alcohol
Syndrome (Organização de Minnesota sobre Síndrome Alcoólica Fetal), 60% das
pessoas com SAF têm enfrentado problemas com a lei.
Essa organização divulga o fato de que indivíduos com SAF estão envolvidos
com o sistema de justiça criminal, em uma taxa alarmante. Jovens e adultos com SAF
têm uma forma de danos cerebrais que pode lhes tornar difícil isentarem-se de
problemas com a lei. Eles não sabem como lidar com várias instituições: polícia;
advogados; juízes; assistentes sociais; psiquiatras; correções e oficiais de liberdade
condicional; e outros.
Em 2012, nos Estados Unidos, a American Bar Association, associação de
advogados e estudantes voluntários, aprovou uma resolução instando que todos os
advogados e juízes recebessem treinamento para ajudar a identificar e responder
eficazmente à SAF no sistema de justiça criminal, por compreender que os jovens
afetados por esta síndrome estão em maior risco de envolvimento com o sistema de
justiça juvenil.

21
MOMINO, Wakana et al. Exposição materna ao álcool e incidência de sinais característicos da
síndrome do álcool fetal em adolescentes infratores e em escolares de Porto Alegre. 2005. Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext& pid=S0021-
75572008000500011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 23 set. 2017.
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

Determinadas características dos indivíduos, como vulnerabilidade à


confabulação e confissões falsas; incapacidade de compreender acusações contra eles e
participar em sua própria defesa; dificuldade em distinguir o certo do errado e as
consequências de seus atos ‒ podem trazer o indivíduo a ter problemas com o sistema
de justiça criminal. E advogados, na defesa, podem apresentar a SAF como fator
atenuante, e não como mera desculpa, e requerer que o tribunal ordene um tratamento
adequado como intervenção.
Razões para os indivíduos com SAF terem problemas com a lei são expostas em
pesquisas, nas quais se constata que indivíduos com SAF apresentam tipos específicos
de danos no cérebro, capazes de levá-los a se envolver em atividades criminosas. Por
exemplo: falta de controle de impulsos; dificuldades em pensar em consequências
futuras do seu comportamento; dificuldade em planejar, conectar causa e efeito;
tendência a agir impulsivamente; e vulnerabilidade à pressão dos amigos, como cometer
algo ilícito para agradar-lhes.
Nos Estados Unidos, Texas, no julgamento de Mark Anthony Soliz, em 2012,
este era acusado de matar uma mulher de 61 anos de idade, durante um roubo na casa
desta. Na parte da sentença do julgamento, o Dr. Richard Adler, um psiquiatra de
Seattle, testemunhou que Soliz sofria de Síndrome do Álcool Fetal. Argumentou-se que
Soliz sofrera dano cerebral, em consequência da bebida alcoólica que sua mãe ingerira
durante a gravidez. A defesa baseou-se na decisão da Suprema Corte dos Estados
Unidos, de 2002, contra a execução de criminosos com retardo mental. O Dr.Adler
alegou que Soliz mostrava várias mudanças comportamentais como resultado de sua
condição, incluindo problemas de atenção, memória, julgamento, além de incapacidade
de controlar seus impulsos. À luz desse testemunho, advogados de defesa pediram que o
júri considerasse o réu à prisão perpétua sem liberdade condicional, em vez da pena de
morte. Contudo, foi confirmada a sentença de morte.
Especialistas consideraram que dar a Soliz a pena de morte podia ser visto como
uma forma de "punição cruel e incomum". Esses casos são desafiadores, pois a SAF
apresenta efeitos de forma variável para cada indivíduo.
Todavia, em outro caso, um tribunal da Nova Zelândia retirou as condenações
contra Teina Pora, um homem que estava há vinte e um anos na prisão por assassinato.
Um dos juízes do caso alegou que as evidências, expostas por dois médicos
especialistas por meio de exames médicos, mostravam que Teina apresentava o quadro
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

clínico da SAF, com QI muito baixo, o que explicava o fato de este ter feito confissões
falsas a polícia quando tinha 17 anos de idade.
Na ocasião, alegou-se que “[...] as noted above, issues akin to fitness can arise
as early as when a youth is first interviewed by the police”22. E um escritório de Defesa
Criminal Juvenil em Calgary, Canadá, passou a emitir cartões para clientes com SAF,
caso estes fossem reincidentes em atos infracionais já analisados pelo sistema de justiça
criminal juvenil: Certamente essa disposição beneficia aquele que já teve acesso ao
sistema criminal.
MEDICAL INFORMATION FOR POLICE
I have the birth defect Fetal Alcohol Spectrum Disorder, which causes brain
damage. If I need assistance, or if you need my cooperation, you should
contact the person listed on the back of this card.
Because of this birth defect, I do not understand abstract concepts like legal
rights. I could be persuaded to admit to acts that I did not actually commit. I
am unable to knowingly waive any of my constitutional rights, including my
right to counsel.
Because of my disability, I do not wish to talk with law enforcement officials
except in the presence of and after consulting with a lawyer. I do not consent
to any search of my person or property. 23

Como discutido anteriormente, há precedentes de caso para a proposição


segundo a qual a SAF é uma doença mental, e, portanto, um transtorno mental. A
questão de saber se a SAF tornou ou não um acusado incapaz de apreciar a natureza e a
qualidade de seu ato criminoso, no entanto, é uma questão de fato, sendo determinada
caso a caso.
As gestantes costumam omitir o consumo de álcool durante a consulta médica,
em razão do estigma social, associado ao conceito de imoralidade, agressividade e
comportamento sexual inadequado. Essas mulheres geralmente abrigam sentimentos de
culpa e vergonha, além do medo de perder a guarda dos filhos (FURTADO; FABBRI,
1999).

22
“[...] como mencionado, os problemas podem surgir quando o jovem é interrogado pela policia.”
(Tradução nossa).
23
INFORMAÇÕES MÉDICAS PARA A POLÍCIA Eu tenho um problema de saúde desde o nascimento,
Desordem Alcoólica Fetal, que causa danos cerebrais. Se eu precisar de ajuda, ou se você precisar de
minha cooperação, você deve entrar em contato com a pessoa listada no verso deste cartão.
Por causa desse problema de nascença, eu não entendo conceitos abstratos como direitos legais. Eu
poderia ser persuadido a admitir atos que eu realmente não cometi. Não consigo renunciar
conscientemente a nenhum dos meus direitos constitucionais, incluindo o meu direito a um advogado. Por
causa da minha deficiência, eu não desejo falar com os agentes da lei, exceto na presença de e após
consulta com um advogado. Eu não concordo com qualquer busca de minha pessoa ou propriedade.
(Tradução nossa).
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

Segundo um relatório de pesquisa da Conferência em Seattle, o confinamento,


ou seja, o tratamento de internação para problemas de saúde mental, álcool e drogas ou
o encarceramento por crime já foram experimentados por 60% daqueles com 12 anos ou
mais. Mais de 40% dos adultos com SAF foram encarcerados. Cerca de 30% dos
adultos com SAF foram confinados em uma instituição mental. E cerca de 20% tinham
sido confinados para tratamento de uso abusivo de substâncias entorpecentes.
O comportamento sexual inadequado foi relatado em 45% daqueles com 12 anos
ou mais, e em 65% dos adultos do sexo masculino com SAF; a relação inclui apenas
comportamentos sexuais que haviam sido repetidamente problemáticos ou pelos quais o
indivíduo tinha sido encarcerado ou tratado.
Pensa-se que a incidência real do comportamento sexual inapropriado é muito
maior, e nem sempre relatada pelo indivíduo ou pela família em razão da vergonha ou
do medo de ser referido às autoridades. Os comportamentos sexuais mais comuns
ligados à SAF incluem: avanços sexuais; toque; promiscuidade; gestos e falas obscenas.
Já com relação ao álcool e a problemas com drogas, estes foram experimentados
por 30% dos indivíduos com 12 anos ou mais. Dos adultos com SAF, 53% dos homens
e 70% das mulheres revelaram problemas de abuso de substâncias.
Não se busca a origem do crime, as razões e os motivos de indivíduos praticarem
determinados atos. Discute-se se as penitenciárias são de fato a melhor opção para
aquele delinquente. Nos casos de SAF, por exemplo, o que se deve fazer em todo país é
a conscientização, a prevenção do consumo do álcool pelas gestantes, para que seus
filhos não venham a nascer com tal síndrome. Caso contrário, vão necessitar de
acompanhamento e tratamento médico por toda a vida. Precisarão de educação especial
pois, na falta desta, possivelmente se envolverão em problemas com álcool ou outras
drogas, gravidez indesejada, e desajustes com a justiça desde cedo.
Abaixo, um gráfico informando o percentual de pessoas com a síndrome e os
problemas que esta acarreta:

Quadro 1 ‒ Problemas de adaptação social entre os portadores de SAF ao


longo da vida
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

Fonte: José Salomão Schwartzman.

Como os cuidados das crianças com FASD (fetal alcohol spectrum disorders)
envolvem atendimento médico, psicológico, social, ações legais e prevenção
(não incluídos os custos indiretos), nos Estados Unidos, estudo que Lupton et
al. publicaram em 2004, utilizando dados de 1998, avaliou que essas despesas
chegassem aos US$ 4,0 bilhões/ ano, considerando a frequência de FASD na
população, naquele ano. [...] No Canadá, estudo de Stade et al. avaliou os
custos em Can$ 5,3 bilhões/ano(38). Esses autores assinalam que o custo
com crianças de 0 a 3 anos é o mais elevado, pois reflete o emprego de
programas de estimulação especializada, a necessidade de especialistas em
terapia ocupacional, fisioterapia, psicologia, pediatras especializados em
desenvolvimento, além do custo de internações hospitalares. Esses custos se
estabilizam entre os 7 e os 25 anos, caindo dos 45 anos em diante. A queda
identificada pode ser devido à falta de serviços especializados aos adultos de
maior idade, enquanto que os jovens podem ter dificuldade de acesso aos
serviços de saúde especializados, por suas próprias dificuldades ou por serem
resistentes ao encaminhamento. [...] No Brasil não há dados a respeito, até
por que não sabemos a real prevalência de FASD em nosso meio (SEGRE,
2010).24

Todos os dados apresentados dizem respeito aos países da Europa, dos Estados
Unidos ou do Canadá. No Brasil, tal pesquisa é incipiente. A finalidade em pesquisar tal
assunto diz respeito a pluralidade de efeitos que esta síndrome carrega. Enquanto o
Brasil se preocupar com a criação de mais presídios, e não com a origem da
criminalidade; se preocupar com o que leva o delinquente a cometer crimes; se
preocupar em saber o que diferencia o criminoso contumaz do deficiente que precisa de
24
SEGRE, Conceição Aparecida M. Síndrome alcoólica fetal. Fetal alcoholic syndrome. Disponivel em:
<http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=5091>. Acesso em: 25 jun. 2014.
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

tratamento, colocando-os em locais distintos e tendo a resposta do Estado para sua


verdadeira situação ‒ não haverá qualquer mudança para melhor.
A partir do instante em que a participação popular existir para a reconstrução de
um país mais desenvolvido e comprometido com seu povo, todas as respostas vão
aparecer. Melhorarão a educação, a saúde, o trabalho, o lazer. As pessoas terão mais
segurança, haverá menos violência e criminalidade. O que a sociedade precisa é de
oportunidade para saber, para conhecer. O movimento em prol da conscientização da
SAF é apenas uma peça desse quebra-cabeça gigantesco que se chama Nação. Todos os
países da América Latina e os demais países e continentes necessitam de uma
administração participativa, de um Pluralismo Transformador – como diz Wolkmer,
criador do Direito Comunitário Participativo. A responsabilização coletiva. O Estado
não pode monopolizar o Poder. Isso todos já sabem que não funciona.
Nesse sentido, vários projetos estão sendo desenvolvidos no sentido de quebrar
velhos paradigmas para proporcionar, nesses atos, a oportunidade de o estado do
Amazonas desempenhar seu papel social. Em outros estados do Brasil também há
movimentos nesse sentido. Essa é a mobilização para um Estado de Direito com a
participação popular. É o pluralismo jurídico, social, antropológico. É o pluralismo do
povo que grita pelo desenvolvimento e pela liberdade.
É de atitudes como estas de conscientização da população, de informação sobre
determinadas situações, que a sociedade necessita por parte do Estado de direito, mas
elas não são fornecidas. Situações que podem ser evitadas para melhorar a condição de
vida da sociedade, aperfeiçoando a qualidade dos serviços estatais, e diminuindo a
criminalidade. Infelizmente as medidas necessárias para alcançar tais objetivos não são
aplicadas.
A ideia central é de que “[...] o Direito comunitário convive e aceita o Direito
estatal do mesmo modo que este reconhece e tolera as formas plurais de direitos
concorrentes e paralelos”.25 Contudo, o Estado não aceita o Direito Comunitário
Participativo, e possivelmente pretende substituí-lo pelo ordenamento jurídico
institucionalizado.

25
WOLKMER, Antônio Carlos, Pluralismo Jurídico. Fundamentos de uma nova cultura no Direito. 3. ed.
São Paulo: Alfa-Omega, 2001.
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

A conscientização, a prevenção e a erradicação da SAF por certo servirão de


marco para o crescimento do direito comunitário participativo, trazendo assim a união
entre Estado e sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe-se que o álcool é um problema de saúde pública que afeta, em grandes


proporções, outras questões sociais, tornando-se um fator de risco para o indivíduo e
acarretando ingresso na ilegalidade; violência; acidentes de trânsito; problemas
familiares e no trabalho.
O consumo excessivo de álcool cresce a cada ano, principalmente entre
mulheres. E o consumo do álcool durante a gravidez traz consequências trágicas para o
feto, como a Síndrome Alcoólica Fetal.
Entende-se que há um índice grande de mulheres grávidas alcoólatras ou de
mulheres que, por desconhecimento e falta de acompanhamento médico adequado,
consomem bebida alcoólica usualmente durante a gestação.
Contudo, a SAF é questão jurídico-política-social; uma vez não tratada
corretamente, a criança tem seu desempenho escolar afetado, podendo ficar à margem
com relação às outras crianças. A síndrome, além de atingir o relacionamento familiar e
social, leva a comportamento inadequado.
Assim, uma abordagem holística e multidisciplinar incluiria prevenção e redução
da incidência da SAF, melhorando a qualidade de vida das pessoas portadoras da
síndrome, trazendo redução do envolvimento no sistema de justiça, e diminuindo
sobremaneira os altos índices de violência e criminalidade.
Sempre que esses objetivos não forem alcançados, deverá também existir a
provisão de um sistema de justiça devidamente estruturado para assegurar o
encarceramento dos infratores com SAF.
Tais soluções residirão, em parte, no reconhecimento da SAF como uma
deficiência, na prevenção e em estratégias de diagnóstico e intervenção precoce. Caso
não tenha sido evitado o ingresso do indivíduo no crime, que se criem mecanismos de
evidência e a adoção de uma abordagem de identificação e diagnóstico dentro do
sistema de justiça criminal, proporcionando uma sanção mais justa, ou ainda um
tratamento capaz de minimizar as condições peculiares dessa síndrome que afeta não só
o Brasil, como todo o mundo.
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, R. M. M.; PASA, G. G.; SCHEFFER, M. Álcool e violência em homens e


mulheres. Psicologia: Reflexão e crítica, 2009.

AMAZONAS. Projetos de Lei e outras Proposições. Disponível em:


<http://www.camara.gov.br/buscaProposicoesWeb/resultadoPesquisa?numero=&ano=
&autor=&inteiroTeor=s%C3%ADndrome+alco%C3%B3lica+fetal&emtramitacao=Tod
as&tipoproposicao=%5B%5D&data=25/11/2016&page=false> Acesso em: 15 nov.
2017.

BERGERET, J; LEBLANC, J. Toxicomanias, uma visão multidisciplinar. 1991.


Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
113820 05000100010. Acesso em: 12 set. 2017.

BRASIL. Senado Federal. Regulação da publicidade das bebidas alcoólicas.


Disponível em: https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-
estudos/textos-para-discussao/td-20-regulacao-da-publicidade-das-bebidas-alcoolicas.
Acesso em: 19 nov. 2017.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. 2015. Disponível em:


<http://noticias.r7.com/brasil/glossario/ glossario-11.html> Acesso em: 23 out. 2017.

CHIABI, Sandra. Desenvolvimento humano. Disponível em:


http://sandrachiabi.com/wp-content/uploads/2017/03/desenvolvimento-humano.pdf.
Acesso em: 19/11/2017.

CLARREN, S.K. A thirty-year journey from tragedy to hope. Foreword to Buxton. 2005
Damaged Angels: An Adoptive Mother Discovers the Tragic Toll of Alcohol in
Pregnancy. New York: Carroll & Graf. Disponível em:
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/101 83/7080/000538967.pdf. Acesso em: 15
set. 2017.

CRANE, Jonathan Townley. Arts of Intoxication: The Aim and the Results. 1973.
Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Fetal_alcohol_spectrum_disorder. Acesso
em: 15 out. 2017.

FERRARI, Geala Gerlane. Álcool, drogas e criminalidade em mulheres. Disponível em:


< http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=6857>. Acesso em: 10 nov. 2076.

FETAL Alcohol Spectrum Disorder and The Youth Criminal Justice System: A
Discussion Paper. Youth Justice Research Series / Department of Justice Canada.
Disponível em : <http://www.justice.gc.ca/eng/rp-pr/cj-jp/yj-jj/rr03_yj6-
rr03_jj6/rr03_yj6.pdf>. Acesso em: 27/10/2016.

HAGGARD, H.W., JELLINEK, E.M. Alcohol Explored. New York: Doubleday. 1942.
Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/7080/000538967.pdf.
Acesso em: 16 set. 2017.
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

JONES K.L.; SMITH D.W. Recognition of the fetal alcohol syndrome in early infancy.
1973. Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/7080/000538967.p df> Acesso em:
20 out. 2017.

JORGE, Maria Salete Bessa; LOPES, Consuelo Helena Aires de; SAMPAIO, Cynthia
de Freitas; SOUZA, Veríssimo de; SILVA, Michelle Soares Joseno da; ALVES,
Marcela Soares. Alcoolismo nos contextos social e familiar: análise documental à luz de
Pimentel. 2007. Disponível em: <http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/13510>
Acesso em: 15 nov. 2016

LARANJEIRA, Sergio Duailibi. Revista Saúde Pública. 2007. Disponível em:


<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-
89102007000500019&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 20/10/2016.

______. Políticas públicas relacionadas às bebidas alcoólicas. Revista Saúde Pública.


2007.

LEMOINE, P.; HAROUSSEAU, H.; BORTEYRU, J.B.; MENUET, J. C. Les enfants


de parents alcooliques. Anomalies observées, à propos de 127 cas. 1968. Quest Medical.
Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/7080/000538967.pdf>. Acesso em:
24 out. 2017.

LIMA, J. M. B. de. Síndrome Alcoólica Fetal: a importância da prevenção. Rio de


Janeiro∕RJ: UFRJ/EEAN, 2007.

MESQUITA, Maria dos Anjos. Efeitos do álcool no recém-nascido. The effects of


alcohol in newborns. - Artigo Enstein. 2010; 8(3 Pt 1):368-75. Disponivel
em:http://www.scielo.br/pdf/eins/v8n3/pt_1679-4508-eins-8-3-0368.pdf). Acesso em:
19/11/2017.

MOMINO, Wakana et al. Exposição materna ao álcool e incidência de sinais


característicos da síndrome do álcool fetal em adolescentes infratores e em escolares
de Porto Alegre. 2005. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext& pid=S0021-
75572008000500011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 23 set. 2017.

MORAES, Fernando (Blog). Disponível em:


NASCIMENTO, F. G. do. A enfermeira pediatra cuidando de crianças/adolescentes
com Síndrome Alcóolica Fetal (SAF). 2007. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php? pid=S1414-
81452007000400010&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 5 out. 2017.

______. NASCIMENTO, F. G. do. O Alcoolismo: uma discussão sobre o consumo do


álcool pelas mulheres. 2007. Disponível em:
<http://uol12.unifor.br/oul/conteudosite/F1066349979/Dissertacao.pdf >. Acesso em: 5
out. 2017.
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

NATIONAL ORGANIZATION ON FETAL ALCOHOL SYNDROME (NOFAS).


Disponível em: <http://www.bengalalegal.com/saf)>. Acesso em: 19 nov.2017.

PILLON, Sandra Cristina; SANTOS, Manoel Antônio dos; GONÇALVES, Angélica


Martins de Souza; ARAÚJO, Keila Maria de; FUNAI, Anderson. Fatores de risco, uso
de álcool. 2010. Disponivel em: <http://www.revistas.usp.br/smad/article/view /38729>
Acesso em: 19 nov. 2017.

PILLON, Sandra Cristina; MARTINS, Mayra Costa. A relação entre a iniciação do uso
de drogas e o primeiro ato infracional entre os adolescentes em conflito com a lei. Cad.
Saúde Pública, Rio de Janeiro. 2008.

QUEIROZ, Vinicius Eduardo. A Questão das Drogas Ilícitas no Brasil. 2008.


Disponível em: <http://tcc.bu.ufsc.br/Economia292028>. Acesso em: 19 nov. 2017

RIBEIRO, Liselena Schifino Robles. Apelação Cível Nº 70053105763. ECA.


Fornecimento de medicamento para menor portador de síndrome alcoólica-fetal.
Solidariedade dos entes públicos. Realização de exames periódicos possibilidade.
Recurso parcialmente provido, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS. TJ-RS
- AC: 70053105763 RS. Data de Julgamento: 12/03/2013, Sétima Câmara Cível, Data
de Publicação: Diário da Justiça do dia 14/03/2013.

SÃO PAULO (Cidade). Lei Municipal de São Paulo. 2016. Disponível em:
<http://legislacao.prefeitura.sp.gov. br/leis/lei-16563-de-07-de-novembro-de-2016>.
Acesso em: 24 out. 2016.

SEGRE, Conceição Aparecida de Mattos. Efeitos do álcool na gestante, no feto, no


recém nascido. 2010. Disponível em: <http://www.spsp.org.br/downloads/110222.pdf.>
Acesso em: 24 out. 2017.

SOBRAL, Alice. Fórum jurídico para discutir Síndrome Alcoólica Fetal em mulheres
grávidas. 2014. Disponível em: <http://semsa.manaus.am.gov.br/wp-
content/uploads/2014 /08/Clipping-Eletr%C3%B4nico-dia-9-de-agosto.pdf> Acesso
em: 20 out. 2017.

SOUZA, Sheila Carla de. Mulheres alcoolistas: histórico reprodutivo e alterações do


crescimento e desenvolvimento dos filhos. 2007. Disponível em:
<http://www.creche.ufba. br/twiki/bin/view/CetadObserva/Obra213>. Acesso em: 13
set. 2017.

STREISSGUTH, A.P; BARR, H.M; KOGAN, J; BROOKSTEIN, F. L. Final report:


understanding the ocurrance of secondary disabilities in clients with fetal alcohol
syndrome (FAS) and fetal alcohol effects (FAE). Seattle: University of Washington
Publication Services. 1996.

SULLIVAN, W.C. A note on the influence of maternal inebriety on the offspring. 1899.
Journal of Mental Science. Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/101 83/7080/000538967.pdf>. Acesso em:
22 out. 2017.
Publicado na Obra Reflexões sobre Violência e Justiça. Grupo Interdisciplinar de Estudos da Violência.
ISBN-978-85-5467-039-9. Alexia Cultural: São Paulo, 2018. Artigo 13. P. 279-308.

WOLKMER, Antônio Carlos, Pluralismo Jurídico. Fundamentos de uma nova cultura


no Direito. 3. ed. São Paulo: Alfa-Omega, 2001.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Fifty-Eighth World Health Assembly. Public


health problems caused by harmful use of alcohol. Report by the Secretariat. Geneva;
2005.

Você também pode gostar